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1- Informação como objeto de estudo das ciências da informação e como recurso para o
desenvolvimento econômico e social: natureza, princípios, valores, apropriação da informação
para produzir conhecimento, informação como insumo, recurso e estratégia para a
competitividade no mundo produtivo, bem como no processo de produção de bens e serviços.
Informação para o bem-estar social. Regulação da informação. Políticas públicas para
promoção, ação e acesso à informação.
Natureza do trabalho: comunicação oral.
SILVA, Thamiris Iara Sousa1
MARAMALDO JÚNIOR, Elton César Soeiro2
RESUMO
Este artigo tem como propósito apresentar algumas reflexões sobre a dinâmica da informação
na sociedade e as formas como ela pode vir a ser usada como meio de instrução e
emancipação intelectual. Objetiva-se, também descrever quais veículos de acesso à
informação são comuns em nossa sociedade com ênfase no papel das bibliotecas como
centros de informação e os bibliotecários como intermediários da mesma. Os avanços
tecnológicos aliados à expansão do acesso à internet facilitaram a circulação de diferentes
tipos de conteúdos na sociedade, levantando questionamentos sobre a veracidade e
intencionalidade de tais conteúdos. É evidente ser impossível compreender as subjetividades
no processo de produção e divulgação de algum conteúdo, entretanto, o propósito deste artigo
é demonstrar como alguns conteúdos que circulam na sociedade podem ser nocivos aos
interlocutores, servindo de instrumentos de doutrinação política e ideológica. Partindo das
abordagens teóricas de Althusser, Charaudeau, e a filósofa brasileira Chauí, percebe-se que
existem ideologias dominantes que cerceiam a vivência social, assim, objetiva-se demonstrar
como a informação possibilita a formação do senso critico do modo a prevenir possíveis
manipulações informacionais.
Palavras–chave: Informação. Dominação. Ideologia. Sociedade. Bibliotecário.
1
Graduanda do curso de biblioteconomia da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e bolsista do Programa
de Educação Tutorial de Biblioteconomia da UFMA. E-mail: sousasilvathamirisiara@gmail.com.
2
Graduando do curso de biblioteconomia da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e bolsista do Programa
de Educação Tutorial de Biblioteconomia da UFMA. E-mail: eltontime@hotmail.com.
13 a 19/11 de 2016
Salvador - BA
Universidade Federal da Bahia - UFBA
39º Encontro Nacional dos Estudantes de Biblioteconomia, Documentação, 2
Ciência da Informação e Gestão da Informação – ENEBD 2016
1 INTRODUÇÃO
A massificação da informação vem permeando os vários segmentos da vivência social,
moldando as relações interpessoais, profissionais e econômicas. Que a produção e consumo
de informação em larga escala modificaram a dinâmica social todos o sabem, mas, os efeitos
advindos desta situação não foram os esperados. Acreditava-se que o livre acesso aos meios
de informação nivelaria as diferenças nas classes sociais, contudo, o que vemos é a
reprodução das situações de dominação social por meio daqueles que produzem e detém os
meios informacionais.
O grande volume de informação divulgada na sociedade incentivou a criação de novas
técnicas de comunicação e vinculação de conteúdos, tal situação gera a impressão que todos
os cidadãos, independente da posição social, podem ter acesso a qualquer conteúdo, em
contrapartida, percebe-se o assustador aumento dos casos de exclusão virtual daqueles que
não utilizam tais tecnologias.
Assim, este artigo propõe uma série de reflexões sobre a dinâmica da informação na
sociedade atual, como ela vem sendo utilizada, quais os meios mais acessíveis e como a
população tem absolvido tais informações.
É interessante notar o paradoxo que este artigo propõe: durante muitos séculos à
informação restringiu-se as minorias dominantes, o que detinha a ascensão das classes
subordinadas, em contrapartida, atualmente, vivencia-se tempos de intensa divulgação
informacional, se por um lado esta situação trouxe desenvolvimento e evolução social, por
outro lado, ainda é possível constatar situações de dominação social por meio da própria
informação, quando usada para fins de doutrinação ideológica.
