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PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE
Art.5º, XXXIX, CRFB/88 - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;
Art. 1º do Código Penal - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Princípio da reserva legal ou da estrita legalidade - O art.5º, inc.XXXIX, da Constituição Federal e o art. 1º
supracitado tratam do princípio da reserva legal ou estrita legalidade. Preceitua, basicamente, a exclusividade da lei
para a criação de delitos (e contravenções penais) e cominação de penas, possuindo indiscutível dimensão
democrática, pois representa a aceitação pelo povo, representado pelo Congresso Nacional, da opção legislativa no
âmbito criminal. De fato, não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal (nullum
crimen nulla poena sine lege). É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria relativo a direito penal
(Constituição Federal, art.62, inc.I, alínea B).
Medida Provisória pode tratar sobre Direito Penal Incriminador? E quanto ao Direito Penal não incriminador ou uma
norma permissiva?
Em hipótese alguma uma medida provisória poderá tratar sobre direito penal incriminador, conforme o artigo 62,
§1ª, I, b, da C.F/88.
Art. 62. § 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de
2001)
I – relativa a: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
b) direito penal, processual penal e processual civil; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
Respondendo a segunda indagação, a medida provisória poderá tratar de Direito Penal não incriminador ou uma
norma permissiva. Abaixo temos exemplos de medida provisória tratando de Direito Penal não incriminador:
Medidas provisórias: Nº 253 (2005), 379, 390, 394 (2007) e 417 (2008)
(LEI 10826/2003) Art. 30. Os possuidores e proprietários de arma de fogo de uso permitido ainda não registrada
deverão solicitar seu registro até o dia 31 de dezembro de 2008, mediante apresentação de documento de
identificação pessoal e comprovante de residência fixa, acompanhados de nota fiscal de compra ou comprovação da
origem lícita da posse, pelos meios de prova admitidos em direito, ou declaração firmada na qual constem as
características da arma e a sua condição de proprietário, ficando este dispensado do pagamento de taxas e do
cumprimento das demais exigências constantes dos incisos I a III do caput do art. 4o desta Lei. (Redação dada pela Lei
nº 11.706, de 2008) (Prorrogação de prazo)
LEI (10826/2003) Art. 32. Os possuidores e proprietários de arma de fogo poderão entregá-la, espontaneamente,
mediante recibo, e, presumindo-se de boa-fé, serão indenizados, na forma do regulamento, ficando extinta a
punibilidade de eventual posse irregular da referida arma. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008)
O STF também entende que a medida provisória pode tratar sobre Direito Penal não incriminador, conforme o
julgado abaixo:
(STF – Segunda Turma – HC 88594 – Rela Min. Eros Graus – DJ 02/06/2008)
Lei delegada pode tratar sobre Direito Penal???
R.: A lei delegada não pode tratar sobre Direito Penal, conforme o artigo 68, §1º, C.F/88.
Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a delegação ao
Congresso Nacional.
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§ 1º - Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, os de competência
privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria reservada à lei complementar, nem a legislação
sobre:
PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE DA LEI PENAL – Decorre também do art.5º, inc.XXXIX, da Constituição Federal, e do
artigo 1º do Código Penal, quando estabelecem que o crime e a pena devem estar definidos em lei prévia ao fato
cuja punição se pretende.
A lei penal produz efeitos a partir de sua entrada em vigor. Não pode retroagir, salvo para beneficiar o réu.
É proibida a aplicação da lei penal inclusive aos fatos praticados durante seu período de vacatio. Embora já publicada
e vigente, a lei ainda, não estará em vigor e não alcançará as condutas praticadas em tal período.
Vacatio legis
PUBLICAÇÃO ENTRADA
DA LEI EM VIGOR
Exemplo de aplicação do princípio da anterioridade foi o caso da cola eletrônica. Antes do advento da lei
12550/2011 quem fraudava concurso público, avaliação ou exames públicos, processo seletivo para ingresso de
ensino superior ou exame ou processo previsto em lei, segundo o STF a conduta do agente era considerada atípica.
