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Nesse sentido a poética refere-se ao que produz, que cria, que forma.
Com essas informações adicionais nós podemos supor qual seria o conceito de
arte de Wolfgang Ratke. Na Antiguidade e na Idade Média, o que nós
chamados hoje de arte era considerado como artesanato utilitário. Na
Antiguidade não havia diferença entre fazer uma estátua de mármore, fazer um
baixo relevo ou fabricar uma sandália, pois a arte era uma fazer habilidoso,
uma técnica a ser empregada. Não diferenciar arte e artesanato implica uma
concepção de arte como habilidade, como fazer bem determinado trabalho e,
em geral, um trabalho manual, por isso não se diferenciava quem produzia um
baixo relevo ou uma sandália.
Lembre-se de que nas aulas anteriores nós já indicamos que Ratke introduziu o
modo de produção da época, a manufatura, a produção em série com as mãos,
na Educação, por isso mesmo refere-se ao “ofício do mestre do ensino”
(RATKE, 2008, p. 40). Com todos esses elementos reunidos, nós podemos
concluir que a noção da arte de ensinar e aprender de Ratke refere-se à
capacidade de fazer bem dominando o modo, o jeito, os instrumentos
necessários para esse fazer.
Ao longo dos séculos vários filósofos têm apontado a prática educativa como
sendo uma arte. FULLAT (1994) observa que o entendimento de Educação
como arte não se dá no sentido estético de belo, mas inspira-se na
etimologia da palavra grega artuêin, que significa arrumar, dispor. Nessa
acepção, nesse sentido dado à palavra arte se concebe a arte como atividade,
logo a Educação como arte é uma atividade, uma prática que dá forma aos
homens e mulheres, e os educadores são os agentes que possuem a
habilidade para desenvolver essa atividade. Nesse sentido a metáfora da
Didática como arte, utilizada por Ratke, aponta para o domínio do fazer, ou
seja, Didática como aplicação de uma técnica. É certo que Ratke compreendia
a arte de ensinar e aprender como a aplicação de uma técnica, porém, hoje, no
século XXI, nós podemos nos apropriar dessa mesma metáfora de Ratke e
ampliarmos a concepção de arte como técnica. Temos que ter clareza que
quando Ratke referia-se à Didática como arte ele estava pensando em aplicar
uma técnica para ensinar, porém nós, leitores de Ratke no século XXI,
podemos questionar essa metáfora de arte como técnica e ampliar essa
concepção lembrando que: por meio do domínio de uma técnica também se
expressa um modo singular, um modo único, de ver a realidade. O que isso
quer dizer? Isso quer dizer que também pode haver um aspecto de criação na
aplicação de uma técnica. Para compreender esse aspecto criativo no domínio
de uma técnica vamos recorrer ao exemplo do artista brasileiro Cândido
Portinari (1903-1962).
Para refletir: