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Equipe Pégasus

Lançamentos

Tradução: VanZ, NIna, Bellrev, Gleide

F, Mrs Butterflay, Nandinha 21, Vivi

Revisão Inicial: Chayra Moom

Revisão Final: Suélem

Leitura Final: Suélem

Formatação: Lola

Verificação: Lola
Sinopse
Esta é a história de Connor.

Instável.

Imprevisível.

Consumido pela raiva.

Eu estava lutando com o que me tornei e o que fiz.

Não havia nada que me importava, exceto ela.

Ela era minha.

Mas eu tinha esquecido dela, a minha, Shutterbug1.

E a perdi.

Até agora.

Faria qualquer coisa para tê-la novamente.

Qualquer coisa para mantê-la segura.

Protege-la contra o meu maior adversário.

O monstro.

Eu.

1
Shutterbug: É um termo usado para alguém que gosta de tirar fotografias ou é um fotografo amador.
Capítulo
1
2005

— Eles não gostam de civis ao redor, especialmente


jornalistas. Não leve isso para o lado pessoal. — Jaz
sussurrou enquanto seguíamos o tenente que não havia dito
mais de três palavras para nós desde que chegamos à base.
Duas das quais eram ‘sem fotografias’.

Ele pegou-nos diretamente do comandante da base, o


General Maunder, que reiterou a regra de nenhuma foto e
que, sob nenhuma circunstância, seríamos autorizados a
caminhar ao redor da base sem supervisão. Ele também nos
disse que iríamos embora para o orfanato às 06:00. Então,
ele ordenou ao tenente para nos levar para conhecer Cabo
O'Neill.

A estrita formalidade não fez nada para ajudar os meus


nervos, que estavam causando uma agitação permanente em
meu estômago. Eu estava em um país devastado pela guerra,
em uma base militar onde eu, obviamente, não era bem-vinda
e estaria viajando por estradas perigosas para um orfanato
onde passaria o próximo mês.
Sim, eu estava muito nervosa.

Jaz cutucou meu cotovelo e sussurrou.

— Vai ficar tudo bem.

Eu balancei a cabeça.

— Sim, eu sei. — Mas não sabia. Jaz sabia porque ele


fez isso há vinte ou mais anos. Eu nunca saí da Colômbia.

Passamos fila após fila de enormes barracas de lona


quando, finalmente, o tenente parou abruptamente numa
clareira onde seis caras militares, sem camisa e musculosos,
empurravam uns aos outros por uma bola.

— O'Neill estará livre em um minuto. Espere aqui, por


favor. — O tenente ordenou, então girou e caminhou para um
cara que estava assistindo ao jogo. Ele disse algo, acenou
com a cabeça em nossa direção e depois desapareceu em
uma tenda nas proximidades.

— Prepare sua câmera, mas discretamente. — Disse


Jaz. — Eu posso fazer uma história extra.

— O comandante nos disse que não haveria fotos.

— Se você quiser ser boa nisso, será preciso assumir


riscos e obter fotos que mais ninguém conseguiu.

Jaz tinha andado por todo o mundo, em ambientes


perigosos, fosse de desastre natural ou guerra. Eu era mais
como um carro novo e brilhante que nunca foi colocado em
uma estrada de chão e sujado os pneus. Mas a sorte não era
exatamente segura e eu fui exposta aos elementos. E um
desses elementos era um traficante colombiano chamado
Carlos Moreno.

Eu estava aqui para escapar da atenção indesejada de


Carlos e o único motivo pelo qual obtive esta posição, era
porque o meu irmão trabalhava para a revista e o fotógrafo
designado quebrou a perna na semana anterior que
supostamente deveriam sair.

— Eu estou aqui, em uma base militar, no Afeganistão.


Isso é bastante arriscado e realmente não quero um desses
caras com raiva de mim. — Além disso, eu não estava aqui
para tirar fotografias de caras militares gostosos jogando
futebol ou o que eles chamam de futebol. Ainda assim, não
podia deixar de olhar para o cara que atualmente tinha o
controle da bola.

Ele sorria enquanto boleava de um lado para outro entre


os seus pés ao seguir em direção à meta improvisada. O
sorriso era um pouco travesso, um pouco bonito e muito
arrogante. Seus profundos olhos azuis estavam cheios de
diversão e ouvi sua risada rouca quando um cara escorregou
na sujeira tentando chutar a bola para longe dele, mas ‘Olhos
Azuis’ o viu chegando e saltou alto para trás com a bola, no
último segundo.

Meus olhos se arrastaram sobre o seu peito musculoso,


para a tatuagem para baixo no seu lado esquerdo e ao seu
abdômen flexionado, definitivamente um tanquinho. Mesmo
que eu não pudesse ver suas coxas porque ele usava calças
de farda, era óbvio que elas eram musculosas, também.
Mas ele não era o único. Todos os caras jogando
estavam em forma incrível.

— Deck, seu bastardo. — Olhos Azuis latiu, quando um


cara, que eu assumi, era Deck, lhe deu uma cotovelada nas
costelas e roubou a bola. Em seguida, ele se esquivou de um
cara seriamente construído que tentou bloqueá-lo. — Gate.
Porra. Coloque-o para fora.

Sorri quando o sorriso de Olhos Azuis foi substituído


por uma carranca feroz enquanto corria atrás da plataforma
que estava perto do gol, sem ninguém em cima dele.

Obviamente, esse cara era competitivo e não gostava de


perder, porque qualquer brincadeira ficou séria quando ele
correu para a esquerda e evitar um cara tentando impedi-lo
de alcançar Deck.

— Riot! — Um cara gritou. Suas costas estavam


cobertas com uma tatuagem de um pássaro, como um falcão
ou algo assim.

Riot. O indicativo de chamada era o apelido de Olhos


Azuis. Enquanto inegavelmente parecia como se ele estivesse
se divertindo, também mostrava o quanto era perigoso com
essa determinação agressiva.

Deck engatou a perna para trás para chutar a bola na


baliza, ao mesmo tempo que Riot o alcançou. Seu corpo
desviou de Deck para a esquerda, em seguida, chutou a bola
forte para fora do caminho do objetivo.

Fora do caminho significava em direção à margem —


onde estávamos.
Foi o que aconteceu, em câmera lenta e meu tempo de
reação foi inexistente quando a bola voou pelo ar, direto para
mim.

— Ah, porra! — Riot gritou pouco antes de a bola bater-


me na testa.

Eu cambaleei para trás com o impacto e Jaz agarrou


meu braço, ao mesmo tempo que coloquei minha mão na
minha cabeça.

— Puta merda, você está bem, Alina? — Jaz perguntou.

A pancada alta vibrou na minha cabeça e havia um


pulsar queimando no meio da minha testa. O plástico cheio
de ar bateu duro no crânio, mas a dor foi mais chocante do
que qualquer coisa.

— Ah sim. Bem.

— Merda. Desculpa. Não vi você aí, minha senhora. —


Esse foi Riot e ele estava na minha frente, o suor escorrendo
pelo seu peito e seus olhos já não piscavam, mas estava
genuinamente preocupado. — Você está bem? Você precisa se
sentar?

Olhei para ele, um pouco atordoada, mas eu não tinha


certeza se era da bola por bater-me na cabeça ou se era pelo
cara gostoso em pé a centímetros de mim.

Eu respirei fundo e seu perfume flutuava para mim. Era


todo homem, não era colônia, apenas um cheiro da terra
natural com um toque de menta, como se ele tivesse usado
apenas uma daquelas tiras de respiração.
E ele era alto. Alto como muito alto e eu tenho 1,67m,
então não sou minúscula, mas ele ainda se elevava sobre
mim. Com seus ombros largos e braços salientes, eu me senti
como um duende em pé ao lado dele.

— Ah, sim... umm, não, quero dizer, eu não preciso


sentar. Estou bem. — Eu finalmente estalei. Normalmente
não gaguejava, mas meus nervos já estavam acendendo e
agora eles eram fogos de artifício fora de controle.

Eu congelei, arregalando os olhos quando os dedos de


Riot acariciavam o local onde a bola bateu em mim. Era tão
suave que eu mal senti. Exceto que senti, então arrepios
surgiram e minha barriga virou.

— Está vermelho, mas eu não acho que ficará marca. —


Disse Riot, seu olhar estava à deriva da minha testa para
pousar em meus lábios, em seguida, lentamente para
encontrar meus olhos. — Ele estendeu a mão e eu peguei,
notando como ele completamente engoliu a minha. As palmas
das mãos eram ásperas e seu aperto de mão firme. Não
doloroso, mas com um propósito.

— Ei, O'Neill!

Ele virou-se e eu olhei, passando por ele para ver Deck


do outro lado do quintal com o seu equipamento na mão e
sua camisa de volta.

— O pássaro pousou. Vejo você de volta ao mundo. —


Deck falou. — Um mês.

Riot, ou melhor Cabo O'Neill, fez uma bomba de punho


no ar.
Deck correu para fora com o cara seriamente construído
e assustador que chamavam de Gate.

A atenção de O'Neill deslocou para Jaz, que ainda tinha


algo a dizer e eu soube o motivo quando o olhei. Ele estava
sorrindo de orelha a orelha quando seu olhar passou de
O'Neill para mim e vice-versa.

— Jaz Klein. — Ele estendeu a mão e apertou. —


Jornalista para o Miami Messenger Magazine. A menina que
você bateu com a sua bola é Alina, minha brilhante fotógrafa.
Eu estou escrevendo uma história...

— Do orfanato. — O'Neill terminou e seus olhos


dispararam de volta para mim, mas não havia uma carranca
e agora ele parecia um pouco assustador porque seu queixo
quadrado cerrou e os lábios franziram.

— Sim. — Disse Jaz. — Você é um dos caras que nos


dará uma carona?

Ele não respondeu; em vez disso, seus olhos intensos


estavam em mim e eu me mexi desconfortavelmente.

— A revista a envia para um país instável para tirar


fotos? Não é inteligente. E eu não tenho tempo para tomar
conta de civis.

Jaz limpou a garganta.

— Entendo a sua preocupação, Cabo O'Neill, mas o


público quer ler mais do que apenas sobre a guerra aqui. E
pretendo dar a eles. — Eu não tinha percebido que estava
prendendo a respiração até que os olhos de O'Neill mudaram
de mim para Jaz. — Estive em centenas de lugares instáveis e
estou muito consciente do risco.

O'Neill fez uma pausa enquanto o olhava de cima a


baixo. Jaz estava em seus quarenta anos, vestido
adequadamente, com uma calça de brim preta, com uma
confortável camisa de mangas compridas, botas de combate
pretas e seu cabelo era cortado rente como os caras militares,
para ele se encaixar.

O'Neill tinha cerca de uma polegada de cabelo louro-sujo


e dois dias de barba lhe davam uma aparência robusta.

— Sim. Talvez. — A atenção de O'Neill voltou para mim


de novo e endureci. — Mas eu não estava me referindo a você.

Uau. O quê? Olhei para mim mesma. Eu vestia uma


calça verde escura com botas de amarrar e uma blusa branca
que pensei que fosse apropriada, considerando o calor
insuportavelmente seco.

— Eu vou falar com o meu sargento e advertir-lhe que


ambos devem ser levados de helicóptero para fora daqui, na
primeira oportunidade. A história sobre o orfanato precisa ser
contada, mas não agora. PR estava louco desse procedimento.
Voltem daqui a alguns anos, quando a merda esfriar. Ou
quando você encontrar um outro fotógrafo brilhante. — E
acrescentou: — Aquele que estiver fora da escola.

Meu Deus. Ele acabou de dizer isso? Ele só podia ser


um par de anos mais velhos do que eu.

Eu estava chocada demais para dizer qualquer coisa e


Jaz estava tendo um ataque de tosse com a mão sobre sua
boca, então eu sabia muito bem que o cara estava rindo.
Rindo.

— Jaz. — Eu chutei o tornozelo e ele limpou a garganta


e disse: — Umm... sim, ouça, não se preocupe com ela. Ela
pode cuidar de si mesma.

— É a minha escolha e eu digo que ela não pode. — Os


olhos do Cabo O'Neill permaneceram nos meus por um
segundo, então ele concordou. — Senhora. Senhor. — Então
se afastou.

O que diabos aconteceu? Ele ia dizer a seu sargento


para enviar-nos para casa? Ele podia fazer isso? Esta história
não era apenas a minha fuga de Carlos Moreno, mas a minha
catapulta para o meu sonho de emprego como fotógrafa.

E não havia nenhuma maneira de que esse cara fosse


arruinar as minhas chances. Eu não estava sendo enviada
para casa com o rabo entre as pernas.

Corri atrás dele.

— Alina! — Jaz me chamou, mas eu o ignorei.

Alcancei O'Neill que tinha conseguido andar uma grande


quantidade de terra com suas pernas longas e magras e
agarrei o seu braço.

— Espere. — Eu disse, com os meus dedos enrolando


em torno de seu antebraço. Mas eles nem sequer chegaram
perto de abrangê-lo todo.

Ele parou, seu olhar baixou para a minha mão e vi um


flash de calor nas suas profundezas, antes de escurecer e
surgir aquela carranca feroz novamente, que deixava o meu
coração acelerado. De repente, eu me perguntava se deveria
ter apenas deixado o negócio com Jaz. Mas eu que tinha um
problema.

Soltei o seu braço.

— Eu preciso deste emprego. É realmente importante.

Ele respondeu:

— Você não vai precisar dele se você estiver morta.

— Nós vamos para um orfanato.

— Nós temos que dirigir para lá. Você sabe sobre


bombas de beira de estrada, certo? Homens-bomba? Você
sabe o que está acontecendo neste país? — Deus, ele estava
sendo um idiota. — Você ouve sobre as histórias de
repórteres sendo mantidos como reféns ou, pior ainda, os
terroristas torturando-os por meses antes de fazer um vídeo
com sua cabeça sendo arrancada? Isso tudo é verdade. Este
não é um lugar para uma jovem que provavelmente não tem
testemunhado a morte, muito menos tenha ouvido uma arma
disparar. Vá para casa. Termine a escola e tire fotos de
famílias com seu cão. — Ele se virou e começou a ir embora
novamente.

Jesus. Que direito ele tinha de me dizer como viver a


minha vida? Eu era boa no que fazia e eu queria tirar
fotografias que contavam uma história.

— Sei como lidar com uma arma e já vi homens


morrerem. — Eu soltei.
Ele parou, suas costas largas enrijecendo e, em seguida,
virou-se e dirigiu-se para mim. Merda. Eu recuei alguns
passos, porque ele era realmente intimidante com essa
carranca severa e arrogância excessivamente confiante.

Engoli em seco.

— Meu pai me ensinou a atirar quando eu tinha dez


anos.

Ele bufou.

— Uma pistola de água não conta.

— Engraçado. — Que idiota.

Ele se inclinou mais perto. Tão perto que seu hálito


quente atingiu meu rosto.

— Será que eu a deixo nervosa? Porque você, com


certeza, parece. Pulso latejante na curva do seu pescoço,
inspirações rápidas, dedos enrolados nos lados de suas
calças e os dentes mastigando em seu lábio inferior. Quão
nervosa que você acha que vai ficar se o Taliban pegar você?

Eu rapidamente liberei meu lábio e seus olhos foram


para a minha boca.

Desgraçado. Mas ele me lê perfeitamente. Estava


nervosa. Ele me deixava nervosa e eu tinha crescido em torno
dos homens perigosos e poderosos porque meu pai era um
deles. Ele voava cocaína da Colômbia para Miami, para
Carlos Moreno desde que eu conseguia lembrar.

Eu nunca conheci Carlos pessoalmente até três anos


atrás, quando tinha dezesseis anos. Estava com a minha mãe
e meu pai no mercado, quando um jipe desacelerou ao nosso
lado. Era Carlos e seu braço direito, Diego. Meu pai me disse
para ir para casa, mas Carlos já tinha os olhos em mim e
pediu para nos apresentar.

O homem tinha idade suficiente para ser meu pai e


ainda assim olhou para mim com os cantos de seus lábios
curvados para cima e seu olhar persistente nos meus seios.
Havia um brilho em seus olhos que fez o meu estômago dar
uma guinada e meu pulso acelerar com medo.

Meu pai estava tão nervoso que tropeçou em suas


palavras e ficava olhando de mim para Carlos, com o rosto
pálido. Foi a minha mãe que se moveu na minha frente para
bloquear a visão de Carlos de mim, mas já era tarde demais.
Eu tinha a sua atenção indesejada.

Mas ele nunca havia feito nada sobre isso por três anos.
Até que uma noite, o homem de Carlos, Diego, apareceu sem
avisar na minha casa e ele e meu pai tiveram uma grande
discussão. Foi então que meu pai fez contato com meu irmão,
Juan, que vivia nos Estados Unidos.

A última vez que tinha visto o meu irmão, eu tinha dez


anos de idade. Ele comprou minha primeira câmera, seu
presente de despedida e me disse que, uma vez que estivesse
estabelecido e tivesse dinheiro suficiente, era para eu ir viver
com ele nos Estados Unidos. Logo percebi porque ele nos
deixou — para escapar das mãos de Carlos Moreno.

Eu arrumei meus ombros quando enfrentei o Cabo


O'Neill.
— Então, certifique-se de que o Taliban não me pegue.
— Eu retruquei. — E você não pode desobedecer às ordens.
— Realmente não tinha certeza sobre todas as regras, mas
tinha certeza que ele não poderia simplesmente recusar-se,
pelo simples fato de que ele pensava que eu era muito jovem
e, obviamente, não gostava de mim.

Ele resmungou, balançando a cabeça. Cruzando os


braços, uma sugestão de um sorriso surgiu.

— Eu não fui ordenado. Eu me ofereci. Agora estou


desvoluntariando.

— Isso não é sequer uma palavra.

Ele produziu um sorriso total.

— Claro que existe. Estamos no meu mundo agora e


tenho certeza que tenho muitas palavras que você não é velha
o suficiente para entender.

Idiota. Mas eu mordi a língua porque se a revista me


demitisse, meu visto do Estados Unidos terminaria e eu teria
que voltar para a Colômbia.

— Por que você não gosta de mim?

Seu sorriso desapareceu.

— Escute, não é que eu não goste de você. Não a


conheço bem o suficiente para julgar se gosto de você ou não.
Mas este não é o lugar para você. Esperava escoltar dois
homens experientes que sabiam a merda que estavam se
metendo.
Eu odiava admitir que ele tinha razão. Provavelmente
não deveria estar aqui, mas a realidade que estava em casa
não era segura também.

Eu levantei meu queixo.

— Sim, eu sou jovem e inexperiente, mas conheço o


risco. E é a minha decisão de aceitar ou não. Seu dever é me
levar até lá.

Foi quando minha barriga virou e minha respiração


ficou presa na garganta, porque ele se aproximou, com o
calor de seu corpo penetrando em mim.

— Oh, eu sei o meu dever, minha senhora. — Ele baixou


a voz e imaginei que era porque dois caras estavam passando
e nos olharam. — Isso não está acontecendo. Deixe isso para
trás.

Eu cerrei os dentes e respirei fundo, para acalmar.

— Jaz já falou com o seu comandante quando chegamos


a base. Ele me encontrou e não teve um problema. E o seu
departamento PR aprovou. — Eu raramente perdia a calma e
era sempre educada, mas estava exausta e ele me irritava. —
Então você é o único que terá de ‘superar isso’.

Ele xingou baixinho e definitivamente parecia chateado


com as sobrancelhas abaixadas e os olhos apertados.

Ele ficou quieto um minuto, em seguida, deu de ombros


e disse:

— Tudo bem, senhora.

Hã? Era isso? ‘Tudo bem, senhora’.


— Umm, o que aconteceu?

Ele não esperou para ver se eu o seguia enquanto


atravessava o quintal, onde os homens estavam jogando
futebol, parou brevemente para pegar a camisa apoiada nas
costas de uma cadeira dobrável e a colocou.

Ele deve ter notado que eu não estava atrás dele porque
olhou para mim e fez uma careta.

— Você espera que a leve pela mão? Por que isso não vai
acontecer.

Olhei ao redor, procurando por Jaz, mas ele não estava


à vista. Merda. Caminhei lentamente em direção a ele.

— Onde está Jaz?

— Provavelmente na bagunça, pegando comida. Nós


vamos fazer o mesmo, então eu vou lhe mostrar onde você
pode passar a noite.

— Ei, O'Neill. — Eu olhei para a direita e vi dois caras


vestidos com traje completo. — Qual é a do sorvete? Você vai
lamber isso?

Sorvete? Lamber isso? Minha boca ficou boquiaberta,


mas O'Neill não percebeu ou não se importou, enquanto
andava pelo quintal. Seus passos comiam o chão e fui
forçada a correr para acompanhá-lo.

O outro cara gritou:

— Qual é o seu sabor?

— C e C. — O'Neill respondeu sem se virar.


C e C? Seu sabor? Do que ele estava falando?

— Não brinca! — O cara gritou.

Eu me mantive com O'Neill enquanto ele conduzia o


caminho para o que se referiu como a bagunça. No momento
em que parou diante de uma tenda, eu estava resignada pelo
fato de que achava O'Neill atraente. Bem atraente.

Eu soube disso no segundo que meus olhos


encontraram ele. Qualquer menina que gostasse de homens
ou não, gostaria de ter um homem como O'Neill. Alto, com
um corpo magro e tonificado que obviamente era muito bem
cuidado. Seus brilhantes olhos azuis faziam querer me afogar
neles e seu cheiro viril embebia em cada célula minha e
aumentava com o calor. Mas foi o seu sorriso que me
prendeu e me incomodou que eu quisesse vê-lo novamente.

Da forma como as coisas estavam indo, isso não ia


acontecer tão cedo.

— O que ‘C e C’ significa? — Eu sabia que havia um


monte de jargão militar e Jaz, que foi inquirido por vinte anos
ou mais com a revista, tinha me informado alguns, mas C e C
não era um deles.

Ele virou para mim e não havia aquele brilho em seus


olhos, antes de um sorriso lento emergir.

— Cookies e creme.

— Cookies e creme? — Eu franzi os lábios me


perguntando o que isso significava, até que remendei com o
comentário lamber e percebi que ele estava se referindo a
mim como um sabor de sorvete. — Meu Deus. Sou o sorvete!

— É um elogio.

Seu sorriso ainda estava lá e eu estava chateada por


achá-lo tão extremamente atraente e ao mesmo tempo tão
extremamente irritante.

— Você está me comparando a um sabor de sorvete?


Como isso é um elogio?

Ele riu. O som era rouco e profundo e, para minha


irritação adicional, arrepiou e minha barriga pulou de um
penhasco.

— É um sabor bom. Um dos meus favoritos, na verdade.


Eu sou um grande fã de sorvete, tentei cada sabor que existe.
Costumava levar minha irmã para a sorveteria no final da rua
o tempo todo. Ela nunca pedia outro, apenas baunilha. — Ele
levantou a aba da tenda e disse: — Depois de você, Alina... —
Ele fez uma pausa, sobrancelhas levantando enquanto
esperava que eu lhe dissesse o meu sobrenome.

— Diaz. — Eu ofereci.

— Alina Diaz. — Ele demorou. Sua língua deslizou


lentamente por cada sílaba e foi o mais próximo de fusão de
calcinha em duas palavras que um homem tinha dito para
mim. E pelo seu sorriso arrogante e piscar de olhos, ele sabia
disso muito bem.

Jesus. Passei debaixo do seu braço e corri para dentro,


tentando colocar alguma distância entre nós. Vi Jaz sentado
em uma longa mesa com um grupo de outros homens e ele
acenou para mim. Eu não me incomodei em ver se O'Neill
vinha atrás de mim quando corri para Jaz.
Capítulo
2
Pergunta 1: Você prefere ser um

vampiro ou lobisomem?

A bagunça
O'Neill veio atrás de mim. Ele também ficou
irritantemente colado ao meu lado quando nos ajudou com a
refeição quente. Ainda disse para um cara se afastar para que
ele pudesse sentar ao meu lado na mesa. E, para meu horror
absoluto, sua coxa roçava a minha continuamente quando se
inclinava para falar com Jaz. Jaz estava se divertindo
imensamente, conversando com todos os caras e
completamente à vontade enquanto comia o bolo de carne.

