Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ORGANIZADORES
Linete Maria Menzenga Haraguchi
Oswaldo Barretto de Carvalho
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-98140-03-2
CDD – 615.321
CDU 633.88
Este ano de 2010, a Escola Municipal de Jardinagem, Município de São Paulo, colocado sob coordenação da
do Departamento de Educação Ambiental – UMAPAZ, Secretaria Municipal da Saúde através da Coordenação
da Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente da Atenção Básica, pelo Decreto regulamentador
de São Paulo (SVMA), completa 35 anos de serviços assinado pelo Prefeito Gilberto Kassab.
públicos, ensinando a plantar e a cuidar da vida.
A SVMA, de forma integrada com a Secretaria
Sua eclética programação vai desde a pronta Municipal de Saúde, organizou o Curso de Plantas
orientação do cidadão para o cuidado com as plantas que Medicinais, cuidadosamente programado para alcançar
tem na sua casa, a oferta de palestras e cursos que ensinam os diversos aspectos do referido Programa a serem
a plantar hortas tradicionais e verticais, canteiros de ervas conhecidos e considerados pelos profissionais de saúde
aromáticas, jardins, fazer poda, compostagem, cultivar em sua prática. Foram realizadas duas edições do Curso
orquídeas, iluminar o jardim, até o programa Crer-Ser, de e iniciada a terceira.
capacitação de jovens jardineiros, de 16 a 20 anos, que já
preparou 400 jovens e tem tido como resultado 70% de Com o material oferecido pelos profissionais
empregabilidade. Além das atividades realizadas em sua altamente qualificados que compõem o quadro docente
sede, no Parque do Ibirapuera, a Escola leva mini-cursos do Curso, a cuja coordenação e professores registramos
e oficinas para os outros parques da cidade e, em 2009, um agradecimento especial, foi possível editar este livro,
começou a capacitar os zeladores de praças, programa que servirá como registro do programa e material de
em parceria com a Secretaria Municipal do Trabalho. No referência para a implantação do Programa e orientação
primeiro ano foram alcançados duzentos zeladores. Este segura aos profissionais que efetivamente o realizam na
ano, a meta é de capacitação de 1.000 zeladores para as prática da assistência à saúde aos cidadãos paulistanos.
praças de São Paulo.
Essa publicação também se inscreve nas
Um novo desafio foi assumido em 2009: o cultivo comemorações da Cidade de São Paulo no Ano
e incentivo ao uso de plantas medicinais, assunto que, Internacional da Biodiversidade. O bioma da Mata
no âmbito das práticas integrativas, vem sendo pauta do Atlântica tem uma magnífica biodiversidade, da qual
Sistema Único de Saúde há alguns anos. Em 2006 foram muitas plantas medicinais fazem parte. São Paulo vem
aprovadas, por Decreto Federal, as diretrizes da Política aprendendo a conhecer, proteger e recuperar essa riqueza,
Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos e, dois com respeito à vida e com benefícios à saúde da família
anos depois, em dezembro de 2008, o Programa Nacional humana e do planeta de que somos parte.
de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, coordenado pelo
Ministério da Saúde. Em seguida, o Município de São
Paulo aprovou a Lei 14.903/09, criando o Programa Eduardo Jorge Martins Alves Sobrinho,
de Produção de Fitoterápicos e Plantas Medicinais no Secretário Municipal do Verde e Meio Ambiente.
O PAVS propiciou a identificação de iniciativas re- O livro Plantas Medicinais será uma impor-
gionais bem sucedidas de educação ambiental e mane- tante ferramenta para os profissionais da Saúde
jo sustentável, anteriores ao próprio projeto, mas com na propagação do conhecimento e na aplicação
grande potencial de aplicação em todo o município. segura das práticas terapêuticas utilizando plantas
Por exemplo, a iniciativa da Supervisão Técnica de São medicinais e fitoterápicos. A obra traz novos ho-
Mateus, que elaborou cursos de cultivo e de uso seguro rizontes na assistência aos pacientes, agregando o
de plantas medicinais, com a criação de hortas e viveiros conhecimento científico à sabedoria popular, am-
de mudas. A experiência possibilitou o início do proces- pliando as possibilidades de tratamento.
so de construção de uma política pública de utilização
de plantas medicinais e fitoterápicos, que permitisse a
união do conhecimento científico e do popular na apli- Januario Montone
cação de uma nova alternativa terapêutica, acessível a Secretário Municipal de Saúde
toda a população usuária da rede pública de saúde.
A Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambien- bem maior, sendo acessível a todos que desejam informa-
te, através da Escola Municipal de Jardinagem, vinculada à ções acerca do tema.
Universidade Aberta de Meio Ambiente e Cultura de Paz
(UMAPAZ), tem o imenso prazer de oferecer esta publi- O resultado foi um trabalho interdisciplinar que con-
cação que ora o leitor tem em suas mãos: o livro Plantas tou com a colaboração de diversos profissionais, internos e
Medicinais do Curso de Plantas Medicinais ofertado por externos à Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, sob a
esta Escola. atenção cuidadosa de seus idealizadores: a Farmacêutica Li-
nete Maria Mezenga Haraguchi e o Engenheiro Agrônomo
Sua publicação vem ao encontro da recente publi- Oswaldo Barretto de Carvalho, profissionais pertencentes
cação do Decreto n° 51435, de 26 de abril de 2010, que ao corpo técnico da Escola Municipal de Jardinagem.
institui o Programa de Produção de Fitoterápicos e Plan-
tas Medicinais no Município de São Paulo, cujo objetivo Por fim, resta agradecer imensamente aos organiza-
principal é proporcionar à população o acesso seguro às dores desta obra pelo empenho dispensado, bem como a
plantas medicinais com a adoção de boas práticas referen- todos os autores por, juntos, terem acreditado no projeto
tes ao cultivo, manipulação e uso. que agora se tornou um livro cuja missão é contribuir para
a divulgação do conhecimento e manipulação das plantas
Distribuído em 17 capítulos, o livro versa sobre o his- medicinais e fitoterápicos entre a população brasileira.
tórico das plantas medicinais, identificação botânica, pla-
nejamento de hortas medicinais e comunitárias, cuidados
Boa leitura a todos!
necessários no uso de plantas medicinais, entre outros.
Se, num primeiro momento, o curso ofertado pela Es- Cristina Pereira de Araujo
cola Municipal de Jardinagem atende aos profissionais da Arquiteta
área da Saúde, para que estes possam ser multiplicadores Diretora da Escola Municipal de Jardinagem
do conhecimento aprendido, o livro possui abrangência
A publicação deste livro decorre da elaboração ainda, auxiliar na implantação e implementação de identidade botânica da espécie a ser cultivada,
de um material instrucional de uso interno, ações e serviços, com base na Política Nacional de verificar a qualidade da água e do solo; tomar os
inicialmente uma apostila de apoio para o “Curso Práticas Integrativas e Complementares (Portaria devidos cuidados no cultivo, colheita, secagem,
de Plantas Medicinais”, voltado a programas de MS/GM nº 971/06), na Política Nacional de Plan- armazenamento, transporte, entre outros fatores
capacitação de multiplicadores, e que foi criado em tas Medicinais e Fitoterápicos (Decreto Federal importantes, para obter uma melhor qualidade e
resposta à demanda dos alunos da Escola Municipal nº 5.813/06) e no Programa Nacional de Plantas eficiência das plantas cultivadas.
de Jardinagem, da população e de funcionários Medicinais e Fitoterápicos (Portaria Interminis-
As descrições das plantas neste livro
públicos da Prefeitura da Cidade de São Paulo. terial MS/GM nº 2.960/08). Atende, ainda, à Lei
compilam informações encontradas em literatura,
O objetivo geral do curso é promover a Educação Municipal nº 14.682/08, que institui, no âmbito
apresentando aquelas de consenso. Enfatizamos
Ambiental e em Saúde para multiplicadores, visando do Município de São Paulo, o Programa Qualida-
a importância de o usuário e, principalmente, os
à garantia de acesso seguro às plantas medicinais, de de Vida com Medicinas Tradicionais e Práticas
prescritores terem o conhecimento real das plantas
com segurança, eficácia e qualidade, bem como ao Integrativas em Saúde, regulamentada pelo Decre-
que serão utilizadas e dos estudos que comprovem
uso adequado e manejo sustentável dos recursos to nº 49.596/08, que envolve ações de incentivo
a eficácia e segurança.
ambientais e da biodiversidade. Colaborar ainda ao uso de plantas medicinais entre Secretarias que
nas políticas públicas ambientais e de saúde e, para desenvolvem atividades afins e, por fim, a Lei Muni-
Lembramos que a ação de algumas plantas,
tanto, contamos com uma equipe interdisciplinar cipal n° 14.903/09, regulamentada pelo Decreto nº
embora tradicionalmente conhecidas e utilizadas,
integrando saúde e meio ambiente. 51.435/10, que instituiu o Programa de Produção
ainda não está cientificamente comprovada,
de Fitoterápicos e Plantas Medicinais do Município
principalmente para uso por gestantes e lactentes.
Para o munícipe e estudantes, o curso de São Paulo.
Recomenda-se enfaticamente, antes da utilização
procura ampliar os conhecimentos sobre plantas O Curso pretende ainda incentivar as pesquisas de qualquer planta medicinal ou fitoterápico, obter
medicinais, promovendo um resgate cultural com plantas medicinais e fitoterápicos, as boas o diagnóstico correto da doença a ser tratada e a
associado ao conhecimento científico, e alertando práticas de cultivo e manejo sustentável dos prescrição por um profissional de saúde especialista
para os cuidados e os perigos do uso de plantas recursos naturais, estimular a implantação de na área e habilitado para tal.
medicinais cuja eficácia e segurança não tenham programas de conservação de plantas assegurando
comprovação científica podendo ocasionar reações a sua disponibilidade para gerações futuras, formar É muito importante ressaltar que este livro não
adversas e agravos à saúde. Visa ainda apresentar a massa crítica, levar o indivíduo a uma reflexão substitui as medidas técnicas adequadas a cada caso,
identificação botânica correta de plantas medicinais profunda sobre as consequências da diminuição como consultas, diagnósticos e prescrições, quando
e tóxicas, bem como demonstrar procedimentos e da diversidade vegetal e dos ecossistemas; evitar a necessários, por profissional de saúde habilitado,
técnicas de cultivo e propagação, incentivando o perda do conhecimento popular e tradicional que é eximindo absolutamente o editor, coordenadores,
cultivo orgânico das plantas medicinais, aromáticas passado de geração a geração e que vem ocorrendo autores, colaboradores e equipe técnica de respon-
e condimentares, previamente identificadas; com as modificações das culturas indígenas, dos sabilidade jurídica por eventual uso incorreto das
assegurando produtos de qualidade e formando quilombolas e dos nossos antepassados. informações nele contidas.
multiplicadores qualificados para atuação nas suas
respectivas comunidades. É necessário ainda considerar as boas práticas
agrícolas e dar a importância aos aspectos
O “Curso de Plantas Medicinais” para os profis- agronômicos, ambientais e sanitários, como, Linete Maria Menzenga Haraguchi
sionais da saúde, meio ambiente e áreas afins visa, por exemplo, utilizar matrizes certificadas com Coordenadora
Livro “Plantas Medicinais” – Do Curso de Plantas Medicinais Carlos Muniz de Souza. Farmacêutico, Departamento de P&D da Herbo-
flora Produtos Naturais Ltda e Membro da Associação Brasileira das Empre-
Prefeito da Cidade de São Paulo sas do Setor Fitoterápico, Suplemento Alimentar e de Promoção (ABIFISA)
Gilberto Kassab
Helen Elisa Cunha de Rezende Bevilacqua. Engenheira Agrônoma, Espe-
Secretário Municipal do Verde e cialista em Educação Ambiental, Divisão Técnica do Núcleo de Ação Des-
do Meio Ambiente centralizado Norte 2 (SVMA/DGD/N 2)
Eduardo Jorge Martins Alves Sobrinho Juscelino Nobuo Shiraki. Engenheiro Agrônomo, Divisão Técnica Escola
Diretora do Departamento de Educação Ambiental e Cultura de Paz – Universi- Municipal de Jardinagem, Departamento de Educação Ambiental e Cultura
dade Aberta do Meio Ambiente e da Cultura de Paz – UMAPAZ de Paz – Universidade Aberta do Meio Ambiente e Cultura de Paz (SVMA/
Rose Marie Inojosa UMAPAZ/1)
Linete Maria Menzenga Haraguchi. Farmacêutica, Biomédica, Especialis-
Diretora da Divisão Técnica Escola Municipal de Jardinagem ta em Educação em Saúde Pública e em Homeopatia, Pós-graduanda em
Cristina Pereira de Araujo Fitoterapia, Divisão Técnica Escola Municipal de Jardinagem, Departamen-
Coordenadores to de Educação Ambiental e Cultura de Paz – Universidade Aberta do Meio
Linete Maria Menzenga Haraguchi Ambiente e Cultura de Paz (SVMA/UMAPAZ/1)
Oswaldo Barretto de Carvalho Luis Carlos Marques. Farmacêutico, Especialista em Fitoterapia, Mestre
em Botânica pela Universidade Federal do Paraná e Doutor em Psicobio-
Equipe Técnica e de Autoria
logia pela Escola Paulista de Medicina. Professor de Farmacognosia da Uni-
Adão Luiz Castanheiro Martins. Engenheiro Agrônomo, Especialista em Controle
versidade Estadual de Maringá (1989-2006), Diretor de Assuntos Fitote-
Ambiental e Mestre em Agricultura Tropical e Subtropical pelo Instituto Agronômico
rápicos da Apsen Farmacêutica (2004-2008), professor do Curso de Mes-
de Campinas (IAC), Divisão Técnica Escola Municipal de Jardinagem, Departamento
trado em Farmácia da Universidade Bandeirante de São Paulo (UNIBAN)
de Educação Ambiental e Cultura de Paz – Universidade Aberta do Meio Ambiente e
Cultura de Paz (SVMA/UMAPAZ/1) Luiz Claudio Di Stasi. Biólogo, Mestre em Farmacologia pela Escola Pau-
lista de Medicina, Doutor em Química Orgânica pela UNESP – Araraquara,
Anthony Wong. Médico, Doutor em Toxicologia Clínica pela Faculdade de Medicina
Pós-Doutorado em Farmacologia de Produtos Naturais pela Faculdade de
da USP, Diretor Médico do Centro de Assistência Toxicológica (CEATOX) do Institu-
Farmácia da Universidade de Granada, Espanha, Professor Adjunto do De-
to da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de
partamento de Farmacologia, Instituto de Biociências da UNESP – Botucatu
São Paulo (FMUSP)
Marcos Roberto Furlan. Engenheiro Agrônomo, Mestre em Agronomia
Ari de Freitas Hidalgo. Engenheiro Agrônomo, Mestre em Botânica, Doutor em
pela UNESP, Doutor em Agronomia (Horticultura) pela UNESP - Botu-
Agronomia, Professor da Universidade Federal do Amazonas (UFAM)
catu, Professor da Universidade de Taubaté, Professor e Coordenador do
Assucena Tupiassú. Bióloga, Especialista em Controle Ambiental, Divisão Técnica Curso de Agronomia da Faculdade Integral Cantareira (FIC) e Professor do
Escola Municipal de Jardinagem, Departamento de Educação Ambiental e Cultura de Curso de Especialização da Universidade de Taubaté (UNITAU) e Faculda-
Paz – Universidade Aberta do Meio Ambiente e Cultura de Paz (SVMA/UMAPAZ/1) des Oswaldo Cruz (FOC)
Plantas Medicinais - Secretaria do Verde e do Meio Ambiente
Maria de Lourdes da Costa. Bióloga, Especialista Onélio Argentino Junior. Engenheiro Agrônomo,
em Controle Ambiental, Pós-graduanda em Especialista em Administração e Manejo de
Fitoterapia, Divisão Técnica Escola Municipal de Unidades de Conservação, da Subprefeitura de Vila
Jardinagem, Departamento de Educação Ambiental Mariana
e Cultura de Paz – Universidade Aberta do Meio
Oswaldo Barretto de Carvalho. Engenheiro
Ambiente e Cultura de Paz (SVMA/UMAPAZ/1)
Agrônomo, Especialista em Educação Ambiental,
Maria José de Azevedo Cardoso. Assistente Divisão Técnica Escola Municipal de Jardinagem,
Social, Especialista em Educação Ambiental, Departamento de Educação Ambiental e Cultura Revisão de Texto
Divisão Técnica Escola Municipal de Jardinagem, de Paz – Universidade Aberta do Meio Ambiente e Luiz Thomazi Filho
Departamento de Educação Ambiental e Cultura Cultura de Paz (SVMA/UMAPAZ/1)
de Paz – Universidade Aberta do Meio Ambiente e Revisão Botânico-Nomenclatural
Ricardo Tabach. Biólogo, Mestre em Farmacologia, Sumiko Honda
Cultura de Paz (SVMA/UMAPAZ/1)
Doutor em Ciências (Psicobiologia), Pesquisador
Mario do Nascimento Junior. Engenheiro do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Tradução da Tabela 1 do Anexo A
Agrônomo, Advogado, Especialista em Direito Psicotrópicas do Departamento de Psicobiologia Helen Elisa Cunha de Rezende Bevilacqua
Ambiental, Divisão Técnica Escola Municipal de da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/
Projeto Editorial e Prefácio
Jardinagem, Departamento de Educação Ambiental Cebrid)
Linete Maria Menzenga Haraguchi
e Cultura de Paz – Universidade Aberta do Meio
Roberto Martin. Engenheiro Agrônomo,
Ambiente e Cultura de Paz (SVMA/UMAPAZ/1) Projeto Gráfico, Diagramação e Capa
Divisão Técnica Escola Municipal de Jardinagem,
Pedro Henrique Nunes de Cunha
Mário Sebastião Fiel Cabral. Médico, Especialista Departamento de Educação Ambiental e Cultura
em Saúde Pública, Epidemiologia, Medicina do de Paz – Universidade Aberta do Meio Ambiente e Coordenação de Arte
Trabalho e Acumputura, Secretaria Municipal da Cultura de Paz (SVMA/UMAPAZ/1) Silvia Costa Glueck
Saúde do Município de São Paulo, Coordenação
Sonia Aparecida Dantas Barcia. Farmacêutica – Produção
da Atenção Básica, Área Técnica das Medicinas
Toxicologista, Especialista em Fitoterapia, Centro Célia Giosa
Tradicionais, Homeopatia e Práticas Integrativas
de Controle de Intoxicações do Município de São
em Saúde (SMS/CAB/MTHPIS) Revisão da Ficha Catalográfica
Paulo, Coordenação de Vigilância em Saúde da
Nilsa Sumie Yamashita Wadt. Farmacêutica Secretaria Municipal da Saúde do Município de São Eveline Brasileiro Leal – Biblioteca da UMAPAZ
– Bioquímica, Doutora pela USP, Docente das Paulo (SMS/COVISA/CCD/CCISP)
Faculdades Oswaldo Cruz (FOC), Universidade Revisão Final
Sumiko Honda. Bióloga, Especialista em Educação Helen Elisa Cunha de Rezende Bevilacqua
Nove de Julho (UNINOVE) e Universidade
Ambiental, Herbário Municipal da Divisão Linete Maria Menzenga Haraguchi
Paulista (UNIP) nas disciplinas de Farmacognosia,
Técnica de Unidade de Conservação e Proteção Luis Carlos Marques
Farmacobotânica e Controle de Qualidade e
da Biodiversidade e Herbário, Departamento de Nilsa Sumie Yamashita Wadt
líder do Grupo de Pesquisa de Fitoterápicos pela
Parques e Área Verdes (SVMA/DEPAVE/8) Sumiko Honda
UNINOVE
Plantas Medicinais - Secretaria do Verde e do Meio Ambiente
Agradecimentos
Inicialmente agradecemos aos colegas da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Rodrigo da Silva Alonso, Janira Ribeiro Paranhos, Rafael Ribeiro, Thomas Jefferson Figueire-
Ambiente – SVMA, que contribuíram de alguma forma para o êxito deste trabalho, do de Oliveira; Unidade de Transportes;
atendendo nas seguintes unidades:
• Divisão Técnica de Tecnologia da Informação: Unidades de Suporte em Informática e de
• Divisão Técnica Escola Municipal de Jardinagem, especialmente ao Coordena- Análise e Desenvolvimento de Sistemas de Informação; Divisão Técnica de Compras, Con-
dor dos Cursos de Jardinagem e de Recursos Paisagísticos, Marco Antonio Braga, e tratos e Licitações;
demais participantes da equipe: assistente social Nilce Morais Pinto, Rosa Maria de
Araujo, Elsa Matiko Ikeda Ribas, Eudison Borges Luiz e aos profissionais do Cam- • Engenheiro e advogado Frederico Jun Okabayashi da Secretaria Municipal do Verde e do
po Experimental - “Viveirinho”, incluindo o senhor João Batista de Souza; Meio Ambiente de São Paulo;
• Departamento de Educação Ambiental e Cultura de Paz - Universidade Aberta • Gabinete do Secretário da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, Assessoria
do Meio Ambiente e Cultura de Paz, aos funcionários da Biblioteca Umapaz, em Técnica, Jurídica, de Comunicação e Eventos, Setor de Publicação, em especial ao Doutor
especial à bibliotecária Eveline Brasileiro Leal; Hélio Neves;
• Departamento de Gestão Descentralizada, Divisão Técnica do Núcleo de Ação • Programa de Agricultura Urbana e Periurbana – Proaurp.
