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CURSO 2

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL:


ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL
CURSO 2
PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL:
ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL

CEPED/UFSC – Florianópolis, 2021.


1ª EDIÇÃO
FICHA INSTITUCIONAL

REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA – UFSC


Presidente da República Reitor
Jair Messias Bolsonaro Prof. Ubaldo Cesar Balthazar, Dr.

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL – MDR SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – SEAD


Ministro Secretário de Educação a Distância
Rogério Simonetti Marinho Prof. Luciano Patrício Souza de Castro, Dr.

SECRETARIA NACIONAL DE PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL – SEDEC CENTRO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM ENGENHARIA E DEFESA CIVIL – CEPED
Secretário Coordenador Geral
Alexandre Lucas Alves Prof. Amir Mattar Valente, Dr.

DEPARTAMENTO DE ARTICULAÇÃO E GESTÃO – DAG Coordenadora do Projeto


Diretora Profa. Ana Maria Bencciveni Franzoni, Dra.
Karine da Silva Lopes
Coordenador Técnico
Rafael Schadeck

FUNDAÇÃO DE ESTUDOS E PESQUISAS SOCIOECONÔMICOS – FEPESE


Presidente
Prof. Raimundo Nonato de Oliveira Lima
CURSO 1
PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL:
INTRODUÇÃO À POLÍTICA NACIONAL
30 horas

CURSO 3
PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL:
GESTÃO DE RISCO
30 horas

JORNADA
DO ALUNO

CURSO 2
PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL:
ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL CURSO 4
30 horas PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL:
GESTÃO DE DESASTRE
30 horas
GUIA DE AMBIENTAÇÃO – COMO LER O E-BOOK
O objetivo deste Guia de Ambientação é orientá-lo na leitura e utilização correta dos conteúdos dos cursos da Capacitação em Proteção e Defesa Civil.
Este guia deve servir de base para que você encontre as informações necessárias para resolver suas dúvidas relacionadas ao que encontrar em cada tópico do material.

Trazendo
para a realidade
Nota Exemplifica como
Esclarece um determinada diretriz, lei,
termo ou aprofunda regra ou determinação
uma informação que aplica-se na prática.
está no corpo
do texto.

Atenção!
Destaca informações Você sabia?
importantes que precisam Direciona
ser vistas com maior atenção. para materiais
complementares a
fim de aprofundar
conhecimentos sobre
Está na lei determinado assunto.
Reproduz o texto de uma
lei, normativa ou decreto.
SIGLAS E ABREVIATURAS

ABIN Agência Brasileira de Inteligência ONU Organização das Nações Unidas


ANA Agência Nacional de Águas Plancon Plano de Contingência
Anatel Agência Nacional de Telecomunicações PMRR Plano Municipal de Redução de Riscos
Cemaden Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais PMRRSG Plano Municipal de Redução de Risco de São Gonçalo
Cenad Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres PPA Plano Plurianual
Censipam Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia PMF Prefeitura Municipal de Florianópolis
Compdec Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil PL Projeto de Lei
CPRM Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais PNPDEC Política Nacional de Proteção e Defesa Civil
CPTEC Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos PNSB Política Nacional de Segurança de Barragens
CRO Chief Resilience Officer’s P&DC Proteção e Defesa Civil
ECP Estado de calamidade pública RRD Redução de Riscos de Desastres
EVG Escola Virtual do Governo SACE Sistema de Alerta de Eventos Críticos
Ibama Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis SAMU Sistema de Atendimento Móvel de Urgência
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística SINGREH Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos
INMET Instituto Nacional de Meteorologia Sedec Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil
GRD Gestão de Riscos de Desastres SE Situação de emergência
INPE Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais S2ID Sistema Integrado de Informações sobre Desastres
LDO Lei de Diretrizes Orçamentárias Sinpdec Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil
LOA Lei Orçamentária Anual Suas Sistema Único de Assistência Social
Mapa Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento SUS Sistema Único de Saúde
MCTI Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação UFF Universidade Federal Fluminense
MDR Ministério do Desenvolvimento Regional UFSC Universidade Federal de Santa Catarina
MMA Ministério do Meio Ambiente
CURSO 2
PREFEITURA DE CUIABÁ, MT

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL

No Curso 1 – Proteção e Defesa Civil: introdução à Política Nacional, você pôde conhecer o histórico,
os principais conceitos e os contextos acerca da P&DC. Neste curso, você irá acompanhar como
se dá uma abordagem prática na redução de riscos de desastres com ênfase na atuação
municipal. Para explicar melhor esses assuntos, o curso foi organizado em sete módulos.
SUMÁRIO

MÓDULO 1 MÓDULO 2 MÓDULO 3 MÓDULO 4

O ÓRGÃO PRINCIPAIS REQUISITOS PARA COMPOSIÇÃO


MUNICIPAL ATRIBUIÇÕES E A FORMALIZAÇÃO DO ÓRGÃO
DE P&DC COMPETÊNCIAS E ESTRUTURAÇÃO

página 11 página 16 página 22 página 32


SUMÁRIO

MÓDULO 5 MÓDULO 6 MÓDULO 7

INSTRUMENTOS INTRUMENTOS POLÍTICAS CONSIDERAÇÕES


ORÇAMENTÁRIOS BÁSICOS DE PÚBLICAS FINAIS
GESTÃO DE RISCO SETORIAIS

página 35 página 41 página 71 página 79


OBJETIVOS

Realizando o curso com dedicação e atenção, ao final de seus estudos, você deve ser capaz de:

Conhecer a estrutura de um órgão municipal de P&DC,


sua composição, suas principais atribuições e
competências, os passos e requisitos para formalização e
estruturação, os instrumentos orçamentários e básicos de
gestão de risco, assim como as políticas públicas setoriais.

Observe que, inicialmente, será abordado sobre o conceito, as principais atribuições e as competências do
órgão municipal de P&DC. Em seguida, serão apresentados os requisitos e os passos para a formalização
do órgão, além de questões que devem ser observadas na sua composição e no orçamento, bem como os
instrumentos básicos de gestão de riscos de desastres e as políticas públicas setoriais em P&DC.

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 10


CEPED, DIVULGAÇÃO
MÓDULO 1

O ÓRGÃO
MUNICIPAL
DE P&DC
CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

O ÓRGÃO MUNICIPAL DE P&DC


DEFESA CIVIL DE ARACAJU, SE

Neste primeiro módulo, será


explicado no que consiste o órgão
municipal de P&DC e qual o seu
papel na atuação sistêmica com
as demais esferas de governo e a
comunidade (acadêmica, população
em geral e setor privado). Essa
atuação é muito importante para
coordenar, articular e planejar as
ações de P&DC no município.

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 12


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

C omo estudado no Curso 1, a Lei n° 12.608, de 10


de abril de 2012, institui a Política Nacional de
Proteção e Defesa Civil (PNPDEC) e dispõe sobre o
É importante destacar também que o órgão muni-
cipal de P&DC não concentra todas as atribuições de
GRD, mas articula e planeja os processos a ela asso-
Essa citação faz refletir sobre as responsabilidades
dos gestores públicos em proteger vidas e evitar ou
mitigar os impactos dos desastres. A partir disso, se faz
Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sinpdec), ciados. Portanto, cabe ao órgão municipal a coorde- necessária uma atuação comprometida e focada na re-
oferecendo estabilidade e suporte à aplicação das nação de ações de P&DC no seu âmbito de atuação dução de riscos com identificação de causas e soluções
cinco estratégias para Gestão de Riscos de Desastres territorial. Por isso, os gestores públicos precisam es- para o aumento da resiliência a desastres nos municípios.
(GRD): prevenção, mitigação, preparação, resposta e tabelecer estratégias e ações prioritárias, respeitando
recuperação. Entre outros conteúdos, em seu artigo 2º, os princípios e as diretrizes da PNPDEC, assim como DEFESA CIVIL DE TREMEMBÉ, SP

ela trata das atribuições dos Entes Federados, deter- criar os respectivos órgãos de P&DC para compor o
minando que é dever do município a adoção de me- Sinpdec de forma articulada e integrada aos demais
didas necessárias à Redução de Riscos de Desastres órgãos e instituições, conforme a exigência da legisla-
(RRD), cabendo ao órgão municipal de P&DC uma atu- ção brasileira (Lei nº 12.608/12).
ação integrada com a União e os estados, com vistas Meirelles (2010) menciona o poder administrativo
à redução de desastres e à promoção do desenvolvi- como sendo uma
mento sustentável. Por isso, deve-se ter sempre em
mente que o conceito de P&DC está associado a uma
atuação sistêmica e pautada na articulação de:

» Setores: público, privado, não governamental e [...] autoridade para remover os interesses
comunitário. particulares que se opõem ao interesse público.
Nessas condições, o poder de agir se converte
» Níveis: municipal, estadual e federal. no dever de agir. Assim, se no Direito Privado
o poder de agir é uma faculdade, no Direito
» Fases: antes, durante e após o desastre. Público é uma imposição, um dever para o É nesse sentido que este curso foca em ações prá-
agente que o detém, pois não se admite a ticas de P&DC e apresenta ferramentas que facilitem
» Políticas públicas: planejamento urbano, saú- omissão da autoridade diante de situações que e orientem os gestores públicos no cumprimento de
de, educação, ambiente, saneamento, infraes- exigem sua atuação. (MEIRELLES, 2010, p. 107). suas responsabilidades. Entenda a composição do
trutura etc. Sinpdec, observando o esquema a seguir.

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 13


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

COMPOSIÇÃO DO SINPDEC Responsável por coordenar as ações de P&DC em todo o território nacional

Neste curso, a ênfase está voltada


para a estrutura municipal: Representado pela Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec)

ÓRGÃO CENTRAL

ESTRUTURA FEDERAL ESTRUTURA ESTADUAL ESTRUTURA MUNICIPAL

Representado pelos órgãos de P&DC e Representado pelos órgãos de P&DC e órgãos setoriais Representado pelos órgãos de P&DC
órgãos setoriais em âmbito federal, em âmbito estadual, com coordenação de cada e órgãos setoriais em âmbito municipal,
com coordenação da Sedec Coordenadoria e/ou Secretaria Estadual com coordenação de cada órgão municipal
de Proteção e Defesa Civil

Responsável pela articulação, coordenação Responsável pela articulação, coordenação Responsável pela articulação, coordenação
e execução do Sinpdec em nível federal e execução do Sinpdec em nível estadual e execução do Sinpdec em nível municipal

Fonte: adaptado de Brasil (2012).

AFINAL, O QUE É O ÓRGÃO MUNICIPAL DE P&DC? De acordo com o disposto no Decreto n°10.593/2020, pode-se definir que o órgão municipal de P&DC é a unidade
da administração pública municipal responsável pela execução das ações de prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação, além das demais ações de
gerenciamento de riscos e de desastres. Ou seja, a nível municipal, é o órgão responsável pela articulação das ações de P&DC previstas pelo Sinpdec.

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 14


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

Como você pode ver, o órgão de P&DC é o princi- relação com os demais órgãos da administração local, VOCÊ SABIA?
pal elo de conexão do município com o Sinpdec. Além realizando uma articulação sistemática e valendo-
disso, cada município tem liberdade para definir o -se da perspectiva de que a P&DC corresponde a um A Organização das Nações Unidas (ONU) lançou, em
formato do órgão, ou seja, se será uma secretaria conjunto de ações coordenadas e multidisciplinares. 2010, a campanha Cidades Resilientes, que indica 10
municipal, uma assessoria direta ao gabinete do pre- A definição dessa estrutura cabe ao prefeito, como passos essenciais rumo à resiliência.
feito, ou uma estrutura integrada a outra secretaria. chefe do Poder Executivo municipal, que deve auxiliar
De qualquer modo, é necessário que o órgão seja es- o município nas ações de GRD, com vistas à constru-
tabelecido, e seu formato dependerá da característica ção de cidades resilientes e sustentáveis.
de cada município (pequeno, médio ou grande porte).
Em português, há um guia
para gestores públicos locais
– Como Construir Cidades
Destaca-se que cabe ao
Como visto no Curso 1 desta Capacitação, em mais Resilientes – que pode
órgão municipal de P&DC todo resumo, entende-se como resiliência a capacidade auxiliar sua atuação.
que uma comunidade tem de resistir, absorver, se
o planejamento, articulação,
adaptar e se recuperar dos efeitos de um evento Além disso, a ONU realizou ainda o Projeto 100RC,
coordenação, mobilização e adverso de maneira eficiente. Para relembrar esse para auxiliar 100 cidades ao redor do mundo a se
e mais conceitos, você pode sempre retornar ao tornarem mais resistentes aos desafios físicos, sociais
gestão das ações de redução
Curso 1 – “PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: Introdução e econômicos. A definição de resiliência do “100RC”
de riscos e de desastres no à Política Nacional”. inclui não somente desastres, mas também tensões
âmbito do município. capazes de enfraquecer a estrutura de uma cidade
de maneira cíclica. O projeto propõe a criação de
um cargo dentro do gabinete do prefeito, intitulado
Por isso, é muito importante promover o fortaleci- Neste módulo de estudos, você teve uma breve in- Chief Resilience Officer’s (CRO), para fortalecer o papel
mento institucional da P&DC, fazendo com que o muni- trodução sobre o órgão municipal de P&DC e seu pa- do prefeito, a fim de cumprir com a transversalidade
cípio tenha uma melhor capacidade de resposta e, por pel numa atuação sistêmica e articulada em setores, necessária em situações emergenciais ao lidar com
meio de uma equipe multi e interdisciplinar, trabalhe níveis, fases e políticas públicas a fim de coordenar as diversos departamentos simultaneamente.
também com o objetivo de reduzir os riscos de desas- ações de P&DC no âmbito do município. No próximo
tres. Assim, para que exerça as ações esperadas, é es- módulo, você verá as principais atribuições e compe- Para mais informações, acesse o site e leia sobre o
sencial que o órgão municipal mantenha uma estreita tências desse órgão. “100 Resilient Cities Project”.