Assim, este artigo é relevante à medida que discute os benéficos e perigos da
informação consumida sem criticidade pela população, podendo nortear possíveis outros
estudos relacionados. Poucas vezes, no meio acadêmico, encarou-se o papel da informação
como recurso de doutrinação.
A metodologia empreendida a este artigo foi a qualitativa, já que a intenção é esclarecer
alguns fenômenos advindos dos impactos informacionais na sociedade. Não obstante, optou-
se por uma pesquisa bibliográfica reunindo diferentes estudos que abordam a temática da
dominação ideológica social, daremos maior destaque as teorias do sociólogo Luís Althusser
e suas considerações sobre os aparelhos ideológicos e repressivos do Estado, as contribuições
do linguista Norman Fairclough sobre as ideologias implícitas em discursos políticos e as
postulações da filósofa Marilena Chauí sobre as relações de dominação social.
Duarte (2009, p.66) apresenta ainda três fatores que podem ser usados para classificar
a mensagem transmitida como informação, a saber:
[...] quando se instaura um processo de comunicação, informação é algo que um
indivíduo gera ativamente e que outro indivíduo pode decidir internalizar; cada
indivíduo recebe e interpreta informação [...] à sua própria maneira, dando-lhe
significado pessoal; a percepção da informação é medida pelo estado de
conhecimento do receptor e pelo contexto psico-social-cultural em que ele se
encontra inserido; quando a informação é percebida e/ ou recebida, ela afeta e
transforma o estado de conhecimento do receptor.
ser apenas a nível individual, mas também coletivo, a partir do fato que o homem
vive em sociedade.
Na citação supracitada os autores esclarecem como o homem deve ter a informação
como prioridade, e desse modo também conhecer as fontes de informações, pois a origem do
discurso diz muito do que a informação divulgada quer de fato emitir, e é nesse cenário que a
surge a alienação, esta se caracteriza por impedir que o indivíduo pense por si mesmo, não
como uma lavagem cerebral, o indivíduo pensa fazer o quer, quando na verdade suas ações
são simples resultados de todo o discurso que lhe cerca. E assim como a informação pode agir
como instrumento de transformação pode também fazer parte de discursos alienantes, logo a
concepção de informação se faz imediata e imprescindível.
3 VEÍCULOS DE INFORMAÇÃO
Um caráter primordial da informação é sua acessibilidade. A informação tem pouco
uso enquanto restrita a um público específico ou enclausurada em algum local, terá utilidade
quando o interlocutor conseguir acesso a ela, quanto maior o número de interlocutores
“beberem” dessa informação mais útil ela será. Ao longo da história as vias de acesso à
informação evoluíram consideravelmente, desde a oralidade até os meios eletrônicos: cartas,
manuscritos, livros, até chegarmos aos dias atuais em que a informação se espalha
instantaneamente.
O fato é que sempre existiram veículos, entretanto o maior diferencial está na forma
que estes são conduzidos e em que sentido estão sendo conduzidos. Entre as várias formas
desenvolvidas pelo homem para expansão da informação, a internet é a que mais se destaca,
sua velocidade, abrangência e liberdade de publicação trazem uma mobilidade extensa para os
veículos tramitarem nas “vias cibernéticas.”
Com as inovações dos meios informacionais, muito dos veículos anteriores como o
rádio, os jornais tem caído em desuso, não obsoletos, mas com um público menor. Com os
meios eletrônicos as informações são obtidas em novos suportes, como bloggers e sites, e
como comparativo com a televisão que ainda é um veículo de informações.
A expansão de novos canais de acesso a conteúdos alterou a dinâmica social dos
interlocutores que não se restringem a serem apenas receptores da informação, canais como
youtube entre outros, possibilitam ao interlocutor a chance de criar seu próprio canal e se
mostrar para o mundo, viabilizando a inserção da identidade ou estilo do usuário ao processo.
Diante desse contexto, cabe à reflexão sobre o papel das bibliotecas como meio de
informação a sociedade. É fato que as bibliotecas, a priori, não tinham a finalidade de
viabilizar o conhecimento a população, assumiam o papel de depósitos de conhecimento, um
mediador da informação precisa ter essa tarefa não como algo a se fazer em horas livres, mas
que tenha tanta importância quanto manter os acervos em ordem.