Descentralizado Leste 1 e Norte 2;
Agradecemos aos profissionais e colaboradores da Secretaria Municipal da Saúde do Municí-
• Departamento de Parques e Áreas Verdes; pio de São Paulo, especialmente:
• Divisão Técnica de Unidade de Conservação e Proteção da Biodiversidade e • Gabinete do Secretário da Secretaria Municipal da Saúde do Município de São Paulo, As-
Herbário, em especial aos biólogos Dr. Ricardo José Francischetti Garcia, Graça sessoria Técnica; Coordenação da Atenção Básica, Área Técnica das Medicinas Tradicionais,
Maria Pinto Ferreira e Ms. Simone Justamante De Sordi e à senhora Rosália Pereira Homeopatia e Práticas Integrativas em Saúde; Área Técnica de Assistência Farmacêutica;
da Silva Pena; Coordenação de Vigilância em Saúde; Gerência de Vigilância em Saúde Ambiental; Centro
de Controle de Doenças; Centro de Controle de Intoxicações do Município de São Paulo,
• Divisão Técnica de Administração do Parque Ibirapuera; em especial às Dras. Tazue Hara Branquinho, Yamma Mayura Duarte Alves e Dirce Cruz
Marques.
• Divisão Técnica de Produção e Arborização Viveiro “Manequinho Lopes”, em
especial à bióloga Yone Kiyoko Fukusima Hein e à educadora em Saúde Pública • Agradecemos aos profissionais de outros órgãos, governamentais ou não, que contribuí-
Elisa Teixeira Rugai; ram de alguma forma:
• Departamento de Administração e Finanças; • Arquiteta Aida Maria Matos Montenegro, especialista em Arquitetura em Saúde da Secre-
taria da Saúde do Estado do Ceará;
• Divisão Técnica de Gestão de Pessoas, em especial a Célia Tiemi Hanashiro Ta-
minato e Paula Quaglio Rodrigues, da Unidade de Desenvolvimento de Pessoas; • Centro de Assistência Toxicológica do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo;
• Divisão Técnica de Infraestrutura e Manutenção: Unidade de Recursos Audio-
visuais e Reprografia, em especial a Airan Figueiredo, Álvaro Dias Filho, Anderson • Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas do Departamento de
• Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo e Departamento de Águas e • Profa. Dra. Sônia Maria Rolim Rosa Lima, do Departamento de Obstetrícia e
Energia Elétrica da Secretaria de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo; Ginecologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
• Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental da Secretaria do Meio Ambiente do • Prof. Dr. José Luiz Negrão Mucci do Departamento de Saúde Ambiental da
Estado de São Paulo; Faculdade de Saúde Pública da USP;
• Conselho Federal de Farmácia e Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo; • Prof. Dr. Niraldo Paulino da Universidade Bandeirante de São Paulo.
• Departamento de Assistência Farmacêutica da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insu- • Prof. Dr. Paulo Chanel Deodato de Freitas, da Faculdade de Ciências Farma-
mos Estratégicos e ao Departamento de Atenção Básica da Secretaria de Atenção à Saúde do cêuticas da USP;
Ministério da Saúde;
• Universidade Bandeirante de São Paulo, Mestrado Profissional em Farmácia;
• Departamento de Farmacologia do Instituto de Biociências de Botucatu da Universidade
Estadual Julio de Mesquita Filho; • Universidade Estadual de Campinas, Centro Pluridisciplinar de Pesquisas
Químicas, Biológicas e Agrícolas, em especial ao biólogo Benício Pereira;
• Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz;
• Universidade Federal do Amazonas;
• Faculdade Integral Cantareira;
• Universidade Federal do Ceará;
• Faculdades Oswaldo Cruz;
• Universidade de Taubaté;
• Farmacêutica-bioquímica Isanete Geraldini Costa Bieski, especialista em Plantas Medicinais.
• Universidade Nove de Julho;
• Instituto Biológico da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo,
em especial à Dra. Isabela Cristina Simoni; • Universidade Paulista;
• Liamar Antonioli, bibliotecária do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - São Paulo; • Universidade de São Paulo.
• Médico Sanitarista Dr. Augusto Fernando Petit Prieto da Atenção Básica da Prefeitura do • Agradecemos em especial ao jornalista Luiz Thomazi Filho, pela dedicação e
Município de São Bernardo do Campo, Diadema e Santo André; empenho na revisão textual, e aos amigos Carlos, Duda, Helen, Ivete, Lis, Luis
Carlos, Nilsa, Regina, Sumiko e demais colaboradores.
• Profa. Dra. Mary Anne Medeiros Bandeira, coordenadora do Projeto Farmácias Vivas da
Universidade Federal do Ceará;
MEIO AMBIENTE,
SOCIEDADE E
#1
IMPORTÂNCIA
DO MANEJO
SUSTENTÁVEL
Plantas Medicinais - Secretaria do Verde e do Meio Ambiente
1.1 Extrativismo, coleta e manejo enchentes, além de auxiliar no restabelecimento • das espécies recomendadas para determinada
de recursos vegetais de florestas. dos lençóis freáticos. ação;
Assucena Tupiassú
Maria José de Azevedo Cardoso 7. Diminuem a poluição visual. Onde existem • das partes indicadas – raiz, caule, folha, flor
plantas, cria-se um ambiente mais bonito, o que ou fruto;
Há registros do uso de plantas como contribui também com o bem-estar das pessoas.
medicamento em todas as épocas. O faraó Ramsés • do modo de preparo – infusão, maceração, etc.;
I e seus contemporâneos, por exemplo, em 1500 8. Alimentação. As plantas são responsáveis pela
a.C. já registravam e descrevi am o uso das plantas nossa alimentação: quase tudo que comemos vem • da presença de alergias nas pessoas a quem são
medicinais na antiga civilização egípcia no chamado direta ou indiretamente das plantas, pois elas dão recomendadas as plantas medicinais;
Papiro de Ebers. início ao ciclo alimentar de todos os animais.
• da concentração adequada;
Como todas as plantas, as medicinais possibilitam 9. São fontes de substâncias para diversos
a sobrevivência das espécies animais. Entre muitas produtos. Das plantas retiramos produtos e • do armazenamento das plantas;
outras, podemos citar as seguintes qualidades das subprodutos que, comercializados, mantêm
plantas: economicamente muitas famílias. São os perfumes, • do modo de extração.
resinas, látex, corantes, madeira, etc.
1. Retiram gás carbônico do ambiente e devolvem A ecologia andou sempre distante da economia,
oxigênio. É sabido que a maior parte do oxigênio que 10. Beneficiam a saúde. A maioria dos apesar de ambas terem o mesmo prefixo “eco” =
utilizamos é proveniente das algas, mas a plantas medicamentos tem ativos provenientes das plantas. “oikos” – casa, natureza, meio ambiente. No
também o produzem. Além disso, no processo da primeiro caso (ecologia), refere-se ao estudo da
fotossíntese há liberação de água no ambiente, o 11. São usadas na descontaminação do solo por natureza e no segundo (economia), às normas da
20
que melhora a umidade do ar e mantém ativo o ciclo meio do plantio integrado com espécies adequadas. natureza.
desse líquido.
Por outro lado, o cultivo inadequado das plantas O primeiro passo para alcançar o equilíbrio
2. Reduzem a poeira no ar. Estudos comprovam pode levar à: ecológico é a adoção de medidas econômicas.
que em áreas bem arborizadas podemos ter uma Atualmente, o comércio de medicamentos
diminuição de poluentes em até 80%. • extinção de espécies; fitoterápicos brasileiros movimenta cerca de US$
260 milhões de dólares ao ano. Porém, para muitos
3. Reduzem a poluição sonora em até 50%. • erosão genética; medicamentos, são necessários vários quilos da
planta que fornece o princípio ativo para sintetizar
4. Auxiliam na preservação de mares, rios, lagos ou • contaminação do solo, de plantas, da pessoa um grama do remédio.
quaisquer cursos d’água. A vegetação denominada mata que aplica e de quem consome as plantas que foram
ciliar evita em parte que a poluição chegue à água. tratadas inadequadamente com defensivos agrícolas. Aproximadamente 70% dos medicamentos
são feitos a partir das plantas. Levando em
5. Amenizam a poluição do solo. Combatem o Ao longo dos tempos, a quantidade de plantas consideração que o Brasil possui cerca de 55
fenômeno denominado erosão pois as raízes das retiradas da natureza é muito maior do que o número mil espécies vegetais e é o país que tem a maior
plantas funcionam como uma malha que segura de espécies plantadas. O crescimento populacional, biodiversidade do planeta, a quantidade de
a terra, evitando que a poluição invada o solo. Ou o aumento das necessidades e a idéia de que temos produtos manufaturados com os ativos dessas
mesmo pelo fato de as pessoas ficarem inibidas de muito e nunca faltará levou a grandes catástrofes. espécies é bastante reduzida, visto que até o ano
jogar lixo em um belo jardim. 2000 foram registrados no Ministério da Saúde
O uso inadequado das plantas medicinais somente cerca de 590 produtos fitoterapêuticos,
6. Evitam enchentes. Onde há vegetação, há também pode gerar um grande problema ambiental, a partir de 600 espécies de plantas medicinais.
área permeável, o que diminui a ocorrência de normalmente pelo desconhecimento: Ainda há muito a ser estudado.
25. Decreto Federal Nº 6.514 (22.07.2008): regu- Contate os órgãos públicos nas respectivas • Agência Ambiental Unificada de Jundiaí e
lamenta a Lei 9.605/98, que dispõe sobre crimes esferas de competências (Atualizado em 2008): CETESB (11) 4817-2110 / 4817-1898.
ambientais e que revogou o decreto anterior (n°
3.179/99) e ampliou ainda mais as ações em defesa do • A Linha Verde do Instituto Brasileiro do Meio • Polícia Militar do Estado de São Paulo,
meio ambiente. Dispõe sobre as infrações e sanções ad- Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis através do Comando de Policiamento Ambiental
ministrativas ao meio ambiente, estabelece o processo (IBAMA), subordinada à Ouvidoria do Instituto, (CPAmb) da Polícia Militar. Cidade de São Paulo:
administrativo federal para apuração destas infrações e é um canal de comunicação com a sociedade (11) 3221-8699 ou 5082-3330; Birigui: (18)
dá outras providências. Os artigos 43 a 60 tratam “Das e outros órgãos ambientais oficiais, que busca 3642-3955; Guarujá: (13) 3354-2800; São José
Infrações Contra a Flora”. (atualizado 2008). um equilíbrio entre o homem e o ambiente para do Rio Preto: (17) 3234-3314 / 4122; Jundiaí:
a construção de um futuro pensado e vivido (11) 4587-1811.
Seja um cidadão vigilante, um fiscal do meio am- numa lógica de desenvolvimento sustentável.
biente: ao constatar uma infração contra a flora, denun- Por intermédio do telefone 0800-61-8080 • Promotoria de Justiça do Meio Ambiente da
cie aos órgãos ambientais e de polícia competentes da (ligação gratuita), o cidadão e/ou entidades Capital (PJMAC): telefone 3119-9800, fax 3119-
sua cidade ou do seu estado, pois infração contra a flora nacionais e internacionais podem interagir, 9099 ou através de e-mail: pjmac@mp.sp.gov.br.
30
também é crime ambiental. solicitando orientações e informações sobre
temas ambientais, que abrangem desde denúncias Consulte alguns sites:
Como e onde fazer uma denúncia de infrações à legislação ambiental até os mais http://www.ambiente.sp.gov.br
variados procedimentos de ações ambientais. http://www.ambiente.sp.gov.br/ouvidoria.php
Informações corretas e completas: toda denún- E-mail: linhaverde.sede@ibama.gov.br. Na cidade http://www.capital.sp.gov.br/portalpmsp/homec.jsp
cia deve ser acompanhada do maior número possível de São Paulo ligar para (11) 3066-2633. http://www.cetesb.sp.gov.br
de informações, como, por exemplo, fotografias, mapas http://www.ibama.gov.br
e até mesmo a cópia da legislação que está sendo infrin- • Prefeitura da Cidade de São Paulo (156) ou http://www.mp.sp.gov.br
gida, que podem ser anexadas a um documento por através da Secretaria Municipal do Verde e do Meio http://www.pmambientalbrasil.org.br/unidades.htm
escrito que informa o dano ambiental. Ambiente: (PMSP/SVMA), através dos telefones: http://www.pmambientalbrasil.org.br/unidades.
(11) 3396-3253 / 3285 ou PABX (11) 3396-3000. htm#São%20Paulo
Denúncias anônimas ou não: as denúncias po- http://www.polmil.sp.gov.br/inicial.asp
dem ser feitas por telefone. No entanto, é muito impor- • Ouvidoria Geral do Município de São Paulo: http://www.polmil.sp.gov.br/unidades/cpamb/
tante que as informações sobre o que está acontecendo, telefone 0800 17 5717 (não precisa se identificar). index.htm
qual é o dano ambiental, o local correto da infração e http://portal.prefeitura.sp.gov.br/ouvidoria
informações de como chegar ao local sejam passadas • Disque Meio Ambiente da Secretaria de Estado
para o atendente de forma correta. do Meio Ambiente (SMA), através do telefone
0800 11 3560, ou Companhia de Tecnologia de OBS.: Referências bibliográficas do Capítulo 1
Conheça a legislação: para que seja feita Saneamento Ambiental (CETESB), ligada à SMA: ver Capítulo 18.
qualquer denúncia é necessário, antes de qualquer PABX (11) 3133-3000.
HISTÓRICO
DAS PLANTAS
#2
MEDICINAIS
e legislação
Plantas Medicinais - Secretaria do Verde e do Meio Ambiente
2.1 HISTÓRICO DAS PLANTAS dessas substâncias medicinais, o açafrão (Crocus do reino do misticismo e da religião – é chamado de
MEDICINAIS sativus), o coentro (Coriandrum sativum), a canela pai da medicina moderna. Os textos de Hipócrates
Helen Elisa Cunha de Rezende Bevilacqua (Cinnamomum zeylanicum), o alho (Allium sativum), citam cerca de 300 a 400 plantas medicinais (ex.:
folhas de sene (Senna alexandrina), resinas de erva-doce, rícino, salsa, tomilho, funcho, aipo).
Historicamente, o uso de plantas para tratar benjoim (Styrax benzoin).
doenças é tão antigo quanto a própria humanidade. No primeiro século antes de Cristo, a Grécia pro-
No Egito antigo, Imotep se tornou o deus da cura duziu a precursora de todas as farmacopéias moder-
O homem sempre buscou na natureza os de seu povo. Em 1827, Georg Ebers comprou de um nas e aquele que se tornou o texto oficial da medicina
recursos necessários para melhorar suas próprias árabe um dos primeiros textos médicos existentes, botânica, De Matéria Medica, de Dioscorides.
condições de vida. Utilizou as plantas como alimento chamado de “Papiro de Ebers”, que se acredita tenha
e incorporou a isso a busca de matéria-prima para a sido escrito no século XVI a.C. Contém cerca de Galeno, médico grego que vivia em Roma
confecção de roupas, ferramentas, combustíveis para 800 receitas e refere-se a 700 drogas, incluindo a no século II d.C., revolucionou a medicina
o fogo, armas de caça, etc., aumentando, assim, a babosa (Aloe vera), o absinto (Artemisia absinthium), fazendo experiências com animais, a partir do que
chance de sobrevivência. a hortelã (Mentha sp.), o meimendro (Hyoscyamus desenvolveu as primeiras teorias médicas baseadas
niger), a mirra (Commiphora myrrha), o cânhamo em experimentações científicas.
Por meio de experiências e observações, de (Cannabis sativa), o óleo de rícino (Ricinus
muita experimentação, na base da tentativa e erro, communis) e a mandrágora (Mandragora officinalis). De cerca de 400 a 1.500 d.C. a Igreja controlou
ao longo de muitas gerações, o homem percebeu Inclui receitas para diabetes e a utilização de lama ou praticamente todo o conhecimento médico. A
que as plantas poderiam provocar reações benéficas pão mofado sobre as feridas para impedir a infecção medicina, como tratamento de doenças humanas,
no organismo, capazes de resultar na recuperação (fungos e bactérias filamentosas produzem drogas tornou-se uma extensão das doutrinas da Igreja.
da saúde. Percebeu, também, que, além das plantas antibióticas). Como os males e doenças eram muitas vezes vistos
benéficas, existiam aquelas nocivas à saúde, capazes como castigo para o pecado, acreditava-se que
34
de matar e de produzir alucinações. Na China antiga (dois mil anos atrás), apareceu podiam ser curados com preces e arrependimento.
a primeira farmacopéia chinesa, o Pen Tsao, Neste período, a medicina e os estudos das
No processo histórico das plantas medicinais, descrevendo o uso do óleo de chalmogra (planta plantas medicinais sofreram um longo período de
muitas civilizações descreveram a utilização de do gênero Hydnocarpus – Salicaceae, antiga paralisação. Contudo, grande parte do conhecimento
vegetais como forma de medicamento em seus Flacourtiaceae) para tratar a lepra. Foram os chineses médico grego e latino ainda assim foi preservado
registros e manuscritos. que descreveram pela primeira vez a utilização de um pelos estudiosos dos mosteiros, que transcreviam
arbusto, o mahuang (Ephedra sinica), para ajudar na documentos antigos.
Descobertas arqueológicas mostram o uso de função urinária, melhorar a circulação, baixar febres,
várias plantas pelos neandertais (como a altéia – eliminar a tosse e aliviar os males dos pulmões e Durante o Renascimento (fim do século XII)
Althaea officinalis) há mais de 60 mil anos, no local brônquios. Atualmente é conhecido como efedrina, iniciaram-se os estudos realmente científicos do
onde é o Iraque hoje. Os índios mexicanos de mil utilizada nos problemas respiratórios. corpo humano feitos pelos médicos. Foi nessa época
anos atrás utilizavam o cacto peiote (Lophophora que Leonardo da Vinci fez muitas dissecações,
williamsii) em machucados e ferimentos, o que foi Na Índia, o Charaka Samhita, abrangente resultando em mais de 750 desenhos que ilustravam
comprovado recentemente as suas propriedades guia herbáceo indiano, cita mais de 500 medi- com precisão a anatomia humana.
antibióticas. camentos herbais.
Uma figura notável do Renascimento foi
Os sumérios que habitavam uma área em torno A Grécia antiga produziu um deus (Esculápio, Theophrastus Bombastus von Hohenheim, mais
dos rios Tigre e Eufrates (hoje Iraque), por volta de que tinha como símbolo o caduceu – uma serpente conhecido como Paracelso. Ele é visto como o
4.000 a.C. já utilizavam o tomilho (Thymus vulgaris), enroscada num bastão – até hoje símbolo da divulgador da famosa doutrina das assinaturas, visão
o ópio (Papaver somniferum), o alcaçuz (Glycyrrhiza medicina) e vários seres mortais que figuram com da natureza centrada no ser humano, que diz que as
glabra), a mostarda (Brassica sp.) e o elemento destaque na história inicial da medicina. Por volta plantas não só foram criadas para o uso dos homens,
químico enxofre. Os babilônios utilizavam, além de 400 a.C., Hipócrates retirou a profissão médica como também exibem um sinal claro – uma assinatura
ANVISA – Resolução RDC nº 16 (30/04/1999). ANVISA – Resolução RDC nº 19 (30/04/1999). ANVISA - Resolução RDC n°10 (09/03/2010).
Aprova o regulamento técnico de procedimentos Aprova o regulamento técnico de procedimentos Dispõe sobre a notificação de drogas vegetais
para registro de alimentos e ou novos ingredientes. para registro de alimento com alegação de proprie- junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária,
dades funcionais e ou de saúde em sua rotulagem. considerando a necessidade de contribuir para a
ANVISA – Resolução RDC nº 17 (30/04/1999). construção do marco regulatório para produção,
Aprova o regulamento técnico que estabelece as ANVISA – IX Lista de alegações de proprie- distribuição e uso de plantas medicinais,
diretrizes básicas para avaliação de risco e segurança dade funcional aprovadas. (Atualizado em ju- particularmente sob a forma de drogas vegetais
dos alimentos. lho/2008). Alimentos com alegações de proprie- (DOU de 10/03/2010).
38
IDENTIFICAÇÃO
DAS PLANTAS E
#3
NOMENCLATURA
BOTÂNICA
Plantas Medicinais - Secretaria do Verde e do Meio Ambiente
3.1 IMPORTÂNCIA DA O nome científico é universal, pois é o mesmo tos, e australis significa “austral, meridional, do sul”;
IDENTIFICAÇÃO CORRETA DAS PLANTAS em qualquer língua ou país, e é específico, ou seja, no caso do gênero Bauhinia, das patas-de-vaca, pres-
E NOMENCLATURA BOTÂNICA para cada espécie existe apenas um nome e vice-ver- tou-se homenagem aos irmãos Jean e Gaspar Bauhin,
Sumiko Honda sa. Isso permite uma rápida localização das informa- botânicos dos séculos XVI-XVII.
Algumas questões devem estar bem estabeleci- ções em livros ou revistas e sites, no mundo todo.
das no trabalho com plantas medicinais, começando Cada espécie vegetal tem um espécime-tipo,
pelo diagnóstico exato da doença, seguido pela iden- A publicação de Species Plantarum pelo naturalis- geralmente uma amostra seca da planta, mantida em
tificação correta da planta a ser utilizada, bem como ta sueco Lineu, em 1758, foi um marco no sistema um herbário ou museu. O espécime-tipo é designado
o conhecimento do seu preparo e uso adequados, moderno de classificação biológica, estabelecendo o pelo autor que descreve aquela espécie e serve
incluindo-se a verificação do processamento recebi- sistema binomial (dois nomes) para a designação de como um referencial para comparação com outros
do pela planta, prazos de validade, etc., garantindo-se espécies, em vez da frase descritiva em latim, usada espécimens, para determinar se estes pertencem ou
assim a presença do desejado princípio ativo. anteriormente. não à mesma espécie.