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 15


DEFESA CIVIL DE SÃO PAULO, SP
MÓDULO 2

PRINCIPAIS
ATRIBUIÇÕES E
COMPETÊNCIAS
CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

PRINCIPAIS ATRIBUIÇÕES E COMPETÊNCIAS


DEFESA CIVIL DE SÃO PAULO, SP

Neste módulo, você conhecerá


as principais atribuições e
competências de um órgão
municipal de P&DC, assim como
entenderá a importância de uma
gestão local preparada e atuante
nas ações de GRD.

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 17


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

A s atribuições se resumem em planejar, executar,


coordenar e supervisionar as ações de redução
de risco em prol da comunidade, buscando conhe-
VOCÊ SABIA?

De acordo com o artigo 3º, parágrafo único, da Lei nº 12.608/12, a PNPDEC


cer e identificar os riscos de desastres e integrando
a gestão de riscos no planejamento do desenvolvi- "deve integrar-se às políticas de ordenamento cabe a articulação entre os órgãos, identificando e
mento municipal. territorial, desenvolvimento urbano, saúde, demonstrando como deve ser a atuação de cada um
Destaca-se que a articulação de um órgão muni- meio ambiente, mudanças climáticas, gestão dentro do modelo de gestão de seu município.
cipal de P&DC junto às demais estruturas de gestão de recursos hídricos, geologia, infraestrutura,
do município é primordial para que cada um assuma educação, ciência e tecnologia e às demais Além disso, quando se fala em atuação integrada
suas responsabilidades adequadamente, seguindo políticas setoriais, tendo em vista a promoção e sistêmica, não se pode esquecer do incentivo à
a determinação da Lei nº 12.608/12. do desenvolvimento sustentável." (BRASIL, 2012). participação social. Essa postura amplia a capacidade
de articulação do órgão de P&DC, ao alinhar-se, por
Assim, a atuação sistêmica deve garantir que exemplo, às necessidades de grupos vulneráveis
cada órgão da gestão municipal assuma suas e contar com o apoio de voluntários e do setor
É a partir dessa atuação integrada que se tor- responsabilidades na aplicação das políticas públicas produtivo local. (Serão vistos detalhes de estratégias
na possível preparar-se para enfrentar adequa- relacionadas à RRD. Ao órgão de P&DC, portanto, de participação social no Curso 3).
damente os desastres e seus impactos, com a
elaboração de planos específicos nos quais se-
jam estabelecidos

Lembre-se de que, quando se fala de planejamento, municípios vizinhos, quando afetados por uma mes-
o que fazer, como fazer,
é preciso considerar que as atividades de P&DC não se ma ocorrência de desastre. Nesse contexto, diversas
quem será o responsável resumem apenas à atuação durante e após os desas- formas de articulação intermunicipal são possíveis, a
tres, mas fundamentalmente devem ser pensadas em exemplo de:
pelas ações, metas, prazos,
relação às ações de prevenção, mitigação e prepara-
custos, acompanhamento e ção, correspondentes às fases que os precedem, como » Associações ou consórcios de municípios;

prestação de contas. já abordado em detalhes no Curso 1 desta capacitação. » Estabelecimento de microrregiões homogêneas;
Entre as atribuições do município, destaca-se » Agrupamento em torno de uma microbacia hi-
também a necessidade de atuação articulada com drográfica.

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 18


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

Por fim, registra-se ainda que a Lei nº 12.608/12


define detalhadamente as competências legais dos
municípios, as organizando em competências estritas
(artigo 8º), conforme se vê a seguir.

ESTÁ NA LEI
SEDEC, ARQUIVO
Art. 8º Compete aos municípios:

I – Executar a Política Nacional de Proteção preventiva e a evacuação da população das áreas de suprimentos em situações de desastre;
e Defesa Civil - PNPDEC em âmbito local; de alto risco ou das edificações vulneráveis; XIII – Proceder à avaliação de danos e prejuízos
II – Coordenar as ações do Sistema Nacional de VIII – Organizar e administrar abrigos provisórios para das áreas atingidas por desastres;
Proteção e Defesa Civil (Sinpdec) no âmbito local, assistência à população em situação de desastre, em XIV – Manter a União e o estado informados sobre
em articulação com a União e os estados; condições adequadas de higiene e segurança; a ocorrência de desastres e as atividades de
III – Incorporar as ações de proteção e defesa civil IX – Manter a população informada sobre áreas de proteção civil no município;
no planejamento municipal; risco e ocorrência de eventos extremos, bem como XV – Estimular a participação de entidades
IV – Identificar e mapear as áreas de risco de sobre protocolos de prevenção e alerta e sobre as privadas, associações de voluntários, clubes
desastres; ações emergenciais em circunstâncias de desastres; de serviços, organizações não governamentais
V – Promover a fiscalização das áreas de risco de X – Mobilizar e capacitar os radioamadores para e associações de classe e comunitárias nas
desastre e vedar novas ocupações nessas áreas; atuação na ocorrência de desastre; ações do Sinpdec e promover o treinamento de
VI – Declarar situação de emergência e estado de XI – Rrealizar regularmente exercícios simulados, associações de voluntários para atuação conjunta
calamidade pública; conforme Plano de Contingência de Proteção e com as comunidades apoiadas; e
VII – Vistoriar edificações e áreas de risco e Defesa Civil; XVI – Prover solução de moradia temporária às
promover, quando for o caso, a intervenção XII – Promover a coleta, a distribuição e o controle famílias atingidas por desastres.

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 19


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

E inclui no seu artigo 9º, as competências compar- Ressalta-se que, para cumprir com suas atribuições
tilhadas com União e estados. e competências, os municípios têm a oportunidade de
contar com apoio e incentivos da União e dos estados,
o que fortalece o conceito de P&DC como um siste-
ESTÁ NA LEI ma, conforme preconiza o Sinpdec.
A atuação integrada ocorre tanto com o objetivo de in-
Art. 9º Compete à União, centivar os municípios a promover a GRD como também
aos estados e aos municípios: no apoio de ações complementares, comuns na fase
de resposta e recuperação de um desastre, executadas
I – Desenvolver cultura nacional de prevenção conjuntamente com os estados e o Governo Federal.
de desastres, destinada ao desenvolvimento da
consciência nacional acerca dos riscos SEDEC, ARQUIVO

de desastre no país;
II – Estimular comportamentos de prevenção
capazes de evitar ou minimizar a ocorrência
de desastres;
III – Estimular a reorganização do setor
produtivo e a reestruturação econômica das
áreas atingidas por desastres;
IV – Estabelecer medidas preventivas de
segurança contra desastres em escolas e
hospitais situados em áreas de risco; TRAZENDO PARA
V – Oferecer capacitação de recursos humanos A REALIDADE
para as ações de proteção e defesa civil;
VI – Fornecer dados e informações para o
sistema nacional de informações e Você pode acompanhar exemplos dessas ações no
monitoramento de desastres. material complementar “Boas Práticas”, anexado na
plataforma de disponibilização deste curso.

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 20


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

Observe os esquemas a seguir para visualizar melhor o Após ter visto as principais atribuições e compe-
papel articulado do Sinpdec, ou seja, o trabalho articulado tências de um órgão municipal de P&DC, no próximo
entre vários órgãos das três esferas do governo e a comu- módulo, você conhecerá os passos para a sua formali-
nidade (acadêmica, população em geral e setor privado). zação e estruturação.

ARTICULAÇÃO DO SISTEMA NACIONAL DE PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL ESFERAS DE ATUAÇÃO DO SINPDEC COM A SOCIEDADE CIVIL

Sistema Federal de P&DC Sistema Federal Sistema Estadual Sistema Municipal


P&DC P&DC P&DC
» Todos os órgãos federais, empresas públicas
autarquias etc.
» Coordenação da Sedec.

Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil – Sinpdec


Sociedade civil

Sistema Estadual de P&DC


» Todos os órgãos estaduais, empresas públicas
autarquias, agências etc.
» Coordenação das Coordenadorias Estaduais de
Proteção e Defesa Civil (Cepdecs) ou similares. Comunidade

Sistema Municipal de P&DC


» Todos os órgãos municipais, empresas públicas
autarquias, agências etc.
» Coordenação das Coordenadorias Municipais de Acadêmica População em geral Setor Privado
Proteção e Defesa Civil (Compdecs) ou similares.
Fonte: Ceped/UFSC (2021). Fonte: Ceped/UFSC (2021).

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 21


DEFESA CIVIL DE SANTA CATARINA, SC
MÓDULO 3

REQUISITOS PARA
A FORMALIZAÇÃO E
ESTRUTURAÇÃO
CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

REQUISITOS PARA
EDSON LOPES JR, A2 FOTOGRAFIA, DEFESA CIVIL DE SÃO PAULO, SP

A FORMALIZAÇÃO
E ESTRUTURAÇÃO
Neste módulo, você irá entender que não existe um
modelo padrão que defina os requisitos mínimos
para a formalização e estruturação de um órgão
municipal de P&DC, visto que esse processo depende
de certas particularidades de cada município.
Portanto, é muito importante, durante essa etapa,
considerar a diversidade da organização e do tamanho
populacional e territorial dos municípios brasileiros.

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 23


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

A organização deve, portanto, atender a cada


realidade local, tendo em conta, sobretudo, a
necessidade de eliminar a informalidade institucional
Além disso, pode-se distinguir quatro âmbitos em
que um órgão municipal de P&DC deve atuar para for-
malizar sua existência e estruturar sua ação:
dos órgãos de P&DC. Nesse sentido, faz-se necessário
considerar certas características, entre as quais: 1. Âmbito institucional
2. Âmbito de recursos humanos
3. Âmbito de infraestrutura física
4. Âmbito de planejamento
» Formalização e estruturação do órgão mu- » Atuação permanente do órgão nas ações
nicipal de acordo com a legislação vigente de prevenção, mitigação, preparação, SEDEC, ARQUIVO

preconizada pelo Sinpdec, incluindo: resposta e recuperação, com ênfase nas


ações preventivas relacionadas à minimi-
a) promulgação de ato legal para zação de desastres.
criação do órgão;
b) regulamentação do ato legal após » Construção de visibilidade institucional
aprovação da Câmara de Vereado- baseada numa ampla participação social
res, no qual são descritas as com- (conteúdo que será estudado no Curso 3).
petências do órgão;
c) publicação da nomeação dos in- » Conhecimento permanente dos riscos,
tegrantes do órgão e do conselho com base nas ameaças, exposições e
municipal; vulnerabilidades de um lado e nas capa-
d) composição de sua estrutura fun- cidades de enfrentamento do município
cional; de outro (conteúdo que será estudado no
e) estruturação física do espaço des- Curso 3).
tinado a recepcionar o órgão no
município.
Veja cada uma dessas estruturas separadamente.

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 24


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

INSTITUCIONAL

A estrutura institucional do órgão municipal de


P&DC é denominada por sua sigla, Compdec, que sig-
nifica Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa
Civil, porém, não existe nenhuma restrição para que
sejam utilizadas outras nomenclaturas, tais como: se-
cretaria municipal, subsecretaria municipal ou depar-
tamento municipal.

Os gestores municipais precisam estar atentos à


importância da estrutura de um órgão de P&DC
na sociedade e à adesão do município ao Sistema
Integrado de Informações sobre Desastres (S2ID),
que, como estudado no Curso 1, é o sistema de
informações por meio do qual são registradas as
ocorrências de desastres, assim como é possível
solicitar o reconhecimento federal de situação de
emergência (SE) ou estado de calamidade pública
(ECP) e os recursos para ações de resposta
e obras de reconstrução.

Encontre mais informações sobre o S2ID em seu site.

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 25


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

RECURSOS HUMANOS

Em relação à equipe do órgão municipal, deve-se


prever a nomeação de um gestor (podendo ser nome-
ado como secretário, coordenador, diretor ou superin-
tendente) responsável pela gestão estratégica do órgão,
além de técnicos administrativos e operativos e, se pos- Sua autoridade e competência devem ser empre- Os demais integrantes do órgão municipal de
sível, um conselho municipal. Essa estrutura irá variar de gadas para bem administrar o órgão e tomar decisões P&DC deverão ser compostos, preferencialmente, por
acordo com o tamanho do município e, até mesmo, se em situações de crise, em direta articulação com toda a servidores efetivos da administração pública mu-
este é frequentemente afetado por desastres. Porém, equipe da administração municipal e órgãos setoriais. nicipal, com dedicação exclusiva nas atividades de
mesmo que o órgão seja composto apenas por uma P&DC e, igualmente, uma adequada formação técnica.
pessoa, o mais importante é a articulação com as de- Os detalhes sobre a composição desse órgão constam
mais áreas técnicas e administrativas da prefeitura. no módulo 4 deste Curso.
Relembrando um conceito abordado no Curso 1,
os órgãos setoriais são representados pelos órgãos
e entidades da Administração Pública municipal,
estadual, distrital e federal com sede no próprio São aqueles que integram o quadro da
município, que se responsabilizam pelas ações Administração Pública após aprovação em concurso
integradas do Sinpdec no âmbito local, com apoio do público. Ao ocupar o cargo, a pessoa tem a
É recomendável que o gestor escolhido seja um Órgão Central Municipal. A distribuição das atividades possibilidade de adquirir a condição estável após
profissional experiente, com adequada formação de cada órgão obedece à lógica da setorização três anos de efetivo exercício. Garantir a presença
técnica na área de GRD, com perfil de liderança e (por especialidade) ao qual o órgão é legalmente desses profissionais nos órgãos municipais de P&DC
acesso ao prefeito e aos secretários municipais. constituído, o que permite uma atuação multidisciplinar auxilia na memória das ações, na continuidade
e integrada. Um exemplo de atuação setorial na área dos processos e na isenção política na atuação em
Cabe lembrar que não é necessário que esse de segurança pública e saúde inclui instituições como: redução de risco de desastres (RRD).
profissional seja um servidor da área de Segurança Polícia Militar, Corpo de Bombeiros Militar, Sistema de
Pública, o importante é que o líder e sua equipe Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), Secretarias
preencham os requisitos listados acima. Municipais de Saúde, Forças Armadas etc.