— O'Neill. — Era o cara que me foi apresentado como


Gunner, que estava sentado no outro lado de Jaz. — Você
não está tendo o pássaro com Deck e Vic Gate? Pensei que
estivesse tentando para o JTF2 com eles?

— JTF2? — Perguntou Jaz, olhando de um para o outro.


— O que é isso? Nunca ouvi falar deles.
— Canadense. — Gunner explicou. — Joint Task Force
2, uma força de operações especiais de elite. — Ele se
inclinou para a frente para falar com O'Neill. — Você ainda
vai, certo?

O'Neill concordou.

— Só vai iniciar daqui a seis semanas e será direcionado


para poucos. E temos merda para fazer aqui primeiro.

Eu estava adivinhando se a ‘merda’ que ele se referia era


acompanhar eu e Jaz para o orfanato.

Jaz e Gunner falaram sobre a JTF2 enquanto me


concentrei em comer e não engasgar com a minha comida
cada vez que a perna de O'Neill, braço ou mão me tocava. Ele
estava a vontade com isso e já que eu não tinha certeza se ele
fez ou não intencionalmente, não pude reclamar com ele.

— Fale-me sobre você, Alina Diaz. — Disse O'Neill. Desta


vez, sua coxa bateu a minha de propósito e meu coração
pulou uma batida.

Por que eu estava reagindo a ele dessa maneira?


Conheci caras de boa aparência antes, o cara que eu tinha
namorado no ano passado era um deles, mas as borboletas
no estômago não eram nada se comparadas com o que O'Neill
fazia para mim agora.

O'Neill tinha essa confiança casual que era realmente


atraente. Ele também era intenso e ainda brincalhão.

E o idiota pensava que eu era uma estudante inocente,


quando eu era provavelmente da mesma idade que ele.
Decidi que o meu melhor curso de ação era fingir que
não era afetada por ele.

— Sou fotógrafa.

Ele riu, balançando a cabeça.

— Sim, eu sei disso. Que tal contar sobre o que você


gosta de fazer?

Eu era naturalmente cautelosa, tendo crescido em uma


casa cercada por atividades ilegais, então estava hesitante
sobre o quanto diria a alguém.

— Que tal você ir primeiro?

Ele encolheu os ombros.

— Ok. Eu amo fazer qualquer coisa que dispare a minha


adrenalina. Já fiz bungee jumping, heli boarding e mergulho
com tubarões. Mas o que deixa meu coração acelerado mais
do que essas coisas — oh, meu Deus, por favor não diga isso
— é uma motocicleta embaixo de mim. Sentindo a vibração,
ouvindo o seu profundo barulho e o vento contra minha pele
quando eu vôo através da estrada aberta.... Dá-me arrepios e
uma doce bunda alta. Isso é a porra do céu.

Oh. Hã. Eu não esperava isso. Esperava as acrobacias


ousadas, mas não como ele era aberto sobre como isso o fazia
sentir.

Ele inclinou para mim e sussurrou em meu ouvido.

— Então, o que faz o seu coração disparar, Alina?


Arrepios surgiram pela parte de trás do meu pescoço e
eu deixei cair meu garfo em cima da mesa. Ele fez um
barulho alto e eu pulei.

Deus, sem chance que eu fosse dizer que o meu coração


disparava por causa dele.

Ele me olhou atentamente com aqueles olhos azuis


lindos, então pegou o garfo e passou-o para mim.

— Baby, você precisa seriamente parar de mascar o


lábio. — Ele murmurou.

Eu imediatamente liberei-o.

— Tique nervoso. — Eu disse.

— Então, eu a deixo nervosa, Alina Diaz? Por que isso?


— Ele realmente parecia interessado em ouvir a minha
resposta. Não havia sorriso arrogante, mas sim uma
expressão curiosa, sobrancelhas levantadas e os lábios
suaves que descansavam levemente juntos.

— Bem, você tem uma carranca realmente irritada.

Ele riu.

— Sim. Foi dito isso. Desculpe, estava chateado. — Eu


estava pensando que era um eufemismo. Sua risada morreu e
ele embaralhou o último de seu bolo de carne em torno de
seu prato. — Olhe para isso do meu ponto de vista. Estive
aqui por dois anos. Vi muita merda acontecer. Recebi alguns
telefonemas e perdi alguns bons amigos. — Imaginava que
um monte desses caras tinha tido a mesma coisa então
respeito cada um deles por estarem aqui. — Aí vejo essa
menina linda, sexy, que conheço por chutar uma bola
estúpida em sua cabeça, então eu já estou com raiva de mim
mesmo. Mas ela é a única que me fará dirigir em um terreno
perigoso e a levar para o orfanato. Não gosto muito.

Ele pensou que eu era bonita? Sexy? Eu nunca fui


chamada de sexy na minha vida. Eu tinha quadris largos e
uma cintura estreita, seios bem pequenos e o tipo de
características simples. Nada que se destacasse era uma
coisa boa, na minha opinião. Eu gostava de ser a pessoa por
trás da lente em vez de na frente dela.

Mas foi bom que alguém realmente dissesse que eu era


sexy, especialmente um cara gostoso que poderia e
provavelmente podia ter qualquer garota que ele quisesse
com sua aparência.

— Mas você não está zangado agora. — Eu disse. Na


verdade, ele esteve bastante descontraído desde que veio
comer. O que mudou?

— Não. A vida é muito curta para ficar na merda. — Ele


enfiou o último pedaço de bolo de carne na boca, em seguida,
levantou-se e colocou a perna por cima do banco enquanto
pegava seu prato. — Você quer mais?

Eu suspirei porque ele já teve uma enorme quantidade


de comida em seu prato e estava indo para mais.

— Você pode comer mais?

Ele sorriu.
— As refeições quentes são uma raridade aqui. Você
come tanto quanto pode até ser forçado a desfazer o botão de
cima de suas calças.

Eu sorri porque isso era o que acontecia em Navidad, o


dia de Natal.

Ele piscou.

Observei-o andar para longe, parando para conversar


com alguns amigos. Ele tinha um jeito descontraído, casual,
rápido para rir e um sorriso que era genuíno. Mas eu tinha
visto o outro lado, também, a borda perigosa dele.

— Como está a cabeça? — Perguntou Jaz.

Tinha esquecido sobre a minha testa, mas estava


apenas latejando um pouco.

— Bem. Como se parece?

Ele inclinou-se e estreitou os olhos.

— Não está ruim. Uma mancha rosada. Nada que irá


impedir o interesse de um certo alguém em você.

— Isso é bom. — Eu respondi, não realmente ouvindo a


segunda metade da frase porque estava assistindo O'Neill. Se
ele estivesse tentando ir para uma unidade de Forças
Especiais, então com certeza ele iria logo de forma
determinada e destemida. Eu tinha visto filmes sobre a
formação que esses caras suportavam e era esgotante. Eles
eram os melhores dos melhores e se você não poderia ser o
melhor, então não devia tentar.
Ele tinha que fazer isso. Eu mal o conhecia, mas pelo
que vi, ele era competitivo, confiante e resoluto. E vê-lo
conversar com os caras, percebi que ele tinha um monte de
amigos, o que significava que era, provavelmente, um jogador
da equipe.

Como se soubesse que o meu olhar estava sobre ele, ele


olhou por cima de quem estava falando e nossos olhos se
encontraram. Minha barriga caiu e o calor queimou não
apenas no meu rosto, mas em todos os lugares. Era como se
ele estivesse acariciando meu corpo com as pontas dos dedos,
espalhando arrepios, fazendo minha respiração engatar.

Então, seu sorriso desapareceu e as sobrancelhas


apertaram. Ele disse algo para o cara que estava falando sem
tirar os olhos de mim. Percebi que estava mastigando meu
lábio novamente e liberei.

Merda, eu gostava dele. Realmente gostei desse cara e


não havia nada que eu pudesse fazer para parar isso.

— Oh, homem. — Jaz murmurou. — Eles são um


desastre esperando para acontecer.

Gunner riu.

— Sim. Uma bomba-relógio. — Eu apenas parcialmente


escutei porque o olhar de O'Neill estava na minha boca, em
seguida, na curva do meu pescoço e de novo na minha boca.
— Explosão iminente.

— Você disse isso. — Jaz gentilmente me chutou por


baixo da mesa. — Nós saímos amanhã.
E provavelmente nunca mais veria O'Neill novamente.

Gunner disse alguma coisa, mas voltei a comer o meu


bolo de carne e tentei apagar a imagem dos belos olhos
intensos de O'Neill em mim.

Mas eu era uma fotógrafa. Imagens não se apagavam.


Elas se incorporavam na mente e o Cabo O'Neill se tornaria
permanente.

** 06:00 ** horas

Ok, assustada era uma palavra muito sutil para


descrever como me sentia sentada na parte de trás do
Humvee. A possibilidade de ser explodida a qualquer segundo
provocava estragos na minha mente.

Era assim que eles se sentiam cada vez que deixavam a


base? Eles certamente não parecem assustados. Na verdade,
considerando, pareciam bastante descontraídos, ainda que
alertas.

Jaz sentou ao meu lado, Gunner através da engrenagem


e o Cabo Trent ao lado dele. O'Neill dirigia e o Cabo
Drummond estava no banco do passageiro. Havia mais dois
veículos atrás de nós. Descobri que o caminhão estava
carregado com 600 libras de cobertores, brinquedos, roupas e
material escolar para o orfanato.
O Sr. ‘Completamente Calmo’ Jaz tinha suas pernas
esticadas, tornozelos cruzados, enquanto conversava com os
poucos homens no elenco sobre estar em Honduras após o
devastador furacão Mitch em 1998.

Eu já tinha ouvido a história no avião e estava pensando


sobre a noite passada. O'Neill voltou para a mesa com outro
prato de bolo de carne e insistiu em jogar vinte perguntas,
disse que fazia isso com cada novo recruta em sua unidade e
desde que eu estava pegando uma carona com ele na parte
da manhã, era considerada parte da sua unidade.

Era um motivo ridículo, mas concordei desde que ele


retribuísse. Ele prontamente concordou, o que me fez um
pouco desconfortável porque o cara queria responder as
perguntas tolas sobre si mesmo.

Aparentemente, O'Neill.

Descobri que ele era realmente paciente, porque pensei


sobre cada pergunta antes de responder, enquanto ele
disparou suas respostas como tiros. Ele riu de algumas das
minhas respostas e eu ri de algumas das suas perguntas,
porque estavam fora do contexto e eram aleatórias. Tipo,
como eu poderia saber que um mergulho de urso polar
significava saltar em água gelada e não nadar com um urso
polar?

Ele ficou fora de qualquer coisa sexual, o que eu não


esperava, pois não havia como negar que havia algo sexual
entre nós.
A questão mais básica que ele tinha perguntado era qual
era a minha cor favorita e eu disse a ele, azul claro. Então
perguntei qual era a dele e ele disse azul também porque o
lembrava do oceano e quão poderoso poderia ser e ainda
calmo e tranquilo, ao mesmo tempo. Então, ele começou a
falar sobre a cor laranja. Ele odiava laranja.

Mas era mais do que o ódio. Ele desprezava-a e eu


estava feliz por não ter o cabelo laranja; caso contrário, ele
nunca concordaria em nos levar para o orfanato. Ele passou
a me dizer que se recusava a comer cenouras e laranjas e
doces laranja estava fora de questão.

Eu ri até que meu estômago apertar, porque ele levava o


seu ódio de laranja realmente à sério e isso era ridículo. Mas
era uma espécie de beleza, também.

A pergunta dezenove era qual era o melhor som do


mundo e eu respondi sem hesitar, o riso de uma criança. Sua
expressão mudou de leve e lúdica para surpreendida e, em
seguida, as sobrancelhas franziram.

Ele permaneceu em silêncio por um minuto e, em


seguida, disse:

— Sim. O meu também.

Era isso. O jogo terminou na pergunta dezenove e ele


abruptamente se levantou e disse que me veria as 06:00, que
Gunner iria me mostrar onde eu estava hospedada e ia me
pegar na parte da manhã. Ele reiterou que não fui autorizada
a ir a qualquer lugar sem supervisão. Em seguida, saiu. Eu
não o tinha visto até esta manhã e ele tinha apenas acenado
com a cabeça na minha direção, antes de dizer que
estávamos ‘saindo’.

A viagem foi lenta e constante e tivemos que parar em


vários postos de controle onde Jaz e eu tivemos nossos
passes verificados. Demorou uma hora para chegarmos ao
orfanato nos arredores de Cabul. Quando paramos, foi a
primeira vez que eu achei que o meu coração batia
normalmente.

Jaz acariciou minha mão, sorrindo.

— Você fez bem.

As portas se abriram e todos nós saímos. A primeira


coisa que ouvi foi crianças gritando, mas foi uma felicidade
quando eles nos bombardearam. Bem, não exatamente nós —
O'Neill. Havia cerca de vinte e cinco crianças que tinham nos
vistos chegam e que, obviamente, conheciam O'Neill, mas o
chamavam de Riot, enquanto se aglomeravam ao redor dele
pulando, os mais próximos a ele, abraçando-o.

Rapidamente puxei a minha câmera da minha bolsa e


me aproximei, mas para que ele não me notasse, comecei a
filmar. Era por isso que adorava tirar fotografias, por
momentos como este. Havia uma história por trás de cada
imagem. Como é que as crianças sabiam quem ele era? Por
que elas estavam tão animadas ao vê-lo? Eu estava vendo um
lado de O'Neill que realmente gostava e estava desapontada
por ele estar saindo.

O'Neill sorriu quando bagunçou o cabelo crianças e


conversou com eles, mas eu estava muito longe para ouvir o
que ele disse. Meu peito inchou enquanto eu observava por
trás da lente. Ele era realmente bom com eles, tão paciente e
sincero.

Isso disse muito sobre ele. Respeitava O'Neill pelo que


fez por seu país, todos esses homens e mulheres, mas vê-lo
com as crianças, tornou-se muito mais.

Baixei a câmera quando ele olhou para mim, com um


sorriso enorme no rosto. Meu coração disparou e devolvi o
sorriso.

— Risos. — Ele murmurou.

Sim, o riso das crianças que tinham tão pouco era o


melhor riso de todos.

Houve muita comoção quando os suprimentos foram


descarregados. Jaz e eu ajudamos e várias pessoas que
dirigiam o orfanato vieram ajudar também.

O lugar estava superlotado e barulhento, com crianças


usando sapatos muito grandes e roupas sujas. As idades
variavam de cinco ou seis anos até adolescentes mais velhos
e não eram definitivamente mais meninos do que meninas.

Jaz e eu conversamos com Sarah, uma mulher britânica


que estava lá por vários meses e ela se oferecia para nos
mostrar ao redor quando Gunner gritou:

— Fique segura. Traslado em trinta dias.

— Obrigado, Gunner. — Eu disse e Jaz acenou.


Ele balançou a cabeça, em seguida, pulou em um dos
Humvees, assim como Drummond e Trent. Mas ninguém
entrou no Humvee que O'Neill tinha conduzido.

Foi quando ouvi passos de botas vindo atrás de mim.


Virei-me para ficar cara a cara com o peito de O'Neill. Olhei
por sobre o ombro e vi que as crianças estavam fora com
alguns dos brinquedos doados.

Jaz limpou a garganta e disse:

— Sarah, que tal você me mostrar onde vou descansar?

Sarah sorriu.

— Certo. O Cabo O'Neill sabe o seu caminho de volta.


Ele pode mostrar a Alina onde ela está hospedada. — Eles se
afastaram e fomos deixados sozinhos.

Eu estava um pouco confusa com o que estava


acontecendo e, mais ainda, quando os pneus trituraram atrás
de nós e os veículos se moveram para fora.

— Umm, eles estão saindo. Você não tem que ir?

— Não. Vou ficar mais um pouco.

— Você vai? — Meu coração acelerou e minha


respiração aumentou. — Mas como pode? Quero dizer, você
não está em serviço ou algo assim?

— Não. Estou de licença desde ontem, mas eu já vinha


aqui para trazer suprimentos antes que eu fosse para casa. —
Então foi por isso que ele se ofereceu para trazer eu e Jaz,
porque estava vindo para cá de qualquer maneira. — Agora,
vou ficar mais tempo.
— Você vai ficar? — Ele estava hospedado aqui comigo?
Bem, não comigo, mas senti como se tudo fosse o mesmo.

— Preciso estar em casa para o treinamento em um


mês. Estou livre até então.

— Você está livre até então. —Repeti baixo, perguntando


porque ele escolheria ficar aqui quando poderia ir para casa,
mas a resposta estava nas fotos que tirei. O'Neill se
preocupava com essas crianças.

Ele estendeu a mão para colocar uma mecha de cabelo


atrás da minha orelha e meu corpo estremeceu. Foi íntimo e
doce e ainda assim ele estava carrancudo.

— Não vou deixá-la aqui sozinha. Não importa o que Jaz


diga sobre você ser capaz de lidar com isso.

Meus olhos se arregalaram. O quê?

— Quando você decidiu isso, O'Neill?

— Connor. — Oh, eu gostava de seu nome — muito. —


Desde as dezenove perguntas.

Eu fiz uma careta. Dezenove?

— Você quer dizer o jogo de vinte perguntas?

Então, ele sorriu.

— Dezenove. Nunca lhe perguntei a número vinte. —


Porque ele tinha deixado a mesa. — Escrevi em meu diário
para não esquecer.

— Você fez? Por quê?


— Dezenove peças de você. Será bom lembrar aqueles
pedaços a partir de agora.

— Peças bobas. — Eu disse, rindo.

Ele sorriu.

— Sim. Eu não posso acreditar que você preferiria ser


um lobisomem a ser um vampiro. — Ele balançou a cabeça.
—Decepcionante.

Rindo, eu bati em seu braço.

— Eu não quero morder as pessoas.

— Não. Você só quer rasgar suas cabeças. — Ele se


mudou para o Humvee, abriu a porta de trás e desapareceu
lá dentro. Saiu com duas malas e jogou por cima do ombro.
— Eu quero mais peças, Alina. — Antes que eu pudesse
responder, ele disse: — Vamos lá. Vou mostrar onde você vai
ficar.

— Você faz isso com todos as suas meninas ‘cookies e


creme’? As perguntas?

Ele riu.

— Não deixe que isso vá para a sua cabeça. Mas nunca


houve uma menina ‘cookies e creme’.

Ele disse que era seu sabor favorito e isso foi para a
minha cabeça, um pouco. Ainda mais porque ele tinha ficado.
Comigo. Porque ele não queria me deixar aqui e queria mais
peças.

Gostar desse cara não era boa ideia. Nós dois sabíamos
onde isso estava indo. Mas a questão era como iria acabar.
Porque haveria um fim.

Trinta dias era o fim.

— Não estou te pedindo nada, Alina. — Ele se


aproximou de mim, segurou a parte de trás do meu pescoço e
deu um meio sorriso. — Isso é o que eu faço, protejo as
pessoas que gosto. E eu meio que gosto de você, por isso
pretendo mantê-la segura até que eu ponha o seu rabo de
volta em um avião para fora daqui.

Uau. Como se vê-lo com as crianças não fosse suficiente


para solidificar que eu gostava dele.

— Ok. — Eu disse, sorrindo. — Obrigada, Connor. E eu


meio que gosto você, também.

Ele bufou.

— Mais ou menos? Merda, eu pensei que estava fazendo


melhor do que isso. — Ele brincou.

Ele era. Muito melhor. E foi o que me assustou.


Capítulo
3
Eu baixei a lente, deixando o peso do balançar da
câmera no meu pescoço, enquanto eu o observava. Nós
tínhamos praticamente passado cinco dias seguidos juntos e
tinha sido natural e fácil ficar perto dele. Não havia um dia
em que ele não risse ou me fizesse rir, além de se dedicar a
fazer as crianças rirem e se divertirem.

Ele jogou o cobertor no ar, que caiu como um


paraquedas e se estabeleceu no chão. Deu a volta e puxou os
cantos e quando ficou plano, agarrou a bolsa preta e jogou-a
sobre o cobertor antes de cair sentado e retirar o almoço.

Eu nunca esperei Connor. Nunca deveria me apaixonar


por ele tão rápido. Ele era protetor, provocador e doce e sim,
havia a arrogância e prepotência, mas eu gostava de como ele
era confiante porque me fazia sentir segura. Eu nunca me
senti realmente segura antes.

Ele olhou para mim e sorriu. Deitado de lado,


empoleirado em seus cotovelos com seus tornozelos cruzados.
Eu sorri de volta, minha barriga roncando e meu coração
acelerado.

— Fotógrafa Dedicada, vamos comer.


Ele começou a me chamar assim no segundo dia
quando viu que eu nunca estava sem minha câmera.

— Você sabe que isso é muito bobo. Nós estamos tendo


um piquenique no seu quarto de dormir. — Eu puxei a alça
da minha câmera sobre a cabeça e coloquei-a sobre o
cobertor enquanto sentava.

— Nada de errado com bobagens. E meu quarto é o


único lugar que eu posso ter você só para mim. O nosso
primeiro encontro.

Minhas sobrancelhas levantaram.

— E este é um encontro agora? Você não mencionou


isso. Acho que suas palavras foram: ‘Vamos comer um pouco
de comida no meu quarto’. — Mas eu estava totalmente de
acordo com ele chamar isso de um encontro.

Ele riu.

— Baby, o que você acha que eu quis dizer? — Ele me


entregou um sanduíche embrulhado e um saco de batatas
fritas.

Eu levantei o pequeno saco de batata fitas.

— Onde você conseguiu isso?

— Meu estoque particular. — Ele abriu o saco de


batatas e o ar foi liberado. Ele mexeu dentro, tirou uma
batata e jogou-a na boca.

— Sua mãe não lhe ensinou a comer a sobremesa por


último?
— Porra, sim, ela tentou. — Ele atirou outra batata em
sua boca e o ouvi mastigar, enquanto a mordia. — Mas eu
não vivo pelas regras de casa. Tem o suficiente aqui. Mamãe
desistiu de me ensinar alguma coisa há muito tempo. Agora
ela só me dá um olhar decepcionado que me faz sentir como
merda.

— Qual é nome dela? — Eu abri minhas batatinhas,


peguei uma e coloquei-a na minha boca.

— Karen. Meu pai é Frank e tenho uma irmã mais nova,


Georgie. — Então ele me contou como estava preocupado que
sua irmã estava sendo intimidada na escola e eu sabia pela
maneira como seu tom baixou, que estava chateado que ele
não estivesse lá para protegê-la.

Eu estava apostando que ele estivesse lá, não haveria


nada que não fizesse para protegê-la.

Connor baixou as suas batatinhas, pegou a garrafa de


água e bebeu um grande gole antes de segurá-la para mim.
Nossas mãos se tocaram quando me estiquei para ele e
formigamentos entraram em erupção.

Em cinco dias não houve nada, exceto toques acidentais


que eu não pude evitar, mas queria mais. Muito mais. Deus,
queria que ele me beijasse. Me tocasse. Qualquer coisa. Ele
estava me deixando louca e eu tinha uma sensação de que ele
sabia disso.

Felizmente, eu estava bastante ocupada tirando fotos


das crianças em suas salas de aula, no quintal ou fazendo
tarefas. O lugar precisava de atenção urgente pois existiam
muitas crianças e pouquíssimos voluntários. Inúmeras vezes
eu me vi tendo que abaixar a câmera, porque meus olhos se
encheram de lágrimas enquanto observava as crianças.

Jaz estava fazendo entrevistas, ocupado com


trabalhadores temporários e as crianças que falavam Inglês.
Tivemos muito tempo e Jaz queria ter uma ideia de como era
viver aqui dia após dia.

Connor passou uma boa quantidade de tempo


interagindo com as crianças, jogando futebol ou ajudando
com os reparos. Mas todas as manhãs, ele tomava café da
manhã comigo e com Jaz e mais dias, almoço e jantar. Mas
hoje, ele insistiu em comer sozinho.

Ele abriu a sua embalagem e alguns grãos de arroz


caíram sobre o cobertor. Ele assentiu, mastigou depois
engoliu antes de dizer:

— Você irá para casa depois disso?