Embora as comunidades identifiquem suas O nome científico, tanto de plantas como de Os primeiros sistemas de classificação botânica
plantas por meio de nomes reconhecidos na vizi- animais, é composto por dois nomes (binômio), utilizaram algumas poucas características das
nhança (nomes populares), e que devem ser respei- seguidos do nome do autor (geralmente, escrito de plantas, geralmente morfológicas, como o hábito ou
tados, estes variam muito de acordo com a região forma abreviada). Por exemplo, Melissa officinalis as características de flor, para agrupá-las, resultando
e podem gerar erros quando ocorrem trocas de in- L. é a erva popularmente conhecida por melissa ou em agrupamentos muitas vezes artificiais. Hoje,
formações. É freqüente acontecer que plantas dife- erva-cidreira-verdadeira. O primeiro nome (Melissa) é possível a análise combinada de uma grande
rentes recebam um mesmo nome ou nomes seme- é o gênero, também chamado de nome genérico, quantidade de caracteres (morfológicos, anatômicos
lhantes, e também a ocorrência de nomes diferentes e deve ser iniciado com letra maiúscula. O segundo e químicos, inclusive os genéticos) e os sistemas de
para uma mesma planta. nome (officinalis) é o epíteto específico, iniciado classificação buscam agrupar as espécies de acordo
42
As confusões com relação à identificação de plan- com letra minúscula. O nome do autor indica quem com sua história evolutiva (filogenia). Assim, os
tas podem trazer problemas como: não obtenção foi o responsável pela denominação e a classificação sistemas tentam revelar o grau de “parentesco”
dos efeitos desejados, intoxicação por uso de planta da espécie, no caso, L., abreviação de Lineu. existente entre as espécies e, portanto, atualmente,
errada ou por uso incorreto, erro nos tratos culturais podemos considerar que a classificação tem até
(ou seja, cultivo das plantas de forma inadequada), A citação do autor em seguida ao binômio não é um caráter preditivo, permitindo prognósticos de
comércio ou trocas de plantas erradas, podendo levar obrigatória, mas, se for utilizada, deve acompanhar o características.
à perda de credibilidade no uso dessas plantas. Código de Nomenclatura Botânica.
Num sistema de classificação, cada “nível
Dar nome às “coisas” e classificá-las resulta de O nome da espécie (Gênero + epíteto específico) é hierárquico” da organização é uma categoria
uma necessidade cultural que temos de tentar “or- grafado em latim, e deve ficar em destaque no texto, taxonômica ou táxon. Espécie é uma categoria
ganizar” a nossa compreensão do mundo. Assim, ele escrito em itálico, negrito ou sublinhado. Usa-se o taxonômica e espécies assemelhadas ficam agrupadas
nos fica mais familiar à medida que reconhecemos latim porque, na época em que as regras foram esta- num gênero; os gêneros parecidos compõem
“coisas” semelhantes àquilo que já conhecíamos. belecidas, ele era a língua dos estudiosos e do inter- uma família botânica e várias famílias aparentadas
A Sistemática é a ciência que estuda a diversidade câmbio científico, como hoje é o inglês. constituem a ordem, e assim por diante.
biológica e a sua história evolutiva. A Taxonomia é
o ramo da Sistemática responsável pela identificação, Um autor, ao criar a combinação do nome cien- O nome do gênero muitas vezes corresponde ao
atribuição de nomes e classificação das espécies. tífico, pode destacar alguma característica da planta, nome popular, como é o caso da melissa (Melissa),
prestar homenagens pessoais ou fazer referência à da menta (Mentha) e dos eucaliptos (Eucalyptus).
Para a identificação das espécies, os pesquisado-
localidade de origem ou ocorrência da espécie. Por
res utilizam o nome científico, que não representa
exemplo, em Sambucus australis, o sabugueiro nativo O nome genérico pode ser escrito sozinho quando
apenas uma “carteira de identificação” universal para
da região sul do Brasil, Sambucus significa “cor ver- se refere ao grupo inteiro de espécies que formam
um organismo, mas também fornece pistas acerca
melha”, referente ao suco vermelho-escuro dos fru- aquele gênero. Eucalyptus é um bom exemplo, pois
das relações de um organismo com outro.
Plantas Medicinais - Secretaria do Verde e do Meio Ambiente
reúne centenas de espécies que, quaisquer que à categoria família botânica, a terminação –ales Híbridos são plantas resultantes do cruzamento
sejam, têm tantas características em comum que refere-se à ordem e assim por diante. de espécies diferentes, do mesmo gênero ou até de
levam qualquer pessoa a reconhecê-las e a chamá- gêneros distintos, e podem ter origem natural ou
las de eucalipto. Quando se quer fazer referência a Devido à consagração de uso, para algumas induzida pelo homem. Os híbridos são indicados por
uma espécie ou a algumas espécies que pertencem poucas famílias botânicas abre-se uma exceção e um “x” em seu nome. Exemplo: Mentha x villosa.
a um gênero, sem discriminá-las ou nominá-las, admite-se o uso de “nomes alternativos”, igualmente
aproveitando-se, ainda, o exemplo do Eucalyptus, aceitos: Espécie é a categoria taxonômica básica, mas, para
usa-se escrever, respectivamente: Eucalyptus sp. e Apiaceae = Umbelliferae algumas espécies, podemos reconhecer categorias
Eucalyptus spp. Arecaceae = Palmae ainda menores, chamadas de infra-específicas, como,
Asteraceae = Compositae por exemplo, a subespécie (subsp.) e a variedade (var.).
O epíteto específico, no entanto, não tem sentido Brassicaceae = Cruciferae
quando escrito sozinho, por poder ser associado a Clusiaceae = Guttiferae Os táxons infra-específicos têm nomes compostos
diferentes nomes genéricos. Por exemplo, o epíteto Fabaceae = Leguminosae por três palavras: acrescenta-se ao nome da espécie
específico officinalis, que em latim significa “oficial, Lamiaceae = Labiatae a abreviatura da categoria, seguida do epíteto
que se encontra nas farmácias por ser medicinal”, Poaceae = Gramineae infra-específico e da abreviação do nome do autor.
pode ser do alecrim (Rosmarinus officinalis), da Exemplo: a couve-manteiga e o repolho pertencem
alfazema (Lavandula officinalis), da calêndula Quanto à especificidade do nome científico, cabe à família Brassicaceae (Cruciferae), gênero Brassica,
(Calendula officinalis), da melissa (Melissa officinalis) esclarecer que há situações em que se depara com sendo que ambas as hortaliças são da espécie Brassica
ou da sálvia (Salvia officinalis). múltiplos nomes científicos para uma determinada oleracea L., porém são variedades diferentes. A couve-
planta, gerados pelas situações a seguir descritas. manteiga é Brassica oleracea L. var. acephala DC. e o
Para evitar confusões, o epíteto específico deve Para esses casos, princípios e regras internacionais de repolho é Brassica oleracea L. var. capitata L.
sempre vir precedido do seu nome genérico. Em nomenclatura ditam os critérios para se determinar o
43
textos onde o binômio for mencionado, permite-se único nome científico válido: O cultivar (contração da expressão “cultivated
abreviá-lo a partir da segunda menção, utilizando-se variety”) é uma categoria taxonômica equivalente
a letra inicial do gênero seguida do epíteto específico, • Nos casos em que se verifica que foram dados à variedade, ou até menor, mas dependente da
desde que não se deixe margem a dúvidas sobre a nomes científicos diferentes para uma mesma intervenção humana para a sua perpetuação. O nome
espécie em questão. Por exemplo: “em um texto espécie, por autores diferentes que estudaram a pode ser escrito na língua vernácula e é grafado entre
sobre Coffea arabica (café), você pode abreviar como planta, fica valendo o nome publicado mais antigo aspas e não em itálico, para ressaltá-lo num texto,
C. arabica, a partir da segunda vez que for citar a que classifique a planta corretamente, ficando os apresentando ou não a abreviação “cv.” antes de sua
espécie”. demais nomes como sinônimos (apresentados indicação. Exemplo: a couve-flor brasileira criada para
como “sin.:” neste trabalho). Exemplo: Plectranthus as condições de verão quente do centro-sul é a Brassica
Devido à semelhança apresentada em várias barbatus Andrews tem como sinônimos os nomes oleracea var. botrytis cv. “Piracicaba precoce” ou apenas,
de suas características, os gêneros Rosmarinus, Coleus barbatus (Andrews) Benth. e Coleus forskohlii Brassica oleracea var. botrytis “Piracicaba precoce”.
Lavandula, Melissa, Mentha e Salvia foram (Willd.) Briq;
classificados como pertencentes à família botânica 3.2 - EXEMPLOS DE CONFUSÕES NO USO
Lamiaceae. • Em decorrência do acúmulo de informações DE NOMES POPULARES
e aumento do conhecimento, há casos em que
O eucalipto, a rosa e o café pertencem, as plantas são reclassificadas, com a conseqüente Os nomes populares, comuns, vulgares ou
respectivamente, às famílias Myrtaceae, Rosaceae e mudança de nome. Quando uma espécie muda de vernaculares são aqueles de uso local ou regional e
Rubiaceae. Regras internacionais de nomenclatura gênero, o nome do autor do primeiro nome científico são importantes em trabalhos etnobotânicos por
definem as terminações dos nomes de cada categoria deve ser citado entre parênteses, seguido pelo nome fornecerem informações sobre a utilização popular
taxonômica supragenérica (acima do gênero), do autor que fez a nova combinação. Exemplo: de uma espécie por uma determinada comunidade.
tornando possível reconhecer cada categoria pela Vernonia condensata Baker atualmente é classificada No entanto, trabalhos científicos de outras naturezas
sua escrita. Assim, a terminação –aceae refere-se como Vernonanthura condensata (Baker) H. Rob. não devem ser embasados nestes nomes.
As fichas das plantas mencionadas deste item Espécie: Bauhinia forficata Link
constam do Anexo B: Plantas Medicinais Citadas
neste Trabalho. Nomes populares: pata-de-vaca; unha-de-vaca;
bauínia; capa-bode; casco-de-burro; ceroula-de-ho- Nome científico: Peumus boldus Molina
Exemplo 1: mem; pata-de-boi; pata-de-veado; pé-de-boi; unha-
de-anta; unha-de-boi; unha-de-boi-de-espinho, mi- Nomes populares: boldo-do-chile, boldo; boldo-
PATA-DE-VACA roró, etc. verdadeiro.
Diversas espécies do gênero Bauhinia, da família
Características principais: Arbusto ou arvoreta Originária provavelmente da Índia, está presente nos
de 2 a 5 metros de altura, da família Asteraceae jardins de quase todo o Brasil.
(Compositae). Suas folhas têm textura membranácea,
Exemplo 4:
ARNICA
Várias plantas utilizadas externamente para aliviar trauma-
tismos e contusões são chamadas popularmente de arnica.
Exemplo 5:
ERVA-DE-SÃO-JOÃO Fonte: LORENZI, H.; MATOS F.J.A. Plantas medicinais no Brasil: nativas e
exóticas. 2.ed. Nova Odessa, SP: Plantarum, 2008; p.297
Diversas plantas carregam a cultura do local de origem
Nome científico: Hypericum perforatum L.
em seu nome popular. Deve-se reconhecer as várias
ervas-de-são-joão por serem plantas com origens e Nomes populares: hipérico, erva-de-são-joão.
principalmente ações e formas de usos diferentes. Fonte: LORENZI, H.; MATOS F.J.A. Plantas medicinais no Brasil:nativas
Características principais: Planta subarbustiva,
e exóticas. 2.ed. Nova Odessa, SP: Plantarum, 2008.
LORENZI, H.; MATOS F.J.A. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2.ed. Nova Odessa, SP: Plantarum, 2008; p.49
já foi classificada como Clusiaceae (Guttiferae). artemija; artemige; losna; anador; absinto-selvagem;
absinto; isopo-santo, etc.
Exemplo 6:
PLANTAS TÓXICAS
#4
Plantas Medicinais - Secretaria do Verde e do Meio Ambiente
4 PLANTAS TÓXICAS: CONCEITO, Jardim Botânico, ou Herbário Municipal de São
Foto: Juscelino Nobuo Shiraki 2009 São plantas que têm em suas folhas, caule,
raízes, frutos e sementes substâncias capazes de
liberar o radical cianeto (CN-) quando em contato
com o ácido clorídrico presente no estômago.
O radical (CN-) inibe a respiração intracelular,
diminuindo a utilização do oxigênio e provocando,
conseqüentemente, a morte celular. Alguns
exemplos desse grupo:
54
Nerium oleander
Fonte: LORENZI, H.; MATOS F.J.A. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2.ed. Nova Odessa, SP; p.425
substâncias capazes de agir nos receptores do sistema
nervoso. As principais espécies da região sudeste são:
Symphytum officinale
#05
PLANTAS MEDICINAIS e
abordagem da MEDICINA
TRADICIONAL CHINESA
Plantas Medicinais - Secretaria do Verde e do Meio Ambiente
5 PLANTAS MEDICINAIS NA SECRE- realizados cursos sobre o cultivo de plantas, entre A Experiência da Medicina Tradicional Chinesa(MTC)
TARIA MUNICIPAL DA SAÙDE DE SÃO outros. Esta iniciativa ocorre em consonância com
PAULO E INTRODUÇÃO À ABORDAGEM um movimento mundial e nacional de resgate dos As medicinas tradicionais, assim como as
DA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA. conhecimentos tradicionais e populares. chamadas práticas integrativas de saúde em geral,
Dr. Mário Sebastião Fiel Cabral têm como características principais uma abordagem
A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou integral do processo saúde-doença combinada
Plantas medicinais na Secretaria Municipal da Saúde um documento no qual propõe uma estratégia global a um processo de desalienação na aplicação do
sobre as medicinas tradicionais, complementares e tratamento. Em outras palavras, lida com o conceito
A Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo alternativas para os anos de 2002 a 2005 e estimula de processo de adoecimento e não de doença, no
(SMS) possui atualmente um dos maiores programas iniciativas de seus Estados-membros para inserir qual a intervenção para reconduzir ao equilíbrio
públicos do Ocidente de incorporação das Medicinas políticas públicas de medicinas tradicionais nos ou harmonia implica sempre na atuação sobre os
Tradicionais (MTs) que vem servindo de modelo para sistemas oficiais de saúde, inclusive promovendo o uso fatores causais e no resgate da responsabilidade dos
a incorporação de tais práticas em vários municípios racional das plantas medicinais. Essa recomendação foi indivíduos sobre o processo de cura.
no Brasil. Juntamente com as Medicinas Tradicionais, reiterada mais recentemente, em 2008, no Congresso
a SMS também desenvolve esforço de incorporação da Organização Mundial da Saúde para Medicinas Medicinas Tradicionais (MTs) estão incluídas
das Práticas Integrativas em Saúde, com destaque para Tradicionais, realizado em Pequim. entre as práticas de saúde tradicionais ou de cunho
a Homeopatia, Alimentação Saudável e Uso de Plantas popular. Sua prática é estimada em mais de 4 mil anos
Medicinais. No Brasil, desde a década de 1980 vêm sendo e se confunde com a própria história da civilização
adotadas algumas iniciativas com o objetivo de se chinesa. Outros exemplos de Medicinas Tradicionais
Estas abordagens vêm trazendo importantes implementar uma política no âmbito das plantas são a Medicina dos Povos Indígenas, a Ayurveda,
contribuições para o Sistema Único de Saúde SUS, medicinais e da fitoterapia. Entre elas a Resolução que tem origem na Índia e também é praticada em
quais sejam: ações efetivas de promoção de saúde no Ciplan 08/88, o Relatório da 10a Conferência outros países, como o Tibet, e a Medicina Unani, dos
62
âmbito das condições crônicas; resgate e valorização Nacional de Saúde (1996), a Resolução 338/04 povos árabes, todas elas incluídas entre as Medicinas
de conhecimentos tradicionais de saúde, inclusive da sobre a Política Nacional de Assistência Farmacêutica Tradicionais reconhecidas e recomendadas pela
cultura tradicional brasileira com raízes indígenas e e a Portaria 971 do Ministério da Saúde (maio de OMS. Aqui abordamos como exemplo, a MTC
afro-brasileira; ênfase na responsabilidade individual 2006), que aprovou a Política Nacional de Práticas ressaltando, porém, que há inúmeras abordagens
quanto ao cuidado da própria saúde; reforço de laços Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema tradicionais do uso de plantas medicinais.
de cooperação entre os participantes das atividades Único de Saúde.
grupais; disseminação de valores da cultura da paz Alguns Conceitos da Cosmovisão da Medicina
implícita nas abordagens tradicionais; participação Em São Paulo, no âmbito da SMS, nossa Tradicional Chinesa (MTC)
e envolvimento dos trabalhadores da saúde no prioridade é implantar e implementar uma política
desenvolvimento e consolidação do projeto. de incentivo ao uso de plantas medicinais e, após Antigos sábios chineses, pela observação dos
tal experiência, pretendemos formular uma política ciclos da natureza e suas mudanças, criaram e
No Município de São Paulo estão acontecendo no campo dos fitoterápicos. A base legal para esta desenvolveram todo um sistema de compreensão
alguns movimentos importantes no sentido da iniciativa são as Leis nº 14.682, de 30 de janeiro de do mundo que, no âmbito da saúde, se expressa
construção de uma política no âmbito das plantas 2008, regulamentada pelo Decreto nº 49.596, de 11 de na MTC. Além da fitoterapia, a MTC utiliza
medicinais. Algumas iniciativas já ocorrem há junho de 2008, que instituiu, no âmbito do Município também como recursos terapêuticos, as correções
bastante tempo, principalmente na Secretaria de São Paulo, o Programa Qualidade de Vida com alimentares, a acupuntura, o Tue Na (massagens) e as
Municipal do Verde e do Meio Ambiente, bem como Medicinas Tradicionais e Práticas Integrativas em práticas corporais e meditativas (Qi Gong).
nas Coordenadorias Regionais de Saúde e outras Saúde, prevendo uma política de incentivo ao uso de
A filosofia chinesa tradicional tem suas raízes
instâncias da SMS, como é o caso da Supervisão plantas medicinais e Lei nº 14.903/09, regulamentada
no taoísmo e baseia-se em alguns conceitos como:
Técnica de Saúde de São Mateus, onde, em parceria pelo decreto nº 51.435/10, que instituiu no município
Mutações (Yi); Opostos Complementares (Yin e
com a subprefeitura, foram criados um horto de de São Paulo o Programa Municipal de Produção de
Yang); Cinco Movimentos (Wu Hsing); Sopro ou
plantas medicinais e várias hortas comunitárias e Fitoterápicos e Plantas Medicinais.
Energia (Qi).
Plantas Medicinais - Secretaria do Verde e do Meio Ambiente
O Tao, cuja tradução literal é caminho, é movimentos e as mudanças do Yin e do Yang dão o Intertransformação
descrito também como fonte original da natureza. impulso para o desenvolvimento de todas as coisas.
Preconiza um momento inicial da ausência de As mudanças pequenas vão se acumulando e
forma, onde não havia corpo físico ou energético, Geralmente, qualquer coisa que esteja em mo- resultam em uma mudança de qualidade: Yin se
e esse estado é chamado de Vazio. vimento, ascendência, externalidade, seja brilhante, transforma em Yang e Yang se transforma em Yin.
esteja em progressão, hiperatividade, incluindo ado- Por exemplo: estamos acordados (Yang) e mais na
O Vazio, que é um estado de possibilidade, ou ecimento do organismo com tais características, per- frente precisamos dormir (Yin), e depois acordamos,
seja, quando não aconteceu, produziu a função de tencem ao Yang. e assim sucessivamente.
criar e transformar, daí surgindo uma infinidade
de fenômenos e coisas ou a existência. A existência As características da paralisação, descendência, Conceitos Gerais da Medicina Tradicional
mantém esta característica de não concretude, do internalidade, escuridão, regressão, hipoatividade, in- Chinesa
não ser e do estar permanente (transitoriedade). cluindo adoecimento do organismo com tais caracte-
Este estado de permanente transformação é a base da rísticas, pertencem ao Yin. A concepção naturista da Medicina Tradicional
concepção das mutações (Yi). Chinesa (MTC) considera que mecanismos e
As quatro leis: um resumo da teoria Yin/Yang elementos similares àqueles que se encontram na
Os antigos sábios chineses observaram também natureza estão presentes no ser humano, que o
que a natureza em transformação se manifesta como Oposição Yin e Yang microcosmo (ser humano) espelha o macrocosmo
um fluxo constante presente em tudo. Esta noção de (natureza).
fluxo contínuo é a base da concepção do Qi. Todos os fenômenos da natureza se expressam
em polaridades ou opostos que, entretanto, são No desenvolvimento de sua medicina, os
Também observaram que a natureza em fluxo complementares, necessitando um do outro para médicos tradicionais chineses desenvolveram uma
obedece a determinadas leis e que estas leis podem existir. Ao mesmo tempo em que interagem e concepção complexa do ser humano, sua relação
63
ser conhecidas pela identificação de padrões (ou são interdependentes. Estas polaridades (que com o meio e sobre o processo de adoecimento.
modelos). Daí surgiram as descrições dos padrões denominamos Yin e Yang) se restringem mutuamente. Para facilitar a compreensão da utilização das ervas
e suas leis: Opostos Complementares (Yin/Yang), na MTC, apresentamos a seguir, de forma resumida,
Cinco Movimentos (Wu Hsing), Oito Signos (Pa Interdependência Yin e Yang alguns conceitos.
Kua), Sessenta e Quatro Hexagramas (descritos no
I Ching). Estas formulações significaram para os Yin e Yang são conceitos relativos. Para identificar Teoria dos Sistemas Internos (Zang Fu)
chineses um ganho para a vida prática na medida algo como Yang deve haver relação com outro algo
em que ampliaram a capacidade de previsão dos Yin. A água é Yin quando comparada com o vapor. Alguns elementos básicos ou “substâncias”
acontecimentos e a elaboração de códigos de Mas é Yang comparada com o gelo. A água sozinha, constituem o corpo humano. São eles o Jing, o Qi, o
convivência social e também possibilitaram a eles sem um parâmetro de comparação, não é nem Yin Xue, os Tin Ye e o Shen.
inúmeras descobertas com o desenvolvimento de nem Yang.
importantes tecnologias. Jing é traduzido como essência, substância de
Crescimento e decréscimo paulatino natureza material, porém mais fluida e que funciona
Teoria do Yin e Yang como base para o surgimento das outras substâncias.