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 26


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

CRISTIANO ANDUJAR, PREFEITURA DE FLORIANÓPOLIS, SC

INFRAESTRUTURA FÍSICA

Além dos recursos humanos, o órgão depende de


uma infraestrutura física, sendo preciso identificar no
município um espaço adequado, em local estraté-
gico, de fácil acesso e fora de área de risco, com
recursos materiais e tecnológicos. Isso inclui, por
exemplo: mobiliários em geral, ar-condicionado, ins-
talações hidráulicas, elétricas e de comunicações, O telefone 199 é
computadores, impressoras, acesso à internet, gara- um serviço público
gens, veículos de emergência e administrativos etc. de emergência e
Assim como no caso da configuração da equipe, os de acesso gratuito
recursos materiais disponíveis variam em função das à defesa civil local,
mesmas características do município. Aqueles que disponibilizado em
dispõem de mais capacidades e/ou sofrem impactos todo o território
frequentes devem investir em mais recursos, principal- nacional, sob
mente voltados às ações permanentes de GRD. regulação da
Nesse contexto, dependendo da disponibilidade Agência Nacional de
de recursos, o gestor também deve ser um articula- Telecomunicações
dor na construção de parcerias a fim de buscar au- (Anatel). Embora
xílio na estruturação do órgão municipal de P&DC. seja assegurado a
E, para fortalecer a articulação com mais órgãos, é todos os municípios,
importante que todas as prioridades estejam elen- muitos não o utilizam
cadas, que haja um diagnóstico das necessidades por não contarem
municipais em P&DC e que tudo possa ser quanti- com estrutura
ficado de forma exequível dentro das capacidades administrativa para Para os municípios de maior porte, é plausível a organização de um centro de

dos órgãos setoriais. o atendimento das comunicações com plantão 24 horas para receber informações sobre ocorrências de

demandas. acidentes ou desastres, por intermédio do telefone 199.

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 27


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

PLANEJAMENTO

Por fim, após concluir a formalização do órgão e


definir a estrutura de recursos humanos, materiais e
tecnológicos, é preciso elaborar um planejamento de
atuação para a P&DC no município.

Independentemente do tamanho e, da
quantidade de pessoal e da logística
disponíveis, o órgão municipal de P&DC só é
eficiente e eficaz se estiver preparado para
coordenar ações com os demais órgãos
e atores sociais envolvidos nas etapas de
prevenção, mitigação, preparação, resposta e
recuperação dos desastres.

O planejamento deve incluir o emprego de instru-


mentos orçamentários e de gestão, detalhados, respec-
tivamente, nos módulos 6 e 7 na sequência deste Curso.
Aqui foi visto um pouco sobre os requisitos neces-
sários para que um órgão municipal de P&DC possa
estruturar suas ações. A seguir, serão abordados os
passos para a sua formalização.

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 28


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

PASSOS PARA A FORMALIZAÇÃO

Os passos para a formalização do órgão municipal de P&DC se dão mediante recomendações contidas na legislação, diretrizes do Sinpdec e condução
de atos legais, que você pode ver resumidamente a seguir. Para efeitos deste módulo, fica entendido que o órgão municipal será uma Compdec.

PREFEITURA DE CAMPINAS, SP

1 DISCUSSÃO (TÉCNICA E JURÍDICA)


E ELABORAÇÃO DO PL

O Poder Executivo elabora e envia


uma mensagem à Câmara Municipal,
encaminhando uma proposta de Projeto
de Lei (PL) para a criação da Compdec.

2 ENCAMINHAMENTO À CÂMARA
PARA APRECIAÇÃO E APROVAÇÃO 3 APROVAÇÃO DO PL NA CÂMARA
DE VEREADORES E PUBLICAÇÃO DO 4 COMPOSIÇÃO DA
O Poder Executivo elabora o PL DECRETO DE REGULAMENTAÇÃO ESTRUTURA ORGANIZACIONAL
criando a defesa civil municipal e
encaminha para apreciação da Câmara A lei que cria uma Compdec traz uma Indicação e seleção dos integrantes que
de Vereadores, contendo as linhas inovação na administração pública, fixando irão compor a estrutura organizacional
básicas de sua organização, composição, atribuições iniciais. Depois da conversão da Compdec. Pode ser algo simples, com
objetivos e funcionamento. do projeto em lei, por meio da aprovação apenas um gestor (secretário, coordenador,
na Câmara de Vereadores, é publicado diretor ou superintendente) proporcional à
um decreto regulamentador, que vai tratar estrutura administrativa do município.
mais detalhadamente de como será a
atividade da nova unidade criada. CONTINUA NA PRÓXIMA PÁGINA »

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 29


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

Observações:

* Ao realizar o cadastro
no S2ID, o município já
estará integrado à estrutura
nacional. É importante
observar se seu estado
IVAN FEITOSA, PREFEITURA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO, SP
também possui algum
sistema para cadastro e

6 INFRAESTRUTURA DA COMPDEC 7 CAPACITAÇÃO DOS INTEGRANTES DA COMPDEC integração. De qualquer


forma, os responsáveis pela
Definição da infraestrutura da Realização da capacitação básica dos integrantes da Compdec criação da nova Compdec
Compdec, mediante a destinação de (normalmente os órgãos regionais federais e estaduais de P&DC podem procurar a Sedec
espaço físico (novo ou já existente) e disponibilizam capacitações). Além disso, é importante que os a qualquer momento para
aquisição dos demais equipamentos, gestores conheçam as normativas, a legislação e as publicações solicitar orientações.
veículos, mobiliário etc. disponíveis no site da Sedec/MDR, como a IN Interministerial
nº 02/2018, a Portaria nº 743/2020 e a IN nº 36/2020. * É importante destacar
que todos esses atos legais

5 NOMEAÇÃO DOS INTEGRANTES devem ser publicados no


Diário Oficial do Municí-
Será publicada uma portaria 8 CADASTRO DOS USUÁRIOS DA COMPDEC NO S2ID pio (espécie de jornal ou
assinada pelo prefeito, oficializando imprensa oficial do órgão
a nomeação dos integrantes que irão Cadastro no S2ID, a fim de acessar os formulários digitais público municipal) para
integrar a Compdec. necessários para registrar ocorrências e solicitar o reconhecimento tornar públicas as leis,
federal de situação de emergência (SE) ou estado de calamidade regulamentos e resoluções
pública (ECP), assim como os recursos para ações de resposta e de interesse da sociedade.
obras de reconstrução/recuperação, entre outras ações.
Fonte: Ceped/UFSC (2021).

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 30


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

PASSOS PARA A FORMALIZAÇÃO DA COMPDEC

Para entender melhor as etapas da formalização da Compdec, observe o esquema ilustrado a seguir.

Envia proposta de PL Seleção


para criação do órgão dos integrantes

Nomeação dos Definição da


integrantes por Infraestrutura do
Apreciação
portaria órgão: espaço físico,
na Câmara de
equipamentos,
Vereadores
veículos etc.

É CRIADA A
PREFEITO
O PL, se aprovado, é transformado COMPDEC
em lei de criação da Compdec. E Capacitação básica
a regulamentação da lei se dá por dos integrantes
meio de decreto que contém as
atribuições do órgão

Cadastro da
Aprovação do PL Compdec no S2ID
PL = Projeto de Lei
Fonte: Ceped/UFSC (2021).

Agora que você aprendeu sobre a formalização do órgão municipal de P&DC, que mediante os atos legais passa ser Compdec, entenda a seguir a composição do órgão.

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 31


COMPOSIÇÃO
DO ÓRGÃO
MÓDULO 4

MARCELO PIU, PREFEITURA DO RIO, RJ


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

COMPOSIÇÃO DO ÓRGÃO
SEDEC, ARQUIVO

Neste módulo, será abordada a


relevância da estruturação de
um órgão de P&DC que tenha
uma equipe preparada e atuante,
agindo de forma integrada e
articulada de acordo com os
princípios e diretrizes do sistema
municipal de P&DC. E, para isso,
você verá que esse órgão precisa ser
composto por uma estrutura central
e uma estrutura consultiva.

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 33


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

MAYKE TOSCANO, DEFESA CIVIL DE MATO GROSSO, MT

C omo já visto anteriormente, cabe ao prefeito,


como chefe do Poder Executivo municipal, a es-
truturação do órgão de P&DC. Mas, afinal, como esse
ESTRUTURA CONSULTIVA

Por sua vez, a estrutura consultiva é representada


órgão é composto? pelo Conselho Municipal de Proteção e Defesa Civil. O
É recomendado que a composição inclua uma es- conselho deve ser composto por:
trutura central para atuar integradamente com os de-
mais órgãos regionais, municipais e setoriais de defesa » Representantes dos órgãos da administração
civil, bem como com outras organizações comunitá- pública municipal, estadual e federal com sede
rias, além de uma estrutura consultiva. no município.
» Representantes das classes empresariais, clu-
bes de serviços, entidades religiosas e organi- Por fim, ressalta-se que o órgão municipal de P&DC
ESTRUTURA CENTRAL zações não governamentais que apoiam ou têm conta, nas ações do Sinpdec, com a participação de:
potencial de apoiar as atividades de P&DC em
A estrutura central municipal é representada pela caráter voluntário. » Entidades privadas;
Compdec, que tem papel executivo e articulador. Esse » Associações de voluntários;
órgão deve trabalhar em articulação com: Além disso, cabe ao Conselho Municipal elaborar » Clubes de serviços;
o seu próprio regimento interno, sendo recomendável » Organizações não governamentais;
» órgãos regionais (representados pelos órgãos que a presidência seja assumida pelo prefeito e a vice- » Associações de classe e comunitárias.
federal e estadual); -presidência pelo gestor do órgão municipal de P&DC.
» órgãos municipais e instituições públicas e pri- Sendo importante destacar que: Vale destacar que é fundamental promover perio-
vadas; dicamente o treinamento dessas instituições para
» outras estruturas de P&DC dos municípios de que atuem de forma articulada e suplementar, alinha-
sua região. das dentro dos mesmos princípios e diretrizes, repre-
sentando efetivamente o Sistema Municipal de P&DC.
Essa atuação integrada e harmônica é fundamental a participação de lideranças comunitárias e Neste módulo, você pôde perceber a importância
para compartilhar informações, trocar experiências e am- de representantes dos poderes judiciário e da estruturação de um órgão para que suas ações
pliar a eficácia de sua atuação, visto que os desastres não legislativo contribui para aumentar ainda mais aconteçam de forma articulada. Na sequência, você
reconhecem o rigor das divisões político geográficas e a representatividade do Conselho estudará sobre os instrumentos orçamentários e en-
podem ocorrer em territórios de jurisdição compartilhada (UFSC, 2014, p. 128). tenderá como eles impactam no planejamento das
com outros municípios, estados e até mesmo países. ações de um órgão de P&DC.

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 34


DEPOSITPHOTOS
MÓDULO 5

INSTRUMENTOS
ORÇAMENTÁRIOS
CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

INSTRUMENTOS ORÇAMENTÁRIOS
TV BRASIL

Neste módulo, você encontrará


informações importantes para
compreender a organização do
orçamento público brasileiro,
seus principais instrumentos
orçamentários, onde são estimadas
suas receitas e fixadas suas despesas
operacionais, dados esses que
interferem no planejamento das ações
do órgão municipal de P&DC.

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 36


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

MINISTÉRIO DA INFRAESTRUTURA

O s instrumentos orçamentários são aqueles que


garantem a operacionalização do órgão munici-
pal de P&DC a partir da organização do orçamento pú-
INSTRUMENTOS ORÇAMENTÁRIOS

blico. Dessa maneira, todos os órgãos que integram o


Sinpdec no âmbito local devem planejar suas ações de
redução de riscos de desastres contemplando os recur-
sos orçamentários disponíveis para torná-las possíveis.
De acordo com a legislação vigente, o orçamento
próprio do município é estruturado a partir de três ins-
trumentos orçamentários, utilizados para organizar e
administrar o orçamento público. São eles:

» o Plano Plurianual (PPA)


» a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)
» a Lei Orçamentária Anual (LOA) O PPA é o principal instrumento A LDO representa um A LOA é elaborada pelo Poder
de planejamento de médio prazo planejamento de curto prazo e tem Executivo para estabelecer as
MINISTÉRIO DA INFRAESTRUTURA das ações do governo municipal, como princípio o estabelecimento despesas e as receitas que serão
abrangendo diretrizes, objetivos e das prioridades e metas da realizadas no próximo ano. Esse
metas da administração pública administração municipal para o orçamento anual visa concretizar
para as despesas de capital e outras exercício seguinte, além de definir os objetivos e metas propostas
delas decorrentes, e para as despesas diretrizes para a elaboração da no PPA, segundo as diretrizes
relativas aos programas de duração LOA. Pode-se dizer que a LDO estabelecidas pela LDO.
continuada. É formulado para que seja serve como um ajuste anual das
desenvolvido ao longo de 4 anos. metas colocadas pelo PPA.

O PPA é previsto no artigo 165 da Constituição Federal e


regulamentado pelo Decreto nº 2.829, de 29 de outubro de 1998.