Casa. Eu não tinha dito nada a ele sobre casa. Ele sabia
que cresci na Colômbia, mas mantive a atividade ilegal do
meu pai e qualquer envolvimento com Carlos Moreno, era um
segredo. Tinha um forte sentimento de que com a natureza
protetora de Connor, ele ficaria infeliz ao saber que eu estava
fugindo da atenção de um traficante poderoso.

— Eu não tenho certeza ainda. — Respondi


honestamente. — Jaz e eu temos que voltar para Miami e
depois resolverei. — Esperava que a revista gostasse do meu
trabalho o suficiente para me contratar e estender meu visto.

Ele não disse nada por alguns segundos e, em seguida:


— Fique com Jaz. Ele é um cara bom. Sabe o que está
fazendo. Ele vai cuidar de você.

Jaz era experiente e eu realmente gostava dele, como


uma espécie de figura paterna pela maneira como ele era
comigo, mas um legal e descontraído pai.

Conversamos durante uma hora sobre os meus sonhos


e futuro com minha fotografia. Então, perguntei sobre sua
paixão por motocicletas, que descobri resultar de quando ele
era criança e corria com bicicletas.

Então, nós apenas conversamos. Coisas


inconsequentes, como músicas, filmes e livros e descobri que
ele gostava de ler e escrever. Acho que era por isso que ele
mantinha um diário.

Peguei minha câmera, tirei a tampa da lente e ajustei o


foco antes de me sentar ao lado dele segurando-a acima de
nós. Apertei o botão e tirei várias fotos, mas era impossível
dizer o que exatamente eu estava captando e tinha certeza
que elas estavam terríveis, mas eu queria algo deste momento
para levar comigo.

Connor se moveu. Foi flexível e ágil quando rolou em


seu lado, com a mão cobrindo meu queixo e inclinando a
cabeça para ele.

Eu congelei e a respiração ficou presa na minha


garganta.

— Mantenha as fotos, baby. — Ele murmurou em voz


baixa e sexy que me fez estremecer.
Eu continuei disparando.

— Connor? — Eu sussurrei.

Seu joelho se estabeleceu entre as minhas pernas antes


dele se mover para pairar metade em cima de mim. Ele beijou
a ponta do meu queixo, a curva do meu pescoço e o ponto
logo abaixo da minha orelha. Continuei a pressionar o botão
do obturador sem ter ideia de quantas fotos eu tirei de nós,
porque tudo o que eu estava pensando era sobre os seus
lábios em mim.

— Alina. — Ele falou devagar.

Connor pegou minha câmera, gentilmente colocou a


tampa na lente e colocou-a sobre o cobertor ao nosso lado.
Em seguida, ele passou os dedos em torno de meus pulsos e
aliviou meus braços acima da minha cabeça, prendendo-os
para baixo com uma mão.

Suas sobrancelhas levantaram e ele sorriu, as covinhas


se acentuaram.

— Eu quis beijá-la desde que bati em você com a bola de


futebol.

— Você queria?

— Sim. Mas então, eu também queria bater em sua


bunda e colocá-la de volta em um avião. — Ele abaixou-se
dolorosamente lento.

Eu inalei e exalei forte e rápido, meu peito subindo e


descendo de forma irregular quando o seu peso afundou no
meu e eu suspirei com a sensação dele.
Lambi meus lábios e seus olhos correram para a minha
língua e de volta para os meus olhos.

— Porra, Alina.

Uma onda de calor tomou conta de mim quando ele


sussurrou meu nome, seus lábios a um sopro de distância
dos meus. Oh, meu Deus, eu queria que ele me beijasse.
Nunca senti uma necessidade tão incontrolável na minha
vida, tão forte que eu faria qualquer coisa para ter certeza de
que ele terminaria o que começou.

Qualquer coisa.

Seu sorriso brincalhão desapareceu e o desejo ardia em


seus olhos. Nossos lábios estavam tão perto que senti o
cheiro do sal das batatas fritas e quis sentir o gosto na minha
língua.

— Porra, me beije. — Eu disse, arrancando meus pulsos


dos seus para me libertar e puxar a sua cabeça para a
minha.

Esperei uma risada, mas as sobrancelhas apertaram e


ele murmurou:

— Eu vou lhe dar qualquer ‘porra’ de coisa que você


queira, Alina.

Sua boca caiu sobre a minha e seu peso caiu.

Nossas bocas entrelaçaram em uma onda de


necessidade. Após cinco dias de negação, nossos limites
romperam com um único beijo.

Possuindo.
Esse era o tipo de beijo — marcar como posse.

Sua boca era impressa enquanto seus lábios percorriam


com um propósito. Uma demanda. Um controle. E eu
sucumbi. Caí na rede erótica de Connor. E sabia desde o
momento em que ele fez o seu movimento e beijou-me que,
sem dúvida, eu tinha me apaixonado por ele.

Cinco dias. Eu tinha me apaixonado por ele em cinco


dias.

Mas o que quer que isso fosse, seria temporário. Nós


dois sabíamos disso.

— Baby. — Ele murmurou contra a minha boca. — Saia


de sua cabeça.

— Hã?

Ele deu um meio sorriso.

— Só esteja aqui comigo, agora.

Ele estava certo, mas era mais fácil dizer do que fazer.
Eu entendi Connor vivia no agora e não se preocupava
demais com o amanhã, mas eu pensava nas coisas.
Contemplava. Eu me preocupava.

Ele depositou beijos pelo meu queixo, meu pescoço, em


seguida, pela minha clavícula. Eu gemi, arqueando contra
ele, unhas cavando em minhas palmas.

— Connor.

— Eu não planejei isso. — Ele deslizou a mão pelo lado


da minha cintura e voltou novamente trazendo o material
com ele para que agrupasse sob as minhas axilas. Com a
palma da mão sobre a minha pele e o polegar acariciando as
minhas costelas, sua mão se moveu sob meu sutiã. — Não é
possível planejar algo como isto.

Envolvi minhas pernas em volta de sua cintura. Ele


gemeu quando seu pênis pressionou contra a minha pélvis e
então, sua boca estava na minha novamente.

Sua mão escorregou no meu sutiã, seus dedos


passaram rapidamente por cima do meu mamilo ereto. Engoli
em seco, enrijecendo o corpo quando uma onda de intenso
prazer disparou por mim. Deus, suas mãos eram gentis e
ainda me tocavam de maneira firme. Confiante e qualificado,
assim como sua boca.

— Me solte. — Eu murmurei.

Ele imediatamente se afastou, sentando-se, com os


olhos arregalados e preocupados.

— Baby? Você não está bem com isso?

Estendi a mão para ele, os dedos enrolando na borda


inferior de sua camiseta.

— Solte os meus pulsos. Eu quero tocar você.

Alívio atravessou seu rosto.

— Jesus. Pensei que não estivesse bem com isso.

Isso era fofo, Connor estar apreensivo e eu estava


apostando que não acontecia muito frequentemente.

— Eu estou com você. — Lentamente deslizei a sua


camisa para cima e fora da cintura de sua calça. Meus dedos
roçaram contra seu abdômen duro e ele inspirou. — Eu estou
muito com você. — Sorri gostando do que me causou essa
reação. Levantei mais e mais até que ele terminou de
arrancá-la sobre sua cabeça.

— Deus, como você consegue um corpo como este! — Eu


exclamei enquanto passava minhas mãos pelo seu peito de
músculos salientes sob o meu toque.

Ele meio que sorriu e disse:

— Precisa correr mais rápido do que as balas, Fotógrafa


Dedicada.

Eu odiava pensar em qualquer bala sendo disparada


contra ele.

Acariciava sua pele, meus dedos traçando a tatuagem


em seu ombro, contra o peito e para baixo de seu lado
esquerdo. Intrincadas linhas de preto gravadas em sua pele,
esculturas através de seu corpo e acentuando o seu requinte.

Quando minhas mãos alcançaram o cinto de sua calça,


as suas mãos pegaram as minhas, enrolando em torno delas
e arrastando-as para longe.

— Alina. Eu não trouxe você para o meu quarto para


que pudesse lhe comer. Gosto de passar um tempo com você.
Eu só queria privacidade para nós, para conversar, e.... — Ele
sorriu tolamente — lhe beijar se eu tivesse sorte o suficiente.

Eu levantei minhas sobrancelhas.

— Eu sei. — E sabia porque Connor foi muito bom e eu


tinha certeza de que ele poderia ter me seduzido para a sua
cama no dia dois.
Sua boca franziu e ele fez uma careta.

— Você conhece o cenário aqui, certo?

Eu conhecia. Não estava bem com isso, mas aceitava.


Minhas mãos desceram de volta para a sua calça e suas
mãos me seguiram, mas desta vez ele não me fez parar
quando eu desfiz o cinto. Apertei o botão através da fenda em
sua calça.

— Sim. Você tem proteção?

Eu imaginei que ele tinha. Não era estúpida. Connor era


um jogador e um jogador sem preservativo não seria mais um
jogador, mas um espectador. E suspeito que Connor nunca
tenha sido um espectador em qualquer parte de sua vida. Em
serviço ou não, eu tinha certeza que ele mantinha os
preservativos com ele.

— Sacola. — Ele disse.

Mas ele não se moveu enquanto pairava sobre mim, com


os olhos intensos e aquecidos. Havia algo mais, também, que
eu não conseguia decifrar. Quase como se ele fosse uma
pessoa hesitante e insegura sobre como fazer isso.

Coloquei minhas mãos em seu peito e empurrei.

— Eu sugiro que você se apresse e consiga um.

A hesitação desapareceu quando ele sorriu com uma


risada baixa. Eu derreti. Aquele som. Aquele olhar. Era como
se apagasse tudo de ruim que eu tinha visto ao crescer e
substituído por um casulo de calor de proteção.
— Você tem um lado mandona. Interessante. — Ele
disse, ficando em pé. Seu cinto pendia, o fecho saltando fora
da coxa dura como pedra quando ele se levantou, se inclinou,
pegou minha câmera, desabotoou a tampa da lente e colocou-
a em seu olho.

— O que você está fazendo?

— Capturando você. — Ele disse e então ouvi o


movimento do obturador.

Eu ri e ele clicou novamente.

— Pare. — Estendi minha mão e inclinei a cabeça para o


lado. — Eu sou a fotógrafa e nunca estou na frente da
câmera.

Ele baixou a câmera e colocou-a de volta no cobertor.

— Eu quero uma dessas.

— Hã?

— Envie-me uma dessas. — Eu não disse nada. — Eu


vou lhe dar o meu e-mail.

Era apenas um e-mail, mas interiormente sorri porque


eu gostava dele me dando isso. Estava apostando que ele não
o dava livremente.

Temporário, Alina.

Ele andou até a mochila, embaralhando e logo estava de


volta. Minhas entranhas giraram enquanto ele estava em
cima de mim, com um pequeno pacote dourado entre os
dedos. Ele olhou para mim com luxúria e os meus dedos dos
pés curvaram com antecipação.
Sentei-me, arranquei a minha camisa e joguei para o
lado. Então eu abri a minha calça e deslizei-a para baixo das
minhas pernas e puxei para fora de meus pés.

Quando eu olhei para ele, ele não se moveu. Mas seus


olhos arrastaram pelo meu corpo, parando na minha
calcinha.

Eu tinha uma coisa para calcinha. Algumas meninas


colecionavam sapatos. Eu colecionava calcinhas. Eu gostava
de como elas me faziam sentir, mesmo que eu fosse a única
que soubesse que estava vestindo-as. Além disso, o dinheiro
sempre foi apertado e os sapatos eram muito mais caro do
que calcinhas bonitas.

Eu tinha de todos os tipos, cores e estilos, mas nas


malas de viagens só tinha espaço suficiente para as minhas
favoritas e hoje eu estava vestindo uma tanga azul-cobalto
com tiras finas de renda preta. Eu tinha o que alguns
poderiam chamar de quadris férteis e que eu chamava de
uma camada protetora de queda. Se eu caísse, iria machucar
muito mais sem essa camada, então eu considerava uma
necessidade.

— Jesus. — Ele caiu de joelhos entre as minhas pernas.


Seus dedos traçaram o meu quadril direito pela borda da
minha calcinha para o centro, onde ele fez uma pausa antes
de acariciar para baixo com um toque leve de seus dedos.

Inspirei, arqueando, fechei os olhos. Ele aplicou pressão


e eu gemi, assim como meu sexo se apertou com a
necessidade. Dobrei meus joelhos, minhas coxas abrindo e
ele aproveitou, mergulhando o seu dedo na minha calcinha.

— Molhada para caralho.

Sua outra mão deslizou até o meu abdômen, sobre


minhas costelas para os meus seios onde me acariciou, com o
polegar passando pelo meu mamilo. Mas ele não se demorou
enquanto sua mão se moveu de volta para baixo novamente.
Em seguida, ele arrastou a minha calcinha para baixo e fora.

Ele segurou-as.

— Amo isto. Mas eu tenho que provar você, baby. — Ele


deslocou-se para o estômago, a boca tão perto de meu sexo
que seu hálito quente soprava em meu clitóris. — Seu cheiro
é tão malditamente viciante, Alina. Uma droga.

Ele abaixou a cabeça e com um arrastar lento e


agoniante de sua língua, me lambeu.

Então fez coisas para mim que eu nunca sonhei que um


homem poderia fazer com a língua. Perito era um eufemismo.
Este homem sabia exatamente o que estava fazendo.

E quando seus gemidos vibraram contra mim, a


sensação era tão erótica que me fez gemer também.

— Connor. — Meus dedos cravaram em seu couro


cabeludo, mas ele não percebeu ou não se importou, porque
continuou me degustando, sua língua passando rapidamente
sobre o meu clitóris até que eu levantei meus quadris, com as
coxas tremendo. — Oh. Deus. Connor.
— É isso aí, baby, — ele murmurou contra mim. Com
movimentos circulares, mais rápido e mais rápido.

— Connor! — Eu gritei.

Meu corpo ficou tenso, os quadris saíram do chão, os


olhos fecharam, quando onda após onda dispararam por
mim.

— Oh, Deus. Oh, meu Deus.

O orgasmo não era nada que eu já tivesse


experimentado antes. Longo e duro, pulsando uma e outra
vez até que eu entrei em colapso em uma piscina de felicidade
saciada.

Ele moveu-se para cima do meu corpo quando eu caí


completamente gasta, sua boca estava na minha e eu me
provei em seus lábios. Foi lento e doce, meus lábios ainda
pulsando de seu beijo mais cedo.

Connor era atencioso, doce e exigente e não havia


dúvida de que sabia como beijar uma mulher.

Sua boca levantou da minha e ele colocou a borda da


embalagem do preservativo entre meus dentes e rasgou-a.
Em seguida, levantou e vi que ele já não tinha a calça.
Quando ele tirou sua calça?

Fiquei espantada com o seu pau grosso, duro e se


projetando do corpo. Deus, ele era lindo. Eu nunca pensei
que um pau poderia ser tão bonito, não que eu tivesse visto
muitos, na verdade apenas um, mas ele mantinha a área
aparada e ele me deu uma boa visão do seu pau e suas bolas.
Jesus. Eu nunca quis que um homem tão
desesperadamente dentro de mim como eu queria agora. Eu
tive relações sexuais algumas vezes, com um cara que
namorei no ano passado. Mas o sexo foi tímido e desajeitado,
nós dois éramos desastrados.

Connor não era atrapalhado ou tímido. Ele possuía.

Tomei o preservativo dele e envolvi minha mão oposta ao


redor de seu pênis.

Seus olhos se fecharam.

— Alina. — Ele murmurou. — Você está me matando.

Sorri, amando que eu fizesse isso com ele. Lentamente,


coloquei o preservativo sobre o comprimento dele. Eu não
sabia o que me deu mais prazer, olhar para o pau ou a
expressão em seu rosto, a cabeça inclinada para trás, os
músculos do pescoço tensos, os olhos fechados e as feições
apertadas como se ele estivesse com dor.

Eu vi quando ele perdeu. No momento em que ele não


estava esperando por mais tempo.

Sua mandíbula ficou rígida, seus olhos se abriram e ele


me olhou, mas não com raiva e sim com um desejo feroz. Ele
agarrou minha coxa e engatou-a em seu quadril. Levantei a
outra para corresponder e ele deslizou seu pau para cima e
para baixo na minha umidade agarrada ao comprimento dele.

— Não é possível fazer isso de outra maneira, Alina.


Preciso de você forte e rápido.

Eu balancei a cabeça, sem fôlego.


— Ok.

— Da próxima vez, vamos devagar. Eu quero isso


também.

Mordi meu lábio. Gostei do som de haver uma próxima


vez.

— Ok. — Deslizei minhas mãos sobre os seus ombros,


pelas suas costas e puxei-o mais perto. — Eu quero gozar
novamente. — Porque essa era a melhor sensação do mundo
e eu queria ele dentro de mim quando acontecesse.

Ele sorriu.

— Oh baby. Não há dúvida de que você vai gozar


novamente.

Em seguida, ele empurrou dentro de mim e eu ofeguei


com a sua espessura.

— Gostosa para caralho.

Ele inclinou seus quadris, empurrou todo o caminho e


gemeu. O som era selvagem e primitivo. Seus olhos brilhavam
antes que sua boca se chocar contra a minha.

Despertar.

Foi o despertar do meu corpo. Eu não sabia se ele sentia


isso também, provavelmente não, mas para mim era algo
despertando. Como viver e respirar com todas essas emoções
novas.

Foi uma queda livre enquanto ele empurrava dentro de


mim, não sabendo onde eu pousaria. Se eu sobrevivesse. Mas
nada importava, exceto a beleza da queda.
Não houve hesitação em Connor; ele tinha sexo como ele
vivia... sem regras. Eu estava de costas, estômago, joelhos,
em seguida, em seu colo enquanto ele continuava a me
comer, mãos segurando meu cabelo, nos meus seios, quadris,
em todos os lugares.

Agora eu estava em cima dele, balançando meus quadris


enquanto ele se amamentava em meus mamilos, seus dentes
beliscando, em seguida, a língua acalmando.

— Connor. — Eu gemi.

Ele me agarrou pelos quadris e virou-me, para que


estivesse em cima novamente.

— Porra, Alina. Porra. Não posso esperar mais. Você vai


gozar, baby?

Eu balancei a cabeça.

— Sim.

Ele se moveu, profundo e lento. Mas isso não durou


muito e em pouco tempo ele estava bombeando loucamente
dentro de mim, uma mão em cima da minha cabeça para lhe
dar equilíbrio enquanto a outra veio entre nós e circulou meu
clitóris, rápido e igualando o ritmo de suas estocadas.

— Porraaaaa. — Ele rosnou.

— Oh Deus. Oh, Deus! — Eu gritei quando gozei, ao


mesmo tempo o meu corpo teve espasmos e contraiu quando
onda após onda me atingiu.

— Jesus. — Ele sussurrou junto ao meu ouvido. Ele


baixou a cabeça para beijar meu ombro. — Jesus.
Eu acariciei as palmas das mãos em suas costas e seu
pau se contraiu dentro de mim.

— Sim. — Eu sussurrei.

Ele levantou a cabeça e seus olhos encontraram os


meus, procurando. Pelo o que, eu não sabia, mas as
sobrancelhas apertaram e parecia como se algo estivesse o
incomodando.

— Qual o problema? — Eu perguntei, minha mão se


movendo para cima de suas costas, para o seu pescoço. Mas
eu tinha a sensação de que poderia estar incomodando,
porque o que aconteceu foi especial. Foi mais do que eu
pensava que nenhum de nós esperava.

Ele rolou para o lado, tirou o preservativo, deu um nó


nele e jogou para o lado, então estendeu a mão para mim.
Seu braço curvou por cima do meu ombro e levou-me para
ele.

— Não é tempo suficiente.

Tentei levantar a cabeça, mas ele apertou-me de volta


para baixo, para que a minha bochecha repousasse sobre o
seu peito.

— Preciso lhe segurar um minuto, Fotógrafa Dedicada.

Fiquei calada, ouvindo seu coração enquanto estava


enrolada nele e a sua mão lentamente acariciando minhas
costas.

Nós ficamos assim por um tempo, escutando nossa


respiração, em silêncio.
Ele parou de acariciar e eu inclinei a cabeça para olhar
para ele. Ele já estava olhando para mim.

— Eu estive com um monte de garotas, Alina. Não tenho


orgulho disso, mas não me arrependo. Isso significa que eu
também sei quando algo é muito especial. E isso foi algo
muito especial. Não tenho certeza do que fazer com isso.

Antes que eu pudesse responder, sua boca estava na


minha e ele me beijou novamente. Ele foi gentil e doce e era
algo mais. Tínhamos algo mais.

E eu não tinha certeza do que fazer com isso também.


Capítulo
4
Pergunta 2: O que você mais

gostava de fazer quando era uma

adolescente?

Dia 28

— Rodopia. — Eu disse, segurando a mão da menina de


Fariba e levantando o braço para que ela pudesse girar sob
ele. Ela sorriu, os olhos arregalados e rindo enquanto eu
dançava com ela, a música ecoando no ar da noite.

Liguei para Deck esta manhã e deixei uma mensagem.


Perguntei se ele tinha checado Georgie e meus pais, já que eu
tinha decidido ficar mais tempo no orfanato, mas estaria de
volta a tempo para ir ao treinamento JTF2. Eu não mencionei
Alina. Realmente não sei o que dizer porque isso era tudo um
território novo para mim. Além disso, ele me perturbaria,
falando no correio de voz.

Eu li o meu diário na noite passada, enquanto ela estava


tomando banho. Além das dezenove questões e suas
respostas, escrevi outras coisas sobre ela, coisas pequenas
como a forma como ela derramou seu café na outra manhã
quando estava demasiado quente. Na manhã seguinte, eu
testei seu café primeiro.

Testei desde então. Não sei o porquê, mas porra, eu


gostava de fazer isso. Gostei de cada segundo que passamos
juntos.

Nossos caminhos se cruzaram quando eu menos


esperava e em breve estariam se separando completamente,
em diferentes estradas. Talvez fosse assim que deveria ser e
durante os últimos dias, eu estava tentando me convencer
disso.

Eu estava fazendo um trabalho de merda.

Porque Alina significava algo.

A música terminou e curvei-me para a menina e ela fez


uma reverência antes de correr para seus amigos com um
salto. Não era muito, mas era tudo que eu poderia dar-lhes, o
riso. Isso era o que me mantinha são quando imagens do que
eu tinha visto me assombrava. Risos mantinham a leveza.
Alimentavam a vida.

Meus olhos tiveram um vislumbre de algo branco saindo


do prédio, então me virei e minha respiração ficou presa na
minha garganta e eu congelei.
Ela estava na porta, com o cabelo solto caindo
suavemente sobre os ombros, as calças de linho branco
estavam eriçadas em suas pernas pela brisa suave e seu
rosto estava iluminado pela lua cheia. Ela estava sorrindo,
seus olhos sobre as crianças dançando ao som da música
que saia do rádio de merda.

Esculpida. Talhada. Gravada. Porra, isso era tudo. Esta


era uma imagem que eu nunca esqueceria. Não precisava de
uma porra de foto para me lembrar.

Seus olhos se deslocaram por todo o quintal e ela


acenou para Jaz que estava dançando com um grupo de
crianças. Ele piscou para ela e, em seguida, seu olhar derivou
para mim e fechou.

Meu peito inchou. Inchou muito, nunca tive isso com


uma garota antes. Não, Alina não era uma garota. Era a
mulher por quem eu tinha me apaixonado.

Ela dirigiu-se para mim, graciosa e um pouco tímida,


enquanto colocava fios de cabelo atrás da orelha. Na maioria
das vezes, ela o usava amarrado para trás, mas esta noite,
estava pendurado em ondas suaves para baixo deslizando em
suas costas e ombros. Camadas longas emoldurando seu
rosto com fios que sempre escapavam de seu rabo de cavalo.

A música diminuiu e a canção ‘My Immortal’ do


Evanescence tocou, sua voz assombrando e montando na
brisa suave. Meu coração bateu mais rápido, enquanto ela se
aproximava sorrindo agora um meio sorriso hesitante. Os
olhos procurando, provavelmente se perguntando o que eu
estava pensando.