Na natureza, as mudanças que implicam em
Fácil e difícil criam um ao outro; fraco e forte alternância de Yin e Yang são paulatinas. Exemplo: Qi costuma ser traduzido como “energia” e
sustentam um ao outro; longo e curto medem um ao depois de um bom repouso, você se encontra representa mais os aspectos fisiológicos (funções) do
outro; frente e atrás localizam um ao outro. descansado, com disposição e energia (Yang corpo humano.
potencial). Para esgotar essa energia e voltar a ter
A Teoria do Yin e Yang preconiza que todo cansaço (chegar a um estado Yin) você precisa passar Qi e Jing mantêm uma estreita relação:
fenômeno consiste em dois aspectos opostos, Yin um determinado tempo executando atividades.
e Yang, os quais são definidos distintamente. Os Progressivamente você passará de um estado a outro. Jing (≅ matéria) ↔ Qi (≅ energia)
Há cinco sabores (associados aos cinco movi- Natureza Quente Morno Neutro Fresco Frio
mentos e aos Zang Fu): azedo (madeira), amargo
(fogo), doce (terra), picante (metal) e salgado (água).
Sabor Picante Doce Insosso Azedo/Salgado Amargo
Cada sabor pode produzir um determinado efeito:
ervas azedas absorvem e controlam ou retraem; ervas
amargas reduzem o calor e secam a umidade; ervas Movimento Para fora Para cima Sem ação Para baixo Para dentro
doces tonificam, harmonizam e moderam; ervas pi-
cantes dispersam e promovem a circulação do Qi e Afinidade por Zonas de Influência (Meridianos) • Para nutrir órgãos (várias categorias)
fortalecem o sangue; ervas salgadas suavizam a “dure- • Para combater a mucosidade
za” ou nós e eliminam a turvacidade. As ervas podem A experiência milenar dos fitoterapeutas • Com efeitos antitóxicos
apresentar uma associação de sabores (e efeitos) ou chineses os fez identificar que as ervas podem agir
pode ocorrer que o sabor da erva não seja identificá- seletivamente sobre regiões particulares do corpo, Utilização de Formulações na MTC
vel: neste caso são chamadas de suaves e têm a ação atuando em síndromes dos meridianos e órgãos.
de transformar a umidade e promover a diurese. Uma característica importante da fitoterapia
65
Ação nos Zang Fu e nos Componentes do Or- chinesa é a utilização de formulações de ervas para
Efeito terapêutico dos sabores: ganismo o tratamento, sendo mais raro o uso de ervas isola-
das. Na composição das fórmulas da MTC, as ervas
Picante - Induz transpiração (diaforese) e é laxante. A combinação das características anteriores aliadas (ou componentes) são classificadas nas seguintes
Doce - Retarda sintomas agudos, alivia cólica e neutra- a outras ações particulares de cada erva determinam categorias:
liza toxidade. suas ações nos diversos padrões de desarmonia dos
Sem sabor – É diurético. Zang Fu, Qi, sangue (xue), líquidos orgânicos (Tin Ye) Imperador (Erva Imperial): É o principal
Azedo - É adstringente, antidiarréico, antidiaforético e e constituintes do processo mental. componente da fórmula. Atua na função ou órgão
reduz motilidade. que é base do processo de adoecimento. Na maioria
Salgado – É laxante e suaviza endurecimentos e tumores. Toxidade e Não Toxidade das vezes é executada por uma só erva.
Amargo - Reduz edemas, inflamações e induz diarréia.
Na Medicina Tradicional Chinesa também são Ministro (Erva Ministerial): Auxilia ou reforça
Movimentos levados em consideração os efeitos adversos das a ação do Imperador, atuando também na condição
preparações fitoterápicas. Nesta abordagem as ervas básica do processo de adoecimento, porém com
As ervas e alimentos ou suas partes provocam podem ser classificadas como levemente tóxicas ou potência menor que o imperador. As fórmulas
respostas funcionais no organismo no sentido de fazer muito tóxicas, além de estarem contra-indicadas em podem ter mais de um ministro.
subir, fazer descer, trazer para a superfície (flutuar) e determinadas situações ou para uso prolongado.
interiorizar (aprofundar). Essas propriedades podem General ou Assessor (Erva Assessora): Compo-
ser utilizadas tanto para combater determinados Outras características das plantas: nente da formulação que visa restringir os efeitos ad-
padrões de adoecimento (ou síndromes) quanto 1. Cor versos ou exagerados dos outros componentes, tam-
para provocar respostas específicas no organismo, 2. Forma bém possibilitando a regressão mais rápida dos sin-
como, por exemplo, provocar a sudorese (superfície), 3. Textura e consistência tomas. As fórmulas podem ter mais de um general.
66
No enfoque da medicina tradicional chinesa, dispersa fogo e umidade
no sanjiao inferior (pelve), drena umidade em geral. Usado em gota e
No enfoque da medicina tradicional chinesa favorece o fígado, promove outros reumatismos, para reduzir colesterol, em infecções urinárias, como
a circulação, limpa calor e vento, particularmente do fígado, e seca umidade. diurético e em edemas.
Uso em resfriado, dor de garganta e outros.
No enfoque da medicina tradicional chinesa, alivia superfície, • No enfoque da medicina tradicional chinesa, desfaz umidade, acalma
dispersa vento-calor. Uso como expectorante, em febres, gripes, doenças o espírito (Shen). Uso em estados depressivos, ansiedade e nervosismo,
exantemáticas, em inflamação de garganta e olhos (uso externo), para inclusive ligados à menopausa, insônia, para normalizar pressão arterial e
melhorar a digestão, gosto amargo na boca, reduzir gases digestivos, cólicas em reumatismos. Uso externo em hemorróidas e lesões cutâneas.
e intolerância às gorduras.
67
• No enfoque da medicina tradicional chinesa, alivia superfície, limpa o
• No enfoque da medicina tradicional chinesa, tonifica o Qi central, calor, dissolve estagnação do sangue e fortalece o sangue (Xue), harmoniza
tonifica o baço, umedece o pulmão, beneficia o Qi e o sangue (Xue), limpa o espírito (Shen). Uso em transpiração excessiva, menstruação dolorosa
o calor, é antitóxico e harmoniza medicamentos. Uso em tosse com secura, e problemas menstruais, lesões da boca, halitose. Uso externo em aftas,
dor de garganta, palpitações, diarréia, sede, carbúnculos e inchaço tóxico. úlceras de decúbito, piolhos.
No enfoque da medicina tradicional chinesa é antitóxico, remove • No enfoque da medicina tradicional chinesa, reduz e dispersa calor
estagnação de alimentos, clareia a cabeça e a visão, reduz a ansiedade, sacia e fogo, desfaz umidade, circula Qi e sangue (Xue). Uso interno de 1 a 3
a sede, dissolve mucosidade, promove diurese. Usos em cefaléia, tontura, gramas por dia, indicado para reumatismos e inflamações. Uso externo
sonolência, inquietação, sede, indigestão. como cicatrizante e antiinflamatório em úlceras de pele. Pode ser tóxico
em dose acima da prescrita.
7. Pitanga - Eugenia uniflora L. 1. Erva-mate - Ilex paraguariensis A. St.Hil. Popularmente é usada a planta toda com
Nomes populares: ibipitanga, pitangueira, pitan- Nomes populares: congonha, erva-congonha, erva- inflorescência. O chá de suas flores, folhas e ramos
A – Fatores que afetam a produção de biomassa e O conhecimento do local de origem das plantas »» Luz: desempenha um papel fundamental na
dos princípios ativos (metabólitos secundários) pode fornecer informações importantes para um cul- vida das plantas, influenciando na fotossíntese e em
tivo bem-sucedido. A maioria das plantas medicinais outros fenômenos fisiológicos como crescimento,
Metabolismo é o conjunto de reações quími- cultivadas é exótica, domesticada em seus ecossiste- desenvolvimento e forma das plantas. As plantas
cas que ocorrem continuamente em cada célula e mas naturais, e apresenta características de plantas he- também respondem às modificações na proporção
os compostos químicos formados, degradados ou liófitas como as pioneiras, que necessitam de bastante de luz e escuridão dentro de um ciclo de 24 horas,
transformados são chamados de metabólitos. Essas luz para o seu crescimento. Pode-se citar nesse grupo comportamento chamado de fotoperiodismo. Em
reações visam, primariamente, ao aproveitamento o alecrim (Rosmarinus officinalis), a melissa (Melissa muitas espécies o fotoperíodo é o responsável pela
de nutrientes para satisfazer às exigências fundamen- officinalis) e o funcho (Foeniculum vulgare), originá- germinação das sementes, desenvolvimento da plan-
tais da célula, na produção de energia e substâncias rios do Mediterrâneo; a arruda (Ruta graveolens), a ta e formação de bulbos e flores.
essenciais à sua sobrevivência, e ocorrem através do camomila (Matricaria chamomilla), o dente-de-leão
metabolismo primário. (Taraxacum officinale), a mil-folhas (Achillea mille- De acordo com seu comportamento em relação
folium), a tanchagem (Plantago major) e o tomilho ao fotoperíodo, as plantas são classificadas em:
Vegetais, microrganismos e, em menor escala, (Thymus vulgaris), originários da Europa; o tanaceto
82
animais são capazes de produzir, transformar e acu- ou artemísia (Tanacetum parthenium), originário da • plantas de dias curtos: florescem quando
mular inúmeras outras substâncias denominadas Ásia; a calêndula (Calendula officinalis), originária do recebem iluminação por um período inferior a um
metabólitos secundários. Embora não necessaria- Egito, e o capim-limão (Cymbopogon citratus), origi- determinado número de horas por dia. Esse limite é
mente essenciais para o organismo produtor, os me- nário da Índia (MARTINS et al., 1995; CORRÊA chamado fotoperíodo crítico;
tabólitos secundários garantem vantagens para sua JÚNIOR et al., 1994). Entre as espécies nativas, po-
sobrevivência e para a perpetuação de sua espécie em dem ser citados os guacos (Mikania spp.), as embaú- • plantas de dias longos: florescem ou o fazem mais
seu ecossistema como, por exemplo, na defesa contra bas (Cecropia spp.), os maracujás (Passiflora spp.), as rapidamente quando recebem iluminação por um
herbívoros e microrganismos, na proteção contra os carquejas (Baccharis spp.), a pata-de-vaca (Bauhinia período superior a certo número de horas por dia;
raios UV, na atração de polinizadores ou animais dis- forficata), as espinheiras-santas (Maytenus spp.), erva-
persores de sementes e em alelopatias, e por isso são baleeira (Cordia curassavica), marcela (A. satureioi- • plantas indiferentes: florescem sem nenhuma
produzidos em estágios particulares de crescimento des), ipê-roxo (Tabebuia heptaphylla), entre outras. relação com o período de iluminação recebida.
e desenvolvimento, ou em períodos de estresse cau-
sados por limitações nutricionais ou ataque micro- Os teores de princípio ativo não são estáveis na A hortelã-pimenta (Mentha x piperita) é uma
biológico. Nas plantas medicinais, os metabólitos planta, nem se distribuem de maneira homogênea planta de dias longos com fotoperíodo crítico entre
secundários são chamados de princípios ativos. por suas partes, e estão sempre concentrados em de- 12 e 14 horas, encontrando tais condições no sul do
terminadas partes da planta: raiz, rizoma, folha, cau- Brasil, no verão.
Nem sempre as condições ideais para o desenvol- le, semente ou flor, variando o teor de acordo com a
vimento da planta são as mais adequadas para a produ- época do ano, o solo e o clima do local onde a planta A capacidade de germinação das sementes tam-
ção de princípios ativos de interesse. As condições de está, fator também chamado de agroclimático. Por bém pode estar associada à iluminação. São cha-
cultivo das plantas medicinais devem-se assemelhar isso é importante cultivar plantas nativas ou adap- madas de fotoblásticas positivas as plantas cujas
àquelas de seu local de origem, como é o caso da mar- tadas à região, pois, desta forma, mexe-se o mínimo sementes necessitam de luz para germinar e de fo-
cela (Achyrocline satureioides), que ocorre em solos possível com seu metabolismo. A não observação das toblásticas negativas aquelas que não necessitam
• mínimo de 20 cm de profundidade para plantas • plantas que preferem solo mais úmido: substrato • enxada: capina, abertura de covas para plantio,
que não ultrapassem 50 cm de altura. Ex.: hortelãs composto de duas partes de terra argilosa, uma mistura de adubos e formação dos canteiros;
(Mentha spp.), poejo (M. pulegium), melissa (M. parte de húmus e uma parte de areia (2:1:1);
officinalis), mil-folhas (A. millefolium) e cânfora-de- • enxadão: cavar e revolver o solo;
jardim (Artemisia camphorata); • plantas que preferem solo mais seco: uma parte
de terra argilosa, uma parte de húmus e duas partes • rastelo ou ancinho: recolher o mato cortado,
• mínimo de 30 cm de profundidade para plantas de areia (1:1:2); destorroar o solo, limpar e nivelar o canteiro;
com raízes mais profundas e portes maiores.
Ex.: manjericão (Ocimum basilicum), sálvia (S. • plantas que preferem solos ricos em matéria • sacho: revolver o solo e capinar entre as plantas,
officinalis), alecrim (R. officinalis), boldo-da-terra (P. orgânica: uma parte de terra argilosa e duas partes abrir covas e sulcos nos canteiros para semeadura;
barbatus) e alfavaca-cheiro-de-anis (Ocimum selloi); de húmus (1:2);
• colheres de transplante (estreita e larga): retirada
• para plantas com hábito de crescimento mais • para plantas em geral: uma parte de terra comum, de mudas da sementeira e abertura das covas para
rasteiro deve-se dar preferência para recipientes uma parte de húmus (composto, esterco curtido) e os transplantes das mudas;
com maior diâmetro e menor profundidade, como uma parte de areia (1:1:1).
bacias, tinas, entre outros. Ex.: hortelãs (Mentha • regador ou mangueira com esguicho para
spp.), poejo (M. pulegium) e melissa (M. officinalis); Esses recipientes devem ficar em lugar com irrigação das plantas;
sol (mínimo de 4 a 5 horas diárias), protegidos de
• tipo de material do recipiente: de preferência ventos frios e fortes. Em locais onde a iluminação é • carrinho de mão: transporte de insumos, terra,
utilizar recipientes de materiais resistentes à deficiente, pode-se plantar espécies como hortelãs composto orgânico;
#08
PROPAGAÇÃO
DE PLANTAS
MEDICINAIS
Plantas Medicinais - Secretaria do Verde e do Meio Ambiente
8.1 MÉTODOS DE PROPAGAÇÃO DE Quadro 1. Medidas para aumentar a germinação
PLANTAS MEDICINAIS.
Helen Elisa Cunha de Rezende Bevilacqua a uma diminuição na eficiência
Juscelino Nobuo Shiraki de uso da terra e dificulta o con-
Prof. Dr. Marcos Roberto Furlan trole de plantas invasoras;
• necessitam de cuidados
A propagação é um conjunto de práticas destinadas especiais durante a germina-
à perpetuação das espécies de uma forma controlada. O ção como sombreamento, ir-
objetivo principal é de se aumentar o número de plan- rigação, etc., que demandam
tas, garantindo a manutenção das características agro- muita mão-de-obra (COR-
nômicas essenciais de cada espécie ou cultivar utilizado. RÊA JÚNIOR, 1994).
#09
HORTA MEDICINAL
COMUNITÁRIA e
Qualidade da água
Plantas Medicinais - Secretaria do Verde e do Meio Ambiente
9.1 PLANEJAMENTO DA HORTA da agricultura urbana são princípios básicos para ocasionando a agregação de valor de produção das
MEDICINAL E COMUNITÁRIA. sua segurança e eficácia, garantindo a utilização de mudas de plantas medicinais pela adoção dessas
Helen Elisa Cunha de Rezende Bevilacqua plantas medicinais com valor conhecido. práticas agrícolas.
As plantas têm sido naturalmente usadas como A horta urbana pode ser feita em áreas particulares O cultivo é uma das etapas que mais poderá
medicamento pelo homem desde os primórdios (onde os produtores se comprometem com os interferir na produção e qualidade de um fitoterápico.
da civilização. Hoje em dia, as plantas medicinais proprietários a manter o local limpo) ou públicas
são utilizadas por grande parte da população como (normalmente realizada em terrenos abandonados O sucesso na implantação de uma horta medicinal
medicina alternativa para a cura e o tratamento de ou situados próximo de rodovias ou ferrovias, ou ocorrerá em função dos seguintes pontos:
moléstias, uma vez que elas representam um recurso ainda sob ou ao redor de linhas de transmissão de
mais barato em comparação com os remédios energia elétrica). Local para plantio:
alopáticos.
A instalação de uma horta comunitária vai • escolher o terreno com solo de melhor fertilidade;
Associada ao baixo custo dos fitoterápicos existe suprir a necessidade de comunidades urbanas de
a crença de que, por se tratar de um meio natural, periferia ou isoladas (rurais ou não) com plantas • próximo de fonte de água potável (é preciso
essas plantas estejam livres de efeitos colaterais, medicinais indicadas por fitoterapeutas, em garantir água na época seca do ano);
o que faz com que a maioria das pessoas associe quantidades adequadas, com plantas cientificamente
equivocadamente as ervas medicinais a resultados validadas e priorizando espécies indicadas para o • distante de estrada principal (evitar poeira e
perfeitos. Por isso, além de conhecer os benefícios tratamento de sintomas e doenças mais comuns contaminação com descargas de veículos);
que as plantas medicinais podem proporcionar, na comunidade. Uma experiência muito bem-
é importante investigar também seus possíveis sucedida, onde substituíram-se as práticas caseiras • distante de esgotos, fossas e chiqueiros;
efeitos colaterais, já que a medicina alternativa empíricas adotadas pelo povo pelo emprego de
100
significa o resgate da cultura e uma fonte natural de plantas selecionadas com base em informações • com boa insolação, principalmente pela manhã,
medicamentos para a população de menor renda. científicas, é o Projeto Farmácias Vivas, um com sol direto por pelo menos 5 horas diárias;
programa de assistência social farmacêutica da
O conhecimento do uso das plantas medicinais Universidade Federal do Ceará, criado e coordenado • protegido de ventos fortes e frios (utilizar
vem sendo repassado de geração para geração, pelo farmacêutico Prof. Dr. Francisco José de sabugueiros -Sambucus spp., boldo-peludo
entre familiares e vizinhos, normalmente por meio Abreu Matos. Nesse projeto, a seleção das plantas é Plectranthus barbatus ou romãzeira - Punica granatum
da oralidade, sem registro escrito. Essa forma de feita constantemente, com a coleta e identificação como quebra-vento);
comunicação tem possibilitado a permanência de taxonômica, domesticação e produção de material
sua utilização e credibilidade, mas também colabora num horto, com distribuição para outras “Farmácias • locais que não estejam degradados pelo uso
com o esquecimento do uso de muitas ervas, bem Vivas”, com o auxílio de profissionais das áreas intensivo de máquinas e agroquímicos;
como para algumas indicações contraditórias do agronômica e farmacêutica.
valor terapêutico e muita confusão de espécies e • em local sem inundação (terreno bem drenado);
nomes populares (COELHO SILVA, 1989). Considerando o baixo custo de produção e os
rendimentos por área relativamente elevados, o • protegido contra a entrada de animais;
A horta medicinal comunitária é um recurso cultivo de plantas medicinais pode constituir-se
importante para a saúde e sustentabilidade do como fonte de renda para unidades de agricultura • terreno com face norte (mais luz e calor);
meio ambiente urbano. Ela representa um local familiar, por ser uma atividade pouco mecanizada
onde se consegue manter a diversidade de plantas, e geradora de oportunidades de trabalho que • local de produção próximo ao da secagem.
constituindo um banco vivo de espécies a que a podem ser planejadas e distribuídas ao longo do
comunidade pode ter acesso. A complementação do ano. O uso de sistemas de produção sustentáveis Espécies a serem cultivadas:
conhecimento popular e científico sobre o uso de permite sempre minimizar os danos ao ecossistema
plantas medicinais e sua produção orgânica através existente e mantém ou amplia a biodiversidade local, • selecionar plantas medicinais validadas;
108
109
#10
#11
e
AULAS PRÁTICAS
Plantas Medicinais - Secretaria do Verde e do Meio Ambiente
AULAS PRÁTICAS • demonstrar as principais características 22. Jatobá – Hymenaea courbaril L.
10.1 MONTAGEM DE UM CANTEIRO E importantes na identificação; 23. Limão-cravo – Citrus limonia Osbeck
ADUBAÇÃO ORGÂNICA.
Ms. Adão Luiz Castanheiro Martins 24. Melaleuca – Melaleuca leucadendra (L.) L.
• trocar experiências.
25. Nêspera – Eriobotrya japonica (Thunb.) Lindl.
Aula teórica: ver aula nº 7. 11.1 ÁRVORES COM PROPRIEDADES 26. Oliveira – Olea europaea L.
MEDICINAIS DO PARQUE IBIRAPUERA. 27. Pata-de-vaca – Bauhinia forficata Link
Aula prática: preparo do solo, montagem do Mario do Nascimento Junior
canteiro para o plantio e adubação. 28. Pitanga – Eugenia uniflora L.
Onélio Argentino Junior
29. Romã – Punica granatum L.
Apresentar os fatores relacionados ao clima Visita técnica no Parque Ibirapuera com 30. Sabugueiro – Sambucus australis Cham. & Schl-
(temperatura, quantidade de luz solar, umidade, reconhecimento das árvores e arbustos com tdl. / S. nigra L.
altitude e latitude) e ao solo (textura, umidade, propriedades medicinais:
fertilidade, pH) que podem afetar a produção das 31. Urucum – Bixa orellana L.
1. Abacateiro – Persea americana Mill.
plantas medicinais (biomassa, teor de princípios
ativos), bem como as exigências para implantação 2. Acerola – Malphighia glabra L. Observação
de hortas medicinais em pequenas áreas (escolha 3. Amora-preta – Morus nigra L.
do local e das plantas medicinais, ferramentas Espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção
4. Angico – Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan
necessárias) e os tratos culturais da horta medicinal. que constam da Lista Oficial da Portaria Nº 37-N, de
5. Araçá – Psidium cattleyanum Sabine 03/04/92 do Ibama.
10.2 CONHECENDO AS PLANTAS 6. Aroeira-mansa – Schinus terebinthifolius Raddi
MEDICINAIS DO “VIVEIRO” DA ESCOLA Pau-brasil – Caesalpina echinata Lam. – Categoria:
112 7. Cabreúva – Myroxylon peruiferum L. f. em perigo (E).