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 37


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

Preste atenção quanto aos prazos dos instrumentos administrativos, pois eles são necessários
para que o poder público possa desempenhar suas funções com critérios de prioridades.

PRAZOS DO CICLO ORÇAMENTÁRIO

PPA LDO LOA

Plano no qual são registradas as metas e Legislação na qual são registradas as metas e Legislação que contém um planejamento de
prioridades para quatro anos (desde o início do prioridades para o ano seguinte (deve ser enviado gastos que define e orienta as obras e os serviços
segundo ano do mandato do prefeito até o fim para a Câmara Municipal até 15 de abril) que precisam prioritários para o município, levando em
do primeiro ano do mandato de seu sucessor). ser compatíveis com o PPA. Sua aprovação orienta conta os seus recursos disponíveis (deve ser
o orçamento do ano seguinte. enviado para a Câmara até 30 de setembro).

PROGRAMAÇÃO PARA 4 ANOS METAS PARA O ANO RECURSOS PARA 1 ANO

Fonte: Ceped/UFSC (2021).

Dessa forma, todos os setores devem, ano a ano, pla- ano. Ações de médio e longo prazo como programas de Portanto, tão logo seja criado o órgão municipal
nejar suas ações, orçá-las e incluí-las na LOA. Por isso, o capacitação continuada, obras estruturantes de grande de P&DC, deve-se prestar atenção para que o plane-
planejamento das ações rotineiras do órgão munici- porte, entre outras, também precisam ser previstas e in- jamento de suas ações seja considerado na Lei Orça-
pal de P&DC deve ser pensado para o período de um cluídas no PPA, com parcelamentos anuais na LOA. mentária Municipal.

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 38


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

SISTEMA ORÇAMENTÁRIO

Relembrando, o modelo orçamentário brasileiro é composto por três instrumentos:

Planejar Orientar Executar

O planejamento de ações do município


deve observar os PPAs da União e de
seu respectivo estado, uma vez que
frequentemente as instâncias federal e
estadual preveem recursos para projetos
e ações a serem executados localmente e
repassados aos municípios.

Por exemplo, o Programa GRD, de 2018, integra o


PPA 2020-2023 e representa o planejamento das ações
de P&DC. Entre as ações que fazem parte do progra-
Estratégias Regras Orçamento ma do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR)
Metas Prioridades Prioridades estão aquelas destinadas à prevenção e mitigação de
riscos, preparação e resposta, bem como as voltadas
4 ANOS ANUAL ANUAL à recuperação de um desastre, como as obras de re-
construção. Além disso, é possível buscar recursos por
meio de parcerias e financiamentos, que podem ser
planejados e implementados com foco em medidas
estruturais ou em medidas não estruturais.

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 39


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

VOCÊ SABIA? No caso de universidades, são realizados acordos


de cooperação e cada instituição tem a sua padroniza-
A preparação permanente para o enfrentamento de Já as parcerias para o financiamento de medidas não ção, por isso, é preciso buscar informações locais. No
desastres exige o planejamento e elaboração de estruturais, ou seja, aquelas que não envolvem obras caso de órgãos de financiamento, é preciso estar aten-
planos de trabalho, bem como a captação de recursos de engenharia, estão relacionadas com as atividades to às oportunidades e construir uma rede de relaciona-
financeiros com vistas à promoção de medidas de RRD de gestão prospectiva (que procuram evitar ou limitar mento consistente para consolidar as parcerias. Em re-
para o fortalecimento da resiliência no âmbito municipal. novos ou futuros riscos) por meio de ações mais lação aos estados é preciso buscar e compreender os
Visto isso, o financiamento de medidas estruturais, estratégicas de educação e regulamentação, como, caminhos e requisitos para parcerias e financiamentos
ou seja, medidas ligadas a execução de obras de por exemplo, mediante o estabelecimento de políticas que cada unidade federativa possui. E, finalmente, com
engenharia com a finalidade de aumentar a segurança de regulação e ordenamento territorial, campanhas relação à União, o cadastro no S2ID é imprescindível e
intrínseca das comunidades, normalmente estão educativas, introdução de normas que visam regularizar permite o acesso a processos de transferências obri-
relacionadas com as atividades de gestão corretiva o uso e a ocupação do solo, assim como implementar gatórias de recursos, com formulários específicos para
(que atuam no risco já existente) mediante obras de sistemas de alertas e conscientizar a população. os casos de desastres.
reconstrução combinadas com ações de recuperação
do bem-estar econômico e social.
Estar atento e manter um
canal de comunicação aberto
com os demais órgãos é
fundamental para identificar
essas oportunidades.

Neste módulo, você pôde ver que os instrumentos


orçamentários, a partir da organização do orçamento
Preste atenção, porque, normalmente, planos de parcerias e transferências são estabelecidos com: público, garantem a operacionalização do órgão muni-
cipal de P&DC. No próximo módulo, você estudará os
» Universidades; » Estados; instrumentos e as ferramentas que estão disponíveis
» Órgãos de financiamento » União. para o uso dos gestores públicos municipais nas ações
nacionais ou internacionais; e políticas públicas de RRD.

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 40


DEFESA CIVIL DE SÃO PAULO, SP
MÓDULO 6

INSTRUMENTOS
BÁSICOS
DE GESTÃO
DE RISCO
CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

INSTRUMENTOS BÁSICOS DE GESTÃO DE RISCO


CEMADEN, DIVULGAÇÃO

Este penúltimo módulo aborda


uma série de instrumentos e
ferramentas que estão disponíveis
para o uso dos gestores públicos
municipais nas ações e políticas
públicas de RRD; bem como onde
encontrá-las e a indicação de
como utilizá-las nas atividades de
avaliação de riscos e preparação
para o enfrentamento dos desastres.

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 42


Bancos de dados
ou bases de dados
são conjuntos de
arquivos relacionados
entre si com registros
tabulados sobre
populações, desastres,
danos e prejuízos
RICARDO WOLFFENBUTTEL, DEFESA CIVIL DE SANTA CATARINA, SC
etc. São coleções
organizadas de dados

P raticamente todos os municípios brasileiros têm


disponíveis um ou mais instrumentos aqui lista-
dos; logo, é importante conhecê-los e, caso necessá-
possibilidades de estruturação do trabalho em gestão
de riscos em âmbito municipal de forma planejada e
contínua, com o apoio de outros órgãos, instituições,
relevantes que se
relacionam de forma
a criar algum sentido
rio, aproveitar a oportunidade de desenvolvê-los com instrumentos e ferramentas que compõem o Sistema (informação) e ofertar
o apoio dos órgãos estaduais e da própria Sedec. Municipal de Proteção e Defesa Civil. conhecimento durante
Normalmente, esses instrumentos apresentam-se Dê atenção especial a esse conteúdo, pois ele é uma pesquisa ou
em forma de banco de dados, programas de gover- essencial para a discussão sobre GRD que deve acon- estudo científico.
no e plataformas digitais. A intenção é demonstrar as tecer no Curso 3.

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 43


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

CONHECIMENTO PERMANENTE DE RISCOS E DE CAPACIDADES


FERNANDO FRAZÃO, AGÊNCIA BRASIL
Após a criação e estruturação do órgão municipal de Nesse contexto se encontra a avaliação de riscos,
P&DC, é necessário investir no conhecimento e identi- que, de forma geral, inclui três momentos chave:
ficação dos riscos (ameaça x exposição x vulnerabilida-
de) e das capacidades do seu espaço territorial, que 1. Identificação de ameaças e de suas caracte-
inclui tanto o perímetro urbano, como a área rural. rísticas técnicas como localização, intensida-
Apesar dessa etapa não representar exatamente um de ou magnitude, frequência e probabilidade.
“instrumento”, o conhecimento permanente sobre riscos
é a razão da existência das ferramentas descritas neste 2. Análise dos fatores de risco (ameaça, vulnera-
módulo. Isso se dá por meio de estudos, pesquisas e bilidade e exposição) – incluindo as dimensões
avaliações de risco de desastres que consideram uma físicas, sociais, de bem-estar, ambientais e eco-
análise de ameaças existentes na área de interesse, em nômicas – e das capacidades de enfrentamento.
conjunto com as condições de vulnerabilidade e exposi-
ção, com o objetivo de estimar o risco de um desastre e 3. Diagnóstico das principais capacidades exis-
seus efeitos decorrentes. Esses efeitos são chamados de: tentes frente aos cenários de risco identifica-
dos, o que inclui a mensuração das habilidades
Danos e dos recursos disponíveis para reduzir os ris-
Estão relacionados com as perdas quan- cos, enfrentar um potencial desastre e fortale-
tificáveis e podem ser divididos em três cer a resiliência.
tipos (humanos, materiais e ambientais).

Prejuízos A avaliação e o mapeamento de riscos, juntamen-


São as mudanças nos fluxos econômi- te com a identificação das capacidades de enfrenta-
cos decorrentes do desastre, que usu- mento do município, são fundamentais para orientar
almente continuam até a recuperação as políticas públicas e fomentar diferentes estratégias,
econômica total e a reconstrução das planos e projetos que, por sua vez, podem representar
infraestruturas afetadas. medidas de redução de riscos.

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 44


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

VOCÊ SABIA? O ideal é que o órgão municipal de P&DC atue de tais, climatológicos, geológicos, hidrológicos, sociais,
forma articulada com os demais órgãos setoriais para de infraestrutura e outros, sempre com foco na cons-
CAPACIDADE é a combinação de todos os pontos uma ação integrada na elaboração de estudos, plane- trução de cidades resilientes e sustentáveis.
fortes, atributos e recursos disponíveis dentro de uma jamentos e preparação de políticas públicas de quali- Essas informações, coletadas por intermédio da
organização, comunidade ou sociedade para gerenciar dade, garantindo sua multidisciplinaridade a partir da avaliação de riscos, geram dados e servem para en-
e reduzir os riscos de desastres e fortalecer a resiliência. análise de variados aspectos, com destaque para as tender o histórico dos desastres, além de auxiliar no
Pode incluir infraestruturas, instituições, conhecimentos questões de proteção associadas a aspectos ambien- planejamento da gestão de risco.
e habilidades humanas, além de atributos coletivos
como relações sociais, liderança e gestão.

A capacidade de enfrentamento é a habilidade das TRAZENDO PARA


pessoas, organizações e sistemas, usando habilidades e A REALIDADE
recursos disponíveis, para gerenciar condições adversas,
riscos ou desastres. Ela requer consciência contínua,
REPRODUÇÃO
recursos e boa gestão, tanto em tempos normais como Exemplo prático dessa
durante desastres ou condições adversas. Logo, elas atuação integrada em
contribuem para a redução dos riscos de desastres. políticas públicas é a
inserção de informações
Avaliação de capacidade é o processo pelo das áreas de riscos
qual a capacidade de um grupo, organização ou no Plano Diretor do
sociedade é revisada em relação aos objetivos município, seguindo um
desejados. As habilidades existentes são identificadas processo transparente
para manutenção ou fortalecimento e as lacunas e participativo. Políticas
são identificadas para ações futuras. Envolve de saneamento são
aprendizagem e vários tipos de treinamento, mas também importantes
também esforços contínuos para desenvolver áreas de articulação
instituições, consciência política, recursos financeiros, que devem conter
sistemas de tecnologia e um ambiente favorável mais detalhadamente as
amplo (UNDRR, 2019). informações produzidas
pela avaliação de riscos.

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 45


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

REPRODUÇÃO

BASE DE DADOS

As bases de dados são importantes referências so-


bre históricos de desastres, ocorrências de eventos ad-
versos, danos e prejuízos ao longo do tempo, e auxiliam
na fundamentação do planejamento da gestão de risco
localmente e de ações e recursos empreendidos em
resposta e recuperação. Assim como, ainda que inci-
piente, somam-se ao banco de dados, os planejamen-
tos, as séries históricas de processos dinâmicos natu-
rais que subsidiam a modelagem de prospecções que
servem ao monitoramento; e outras ações de caráter
preventivo. Identificar quais são os desastres mais recor-
rentes e seus impactos é uma ação fundamental para
reconhecer e avaliar corretamente o risco no município. O Atlas apresenta dados do período entre 1991 e
Observar os eventos passados e suas consequências é 2019, com informações para a consulta estruturadas
o primeiro passo para direcionar os esforços posterio- em mapas de ocorrências, gráficos e tabelas, que
res para a prevenção e preparação no nível local, iden- permitem identificar as características dos desastres
tificando as comunidades, bairros, vias e equipamentos ocorridos, os danos humanos e perdas econômicas.
urbanos expostos a algum tipo de ameaça. Dessa forma, permite que cada município identifique
Quanto ao histórico de desastres, umas das princi- os principais desastres aos quais está sujeito, sua
pais referências é o Atlas Digital de Desastres no Bra- intensidade e sazonalidade, apoiada em registros de
sil, uma ferramenta que traz informações relacionadas quase 30 anos. Ele representa a atualização do Atlas
aos desastres no país. Brasileiro de Desastres Naturais (2012) e utiliza os
registros do S2ID, realizados a partir de 2013, para
composição das séries históricas e análises.
Conheça mais sobre o
Atlas Digital de Desastres no Brasil

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 46


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

DEFESA CIVIL DE SÃO PAULO, SP

Assim, a análise do histórico de desastres, associa-


da a informações complementares (aspectos sociais,
políticos, de serviços, geográficos – clima, vegetação,
relevo e aspectos demográficos – entre outros), permi-
te a descrição de contextos onde os principais even-
tos ocorrem com maior incidência e serve para que
os órgãos municipais e estaduais de P&DC planejem
suas políticas e ações pontuais de GRD, representando
um importante repositório para pesquisas, consultas e
construção de conhecimento (UFSC, 2013).