Porque nós dois sabíamos que nosso tempo estava


quase esgotado.

Ela baixou os olhos quando parou um metro longe de


mim. Movi-me para ela, braço correndo em volta da sua
cintura e lentamente puxei-a contra mim.

— Alina, — murmurei, segurei o seu queixo e inclinei a


cabeça, baixando até que minha boca encontrou a dela.

A superfície de veludo de seus lábios moldou na minha,


seguindo minha direção. Seu corpo caiu, as palmas das mãos
deslizando até meu peito, para os meus ombros, antes de
envolver em torno de meu pescoço.

Eu nunca fui doce. Nunca tive esse inchamento inegável


no meu peito ou o medo de perder alguma coisa.

Eu tinha fodido várias garotas e era por isso que eu


sabia que era diferente.

Que ela era algo especial.

Recuei e peguei o seu queixo. Deslizando a mão sobre o


ombro para a parte de trás do seu pescoço, teci os dedos em
seus grossos e longos fios.

— Eu amo isso. — Eu murmurei.

Sua testa se contraiu com a pergunta.

— O quê?

— Isto. Você em meus braços. Você é tão bonita.


Um calor subiu em suas bochechas e foi bonito. Alina
era confiante e doce, definitivamente atrevida, quando queria
ser, mas também tinha uma vulnerabilidade que a tornava
suave. Eu já sabia que ela tinha um coração incrível e uma
alma compassiva, porque a tinha visto com as crianças. Ela
mesma ajudou algumas das crianças com aprendizagem de
Inglês.

Ela era natural e genuína e eu sabia quão raro isso era.


E ela me contou sobre seus números no outro dia. Era
ridículo e completamente adorável e me fez me apaixonar
para ela ainda mais.

Um. Um. Cinco.

Ela disse que levou um segundo para saber que estava


atraída por mim. Eu tinha sorrido para isso porque me
abalou. Uma hora antes, eu a fazia rir até que ela tivesse
lágrimas. Isso foi durante nossas dezenove perguntas,
quando eu disse sobre odiar a cor laranja. E a número cinco
foi cinco dias antes que ela se apaixonasse por mim. Esse foi
o nosso piquenique no quarto.

Eu perguntei quando ela soube que me amava. Ela me


disse que iria me avisar.

Ela não amava. Ainda não. Mas eu apostaria minha vida


que seria no número vinte e oito, hoje, porque eu com certeza
a amava.

Porra, sim, eu a amava.

— Dança comigo? — Eu perguntei.


Não esperei por sua resposta, mas balancei com a
música, seu corpo pressionado contra o meu. Nós nos
movimentamos em ritmo perfeito, em conjunto, tal como
fazíamos em tudo. Eu desenrolei-a de meus braços para
rodar e então puxei-a de volta novamente.

Jesus. O que eu ia fazer?

Estava saindo para me juntar a uma das mais difíceis


unidades militares do mundo. Ela iria para Miami e depois
saberia onde a revista iria enviá-la para o seu próximo
trabalho. E se eles não a mantivessem, ela iria voltar para a
Colômbia.

Porra, eu não poderia deixá-la ir. Era completamente


egoísta, mas eu não conseguia imaginá-la com mais ninguém.
Apenas o pensamento dela com outro cara me deixava louco.
Mas eu não podia esperar que ela desistisse de sua vida por
mim porque era isso que ela teria que fazer. Ficaria sozinha
por meses, enquanto eu estivesse fora em uma missão sem
ter ideia de onde eu estava ou se eu voltaria vivo.

— Connor? — Ela inclinou a cabeça para olhar para


mim.

— Sim, baby?

— Não vamos nos preocupar com isso esta noite.

E bem, eu sabia que não poderia fazê-lo. Estava


disposto a ser um canalha egoísta e pedir-lhe para desistir de
tudo por mim.
— Não é possível fazer isso. — Ela franziu a testa e eu
acariciei sua bochecha com as costas dos meus dedos. — Não
até que você me diga que não vai. Você vai ficar comigo.

Seus olhos se arregalaram e ela parou de se mover com


a música.

— Connor? O que você está dizendo?

— Eu sei o que dissemos, que isto era temporário, mas


porra, eu não posso fazê-lo. Todo dia me seguro mais. Não faz
sentido comigo saindo para o treinamento, mas podemos
fazê-lo funcionar. Eu posso voar com você para Miami.
Podemos ver se a revista pode dar-lhe uma referência e talvez
você possa trabalhar em Toronto. Eu ficarei fora um tempo,
mas vou apresentá-la a minha irmã e aos meus pais, meus
amigos. Eu não posso deixar você ir, Alina. Quando eu me
for, quero saber que você estará esperando por mim. Porra,
isso é tão egoísta, mas não posso evitar. — Meu coração
disparou enquanto eu falava. Eu não tinha planejado dizer
isso; só sabia que estava certo. Parecia certo dizê-lo. — Alina,
eu a amo. — Ela inalou, seus lábios se abriram. — Sei que é
muito cedo, mas eu vivo no agora. Tenho que viver, porque
não haver um amanhã o torna isso ainda mais egoísta da
minha parte. Mas porra, apenas por favor, diga que você vai
ficar comigo.

Eu esperava perguntas ou hesitação, ou me dizer que eu


estava terrivelmente louco, mas Alina simplesmente sorriu e
com olhos se encheram de lágrimas disse:

— Ok.
OK. Era isso. E foi a melhor palavra maldita que eu já
ouvi dos lábios de alguém. Um simples ok, com ela em meus
braços, sem fôlego, bonita e agora minha.

— Vinte e Oito. — Eu disse.

Ela torceu o nariz.

— Hã?

— Seus números. Quero ouvir você dizer isso.

Ela riu.

— Connor, isso é muito bobo.

— Eu amo as partes tolas de você, Alina. Conte-me.

Ela suspirou.

— OK. Vinte e oito. Levou vinte e oito dias para você me


dizer que me ama.

Eu ri.

— Baby. Não.

Ela riu novamente.

— E levou vinte e oito dias antes de dizer a ele que o


amava também.

Minhas sobrancelhas levantaram enquanto eu esperava


e ela me fez esperar uns bons trinta segundos.

— Bem?

Seu sorriso desapareceu e seus olhos se encontraram


com os meus. Em seguida, ela estendeu a mão e segurou
meu rosto.
— Eu amo você, Connor O'Neill.

— Certo, porra! Você me ama! — Eu levantei-a e ela


enrolou as pernas em volta da minha cintura, com os braços
em torno de meu pescoço. Então atravessei o pátio para o
edifício.

Duas crianças correram à nossa frente e abriram a


porta. Eu peguei o enorme sorriso de Jaz e sorri de volta.
Então eu pisquei para as crianças, quando levei a minha
menina para dentro.

Minha menina.

Alina era verdadeiramente minha.


Capítulo
5
No dia seguinte, dirigi-me para o galpão atrás do prédio
principal, para pegar feijões enlatados para o cozinheiro. Eu
estava ajudando na cozinha por algumas horas porque um
dos voluntários estava doente. Jaz estava ocupado
escrevendo e Connor tinha se dirigido para uma cidade
vizinha com outro cara para pegar algumas coisas essenciais
como havia feito nas últimas três quartas-feiras.

Ele me deixou na cama esta manhã, completamente


saciada, depois de ter me acordado com beijos entre as
minhas pernas, que logo se converteu comigo gemendo e
arqueando para a liberação. Quando gozei, ele simplesmente
arrastou-se ao meu lado, levemente beijou-me e disse:

— A amo, Fotógrafa Dedicada. — Então se foi.

Isso foi há duas horas e eu estava pensando sobre ele


afundando dentro de mim desde então. Meu celular vibrou no
meu bolso e eu fiz uma careta. Ninguém nunca me ligava, o
meu celular era apenas para emergências. Além disso, as
únicas pessoas que o tinham eram a revista ou o meu irmão.
Meus pais não tinham condições de me ligar aqui.
Eu pressionei o botão de resposta.

— Alô?

— Olá, Catalina.

O medo não rastejou, ele bateu em mim. Meu estômago


enrolou e engoli várias vezes quando a bile subiu.

Não. Não. Não. Não poderia ser.

— Carlos.

— Como você está? Ou, talvez, a questão mais precisa,


onde você está?

Minha mente desencadeou como uma fiação defeituosa


enquanto tentava pensar no que dizer a ele. Eu dizer a ele?
Mentiria? Se eu mentisse e ele descobrisse, ele iria ferir a
minha família. Eu sabia como funcionava. Foi por isso que eu
tinha desaparecido.

Deus, por que agora?

— Eu tenho sido muito paciente. É hora de você voltar


para casa agora, Catalina.

Eu apertei a mão no redor do telefone.

— Eu... eu não posso.

Houve uma risada leve que fez os cabelos na parte de


trás do meu pescoço arrepiar.

— Oh, mas você pode. E você vai. — Então, ele


acrescentou em uma ordem ríspida. — Agora.

O pânico se instalou. Ele estava muito confiante por não


saber onde eu estava e isso me aterrorizava mais que tudo.
Eu sabia o poder que ele exercia. Sabia até onde ele
chegaria para obter o que queria. Meu pai tinha medo dele e
de seu homem, Diego. Havia fofocas na escola, como o que foi
feito para os homens que falharam com Carlos. Homens que
tentaram deixar o seu ‘negócio’. Foi por isso que meu irmão
se foi.

Ele continuou e suas palavras eram lentas e precisas:

— Não seria certo ter o funeral de seu pai sem sua filha
presente.

Meus joelhos cederam ao mesmo tempo que eu sufoquei


um grito estrangulado.

— Não. Oh, Deus, não. Por favor. — Eu estava sentada


no chão, com lágrimas escorrendo pelo meu rosto.

— Infelizmente, houve... — ele fez uma pausa e depois


disse: — um acidente. Diego oferece suas condolências.

Não houve nenhuma explicação necessária. Carlos não


era estúpido. Ele nunca admitiria matar ninguém,
especialmente no telefone. De acordo com meu pai, muitas
das autoridades estavam em seu bolso, mas alguns que se
recusassem a ser subornados estavam destinados a morrer.

Oh Deus, por quê? Por que Diego matou-o? Meu pai


tinha trabalhado para ele durante anos. Ele foi leal a ele.

— Venha para casa agora, Catalina. Temos muito que


discutir.

Corra. Corra. Corra. Bateu na minha cabeça. Corra para


Connor. Corra com ele. Eu poderia ir para Toronto e Carlos
não saberia. Ele não sabia onde eu estava. Eu poderia
desaparecer. Meu irmão estava a salvo em Miami, mas minha
mãe... oh, Deus.

— Pare de soluçar. Eu não tenho tempo para ouvi-la


fungando sobre um homem que me perdeu uma grande
quantidade de dinheiro. Eu não gosto de perder dinheiro,
Catalina. Mas desde que sou um homem generoso, vou
permitir que você cubra a perda.

Eu?

— Carlos, eu não tenho o dinheiro.

Ele riu.

— Claro que não. Estou disposto a fazer uma exceção e


aceitá-la como forma de pagamento pelo dinheiro que seu pai
perdeu. — Meu coração disparou no meu peito. Não, eu não
iria. Nunca. — Sei o que você está pensando, mas seu irmão
está aqui ao meu lado e acho que ele preferiria que você
viesse para casa.

Eu ouvi um grunhido feroz no fundo, em seguida:

— Alina, não. Você não...— Houve outro grunhido, então


nada.

Juan. Ele tinha Juan? Foi assim que ele me encontrou.


Ele tinha Juan.

Eu caí, segurando meu estômago, o telefone pressionado


firmemente na minha orelha, enquanto suas palavras eram
repetidas várias vezes na minha cabeça.
— Por favor. Carlos. Não lhe faça mal. Eu estou lhe
implorando.

— Venha para casa, Catalina. Vou dar-lhe dois dias. —


O telefone ficou mudo e escorregou da minha mão, caindo na
sujeira. Eu cobri o rosto com as mãos e balancei para trás e
para frente soluçando. Meu pai estava morto. Meu irmão...
Juan saí de casa para escapar disto. Ele estava tentando me
pegar também.

Eu poderia correr. Sair. Ir para o Canadá com Connor.

Mas, eu nunca seria capaz de viver comigo mesma se eu


fosse responsável pela morte do meu irmão.

E não iria parar nisso. Minha mãe seria a próxima.


Talvez o cara que namorei no ano passado. A menina com
quem falei no mercado.

Oh Deus. Não.

O alcance de Carlos se estendia muito longe e ele tinha


amigos em todos os lugares, porque fazia certo seus negócios.
Sua riqueza significava que era capaz de encher os bolsos das
pessoas em altas esferas, para olhar para o outro sobre as
suas indiscrições.

Se Carlos queria algo, ele tomava. Se ele decidisse


acabar com uma família inteira, ele o fazia.

Eu estava aqui com Connor, vivendo uma fantasia. Eu


deveria saber que isso não poderia durar. Minha vida não foi
concebida para ser um felizes para sempre. Cresci sabendo
disso. Tinha aceitado isso.
Até ele.

Até Connor.

Houve uma onda de calor ao pensar nele, mas, ao


mesmo tempo, ondas de terror bateram em mim.

Eu tinha que deixá-lo.

Era como se meu interior estivesse sendo rasgado e toda


a esperança e alegria estavam lentamente sangrando.

Eu tinha que ir e Connor não podia saber o porquê. Se


ele soubesse, nunca me permitiria voltar. Ele me amarraria,
se fosse preciso. Connor protegia a sua equipe. Protegia os
seus amigos. Ele faria qualquer coisa em seu poder para
proteger aqueles que ele se importava.

E isso me incluía.

Carlos iria matá-lo, assim como ia matar meu irmão.


Como ele tinha matado o meu pai.

Eu tinha que ir. Agora. Agora mesmo. Antes de Connor


voltar. Eu não podia deixá-lo me ver ou ele saberia que algo
estava errado.

Jaz. Eu tinha que encontrar Jaz. Ele gostaria de


encontrar uma maneira de me levar de volta para a base e em
um vôo. Eu diria a ele... Deus, eu tinha que mentir.

Eu estava pisando na água e com cada respiração


irregular, afundava mais e mais na escuridão do desespero.

Não havia escolha. Eu tinha que ir para casa. E tinha


que ter certeza de que Connor não viria atrás de mim.
Eu tinha que machucá-lo. Tinha que machucá-lo, tão
mal, que ele me odiaria.

Eu deixaria uma nota em seu diário. Mas só de pensar


sobre as palavras que eu teria que escrever me quebrava.
Seria uma devastação completa.

Oh, Deus, Connor. Eu sinto muito. Eu sinto muito.

Mas arriscar a vida do meu irmão não era uma opção e


dizer a verdade a Connor não era uma opção.

No meu mundo, se você ama algo, liberta-o. Se você ama


algo, não deixe que Carlos Moreno o conheça.

Carlos Moreno nunca poderia saber que eu amava


Connor O'Neill.

Para o Cabo Connor O'Neill,

Nós fomos feitos para sermos temporários. Você é


um bom homem e eu desejo-lhe todo o melhor. Mas não
estou apaixonada por você. Me desculpe, eu menti.

No momento em que você ler isto eu já terei ido.


Estou voltando para casa, para o meu noivo.

Catalina

— Você está pronta? — Jaz perguntou, em pé na porta


do quarto pequeno e nu que eu estava compartilhando com
Connor.
Balancei a cabeça, olhando para cima deixando a página
manchada de lágrimas, cheia de mentiras ofensivas. Eu meti
a nota dentro de seu diário e coloquei-o no meio da sua
cama. Ele não conhecia a minha letra, por isso duvidava que
fosse perceber a fragilidade da escrita. Mesmo que
percebesse, Connor estaria tão chateado que eu tinha certeza
de que o papel iria acabar em pedaços antes mesmo de ler a
última linha, que era uma mentira horrível.

— Alina, você tem certeza de que deseja sair sem vê-lo?


— Jaz tinha sua bolsa sobre o ombro e estava pronto para ir.
Quando eu lhe disse que tinha que ir, não houve hesitação e
ele afirmou que sairia comigo. Nós só tínhamos mais um dia
aqui e já possuíamos tudo o que a revista precisava.

— Sim. — Peguei minha bolsa, com a mão tremendo e


mal era capaz de me impedir de cair em uma poça soluçando
no chão. Eu disse a Jaz a verdade sobre meu pai morrer, mas
por razões óbvias, nenhum dos detalhes. Também tinha lhe
dito mentiras na nota. Não sei se ele acreditou em mim ou
não, mas ele soube que era uma emergência, provavelmente
pelo estado em que eu estava. Ele organizou imediatamente
para nós sermos pegos e levados de volta para a base aérea.

— Ok. Bem, o nosso passeio está aqui. Você sabe que


pode esperar...

Eu balancei minha cabeça.

— Não. Eu não posso Jaz. Sei que estou sendo uma


covarde, mas confie em mim, é melhor assim.

Ele balançou a cabeça lentamente.


— Você pode estar certa. Ele não é um cara que vai levar
isso muito bem.

Não, mas esse era o ponto.

Olhei pela última vez para o seu diário, o canto da


minha nota saindo na borda superior.

Ele me odiaria. A moral de Connor estava sobre a


lealdade, integridade e honestidade. Eu só havia esmagado
todas essas características em três frases simples.

Ele me esqueceria. Um dia ele ia esquecer, mas nunca


perdoar e eu tinha que viver com isso.

Eu não iria esquecê-lo. Nunca. Porque estava deixando


tudo de mim com ele. Ele só não sabia disso.
Capítulo
6
Pergunta 3: Uma palavra para

descrevê-la que começa com um ‘p’?

Dias de hoje

Nada estava certo, exceto a detonação.

Detonação de minha mente. A complexa teia de


escuridão instável que ameaçava desencadear e explodir a
qualquer momento.

Isso era a minha certeza.

Incontrolável.

Não contido.

A droga de Vault me teve por anos, transformou-me em


um assassino cruel, sem um passado. Sem memórias. E isso
me fez perigoso para caralho.
Agora, a droga tinha parado, mas era pior porque as
memórias estavam voltando e com elas uma raiva interior
profunda surgia.

Eu era muito perigoso para estar perto dela e ainda


assim estava sentado na minha moto na rua em frente ao bar
Avalanche, com o motor em marcha lenta, com um estrondo
debaixo de mim.

Assim, muito perto. Perto demais para seu próprio bem.

A porta do carro bateu e levantei minha cabeça.

Eu endureci. Os dedos cravaram em minhas coxas


enquanto eu observava Deck, meu ex-líder JTF2 de equipe e
ex-melhor amigo, caminhar em torno da frente do seu carro e
abrir a porta do passageiro.

O poste de luz, pendurado acima, balançava na brisa e a


luz brilhou sobre ele, mas não pude ver seu rosto. Ele estava
inclinado para baixo quando ajudou uma garota a sair de seu
carro.

Mas não era uma garota; era minha irmã.

Ele colocou seu braço protetor em volta dos ombros dela


e ela se inclinou para ele, com o braço ao redor de sua
cintura enquanto caminhavam em direção à entrada do bar.

A doce e inocente garota Georgie. Havia manchas roxas


em seu cabelo e ela estava despenteada e despreocupada.
Estava usando uma saia preta apertada no meio da coxa,
uma blusa com gola V, que era o arco-íris dos roxos e sapatos
de salto agulha vermelho. Havia uma certeza no seu andar,
ela não era mais uma criança. Eu estava apostando que ela já
não tinha um armário com código de cores. Ela
definitivamente não estava preocupada com seu cabelo estar
impecável.

Totalmente crescida e completamente diferente.

Emoções acenderam quando eu os assistia. Não boas


emoções. Raiva. Fúria.

Antes de desaparecer no interior, Deck parou, virou-se


para ela e deslizou ambas as mãos para baixo de seus lados
para pegar em seus quadris. Em seguida, ele abaixou a
cabeça e beijou-a.

Eles se afastaram. Eu não podia ver o rosto de Deck que


estava de costas para mim, mas eu vi como ele era com ela.
Como ele a abraçava, como a protegia com seu corpo de
frente para a rua, como a beijou delicadamente movendo-se
para a parte de trás do seu pescoço, enquanto se inclinava e
sussurrava algo em seu ouvido.

Ela riu e o som montou na brisa quente e caiu em mim.


Tentei deixá-lo entrar. Deixei-o afundar no frio da minha
alma fodida, mas ricocheteou em mim e dissipou no ar.

Meu passado se foi.

Minha irmã.

Meus pais.

Eles estavam mortos para mim agora.

Não precisava deles. Não me preocupava com eles. A


única coisa que eu sentia era raiva.
Isso era uma mentira. Eu tive cuidado sobre uma coisa.
Eu não queria me importar. Tentei para caralho não me
importar, mas ela se recusou a ser morta.

Ela. Minha garota. Minha Alina.

Ela era a razão pela qual eu passei três dias e três noites
seguidos andando de motocicleta de Miami a Toronto,
enquanto tirava sonecas curtas no lado da estrada.

Eu nunca dormi mais do que algumas horas de cada


vez. Se fazia, acordava com adrenalina bombeando em
minhas veias. Adrenalina volátil que era instável e me fazia
imprevisível. Eu tinha o desejo de ferir alguma coisa.
Destruir. Isso apertava-me tanto que eu não conseguia
respirar.

A única maneira de pará-lo era ficar na minha moto e


correr. Rápido. Forte. A ameaça de morte sempre a um
milésimo de segundo de distância.

Eu deveria estar morto. Mas o destino estava recebendo


seus chutes por brincar comigo.

Sim, bem, eu sabia como jogar também, apenas não da


mesma maneira que costumava fazer. Agora, eu não jogava
bonito.

Um pingo de chuva atingiu o escudo escuro do meu


capacete e deslizou pelo plástico. Limpei-a com a mão
enluvada deixando uma raia.

Que merda eu estava fazendo?


Estar aqui era estúpido. Se Deck ou qualquer um dos
meus velhos amigos me visse, eu estava incerto do que eles
fariam, mas estava adivinhando que não seria um aperto de
mão amigável.

E Alina. O que ela faria? A última vez que a vi foi há seis


semanas atrás, quando eu a tinha arrastado através de uma
casa cheia de cadáveres. Corpos que eu tinha matado, a fim
de chegar até ela. Então eu a deixei amarrada no esgoto,
enquanto eu ia matar o seu marido inútil, o traficante, Carlos
Moreno.

Eu não tinha dito uma palavra para ela. Nenhuma.

Ela estava chorando. Deixei-a soluçar no fodido esgoto,


mas o choro não era porque eu estava deixando-a lá, ou que
ela estava com medo, ou com medo por sua vida.

Não, Alina não choraria por si mesma. Ela gritou pelos


outros. E naquele dia, ela chorou por mim. Ela, merda, gritou
para mim. Pediu-me para falar com ela. Dizer algo. Mas não o
fiz. Não com as memórias fragmentadas e a raiva
incontrolável que rasgava meu corpo.

E a raiva estava voltada para o bastardo que roubou


Alina de mim e nos destruiu. Quem me manteve trancado em
uma cela durante anos, me torturando com vídeos dela.
Quem roubou minha vida. Minhas memórias. Minha
capacidade de sentir ou me preocupar com qualquer um,
forçando uma droga para mim.

Outra gota de chuva atingiu a traseira da minha luva.

Que se foda.
Olhei para longe do bar, coloquei minhas mãos no
guidão, liguei o motor, chutei a engrenagem, levantei os meus
pés e me afastei.

Isso foi dez minutos antes de eu dar meia-volta e dirigir


de volta. A luz polvilhada de pingos de chuva se transformou
em uma garoa constante e o pavimento brilhava sob as luzes
da rua com uma umidade escorregadia.

Tudo o que eu ouvi foi o rugido profundo do meu motor


e os pingos de chuva batendo no meu capacete e na jaqueta
de couro. Rítmico, como vários tambores batendo exatamente
a mesma batida, uma e outra vez. Eu estava acostumado a
isso. As batidas. Mas na maioria das vezes, as batidas na
minha cabeça eram dolorosas.

Não, era agonizante.