Hoje, temos a tipificação dessa conduta prevista no artigo 311-A do Código Penal:
Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a
credibilidade do certame, conteúdo sigiloso de: (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
I - concurso público; (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
II - avaliação ou exame públicos; (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
III - processo seletivo para ingresso no ensino superior; ou (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
IV - exame ou processo seletivo previstos em lei: (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
1.2.2- Extra-atividade - A exceção é a extra-atividade, ou seja, a possibilidade de aplicação de uma lei a fatos
ocorridos fora do âmbito de sua vigência. O fenômeno da extratividade, no campo penal, realiza-se em dois ângulos:
A) Retroatividade - Abre-se exceção à vedação à irretroatividade quando se trata de lei penal benéfica. Esta pode
voltar no tempo para favorecer o agente, ainda que o fato tenha sido decidido por sentença condenatória com
trânsito em julgado (art. 5.º, XL, CF; art. 2.º, parágrafo único, CP).
B) Ultra-atividade - Significa a aplicação da lei penal benéfica, já revogada, a fato ocorrido após o período da sua
vigência.
Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a
credibilidade do certame, conteúdo sigiloso de: (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
I - concurso público; (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
II - avaliação ou exame públicos; (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
III - processo seletivo para ingresso no ensino superior; ou (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
IV - exame ou processo seletivo previstos em lei: (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído pela Lei 12.550. de 2011)
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Pode ocorrer o conflito entre duas leis penais sucessivas no tempo, cada qual com partes favoráveis e desfavoráveis
ao réu. A discussão reside na possibilidade ou não de o juiz, na determinação da lei penal mais branda, acolher os
preceitos favoráveis da primitiva e, ao mesmo tempo, os da posterior, combinando-os para utilizá-los no caso
concreto, de modo a extrair o máximo benefício resultante da aplicação conjunta dos aspectos mais interessantes ao
réu.
Atualmente, o Supremo Tribunal Federal não admite a combinação de leis penais. O Superior Tribunal de Justiça, de
seu turno, editou a Súmula 501, igualmente contrária à combinação de leis penais: “É cabível a aplicação retroativa
da Lei 11.343/2006, desde que o resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu
do que o advindo da aplicação da Lei 6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis”
IMPORTANTE!!! Exemplo: Caso um adolescente de 17 anos e 11 meses, com a intenção de matar, efetua três
disparos contra uma pessoa e esta é socorrida para o hospital. Depois de três meses, a vítima vem a falecer.
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Aplicando a teoria da atividade, adotada pelo Código Penal, o jovem responderá pelo Estatuto da Criança e do
Adolescente, tendo em vista ter praticado a conduta quando não tinha obtido a maioridade penal. Por isso, praticou
ato infracional e não crime. Agora, se fosse adotada a teoria do resultado ele responderia perante o Código Penal,
uma vez que a vítima faleceu depois dele ter obtido a maioridade.
CRIMES A DISTÂNCIA - São aqueles em que a conduta é praticada em um país e o resultado vem a ser produzido em
outro País. Para a incidência da lei brasileira é suficiente que um único ato executório atinja o território nacional, ou
então que o resultado ocorra no Brasil. Em relação à tentativa, o lugar do crime abrange aquele em que se
desenvolveram os atos executórios, bem como aquele em que deveria produzir-se o resultado.
CRIMES EM TRÂNSITO - são aqueles em que somente uma parte da conduta ocorre em um país, sem lesionar ou
expor a situação de perigo bens jurídicos de pessoas que nele vivem. Exemplo: “A”, da Argentina, envia para os
Estados Unidos uma missiva com ofensas a “B”, e essa carta passa pelo território brasileiro.
CRIMES PLURILOCAIS - São aqueles em que a conduta e o resultado ocorrem em comarcas diversas, mas no mesmo
país. Exemplo: Um crime que passa pela Comarca de São Paulo, São Bernardo e Campinas.
LEI EXCEPCIONAL – É a que se verifica quando a sua duração está relacionada a situações de anormalidade. Exemplo:
É editada uma lei que diz ser crime, punido com reclusão de seis meses a dois anos, tomar banho com mais de dez
minutos de duração durante o período de racionamento de energia elétrica.