Destaca-se, ainda, que,


localmente, pode haver
outras bases de dados que
representem a realidade
regional com mais
especificidade, atendendo à
necessidade de cada município
de forma particular.

Nesse sentido, cabe ao órgão municipal de P&DC


identificar outras bases de dados que possam auxiliar
seu trabalho de planejamento ao identificar dados his-
tóricos de sua região.

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 47


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

SISTEMA INTEGRADO DE INFORMAÇÕES SOBRE DESASTRES – S2ID


AGÊNCIA PARÁ
O Sistema Integrado de Informações sobre Desas-
tres, mais conhecido por sua sigla, S2ID, é um portal
que integra diversas ferramentas e armazenamento de
dados (processos de reconhecimento federal, informa-
ções de danos e prejuízos, registros de ocorrências de
desastres, solicitações de recursos para ações de res-
posta e reconstrução, entre outros), sendo utilizado pe-
los órgãos do Sinpdec.

O S2ID foi desenvolvido com


o objetivo de qualificar e dar
transparência à GRD no Brasil,
por meio da informatização de
processos e disponibilização
de informações sistematizadas
dessa gestão.

Conheça mais sobre o S2ID.

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 48


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

Todos os municípios, ao constituírem seu órgão de


P&DC, devem designar um responsável pelo acesso ao
sistema. Esse acesso permite que os profissionais possam: Já estão disponíveis, na Escola Virtual do Governo (EVG), os cursos de capacitação em EaD para a
utilização do S2ID, que têm por objetivo tornar seus usuários aptos a operar o sistema da maneira
mais completa e precisa possível, bem como a adotar as melhores práticas nos processos de
» Registrar os desastres ocorridos no município; reconhecimento federal e solicitação de recursos para resposta e reconstrução. Essa capacitação
» Consultar e acompanhar os processos de reco- resulta de uma cooperação entre a Sedec/MDR e o Ceped/UFSC, estando organizada em cursos
nhecimento federal de situação de emergência específicos para cada módulo existente no S2ID e de acordo com cada perfil de usuário (municipal,
(SE) ou de estado de calamidade pública (ECP); estadual e federal).
» Consultar e acompanhar os processos de trans-
ferência de recursos para ações de resposta;
» Consultar e acompanhar os processos de trans-
ferência de recursos para ações de reconstrução;
» Buscar informações sobre ocorrências de de-
sastres e GRD com base em fontes de dados
oficiais. (BRASIL, 2021b).

Além disso, o S2ID também funciona como um


banco de dados aberto a qualquer interessado, dispo-
nibilizando os registros dos desastres realizados pelos
Entes, o histórico de solicitações de reconhecimento
federal de SE/ECP aprovadas pela Sedec, um arquivo
digital com diversos documentos digitalizados que tra-
zem informações sobre desastres ocorridos anterior-
mente à implementação do sistema, além de relató-
rios diversos sobre ocorrências, danos e prejuízos com
base no Formulário de Informações do Desastre (FIDE).
Esses dados são também úteis para melhorar a com-
preensão do risco no âmbito municipal.

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 49


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

IPT, DIVULGAÇÃO

PRODUTOS
CARTOGRÁFICOS

Neste tópico, estão apresentados os principais


elementos cartográficos que apoiam o conhecimento
sobre os riscos no nível municipal. Considerando que
o risco está, obviamente, vinculado a um local onde
um evento pode causar algum impacto negativo, a re-
presentação desse risco no território é fundamental
para sua melhor compreensão. Os mapas de risco são
os mais conhecidos e amplamente difundidos, porém,
existem outros elementos úteis à avaliação de risco e
planejamento das ações de RRD.

Recordando como o risco é definido! O risco é circunstância potencial ou,


segundo consta na Instrução Normativa MI n° 36, de 4 de dezembro de 2020,
o “potencial de ocorrência de evento adverso sob um cenário vulnerável”
(BRASIL, 2020a). São três os fatores que, combinados, influenciam na
concretização dessa possibilidade: a ameaça, a exposição e a vulnerabilidade.

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 50


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

O processo de mapeamento de riscos pode ser tão


complexo quanto necessário ou simplificado, à medida MAPA DE RISCO
que não seja possível investir recursos humanos, mate-
riais e de tempo para sua execução. Visto isso, os ma-
pas de risco têm importante papel na gestão de riscos
no município e podem ser representados em escala
local, um bairro ou morro, por exemplo, ou regional.

VINÍCIUS MENDONÇA, IBAMA

Fonte: CPRM

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 51


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

Há diversos modelos disponíveis para elaboração


de mapas de riscos, que devem ser verificados de
acordo com o contexto local, visto que não há um mo-
delo padrão de mapeamento. Observe as diretrizes
gerais para elucidar o processo a partir de etapas bá-
sicas, conforme a publicação da Sedec Noções Básicas
em Proteção e Defesa Civil e em Gestão de Riscos. Além
disso, as universidades costumam realizar parcerias ou
convênios para elaboração desses estudos para iden-
tificar e mapear as áreas de risco de desastre, com:

» Levantamento de dados históricos de recor-


LEO COSTA, PREFEITURA DE BOA VISTA, RR
rência de desastres: identificação dos desastres
que mais atingiram uma localidade ao longo do SEDEC, ARQUIVO
tempo e quais foram os pontos mais afetados. » Reconhecimento de vulnerabilidades sociais:
consideração das condições de segurança,
» Reconhecimento de ameaças: determinação, educação, saúde, conflitos e percepção de risco
por reconhecimento histórico, de quais são as das populações das áreas de risco.
principais ameaças e períodos de ocorrência,
determinando, então, quais instrumentos de mo- » Reconhecimento de capacidades: identifica-
nitoramento são importantes para a localidade. ção de como ocorre a mobilização comunitária
no local e de quais são as estruturas comunitá-
» Reconhecimento de vulnerabilidades físicas: rias de apoio existentes, como instituições reli-
verificação das condições das edificações, da giosas, escolas e associações comunitárias.
geografia do terreno, do tipo de vegetação, da
forma de ocupação do solo, das condições de » Representação gráfica: representação das in-
mobilidade, de saneamento e de infraestrutura, formações em um mapa que facilite a identifica- Conheça mais sobre a publicação da
que possam ampliar ou reduzir a vulnerabilida- ção espacial das principais áreas de risco e suas Sedec Noções Básicas em Proteção e
de local. ameaças, vulnerabilidades e capacidades. Defesa Civil e em Gestão de Riscos.

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 52


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

Independentemente se o processo de mapeamen- No entanto, existem outros elementos cartográficos


to se apoia em ferramentas complexas, como o geo- que podem ser empregados para avaliação de risco e pla-
processamento, ou se é representado com base em nejamento das ações de P&DC. Dentre eles, destacam-se
croquis, imagens e, até mesmo, fotografias, o que defi- as cartas ou mapas de suscetibilidade e a setorização
ne um mapa de risco é a representação da ameaça e de risco, realizados pelo Serviço Geológico do Brasil
quais os elementos (população, habitações, infraes- (CPRM). Os primeiros são mais amplamente utilizados, O Serviço Geológico do Brasil – também conhecido
truturas etc.) podem ser impactados. principalmente internacionalmente, e são também conhe- como CPRM ao remeter-se à antiga Companhia de
Você vai aprofundar seu conhecimento sobre a ava- cidos como Mapas de Perigo (Hazard Maps). A setorização Pesquisa de Recursos Minerais – é uma empresa
liação do risco e sua representação em mapas no pró- segue uma metodologia própria do CPRM e, atualmente, pública governamental brasileira, vinculada ao
ximo curso desta capacitação. Por enquanto, veja onde estão disponíveis para 1.785 municípios. A seguir, conheça Ministério de Minas e Energia.
encontrar algumas fontes com exemplos para elabora- um pouco mais sobre esses dois tipos de mapas.
ção de mapas de riscos:

EXEMPLO DE MAPAS DE SUSCETIBILIDADE EXEMPLO DE SETORIZAÇÃO DE RISCO

Site do Ministério do Desenvolvimento Regional.

E-book da Capacitação em Mapeamento


e Gerenciamento de Risco.

Manual Desastre Zero: mapa de risco em


sala de aula.

Apostila Mapeamento de Áreas de Risco para


Prevenção de Desastres Hidrológicos com
Ênfase em Modelagem Hidrogeomorfológica. Fonte: CPRM

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 53


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

CARTAS DE SUSCETIBILIDADE
EXEMPLO

As Cartas de Suscetibilidade são documentos carto- Veja, na ilustração, um trecho de uma carta de suscetibilidade
gráficos que representam a propensão, ou seja, a possibi-
lidade de ocorrência de um determinado evento relacio-
nado à movimentos gravitacionais de massa, enxurradas
e inundações. Além de auxiliar na GRD, também servem
para o planejamento urbano de estados e municípios. Corridas de massa
Os levantamentos são realizados a partir de uma
modelagem matemática feita em escritório e, poste-
riormente, validada em trabalho de campo por uma Enxurradas
equipe de pesquisadores que percorre toda a exten-
são do município.
As áreas mapeadas nas cartas são classificadas em
alta, média e baixa suscetibilidade a movimentos gra-
vitacionais de massa (deslizamentos e corridas de mas- Áreas suscetíveis a deslizamentos (tons em marrom):
sa) e a processos hidrológicos (inundações e enxurra- Alta Média Baixa
das) em toda a extensão do município, ocupada ou não.
O CPRM destaca em seu site que as “[...] informa- Inundações (tons em azul):
ções geradas para a elaboração da carta estão em Alta Média Baixa
conformidade temática com as escalas 1:50.000 ([nos Você encontra
estados do] AC, AM, AP, PA, RO e RR) e 1:25.000 (demais Corridas de massa (linha preta tracejada). as Cartas de
estados), podendo a carta eventualmente ser apresen- Suscetibilidade
tada em escalas menores.” (BRASIL, [2021a]). Enxurradas (linha vermelha tracejada). Fonte: CPRM (2021). no site do CPRM.
Elas são de acesso
público e, atualmente,
estão disponíveis
A escala cartográfica representa a relação constante entre as dimensões dos para 526 municípios
elementos representados no mapa e suas correspondentes dimensões reais. brasileiros.

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 54


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

Em outras palavras, a escala demonstra quantas


vezes as dimensões do objeto representado foram MAPA DE SUSCETIBILIDADE A DESLIZAMENTOS DO BRASIL
reduzidas para serem colocadas no mapa. Pode ser
O Instituto Brasileiro

LOCUSGIS, REPRODUÇÃO
representada de forma numérica, como nesse caso,
1:50.000, o que significa que a representação está re- de Geografia e
duzida 50 mil vezes; ou por escala gráfica, normal- Estatística (IBGE)
mente inserida nos mapas como uma barra preta e publicou, em 2019,
branca (ROSSETTO, 2018). um estudo sobre
Você pode observar que, enquanto os mapas de deslizamentos
risco devem considerar os elementos expostos à de- no país, no qual
terminada ameaça e tentar dimensionar o impacto mostra que 5,7% do
caso ela se concretize, os mapas de suscetibilidade território nacional
baseiam-se somente na avaliação da probabilidade tem suscetibilidade
de determinado evento ou processo ocorrer e de sua muito alta a
magnitude. Eles devem abranger e classificar toda a deslizamentos e
área de interesse, por exemplo, todo o município, ca- 10,4% possui alta
racterizando-se por instrumento relevante para diver- suscetibilidade. A
sas áreas, como o planejamento urbano. maior parte dessas
Veja na prática o exemplo do uso de um mapa de áreas se concentram
suscetibilidade: nas regiões Sul e
Sudeste.

Fonte: Agência
IBGE Notícias (2019).

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 55


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

FELIPE WERNECK, IBAMA

SETORIZAÇÃO DE
ÁREAS DE RISCO GEOLÓGICO

Segundo o CPRM, a Setorização de Áreas de Risco


Geológico corresponde a documentos cartográficos
que representam as áreas sob situação de perigo, per-
da ou dano ao homem e suas propriedades, em razão
da possibilidade de ocorrência de um evento adverso
e suas possíveis consequências em relação a perdas
de vidas e/ou bens materiais.

Essas áreas de risco geológico e hidrológico se restringem às regiões


atualmente ocupadas e, portanto, são constituídas por uma ou mais
edificações propensas a serem atingidas e danificadas por um dado
evento, seja ele natural ou induzido por ações humanas. Nesse
contexto, os setores de risco se assemelham muito a um mapa de risco.

A setorização de áreas de risco geológico serve alto ou muito alto, sendo os dois últimos os objetos
para orientar o trabalho de prevenção de desastres das principais de estudo do mapa.
prefeituras e órgãos de P&DC, ao apontar as áreas prio- Os trabalhos de mapeamento são realizados em
ritárias para a implantação de ações de gestão de risco escala de detalhe, juntamente com as defesas civis
e preparação para resposta frente aos desastres natu- municipais, e consistem na avaliação de áreas que
rais. Em função dos indícios observados em campo, o apresentam potencial ou maior histórico de ocorrên-
grau de risco pode ser classificado em baixo, médio, cia de desastres.

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 56


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

MONITORAMENTO, ALERTAS E ALARMES

Outro instrumento básico de gestão de risco em O monitoramento consiste na observação sistêmi-


âmbito municipal corresponde ao processo de: ca, criteriosa e continuada de potenciais fatores cau-
sadores de riscos e de desastres, os quais devem ser
sistematizados, processados, organizados, analisados
e disseminados para gerar informações úteis ao ade-
quado gerenciamento de ações de preparação e res-
posta aos desastres. A atividade normalmente envolve:

» estudos climáticos;
Monitoramento Alertas Alarmes » previsão de tempo;
» nowcasting (previsão de curto prazo);
» acompanhamento hidrológico;

DEFESA CIVIL DE MARICÁ, RJ


» ações de geoprocessamento;
» obtenção de dados;
» elaboração de estatísticas.