Isto era calmo. Estava calmo e eu sabia porque: eu


estava voltando para o bar.

Minha mão no guidão apertou. Não, eu estava voltando


para ela. Ela agora era o meu vício. Meu desejo. A minha
necessidade.

Parei no beco atrás do bar e estacionei. Saí da minha


motocicleta, levantei meu capacete e o coloquei no guidão.

Tirei minhas luvas, abri minha mochila, empurrei-as


dentro e tirei as minhas ferramentas de fechadura.
Caminhando para a porta, me agachei e inseri as duas peças
de metal. Levei algum esforço para arrombar a fechadura,
mas sempre tive um talento especial para isso.
Lembrei-me de estar fora da sala de aula do terceiro ano
da minha irmã à meia-noite, abrindo a fechadura. Eu já tinha
arrombado as portas principais da escola, que deu um pouco
mais de trabalho do que uma porta de sala de aula frágil.
Retrospectos de mim invadindo sua escola para roubar o
hamster Fiddlehead me cercaram. Georgie disse que as
crianças estavam brincando com o roedor e o professor
ignorou. Então, eu liberei Fiddlehead do purgatório e trouxe-o
para casa.

Minhas memórias ficariam melhor esquecidas, mas elas


se recusavam a me deixar em paz e continuavam a me
assombrar.

Se elas tivessem permanecido enterradas, eu não estaria


aqui agora. Provavelmente ainda estaria na Colômbia onde eu
tinha passado várias semanas morrendo em alguma porra de
quarto de motel sujo, depois de acabar com Moreno. Onde
rezei pela morte quando vomitei as tripas. Onde tinha lutado
contra os pesadelos, que acabaram por ser memórias.
Durante todo o tempo sem saber o que era real e o que não
era.

Eu tinha destruído o quarto. Com o punho através da


televisão e pelo drywall.

Incapaz de me enfrentar no espelho do banheiro, ele


acabou quebrado no chão.

Demônios. Sombras. Eu lutei com todos eles até que


não pude mais.
Finalmente, caí no chão, meu corpo tremendo tanto que
levei horas para sair da cama, onde eu fiquei sabe-se lá por
quanto tempo.

Eu sabia que estava morrendo pela falta da droga. Senti


isso desde que escapei do porão onde Deck e os outros idiotas
tinham me mantido prisioneiro, tentando afastar-me
gradualmente da droga. Foi quando me lembrei de Catalina.

Não, Alina. Ela sempre foi minha Alina.

Mas as lembranças não eram todas boas. Eram de Alina


e eu na Colômbia, com Moreno. Eu estive na droga do Vault e
não tinha ideia da porra de quem ela era.

Eu fiz coisas com ela... a assisti chorar. Implorar.

E eu a peguei. Eu malditamente a peguei. Fui cruel e


frio e não tinha dado a mínima se o marido a matasse para
me foder.

E quando me lembrei e fui atrás de Moreno pelo que ele


fez para nós dois, não tinha planejado deixar a Colômbia vivo.
Se Moreno e seus homens me matassem ou retirassem a
droga, eu não me importaria. Tudo que sabia quando cheguei
lá, era que não havia chance de eu deixar esta terra maldita
até que Alina estivesse livre desse bastardo doente.

Nada mais importava.

Uma vez que ela estivesse segura e Moreno estivesse


morto, eu não tinha que lutar. Eu queria morrer. Não queria
lembrar.
A coisa fodida era que Deck e seus amigos tinham ido lá
para derrubar Moreno também. Então, usei isso tirar Alina
para do esgoto e para fora do país, longe do cartel porque eles
nunca a deixariam ir, mesmo que seu marido estivesse
morto. Você não sai dessa merda vivo.

Eu sabia que Deck iria tirá-la. Ele nunca falhou. Ele não
sabia como falhar.

E agora, eu estava de volta a Toronto, onde cresci,


andando em um bar onde provavelmente conhecia metade
das pessoas que não tinha a intenção de voltar a ver
novamente.

A fechadura clicou.

Levantei-me e botei minhas ferramentas no bolso da


frente da minha calça encharcada de chuva.

Abri a porta, não toda, apenas o suficiente para não


deixar entrar luz, o suficiente para deslizar para dentro. Ela
clicou fechada atrás de mim.

Fui andando por um corredor onde havia duas portas


em lados opostos, uma o banheiro das senhoras, a outra dos
homens. Andei pelo corredor, pelo bar e permaneci nas
sombras enquanto tecia por entre as mesas vazias.

Ninguém sequer olhou para mim. Uma porra incrível.


Eu estava em um bar com militares... não, caras militares de
elite e nenhum deles deu a mínima para um cara que apenas
invadiu a sua festa. Talvez eles fossem arrogantes o suficiente
para acreditar que poderiam facilmente abater-me, se
precisassem.
Eu bufei. Porra, sim, eles eram arrogantes o suficiente
para acreditar nisso. Fomos a elite. Os melhores no que
fazíamos e eu foi um dos mais arrogantes da minha equipe.
Eu ainda era, mas não porque eu sabia que era bom no que
fazia, mas sim porque não dou a mínima se vivo ou morro.

Olhei para o bar escuro, com olhos pousados em Deck,


que estava no palco, sua voz ecoando sobre o microfone
enquanto ele fazia um discurso sobre Georgie.

Suas palavras me atingiram duramente. Era como se ele


balançasse um martelo em meu abdômen.

Ele a amava muito. Minha irmã. Minha doce e inocente


irmã, que não era mais doce e inocente. Ele a trouxe para o
nosso mundo escuro, um lugar que eu nunca quis para ela.

Eu bufei.

Algumas cabeças viraram para mim, nenhuma que eu


reconhecesse; embora, eu poderia tê-los conhecido, apenas
era uma daquelas peças do quebra-cabeças que faltava, que
ainda não tinha encontrado.

Ninguém fez um movimento para mim, a atenção se


voltava para o palco.

Eu facilmente caberia dentro, com a multidão, na


aparência, mas não era nada como eles. Não mais.

Eu era uma bomba-relógio sem temporizador. Não tinha


ideia de quando explodiria, mas se explodisse, esses caras,
amigos ou não, tentariam que me derrubar e não seria
amigável.
As mesas estavam vazias na parte de trás do bar porque
todos estavam em torno do palco. Encontrei um lugar que eu
poderia facilmente olhar todo o lugar e ainda permanecer
parcialmente escondido.

Casualmente me inclinei contra a parede de tijolos. Os


grânulos pressionavam a parte de trás dos meus ombros
enquanto eu observava com meus olhos semicerrados. Mas
não havia nada casual sobre mim, não mais.

Braços cruzados, a cabeça inclinada para longe da luz


fraca, esperei como um puma nas sombras, pela sua presa
inocente.

A multidão irrompeu em aplausos ensurdecedores e eu


fiquei tenso, levantei a cabeça para pegar a minha irmã
saltando no palco e para os braços de Deck.

As tatuagens nos braços expandiram sobre os meus


músculos salientes quando a raiva atingiu os cantos de
minha mente.

Baixei o olhar para eles, balançando a cabeça para trás


e para frente. Parecia que foi ontem que eu disse a Deck para
ficar longe de Georgie. Eu lhe disse para não sair com ela,
beijá-la e com certeza não transar com ela.

Ele tinha, obviamente, feito todas as opções acima.

Uma mecha de meus indisciplinados fios louros sujos


estavam pendurados na frente dos meus olhos, enquanto eu
mantinha o meu queixo inclinado para baixo, os olhos em
minhas botas de motoqueiro de couro preto e concentrado em
respirar para dentro e para fora, tentando manter a raiva
contida.

A porta de vaivém atrás do bar empurrou e meu corpo


apertou. Eu sabia que era ela. Minha presa. A razão para eu
voltar a Toronto e colocar-me num bar repleto de família e
velhos amigos, arriscando tudo porque eu era incapaz de me
impedir de vê-la.

A porta hesitou em suas dobradiças antes que ela se


fechasse de novo e por um segundo a luz do corredor atrás
dela a iluminou como um halo e vi seu rosto claramente.

Alina.

O véu que me sufocava levantou e eu respirei uma


golfada de ar. Memórias de sua risada filtravam para mim e a
raiva diminuiu, enquanto eu observava seus movimentos. A
maneira graciosa que seus quadris balançarem com cada
movimento de seu corpo. A firmeza de suas mãos enquanto
ela derramava um líquido âmbar em dois copos foscos.

Mas eram os seus olhos que eu desejava.

Necessitava.

O barman levantou a tampa do bar para ela e ela virou a


cabeça e deu um meio sorriso para ele. Seus lábios se
moveram e mesmo que eu não pudesse ouvir, sabia que ela
tina agradecido. Ela sempre foi educada.

Meus olhos se estreitaram quando o cara sorriu e piscou


para ela. Inalei uma longa respiração para acalmar a enorme
necessidade de caminhar em frente ao bar e puxá-la para
longe dele. Era ilógico. Eu sabia, no entanto, que era como se
outro predador estivesse prestes a roubar o que era meu.

Paciência. Calma. Controle.

Ela já existia em mim antes da droga, durante a droga,


mas não mais. Em vez disso, eu era imprevisível e o frágil
controle seria facilmente tirado, se eu quisesse ou não.

E esse foi o chute para tudo isso. A pretensão de que eu


tinha algum tipo de controle, mas a realidade era que não
tinha.

Eu vivia em uma concha escura e delicada que se


empoleirava na borda de um penhasco, prestes a cair nas
profundezas das ondas em fúria abaixo. Foi aí que eu me
afoguei uma e outra vez e fui lançado ao redor como uma
pedra maldita, sem saber para que lado estava, qual o
caminho nadar e como escapar do mar tumultuoso da raiva.

Eu cerrei os dentes, os olhos mudando para o chão


enquanto a minha cabeça latejava. A dor havia começado. Eu
oscilava à beira do precipício.

A banda começou a tocar e a multidão gritou e


aplaudiu, não prestando atenção em mim, não que isso
importasse. Eu teria a chance de qualquer maneira, a fim de
estar perto dela novamente.

Ela valia a pena o risco. Além disso, eu já não tinha a


capacidade de dar a mínima para os riscos. Era como se a
capacidade de sentir emoção fosse apagada.
Ela pegou garrafas de cerveja vazias das mesas e
colocou-as na bandeja que carregava. Fiquei chateado para
caralho quando descobri que ela trabalhava aqui. Na noite
passada, eu a assisti sair daqui às duas da manhã para
pegar um táxi. Sim, o barman saiu e ficou com ela, mas eu
não gostava dele. Não era seguro fazer essas merdas.

Eu estava vigiando-a por três dias agora. Demorei um


pouco para encontrá-la, mas uma vez que encontrei Deck,
não demorou muito tempo. Havia sempre uma trilha. Você
tinha que encontrar a primeira migalha e Deck foi a minha.
Ele não tinha nenhuma razão para esconder a sua, por isso
não foi difícil. Mas assim que ele soubesse que eu estava
aqui, haveria uma razão.

Ela se aproximou.

Dez pés.

Nove.

Oito.

Ela estava tão perto que eu a provei na ponta da minha


língua.

Descruzei os braços e afastei-me da parede. Cada nervo


chutando em faíscas no segundo que ela passou por mim
para limpar a mesa a cinco metros de distância.

Ela se inclinou, com a mão para alcançar uma garrafa


de cerveja vazia.

Eu vi. O momento em que me sentiu atrás dela.


O cheiro. Foi primal. Era o que faziam os veados
correrem antes que os coiotes estivessem dentro da visão.

Sua mão deslizou da garrafa, que tombou, as


remanescentes derramando-se sobre a mesa, em seguida,
pingando no chão.

Ela ignorou e se endireitou, todo o seu corpo ficou rígido


e ela congelou.

— Alina. — Eu sussurrei.

Sua respiração engatou e eu amei essa porra de som.


Não pela razão que era agora, mas de quando eu a tocava.
Quando eu a fazia tremer, arquear e gritar debaixo de mim.

Ela virou-se lentamente.

Seus olhos se arregalaram quando se fixaram em mim e


ela cambaleou alguns passos até sua espinha bater na
parede. A bandeja cheia de garrafas de cerveja vazias vacilou
nas suas mãos e eu me movi rápido, pisando na frente dela e
levando a bandeja. Botei-a em uma mesa à minha esquerda.

Então eu me virei para ela.

Ela estava nervosa. Não poderia culpá-la.

Ela já não sabia quem eu era. Porra, eu não sabia mais


quem eu era. Vivendo na escuridão salpicada com o sangue
contaminado do que eu fiz.

— Connor. — Ela sussurrou com aquela voz doce rouca.

Eu me aproximei.
Ela ficou tensa, com as mãos para fora como se para me
avisar para manter distância, mas quando eu estava perto o
suficiente, as palmas das suas mãos repousaram sobre o
meu peito.

Eu me inclinei para a frente e coloquei uma mão na


parede acima de sua cabeça.

Enjaulada. Presa.

Ela era de altura média, mas ainda me elevava sobre


ela.

— Você não pertence a esse lugar. — Eu disse. Não sei


porque essa foi a primeira coisa que saiu da minha boca, mas
eu já não tinha um filtro e odiava vê-la trabalhar aqui. Ela
não pertencia a um bar que servia idiotas bêbados que
olhavam para a sua bunda.

Alina era uma fotógrafa brilhante e era o que ela devia


fazer. Este não era o seu lugar.

Fotógrafa Dedicada. Minha porra de Fotógrafa Dedicada.

Jesus, que merda havia de errado comigo? Ela não era


minha. Não poderia nunca ser minha novamente e ainda,
tudo dentro de mim dizia que ela era.

Seus olhos ficaram maiores e seu lábio inferior tremia.

— Você está aqui.

Eu esperava essa reação. O medo. Não saber se eu era


frio, o homem cruel da Colômbia ou algo completamente
diferente.
As pessoas me temiam agora. Mesmo andando em uma
loja de conveniência, as pessoas ficaram fora do meu
caminho e se elas não pudessem, seu desconforto era
evidente pelas costas eretas, olhos incapazes de enfrentar os
meus e respirações aceleradas. Isso não me incomodava
mais. Mas foda, isso me incomodou, ver o medo dela, porque
eu coloquei-o lá.

— Sim.

O pulso em sua garganta latejava e suas mãos


descansando em meu peito se contraíram.

— Eu não entendo. Deck disse... — Ela parou, com o


rosto pálido. — Você está aqui para me matar?

Foi a coisa errada para dizer a um homem pendurado


por um fio.

O delicado filme de calma rasgou e cerrei minha


mandíbula, furioso que ela pensasse que eu estava lá para
matá-la. Mas a realidade era que eu não sabia o que faria.
Eu, porra, não sabia e ainda assim, aqui estava eu,
arriscando sua vida por estar perto dela.

As mãos dela no meu peito empurraram, mas não o


suficiente para atrair a atenção ou fazer-me passar.
Encontrei os seus olhos aterrorizados e as minhas palavras
saíram num tom irritado, rascante.

— Se eu quisesse matá-la, você estaria deitada ao lado


do seu marido ‘pedaço de merda’ em uma poça de sangue, em
vez de deixá-la no esgoto, porra. — Áspero, mas tudo o que
restava era a verdade e eu não estava filtrando-a para
qualquer um, mesmo para ela.

— Por que... Connor... por que você não fala comigo? Por
que você não disse nada? Você me deixou no esgoto e eu não
sabia o que estava acontecendo. Eu não sabia que...

Eu bufei.

— Dizer o que, Alina? Que merda eu deveria dizer? Que


me lembrei de nós. Que eu odiava tudo de novo por me deixar
com nada, exceto uma nota maldita. Que eu me odiava por
lhe foder na Colômbia, como um frio desgraçado, cruel, que
tratou você como um pedaço de carne? Ou eu deveria ter dito
que estava morrendo e queria morrer?

— Eu não sei. — Ela sussurrou, baixando os olhos dos


meus. — Eu não sei. Mas algo. Qualquer coisa. Tudo o que
sabia era o que eu vi. Os homens de Carlos mortos por toda a
casa e você coberto de sangue. Eu não tinha ideia do que
estava acontecendo, quem você era, que homem você era.

— Eu não poderia. — Eu disse, balançando a cabeça.

Naquele dia, meu foco era o que tinha de ser feito. Isso
era tudo que eu conseguia pensar. Se eu tivesse perdido o
foco, teria perdido o controle e estaria em um espiral num
buraco negro.

— Por que você veio para mim? Por que você me deixou
lhe foder, Alina? Por quê? Merda, por que, porra? — Isso
estava me matando. A memória me perseguiu durante
semanas, sabendo que eu tinha fodido Alina como uma
máquina de matar, que não dei a mínima para ela.
Ela ficou em silêncio.

— Por que, porra? — Eu repeti duramente. Cristo,


apenas o pensamento de que poderia ter acontecido me
levava à loucura. — Eu poderia ter matado você.

Ela balançou a cabeça e os poucos fios que se soltaram


do seu rabo de cavalo tocaram as suas bochechas.

— Não. Você não teria.

— Você não sabe disso. Eu a chamei de cadela. Eu fodi


você com lágrimas nos olhos. — Eu abaixei minha voz e
rosnei. — Deixei hematomas em seus braços.

— Não era o verdadeiro você. — Ela sussurrou, com a


voz entrecortada.

— Você com certeza está certa. Não era eu, então por
que diabos você correu o risco de vir a mim com Moreno a
quinhentas jardas de distância?

Sua respiração engatou quando ela sufocou um soluço.

— Connor... Eu tinha que fazer isso. Eu tinha que tentar


levá-lo, para se lembrar. — Ela baixou a cabeça e fungou. —
Eu teria feito qualquer coisa para ajudá-lo.

— Jesus. — Isso me rasgou, saber o que fiz. Eu amava


essa mulher. Amava tanto que teria feito qualquer coisa por
ela e eu tinha envenenado a beleza do que tivemos. Agora,
tinha que viver com isso, como a tinha tratado na Colômbia.

— Você deveria ficar seguro. Carlos não deveria


descobrir sobre você. — Disse ela.
— Ficar seguro? Você acha que eu queria a porra de
ficar seguro, Alina? — Minha voz se levantou. Jesus, eu tinha
que manter minhas coisas antes que eu tivesse todo este bar
em mim. — Eu queria você. Eu não daria a mínima para o
quão complicado fosse para mantê-la. — O aperto no peito
tornou difícil de respirar. Estava perdendo meu controle. —
Não é assim que isso funciona. Não é assim que trabalho e
você me deixou com uma nota dizendo-me que não era nada.
Que o que nós compartilhamos era besteira. A porra de uma
besteira.

Não era assim que deveria ser. Infelizmente para ela,


minha cabeça estava confusa e eu estava chateado para
caralho. Eu sabia porque ela me deixou essa nota e eu não a
culpava. Mas nem uma vez eu soube a verdade.

— Você me fodeu na maldita casa da piscina de Moreno.


Jesus. Fodido. Cristo. — Eu me afastei dela, em seguida, dei
um soco na parede de tijolos ao lado dela. — Ele teria matado
você, se tivesse descoberto. — Acho que me irritava mais
porque ela sabia que Carlos a teria matado. — Você achava
que eu não teria dado a mínima para o que ele fizesse com
você. Cristo, tão malditamente idiota. — Eu abaixei minha
voz, mas meus dedos apertaram em seu quadril. — Olhe para
mim. — Ela não olhou. — Olhe. Para. Mim.

Seu queixo levantou e as lágrimas desciam pelo seu


rosto.
Porra. Alina foi um pouco atrevida, muito doce e forte e
isso me deixava puto, saber que eu coloquei essas lágrimas —
de novo.

O que diabos eu estava fazendo aqui? Deveria ter


deixado isso em paz, a deixado sozinha. Estava perdendo,
enlouquecendo. Eu tinha que me afastar dela, pegar a minha
moto e sair. Apenas correr.

— Ainda era você. — Seu suave sussurro cortou a


tensão no meu corpo e, em seguida, suas mãos estenderam
para mim, os dedos enrolando em minha camiseta. — Era
você. — Ela engasgou com um soluço. — Ainda era você e eu
precisava que você se lembrasse que podia escapar.

Em algum lugar dentro de mim eu sabia disso. Essa


centelha de luz que continuou sendo ceifada pela raiva.

— Sim. — Eu arrastei. — Sim.

Deus, estava tão malditamente cansado da batalha


constante na minha cabeça, as memórias do que fiz. Elas
eram clipes de um filme de terror onde eu era o vilão, o
monstro.

Eu queria esquecer novamente. Apenas deixar tudo e


esquecer.

— Alina. — Eu sussurrei quando me inclinei para ela,


me curvando, assim a minha testa descansou na curva de
seu pescoço. Seu coração batia de forma irregular e seu corpo
tremia contra mim. — Eu magoei você. O que fiz para você....
Caramba, baby, eu não sei quem diabos eu sou.
— Connor. — Disse ela. — Você sempre será Connor.

Minha coluna endureceu e meu corpo vibrou com


faíscas de aviso. Eu sabia que olhos estavam sobre mim; fui
treinado para saber quando eu estava sendo vigiado.

Eu tinha que sair daqui antes que tivesse amigos ex-


militares em cima de mim e minha irmã descobrisse que eu
estava a cinquenta pés de distância e muito vivo.

Estar aqui era malditamente idiota. Irracional.

Eu tinha que dar o fora e correr. Correr até que eu


estivesse longe demais para voltar atrás. Escapar.

Mas a morte era a minha única saída.

Afastei-me dela e minha camisa esticou quando ela a


segurou, um segundo antes de finalmente soltar. O material
caiu de volta no lugar.

Não havia nenhum motivo em me esconder de quem


havia me reconhecido e eu realmente não me importava.
Estava saindo de qualquer maneira. Virei a cabeça e
encontrei os olhos de Kai perfurando em mim.

Kai era o desconhecido.

Eu não o conhecia, embora eu tivesse lutado com ele na


casa Vault de Toronto. E ele era bom, sabia como lidar com
uma faca, melhor do que eu. Sabia que ele matou a cadela da
sua mãe. Kai se virou contra ela e Vault e pelo que eu tinha
visto, ele estava agora com Deck.
Eu sabia como Deck reagiria se ele me visse. Ele estaria
em mim, mas estaria calmo sobre isso. Ele nunca iria me
matar, mas ia tentar me derrubar.

Kai, eu não tinha tanta certeza.

Eu me posicionei na frente de Alina, como uma parede e


Kai colocou seu braço ao redor da garota ao lado dele. Meus
olhos foram para ela e meu intestino torceu. Foi como ser
batido com um taco de beisebol no abdômen, quando eu
encontrei os olhos familiares.

Um dos meus pesadelos. Dela. No chão sangrando


enquanto eu segurava uma arma na minha mão. Minha
respiração estava trancada e balancei a cabeça tentando
apagar a imagem. Eu não fiz isso. Nunca mataria uma
mulher.

Mas eu tinha.

Eu sabia, com tudo dentro de mim, que eu tinha. E foi a


mulher de Kai, em Londres. Eu tinha atirado nela e levei-a
para a rede do Vault.

Eu tinha machucado Alina, também, mas de uma forma


muito diferente.

Alina tocou no meu braço, os dedos deslizando pela


minha pele tatuada até o meu pulso.

— Deixe-me enfaixar a sua mão.

Eu me afastei, sabendo que tinha sangue escorrendo


das minhas juntas de bater na parede. Fiz uma verificação
rápida do bar para ver se alguém tinha me notado, mas todos
os olhos estavam sobre a banda.

Então encontrei brevemente os olhos de Kai novamente,


antes de dizer sobre meu ombro para Alina.

— Encontre um outro trabalho. Eu não quero você


trabalhando aqui.

Virei e me dirigi para a porta de trás.

Eu não disse mais nada para ela. Não olhei para trás,
para ela ou Kai. Não verifiquei para ver se Kai tinha a faca na
mão e ia jogá-la em frente ao bar, nas minhas costas.

Simplesmente andei pelo corredor que levava à saída de


incêndio, empurrei meu quadril para a barra de metal na
porta e saí para o beco.

Então cavei a minha mão no bolso da frente da minha


calça preta e tirei as minhas chaves. Eu fui até a minha
moto, peguei meu capacete, joguei a perna por cima e liguei.