DE JARDINAGEM.
Oswaldo Barretto de Carvalho 8. Cafeeiro – Coffea arabica L.
9. Canforeira – Cinnamomum camphora (L.) J. Presl Pinheiro-do-paraná – Araucaria angustifolia
O Campo Experimental “Viveiro” está (Bertol.) Kuntze – Categoria: vulnerável (V).
subordinado à Escola de Jardinagem e executa serviços 10. Carambola – Averrhoa carambola L.
visando às aulas práticas dos cursos ali ministrados. 11. Copaíba – Copaifera langsdorffii Desf. Consultar a Resolução SMA-48 (21.09.2004),
edição de 22/09/04 que publica a lista oficial das
12. Erva-baleeira – Cordia curassavica ( Jacq.) Roem.
O Viveiro possui várias espécies de plantas espécies da flora do Estado de São Paulo ameaçadas
& Schult.
medicinais, aromáticas, condimentares, hortaliças, de extinção.
plantas arbustivas, herbáceas, floríferas, algumas 13. Espinheira-santa – Maytenus ilicifolia Mart. ex
frutíferas e de grande porte. No local, além das Reissek
11.2 VISITA À QUADRA DAS PLANTAS
aulas práticas, são ministradas oficinas e palestras 14. Eucalipto – Eucalyptus spp. MEDICINAIS DO VIVEIRO “MANEQUINHO
envolvendo o tema plantas e meio ambiente. LOPES”.
15. Ginkgo – Ginkgo biloba L.
Oswaldo Barretto de Carvalho
A aula prática visa reconhecer as plantas medicinais 16. Goiaba – Psidium guajava L.
existentes no Campo Experimental da Escola de 17. Guaçatonga – Casearia sylvestris Sw. Aspecto Histórico e Cultural do Viveiro “Manequi-
Jardinagem, valorizando o conhecimento dos alunos: nho Lopes”
18. Ipê-Roxo – Tabebuia heptaphylla (Vell.) Toledo
• apresentar as plantas existentes no campo; 19. Jabuticaba – Plinia trunciflora (O. Berg) Kausel http://portal.prefeitura.sp.gov.br/secretarias/
meio_ambiente/fauna_flora/viveiros/0002
• focalizar as plantas mais utilizadas e os nomes 20. Jaca – Artocarpus heterophyllus Lam.
Livreto “Viveiro Manequinho Lopes” - Divisão Téc-
populares; 21. Jambolão – Syzygium cumini (L.) Skeels nica de Produção e Arborização – SVMA/Depave-2
#13
USO consagrado
Das PLANTAS
medicinais
Plantas Medicinais - Secretaria do Verde e do Meio Ambiente
13.1 ALGUMAS PLANTAS REFERENCIA- inevitável. Na busca do atendimento a essa inovadores, para diferenciação até mesmo no plano
DAS PELO MINISTÉRIO DA SAÚDE E OU- característica as empresas adotam algumas opções: internacional.
TRAS CONSAGRADAS PELO USO POPULAR.
Prof. Dr. Luis Carlos Marques Lançamento de similares Cadeia da pesquisa, desenvolvimento e inovação
– PDI
O Anexo B a este capítulo apresenta uma lista É uma estratégia adotada há décadas, levando o
de espécies medicinais de uso consagrado e algu- mercado a saturar-se de diferentes produtos à base Todos sabemos da grandiosidade da flora nacio-
mas plantas pesquisadas pelo Programa de Pesquisas dos mesmos ativos, com mínimas (quando existem) nal, a qual teoricamente permitiria o desenvolvimen-
de Plantas Medicinais da Central de Medicamen- diferenças. Em tal situação ocorre uma verdadeira to expressivo de inúmeros produtos fitoterápicos
tos (PPPM-Ceme), com resultados divulgados em guerra de preços, promoções, bonificações, etc., úteis à terapêutica. No entanto, apesar da exuberân-
2006, através do Ministério da Saúde, na publicação práticas que estimulam o mercantilismo na área, em cia botânica, nos faltam muitos elos da cadeia de PDI
“A Fitoterapia no SUS e o Programa de Pesquisas de detrimento do acesso facilitado ou da melhoria na que pudessem facilitar o desenvolvimento esperado,
Plantas Medicinais da Central de Medicamentos”. oferta de produtos. ao menos na qualidade e velocidade desejadas e ne-
cessárias para permitir uma competição ainda que
Lançamento dos genéricos próxima dos produtos sintéticos. Em linhas breves,
13.2 FITOTERÁPICOS: PERSPECTIVAS tais passos são os seguintes:
DE NOVOS E ANTIGOS PRODUTOS. Propalado nos últimos anos como a grande
Prof. Dr. Luis Carlos Marques vedete do setor farmacêutico, o genérico tem sido a. Etapa botânica. Necessidades enormes de co-
responsável pelo crescimento acentuado do setor, nhecer o que existe, identificar as espécies, herbori-
Contexto atual do mercado na faixa de 25%, bem mais expressivo que os parcos zá-las corretamente e aproximar a competência botâ-
5% anuais do setor farmacêutico como um todo nica existente das necessidades e do foco industrial.
O Brasil vive um período de franco crescimento (Mercado, 2007). No entanto, o aumento progressivo Um exemplo claro dessa necessidade diz respeito à
124
econômico e que precisa ser preservado para colocar e agressivo das empresas nesse segmento acabou espécie vulgarmente chamada de “muirapuama”, co-
o país definitivamente num processo de crescimento transformando-o num novo setor de “similares”, pois mercialmente denominada como sendo a espécie
sustentável. há enorme igualdade de ativos, formas farmacêuticas, Ptychopetalum olacoides mas correspondendo de
doses, etc., promovendo agora um novo estímulo à fato a outra espécie, a qual ainda, inacreditavelmente,
Na área de medicamentos, no entanto, o cenário bonificação e à concorrência a toda prova. ninguém sabe qual é nem a identificou adequada-
não tem acompanhado esse período de crescimento mente. E, apesar dessa evidente lacuna, infelizmente
progressivo. Nos últimos anos, o volume de vendas Lançamento de associações são raros os profissionais farmacêuticos que a enten-
das empresas farmacêuticas tem oscilado muito, com dem e se dedicam a esta área, atualmente num está-
algumas delas atingindo patamares expressivos mas Na ausência de produtos inovadores e genéricos gio de quase abandono dentro da profissão.
outras mantendo-se estagnadas ou mesmo perdendo e na tentativa de evitarem os similares, algumas
mercado a olhos vistos. empresas buscam associar ativos, ampliando um b. Etapa química. Esta área, ao contrário da ante-
pouco sua faixa de ação e de indicações. No entanto, rior, tem sido a estrela do interesse dos profissionais
Por que ocorrem tais diferenças? Há várias as associações são limitadas por regulamentos farmacêuticos nas últimas décadas, representando o
respostas, mas a que quero destacar neste artigo sanitários, com possibilidades cada vez mais setor de maior desenvolvimento e estruturação. No
envolve um velho e conhecido aspecto dos dificultadas. entanto, o foco é totalmente distorcido, com acúmu-
profissionais e empresas do setor: a necessidade de lo enorme de estudos fitoquímicos voltados a subs-
constantes lançamentos de novos produtos. Esse Nesse contexto de grandes e progressivas tâncias inéditas, as quais são testadas em “modelos
componente da indústria farmacêutica, estendendo- dificuldades, a área fitoterápica ainda continua sendo de atividade biológica”, que pouco ou nada signifi-
se ao ramo de cosméticos e mesmo de alimentos, uma seara alternativa, que permitiria às empresas a cam em termos de reais potenciais terapêuticos (ex.:
advém do senso comum dos consumidores de que busca, inicialmente, de produtos registráveis para mortalidade de moluscos, antioxidante in vitro, etc.).
a ciência avança progressiva e inexoravelmente atender àquela necessidade de renovação continuada Continuamos carentes de estudos fitoquímicos das
e o surgimento de novos produtos é igualmente e, posteriormente, de produtos genuinamente espécies nativas, inclusive daquelas clássicas, mes-
Hypericum perforatum
(hipérico)
Griffonia simplicifolia
(grifonia)
Valeriana officinalis
(valeriana)
Valeriana officinalis +
Humulus lupulus
(valeriana+lúpulo)
126 Valeriana officinalis +
Melissa officinalis
(valeriana+melissa)
Melissa officinalis
(melissa)
Curcuma longa
(açafrão-da-terra)
Harpagophytum
procumbens
(garra-do-diabo)
Boswellia serrata
(incenso)
Glycine max
(soja)
Trifolium pratense
(trevo-vermelho)
Caralluma fimbriata
(caraluma)
Phaseolus vulgaris
(faseolamina)
(feijão)
Hedera helix
(hera)
Pelargonium sidoides
(pelargônio)
Petasites hybridus
(petasita)
tórica de conhecer e valorizar o passado, desse modo adjetivo de essência de vida, acrescentando então um
Fitoterápicos genuinamente nacionais
embasando mais consistentemente nosso patamar nome de mulher muito comum na Alemanha naquela
atual para vôos futuros mais audaciosos. Dentro desse época, Olina. Foi então o primeiro medicamento re-
Várias empresas farmacêuticas nacionais conhe-
conceito, gostaria de relatar alguns casos de produtos gistrado no Rio Grande do Sul. Com a colaboração
cem muito bem este cenário, suas características e o
fitoterápicos que me parecem pioneiros, de grande dos filhos, que trabalhavam ativamente em todos os 127
que precisa ser feito para a promoção adequada do de-
capacidade de resistência (comercial e técnica) e que setores, a empresa evoluiu de pequena economia do-
senvolvimento e inovação de produtos fitoterápicos.
compõem o cenário para os desenvolvimentos moder- méstica a um laboratório respeitado e reconhecido
nos que estão sendo feitos e que certamente virão a ser. pela excelência na qualidade de seus produtos. Atual-
O caso do produto Acheflan, lançado recentemen-
mente continua gerenciado pelos familiares do funda-
te pelo laboratório Aché, tem sido propalado de modo 1. Elixir de Vida Olina
dor, tendo à frente seu neto (www.olina.com.br).
quase exaustivo como um modelo de sucesso e como
“primeiro produto fitoterápico genuinamente nacio- Trata-se de um produto de ação digestiva com- Trata-se, portanto, de um produto simples, envol-
nal”. Pessoalmente, reconheço a visão e persistência posto de seis espécies medicinais: aloe (Aloe ferox), vendo plantas clássicas de ação digestiva, presente no
do referido laboratório, particularmente de seu presi- angélica (Angelica archangelica), canela (Cinnamomum mercado brasileiro há quase 100 anos. Compõe o con-
dente, e da competência da equipe de pesquisadores zeylanicum), galanga (Alpinia officinarum), genciana ceito de fitoterápico tradicional, que vem sendo gradati-
e profissionais envolvidos, e o sucesso comercial que (Gentiana lutea), mirra (Commiphora myrrha.) e rui- vamente examinado em termos modernos, com vários
o produto vem obtendo é prova de que se tratar de um barbo (Rheum palmatum). É produzido pelo Labora- estudos já realizados e publicados (MORAES, 1998).
projeto bem desenvolvido, que atende às exigências tório Wesp, situado em Porto Alegre, RS.
legais e expectativas dos prescritores, e que satisfaz às 2. Giamebil
necessidades dos pacientes. Sua produção teve início com o fundador, Sr. João
Wesp, imigrante alemão que chegou ao Brasil em 1911 Este medicamento foi desenvolvido no Estado
Discordo apenas de um pequeno item que não in- e que fabricava artesanalmente o medicamento e o en- de Pernambuco pelo laboratório Hebron, com par-
terfere nos aspectos positivos do produto Acheflan: a velhecia em barris de carvalho. Junto com sua esposa ticipação de pesquisadores da Universidade Federal
afirmação de que é o primeiro. e filhos, embalava o elixir na própria residência e saía de Pernambuco, particularmente do Instituto de An-
montado em muares de carga, percorrendo as colônias tibióticos, aproveitando o uso popular e pesquisas
De fato, se queremos alavancar o conceito de que alemãs no interior do estado. Em 1919 teve de registrar pré-clínicas que mostravam o potencial amebicida da
é possível tal realização local, temos a obrigação his- o produto com nome comercial, e não apenas com o hortelã-miúda (Mentha crispa) (Mello et al., 1985).
Mentha crispa
(hortelã-miúda)
Cordia curassavica
(erva-baleeira)
Cordia curassavica
(erva-baleeira)
Schinus terebinthifolius
(aroeira-mansa)
Uncaria tomentosa
(unha-de-gato)
Schinus terebinthifolius
(aroeira-mansa)
Pfaffia glomerata
(ginseng-brasileiro)
Camomila+ Alcaçuz+ vit. C e D– 1 Xarope guaco +agrião** – 2 Total de notificações = 16.271 casos atendidos
Isoflavona – 4
Kava kava – 5
#15
formas de USO DAS
PLANTAS MEDICINAIS e
interações medicamentosas
Plantas Medicinais - Secretaria do Verde e do Meio Ambiente
15.1 FORMAS DE USO DAS PLANTAS O preparo consiste em verter água fervente (80 recipiente fechado ao abrigo da luz. Geralmente
MEDICINAIS. – 90º C) sobre a planta ou droga vegetal rasurada é utilizada quando a droga é constituída de ativos
Carlos Muniz de Souza geralmente folhas e flores, tampar e deixar em termossensíveis. A preparação pode ser feita em
Linete Maria Menzenga Haraguchi repouso por cerca de 10 minutos. Os infusos para água (maceração aquosa) ou em álcool e água
Profa. Dra. Nilsa Sumie Yamashita Wadt tratamento de resfriado, gripe e problemas das (hidroalcoólica). No primeiro caso, o emprego da
vias respiratórias em geral devem ser adoçados e água é fria e o contato deverá permanecer por no
A planta medicinal fresca ou seca (droga vege- tomados ainda morno a quente. Os indicados para máximo 10 horas, pois pode fermentar. Este tipo
tal) pode ser utilizada das mais diferentes formas, males do aparelho digestivo, indigestão, diarréia, de preparado é popularmente denominado águas
descritas a seguir, com alguns exemplos. etc., devem ser tomados mornos, frios ou gelados. vegetais (água-de-rosas, de malvas, etc.). No caso
Os infusos devem ser preparados preferencialmente de maceração hidroalcoólica, o contato droga-
»» In natura (em estado natural, sem processa- em doses individuais para serem usados logo em solvente se faz a frio durante um período de 24 a 48
mento) seguida. Entretanto se houver uma freqüência nas horas, com agitação diária, geralmente com álcool
doses, podem-se preparar quantidades maiores 70º para se obter um macerado para uso externo
Trata-se do uso da planta medicinal na forma (loções). Para uso interno, o período de maceração
para consumo no mesmo dia. Neste caso o chá deve
fresca, podendo ser utilizada como alimento (sala- poderá levar de uma semana a dez dias. Depois
ser mantido fechado e guardado de preferência na
das, sucos, sopas, molhos), chá (infusão, decocção), de concluído o período de maceração, o produto
geladeira. O uso da infusão além de ser administrada
em aplicações tópicas e como fonte de matéria-pri- deverá ser decantado e filtrado e completado o
por via oral pode também servir de uso para outras
ma para obtenção de macerados e óleos essenciais. volume esperado.
formas de administração como banhos, compressas,
Exemplos: bochechos, gargarejos, etc.
Exemplos: boldo-brasileiro (P. barbatus), Alho
Suco: vinagreira (Hibiscus sabdariffa), capim-limão
Exemplos: Hortelã (Mentha x piperita), Capim- (Allium sativum).
(Cymbopogon citratus).
limão (C. citratus), Boldo-do-chile (Peumus boldus)
138 Infusão: camomila (Matricaria chamomilla), melis- rasurado. »» Digestão
sa (Melissa officinalis).
A extração é realizada da matéria-prima ve-
Decocção: catuaba (Trichilia catigua), gengibre »» Decocção
getal, em recipiente fechado, por um período
(Zingiber officinale). A decocção ou cozimento envolve colocar a dias(hidroalcóolico) ou horas sob agitação ocasional
Aplicação tópica: babosa (Aloe vera). planta ou droga vegetal rasurada na água fria e e sem renovação de solvente, à temperatura de 40 ºC.
levar a fervura que poderá variar de 5 a 20 minutos,
»» Percolação
de acordo com a consistência da parte da planta
»» Sumo
utilizada. Após o cozimento, deixar em repouso de A droga vegetal moída é colocada em percolador
O sumo é obtido espremendo ou triturando a 10 a 15 minutos e coar em seguida. Este processo (recipiente cônico cilíndrico), através do qual é
planta medicinal fresca num pilão, liquidificador ou é o mais indicado quando se utilizam as partes feito passar o líquido extrator (operação dinâmica).
centrífuga. O pilão é mais usado para as partes pouco mais duras do vegetal como cascas, raízes, frutos e A percolação pode ser simples ou fracionada.
suculentas e, neste caso, deve-se acrescentar um pouco sementes, e também folhas coriáceas, para melhor
»» Tintura
de água filtrada e triturar, após uma hora de repouso facilitar a extração dos seus ativos.
recolher o líquido obtido e utilizar logo em seguida, Trata-se de um processo extrativo à temperatura
Exemplos: Quina (Cinchona officinalis), Canela
pois este tipo de preparação sofre rápida degradação. ambiente pela ação de álcool ou de uma mistura
(Cinnamomum zeylanicum), espinheira-santa
água + álcool sobre a droga vegetal (tintura simples)
Exemplo: boldo-brasileiro (Plectranthus barbatus). (Maytenus ilicifolia).
ou sobre uma mistura de ervas (tintura composta)
deixando em contato em um recipiente fechado
»» Infusão »» Maceração
ao abrigo da luz por cerca de 8 a 10 dias. A tintura
A infusão ou popularmente denominado no Trata-se de expor a droga vegetal rasurada a simples corresponde a 1/5 do seu peso em planta
Brasil de “chá” é o processo extrativo mais antigo e um determinado solvente a frio, a temperatura seca, quer dizer que 200 g de planta seca permitem
primitivo, ainda hoje utilizado pela população. ambiente, durante horas, dias ou semanas, num preparar 1.000 g de tintura. Terminado o tempo de
Plantas Medicinais - Secretaria do Verde e do Meio Ambiente
maceração necessário, decantar, filtrar e colocar em xarope deve ser conservado em frasco limpo e bem de pele dos indivíduos com diabetes, gestantes e
um frasco âmbar para proteger da luz e guardar em fechado, protegido da luz e em lugar fresco. Colocar lactentes. Usar sob orientação médica.
lugar fresco. Colocar uma etiqueta contendo o nome etiqueta contendo as informações quanto aos
popular, científico e a parte utilizada da planta, nomes vulgar e científico e a parte usada da planta, Exemplo: Erva-baleeira (Cordia verbenacea).
o grau alcoólico, uso interno ou externo, data do tipo de preparação, data de preparo e validade. Esta
preparo e a validade. Neste processo também pode preparação não pode ser usada por longo período »» Banho
utilizar a planta fresca (500 gramas de planta para e deve-se verificar freqüentemente se o xarope não
1000 ml de produto final) e neste caso este recebe o fermentou (azedou). Prepara-se uma infusão ou decocção concentra-
nome de alcoolatura. As tinturas podem ser simples da da planta medicinal, que deve ser filtrada e mis-
ou compostas, conforme preparadas com uma ou turada na água do banho. Outra maneira indicada é
O xarope comum pode ser preparado por
mais matérias primas. (Farmacopéia bras, 1988). colocar as ervas em um saco de pano firme e deixá-
dissolução, a calor brando (60 °C a 80 °C), de 650 g
lo mergulhado na água do banho, assim como, para
de açúcar cristal em 350 g de água filtrada.
alguns casos, é possível colocar algumas gotas de
Exemplos: Tintura de uso externo arnica (Arnica
óleo essencial. Os banhos podem ser parciais ou de
montana), Tintura uso interno Hera (Hedera helix). Atenção: A administração de xaropes a pacientes
corpo inteiro e são normalmente indicados uma vez
portadores de diabetes é contra-indicada
por dia. Sua principal função é refrescar e eliminar
Obs.: este processo é legalmente definido como (proibida).
substâncias presentes na pele, assim como irritações
insumo farmacêutico, devendo ser adquirido
e coceira, após avaliação do médico. Aconselha-se
de indústrias e farmácias especializadas, e não Exemplo: xarope de guaco (Mikania glomerata e M.
não utilizar tintura de plantas, nem mesmo diluída
preparado caseiramente. laevigata).
em água, pois pode causar ardor e irritações nas áre-
as íntimas (órgãos genitais e ânus).
»» Extrato fluido »» Compressa
Exemplos: alecrim (Rosmarinus officinalis), alfaze-
É a preparação líquida em que cada mililitro Trata-se de uma preparação de uso local (tópico) 139
ma (Lavandula officinalis).
de extrato contém os constituintes ativos que atua pela penetração dos princípios ativos através
correspondentes a um grama de droga vegetal da pele. Utilizam-se panos, chumaços de algodão
»» Bochecho e Gargarejo
(Farmacopéia bras., 1988). ou de gaze embebidos em um infuso concentrado,
decocto, sumo ou tintura da planta dissolvida em Preparação utilizada para combater afecções da
»» Elixir
água. A compressa pode ser quente ou fria. garganta, amigdalites e mau hálito. Faz-se o boche-
É uma preparação líquida, límpida, cho ou o gargarejo com uma infusão concentrada,
Exemplo: tintura de calêndula (Calendula
hidroalcoólica, que apresenta teor etanólico na faixa quantas vezes for necessário, tendo o cuidado de
officinalis).
de 20 a 50% (V/V). não ingerir a preparação. Seu uso deve ser evitado
por crianças.