4 DOMINAÇÃO X INFORMAÇÃO
Como já mencionado, este artigo fora desenvolvido a partir das postulações de alguns
teóricos de diferentes campos do conhecimento que desenvolveram pesquisas sobre relações
de dominação social, com ênfase nas pesquisas de Althusser, Charaudeau e Chauí.
Segundo o sociólogo Luis Althusser as relações de dominação estabelecem-se
no cenário social por meio das ideologias dominantes da superestrutura: o Estado, o autor faz
distinção entre Aparelhos do Estado (AE) e Aparelhos Ideológicos do Estado (AIE), “que são
os aparelhos ideológicos do Estado? Não se confundem com o aparelho repressivo do Estado
[...] Em si mesmo, o aparelho repressivo do estado funciona de uma maneira massivamente
pela repressão [...] e secundariamente pela ideologia.” (ALTHUSSER, 1998, p. 42).
Segundo ele, o estado, mantém controle sobre a vivência social através de
meios como: o exército, a polícia, a prisão etc. o AE se caracteriza pelo uso da violência na
repressão das massas. Enquanto o AIE estabelece as realidades ideológicas que são
disseminadas pelas instituições, que embora possam ser independentes ou privadas como:
instituições de educação, igrejas etc., são subordinadas ao Estado. Para Althusser (1998), o
Estado capitalista, que é o estado da classe dominante, representa a união das ideologias da
classe dominante.
Já o teórico francês Patrick Charaudeau dedicou estudos sobre as estratégias de
dominação ideológica que se materializam por meio dos discursos políticos. Durante o
período eleitoral é possível identificar as variadas e criativas formas de doutrinação política
empreendida pelos candidatos na tentativa de conquistar o maior número de eleitores.
Para tanto os candidatos recorrem a formas mais evidentes de persuasão como
comícios, músicas temáticas, a divulgação de suas propostas nas mídias, por meio de
3
materiais impressos e outras. Todo esse processo consiste na construção da imagem (ethos)
do candidato ante a sociedade.
Todavia, concentrando a análise apenas nos discursos eleitorais percebem-se
corriqueiramente as estratégias retóricas dos candidatos. Assim, durante o discurso é comum
o candidato tentar estabelecer um vínculo social com os interlocutores de modo a levá-los a
acreditar que o candidato tem a mesma origem deles, que faz parte de seu universo social e,
3
Aristóteles desenvolveu estudos sobre retórica em três volumes: O logos (argumento) o pathos (paixão) e o
ethos (imagem) elementos indispensáveis à retórica, assim, o ethos seria a imagem, a impressão que o candidato
deseja causar no eleitorado durante a produção do discurso, obviamente uma imagem de honestidade e
credibilidade.
ABSTRACT
This article has the purpose to present some reflections on the dynamics of the information
society and the ways in which it might be used as a means of education and intellectual
emancipation. This paper aims to describe which information access resources are common in
our society with emphasis on the role of libraries as information centers and librarians as
intermediaries thereof. Technological advances combined with the exposure of Internet access
facilitated the movement of different types of content in society creating questionings about
the veracity and intentionality of such content. Of course it is impossible to understand the
subjectivity in the process of production and dissemination of some content, but the purpose
of this article is to demonstrate how some content on the society can be harmful to
interlocutors, serving as a way of political and ideological instrumentation. Starting with the
theoretical approaches of Althusser, Charaudeau, and the Brazilian philosophy Chauí, it is
clear that there are dominant ideologies that curtail social experience, so the objective is to
demonstrate how information enables critical thinking training in order to prevent possible
information manipulation.
Keywords: Information. Domination. Ideology. Society. Librarian.
REFERÊNCIAS
MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A ideologia alemã. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
RIOS, Rivaldo Sá Leitão; DUARTE, Emeide Nóbrega; MELO, Denise Gomes Pereira de.
Informação para mudança social. Inf. & Soc.:Est., João Pessoa, v.9, n.1, p.178-198.
SANTOS, Carla Marques dos; SANTOS, Paula Stephanie Sodré dos; ASSUNÇÃO, Suelene
Santana. Ética, cidadania e o profissional da informação: responsabilidades e competência
informacional. In: Encontro Regional dos Estudantes de Biblioteconomia, Documentação,