O motor roncou debaixo de mim.

Liberdade.

Eu jogava com a morte cada vez que estava na minha


moto e ansiava por ela, agora mais do que nunca.

Eu fechei o escudo matizado.

A porta de trás do bar abriu e Alina estava com a mão


cobrindo a boca, as lágrimas escorrendo pelo rosto.

Acelerei o motor, em seguida, decolei.


Capítulo
7

Soluços rasgaram por mim enquanto via Connor montar


na sua moto. Com o punho na minha boca, dentes
mordendo, tentei conter a devastação do que aconteceu.

Meu estômago se retorcia e meu corpo tremia quando eu


olhava para a escuridão do beco. Ouvi o ronco de sua moto,
mas ela logo desapareceu e depois... nada.

As emoções eram como um furacão girando sem destino


certo ou um final, mas categórico em sua destruição.

Choque.

Dor.

E o medo, não por mim, mas por ele.

Oh, Deus, Connor. O que ele fez com você?

Mas eu sei que ele fez. Os jogos mentais eram os


favoritos de Carlos porque era assim que ele destruía você. Só
que ele foi incapaz de destruir Connor.
Ele não poderia destruí-lo através de jogos ou tortura,
por isso ele fez muito pior. Ele matou quem ele um dia tinha
sido com a ajuda da droga.

Por minha causa... Connor estava assim por minha


causa. Minhas fotografias. Moreno tinha encontrado as
imagens que eu tirei com Connor no Afeganistão.

A droga fez dele um homem frio, áspero, sem emoção,


que eu não reconheci. E isto foi o pior porque Connor tinha
agora que entrar em acordo com o que ele tinha feito. E seus
valores eram fortes, eram o que definiam Connor. Proteger
aqueles que amava. Proteger seu país. Proteger as crianças.
Ajudar aos outros e viver no agora. Com suas memórias
retornando, ele percebeu que esmagou todo o valor moral que
tinha como homem, sob a influência da droga.

Oh, Deus, Connor.

Eu não conseguia respirar.

Eu não conseguia respirar.

Tropecei de volta para a parede de tijolos, com os braços


em volta de meu abdômen, enquanto inalava respirações
abruptas.

Eu não era essa pessoa. Esta menina fraca, vulnerável,


que sentia como se estivesse quebrando em milhares de
pedaços delicadas e frágeis. Mas vendo Connor, a dor em seu
rosto, mergulhado com raiva... ele me destruiu mais uma vez.
A porta se abriu e eu fiquei tensa, não querendo que
ninguém me visse assim. Era boa em esconder a dor, mas
isso... isso... as emoções assumiram o controle.

Kai surgiu atrás de London, que imediatamente se


aproximou de mim e colocou a mão levemente no meu braço.

— Respire. Lenta e profundamente.

Fechei os olhos, inalando o ar fresco da noite em meus


pulmões e reprimindo os soluços. Onde estava a minha
armadura, a minha força? Era como se Connor tivesse socado
o punho direito nela, rasgando-a do meu corpo e me deixando
crua e sangrando.

Mas ele era o único cru e sangrando. Ferido. No limite.


Eu vi a escuridão instável em seus olhos. Ver não, eu senti.

A mão de London esfregou para cima e para baixo


suavemente.

— Shhh, está tudo bem. Ninguém vai lhe machucar.

Eu não estava chateada com a possibilidade de Connor


me machucar. Fiquei chateada porque ele estava ferido. Ele
nunca se perdoaria.

— Kai e eu vamos levá-la para casa.

Eu balancei minha cabeça.

— Eu só preciso de um minuto.

— Sim, estamos no beco de trás. — Disse Kai em seu


celular. — Ele estava aqui... precisa de olhos em sua casa
esta noite. — Ele baixou o telefone, colocou-o no bolso de trás
e olhou para mim. — O que Connor queria?
Limpei as lágrimas do meu rosto com as costas da
minha manga e funguei.

— Eu... eu... — Não sabia o que dizer. Para me dizer que


eu não deveria ter arriscado estar com ele na Colômbia? Para
me perguntar por que eu dormi com ele? Para me dizer que
não sabia quem ele era mais? — Nada.

— E ele aparece em um bar cheio de gente que o quer


morto? Por quê? Ele quer alguma coisa. Quer algo de você.

Apesar de viver entre homens perigosos toda a minha


vida, Kai era o mais assustador e eu acho que era porque ele
tinha confiança mesmo sem uma arma na mão. A maioria
dos homens que eu estive em torno eram confiantes, mas isso
porque tinham uma arma; sem uma, eram idiotas, apenas
patéticos.

Além disso, muitos deles ficavam chateados com eles


próprios quando fodiam alguma coisa e ficavam na frente de
Carlos. Eu não poderia imaginar Kai tremendo de medo,
mesmo se algum chefão como Carlos tivesse uma arma
apontada para a sua cabeça e uma faca em sua garganta.

Nem Connor.

— Kai. — London disse suavemente. — Agora não.

Suas sobrancelhas se ergueram ligeiramente, mas ele


não disse nada.

A porta se abriu.
— Ernie. — Kai disse. — Feche a porta. Nós não
precisamos de Deck e Georgie ouvindo sobre isso. Não essa
noite.

Os olhos de Ernie mudaram para mim, vendo minhas


lágrimas, então voltaram para Kai antes dele balançar a
cabeça e fechar a porta atrás de si.

Assim que clicou, Ernie disse:

— Matt o viu ir embora. — Suas palavras foram


dirigidas a Kai, mas depois ele voltou sua atenção para mim e
sua voz suavizou. — Você está bem?

Não.

— Sim. Eu estou bem. Estou bem.

Ernie estava em seus quarenta anos e era um homem de


Kai. Ele era um cara legal. Eu soube disso no segundo que
Deck me apresentou a ele a caminho de Toronto, vindo da
Colômbia. Seu sorriso era genuíno. Nenhuma crueldade
escondida debaixo da superfície, como Carlos ou o seu braço
direito Diego. Gostei dele imediatamente.

Mas agora, não havia nenhum sorriso.

— Você não parece bem. — Disse Ernie.

Fiquei quieta porque se eu falasse, as lágrimas iriam


começar de novo e seria uma bagunça tremenda, mas
felizmente Kai falou por mim.

— Ela precisa ir para casa.

Deck tinha me arranjado uma casa pitoresca de três


quartos, a uma quadra da praia. Tinha um jardim enorme na
frente e uma ampla varanda com uma árvore de salgueiro
que precisava desesperadamente de corte. Um amigo de Deck
vivia lá embaixo, no apartamento do porão. Eu ainda tinha
que conhecê-lo pois Deck disse que o cara tinha voado para
casa na Irlanda por um par de meses, mas era esperado de
volta a qualquer momento.

A porta se abriu de novo e Matt apareceu.

— O que está acontecendo?

Matt era o dono do bar Avalanche e eu tinha aprendido


rápido que ele era muito protetor com sua equipe. Ele não
deixava nada passar e seus clientes sabiam disso. Você mexia
com sua equipe e era banido. Corte limpo e simples. Sem
segunda chance.

Eu me sentia segura trabalhando aqui e foi Matt que fez


isso, dessa maneira.

— Alina? — Perguntou Matt.

— Nós estamos lidando com isso. — Kai disse.

Matt ignorou Kai e se aproximou de mim.

— Alina?

— Estou bem, de verdade, Matt.

Seus olhos se estreitaram.

— Eu tenho regras no Avalanche. Um cara fazendo uma


das minhas meninas chorar não está bem. Eu lido com ele e
você vem trabalhar sentindo-se segura, sabendo que
qualquer cara que lhe dê trabalho não vai pôr os pés aqui
novamente. Mas se eu não souber quem colocou essas
lágrimas em seu rosto, não poderei ter certeza de que você se
sente segura trabalhando aqui. Entende o que eu estou
dizendo? — Seus olhos permaneceram fixos em mim até que
balancei a cabeça e, em seguida, ele se moveu para a direita
para olhar para Kai. — Eu quero respostas.

As sobrancelhas de Kai levantaram.

— Só porque Deck e eu estamos trabalhando juntos


agora não significa que eu seja legal com seus amigos.

Matt deu um meio sorriso.

— Boa. Nós estamos na mesma página. Facilita as


coisas.

Kai riu. Em seguida, o sorriso fugiu quando ele disse


para Ernie:

— Vic precisa ficar por aqui. Diga a ele o que você


quiser, tenha certeza do que acontece, mas Deck não pode
ficar sabendo disso hoje à noite. Vou levá-la para casa e
garantir a sua segurança.

Ernie assentiu.

— Eu estarei bem atrás de você.

Kai assentiu.

— Bom.

— Seria bom saber de que merda vocês estão falando! —


Disse Matt.
— Uma situação. Ernie, diga-lhe o que ele precisa. Baby.
— Kai estendeu a mão para London, que a tomou, mas ela
também colocou o braço em volta de mim.

Ernie abriu a porta e entrou. Matt hesitou olhando para


mim.

— Tire alguns dias de folga. Volte a trabalhar quando


puder.

— Vou estar aqui amanhã. — Eu gostava de trabalhar.


Isso me dava um propósito e me fazia sentir como se eu
estivesse vivendo.

Ele hesitou antes de assentir e seguiu Ernie para


dentro.

Nós caminhamos para o carro de Kai, estacionado em


um estacionamento Green P a um quarteirão de distância do
bar. Era um carro prata impressionante, com assentos de
couro preto e vidros escurecidos. Elegante como ele, de modo
que um se adequava ao outro.

Sentei-me na parte de trás, olhando para fora da janela,


enquanto Kai tecia dentro e fora do trânsito da cidade em
uma sexta à noite e London brincava com o rádio até
encontrar uma estação que tocasse jazz. Ela manteve o
volume baixo e eu imaginei que ela estivesse brincando, sem
saber o que dizer para mim.

Kai seguiu até a casa e antes que eu pudesse soltar o


cinto de segurança, ele ordenou:
— Chave. — Ele estendeu a mão para mim. — Preciso
verificar o lugar.

— Hum, ok. — Discutir com Kai não parecia ser uma


boa ideia, então coloquei a chave da minha casa na palma da
sua mão.

— Fique aqui. — Ele abriu a porta, saiu e caminhou até


a minha casa. Eu não tinha a luz da varanda da frente acesa
e tudo que vi foi uma sombra, então, nada como o salgueiro
enorme bloqueando a visão da porta da frente.

London virou em sua cadeira, a metade em relação a


mim.

— Você pode ficar com a gente, se quiser.

— Obrigada, mas estou bem. — E estava. Quem não


estava bem era Connor e eu estava preocupada.

— Você tem certeza? Porque...

— Eu estou bem.

— Ok. — London ficou em silêncio por um minuto


enquanto mastigava o seu lábio inferior. Então ela disse:

— A droga... Fiz um monte de investigação sobre ela,


mas Alina, eu não sei os efeitos a longo prazo, após a sua
retirada.

Porque Connor era apenas assunto de teste do Vault.

Carlos queria que eu soubesse o que ele fez para


Connor. Era à sua maneira de me torturar. Nunca
fisicamente. Isso não era seu estilo. Eu sabia que o pai de
London tinha desenvolvido a droga para Vault, ouvi seu nome
ser mencionado algumas vezes. O que eu não sabia, até Deck
me dizer, era sobre o composto e as crianças. Kai e sua irmã,
Chess, tinham crescido em um lugar como aquele. Cruel.
Desagradável. Treinando as crianças para serem assassinos
sem emoção.

Ela continuou:

— Meu pai nos alertou que a retirada abrupta causava


convulsões graves... então a morte. Connor sobreviveu. — Ela
fez uma pausa e apertou na parte de trás de seu assento. —
Mas eu não sei se o dano está feito, Alina. — Ela respirou
fundo. — Ele me pareceu muito instável esta noite.

Ela estava certa. Connor era instável.

Kai abriu a porta do carro.

— Casa limpa. Amanhã eu vou falar com Deck e vamos


decidir o que fazer.

O que fazer?

— O que você vai fazer...

Kai interrompeu:

— Amanhã um alarme será instalado. Olhos estarão em


sua casa hoje à noite.

Eu sabia que os olhos era Ernie.

— Hum, ok. — Eu disse, porque não havia escolha. O


que me deixou nervosa foi o ‘decidir o que fazer’. Eles não
iriam prejudicar Connor, iriam?
— Chame se você precisar de alguma coisa. — Disse
London.

Eu meio que sorri para London.

— Obrigada.

Ela sorriu também.

Eu saí do carro, fechei a porta, agradeci a Kai, em


seguida, abri o portão de madeira verde do jardim da frente.
Andei pelo caminho de pedra irregular, com flores silvestres e
mato em ambos os lados, balançando na brisa e fazendo um
som de vibração.

Fui até a varanda que precisava desesperadamente de


repintura e abri a porta.

Vi Kai indo embora e peguei um vislumbre de Ernie em


seu carro do outro lado da rua. Eu entrei e fechei a porta.

Só então deslizei para o chão e desmoronei.


Capítulo
8
Pergunta 4: cor favorita?

Eram quatro da manhã e eu estava na varanda sob o


ramo baixo da árvore de salgueiro. Enrolei minhas mãos em
torno do corrimão de madeira, olhando para o nada, apenas
olhando.

Eu não conseguia dormir, porque cada vez que fechava


os olhos, via Connor.

Então, ao invés de combatê-lo, eu me distraí com a


limpeza do banheiro de cima para baixo e quando isso foi
feito, limpei o painel de azulejos da pia da cozinha, o chão, e
o interior da geladeira.

Foi uma libertação e entorpecente, mas quando acabei,


Connor ainda permanecia.

Deus, lá estava ele... em seus olhos. A angústia. A raiva.


Procurei e procurei pelo lampejo de algo, qualquer coisa, do
homem que eu conhecia.

O homem que me fez rir. O homem que dançou comigo


sob as estrelas com a música que tocava no rádio. O homem
que ensinou uma menina órfã de seis anos de idade, com
sapatos de três tamanhos grandes demais, a dançar.

Esse homem tinha desaparecido.

A droga tinha parado, sua memória retornada e ele


estava livre de Carlos e Vault, mas Connor agora era um
prisioneiro de suas memórias.

Senti sua volatilidade e isso me assustou. Ele me


assustou.

Mas o amor não era uma escolha. E eu o amava. Eu me


apaixonei por ele no Afeganistão e o amava anos depois,
quando Carlos levou-o para a Colômbia como um assassino
frio e cruel. E o amava agora.

Um cão uivou à distância e, em seguida, outro juntou-se


a ele. Fechei os olhos, ouvindo os sons enquanto respirava o
ar fresco da noite.

As tábuas do alpendre rangeram atrás de mim. Girei,


mas não rápido o suficiente e uma mão tapou a minha boca.
Eu fui puxada para trás contra um peito duro e arrastada
para a escuridão do canto da varanda, onde a luz não
conseguia iluminar e uma árvore nos escondia da rua.

Meu grito saiu abafado e quase inaudível.

— Shhh. — Ele murmurou contra a minha orelha.

Connor?

Seu hálito quente soprava sobre o lado do meu pescoço


e arrepios surgiram pela minha pele. Mas não era de medo,
bem, talvez um pouco, mas foi mais uma consciência. Como
meu corpo despertava para o seu toque.

— Eles colocaram um homem com você.

Ernie. Ele tinha visto Ernie. Connor conseguiu passar


por um ex SEAL da marinha. Não deveria surpreender-me.
Ele se destacou em ser invisível. Mas a questão era, Ernie o
viu?

— Ele é bom. Levou duas horas antes que eu tivesse a


chance. — E ele sempre foi paciente. — Você vai ficar quieta
se eu remover a minha mão?

Fiz o meu melhor para acenar, mas seu aperto em mim


era constritivo e só consegui uma ligeira quebra do meu
queixo. Sua mão deslizou da minha boca para a curva do
meu pescoço, onde os dedos fecharam, não duros, mas
firmes.

Seu sussurro áspero retumbou:

— Não podia ir ainda. Eu tentei. A motocicleta


encontrou o seu caminho de volta para cá. — Seu corpo ficou
tenso. — Eu não sei que merda estou fazendo.

Oh Deus. Fechei bem os olhos, enquanto as lágrimas


ardiam. Fiquei sem saber o que ele faria para mim agora. Ele
estava no limite, mas eu não conseguia parar a esmagadora
necessidade de enrolar em seus braços e tirar a sua dor.

Seu corpo endureceu e seu antebraço espremeu sobre


meus seios. Eu soluçava sob a pressão, mas não resisti.
— Eu sinto muito. Porra, eu sinto muito sobre sua
família, Fotógrafa Dedicada.

Minha respiração bloqueou, uma lágrima oscilou e caiu.


A umidade arrastou pela minha bochecha. Eu não tinha
ouvido ele me chamar assim em onze anos e era como se eu
estivesse lá com ele, apaixonada mais uma vez.

Seus dedos espalmados no meu pescoço aplicaram


suavemente mais pressão. Não estava restringindo, mas
controlando e eu sabia que ele poderia facilmente cortar o ar,
se quisesse. Mas eu confiava que Connor nunca me
machucaria voluntariamente.

Foi o passar dos lábios dele na beira do meu queixo


disparou meu coração e fez minha barriga cair em um
mergulho perpétuo. Confusão e desejo colidiram e meu corpo
e mente lutaram um contra o outro.

— Você deveria ter me escolhido. — Ele murmurou.

Eu o havia escolhido. Tudo o que foi escolhê-lo. Mas isso


não era o que ele estava falando.

— Você deveria ter me escolhido. — Ele repetiu, em


seguida, mordiscou o lóbulo da minha orelha, seus dentes
passando pela pele sensível. — Por quê? Por que você não me
matou em vez disso?

Oh, Deus, Connor.

Ele estava se referindo a um dos jogos de Carlos. O dia


em que fui forçada a fazer uma escolha. Atirar em Connor ou
em um dos seus homens.
Connor, o protetor. Era quem ele era e eles tinham
tomado isso dele. Ele lembrava-se do que fez enquanto estava
drogado e isso estava matando-o.

Ele nunca se perdoaria.

Foi por isso que ele disse que eu escolhi errado e deveria
tê-lo matado.

Mas não importava o que eles fizeram dele, eu não


podia. E Carlos sabia disso.

O pulso em meu pescoço latejava sob as pontas dos


seus dedos e formigamentos entraram em erupção. Meu
corpo o reconheceu e sempre o faria.

Ele gemeu, o braço que segurava me trancou em seu


peito, deslizando pela minha frente, os dedos roçaram a
minha pele nua entre a minha cintura e minha blusa. Faíscas
incendiaram conforme o polegar acariciou logo acima do meu
quadril. A mão na minha garganta soltou e mudou-se para o
meu queixo.

Foi inflexível e duro quando ele forçou minha cabeça a


se inclinar para o lado e para cima, onde os nossos olhos se
encontraram. Tudo em mim se acalmou por uma fração de
segundo, antes do meu coração disparar em um frenesi
selvagem e me arrepiar.

— Connor. — Eu respirei.

Ele se elevou sobre mim por trás, de cabeça baixa, os


lábios em um fôlego. Apenas em meu conto de fadas que
Connor aparecia assim. Segurando-me em seus braços,
olhando para mim, o luar iluminando o lado do seu rosto. Eu
queria pegar esse momento com a minha câmera para que
nunca o perdesse.

Mas eu nunca tiraria uma fotografia novamente. Nunca.

Meu coração tinha sido permanentemente danificado


quando fui obrigada a deixá-lo. Nada poderia ter parado a dor
e eu não tinha lutado contra isso; em vez disso, tinha
abraçado.

Ansiava por isso.

Eu precisava sentir a dor de perdê-lo uma e outra vez.


Era a minha lembrança dele. Para mantê-lo vivo dentro de
mim.

Nosso tempo foi um simples sopro no vento, mas eu o


tinha deixado com uma vida de amor. Fui embora pensando
que ele iria passar a vida fazendo o que amava. Eu iria
sobreviver a Carlos porque Connor estaria seguro.

Mas ele não estava seguro.

Isso explodiu na minha cara no dia que entrei na sala de


Carlos e vi as fotografias que eu tinha tirado com Connor
espalhados por toda a mesa de vidro de café.

Então meu mundo desmoronou.

Meu coração se partiu.

Minhas entranhas se estilhaçaram.

Desconexão. Isso foi quando aconteceu. Cada parte de


mim desligou e a luz se apagou. Escuridão. Completa
escuridão.
O aperto de Connor em mim intensificou e eu olhei em
seus olhos azuis turbulentos.

Suas sobrancelhas franziram, os dedos fariam


hematomas no meu queixo.

— Você era minha, porra. — Ele disse em um tom


áspero, aflito.

Então sua boca bateu na minha. Nossos dentes bateram


quando ele reivindicou meus lábios com um desespero doce.

E eu me rendi. Não havia outra maneira. Nós nunca


tivemos uma escolha.

Nós éramos.

Nós somos.

E nenhum de nós poderia mudar isso. A nossa ligação


de um para o outro era inquebrável, pelo tempo, pela
crueldade, pelas drogas ou até mesmo a morte.

Seu beijo era faminto, implacável e cruel, como ele foi


tratado pela vida. Mas era real. Era ele e dentro do beijo de
provocar hematomas, tinha beleza.

— Porra. — Os lábios dele vibraram contra os meus


antes dele se afastar abruptamente, mas foi só para me trazer
mais perto quando me virava para encará-lo. Foi rápido e
forte e me roubou o ar quando aterrei contra seu peito. Eu
consegui um curto inalar antes de sua boca cair na minha
novamente.

Inflexível.

Voraz.
E eu queria mais. Deus, eu queria mais dele. Nunca
seria suficiente. Com ele, a fome nunca seria satisfeita. Não
importa quem nós tínhamos sido, nossos corpos sabiam
aonde pertenciam.

Ele se afastou.

— Vá para dentro. Eu a encontro lá.

Balancei a cabeça e ele saltou sobre o parapeito da


varanda e desapareceu nas sombras. Fui até a porta da
frente e abri a tela que fez um guincho alto. Eu entrei me
perguntando se isso era certo.

Estávamos muito danificados para ficarmos juntos.

Muito quebrados para encontrar o nosso caminho de


volta para o que costumávamos ser.

Mas quando ele apareceu no meu corredor, se dirigiu


para mim, me pegou em seus braços e me levou para o meu
quarto, eu não discuti.

Eu não o impedi. Eu não perguntei como ele sabia onde


meu quarto era. Eu não me importava.

Eu queria isso.

Ele me colocou de pé e moveu-se para mim. As costas


das minhas pernas atingiram o colchão e eu caí para trás
saltando sobre a cama.

Connor se moveu para o lado e ouvi um baque quando


ele colocou algo na mesa de cabeceira. O colchão cedeu sob
seu peso quando ele pressionou um joelho pressionou ao lado
da minha coxa, em seguida, o outro o seguiu enquanto
montava em mim.

Sua mão deslizou por baixo da minha camisa branca e


eu inspirei. Ele acariciou do meu abdômen para minhas
costelas, seus dedos acariciando debaixo de um seio e no
outro.

Minhas entranhas se moveram e queimaram. Eu queria


tanto que ele tocasse meus seios assim.

Seu polegar tocou sobre o meu mamilo ereto. Uma vez.

Duas vezes.

Três vezes.

Eu soluçava e me arqueava contra ele.

— Por favor. — Eu implorei.

Eu não queria mais suave e lento. Eu queria


descontrolado e selvagem — desenfreado e poderoso.

Isso era o que éramos. Um desejo que conquistava.

Ele interrompeu o nosso beijo e pairou acima de mim,


com o peito arfando, enquanto me olhava. Enfiei minha mão
pelo seu braço até o ombro, na volta por trás do pescoço onde
eu teci meus dedos em seu cabelo.

O cabelo dele.

Ele tinha o cabelo bem curtinho quando nos


conhecemos, mas na Colômbia estava um pouco mais longo.
Agora os fios loiros sujos estavam em ondas indisciplinadas e
sutis, penduradas um par de polegadas abaixo das orelhas.
Brincalhão, como ele. Ou como ele tinha sido. Não havia
mais nada lúdico.