»» Xarope »» Cataplasma
Exemplos: malva (Malva sylvestris), sálvia (Salvia
Preparação farmacêutica bastante popular Preparação feita com farinha de mandioca
officinalis).
devido ao seu gosto agradável e à facilidade de ou fubá de milho e água, geralmente a quente,
administração, com no mínimo 40% de açúcar. adicionada ou não da planta triturada fresca ou seca,
»» Inalação
Trata-se de uma preparação espessada com açúcar, chás ou outras preparações. É aplicada sobre a pele
usada geralmente para o tratamento de problemas da região afetada entre dois panos finos. É utilizada É uma preparação que aproveita a ação combi-
das vias respiratórias, tosse e bronquite. Adiciona- bem quente como revolutivo de furúnculos, morno nada de vapor de água quente com o aroma das dro-
se ao xarope parte do infuso, do cozimento ou da nas inflamações dolorosas resultantes de contusões gas voláteis. Sua preparação e uso exigem rigoroso
tintura, conforme cada caso, com uma parte de e entorses. cuidado, principalmente quando se trata de crian-
açúcar cristal. O xarope obtido a frio é filtrado após ças, devido ao risco de queimaduras.
Cuidado com plantas que possuem pêlos
3 dias de contato, com 3 a 4 agitações fortes por dia.
ou látex (seiva) que possam irritar e até causar No preparo, colocar a planta fresca ou seca a ser
O xarope a quente é obtido fervendo-se a mistura
queimaduras na pele. Contra-indicado nas lesões usada numa vasilha com água fervente, na propor-
até desmanchar o açúcar, deixar esfriar e filtrar. O
Plantas Medicinais - Secretaria do Verde e do Meio Ambiente
ção de uma colher de sopa da planta fresca ou seca 15.2 CUIDADOS NECESSÁRIOS NO USO ingeridas em grandes quantidades, muito concentra-
em 1/2 litro de água, aspirar lentamente (contar DE PLANTAS MEDICINAIS. das ou por tempo prolongado.
até 3 durante a inspiração e até 3 quando expelir o Linete Maria Menzenga Haraguchi
ar), prosseguir assim ritmicamente por 15 minutos. Profa. Dra. Nilsa Sumie Yamashita Wadt Gestantes e lactentes não devem utilizar
O recipiente pode ser mantido no fogo para haver plantas medicinais sem orientação médica.
contínua produção de vapor ou acréscimo de água As plantas contêm substâncias químicas que Lembramos que a ação de algumas plantas, embora
quente – mantendo-se proporção de insumo vegetal. tanto podem ser responsáveis por seus efeitos tera- tradicionalmente conhecidas e utilizadas, ainda não
Usa-se um funil de cartolina (ou outro papel duro); pêuticos quanto tóxicos e, portanto, não podem ser está cientificamente comprovada, principalmente
ou ainda uma toalha sobre os ombros, a cabeça e a utilizadas indiscriminadamente. para uso por gestantes e lactentes. Recomenda-
vasilha, para facilitar a inalação do vapor. No caso de se enfaticamente, antes da utilização de qualquer
crianças deve-se ter muito cuidado, pois há riscos de Enfatiza-se a importância de os usuários e, prin- planta medicinal ou fitoterápico, obter o diagnóstico
queimaduras, pela água quente e pelo vapor, por isso cipalmente, os prescritores terem o conhecimento correto da doença a ser tratada e a prescrição por um
é recomendado o uso de equipamentos elétricos es- real das plantas que serão utilizadas, principalmente profissional de saúde especialista na área e habilitado
peciais para este fim e sob orientação médica. as medicinais, quanto aos estudos que comprovem a para tal.
eficácia e segurança.
Exemplo: Eucalipto (Eucalyptus globulus). Deve-se procurar conhecer as plantas que são
Além do conhecimento e estudo sobre plan- tóxicas e aconselha-se ensinar às crianças que não
»» Ungüento, pomada tas medicinais, é necessário considerar a origem e coloquem plantas na boca e nem as utilizem como
a identificação da matéria vegetal para que, junta- brinquedo.
Preparado de sumo da planta fresca, ou um chá
mente com as boas práticas agrícolas, seja possível
forte da planta com gordura vegetal.
assegurar produtos com qualidade, segurança e efi- Não se deve usar plantas mofadas ou com pragas.
Colocar a gordura vegetal em material de vidro cácia garantida. Por isso, o armazenamento de plantas medicinais
140
ou porcelana e levar ao fogo em banho-maria até que deve ser feito com os seguintes cuidados: evitar
fique uma mistura homogênea; acrescentar à mistura É preciso tomar certos cuidados quanto à aquisi- locais que promovam a contaminação por mofo ou
o sumo ou o infuso, ou decoccto, ou a tintura, homo- ção de plantas medicinais. Deve-se saber se é a planta insetos e exposição direta à luz solar e umidade.
geneizar e deixe esfriar. Guardar em pote de plástico correta e se está isenta de contaminação; não é reco-
ou vidro. mendável coletar plantas nas beiras de rios, córregos É necessário ter cuidado também quanto ao
poluídos e nas proximidades de esgotos, nem nas preparado de plantas medicinais, pois existem
Exemplo: Calêndula (Calendula officinalis). margens das estradas, que poderão estar contamina- diferentes métodos, como, por exemplo: infusão,
das por poluentes. decocção, etc. Ainda, evitar o uso de recipientes de
»» Azeite ferro, alumínio, cobre ou plástico; dar preferência aos
Os remédios caseiros só devem ser usados com de vidro (que possam ser levados ao fogo), porcelana
É um preparado para plantas aromáticas, geral-
as devidas orientações, uma vez que seu uso inade- ou barro.
mente folhas, as quais possuem grande quantidade
quado pode ocasionar intoxicações e queimaduras.
de óleo essencial.
Recomenda-se sempre procurar a orientação de um É necessário conhecer não só a planta e a
As folhas frescas da planta são colocadas em um profissional de saúde habilitado. quantidade para o preparo do chá ou fitoterápico,
recipiente, de preferência de vidro âmbar. Adiciona- como também a parte correta da planta a ser utilizada.
se azeite de boa qualidade até cobrir a quantidade O usuário não deve suspender o uso da medica-
de planta utilizada. Deixa-se em repouso por no mí- ção que esteja utilizando para usar, por conta própria, Outros cuidados quanto ao uso de plantas
nimo 30 dias, protegido da luz. Filtrar e manter em plantas medicinais. Neste caso também se recomen- medicinais: é importante estar atento na hora de
frasco âmbar. da procurar a orientação de um profissional de saúde. usar as plantas, observando se a indicação é para uso
interno (ingestão) ou externo (uso local). Muitas
Exemplos: alecrim (Rosmarinus officinalis), tomilho Mesmo quando são indicadas corretamente, as plantas, como o confrei (Symphytum officinale) e a
(Thymus vulgaris). plantas podem provocar efeitos indesejáveis se forem arnica (Arnica montana), não devem ser ingeridas,
Frutas, hortaliças e cereais, que além das proprie- Rico em vitaminas A e C e nos minerais: ferro, AMENDOIM (Arachis hypogaea)
dades nutricionais, possuem substâncias que possi- enxofre e potássio. A associação de algumas substân-
bilitam aplicação na terapêutica cias confere ao agrião a propriedade de expectorante. Contém vitaminas B e E; minerais como cálcio,
fósforo, ferro, cobre, potássio, enxofre; Devido à
ABACATE (Persea americana) ALCACHOFRA (Cynara scolymus) grande quantidade de óleo, é melhor consumi-lo em
pequenas quantidades, sem abusos, e suspender seu
Fruta bastante energética como alimento, pelos Apresenta substâncias de valor energético e com uso em casos de distúrbios do estômago, fígado, ve-
seus nutrientes essenciais ao bom funcionamento do propriedades diuréticas e digestivas, estimulantes do sícula e intestino.
organismo, rica em minerais como ferro, magnésio, fígado e da vesícula. Atua como auxiliar na digestão
cálcio, fósforo; vitaminas A, B1, B2, C, E; lecitina; pro- do leite. Popularmente é utilizada como depurativa AMORA (Morus spp.)
teínas; açúcar; fitosterol; abacatina, que é uma subs- e diurética. Por ser um alimento rico em ferro, é útil
tância oleosa com propriedades nutritivas e hidratan- para o restabelecimento nos casos de anemia e do ra- Contém vitaminas C e E, com ação antioxidan-
tes da pele, entre outros. Na medicina caseira e uso quitismo. A água que sobra do cozimento da flor não te; minerais como sódio e potássio; frutose; taninos;
popular, é utilizado contra artrite, gota, problemas deve ser desperdiçada, podendo ser usada em caldos fibras e pectinas. Popularmente é utilizada na pre-
renais, anti-radicais livres, prevenção de problemas e sopas. venção de resfriados e no fortalecimento do sistema
de pele, etc. O chá das folhas ou brotos pode ser usa- imunológico.
do para desarranjos menstruais e intestinais. A fruta ALFACE (Lactuca sativa)
146
ou o chá das folhas ou do caroço pode ser usado na AVEIA (Avena sativa.)
cosmética contra caspa e queda de cabelo. Popularmente usada como calmante e indicada
para pessoas que têm insônia ou são muito tensas e Alimento integral e cereal de grande valor ali-
ABACAXI (Ananas comosus) agitadas. É utilizada na cosmética em cremes para re- mentício. Rico em proteínas (destacando-se os se-
juvenescer e acalmar a pele. Contém quantidades ra- guintes aminoácidos: lisina, arginina, histidina, cis-
Rico em minerais, cálcio, cobre, ferro, manga- zoáveis de vitaminas A e C e minerais como o cálcio, tina, tirosina e ácido glutâmico); vitaminas B1 e B2;
nês, fósforo; vitaminas A, C; bromelina, que é uma fósforo e ferro. Vale lembrar que quanto mais escuras rico em minerais como fósforo e ferro; Alimento rico
enzima proteolítica (que auxilia na hidrólise das pro- as folhas, maior a riqueza nutritiva. que pode ser usado por crianças, pessoas debilitadas
teínas). Pelo seu alto teor de fibras, auxilia na prisão e anêmicas. A farinha de aveia, por conter muita fibra,
de ventre e age como laxante natural, entre outras ALHO (Allium sativum) auxilia também no trânsito gastrintestinal.
propriedades. Popularmente é usado nas afecções da
garganta, como expectorante e mucolítico nos res- O alho atua como estimulante das mucosas, ex- BANANA (Musa x paradisiaca)
friados, tosses e bronquites, como auxiliar na diges- pectorante, anticatarral e como potente anti-séptico,
tão, na obesidade, na anemia. O suco é um excelente pela presença da alicina, que age como preventiva A banana é uma fruta riquíssima em nutrientes:
diurético. de gripes e resfriados. Popularmente é usado como vitaminas A, B1, B2, B5, C; minerais como: ferro, mag-
estimulante do apetite e da digestão. Usado há lon- nésio, potássio e cálcio; serotonina; frutose (açúcar
ABÓBORA (Cucurbita pepo) ga data como auxiliar no tratamento da hipertensão que proporciona energia). Uso popular em casos de:
e nos distúrbios de triglicérides, colesterol e como anemia e desnutrição alimentar, em razão do elevado
É um excelente alimento de alto valor nutritivo. depurativo sanguíneo. Para melhor aproveitamento teor de ferro; como auxiliar na contração muscular e
Da abóbora tudo se aproveita. Rica em vitaminas A, de suas propriedades nutritivas (vitaminas A, B e C, batimentos cardíacos, pelo teor de potássio, evitando
C, B1, B2, B5; minerais como cálcio, fósforo e ferro. proteínas, flúor, iodo, cálcio, ferro, fósforo), preventi- cãibras e fadiga, boa para os dentes e ossos pelo teor
As sementes descascadas e levemente torradas são vas e curativas, o alho deve ser consumido cru. de cálcio. Facilita a digestão e evita prisão de ventre e
Fontes: cenoura, brócolis, abóbora, abacate, VITAMINA B3 (niacina) VITAMINA B12 (cianocobalamina)
broto de alfafa, acelga, espinafre, escarola, salsa, pi-
mentão, milho, nabo, folhas de beterraba, caju, ma- Um dos membros do complexo B, que protege É essencial na formação dos glóbulos vermelhos
mão, manga, pêssego, batata-doce, damasco, pês- os nervos e a circulação. É essencial para a síntese dos do sangue e usada no tratamento da anemia, auxilia
154
sego, ameixa, óleo de fígado de peixe, queijo, ovos, hormônios sexuais, bem como da cortisona, tiroxina e no crescimento, na digestão, nos nervos, na concen-
fígado, leite, etc. insulina. Importante para as funções cerebrais, gastrin- tração, memória e equilíbrio. Promove o uso adequa-
testinais, prevenção da pelagra, propiciando uma pele do das proteínas, açúcares e gorduras.
Obs.: É lipossolúvel (solúvel nas gorduras, não na saudável.
água, por isso acumulativo no organismo) e termoestá- Algumas fontes: cereais integrais, algas, leite, car-
vel (é resistente ao calor, não resiste à luz, especialmente Algumas fontes: amendoim torrado, produtos ne, fígado, rim e ovos. É produzida por bactérias den-
à ultravioleta). de trigo integral, fígado de boi, peixes, germe de trigo, tro do intestino.
também no ovo, carne branca de frango, ameixa, etc.
VITAMINA B1 (tiamina) VITAMINA C (ácido ascórbico)
VITAMINA B5 (ácido pantotênico)
Promove o bem-estar geral, protege contra as do- Fortalece o sistema imunológico, oferecendo
enças nervosas, estimula o apetite, ajuda a digestão e a Contribui para a formação das células, para manter proteção ao organismo, sendo um antioxidante pode-
assimilação dos alimentos. Favorece o crescimento e a o crescimento normal, para proteger o metabolismo roso. É indispensável a uma boa dentição, aos ossos,
reprodução, melhorando a parte física e mental. Útil nas e para o desenvolvimento do sistema nervoso e da gengivas saudáveis, na formação do sangue, e con-
doenças neurológicas e no tratamento de estomatites e pele. É fundamental no funcionamento adequado das tribui para a resistência dos capilares sanguíneos; é
herpes. glândulas supra-renais e para a conversão dos açúcares indispensável às glândulas de secreção internas e aos
e gorduras em energia. Auxilia a cicatrização de feri- olhos.
Algumas fontes: cereais integrais, aveia, centeio, mentos e previne o cansaço. Sua deficiência ocasiona
trigo, amendoim, castanha-do-pará, tamarindo, feijão, manchas na pele e a pelagra, perda de apetite, erupções Algumas fontes: caju, goiaba, laranja, abacaxi,
lentilha, grão-de-bico, soja, batata-doce, bardana, raba- cutâneas, distúrbios nervosos e digestivos. limão, acerola, manga; alface, pimentão, rúcula, alho,
nete, semente de gergelim e girassol, folhas de cenoura, cebola, repolho, salsa, couve-flor, espinafre, agrião, to-
espinafre, agrião, ameixa, damasco, banana, maçã, en- Algumas fontes: cereais integrais, amendoim mate, etc.
#19 anexos
Plantas Medicinais - Secretaria do Verde e do Meio Ambiente
19. ANEXOS DA PUBLICAÇÃO DO CURSO DE PLANTAS MEDICINAIS
ANEXO A:
Lista de espécies medicinais da Mata Atlântica. Ver item 1.3 - Plantas Medicinais na Mata Atlântica
Prof. Dr. Luiz Claudio Di Stasi et al.
ADOXACEAE (CAPRIFOLIACEAE)
Sambucus nigra (1) L. 3,0 F I Febre, tosse FC
Sabugueiro Fl I Dores musculares, gripe
ALISMATACEAE
Echinodorus grandiflorus (1) (Cham. & Schltdl.) 18,0 F I Distúrbios renais e hepáticos, dor de cabeça, de barriga, nas costas, F
Micheli gripes, diabetes, sedativa, lombrigas (Ascaris lumbricoides)
Chapéu-de-couro
F D Distúrbios renais, analgésico (principalmente dor de cabeça)
ALLIACEAE (LILIACEAE)
Allium cepa (1,2) L. 2,0 Bb Mag Bronquite Cul
Cebola C I Emético, contra parasitas intestinais
Bb F Comestível como condimento
Allium sativum (1,2) L. 20,5 Bb Mal Gripe, hipertensão Cul
Alho Bb F Uso tópico para alívio da dor de cabeça
174 Bb I Uso interno para gripe, tosse e hipertensão
Bb Mag Bronquite, principalmente para crianças
Bb D Enxaqueca
Bb F Comestível como condimento
AMARANTHACEAE (CHENOPODIACEAE)
Chenopodium ambrosioides (1) L. 14,0 F Mag Uso interno ou externo como antiinflamatório Esp
Erva-de-santa-maria F F Folhas trituradas para uso tópico em edemas
F I Uso interno para reumatismo, bronquite, parasitas intestinais, febre,
ciática e uso externo para doenças da pele
ANACARDIACEAE
Schinus terebinthifolius Raddi 3,5 F Mag Cicatrizante, analgésica e contra coceiras F
Arueira F I Internamente contra reumatismo
F F Cicatrizante e contra gengivite
APIACEAE
Coriandrum sativum (1,2) L. 2,5 Sem I Cólica menstrual, hipertensão Cul
Coentro Sem I Dor de garganta
F I Dor de cabeça, enxaqueca
F F Condimento
Hydrocotyle exigua (Urb.) Malme 2,0 F I Tosse, bronquite FFS
Erva-terrestre
Plantas Medicinais - Secretaria do Verde e do Meio Ambiente
Petroselium crispum (1,2) (Mill.) Fuss 2,0 F I Depurativa Cul
Salsa R I Distúrbios renais
F F Condimento
Pimpinela anisum (1,2) L. 39,0 F I Expulsão de vermes intestinais, sedativa, gripes, febre, dor de barriga, Cul
Erva-doce constipação, tosse, diarréia, cólica uterina
Sem I Insônia, febre, dor de barriga e os mesmos usos que a infusão de folhas
Sem D Tóxico para o sistema nervoso central (citados efeitos colaterais)
Sem F Mastigar as sementes para dor de dente
ARECACEAE
Euterpe edulis (2) Mart. 6,0 Est S Uso interno contra dor de barriga, hemorragias e externamente contra F
Palmiteiro picada de cobra
Est F Após processo industrial utilizado na alimentação
ARISTOLOCHIACEAE
Aristolochia sp. 2,0 F D Distúrbios estomacais e hepáticos, principalmente contra náusea e F
Milomem vômito
F I Dor de barriga, constipação, gripes, tosse, parasitas intestinais
ASPHODELACEAE (LILIACEAE)
Aloe vera (1) (L.) Burm.f. 6,0 F S Antiinflamatório, cicatrizante, analgésico (principalmente dor de ca- Cul
175
Babosa beça)
F Mag Úlcera
F F Uso tópico contra edemas, dores em geral, infecções
ASTERACEAE
Acanthospermum australe (1) (Loefl.) Kuntze 8,0 F D Antiinflamatório (uso interno e externo) Esp
Carrapicho
Achillea millefolium (1) L. 26,0 F I Febre, dor de cabeça, dores em geral, distúrbios estomacais, gripe Cul
Novalgina F D Dores em geral, febre, distúrbios estomacais
Ageratum conyzoides (1) L. 9,0 R I Analgésico (interno), antireumática, contra cólicas menstruais Esp
Mentrasto R B Anti-séptica, contra infecções da pele
PT I Amenorréica, dores em geral, distúrbios hepáticos
Artemisia absinthium (1) L. 16,0 F I Analgésica (principalmente dor de barriga e de cabeça), Antiemética, Cul
Losna contra náusea, distúrbios estomacais e hepáticos, parasitas intestinais
F B Elimina piolho
F Mag Úlceras, distúrbios hepáticos, gripe
Artemisia sp. 4,0 F I Uso interno para amenorréia Esp
Lorde
Lactuca sativa (2) L. 2,5 Fr I Infecções em geral, dor de barriga, distúrbios renais e depurativa Cul
Alface
176
Matricaria chamomilla (1) L. 46,0 F I Sedativa para crianças (insônia) Cul
Camomila F I Uso interno contra tosse, cólica renal, diarréia, náusea, erupções da
pele, febre, gripe, dor de cabeça, dor de barriga, constipação, sedativa e
expulsão de vermes intestinais. Uso externo para infecções nos olhos
Sem I Sedativa para crianças, distúrbios estomacais, parasitas intestinais
F I Náusea, vômito, dor de barriga (uso interno), doenças de pele (uso
externo)
Mikania glomerata (1) Spreng. 38,0 F X Tosse, bronquite FC
Guaco
Solidago microglossa DC. 11,0 PT Mal Uso externo contra dores musculares, infecções Esp
Arnica PT D Sedativo, distúrbios digestivos (uso interno)
BIXACEAE
Bixa orellana (1,3) L. 5,5 Sem D Bronquite, febre em crianças Cul
Urucum
BORAGINACEAE
Symphytum officinale (1) L. 5,0 F D Distúrbios hepáticos, estomacais, inflamações, dor de barriga Cul
Confrei F Mal Cicatrizante (uso externo)
R Mal Diurético, contra anemia
BRASSICACEAE
Brassica nigra (2) (L.) W.D.J.Koch 1,0 Sem Mag Uso interno contra inflamações Cul