Essa interpretação de dados e informações tem o ob-


jetivo de prever, o mais brevemente possível, os riscos
potenciais a que comunidades, economias e ambientes
estejam expostos. As informações produzidas devem di-
recionar esforços que possibilitem a tomada de decisão
nas etapas seguintes de forma ágil e adequada.
Isso, porém, não significa que o município deva ter
estrutura e equipe para fazer diretamente todo tipo de
monitoramento, pois há órgãos nacionais e estaduais
que o fazem. No entanto, é importante que os municí-

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 57


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

pios possam organizar sua estrutura técnica, visando MONITORAMENTO, ALERTA e ALARME
gerenciar as informações de monitoramento de seus
desastres locais, para o planejamento de tomada de ALERTA: define os parâmetros A Portaria n°3.027/2020
decisão do gestor de P&DC frente aos desastres, não de emissão de aviso sobre o define os procedimentos
esquecendo também de colaborar com o fornecimen- risco de ocorrência de um desastre para o envio de alertas
to de informações locais para os órgãos nacionais e es- à população sobre a
(antes de acontecer o evento).
taduais que, de forma complementar também o fazem, possibilidade de ocorrência
ajudando no processo de retroalimentação do sistema de desastres, em
de informações sobre desastres. articulação com os órgãos
Visto isso, o município deve ter o compromisso de: e entidades estaduais,
distritais e municipais de
» Realizar o monitoramento local, por meio de ob- proteção e defesa civil, e
servação e utilização de instrumentos como plu- para utilização do sistema
viômetros e réguas de nível de cheias de rios, por Interface de Divulgação
exemplo. de Alertas Públicos
» Identificar quais órgãos atendem sua região e para envio de alertas via
acompanhar as informações fornecidas para, com mensagem de texto (SMS),
elas, planejar a emissão de alertas e alarmes. MONITORAMENTO: televisão por assinatura
prevê a possibilidade ou plataforma de avisos
Sendo assim, enquanto o monitoramento tem o públicos.
de um desastre
objetivo de prever a possibilidade de uma ocorrência
e acompanha o
de um desastre determinado, o alerta, a partir de crité-
rios pré-definidos, tem o objetivo de definir os parâme-
quadro de evolução
tros de emissão e comunicação de um aviso toda vez dos riscos. ALARME: desdobramento Você verá mais
que o monitoramento identifica uma situação poten- do alerta em ações detalhes sobre sistemas
cial de desastre. Por sua vez, o alarme tem o objetivo práticas diretamente com a de monitoramentos,
de definir como será o acionamento desse aviso, que população e acionamento alertas e alarmes no
deve se desdobrar em ações práticas e ativar o plano Curso 3 desta
do plano de contingência.
de contingência. Observe a imagem a seguir para en- Capacitação.
tender melhor esse sistema.

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 58


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

CEMADEN, DIVULGAÇÃO

No Brasil, o órgão responsável pela emissão de


alerta é o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas Retomando o que foi visto no Curso 1 sobre o Cenad,
de Desastres Naturais (Cemaden). a ele compete promover o desenvolvimento de estudos
O Cemaden tem a missão de realizar, em âmbito O alerta de risco de desastres emitido relacionados à avaliação e mapeamento de riscos,
nacional, o monitoramento contínuo das condições pelo Cemaden deverá ser enviado ao realizar as ações de monitoramento e preparação para
geohidrometeorológicas, objetivando o envio de aler- Centro Nacional de Gerenciamento de desastres, além de articular o apoio federal para o
tas de riscos de desastres quando observadas condi- Riscos e Desastres (Cenad), para se constituir desenvolvimento de ações de preparação e resposta em
ções que produzam risco iminente de ocorrência de em subsídio fundamental na tomada de ações âmbito nacional, por meio de suas duas Coordenações-
processos geodinâmicos (movimento de massa) e hi- de preparação e resposta de proteção civil, Gerais (Coordenação Geral de Gerenciamento de Riscos
drológicos (inundação e/ou enxurrada). entre outros aspectos legais. e Coordenação Geral de Gerenciamento de Desastres).

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 59


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

Dessa forma, os alertas do Cemaden (emitidos por dade de ocorrência e do impacto potencial, podendo
uma equipe multidisciplinar) são enviados ao Cenad, ser moderado, alto e muito alto. Esse processo você
que os repassa para os órgãos de Defesa Civil Estadual pode ver no fluxograma a seguir, que integra as ações
e Municipal, e resultam da combinação da possibili- do Cemaden e das demais instituições envolvidas.

PROCESSO DE MONITORAMENTO

MS, GSI, Forças Armadas

Defesa
Cemaden Cenad Civil Sinpdec
local

Monitoramento Preparação Alarme Mobilização


e alerta e articulação e resposta

MDR e IBGE: CPRM:


INMET e INPE: ANA: Comunidade:
análise de risco e mapeamento
informações meteorológicas informações hidrológicas informações locais
vulnerabilidade a desastres geológico-geotécnico

UNIVERSIDADES, INSTITUTOS DE PESQUISA:


geração de conhecimento, aprimoramento de metodologias, banco de dados de
pesquisas aplicadas a desastres naturais (suscetibilidade, vulnerabilidade, risco).
Fonte: adaptado de Brasil (2017b).

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 60


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

Por isso, o município deve estar sempre atento aos minimizar os efeitos de um desastre. Por enquanto, é VOCÊ SABIA?
alertas emitidos pelos órgãos de monitoramento, sen- fundamental que você verifique se seu município está
do o alerta antecipado um dos principais elementos da na lista dos aptos a receber alertas do Cemaden e ou- A Sedec e a Anatel têm parceria para emissão
redução dos riscos de desastres e, consequentemen- tras informações enviadas pelo Cenad, e que entenda de alertas via SMS.
te, da redução de danos humanos. o funcionamento do cadastramento para receber os
Você irá aprofundar seu conhecimento sobre este alertas via SMS.
tema no Curso 3, no qual irá estudar com mais detalhes Procure o Cenad ou a Defesa Civil do seu estado, A Anatel coordena com as operadoras
o conteúdo dos avisos e alertas e como utilizá-los para caso necessite de maiores esclarecimentos. de telefonia móvel, de TV por Assinatura
e com os órgãos vinculados à Defesa
RENATO ARAUJO, AGÊNCIA BRASÍLIA Civil, representados pelo Centro
Nacional de Gerenciamento de Riscos
e Desastres – Cenad, [...] a implantação
do sistema de notificação de alertas
de riscos de desastres naturais junto à
população. (ANATEL, 2017).

Além disso, a Resolução nº 656, de 17 de


agosto de 2015, “aprova o Regulamento
sobre Gestão de Risco das Redes de
Telecomunicações e Uso de Serviços de
Telecomunicações em Desastres, Situações de
Emergência e Estado de Calamidade Pública.”
(BRASIL, 2015).

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 61


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

PLANO DE CONTINGÊNCIA

O que é o Plano de Contingência de um órgão pú- Nesse sentido, considerando que a primeira res-
blico? É um planejamento alternativo e preventivo. A posta a um desastre ocorre localmente, a elaboração
ação de planejar nada mais é do que visualizar uma de planos de contingência pelos órgãos municipais de
situação futura desejável e determinar meios efetivos P&DC pode ser considerada como um instrumento bá-
para concretizar essa situação idealizada. Por sua vez, a sico de gestão de risco. Esse processo deve estar ba-
expressão contingência significa incerteza sobre algo seado em cenários de risco, ou seja, em estimativas de
que poderá, ou não, vir a acontecer. como um determinado evento em potencial pode afetar
Logo, um Plano de Contingência (Plancon) é um as comunidades e os espaços em que habitam.
documento de planejamento que serve para a prepa- Independentemente do cenário de risco a ser con-
ração de recursos (humanos, materiais e logísticos) em siderado no Plancon, devem ser observados os requi-
relação às medidas a serem tomadas na ocorrência de sitos legais, com destaque para um processo participa-
um desastre. tivo e amplamente divulgado.

O seu objetivo é possibilitar que a preparação e a resposta


sejam eficazes, facilitando a atuação local articulada com
foco na proteção da população e na redução de danos e
prejuízos (ver Lei nº 12.608/2012, art. 8º, II, III, VIII, X, XI).
DEFESA CIVIL DE SANTA CATARINA, SC

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 62


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

Os passos de elaboração do Plancon são:

PASSOS DE ELABORAÇÃO DO PLANCON

1 2 3

DECIDIR PELA CONSTITUIR UM


ANALISAR O(S)
ELABORAÇÃO E DEFINIR GRUPO DE TRABALHO
CENÁRIO(S) DE RISCO
CENÁRIO(S) DE RISCO E DEFINIR CRONOGRAMA

6 5 4

REALIZAR AUDIÊNCIA PÚBLICA DEFINIR AÇÕES E PROCEDIMENTOS


REALIZAR CONSULTA PÚBLICA
E PRESTAÇÃO DE CONTAS (atribuições, responsáveis e recursos)

A Lei n°12.608/2012 define que Veja bem, a consulta pública e a audiência pública são instrumentos de participação
o Plancon deve ser submetido à popular garantidos pela Constituição Federal de 1988, por meio dos quais o poder
avaliação e à prestação de contas público obtém informações e pode opinar a respeito de um assunto de interesse
anual, por meio de audiência da sociedade. Sendo assim, são mecanismos importantes para transparência e
pública, com ampla divulgação. fortalecimento da atuação conjunta entre instituições e comunidade.

7 8 9
REVISAR
(após ocorrência de desastre,
OPERACIONALIZAR
VALIDAR E DIVULGAR simulado ou não, cronograma de
(em situação real ou simulada)
revisão ou mudanças significativas na
administração pública).

Fonte: adaptado Brasil (2017e).

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 63


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

Por sua vez, a organização do documento final pode a dinâmica de ocupação dos territórios faz com que ra- Um dos modelos disponíveis está no portal do
seguir diversos modelos e a escolha deve considerar a pidamente se alterem características importantes para a S2ID, por meio do qual é possível acessar o guia com-
realidade local de cada município. Além disso, o Plan- resposta, e mesmo os recursos disponíveis nas adminis- pleto. Outros modelos de Plancon, com características
con deve ser constantemente atualizado, uma vez que trações públicas são passíveis de mudanças constantes. mais abrangentes e com maior detalhamento, estão
disponíveis em publicação do MDR.
VINÍCIUS MENDONÇA, IBAMA O site do MDR disponibiliza também um manual de
Planos de Contingência para Desastres de Movimen-
to de Massa, produto do projeto Fortalecimento da
Estratégia Nacional de Gestão Integrada de Riscos de
Desastres (Gides), que pode ser encontrado também
no site da Sedec, junto às demais publicações.
Por fim, cabe citar a importância dos municípios
onde existem barragens de estarem articulados ao
Plano de Segurança de Barragens, elaborado pelo em-
preendedor, além de produzir um Plancon específico
para situações com tal empreendimento. Você pode
buscar mais orientações sobre o Plano de Segurança
de Barragens no Guia rápido sobre Planos de Segu-
rança de Barragens, publicado pelo DNPM, ou em
Orientações para apoio à elaboração de Planos de
Contingência Municipais para barragens publicado
pela Sedec.

O Plancon é um dos instrumentos mais importantes na etapa de preparação, sendo


abordado sob enfoques e modelos que diferem conforme a sua aplicação, as
instituições envolvidas e as realidades locais. Considerando sua relevância, a Sedec
promove capacitações específicas sobre sua elaboração e operacionalização, bem
como disponibiliza modelos e apoia a realização de simulados. Mantenha-se sempre
informado para estar apto a elaborar ou atualizar o Plancon do seu município.

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 64


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

OUTROS INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO


MAX HAACK, PREFEITURA DE SALVADOR, BA

Os instrumentos de planejamento devem ser elabo-


rados a partir do conhecimento da realidade local, obti-
do pelos instrumentos até aqui apresentados, ao mes-
mo tempo em que devem prever os prazos e métodos
de atualização dessas informações.
Cabe, portanto, ao gestor público municipal, definir
uma metodologia de trabalho que inclua instrumentos
de planejamento ao longo de sua gestão. Um exemplo
desses instrumentos é o Plano Municipal de Redução
de Riscos (PMRR), que possibilita o conhecimento per-
manente de riscos e capacidades. Segundo o governo
federal, trata-se de um instrumento para o

diagnóstico do risco e proposição de medidas estruturais para a sua


redução, considerando a estimativa de custos, os critérios de priorização e a
compatibilização com outros programas nas três esferas de governo: federal,
estadual e municipal. A partir desse conjunto de ferramentas é possível
dimensionar o problema, nortear as ações necessárias (estruturais e não
estruturais) para reduzir ou erradicar as situações de risco de deslizamentos
no município, bem como captar recursos para financiar as medidas que
extrapolam a capacidade da Prefeitura (BRASIL, 2011).

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 65


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

Para entender como funciona na prática, acompanhe os exemplos de PMRRs abaixo. Ambos foram executados
com a utilização de recursos do Programa de Urbanização, Regularização e Integração de Assentamentos Precá-
rios, do antigo Ministério das Cidades (atual MDR).