— Beije-me, Connor. — Eu disse, enquanto puxava o


seu cabelo e tentava trazer sua boca de volta para a minha,
mas ele resistiu.

Ele piscou várias vezes, apertou os olhos e sacudiu a


cabeça, desalojando minha mão de seu cabelo. Suas
têmporas latejavam e os lábios franziam. Um rosnado baixo
surgiu e ele se afastou.

— Foooda.

Meu coração batia forte quando o som angustiante


rasgou de sua garganta.

— Connor?

Suas coxas apertaram as minhas quando seu corpo se


esticou, os músculos de seu pescoço esticaram, enquanto ele
olhava para o teto.

— Connor? O que há de errado? — Meu estômago se


retorceu e o terror tomou conta de mim. O que estava
acontecendo? Deus, ele parecia como se estivesse em agonia.

— Connor? Por favor, você está me assustando.

E se eu tivesse perdido alguma coisa? Ele foi ferido?


Meus olhos e mãos corriam para baixo sua camisa à procura
de sangue, qualquer coisa que pudesse explicar o que estava
errado.

Seus olhos se abriram.


Minha respiração engatou. As superfícies dos seus olhos
estavam vidradas e molhadas com uma escuridão
assustadora persistente por trás da dor.

— Por favor, me diga o que está errado. — Eu implorei


em um sussurro sufocado enquanto minhas mãos subiam
pelo seu abdômen e peito.

Ele segurou meus olhos por alguns segundos antes dele


abaixar a cabeça para descansá-la na curva do meu pescoço.
Sua respiração era pesada, palmas das mãos no colchão,
cotovelos dobrados em cada lado de mim, em meus ombros,
segurando um pouco de seu peso.

— Connor? — Eu sussurrei.

Ele não respondeu ou moveu, por um minuto.

Quando ele finalmente levantou a cabeça, ele disse:

— Alina.

Então, sua boca encontrou a minha novamente. Mas,


desta vez, era uma carícia suave, degustando, saboreando.

Ele beliscou meu lábio inferior e beijou o local com uma


brincadeira leve. Então seu beijo se aprofundou e nossas
bocas se fundiram.

O que quer que tivesse causado aquele olhar aflito tinha


desaparecido e eu senti seu corpo relaxar, sua mão agora
estava na parte de trás do meu pescoço, os dedos agrupados
no meu cabelo.
Minha barriga estava em queda livre, sem fim, coxas
tremendo e entre as minhas pernas tremendo com apertos
doces.

— Eu preciso de você. Eu sempre precisei de você.

Ele rompeu com o nosso beijo e se levantou, de modo


que seus braços estavam retos. Ele roubou o meu fôlego
quando vi a pequena contração no canto de sua boca e seus
olhos provocantes.

Lá.

Bem ali estava um pedaço do Connor que meu coração


doía para ter.

Estava escondido atrás de um escudo de... raiva.


Recordações. Agonia. Todos eles ligados.

Mas dentro de um lampejo isso tinha ido embora


novamente.

Sua mão apertou no meu cabelo quando ele disse:

— Estou saindo. Depois desta noite eu não vou estar de


volta. Eu não posso, baby. O que eu fiz, que sou agora... —
Ele fez uma pausa, com os olhos escurecendo. — Nada desta
noite passa seus lábios.

— Mas podemos conseguir ajuda. Nós podemos...

Seu aperto no meu cabelo aumentou quando ele fez


uma careta.

— Não. Você não vai dizer nada e eu não vou ficar. Você
me entende?
Eu balancei a cabeça.

— Sim. — Eu faria qualquer coisa que ele me pedisse e


tomaria uma vez por nada. Eu sempre tomaria uma vez,
porque sabia que a vida poderia jogar uma curva a qualquer
momento. Eu sabia o que era perder.

E eu não estava perdendo este momento, ele estava me


dando.

— Connor?

Sua carranca demorou e eu queria que ela


desaparecesse.

— Sim?

Passei a mão em suas costas e senti as cicatrizes,


cicatrizes que não estavam lá quando nos conhecemos. Meu
estômago revirou com o pensamento do que ele tinha
passado.

— Eu deixei você naquele dia, mas também me deixei.


Eu me deixei com você. — Ele permaneceu quieto, assim
continuei: — Quando eu sonhava, os sonhos com você me
mantiveram sã, quando tudo que eu queria fazer era ficar
insana pela sua falta.

— Sonhos que se transformaram em pesadelos. — Disse


ele com os dentes cerrados. — Eu fodi você e não fui
agradável sobre isso.

Ele tinha.

— Ainda era você. — Eu disse calmamente.

— Sim. — Ele murmurou.


— E é você agora. — Eu disse, em seguida, acrescentei
em um sussurro. — Eu senti sua falta. Eu senti sua falta a
cada dia que nós não estávamos juntos.

Ele hesitou, então algo aconteceu e sua expressão e as


linhas ao redor da boca diminuíram. Ele não respondeu. Em
vez disso, ele me beijou. Foi breve e ríspido, mas foi o
suficiente para me dizer que ele tinha sentido a minha falta
também.

Ele sentou-se.

— Camisa.

Ele agarrou a borda inferior da minha camisa e eu meio


que levantei quando ele a puxou sobre a cabeça e a jogou
para o lado. Ele cruzou os braços e arrancou sua camiseta
preta sobre a cabeça e fiquei olhando para o seu peito
musculoso e nu. Meus olhos se arrastaram sobre suas belas
tatuagens sobre seu peitoral esquerdo, no ombro e para baixo
de seu bíceps ao seu cotovelo. Ele me disse que demorou dez
sessões para o artista terminar essa tatuagem intrincada. O
que eu não tinha visto era uma nova em seu braço esquerdo
e para baixo suas costelas. Eu não fui capaz de ver tudo isso,
mas tive um vislumbre do que parecia ser números dentro de
uma teia de linhas complexas.

Meus olhos atingiram seu abdômen duro e viajaram de


volta para cima novamente. Connor era de tirar o fôlego.
Sempre foi. Só ele fazia isso comigo.

O tipo de cara que você vê através da sala e sabe que há


algo entre vocês. Uma energia. Uma conexão.
Meus olhos foram para sua calça, que se assentava
perfeitamente em seus quadris, com o pau lutando contra o
material.

Connor estava aqui. Ele estava aqui e se lembrava.

Eu parei meus dedos para baixo do centro do seu peito e


fui para a beira de suas calças. Meus olhos se levantaram
para os seus e suas narinas dilataram, seus olhos
queimaram enquanto me observava. Peguei o botão através
da fenda, seu peito se expandiu e sua respiração ficou presa.

Meu corpo era brasa com a antecipação subindo, pronta


para explodir no momento em que finalmente se afundasse
dentro de mim novamente.

Ele estava de joelhos, as mãos apoiadas sobre as coxas,


mas elas não estavam descansando; elas estavam tensas e
apertadas.

Eu arrastei para baixo o zíper, meus dedos roçando seu


bojo duro. Ele endureceu. Arregalando os olhos por um
segundo, ele exalou quando o zíper chegou ao fim. Só então
meus olhos deixaram os seus e foram para o seu pau, duro e
empurrando contra o material de algodão preto.

Rocei meus dedos sobre a protuberância dura. Para


cima. Em seguida, para baixo novamente. Mal tocando, mas
o suficiente para ele sentir isso.

Engoli em seco quase com medo de terminar a


antecipação e ainda incapaz de controlar a minha
necessidade por mais tempo. Pelo som de sua respiração
irregular, nem ele estava.
Enfiei minha mão na sua cueca boxer e ele respirou
fundo e gemeu quando os meus dedos fecharam em torno de
seu pênis aquecido.

— Porra! — Connor gritou e foi alto. Realmente alto.

Uma porta bateu.

Eu congelei.

Connor endureceu.

Parecia que era a porta lateral, do apartamento do


porão.

— Eu acho que é....

Seus olhos pousaram em mim e ele balançou a cabeça


uma vez.

Calei a boca. Eu ia dizer-lhe sobre o cara que morava no


andar de baixo, que era esperado de volta a qualquer dia,
mas estava preocupada que fosse Ernie.

Ele levantou, agarrou meu pulso, puxou minha mão de


sua calça, me jogou para o lado e ficou em pé. Ele estendeu a
mão para o criado-mudo, os olhos nunca deixando a porta
quando ele agarrou a arma fora da superfície.

Uma arma? Quando ele a tinha colocado uma arma lá?


O que me assustou foi que ele tivesse uma.

Eu odiava armas. Eu sabia como atirar e tinha crescido


em torno delas e nunca tive um problema até aquele dia,
quando Carlos me forçou a escolher. Desde então, eu me
sentia mal quando via uma ou ouvia o estrondo. Mas pior do
que ambos, era o cheiro no ar depois de uma arma disparar.
Eu nunca ia esquecer aquele cheiro.

Sentei-me, enquanto ele caminhava para a porta, abriu-


a e desapareceu.

Ele tinha ido embora por talvez três minutos, mas


parecia uma eternidade e eu estava nervosa. Ele, obviamente,
não queria que ninguém soubesse que estava aqui e eu
estava incerta sobre até onde ele iria para ter certeza de que
assim fosse.

Eu não o ouvi voltar para o corredor. De repente, ele


apareceu na porta, com arma ao seu lado.

Fugi para a cama enquanto ele atravessava o quarto em


minha direção. Ele colocou a arma de volta na mesa de
cabeceira e suas mãos foram para a cintura de sua calça
abaixando-a.

Eu queria perguntar se estava tudo bem, mas não o fiz


porque ele estava tirando sua calça e ele não estaria fazendo
isso se tudo não estivesse bem.

Meus lábios se separaram e a respiração engatou


enquanto eu observava-o dobrá-la e sair dela. Para tirar a
cueca, ele foi mais rápido ainda, empurrando-a para baixo
das suas coxas musculosas.

Não havia insegurança com Connor. Nenhuma inibição


enquanto estava na minha frente, nu. Ele nunca foi tímido
sobre seu corpo e eu amava isso, mesmo nos momentos em
que ele era irritantemente arrogante sobre isso.
Mas não havia nenhuma petulância divertida sobre ele
agora. Intenso. Perigoso.

Mas era real. E real era sempre... sempre... melhor do


que eu imaginava e eu o tinha imaginado muito.

Todos os dias em que estávamos separados, eu


imaginava o seu cheiro com cada inspiração. O gosto dele, o
toque, o som. Deus, o som de sua voz era suficiente para me
levar ao limite sobre Connor.

Minha imaginação, meus sonhos e sim, os pesadelos,


não poderiam se comparar a isso, mesmo que ele estivesse
diferente, mesmo que eu estivesse com medo dele.

O colchão afundou quando ele inclinou um joelho sobre


ele e depois o outro. Tentei sentar-me para passar por ele e
saborear seus lábios, mas ele colocou a mão no meu peito e
me empurrou de volta para baixo.

— Não. Espere por mim.

Eu esperaria por ele. Esperaria para sempre. E tinha a


sensação de que quando ele me deixasse esta noite, seria
para sempre.

Suas mãos fizeram uma pausa na fita da minha calça de


pijama e ele fez uma careta. Eu notei a mudança
imediatamente, quando seu corpo ficou tenso, a boca ficou
apertada e seu peito subindo e descendo de forma irregular.

Como antes, ele fechou bem os olhos, inclinou a cabeça,


em seguida, sacudiu-a. Sua mão me deixou e foi para a sua
têmpora onde ele juntou o cabelo em seu aperto e gemeu.
Eu coloquei minha mão em seu peito, sentindo seu
coração bater de forma irregular sob o meu toque.

— Connor. — Eu disse, mas ele não respondeu. — Olhe


para mim. — Ele se encolheu e estava tão tenso que suas
pernas apertaram em torno de mim, machucando. — Deixe-
me ajudar.

— Você não pode. — Ele disse em uma voz tensa.

— Mas...

— Você não percebe? — Ele latiu. — É muito tarde.

Inspirei com o seu tom duro e cruel, que me fez lembrar


do Connor, na Colômbia.

Seus olhos se abriram e nas profundezas vi somente


pura raiva. E o que era pior, eu não acho que ele mesmo me
via. Era como se olhasse através de mim.

Meus olhos se arregalaram quando seu braço recuou,


mão enrolada em um punho.

Oh, Deus.

Eu não me movi, mas fechei os olhos, esperando pela


dor. Para a trituração do osso quando o seu punho se
chocasse com o meu rosto.

Eu ouvi um barulho alto atrás da minha cabeça e ao


mesmo tempo ele gritou:

—Porra. Não!
Lentamente abri meus olhos. Manchas de drywall
estavam no travesseiro ao meu lado, o braço de Connor
abaixado, como a sua cabeça e eu não podia ver seus olhos.

Aterrorizava-me vê-lo assim, um homem que tinha um


sorriso tão fácil e brincalhão. Que vivia no presente. Que
tinha apaixonadamente amado sua família e amigos. Os
protegia. Isso era o mais difícil, ver o quanto ele tinha caído
pela droga.

Ele caiu ao meu lado, o antebraço tatuado caído sobre


os olhos. Seu peito subia e descia com uma respiração
irregular e dura, como se tivesse corrido uma maratona. Uma
gota de suor escorria pelo rosto até a sua mandíbula.

Eu vacilei para o meu lado, inclinando-me sobre ele e


cutuquei-o com a ponta do meu dedo.

— Connor?

Ele não disse nada.

— Connor. — Eu implorei. Eu descansei minha mão em


seu abdômen. — O que está acontecendo?

Ele se moveu rápido, o braço saiu do seu rosto, a mão


fechou no meu pulso e afastou-o de seu abdômen.

— Fale comigo. — Eu disse calmamente.

Ele fez uma careta e afastou o braço. Sentando-se, ele


colocou as pernas para o lado da cama, curvou-se com os
cotovelos apoiados nos joelhos e a cabeça apoiada nas mãos.

— Eu não quero a porra de uma conversa, Alina.

— Ok. Então, volte para mim.


Sua coluna enrijeceu, mas ele permaneceu onde estava,
enquanto rosnava:

— Eu quase bati em você.

Fiquei de joelhos, vim por detrás e delicadamente


coloquei as mãos em seus ombros. Eu hesitei um segundo
para ver se ele iria me jogar longe, mas ele não o fez, então eu
fiz um rastro de beijos no seu pescoço.

— Você não fez isso. — Eu murmurei. — Você não vai.


— Embora, eu não estivesse completamente certa disso. —
Dê-nos isso, Connor.

Ele não se moveu.

— Você não vai me machucar.

Suas mãos caíram para as suas coxas e ele levantou a


cabeça e, quando o fez, foi lento e metódico. Ele se virou para
mim.

— Porra, você não sabe disso! — Ele rosnou. — Você


não me conhece. E você não me conheceu na Colômbia. Você
fodeu um estranho. Eu era um estranho.

— Não. Connor, não. Mesmo quando você não sabia


quem você era, eu sabia. Eu sabia. E eu sei que você nunca
me bateria. —Disse suavemente. — Por favor. Volte para
mim.

Eu não sei quanto tempo esperei antes dele finalmente


suspirar e fechar os olhos. As linhas em seu rosto estavam
abrandando.
Ele se moveu de volta para a cama e moveu-se por cima
de mim. Agarrando a parte inferior das minhas coxas,
deslizou sua mão para baixo para minhas panturrilhas, em
seguida, puxou e então eu estava de costas.

Suas mãos foram para a minha calça de pijama


novamente e ele lentamente desamarrou o laço. Seus dedos
se fecharam ao redor da cintura e puxou-a.

Era tolo em um momento como este, mas eu


secretamente agradeci a Deus que estivesse usando uma bela
calcinha, embora não fosse a minha cor favorita. Desde que
tive que deixar tudo para trás na Colômbia, quando
chegamos a Toronto, o homem de Deck - o assustador Victor
Gate a quem eu tinha visto pela primeira vez jogando futebol
na base há um milhão de anos atrás - me levou para o
shopping center.

Era óbvio que ele não estava feliz com isso, enquanto
esperava do lado de fora das lojas com uma carranca feroz.
Eu mesmo notei clientes evitarem entrar nas lojas quando o
notaram esperando.

O essencial para mim era agradável calcinhas e sutiãs e


Vic não ficou impressionado que eu levei tanto tempo para
escolher calcinhas e sutiãs. Depois de meia hora ele marchou
para dentro, pegou uma porrada de calcinha fio dental de
uma caixa, empilhando-as em meus braços, me empurrou em
direção ao balcão e disse para a senhora de vendas.

— Registre isso. — Então ele jogou o plástico. O cartão


de crédito da empresa de Deck.
Eu não discuti, ainda que algumas delas fossem do
tamanho errado.

Tentei pagar Deck com as minhas gorjetas do


Avalanche, ao longo das últimas semanas, mas ele se
recusou e discutir com Deck era praticamente o mesmo que
discutir com qualquer um desses homens. Batalhas eram
escolhidas com cuidado e essa era uma que eu não ia ganhar.

A tanga roxa escura que eu usava agora, tinha um


babado lavanda na borda superior e renda rosa na parte da
frente. Mas também tinha elefantes impressos sobre ela.

Os dedos de Connor estavam na borda do material e vi


seus olhos incendiarem quando ele a tomou.

Nada era mais erótico do que ter este homem apreciando


minha calcinha. Era tão simples no curso do que estava
acontecendo agora, mas eu precisava de algo simples e
normal quanto ele me amar em rendas com um laço cor de
rosa bonito, babado lavanda, embora não tivesse certeza
sobre os elefantes.

E para torná-lo ainda melhor, quando seus olhos


terminaram de apreciá-la, levantaram para mim e uma
contração sutil de diversão nos cantos de sua boca surgiu.

Eu derreti. Deus, derreti.

— Elefantes, baby?

Eu sorri.

— Sim. — Mantive para mim mesma que está calcinha


em particular estava na ‘varredura do braço de Vic’ e eu não
a tinha escolhido. Mas ela era sexy e bonita, então eu gostava
dela.

Ele fechou os olhos e tomou uma inspiração profunda.


Quando os abriu de novo, disse:

— Senti falta disso. — Ele murmurou, sua voz estava


rouca. — Senti falta, assim como ‘muito’ para caralho. — Seu
dedo deslizou para trás e para a frente sob a borda do
material.

Arrepios subiram pela minha pele aquecida.

— Eu também. — Deus, eu também.

Ele ficou tenso por um segundo mas relaxou novamente


antes de se inclinar para o lado da cama, agarrar a calça e
alcançar o bolso lateral. Eu ouvi o estalo do envelope e um
rasgar. Em seguida, ele colocou um preservativo.

Quando olhou para mim de novo, sua boca estava


apertada e as sobrancelhas estavam baixas.

— A arma. — Disse ele. Eu fiz uma careta, olhando para


ela na mesa de cabeceira e de volta para ele. — Use-a, se for
necessário.

— Huh? — Do que ele estava falando?

Sua mão se moveu rápido quando segurou meu queixo.

— Nem sempre sei o que estou fazendo. Você viu isso


duas vezes agora. — Seus olhos endureceram. — Se eu me
perder... desta vez, você me escolhe. Não hesite.

Oh. Meu. Deus.


— Connor? Você está louco? — Eu reclamei,
horrorizada, com meu estômago torcendo quando percebi o
que ele estava dizendo. Ele queria que eu usasse a arma nele.
Eu nem sequer toco mais em uma arma.

Seus dedos apertaram na minha mandíbula.

— Eu só dei um soco na parede atrás de sua cabeça,


vendo algo diferente de você, sem saber o que diabos eu
estava fazendo. Não atingi você por polegadas. Da próxima
vez poderia ser o seu rosto.

— Você não faria...

Ele abruptamente me cortou.

— Você não sabe a merda que está acontecendo dentro


da minha cabeça, Alina.

Engoli em seco, com a garganta apertada. Ele estava


certo. Eu podia pensar que conheço este homem que estava
em cima de mim, mas a realidade era que não conhecia. Mas
eu não o conhecia na Colômbia e ele era um homem muito
mais perigoso do que é agora.

Seu aperto endureceu. Seus olhos endureceram. E sua


voz endureceu.

— Jure ou eu saio agora.

Meu coração disparou no meu peito. Eu não queria que


ele saísse.

Ele moveu-se para sair da cama quando eu agarrei o


seu pulso.
— Não. Por favor... eu vou. Se precisar. — Não era
exatamente uma mentira.

Ele olhou para mim, julgando se isso ainda era uma boa
ideia ou não. Ele poderia facilmente ir para a arma e me
passar a perna. Ele era um ex-militar de elite e um assassino
treinado, mas eu suspeitava que Connor não o faria, não
importava o que estava enroscando com a sua cabeça. Ele
iria reagir antes que se perdesse e ficaria o mais longe da
arma que pudesse.

Olhei para a arma, inclinei a cabeça e olhei para ele. Seu


rosto estava impassível e inabalável e ele assentiu.

Ele segurou seu pênis na mão antes de deslizar para


baixo, no meu sexo molhado.

— Connor. — Eu respirei. Meu corpo formigava e doía


muito por ele.

— Diga meu nome de novo. — Ele disse.

— Connor, — respondi e estendi a mão para ele.

Ele recuou.

— Não me toque.

Fiz uma pausa, não gostando disso, mas assenti.

— Ok.

Ele pressionou a cabeça de seu pau na minha entrada e


com um deslizamento lento, inclinou seus quadris e
empurrou para dentro de mim.
Engoli em seco, de olhos fechados, cabeça para trás, o
corpo arqueado.

— Você se aperta em torno de meu pau e quase sem


respirar... é tão bom. — Suas palavras foram rosnadas no
meu ouvido.

Eu empurrei meus quadris para cima.

— Fique quieta, — ele ordenou. Ele beijou minha


mandíbula, meu pescoço, toda a minha clavícula até meu
ombro, onde ele mordiscou e depois lambeu.

— Connor, por favor. — Eu queria que ele se movesse.


Precisava sentir o seu pênis dentro e fora de mim. Forte.
Suave. Tudo o que ele quisesse, desde que ele se movesse.

— Espere. Preciso que você espere, baby. Eu não


posso... — Ele parou e respirou, uma respiração irregular. —
Eu não posso esquecer isso.

— Você não vai. — Mas eu daria a ele o que quisesse.


Tínhamos que fazer isso da maneira que ele quisesse.

Ele estava de joelhos, com peso levantado, mas ainda


dentro de mim. Ele arrastou um dedo para baixo entre meus
seios, sobre o meu abdômen e entre nós enquanto revestia a
ponta do seu dedo com minha umidade. Em seguida, ele
apertou meu clitóris.

Inspirei. Uma descarga de calor disparou por mim.

— Amo você assim. — Ele começou lento e controlado,


circulando o local que alimentou as ondas internas e
profundas do desejo. — Sob meu controle. Impotente para
negar-me.

Minhas mãos estavam em punhos no travesseiro nos


meus dois lados.

— Oh Deus. Sim.

Seu dedo jogou, atormentando, explorando, então,


quando eu estava perto, ele parou. Estava ofegante e pronta
para gritar de frustração. Ele deve ter percebido isso porque
se inclinou sobre mim, com a boca junto ao meu ouvido.

— Você vai esperar por mim.

Freneticamente acenei com a cabeça.

— Ok. — Eu disse tudo bem inúmeras vezes agora. Mas


não existiam outras palavras. Ele roubou-as com seu toque.
Sufocou-as com seus beijos. Tudo o que restava era 'ok',
porque eu faria qualquer coisa que ele me pedisse agora.

O dedo circulou meu sexo latejante de novo e eu tremia


sob seu toque, as pernas tremendo, corpo dolorido.

— Por favor, Connor. Eu preciso que você se mova.

Seu corpo me deixou e isso significava que o seu pênis


também e me senti vazia. Deus, tão vazia.

Sua mão estava em volta do seu pau grosso.

Nossos olhos se encontraram e o canto de seus lábios


curvaram para cima.
Eu não conseguia tirar o meu olhar de cima dele,
quando ele colocou o dedo revestido com minha umidade em
sua boca e chupou.

— Faltou degustar você.

Eu queria que Connor se afundasse dentro de mim sem


controle. Eu queria as suas mãos em mim. Eu queria sua
boca. Eu queria tudo.