Mostarda Sem F Uso tópico das sementes trituradas contra inflamação
F F Comestível como salada
Nasturtium officinale (2) R.Br. 12,0 F X Tosse, gripe, bronquite Cul
177
Agrião F D Distúrbios da tireóide, bronquite, anemia
PA I Gripe, bronquite
Est D Distúrbios da tireóide, bronquite, anemia
F F Comestível como salada
CARICACEAE
Carica papaya (2) L. 9,0 Fl I Gripe, tosse, coqueluche Cul
Mamão Fl X Gripe, tosse, coqueluche
Fr F Comestível
CELASTRACEAE
Maytenus aquifolium (4) Mart. 1,0 F I Dor de barriga F
Espinheira-santa
Maytenus ilicifolia (1) Mart. ex Reissek 3,0 F I Dor de barriga, dor nas costas, ciático, úlcera F
Espinheira-santa
CONVOLVULACEAE
Ipomoea batatas (2) (L.) Lam.. 1,5 F I Cicatrizante (uso externo) Cul
Batata-doce F I Gargarejo da infusão para infecções na boca, gengivite, dor de dente
CUCURBITACEAE
Cucurbita maxima (2) Duchesne ex Lam. 1,5 Fr Mag Queimaduras Cul
Abóbora Sem F Sementes trituradas contra parasitas intestinais
Fr F Comestível
Luffa cylindrica M. Roem. 3,0 Fr Mal Rinite Cul
Buchinha
Sechium edule (2) (Jacq.) Sw. 1,5 B D Hipertensão, como sedativo Cul
Chuchu Fr F Comestível
FABACEAE/CAESALPINIOIDEAE
Hymenaea courbaril (1,2) L. 2,0 F I Bronquite, principalmente em crianças FC
Jatobá C X Tosse, bronquite
F Mal Bronquite, asma, como estimulante do apetite
C I Tônico para criança
Fr F Comestível
Hymenaea sp. 5,0 F I Bronquite, principalmente para crianças F
Jutaí C X Tosse, bronquite
Senna occidentalis (1) (L.) Link 11,0 R I Dor de barriga, gripe, febre, infecções em geral, distúrbios hepáticos, FS
Fedegoso estomacais, como diurético
R Mal Diurético, contra infecções em geral
F I Analgésico (principalmente contra dor de cabeça e de barriga), contra
diarréia
F D Diarréia, parasitas intestinais, distúrbios hepáticos
F Mag Uso tópico contra conjuntivite
FABACEAE/FABOIDEAE
Bowdichia sp. 2,0 Sem Mal Reumatismo F
Sucupira
Cajanus cf. cajan (L.) Millsp. 3,0 F B Dor de barriga, diarréia (uso tópico) Cul
Guandu F D Tosse, gripe, dor de barriga, diarréia (uso interno)
F I Constipação
Cymbosema roseum Benth. 1,5 F I Distúrbios hepáticos e estomacais F
Flor-da-terra
LAMIACEAE
179
Hyptis crenata Pohl. ex Benth. 6,0 R I Dores em geral, gripe, reumatismo, cólicas menstruais FS
Mentrasto R B Uso externo contra infecções em geral
PT I Para regular a menstruação (amenorréia)
F D Analgésica
Leonotis nepetifolia (L.) R. Br. 11,0 F I Uso interno contra gripe, reumatismo, hipotensão, distúrbios estoma- Esp
Rubim cais, dores em geral, uso externo na cicatrização
F Mag Dor de garganta
Leucas martinicensis (Jacq.) R.Br. 1,0 F I Uso externo contra dores musculares, reumatismo, uso interno contra Esp
Cordão-de-frade gripe, tosse
Melissa officinalis (1) L. 3,0 F I Sedativa para crianças, contra distúrbios estomacais, gripe, tosse, hi- Cul
Melissa pertensão
F B Cicatrização (uso externo)
R D Gripe, tosse
MENISPERMACEAE
Cissampelos (1) sp. 5,0 C D Uso externo contra inflamação F
Abutua
MORACEAE
Sorocea ilicifolia (4) Miq. 2,0 F I Dor de barriga F
Espinheira-santa
181
MUSACEAE
Musa acuminata (2) Colla 12,5 B Mag Tosse, asma Cul
Banana B X Bronquite
MYRTACEAE
Eucalyptus globulus (3) Labil. 4,0 F D Inalação com o vapor para bronquite, sinusite, gripe Cul
Eucalipto
Eugenia sp. 7,0 F I Dor de barriga, gripe, febre, hipertensão, como diurético Cul
Pitanga F B Coceira, sarna
Bb I Diarréia
Psidium guajava (2) L. 24,0 F I Dor de barriga Esp
Goiaba B D Diarréia
Fr I Uso externo contra hemorróida, doenças de pele, edema, uso interno
contra diarréia
Fr F Comestível
Psidium cf. guineense Sw. 12,0 F D Antiinflamatória cicatrizante (uso externo) FFS
Araçá F I Em gargarejo como anti-séptico bucal, uso externo como antiinflama-
tório
NYCTAGINACEAE
Boerhavia difusa L. 8,0 F I Parasitas intestinais, principalmente Ascaris lumbricoides FFS
Erva-tostão PT I Hepatite, diarréia
OXALIDACEAE
Averrhoa carambola (2) L. 2,0 F I Diabetes, hipertensão, distúrbios renais Cul
Carambola Fr S Utilizado como agente refrescante
Fr F Comestível
PAPAVERACEAE (FUMARIACEAE)
Fumaria sp. 1,0 PT B Uso tópico para hemorróida F
Fel-da-terra PT I Uso interno contra distúrbios estomacais
PASSIFLORACEAE
Passiflora coccinea (2) Aubl. 3,0 F I Uso interno como sedativo Cul
Maracujá F Mag Para aliviar os sintomas da asma
Fr S Sedativo
Fr F Comestível e utilizado como agente refrescante
PHYLLANTHACEAE (EUPHORBIACEAE)
182
Phyllanthus tenellus (1) Roxb. 16,5 PA I Para expulsão de cálculos renais, contra diarréia Esp
Quebra-pedra PT I Diurética, contra dor de barriga
F I Para expulsão de cálculos renais, distúrbios hepáticos
PIPERACEAE
Peperomia rotundifolia (L.) Kunth 7,0 F I Sedativo, contra dor de barriga FC
Salva-vida F D Facilita a digestão, contra hipertensão, distúrbios estomacais, gripe,
gastrite
Piper cernuum (1) Vell. 22,0 F I Analgésica (principalmente dor de barriga), contra hepatite, distúrbios F
Pariparoba renais
F D Uso tópico para aliviar dores musculares
R F Analgésica, contra cólicas abdominais
Piper gaudichaudianum (4) Kunth 26,5 F I Para dor de dente F
Jaborandi F F Para dor de dente
R F Uso interno como antiinflamatório, contra distúrbios hepáticos
Piper cf.lhotzkyanum Kunth 18,5 F I Distúrbios, hepáticos, renais e estomacais F
Apeparuão
POACEAE
Cymbopogon citratus (1) (DC.) Stapf 35,5 F I Sedativa, contra diarréia, gripe, dor de cabeça, dores musculares, reu- Cul
Capim-sidrol (limão) matismo, febre, hipertensão, dores em geral
F S Como agente refrescante, sedativa
F D Gripe, reumatismo
R I Antidiurético
Saccharum officinarum (2,3) L. 3,0 F D Diurética, contra hipertensão Cul
Cana-de-açúcar R D Distúrbios renais, parasitas intestinais
B I Diurética e contra parasitas intestinais
F I Hipertensão
POLYGONACEAE
Polygonum hydropiperoides Michx. 8,0 F B Para eliminar piolho, contra coceiras, hemorróidas FS
Erva-de-bicho F I Uso interno como anti-hemorrágica
PORTULACACEAE
Portulaca oleracea L. 6,0 F S Úlceras, dor de barriga Esp
Verduega F F Mastigar a folha para úlceras, dor de barriga
183
PTERIDACEAE
Adiantum sp. 4,0 F I Gripe, tosse F
Avenca F X Coqueluche
ROSACEAE
Prunus domestica L. 3,5 F D Dores em geral (principalmente dor de cabeça) Cul
Ameixa F B Antiinflamatória
C I Dor de barriga, diarréia
Sem S Usada para lavar os olhos nas irritações
Fr I Distúrbios hepáticos, dor de barriga
F D Diarréia
Fr D Diarréia
C D Diarréia
RUBIACEAE
Coffea arabica (2) L. 2,5 F I Abortiva, contra diabetes, dor de cabeça Cul
Café Fr I Abortiva
Fr D Estimulante
Fr I Beber depois de secar os frutos e moer (até virar pó)
SOLANACEAE
Solanum granuloso-leprosum(3)Dunal 3,0 PT F Cicatrização (uso externo) Cul
Fumo-bravo
Solanum lycopersicum (2) L. 1,0 F Mag Uso tópico contra queimaduras Cul
184
Tomate Fr F Distúrbios da próstata
Fr F Comestível como salada
Solanum paniculatum L. 2,0 F D Parasitas intestinais, distúrbios estomacais FS
Jurubeba
URTICACEAE
Parietaria sp. 1,5 F I Distúrbios renais F
Paretária F B Uso tópico contra infecções em geral
R B Uso tópico contra infecções em geral
Cecropia peltata (1) L. 19,0 F D Tosse, bronquite, gripe F
Embaúba B X Tosse
VERBENACEAE
Lippia alba (1) (Mill.) N.E.Br 29,5 F I Sedativa, contra hipertensão, cólica estomacal, náusea, gripe Esp
Erva-cidreira R I Gripe, tosse
F B Cicatrizante (uso externo)
F X Tosse, bronquite
VIOLACEAE
Anchietea salutaris A. St.-Hil. 2,5 F I Uso externo contra sarna, coceira, uso interno contra asma F
Cipó-suma PA D Uso externo contra sarna, coceira, uso interno contra asma
ZINGIBERACEAE
Zingiber officinale (1,2) Roscoe 12,0 R X Dor de barriga Cul
Gengibre R D Tosse, gripe
Tabela 1 - Plantas Medicinais utilizadas na em água, IC=infusão do colmo, X=xarope; A Tabela acima foi traduzida por Helen Elisa
região da Mata Atlântica, São Paulo, Brasil C. R. Bevilacqua e revisada por Sumiko Honda
REC=RECURSO: F=floresta, Cul=cultivo, com autorização do autor.
Legendas: FC=Floresta e cultivo, Esp=espontânea no
jardim e em formação secundária, FS=formação A responsabilidade da identificação das
%=porcentagem relativa entre 200 informantes secundária, FFS=floresta e formação secundária; plantas é do Herbário BOTU, do Departamento
185
que citaram a planta; de Botânica do Instituto de Biociências de
(1)=economicamente explorada como Botucatu, UNESP-SP. O Herbário Municipal de
PU=PARTE DA PLANTA UTILIZADA: planta medicinal, (2) economicamente São Paulo realizou a revisão da grafia dos nomes
B=broto, Bb=bulbo, Fl=Flor, Fr=fruto, F=folha, explorada como alimento, (3) economicamente científicos e a atualização da nomenclatura
R=raiz, Sem=sementes, Est=estipe(caule), explorada na forma crua para outros usos, conforme a identificação original, adequando
C=casca, PA=parte aérea, PT=planta toda; (4)=economicamente explorada como também ao sistema baseado em APGII.
adulteração à outra planta medicinal;
PT=PREPARAÇÃO TRADICIONAL:
B=banho, D=decocção, F=fresco, I=infusão, L.C. Di Stasi et al. / Fitoterapia 73 (2002) 74 -
S=suco, Mal=macerado em álcool, Mag=macerado 87, publicada pela Elsevier Science B.V.
Para um gênero que, na reclassificação, foi trans- Fitocosmético: tônico capilar (loção capilar, xampu);
ferido de uma família botânica para outra (em que óleo (cabelo e pele).
fica melhor posicionado), sem que a família à qual
pertencia tenha sido extinta, é apresentada também Precauções/Toxicidade/Contra-indicação: usar
esta família, precedida de “anteriormente”. Caso o gê- com cautela e sob orientação médica. Não é indicado
nero tenha pertencido a uma família botânica que foi em altas doses por via oral, pois é abortivo; provoca
extinta (porque todos os seus gêneros foram reposi- irritações gastrintestinais, podendo causar gastrite, gas-
cionados em outra), essa família extinta será apresen- trenterite, nefrite e demais complicações. O seu uso du-
tada precedida de “antiga”. rante a noite pode alterar o sono. É fotossensibilizante e
a sua essência pode ainda ser irritante para a pele.
Neste anexo são apresentadas algumas plantas
cujas ações ainda não estão comprovadas cientifica- Contra-indicação: diabetes, hipertensão, hipertrofia
mente, mas que são tradicionalmente conhecidas e da próstata, doenças inflamatórias da pele, indivíduos
utilizadas. Outras foram apresentadas como exem- com diarréia, gestantes, lactantes e crianças.
Nomes populares: alfavaca, alfavaca-cravo, manjericão- Nomes populares: arnica-paulista, arnica, couve-
cheiroso, etc. marinho, couvinha, erva-fresca, couve-cravinho, cra-
vorana, cravo-de-urubu no Nordeste, etc.
Partes usadas: planta inteira, folhas.
Partes usadas: folhas, a planta toda.
Principais componentes químicos: óleos essenciais
(eugenol, cineol, cariofileno e ocimeno). Principais componentes químicos: flavonóides, ta-
ninos e alcalóides.
Algumas propriedades: infusão (chá): digestivo esto-
macal (azia), intestinal (gases, cólicas). Algumas propriedades: somente para uso externo
(via tópica): compressas e tinturas para traumatis-
Precauções/Toxicidade/Contra-indicação: é fotos- mos, contusões (hematomas, reumatismos), picadas
sensibilizante devido ao óleo essencial e seu uso não é de insetos; há alguma pesquisa preliminar sobre efei-
indicado em gestantes, lactantes e crianças. to em Leishmaniose cutânea.
Abortivo, causa hemorragia interna, sendo contra- Atinge 30-60 cm de altura, possui folhas sésseis de 6
indicado para gestantes, lactantes, crianças menores a 12 cm de comprimento e inflorescências terminais
de seis anos, pacientes com cálculos renais, distúrbios do tipo capítulo, amarelas a alaranjadas.
do sistema nervoso central e do sistema respiratório.
Família botânica: Asteraceae (Compositae)
O ascaridol é considerado um dos óleos essenciais
190
mais tóxicos, podendo causar irritação renal, vômitos Nomes populares: margarida-dourada, maravilha-
e diarréia. dos-jardins, bonina, malmequer, malmequer-
dos-jardins, flor-de-todos-os-males, verrucária,
Em casos de cálculos biliares deve ser usado com maravilha, etc.
orientação médica.
Parte usada: folhas frescas. Parte usada: inflorescências (capítulos).
9) – BOLDO-PELUDO - Plectranthus barbatus
Andr. (sin.: Coleus barbatus (Andrews) Benth. e Principais componentes químicos: óleos Principais componentes químicos: óleos
Coleus forskohlii (Willd.) Briq.). essenciais (guaieno e fenchona), flavonóides, essenciais, carotenóides, flavonóides, mucilagens,
saponinas, alcalóides, etc. saponinas, resinas e princípio amargo.
Arbusto provavelmente originário da Índia e de
cultivo comum no Brasil, observando-se o uso das Algumas propriedades: infusão, maceração, sumo Alguns usos e propriedades: antiinflamatório e
suas folhas em todos os Estados. Folhas suculentas, com folhas frescas: nas dispepsias (azia e má digestão) cicatrizante de uso externo.
pilosas, amargas, de margens denteadas, medindo e por ser amargo, além de estimular a digestão,
de 5 a 8 cm de comprimento. Suas flores são azul- auxilia nas afecções hepáticas (ressaca alcoólica) e Aplicações terapêuticas:
arroxeadas, arranjadas em inflorescências. vesiculares, agindo como colerético e colagogo.
- ferimentos de pele de origens diversas,
Família botânica: Lamiaceae (Labiatae) Precauções/Toxicidade/Contra-indicação: preferencialmente limpos (não infectados), com
usar com cautela, pois há informações conflitantes. propriedades cicatrizantes (ativação do metabolismo
Nomes populares: falso-boldo, boldo-nacional, Embora as pesquisas do PPPM-Ceme indiquem que de glicoproteínas, nucleoproteínas e do tecido
boldo-brasileiro, boldo-do-brasil, boldo, boldo-da- Plectranthus barbatus não tem efeito tóxico, cita-se conjuntivo, com marcante reepitelização); pode ser
terra, boldo-de-jardim, boldo-silvestre, boldo-do- em literatura que grandes doses ou o uso prolongado usado também em escaras (úlceras de pressão);
LORENZI, H.; MATOS F.J.A. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2.ed. Nova Odessa, SP: Plantarum, 2008 p.127
lógicas diversas, como eczema infantil, bem como em
aplicações nas áreas de proctologia e angiologia. Pode
ser utilizada a infusão em inflamações oculares após a
avaliação e indicação de um profissional da saúde. A 191
mesma infusão pode ser aplicada na mucosa bucal em
bochechos em casos de aftas e gengivites.
Precauções/Toxicidade/Contra-indicação: pode
causar alergia em pessoas sensíveis a espécies da famí-
lia Asteraceae; em caso de hipersensibilidade a planta,
descontinuar o uso. Relata-se interferência na absorção
de ferro no uso concomitante com suplementação des-
te mineral.
Nomes populares: cânfora, canfrinho, cânfora-rasteira. Nomes populares: capim-cidreira, erva-cidreira, 14) – CARQUEJA - Baccharis trimera (Less.) DC. e
capim-santo, chá-de-estrada, capim-catinga, capim- outras.
Parte usada: folhas cheiroso, capim-cidrilho, capim-de-cheiro, capim-
ciri, patchuli, grama-cidreira, capim-cidrão, etc. Diversas espécies nativas das Américas e que ocorrem
Principais componentes químicos: óleos essenciais, no sul e sudeste do Brasil.
princípios amargos, flavonóides e ácidos orgânicos. Parte usada: folhas.
São de difícil identificação, pois existem diversas espé-
Principais componentes químicos: Óleos essen- cies com aspectos semelhantes. As carquejas são plan-
Foto: Juscelino Nobuo Shiraki 2008
ciais (citral, mirceno), alcalóides, saponinas, cumari- tas herbáceas, perenes e caracterizam-se por possuir o
nas e flavonóides. caule e ramos verdes, com expansões trialadas. Atin-
192
gem até 1 m de altura e apresentam sabor amargo.
Algumas propriedades: principalmente como anal-
gésico (uso interno), como antigripal para dores no Família botânica: Asteraceae (Compositae)
corpo. Ação sedativa não foi confirmada pela CEME.
Nomes populares: carqueja-amargosa, carqueja-do-
Refresco: chá das folhas, associado com suco de li- mato, carque, carqueja-amarga, bacanta, bacárida, cacá-
mão e água. lia, condamina, vassoura, vassoura-de-botão, bacória,
cacália-amarga, quina-de-cocomine, quina-de-conda-
Infusão (chá das folhas frescas): provoca a transpira- mine, tiririca-de-babado, etc.
ção, ação digestiva, espasmolítica suave, nos resfriados.
Precauções/Toxicidade/Contra-indicação: no
uso externo, a pele deve estar íntegra, sadia e não in-
15) - CATINGA-DE-MULATA –Tanacetum vulga- Precauções/Toxicidade/Contra-indicação: Principais componentes químicos: sais minerais, 193
re L. a eficácia e a segurança da planta ainda não são principalmente ácido silícico, potássio, fósforo,
comprovadas e intoxicações podem acontecer pela manganês, flavonóides, alcalóides, taninos,
Erva entouceirante, ereta, aproximadamente 80 cm presença de tuiona (tóxica). Grávidas e nutrizes não saponinas, ácidos orgânicos.
de altura, aromática, originária da Europa e cultivada devem fazer uso.
no Brasil como ornamental. As folhas são muito re- Algumas propriedades: usada na medicina caseira
16) - CAVALINHA - Equisetum arvense L., E. na forma de chá como diurético (maior atividade
hyemale L. e outras. diurética no E. hyemale), com ação adstringente e
auxiliar no tratamento de processos reumáticos
Foto: Juscelino N. Shiraki 2008
Subarbusto do grupo das Pteridófitas que vegeta, e osteoporose, bem como nos problemas de
preferencialmente, em terrenos úmidos. Apresenta recalcificação de fraturas.
rizomas subterrâneos e caules (haste) aéreos
eretos, de coloração esverdeada, fistulosos (ocos) Precauções/Toxicidade/Contra-indicação:
e estriados, que podem alcançar 60 cm de altura apresenta um fator antinutricional (tiaminase),
ou mais. As folhas são pequenas, escamiformes, que inativa a tiamina (vitamina B1) e a falta deste
geralmente soldadas entre si na base, simulando nutriente pode provocar lesões no sistema nervoso
uma bainha com várias pontas, envolvendo o central. Em altas concentrações pode provocar
caule nos nós. Os ramos aéreos estéreis podem ser irritações no sistema urinário, cefaléias, anorexia,
ramificados (exemplo, E. arvense) ou não (exemplo, fadiga possivelmente devido à presença de
E. hyemale), sendo que os ramos férteis não se alcalóides. Topicamente pode provocar dermatite
ramificam e terminam em estróbilos produtores de seborréica. Contra-indicado para gestantes e
esporos. lactantes e pacientes com insuficiência renal.
(fotos: LORENZI, H.; MATOS F.J.A. Plantas medicinais no Algumas propriedades: usada há centenas de anos
Brasil: nativas e exóticas cultivadas. 2.ed. Nova Odessa, SP: em aplicações tópicas no tratamento de dores mus-
Plantarum, 2008. p.520 e 521.) culares, contusões, artrite reumatóide, como antiinfla-
matório.
21) - ERVA-BALEEIRA – Cordia curassavica (Jacq.)
Roem. & Schult. (sin.: Cordia verbenacea DC. e Varro- A folha é amplamente utilizada na medicina caseira,
nia verbenacea (DC.) Borhidi). principalmente nas regiões litorâneas do Sudeste e
Leste, onde é considerada antiinflamatória, anti-artrí-
Nomes populares: maria-preta, catinga-de-barão, tica, analgésica, tônica e anti-ulcerogênica. Para reu-
cordia, balieira-cambará, erva-preta, maria-milagrosa, matismos, artrite reumatóide, gota, dores musculares,
salicinia, maria-rezadeira, camarinha, etc. nevralgias e contusões, é recomendado o seu chá que
também é empregado para a cicatrização de feridas ex-
Família: Boraginaceae ternas não infectadas.