TRAZENDO PARA
A REALIDADE

O Plano Municipal de Redução de Risco de São Ação 1.2 – Definição da metodologia para a cons- Outro bom exemplo, nesse contexto, é o PMRR para
Gonçalo (PMRRSG) foi elaborado pela Fundação Eu- trução do mapa de risco de inundação dividido em escorregamentos, elaborado mediante cooperação ce-
clides da Cunha de Apoio Institucional à Universidade riscos (baixo, médio, alto e muito alto) e proposi- lebrada entre a Universidade Federal de Santa Catarina
Federal Fluminense (UFF), em parceria firmada entre a ções de soluções. (UFSC) e a Prefeitura Municipal de Florianópolis (PMF),
Prefeitura Municipal de São Gonçalo com apoio da Cai- no período de maio a dezembro de 2006. O plano foi
xa Econômica Federal; e, no seu desenvolvimento, um baseado no mapeamento de risco de deslizamentos, da
grupo multidisciplinar atuou na preparação das ações, Ação 1.3 – Elaboração do relatório de risco de ins- estimativa de custos, da hierarquização das intervenções
dividindo a equipe nas funções de Coordenador, Equi- tabilidade de encostas, incluindo a classificação de e das matrizes de alternativas de ação. Ao final, os valo-
pe de Apoio Técnico e Consultores, de forma que riscos de deslizamentos, as propostas de solução e a res necessários estimados para a execução do plano fo-
empregou-se professores, engenheiros, arquitetos, estimativa orçamentária das intervenções propostas ram previstos nas despesas orçamentárias do município
biólogos, consultores e estagiários. Dessa interação, nas bacias e sub-bacias hidrográficas do município. e o prazo para a sua execução foi adequado às disponi-
resultou o PMRRSG, que englobou diversas etapas e bilidades de recursos para a gestão do plano em si.
ações, das quais destacam-se:
Etapa 2.
Realização de uma audiência pública e apresenta-
Etapa 1. ção da matriz de alternativas de ação para a imple- Você pode conferir os detalhes e o
Programa Detalhado de Trabalho mentação do projeto, a fim de assegurar a ampla passo a passo do planejamento do
Ação 1.1 – Realização de seminário, trabalhos de participação popular e cientificar a população em PMRR no documento Plano Municipal
mobilização e treinamento das equipes. geral sobre o PMRRSG. de Redução de Riscos (PMRR).

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 66


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

Além dos instrumentos diretamente relacionados à


GRD, como é o caso do PMRR, outros instrumentos de TRAZENDO PARA
planejamento mais abrangentes também podem e de- A REALIDADE
vem incluir esses aspectos. Um exemplo é o Plano Dire-
tor, previsto na Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001, tam-
bém conhecido como Estatuto da Cidade. Segundo a lei, O trabalho realizado pela Secretaria de Proteção e Defesa Civil de Maricá, RJ, serve
como bom exemplo de um órgão municipal de P&DC que atua de forma colaborativa
na construção do Plano Diretor Municipal e é responsável por elaborar os mapea-
mentos das áreas de risco hidrológico e geológico, visando à inserção desse trabalho
preventivo nos respectivos planos municipais, auxiliando, assim, os órgãos setoriais na
elaboração das áreas aedificandi e non aedificandi municipais (JOM, 2020).
o plano diretor, aprovado por lei municipal, é o instrumento básico da política
de desenvolvimento e expansão urbana [e é também] [...] parte integrante do
processo de planejamento municipal, devendo o plano plurianual, as diretrizes
orçamentárias e o orçamento anual incorporar as diretrizes e as prioridades
nele contidas (BRASIL, 2001).

Atenção, os requisitos legais incluem determina-


ções específicas em relação aos desastres e as áreas
de risco, e devem ser acompanhados de perto pela
equipe de P&DC do município.
Cita-se, como exemplo, a inserção de participação
de uma Compdec no Grupo Intersetorial de Políticas
Públicas para apoio à elaboração e ao acompanha-
mento dos planos urbanos, a revisão do Plano Diretor
Urbano e a elaboração do Plano Municipal de Mobi-
lidade Urbana, no qual serão estabelecidas as condi-
ções de atividades participativas.

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 67


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

RESUMO DOS PRINCIPAIS INSTRUMENTOS


MAURICIO VIEIRA, DEFESA CIVIL DE SANTA CATARINA, SC

Considerando a
necessidade que o órgão
municipal de P&DC
tem de realizar um
planejamento de suas
atividades e utilizar os
instrumentos básicos de
gestão de risco, elaborou-
se um resumo destacando
alguns conteúdos deste
módulo com o objetivo de
facilitar esse trabalho.

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 68


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

INSTRUMENTOS E FERRAMENTAS PARA A GESTÃO DE RISCOS E DESASTRES NO ÂMBITO MUNICIPAL

MANTÉM RELAÇÃO
TIPO O QUE É E PARA QUE SERVE PRINCIPAL UTILIZAÇÃO
COM AS AÇÕES DE

Instrumento básico da política de desenvolvimento do município. Orienta a


atuação do poder público e da iniciativa privada na construção dos espaços
Determinar as áreas de risco existentes no Prevenção
urbanos e rurais na oferta dos serviços públicos essenciais, visando assegurar
PLANO DIRETOR município e as áreas que devem ser preservadas Mitigação
melhores condições de vida para a população. Serve para o planejamento do
para prevenir a criação de novos riscos no futuro. Preparação
ordenamento territorial, uso e ocupação do solo, orientando os gestores públicos
no sentido de estabelecer ordem na ocupação do espaço urbano ou rural.
São referências históricas de desastres e servem para ampliar o conhecimento Prevenção
BASES DE DADOS da realidade local, além de auxiliar na determinação dos períodos de recorrências Determinar o perfil de risco do município. Mitigação
dos desastres. Preparação
Identificar, reconhecer e descrever perigos
existentes na área de interesse. Depois, concentra-
se na compreensão da natureza e extensão dos
Representação gráfica que retrata níveis de risco em uma área geográfica. riscos, mediante uma análise das condições de
Prevenção
O mapa de risco é a transcrição do resultado da matriz de risco, ou seja, do vulnerabilidade e exposição (incluindo a análise
MAPA DE RISCO Mitigação
resultado da análise do risco para o local de interesse, análise essa que abrange das dimensões física, social, de saúde, ambiental e
Preparação
três componentes: ameaça, exposição e vulnerabilidade. econômica do risco). Finalmente, estimar os riscos,
comparando os resultados da análise de risco com
critérios padronizados de risco para determinar se
sua magnitude é ou não aceitável.
Auxiliar os municípios na prevenção de problemas
Documentos, normalmente empregados em nível local, utilizando estudos Prevenção
MAPAS DE relacionados aos desastres naturais de origem
técnicos (hidrológicos, geológicos, de engenharia etc.) para definir o quão Mitigação
SUSCETIBILIDADE geológica, auxiliando na proteção de vidas e na
suscetível é determinada área a eventos, como deslizamentos e inundações. Preparação
preservação do patrimônio público e privado.

CONTINUA NA PRÓXIMA PÁGINA »

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 69


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

MANTÉM RELAÇÃO
TIPO O QUE É E PARA QUE SERVE PRINCIPAL UTILIZAÇÃO
COM AS AÇÕES DE

Sistema de alerta antecipado, elaborado no intuito de preparar as comunidades


Monitorar situações de maior risco, ao identificar
MONITORAMENTO, que enfrentam algum tipo de risco (como uma inundação brusca ou
a aproximação de uma condição crítica. Nesse
AVISO, ALERTA E deslizamento de encosta), para saber como agir diante de perigos iminentes. Preparação
caso, inicia-se um processo de alerta, emissão de
ALARMES A criação de um sistema de monitoramento, alerta e alarme em áreas de risco
alarmes e a retirada da população do local de risco.
auxilia na redução de danos e prejuízos.
Plano que abarca o conjunto de medidas preestabelecidas, destinadas a
responder a situação de anormalidade de forma planejada e intersetorialmente Preparação
PLANCON Planejar e treinar a resposta a desastres.
articulada. Em síntese, é o planejamento das ações de resposta e, por isso, deve Resposta
ser elaborado durante a situação de normalidade.
Prevenção
Mitigação
INSTRUMENTOS Instrumentos que permitem o planejamento das ações de gestão de risco Planejar os processos de gestão de risco
Preparação
DE PLANEJAMENTO e de desastres, favorecendo uma atuação articulada e sequencial. localmente.
Resposta
Recuperação

Informatizar processos (registros, reconhecimento,


Sistema Integrado de Informações sobre Desastres, monitorado pelo Governo Prevenção
solicitações e análises), disponibilizar dados
Federal. Ele centraliza diversas etapas da gestão de risco e de desastres e Preparação
S2ID sistematizados para auxiliar a GRD no Brasil e
intermedia os processos de transferência de recursos. Além disso, integra Resposta
manter o canal oficial de comunicação com o
ferramentas de sistematização e armazenamento de dados. Recuperação
Governo Federal.

Fonte: adaptado e ampliado de Brasil (2017c. p. 68).

Aqui você viu alguns instrumentos e ferramentas que estão disponíveis para o uso dos ges-
tores públicos nas ações e políticas públicas de RRD. Na sequência, para concluir os estudos,
serão abordados os temas de políticas públicas setoriais e seus efeitos nas ações de P&DC.

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 70


SETORIAIS
POLÍTICAS
PÚBLICAS
MÓDULO 7

ANDRÉA RÊGO BARROS, PREFEITURA DO RECIFE, PE


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

POLÍTICAS PÚBLICAS SETORIAIS


JULIO CAVALHEIRO, DEFESA CIVIL DE SANTA CATARINA, SC

Neste último módulo, você entenderá


por que as políticas públicas setoriais
são tão relevantes e conhecerá os
seus impactos nos instrumentos
locais de planejamento das
ações de P&DC. Verá, ainda, que o
planejamento é o ponto de partida
para determinar como identificar
os órgãos de articulação e como
efetivar o processo de RRD.

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 72


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

V ocê viu até aqui todo o processo necessário para


que um órgão municipal de P&DC seja formali-
zado e estruturado a partir de aspectos legais e de re-
cursos humanos, materiais e tecnológicos pelo ponto
de vista intrainstitucional, ou seja, de como interna- Pode-se dizer que se trata de aplicar o pressupos-
mente está composta e organizada a P&DC do muni- to da P&DC como um sistema, em que diversas áreas
cípio. Porém, é fundamental inserir a visão interinstitu- somadas resultam na completude do processo de
cional para que o órgão atue de maneira articulada aos RRD e no fortalecimento da resiliência. Observe um
demais órgãos e políticas setoriais. Veja os atores que exemplo de articulação local:
correspondem a cada uma dessas articulações.

TRAZENDO PARA
A REALIDADE

O Projeto BH Avança elaborou um Protocolo de


Atuação Integrada entre diversas instituições do
município diante da necessidade de definição dos
fluxos de atividade, informação e comunicação.
Âmbito interinstitucional: Assim, por meio da pactuação de um protocolo,
ficou estabelecido quais instituições estão envolvi-
» Corresponde a instituições ligadas direta ou indi- das e quais são suas atribuições específicas.
Âmbito intrainstitucional retamente aos programas e ações de RRD e tem
o objetivo de fazer com que os interlocutores dia- O protocolo de atuação integrada em alagamento,
» Corresponde aos atores que estão dentro da loguem entre si, alinhando a atuação em gestão enxurrada e inundação tem como objetivo otimizar
estrutura da Defesa Civil e tem o objetivo de fa- de risco e de desastre de órgãos executivos e a articulação das instituições a partir de informa-
zer com que todos, dos agentes de campo aos legislativos, instituições técnicas, científicas, edu- ções rápidas e precisas, minimizando os impactos
dirigentes, estejam em sintonia. cacionais, religiosas, de saúde, segurança etc. para a população.

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 73


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

Dessas políticas derivam os instrumentos locais


Nesse sentido, a Lei nº 12.608/12 refere-se a algumas
de planejamento, que também devem estar alinhados
importantes políticas setoriais, como as de:
à P&DC. Cartagena (2015) cita os seguintes exemplos
desses instrumentos:

» o plano diretor;
» a lei de uso e ocupação do solo;
» o PMRR;
Ordenamento Desenvolvimento Saúde » a carta geotécnica de aptidão à urbanização;
territorial urbano » o plano de saneamento básico.

Fica fácil perceber que o Sinpdec é, ao mesmo


tempo, um sistema e uma política pública, quando
se observa outros sistemas nacionais como o Siste-
ma Único de Saúde (SUS) ou o Sistema Único de
Meio Mudanças Gestão de Assistência Social (Suas). Todos eles, quando atuam
ambiente climáticas recursos hídricos de forma integrada, fortalecem os processos de GRD,
devendo essa articulação ser prioridade do gestor do
órgão municipal de P&DC.
A abrangência de atuação de um órgão de P&DC
muitas vezes não é direta, mas de competência de ór-
gãos específicos da administração pública que, orien-
Geologia Infraestrutura Educação Encontre mais tados adequadamente, podem atuar em parceria. A as-
informações sistência social, por exemplo, é uma das parcerias a se
sobre o SUS. estabelecer, uma vez que, usualmente, é o setor que
possui a identificação e o cadastramento de grupos
Encontre mais vulneráveis e pode auxiliar nas ações de repasse de
informações recursos assistenciais de emergência, tendo em vista
Ciência Tecnologia sobre o Suas. sua especialização na temática.