1.4.1- CARACTERÍSTICAS:
A) AUTORREVOGABILIDADE - Ambas são autorrevogáveis, não precisando de outra lei que as revogue. Basta a
superveniência do dia nela previsto (lei temporária) ou o fim da situação de anormalidade (lei excepcional) para que
deixem, automaticamente, de produzir efeitos jurídicos. Por esse motivo, são classificadas como leis intermitentes.
B) ULTRA-ATIVIDADE - Aplicam-se ao fato praticado durante sua vigência, embora decorrido o período de sua
duração (temporária) ou cessadas as circunstâncias que a determinaram (excepcional). A ultratividade significa a
aplicação da lei mesmo depois de revogada. Imagine, no exemplo mencionado, que alguém tomou banho por mais
de dez minutos durante o período de racionamento de energia. Configurou-se o crime tipificado pela lei excepcional.
A pena será aplicada, mesmo após ser superada a situação de economia de força elétrica.
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1.5.4- EXTRATERRITORIALIDADE
A) Extraterritorialidade Incondicionada: art. 7º, INC. I, C.P:
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
I - os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de
empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; (Incluído pela
Lei nº 7.209, de 1984)
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no
estrangeiro.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) SLIDE 3
C) EXTRATERRITORIALIDADE HIPERCONDICIONADA
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileira fora do Brasil, se,
reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça.
Não se subordina a qualquer condição para atingir um crime cometido fora do território nacional.
É obrigatória a aplicação da lei brasileira ao crime cometido fora do território nacional.
Contra a vida ou liberdade do Presidente da República – Capítulo I da Parte Especial do CP; arts. 146 a 154, CP.
Refere-se à lei aos crimes contra o patrimônio – arts. 155 a 180, CP – e contra a fé pública – arts. 289 a 311, CP.
Crimes dos arts. 312 a 326.
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O genocídio pode ser definido como a intenção de destruir grupos étnicos, sociais, religiosos ou nacionais e está
previsto na L. 2.889/56, que não o considera crime político para efeito de extradição.
Segundo todas essas hipóteses, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no
estrangeiro, art. 7º, §1º, CP.
Mas não serão executadas integralmente as penas aplicadas em dois países, pois a pena cumprida no estrangeiro
atenua a pena imposta no Brasil quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas, art. 8º, CP.
Art. 7º, II, CP – prevê as hipóteses de aplicação da lei brasileira a autores de crimes cometidos no estrangeiro, desde
que preenchidos os requisitos previstos no §2º do mesmo artigo:
Utilizou-se o princípio da justiça, ou competência universal para a repressão aos delitos que atingem vários países.
Exemplos: pirataria, tráfico de mulheres e crianças, tráfico de entorpecentes etc.
Todos devem ser objeto de tratados ou convenções a que o Brasil aderiu.
Tendo o país o dever de obrigar seu nacional a cumprir as leis, permite-se a aplicação da lei brasileira ao crime por
ele cometido no estrangeiro.
Trata-se da aplicação do princípio da nacionalidade ou personalidade ativa.
Princípio da Representação, conforme recomendação da comissão de redação do CP, ausente na lei anterior.
É regra subsidiária, ou seja, aplica-se a lei brasileira quando, por qualquer razão, não forem julgados os crimes pelo
Estado que deveria fazê-lo pelo princípio da territorialidade.
Não importa se a presença seja breve ou longa, a negócio ou a passeio, voluntária ou não, legal ou clandestina.
A saída do agente não prejudicará o andamento da ação penal instaurada.
Em virtude da diversidade de legislações, é possível que um fato, considerado crime no Brasil, não o seja no país
onde for ele praticado, impedindo-se a aplicação da lei brasileira.
Estar incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição.
Pode-se aplicar a lei brasileira somente quando o agente não foi julgado no estrangeiro, ou se condenado, não
executou a pena imposta.
Caso o agente tenha sido perdoado ou tenha ocorrido outra das causas de extinção da punibilidade, previstas no
Brasil, no art. 107, CP, ou estando o agente abrangido de dispositivo da lei estrangeira que consigna outras hipóteses
de causas extintivas ou lhes dá maior amplitude, não é possível a aplicação da lei nacional.
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