Algumas propriedades: uso local em contusões trau- Árvore de pequeno porte, nativa das matas do sul
máticas como antiinflamatória, cicatrizante e anti-sép- do Brasil. Tem folhas coriáceas, elípticas, de margem
tica. Repelente de insetos como pulgas, percevejos e espinescente e até 9 cm de comprimento.
piolhos. A atividade anti-helmíntica não foi totalmente
confirmada pelos estudos do PPPM-Ceme. Nas regiões Sudeste e Sul, ocorre Maytenus
aquifolium Mart., com folhas subcoriáceas,
Precauções/Toxicidade/Contra-indicação: usar igualmente espinescente nas margens e de até 15 cm
com cautela e sob orientação médica, devido a sua de comprimento, de usos similares.
Erva aromática nativa da Europa, das regiões Óleo essencial dos frutos: sabor e odor a
próximas ao Mediterrâneo, e cultivada em todo o medicamentos, licores e guloseimas. O óleo essencial
Brasil. Atinge de 40 a 90 cm de altura, possui folhas tem efeito estimulante (por massagens).
pinadas com folíolos reduzidos a filamentos e flores
pequenas, amarelas, reunidas em umbelas. Precauções/Toxicidade/Contra-indicação: o
modelo experimental utilizado nas pesquisas do
Família botânica: Apiaceae (Umbeliferae) PPPM-Ceme detectou toxicidade e não verificou ação
sedativa, hipnótica, ansiolítica, anticonvulsivante e/
Nomes populares: erva-doce, funcho-doce, erva- ou neuroléptica.
doce-de-cabeça, finochio, erva-doce-brasileira, falsa-
erva-doce, falso-anis, fiolho-de-florena, fiolho-doce, 27) - GENGIBRE - Zingiber officinale Roscoe
funcho-bastardo, funcho-comum, funcho-vulgar,
funcho-italiano, pinochio, etc. Erva rizomatosa, ereta, com cerca de 50 cm de altura,
originária da Ásia. Adaptou-se bem em todas as
Partes usadas: frutos e ocasionalmente a base do regiões de clima tropical e no Brasil.
pecíolo da folha fresca.
O rizoma é ramificado, de cheiro e sabor picante,
Principais componentes químicos: óleo essencial agradável.
(anetol), ácidos, cumarinas, flavonóides e esteróides.
Família botânica: Zingiberaceae
Algumas propriedades: como condimentar, aro- Decocto: em gargarejo e bochecho nos casos de in-
mático, ação estimulante digestiva, nas dispepsias e flamações da boca e garganta.
carminativo nas cólicas flatulentas; antiinflamatório
(artroses), para náuseas e vômitos (de viagens, de pós- Tintura (uso externo): aplicação local, em fricções ou
operatório, de gravidez). compressas, nas partes afetadas por dores reumáticas
pós-traumáticas.
Culinária (especiaria aromática e condimento): tem-
peros, molhos, sopas, em saladas, conservas, sucos, Extrato ou tintura (uso interno): expectorante e
licores, bebidas refrigerantes, doces e confeitos. broncodilatador.
Chá, com rizoma fatiado (uso interno): digestivo, carmi- Precauções/Toxicidade/Contra-indicação: estu-
nativo (nas cólicas flatulentas) e para náuseas e vômitos. dos do PPPM-Ceme não acusaram efeito tóxico, mas
a presença de cumarinas pode provocar alterações na
Emplastros e compressas (uso externo): antiinflama- coagulação com sangramentos e levar a um aumento 199
tório (dores da artrose). do fluxo menstrual. Não deve ser utilizado por mu-
Fotos: Juscelino N. Shiraki 2008
lheres com menstruação abundante, gestantes, lac-
Cosmética: perfumes. tantes, crianças menores de um ano, pacientes com
28) – GUACO – Mikania spp. problemas hepáticos, com quadros diarréicos, de
Precauções/Toxicidade/Contra-indicação: na vômitos, hipertensos e cardiopatas. Recomenda-se
náusea e vômito da gravidez utilizar um terço da dose Trepadeiras sublenhosas, perenes, sem gavinhas, maior critério em quadros respiratórios crônicos não
usual e seguir obrigatoriamente a orientação médica. com folhas opostas. diagnosticados, devendo o médico afastar hipóteses
Contra-indicado para portadores de cálculos biliares. de: tuberculose, pneumonias bacterianas, câncer,
Família botânica: Asteraceae (Compositae) verminoses (com ciclo pulmonar), amidalites bacte-
rianas purulentas, etc.
Nomes populares: guaco-de-cheiro, guaco-liso,
guaco-trepador, uaco, cipó-almecega-cabeludo, cipó- Em doses terapêuticas não causa efeitos colaterais,
catinga, cipó-sucuriju, coração-de-jesus, erva-cobre, entretanto evitar a utilização por tempo prolongado,
erva-das-serpentes, erva-de–cobra, erva-de-sapo, pois o uso crônico pode levar a acidentes hemorrági-
erva-dutra, etc. cos. Não usar com anticoagulantes.
LORENZI, H.; MATOS F.J.A. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2.ed. Nova Odessa, SP: Plantarum, 2008 p.297
gestantes, crianças e indivíduos com depressão crôni-
Mikania laevigata Sch. Bip. ex Baker ca. Incompatível com outras plantas e medicamentos;
seu uso deve ser feito com cautela e obrigatoriamente
Também originária do Sul do Brasil, de São Paulo ao sob orientação médica.
200
Rio Grande do Sul.
30) - HORTELÃS e MENTAS - Mentha spp.
Suas folhas são mais grossas, brilhantes e aromáticas
que as da Mikania glomerata. São ovadas ou ovado- São as denominações populares para diversas espécies
lanceoladas, glabras, com base arredondada, (e híbridos) do gênero Mentha. Ervas aromáticas de 30
trinervadas, com 7 a 15 cm de comprimento por 2 a a 60 cm de altura, originárias de regiões temperadas da
5 cm de largura. Europa e Ásia.
Fonte: LORENZI, H.; MATOS F.J.A. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2.ed. Nova Odessa, SP: Plantarum, 2008 p.115
margens serradas. e transtornos de origem nervosa (cefaléia, vertigens);
digestiva (azia, má digestão); espasmolítica suave, ali-
Família botânica: Lamiaceae (Labiatae) viando pequenas crises de cólica; analgésica nas dores
de gripes e resfriados.
Nomes populares: erva-cidreira, cidreira, erva-ci-
dreira-verdadeira, cidrilha, melitéia, chá-da-frança, li- Suco ou decocto (uso externo): aliviar e acalmar dores.
monete, citronela-menor, melissa-romana, erva-luísa,
salva-do-brasil, chá-de-tabuleiro, etc. Óleo essencial (uso local): anti-séptica.
Parte usada: folhas e ramo floral (sumidades floridas). Compressas (folhas): picadas de insetos.
A essência apresenta efeitos antivirais, úteis em qua- Bem ramificada e pilosa, cresce até 1 m e pode apresen-
dros de herpes labial. tar pequenas flores roxas, lilases ou brancas, arranjadas
em capítulos.
Culinária: tempero para saladas, molhos, sucos e aro- Alguns usos e propriedades: pesquisas do PPPM-
matizante de alimentos. Família botânica: Asteraceae (Compositae) Ceme confirmaram ação para tratamento de artrose,
principalmente pelo efeito analgésico.
Foto: Sonia A. Dantas Barcia 2008
Partes usadas: folhas ou parte aérea sem as flores, fresca Decocto (uso interno): analgésica, antiinflamatória,
ou seca. anti-reumática e para cólicas menstruais.
Foto: Livro LORENZI, H.; MATOS F.J.A. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2.ed. Nova Odessa, SP: Plantarum, 2008 p.124
são profundamente divididas, de sabor ardido e Alguns usos e propriedades: uso na medicina po-
cheiro de agrião. Seus frutos esféricos dispostos em pular como digestivo, diurético, antiinflamatório e
cachos são característicos. anti-séptico.
Precauções/Toxicidade/Contra-indicação: estu-
dos do PPPM-Ceme indicam Phyllanthus niruri sem
efeito tóxico, mas devido à presença de alcalóide,
com potencial ação tóxica, não se deve ultrapassar
as doses recomendadas e não fazer uso prolongado.
Doses excessivas podem produzir hipotensão, prova-
velmente devido ao efeito diurético.
Herbácea ornamental e aromática de 20 a 60 cm, nativa Culinária (folhas): como condimento na culinária de Culinária: folhas cozidas em caldos, sopas, refogados.
da região mediterrânea da Europa. Possui folhas lance- vários países.
oladas, de aproximadamente 6 cm de comprimento, Infusão (chá das folhas): uso interno, diurética, antiin-
revestidas de pêlos esbranquiçados. Infusão (chá das folhas e ramos florais frescos ou secos): flamatória e cicatrizante; em gargarejos, faringite, gen-
ação digestiva (azia, má digestão), auxilia na eliminação givite, estomatite, traqueíte, amigdalite não bacterianas.
Família botânica: Lamiaceae (Labiatae) de gases do aparelho digestório; ação na sudorese exces-
siva das mãos e axilas; inflamações da mucosa bucal e Cataplasma (folhas amassadas em pilão): picadas de in-
Nomes populares: salva, sálvia-comum, salva-comum, laríngea. setos e afecções da pele.
salva-das-boticas, salva-dos-jardins, salva-ordinária, chá-
da-frança, chá-da-grécia, erva-sagrada, sabiá, salveta, sal- Precauções/Toxicidade/Contra-indicação: contra- Precauções/Toxicidade/Contra-indicação: embora
das-boticas, salva-de-remédio, etc. indicado para gestantes, lactantes e pacientes epiléticos. o PPPM-Ceme não tenha verificado efeito tóxico, seu
Evitar o consumo em excesso e por longos períodos. uso não é recomendado para gestantes e lactantes.
Parte usada: folhas.
41) – TANCHAGEM - Plantago spp. Em Plantago major, estudos do PPPM-Ceme não veri-
Principais componentes químicos: óleos essenciais ficaram ação antiinflamatória, analgésica e antipirética.
(borneol, cineol, cânfora e tuiona), ácido rosmarínico, Ervas acaules, que crescem espontaneamente em terre-
Helen Elisa Cunha de Rezende Bevilacqua As plantas são capazes de produzir um arsenal imenso
Linete Maria Menzenga Haraguchi de substâncias, tanto metabólitos primários (essenciais à
Prof. Dr. Luis Carlos Marques
Profa. Dra. Nilsa Sumie Yamashita Wadt sobrevivência da planta) como secundários. Esses últimos
Sumiko Honda que já foram considerados pelos cientistas como produto
207
de dejeto da planta, são compostos produzidos com gasto
de energia, para que as plantas, seres fixos ao solo, possam
Uma planta com valor terapêutico, nutricional ou tó- exercer a sua comunicação com o mundo, funcionando
xico tem, entre seus componentes químicos, substâncias como sinais químicos, trazendo-lhes benefícios.
capazes de atuar sobre os organismos, influenciando suas
funções. Esses compostos, embora aparentemente não essenciais
à sobrevivência da planta (metabólitos secundários), partici-
Se a interação dessas substâncias químicas com o nos- pam de processos que garantem a perpetuação das espécies
so organismo produz efeitos desejáveis, como o alívio de em seus ambientes. Por exemplo, através do sabor desagradá-
dores, correção de pressão arterial alterada, regulação de vel ou da toxicidade afastam predadores, pelo odor ou colo-
temperatura corporal, etc., atuando no alívio de sintomas ração podem atrair polinizadores e dispersores. Essas subs-
das doenças, as plantas que as possuem serão consideradas tâncias, chamadas de metabólitos secundários das plantas, de
plantas medicinais. alguma forma mimetizam aquelas normalmente existentes
em nosso organismo, influenciando-o no seu funcionamen-
Plantas tóxicas são aquelas que produzem substâncias to e, neste contexto, passam a se chamar princípio ativo.
com o potencial de causar intoxicações em seres humanos
ou em animais. Mas a humanidade já se aproveitou dessas Os principais grupos de princípios ativos (metabólitos
plantas, utilizando essas substâncias para envenenar flechas secundários) presentes nas plantas constam da tabela 2
na caça ou como veneno para peixes. Em tempos recentes, deste anexo.
Capim-limão – Cymbopogon citratus Hortelã – Mentha x piperita, M. spicata e outras Terebentina – óleo resina de Pinus spp.
carminativa (antiflatulenta) contra gases intestinais Frutos de erva-doce e funcho, folhas de melissa e
e antiespasmódica (contra a cólica) hortelã, inflorescências de camomila
demulcente (protetora de mucosa) Folhas e flores de malva; gel das folhas da babosa,
e emoliente (protetora da pele) tanchagem (toda)
Mucilagem
laxante e regulador do sistema gastrintestinal Fucus e ágar, sementes de tanchagem e linhaça
ação sobre o sistema nervoso: Folhas maracujá e tabaco (não utilizar), casca da
Alcalóide analgésica, sedativa, anestésica, calmante, estimulante, quina e mulungu, beladona (inteira-tóxica), boldo
tônico, entre outras
estimulante do peristaltismo intestinal, efeito laxante Casca de cáscara-sagrada, folhas e frutos do sene,
Glicosídeo antraquinônico raiz ruibarbo, folha de babosa (‘resina’)
Tabela baseada em: FREITAS, P.C.D. Apostila do treinamento tecnológico: fitoterapia e fitoterápicos. São Paulo: USP, 1996. (Apostila).
Nome popular Nome científico Propagação Condições de Parte usada Colheita Classificação PPPM-
cultivo ANVISA CEME
Alecrim Rosmarinus officinalis sementes, sol pleno/solo folhas ano todo Especiaria -
estacas arenoso e seco Droga vegetal
Alho Allium sativum bulbilho sol pleno/solo rico bulbos 150 dias após D.V, Especiaria X
(dente) e bem drenado o plantio Fitoterapia
Arnica-do- Porophyllum ruderale sementes sol pleno/solo rico planta toda antes da - -
mato frutificação
Aroeira- Schinus terebinthifolius sementes, sol pleno/solo Casca do caule frutificação Especiaria X
mansa estacas arenoso e úmido e frutos Droga Vegetal
Babosa ou Aloe vera brotos laterais sol pleno/solo gel mucilagino- ano todo -
áloe arenoso so das folhas Fitoterapia
Boldo-do- Peumus boldus É uma planta não cresce no Brasil folhas - D.V., Chá -
chile exótica Fitoterapia
Capim-limão Cymbopogon citratus divisão de sol pleno/solo todo folhas 6 meses após Chá X
touceira tipo o plantio Droga Vegetal
Carqueja Baccharis trimera sementes, sol pleno/solo todo partes 5 meses após Chá X
estacas tipo aéreas o plantio Droga Vegetal
Colônia Alpinia zerumbet divisão de sol pleno ou parcial folhas ano todo - X
touceira /solo areno -
argiloso
Confrei Symphytum officinale divisão de sol pleno ou raízes 4 meses após Fitoterapia X
touceira parcial/solo rico/ o plantio
úmido
Embaúba- Cecropia glazioui sementes sol pleno/solo rico folhas e raízes ano todo - X
212
vermelha e úmido
Erva-cidreira Lippia alba estacas sol pleno/solo rico partes aéreas ano todo Droga vegetal X
falsa
Erva-de- Chenopodium sementes sol pleno/solo todo planta toda ano todo - X
santa-maria ambrosioides tipo
ou mentruz
Erva-doce ou Pimpinella anisum sementes sol pleno/solo frutos frutificação Chá, D.V., -
anis arenoso, bem Especiaria
drenado Fitoterapia
Funcho ou Foeniculum vulgare sementes sol pleno/solo folhas, frutos e 3-4 meses Chá X
erva-doce leve, fértil e bem talos após plantio Especiaria
drenado
Guaco Mikania glomerata estacas sol pleno e parcial/ folhas 6 meses após Fitoterapia X
solo argiloso, o plantio Droga vegetal
úmido e rico
Guaco Mikania laevigata estacas sol pleno e parcial/ folhas 6 meses após - -
solo argiloso, o plantio
úmido e rico
Hibisco Hibiscus sabdariffa sementes sol pleno/solo todo flores ano todo Chá -
tipo
Hortelã ou Mentha x piperita divisão de sol pleno ou sumidades antes do Chá, D.V., X
hortelã- touceira, sombreado/ solo floridas e florescimento Especiaria
pimenta estacas de rico ramos/folhas Fitoterapia
caule
Losna ou Artemisia absinthium rizoma, sol pleno e parcial/ flores e folhas 6 a 8 meses - -
213
absinto estacas, solo argiloso, após o plantio
divisão de drenado e úmido
touceira
Louro Laurus nobilis estacas, sol pleno ou meia folhas folhas bem Especiaria -
alporquia sombra/solo desenvolvidas
argiloso
Manjericão ou Ocimum basilicum sementes, sol pleno ou meia folhas e talos ano todo Especiaria -
basílico estacas sombra/solo rico
Manjerona Origanum majorana sementes, sol pleno ou meia folhas e talos ano todo Especiaria -
estacas sombra/solo rico
Maracujá, Passiflora incarnata sementes sol pleno/solo rico partes aéreas ano todo Fitoterapia -
passiflora e bem drenado Droga Vegetal
Maracujá- Passiflora edulis sementes sol pleno/solo rico folhas verão, ano Chá X
azedo e bem drenado todo Droga Vegetal
Menta ou Mentha arvensis divisão de sol pleno/solo rico folhas e ano todo Chá -
Hortelã-doce touceira, e úmido ramos Especiaria
estacas,
estolão
Mentrasto ou Ageratum conyzoides sementes sol pleno/solo partes aéreas florescimento Droga Vegetal X
erva-de-são- úmido sem as flores
joão
Picão-preto Bidens pilosa sementes sol pleno/solo folhas ano todo Droga Vegetal -
argiloso e bem
drenado
Pitanga Eugenia uniflora sementes sol pleno/solo rico folhas primavera Chá -
Droga Vegetal
214
Quebra-pedra Phyllanthus niruri sementes sol pleno, parcial/ partes aéreas 2-3 meses Droga Vegetal X
solo todo tipo, após o plantio
úmido
Quebra-pedra Phyllanthus tenellus sementes sol pleno, parcial/ planta toda 2-3 meses - -
solo todo tipo, após o plantio
úmido
Romã Punica granatum sementes, sol pleno/solo rico casca do fruto 3 anos (na Droga Vegetal -
estacas e úmido frutificação)
Salsa Petroselinum crispum sementes sol pleno/solo rico folhas e talos ano todo Especiaria -
Sálvia Salvia officinalis sementes, sol pleno/solo rico folhas ano todo Especiaria -
estacas Droga Vegetal
Sabugueiro Sambucus nigra estacas sol pleno/solo rico flores florescimento Fitoterapia -
Droga Vegetal
Tanchagem Plantago major sementes sol pleno, parcial/ folhas ano todo Droga Vegetal X
solo úmido
Tipi Petiveria alliacea sementes sol pleno/solo todo folhas e raízes antes da - X
tipo floração
Tomilho Thymus vulgaris sementes, sol pleno/solo todo folhas e talos ano todo Especiaria -
estacas, tipo, bem drenado
divisão de
touceira
215
Urucum Bixa orellana sementes sol pleno/solo todo sementes frutificação Especiaria X
tipo
OBS.: D.V. = droga vegetal solo rico = solo rico em matéria orgânica
Raiz: órgão de fixação da planta ao solo, cuja Semente: estrutura reprodutiva que contém o Xarope: solução aquosa que apresenta alta
função básica é a absorção de água e nutrientes embrião da planta e a reserva alimentar, constituindo concentração de sacarose, normalmente superior
minerais. em um óvulo fecundado. a 40% (m/V). Xaropes artificiais estão sendo
produzidos com compostos de adjuvantes
Reação adversa a medicamentos: é qualquer Uso sustentável: é a utilização dos componentes espessantes e edulcorantes apropriados para
resposta a um medicamento que seja prejudicial, não da diversidade biológica de modo e em ritmo tais pacientes diabéticos ou em casos de diarréia.
241
SABESP – Companhia de Saneamento Básico do Estado SUS - Sistema Único de Saúde UFAM - Universidade Federal do Amazonas
de São Paulo da Secretaria de Saneamento e Energia do Es-
SVMA – Secretaria Municipal do Verde e do Meio Am- UFC - Universidade Federal do Ceará
tado de São Paulo
biente da Prefeitura da Cidade de São Paulo
UMAPAZ-1 – Divisão Técnica Escola Municipal de
SENAI - Serviço Nacional de Aprendizagem Indus- SVMA/UMAPAZ - Departamento de Educação Am-
Jardinagem
trial - São Paulo biental e Cultura de Paz, Universidade Aberta do Meio
UNESP - Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mes-
SES-SP – Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo Ambiente e da Cultura de Paz
quita Filho”
SMA - Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Estado SVMA/DEPAVE-DepartamentodeParqueseÁreasVerdes UNIBAN - Universidade Bandeirante de São Paulo
de São Paulo
SVMA/DEPAVE/2 - Divisão Técnica de Produção e Ar- UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas
SMS – Secretaria Municipal da Saúde do Município
borização
UNIFESP – Universidade Federal de São Paulo
de São Paulo
SVMA/DEPAVE/21 – Viveiro Manequinho Lopes
SMS/CAB/MTHPIS – Secretaria Municipal da Saúde, UNINOVE - Universidade Nove de Julho
SVMA/DEPAVE-8 – Divisão Técnica de Unidade de Con-
Coordenação da Atenção Básica, Área Técnica das Medicinas
UNIP - Universidade Paulista
servação e Proteção da Biodiversidade e Herbário Municipal
Tradicionais, Homeopatia e Práticas Integrativas em Saúde
245
SVMA/DGD – Secretaria Municipal do Verde e do Meio UNITAU - Universidade de Taubaté
SMS/COVISA/CCD/CCISP - Secretaria Municipal da
Ambiente, Departamento de Gestão Descentralizada
USP – Universidade de São Paulo
Saúde, Coordenação de Vigilância em Saúde, Centro de
SVMA/DGD/N2 – Divisão Técnica do Núcleo de Ação
Controle de Doenças, Centro de Controle de Intoxicações WHO – World Health Organization
Descentralizado Norte 2
do Município de São Paulo
SVMA/DGD/L1 - Divisão Técnica do Núcleo de Ação
SNUC - Sistema Nacional de Unidades de Conservação
Descentralizado Leste 1