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 74


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

Assim, o planejamento de um órgão de P&DC é o pon- Um exemplo bastante claro de políticas setoriais é a
to de partida para determinar como identificar os órgãos articulação dos órgãos federais para monitoramento O Cenad foi criado com o intuito de gerenciar
locais de articulação e como efetivar esse processo. Con- de riscos e desastres, mencionada no módulo anterior. as ações estratégicas de preparação e resposta
sidere também a necessidade de planejar os processos Eles desenvolvem ações para apoiar os municípios e a desastres em território nacional. Coordenado
de participação social, ou seja, o envolvimento de outras estados na geração de informações sobre riscos, pre- pela Sedec, do MDR, tem como objetivo atuar na
instâncias além da esfera da administração pública, como: visão de clima e tempo, elaboração de avisos e alertas preparação e resposta ao desastre, bem como
(como visto no tópico anterior), e difusão das informa- a mobilização de recursos humanos para atuar
ções. Com diferentes contribuições, cada órgão realiza durante a ocorrência de um desastre. Dessa

análises e gera informações que dão suporte à gestão forma, cabe ao Cenad consolidar as informações

de risco local e regional. sobre riscos no país, tais como mapas de áreas de

Como exemplos, citam-se as seguintes institui- risco, de deslizamentos e inundações, além dos

ções que atuam em nível nacional, ressaltando que é dados relativos à ocorrência de desastres e os

Setores Universidades importante e cabe ao próprio município identificar e se seus danos associados. O gerenciamento dessas

produtivos e institutos de articular com esses e outros órgãos setoriais, tanto da informações possibilita ao centro apoiar estados

pesquisa esfera nacional como estadual: e municípios nas ações de preparação para
desastres junto às comunidades mais vulneráveis.
ANDRÉA RÊGO BARROS, PREFEITURA DO RECIFE, PE

O Cenad atua em parceria com outros órgãos,


com destaque para: o Cemaden, o Serviço
Geológico do Brasil (CPRM), o Instituto Brasileiro

Voluntários Mídias e veículos do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

de comunicação Renováveis (Ibama), a Agência Nacional de


Águas (ANA), a Agência Brasileira de Inteligência
(ABIN), o Centro de Previsão de Tempo e
Estudos Climáticos (CPTEC), o Instituto Nacional
de Meteorologia (INMET), o Centro Gestor
e Operacional do Sistema de Proteção da
Amazônia (Censipam), as Forças Armadas e
População Lideranças
demais órgãos do Poder Executivo Federal.
vulnerável e de comunitárias
áreas de risco

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 75


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

O Cemaden está vinculado ao Ministério da Ciência,


O CPRM mantém a plataforma
Tecnologia e Inovação (MCTI) e tem como missão
Sistema de Alerta de Eventos
realizar o monitoramento das ameaças naturais em
Críticos (SACE), que produz
áreas de riscos nos municípios brasileiros suscetíveis
boletins com previsões
à ocorrência de desastres, mediante o emprego de
hidrológicas para diversas bacias
tecnologias modernas de monitoramento e previsões
hidrográficas de todo o território
hidrometeorológicas e geodinâmicas. Cabe a esse
nacional, disponibilizando, em
órgão promover o desenvolvimento científico,
tempo real, dados e previsões
realizando pesquisas e inovações tecnológicas
que ajudam a prevenir danos
que possam contribuir para a melhoria constante
e preservar vidas em eventos
do sistema nacional de alerta antecipado, com o
de cheias e inundações. O
objetivo final de reduzir os danos humanos e prejuízos
Sistema de Alerta Hidrológico
materiais em todo o país, e garantir um sistema de
funciona como uma importante
qualidade e confiável para a emissão e alertas. BACIAS
ferramenta para a prevenção e
o planejamento das ações em MONITORADAS
O centro monitora, 24 horas por dia, as áreas de risco
eventos extremos. As bacias
de 959 municípios classificados como vulneráveis
monitoradas estão listadas na
a desastres em todas as regiões brasileiras, bem
imagem a seguir.
como gerencia as informações emitidas por radares
meteorológicos, pluviômetros e dados provenientes
de previsões climáticas, repassando as informações
para os órgãos competentes em todo o Brasil,
visando antecipação perante possíveis ocorrências
de situações meteorológicas que possam levar à
Encontre
ocorrência de um desastre.
mais informações
sobre o CPRM e a SACE.

Encontre mais informações sobre o Cemaden.


Fonte: Adaptado do SACE ([20—]b).

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 76


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

O Instituto Nacional de Meteorologia do Brasil A Agência Nacional de Águas (ANA) tem como
(INMET) é um órgão federal da administração direta principal função regular o uso das águas dos rios e
do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento lagos de domínio da União e implementar o Sistema
(Mapa), com a missão de prover informações Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos
meteorológicas por meio de monitoramento, (SINGREH), garantindo o seu uso sustentável,
análise e previsão do tempo e clima, concorrendo evitando a poluição e o desperdício, e assegurando
com processos de pesquisa aplicada para fornecer água de boa qualidade e em quantidade suficiente
informações adequadas em situações diversas, como para a atual e as futuras gerações.
no caso de desastres naturais, tais quais inundações e
secas extremas que afetam, limitam ou interferem nas A ANA dispõe de uma sala de situação, onde monitora
atividades cotidianas da sociedade brasileira. e analisa a evolução das chuvas, dos níveis e da vazão
dos principais rios, reservatórios e bacias hidrográficas
O órgão trabalha com imagens de satélites e modelos do país. Todas as informações são compartilhadas por
físico-matemáticos de última geração e alta resolução, meio de boletins e de sistemas de monitoramento,
processados em supercomputadores, que simulam servindo de suporte para a decisão das autoridades
o comportamento futuro da atmosfera. O INMET, por responsáveis pela gestão de eventos hidrológicos
intermédio de seu corpo técnico de meteorologistas, críticos. Promove, ainda, ações destinadas à prevenção
elabora boletins de previsão de tempo com dias de e redução dos efeitos dos desastres, especialmente
antecedência, dentro de padrões internacionais. ligados às secas e inundações no Brasil.

Encontre mais informações sobre o INMET. Encontre mais informações sobre a ANA.

RUI FAQUINI, ANA

O Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)
é o principal centro de previsão meteorológica do Brasil. Entre seus principais produtos estão: oferta de previsão
de tempo, previsão climática, modelagem numérica, satélites, monitoramento de queimadas, qualidade do ar,
energia e ondas. O CPTEC vem constantemente aperfeiçoando seus modelos para gerar previsões com mais dias de Encontre mais informações sobre o CPTEC.
antecedência, além de prever chuvas e eventos extremos com maior confiabilidade.

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 77


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

O Ibama, órgão federal, é uma


autarquia vinculada ao Ministério do
Meio Ambiente (MMA) com poder
de polícia ambiental. Seus objetivos
são a preservação, a melhoria
e a recuperação da qualidade
ambiental, além de assegurar o
desenvolvimento econômico, com o
uso sustentável dos recursos naturais.
Ele é responsável pela execução da
Política Nacional do Meio Ambiente,
além da atribuição ao nível federal
de conceder, ou não, licenciamento
ambiental para empreendimentos,
de controle da qualidade ambiental,
autorização de uso dos recursos
naturais (água, flora, fauna e solo)
e de fiscalização, monitoramento e
controle ambiental.

Encontre mais informações


sobre o Ibama.

VINÍCIUS MENDONÇA, IBAMA

Você viu que o processo de formalização e estrutu- ligadas direta ou indiretamente aos programas e ações jamento. Por fim, acompanhou a atuação integrada entre
ração de um órgão municipal de P&DC, bem como as de RRD para que o órgão municipal atue de maneira arti- órgãos de P&DC em um exemplo da articulação dos ór-
articulações e atores que estão dentro de sua estrutura culada aos demais órgãos e políticas setoriais. Além dis- gãos federais para monitoramento de riscos e desastres
fazem parte do ponto de vista intrainstitucional; um ponto so, você conheceu alguns exemplos de políticas setoriais por meio das ações desenvolvidas para apoiar os muni-
de vista interinstitucional, por sua vez, possui instituições e como elas derivam nos instrumentos locais de plane- cípios e estados na geração de informações sobre risco.

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 78


DEFESA CIVIL DO RIO DE JANEIRO, RJ
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Parabéns! Você concluiu os estudos do curso PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: atua-
ção no âmbito municipal!
Aqui você pôde conhecer um pouco mais sobre a prática de redução de riscos de
desastres com ênfase na atuação municipal, percorrendo todo o processo para que
um órgão municipal de P&DC seja formalizado e estruturado a partir de aspectos le-
gais e de recursos humanos, materiais e tecnológicos.

Portanto, de forma resumida, você conheceu:

» o conceito de órgão municipal de P&DC e viu que ele está associado a uma atu-
ação sistêmica, pautada na articulação de setores (público, privado, não governa-
mental e comunitário), níveis (municipal, estadual e federal), fases (antes, durante
e após o desastre) e políticas públicas (planejamento urbano, saúde, educação);
» as principais atribuições do órgão municipal de P&DC, que se resumem em
planejar, executar, coordenar e supervisionar as ações de P&DC, o que lhe per-
mitiu refletir sobre a identificação dos riscos de desastres e como ocorre a inte-
gração da gestão de riscos no planejamento do desenvolvimento municipal;
» os requisitos para a formalização e estruturação do órgão, tendo em vista
que é primordial levar em consideração a diversidade de organização e tama-
nho populacional e territorial dos municípios brasileiros, e que, por isso, não
existe um modelo padrão para definir os requisitos mínimos para a formalização
e estruturação de um órgão municipal de P&DC;
» a importância dos instrumentos orçamentários, pois são eles que garantem
a operacionalização do órgão municipal de P&DC a partir da organização do
orçamento público. Dessa maneira, todos os órgãos devem planejar suas ações
KATITO, PREFEITURA DE MARICÁ, RJ
de redução de riscos de desastres, contemplando os recursos orçamentários
disponíveis para torná-las possíveis;
» os instrumentos e as ferramentas básicas de gestão de risco, que estão dispo-
níveis para o uso por parte dos gestores públicos municipais nas ações e políticas
públicas de RRD, sabendo como encontrá-los e utilizá-los nas atividades de ava-
liação de riscos e preparação para o enfrentamento dos desastres; e, por último,
» as políticas públicas setoriais, que tratam sobre como a P&DC municipal deve
estar internamente composta e organizada (ponto de vista intrainstitucional),
assim como o órgão deve atuar de maneira articulada com os demais órgãos e
políticas setoriais (ponto de vista interinstitucional).

Sendo assim, você está apto para dar continuidade aos seus estudos com o pró-
ximo curso desta capacitação. Fique atento e estude o material complementar “Boas
Práticas”, anexado à plataforma de ensino.
CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

VOCÊ SABE O QUE SÃO BOAS PRÁTICAS?

Essa expressão, derivada do inglês best practice, se refere a técnicas iden-


tificadas como as melhores para realizar determinada ação ou procedi-
mento com um objetivo comum a um sistema/comunidade. A importância
de descrever as boas práticas de gerenciamento de risco de desastres no
Brasil está em valorizar as ações que os municípios vêm realizando, a fim
de implementar uma cultura de prevenção e redução de risco a nível local.

Visto isso, com base no Sistema Municipal de Proteção e Defesa Civil, foi
elaborado um material complementar para você, contendo alguns exem-
plos de boas práticas espalhadas pelo país.

Não deixe de acessar a plataforma Moodle


e conferir esse conteúdo na íntegra!

PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 81


CAPACITAÇÃO EM PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL

REFERÊNCIAS

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PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 82


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PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL: ATUAÇÃO NO ÂMBITO MUNICIPAL – CURSO 2 85


FICHA TÉCNICA

EQUIPE TÉCNICA Karina Martins da Cruz Keila Ferreira


Adriana Landim Quinaud, Ma. Lara Calvette Daunis (Secretaria-Executiva de Defesa Civil do Recife/PE)
Alexandre Ladvig Luana Martins Sanches Lidiane Natalie de Souza
Amanda Neto Domingos Lucas Denir Espíndola (Sedec/MDR)
Ana Leticia Oliveira do Amaral, Ma. Manoela de Souza Liliane Campos Alves
Arnoldo Bublitz Marcos de Oliveira (Subsecretaria de Proteção Defesa Civil de Belo Horizonte/MG)
Arthur Vinícius Anorozo Nunes, Me. Maria Eduarda Hanoff Amaral de Oliveira Loiane Ferreira de Souza
Ayla de Brito Péres Natália Kilpp da Silva (Sedec/MDR)
Bárbara D’oro Rafael Schadeck, Me. Luiz Carlos da Costa Junior
Débora Machado Gonçalves Sarah Marcela Chinchilla Cartagena, Ma. (Secretaria Adjunta de Proteção e Defesa Civil do Mato Grosso)
Delma Cristiane Morari, Ma. Sofia Moreira Pachedo de Souza Paulo Sérgio Menezes Luz
Diego Borges da Silva, Me. Thais Guimarães (Superintendência de Proteção e Defesa Civil do Estado da Bahia)
Fábio Hermógenes Thiago Souza Reinaldo Soares Estelles, Me.
Fernanda Luisa da Costa França, Esp. Valdir Aparecido da Silva Junior (Sedec/MDR)
Gabriela Camargo Roumeliotis Victória Junkes Natividade Ricardo Jerônimo de Oliveira
George Rodrigues, Esp. Vinícius Borges de Souza (Subsecretaria de Proteção Defesa Civil de Belo Horizonte/MG)
Giselle Regina Furtado Wellington Silva de Oliveira
Guilherme Evangelista da Silva REVISÃO TÉCNICA (Coordenadoria Municipal de Defesa Civil de Maricá/RJ)
Guilherme Inã Ferreira George Luiz P. Santos
Jéssica Rodrigues Esteves, Ma. (Coordenadoria Municipal de Defesa Civil de Rio Branco/AC) FOTOS DE CAPA
João Pedro Palhares Torres Filippe José Luiz de Abreu Prefeitura de Aracaju, SE
Júlia dos Santos Amaro (Colegiado de Coordenadores de Proteção e Defesa Civil Altemar Alcantara, Prefeitura de Manaus, AM
Júlia Jacintho dos municípios da Região da Foz do Rio Itajaí/SC) Carlos Bassan, Prefeitura de Campinas, SP
Realização:
CEPED / UFSC (2021)

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