Ele guiou a ponta do seu pênis em mim novamente.

— Porra, tão gostosa. — Com uma mão no meu quadril,


ele me agarrou antes que empurrasse seus quadris para
frente e seu pau afundasse novamente.

Eu gemia, fechando meus olhos.

Connor moveu-se lentamente no início, mas depois


mergulhou mais forte. Mais rápido. Nossos corpos nus
batendo juntos.

— Muito bonita.

A cama rangeu com seus impulsos.

— Oh, Deus. — Eu ofegava.

— Jesus. — Ele murmurou.

Nossos olhos se encontraram e eu desapareci nele. Em


seus olhos. Em seu corpo.

Seus músculos incharam quando ele se moveu, a mão


deslizando do meu corpo para o meu peito.

Arqueei, a barriga caindo quando seus dedos beliscaram


o meu mamilo. Ele gemeu quando abaixou a cabeça, a boca
tomando a carne sensível e mamando. Seus dentes rasparam,
sua língua molhada e aquecida rodou e eu fechei os olhos,
inclinando a cabeça para trás.

Sua boca deixou meu peito e ele deu beijos na minha


clavícula até meu pescoço, no meu queixo até que finalmente
chegou a minha boca.

— Eu preciso lhe beijar quando gozar.

— Ok. — Eu sussurrei, com voz entrecortada.

— Ok. — Ele repetiu e então sorriu. Foi breve e sutil,


durou apenas um segundo, antes de acabar. Ele levantou os
quadris, empurrou com força em mim de novo, ao mesmo
tempo que sua boca esmagava a minha em um frenesi
selvagem.

Eu aproveitei uma chance de que ele ficaria bem comigo


tocando-o e deslizei a mão pelo seu braço até que meus dedos
encontraram os seus, então eu liguei-os juntos no travesseiro
sobre a minha cabeça.

Connor me beijou enquanto me fodia.

Enquanto ele tomava cada parte de mim.

Meu corpo endureceu e as pernas tremeram, enquanto


eu oscilava no limite.

— Connor... Deus...! — Eu apertei minhas coxas em


torno dele quando eu gozei.

Meu corpo estremeceu em ondas enormes, uma e outra


vez.
— Porra! — Ele rosnou, em seguida, seguiu com seu
próprio orgasmo, seus dois últimos impulsos agressivos antes
de seu corpo enrijecer e com um baixo gemido entrar em
erupção.

Então, tudo parou.

Nenhum movimento, exceto o peito arfando para dentro


e para fora, seu pau ainda dentro de mim.

Lentamente, ele levantou.

Meus olhos bateram nele e a decepção me cobriu


quando eu me deparei com uma carranca feroz. Suas
sobrancelhas caíram sobre seus magníficos olhos azuis
estreitados.

Então ele disse:

— Eu esqueci. Jesus, esqueci de você. Como eu poderia


esquecer? Fodi você e não sabia quem você era. — Ele
abaixou a cabeça e me beijou de novo, lenta e persistente.
Ignorei o que ele me contou sobre tocá-lo e deslizei a mão
pelo seu braço, por cima do ombro para as costas e até o
pescoço, onde meus dedos teceram em seu cabelo.

— Você sabia. — Eu disse suavemente. — Em algum


lugar dentro, você sabia.

Ele não disse nada, mas senti a tensão em seu corpo.


Ele não acreditou em mim.

Connor se elevou, sentou na cama e se levantou.

Sentei-me, com o coração ainda disparando do sexo,


mas também pelo que eu sabia que ia acontecer agora.
Eu não podia parar.

Nada iria proteger a dor.

E não havia nada que pudesse dizer que iria mudar o


resultado.

Eu o vi vestido, de costas para mim. Ele foi até a mesa


de cabeceira, pegou sua arma e empurrou-a na cintura de
sua calça.

Olhe para mim, Connor. Por favor, não me deixe sem


olhar para mim.

Ele não o fez.

Nem uma única vez.

Caminhou até a porta e hesitou com a mão no batente


da porta. Prendi a respiração esperando que ele se virasse,
rezando para que voltasse para mim. Dissesse algo.

Connor saiu e desapareceu.


Capítulo
9
Depois que saí de lá, montei a rodovia até o sol nascer e
queimei no pavimento molhado. Eu estava encharcado, a
calça engessada nas minhas pernas, a jaqueta de couro em
ruínas e a mão colada ao acelerador quando acelerei o motor
mais rápido, mais forte. Empurrando os limites e tentando
aliviar a raiva.

Eu era impulsivo, muito impulsivo.

Entrei no bar porque eu tinha que a ver. Apareci na


casa dela com o homem de Kai assistindo porque tinha que
estar com ela está noite. Meu controle era inexistente quando
se tratava de Alina.

Depois de horas montado, finalmente saí da rodovia,


tomei algumas ruas laterais e parei. Estacionei perto do
calçadão da praia, onde alguns corredores passavam. Tirei o
capacete e luvas antes de sair.

Alguma garota passou correndo, olhou para mim,


diminuiu o passo e corajosamente sorriu. Eu não.

Embolsei minhas chaves e atravessei a praia. A areia se


agarrou às minhas botas molhadas e na parte inferior da
minha calça quando segui para a água. A praia estava
deserta, provavelmente porque estava frio e muito cedo.

O som sutil das ondas ritmicamente batendo na terra


era calmante. Sempre achei a água calmante, mesmo na
formação JTF2 quando tivemos treinos exaustivos na água.
Foi onde eu me destaquei. Foi onde eu superei Deck.

Eu olhei através do lago.

Isso era errado, muito errado, eu voltando para casa,


para estar perto dela, trazendo-a para a minha escuridão. Ela
merecia liberdade de toda essa merda e eu estava trazendo-a
de volta em sua vida.

Mas eu não poderia ficar de fora. Como poderia ficar


longe?

Sentei-me na areia, dobrei meus joelhos, braços


pairando sobre eles enquanto ouvia as ondas. Eu estava tão
malditamente cansado.

Raramente dormia e quando o fazia, tinha pesadelos. Eu


caí para trás na areia e fechei os olhos.

Então parei de lutar.

Eu estava deitado de bruços sobre uma mesa de aço em


um porão escuro e mofado, com o cheiro de mijo e morte. E eu
conhecia a morte. Eu tinha testemunhado condições terríveis,
visto imagens do que acontecia com os prisioneiros. Como um
dos militares de elite de JTF2, estávamos preparados para
captura, treinados para suportar a dor.
O tempo já não fazia sentido enquanto eles me
mantiveram acordado por dias, semanas... Porra, eu não sei
quanto tempo eu estive aqui. Tudo era um borrão, minha mente
era um buraco negro preenchido com pesadelos.

Eu não tinha ideia de quem eram essas pessoas ou onde


eu estava. A última coisa que me lembrava era de entrar no
Humvee com a minha equipe, quando tudo foi para o inferno.

Caos. Uma explosão derrubou o veículo da frente e eu


não conseguia ver nada. Fui para o rádio de Deck que estava à
frente, mas não tive a chance.

Outra explosão atingiu a parte de trás de nós, então


nada.

Acordei com grampos de aço em torno de meus pulsos e


tornozelos. Minhas placas de identificação tinham sumido e
pequenas queimaduras cobriam o meu braço no lado direito.

Eu não lutei contra os grilhões porque era inútil. Elas


eram inquebráveis, assim como eu. E eles finalmente
descobririam isso.

O que quer que eles quisessem de mim, eles não iriam ter,
embora ainda tivessem que me fazer qualquer pergunta.
Suspeitava que eles estavam tentando me destruir em primeiro
lugar, me fazer implorar.

Eu morreria antes que dar algo para estes bastardos e a


morte era uma boa possibilidade. Se eu estava aqui por um
resgate, os resgates não eram pagos. A única maneira de eu
sair daqui era por uma extração Special Ops, Deck e a equipe
JTF2 eram os únicos a fazê-lo. Isso se eles soubessem que eu
estava vivo.

Rangi os dentes quando o som familiar de correntes que


estavam sendo roladas através de uma polia ecoou na cela.
Havia uma luz brilhante em cima de mim, como um refletor que
emitia calor intenso nas minhas costas nuas e sangrentas.

Eu conhecia táticas de tortura. Merda, eu tinha visto isso


e quem eram essas pessoas, eles tinham um manual sobre
elas. Abracei o medo. Vivi minha vida como um viciado em
adrenalina, gostava da corrida e da antecipação de fazer algo
que poderia matá-lo.

Não houve descarga de adrenalina para o que estava por


vir neste inferno subterrâneo; em vez disso, me senti calmo. O
medo comia a sua sanidade. Levava o seu controle e eu
também era um viciado em controle. Porra, não era uma
grande qualidade, mas eu não era perfeito.

As correntes ficaram tensas e os músculos tencionaram à


medida que as esticavam, as pernas ficaram presas no fim da
tabela. Fechei os olhos, a bochecha descansando contra a
superfície dura e lisa da mesa e concentrei-me na minha
respiração.

O tilintar das correntes parou com um estrondo quando


elas foram trancadas no lugar. A dor queimante rasgou meus
membros, apesar de tentar relaxar, meu corpo tremia sob a
pressão de ser esticado, passando dos seus limites.

— Você vai dizer alguma coisa um desses dias, porra? –


Eu perguntei. As palavras eram difíceis de sair com minha
garganta seca e tossi várias vezes sacudindo as correntes e
isso feria como um filho da puta.

Houve um arrastar de pés e baixos sussurros


indistinguíveis atrás de mim. Uma porta abriu e fechou.

Porra.

Eu ficaria aqui por um tempo, provavelmente até que


desmaiasse e depois encontrariam uma maneira de me manter
acordado. E eles pareciam saber quando eu estava prestes a
desmaiar, então sabia que tinha uma câmera na cela.

Que se foda.

Que todos eles se fodam.

Eu era um cantor de merda, pelo menos a minha irmã me


disse que eu era, o que fazia isso mais doce se eles estivessem
ouvindo.

Minha garganta morreu e doeu para caralho, mas eu


cantei de qualquer maneira.

Cantei o hino nacional canadense doze vezes antes de


um cara vir e me amordaçar.
Capítulo
10
Pergunta 5: Como você toma seu

café?

Acordei com uma batida e a chamada abafada de uma


menina.

— Alina?

Era London.

Eu gemi, me jogando de costas, com o braço sobre meus


olhos para bloquear o sol da manhã e desejando que eu
tivesse fechado a janela e as cortinas na noite passada.

Noite passada.

Então tudo veio à tona.

Connor.

Dentro de mim.

Sua boca na minha.

Perfurando a parede.
A angústia em seu rosto.

Fiquei em pé e olhei para o lugar vazio ao meu lado,


onde Connor esteve horas antes.

Ele se foi, eu o vi sair.

E não sabia se alguma vez iria vê-lo novamente.

Fechei os olhos quando uma dor intensa bateu no meu


peito. Não, era mais do que uma dor; era um vazio, o que era
muito pior. Dor significava que eu sentia. Isso... isso não era
nada, apenas um buraco escuro e frio deixado dentro de
mim. Ele levou tudo com ele.

Ele me disse que não podia ficar. Eu sabia disso antes


de dormir com ele. Mas isso não fazia doer menos.

— Querida, você tem que maneirar com a batida. — Fiz


uma careta para a voz masculina desconhecida, com sotaque.
Quem era aquele?

A porta batendo na noite passada. Esse era o cara que


vive no andar de baixo.

Esforcei-me para ouvir a resposta de London, mas foi


abafada.

— Cheguei tarde ontem à noite... — Sua voz baixou e eu


não pude ouvir o que mais ele disse.

Mas eu ouvi London replicar.

— Você não acabou de me perguntar isso.

Ele riu e disse:

— Acho que é um não.


— É um grande não.

Então ele disse:

— A chave reserva está sob o gnomo azul com macacão


vermelho.

Oh, meu Deus, o cara sabia onde a chave da casa


estava? Bem, a minha parte da casa.

Joguei minhas pernas para o lado da cama, meus pés


batendo na madeira lisa, agarrei minhas calças da poltrona
grande no canto do quarto e coloquei-as. Eu peguei um
pulôver leve e o vesti, enquanto corria pelo corredor,
descendo as escadas e abri a porta da frente.

London parecia um pouco confusa enquanto ela


segurava o celular na mão. Merda, eu desliguei minha
campainha do celular e nunca pensei ligá-lo novamente com
tudo o que aconteceu.

— Eu tentei ligar em primeiro lugar. — Ela disse.

— Desculpe, desliguei a campainha.

Meus olhos se deslocaram para o cara encostado na


grade da varanda nos observando. Uau. Ele então não era
como Deck ou qualquer um dos outros caras.

Ele estava coberto de tatuagens e quero dizer coberto.


Braços. Pescoço. Garganta. E tinha uma barba aparada,
pura, com cabelo escuro marrom na altura do queixo na
frente e cortado curto na parte de trás. Ele tinha um rosto
atraente, definido e masculino, com olhos que caíam nos
cantos exteriores, que lhe davam um olhar triste, mas
contradizia o brilho nas profundezas da cor de avelã.

Ele também cheirava a café e cigarros, com uma pitada


de colônia pós barba.

Deck conhecia esse cara? E ele pensava que era legal ele
estar lá embaixo? Não parecia como se ele se encaixasse no
grupo de Deck e seus caras. E ele definitivamente não se
encaixava como um amigo de Kai.

Meus olhos se deslocaram para baixo de seu corpo e


para as pernas em uma confortável calça jeans desgastada
que tinha um rasgo no joelho esquerdo e, em seguida, voltei
novamente.

Quando nossos olhos se encontraram, ele sorriu para


mim, tendo, obviamente, percebido a minha leitura.

— Deaglan. — Ele ofereceu. — O seu colega de quarto.


Você deve ser Catalina? Deck disse que você mudou para o
andar de cima. — Ele deu um passo para frente, estendendo
a mão.

— Por favor, me chame de Alina. — Eu odiava alguém


me chamando de Catalina, desde Carlos.

Educadamente apertei sua mão, apesar de estar um


pouco irritada por ele dar uma chave reserva para a minha
parte da casa. Eu não me importava porque era London, mas
essa não era a questão.

Ele tinha calos na palma da mão e seu aperto de mão


era firme. Eu esperava que fosse embora; ele tinha um ar de
confiança sobre ele, mas não é de surpreender com a forma
como ele se portava.

— Você tem a chave?

Suas sobrancelhas levantaram. Um sorriso lento surgiu


e ele tinha covinhas profundas.

— Claro, querida. Por que não?

— Porque eu moro aqui. E eu não diria ‘companheiros


de quarto’ exatamente. — Eu corrigi.

Ele encolheu os ombros.

— Mesma casa. Mas como você quiser chamá-lo, está


bom para mim. Sem segredo, eu vivo com menos que você e
estou querendo recuperar as prateleiras comum, as estátuas
um pouco extravagantes. Você viu essas coisas? — Eu tinha,
mas não respondi e ele, obviamente, não esperava porque
continuou. — Mamó Kane coletou-as.

— Mamó? – Eu perguntei.

— Avó. Ela era a mãe do meu pai. A casa era dela. — Ele
balançou a cabeça. — Porra, a mulher mais doce que você já
conheceu. Um homem não poderia conhecer essa mulher e
não a amar. Ela plantou este jardim no lado da casa. — Ele
acenou com a cabeça para a direita. — Aqui cresceram
cenouras e merda, ela estaria lá fora antes do raiar do dia
escavando na sujeira. A senhorita viu isso? — Ele levantou as
sobrancelhas e perguntou: — Você ainda tem todas as suas
bugigangas? Eu posso carregá-las em uma caixa. Nunca
cheguei a fazer isso depois que ela morreu.
— Sinto muito pela sua perda. E as estátuas estão
muito bem. — Eu não tomei o cara por um passeador e não
foi um passeio nervoso. Era mais como se quisesse falar
sobre sua avó. Era uma espécie doce, como ele falou sobre o
seu jardim.

London franziu a testa, perguntando:

— Espere um pouco. Kane?

— Sim. A avó de Killian. — Disse ele.

— Killian? — Eu perguntei.

London respondeu:

— A banda que tocava na noite passada. Killian é o


baterista. Mas todos o chamam de Kite. — Disse London.

Oh, certo. O baterista que tinha um piercing na


sobrancelha e tatuagens.... Meus olhos dispararam para
Deaglan, assim como para London, que, em seguida,
perguntou:

— Então vocês são...?

— Primos. — Ele respondeu. — Nossos pais são irmãos.


Conheci Deck há muito tempo, através de Killian. Estava
tomando o caminho errado na vida e ele me endireitou. Agora
faço biscates para ele. Corro nos mesmos círculos.

— Baby, você vai voltar para a cama? — Uma voz


feminina chamou.

Deaglan piscou para mim, em seguida, sorriu para


London.
— Última chance.

Última chance?

— Você é um idiota. — Disse London.

Ele encolheu os ombros.

— Eu sou um cara de vinte e oito anos de idade. O que


você espera?

Ele passeou em direção a grade lateral, colocou as duas


mãos sobre ela, pulou para o lado e desapareceu, mas nós o
ouvimos.

— Baby, porra, ponha esse uniforme sexy de volta. Você


precisa desocupar. Eu lhe disse, eu não tenho nada para
fazer hoje. Pensei que você estava trabalhando em outro vôo?

Uau. Desocupar? Vestir-se? Virei-me para London e nós


duas ficamos com as bocas abertas.

London disse:

— Não sei como Deck tem amigos como aquele cara,


mesmo que ele seja parente de Kite.

Sim, eu não tinha certeza de que queria saber.

— Você quer entrar para um café? –Eu perguntei.

— Certo. Eu vim para ver se você queria ir para o Centro


comigo. Chess vai me encontrar lá.

— Umm, ok. Eu gostaria disso. — Eu disse.

Chess era irmã de Kai e nos encontramos com ela


algumas vezes. Ela surgiu com uma incrível força de vontade,
mas amigável e acolhedora. Gostei dela imediatamente,
especialmente quando tinha ouvido falar sobre o lugar para
as crianças.

Era um projeto que Tristan Mason, o homem de Chess,


que possuía a Mason Developments, estava construindo para
as crianças resgatadas do complexo. Foi chamado de
Treasured Children’s Center e era um projeto que ganhou
muita atenção, considerando o tamanho e a cobertura da
mídia sobre como as crianças imigraram para o Canadá.

Minha papelada ainda estava sendo processada, mas,


no entanto, graças à Deck, eu tinha um visto temporário para
ficar e trabalhar aqui.

— Você acha que Ernie quer um café? — Eu perguntei,


olhando para a rua onde o carro esteve na noite passada. Eu
realmente não queria falar com Ernie após Connor conseguir
esgueirar-se por ele, mas me sentia mal por ele ter estado lá
fora a noite toda.

— Ernie se foi com Kai e os caras.

— Oh. — Eu segurei a porta de tela aberta e London


entrou. Segui-a, deixando a porta de tela fechar atrás de
mim. Eu não me incomodei em fechar a porta sólida.

Passamos pela escada de madeira, ao fundo do corredor


estreito com o papel de parede floral impresso, para a
pequena, mas pitoresca cozinha verde-oliva. A geladeira era
velha com uma alça metálica grande e fazia um zumbido
constante. A parte de trás da pia de azulejos de cerâmica
amarela entrava em confronto com as paredes verdes e
gritavam década de 1950, como fez o molde da coroa acima
dos armários. Mas eu amei o molde de coroa e estava em
todos os quartos, em toda a casa.

Imaginei a avó de Deaglan, vagando ao redor da casa


com um sorriso caloroso. Então imaginei isso, cara alto todo
tatuado se arrastando atrás dela, enquanto ela divagava
sobre o que precisava ser consertado.

Era bonito e doce.

— Kai ficaria louco em uma casa como essa. — London


disse quando olhou ao redor da cozinha. — Vivemos em um
armazém, conceito aberto, moderno, simples e
definitivamente nada de bugigangas. — Ela pegou uma
pequena estátua de cão da prateleira de cima da mesa da
cozinha. — Eu deveria ter um desses e colocá-lo na mesa de
café. Ver quanto tempo leva para ele notar. Então, quando ele
notasse, eu vou dizer-lhe que é prática para a coisa real.

— Você irá adotar um cão?

— Kai com um cão? — Ela riu. — Sem chance. Eu


adoraria, mas amo Kai mais. E eu amo-o feliz, então posso
viver sem um cão. Mas gosto de provocá-lo.

Enfrentei o balcão, com a mão na torneira. Meu peito


apertava e doía porque eu queria isso. Poderia ter tido isso,
com Connor. Em vez disso, a vida tinha outros planos para
nós.

Empurrei a torneira, a água estalou e os canos


resmungaram, agitando o armário debaixo da pia, antes que
fluísse. Eu coloquei a chaleira sob a água e enchi-a.
— Eu vou iniciar as aulas em poucos dias, então queria
ver o Centro antes da minha agenda ficar louca. Chess diz
que está quase acabado.

— Aulas? — Fui até a cafeteira, levantei a tampa


traseira e despejei a água dentro.

— Sim, vou para o meu doutorado.

— Uau. — Isso foi impressionante, mas, em seguida, seu


pai foi um cientista bem conhecido. — Você tem um foco?

— Sim, derrotar o câncer. — Ela sentou-se à mesa da


cozinha retangular e pequena, que tinha um mármore bege
laminado em cima e aço inoxidável nas pernas. Ela também
estava descascando nos cantos e você poderia ver a cortiça
embaixo.

As cadeiras eram de madeira, muito velhas, vacilantes e


desgastadas nos assentos. Mas eu amava-as. Amava tudo
sobre esta casa. Tinha personalidade, com memórias
embutidas em todos os quartos. E agora descobrindo que
uma doce senhora tinha vivido aqui... era tudo de bom.

Coloquei um novo papel de filtro na cesta e grânulos


torrados escuros nele. O aroma intenso flutuou para mim e
eu fechei os olhos, enquanto imaginava Connor tomando o
primeiro gole de meu café em todas as manhãs.

Ele faria isso para se certificar de que não estava muito


quente.

— Alina? Você está bem?

Eu apertei o botão ‘ligar’.


— Sim. Eu estou bem. — Mas não me virei para encará-
la. Em vez disso, olhei pela janela da cozinha para o quintal.
A grama estava cheia e a cabana na parte de trás, perto da
cerca, necessitava de pintura.

Eu fiz uma careta quando vi Deaglan aparecer e


caminhar em direção à cabana. Ele não estava usando uma
camisa, o que significava que eu podia ver que ele tinha ainda
mais tatuagens, exceto por um ponto, no ombro e peito
direito que estava nu de qualquer tinta.

Ele agachou-se em um dos pilares e tomou uma


ferramenta de metal do bolso de trás começando a raspar as
manchas de tinta branca. Esse era o seu 'eu tenho algo a
fazer'?

London falou sobre suas aulas, enquanto o café filtrava


e pingava dentro da jarra de vidro. Então ela mencionou
como Kai e Deck iam fundir seus negócios. Ela riu e disse:

— Eles discordam em tudo, por isso espero que haverá


algumas... torções e estou apostando que o nome da empresa
vai estar no topo da lista.

Eu dei um meio sorriso. Sabia o que ela estava tentando


fazer, falar sobre tudo, exceto Connor mostrando-se no bar e
isso era atencioso, mas eu queria saber mais sobre as drogas,
porque era óbvio que Connor tinha efeitos secundários
graves. Não que eu pudesse ajudá-lo agora, mas queria saber.

— Estar na droga por tanto tempo... — Fiz uma pausa e


a cadeira de London raspou na madeira quando ela se
mexeu. —O que isso vai fazer com ele?
Eu tentei parecer indiferente, mas meu coração
disparou e minha respiração acelerou. Estendi a mão, abri o
armário com os botões de latão manchados e tirei duas
canecas verdes que combinavam com as paredes.

— Alina, eu gostaria de saber, mas não sei. Ele foi o


único que Vault testou. — Eu assenti. Carlos teve o prazer de
me informar que Connor foi o primeiro assunto de teste para
a droga. — Ele precisa ver um médico e fazer exames de
sangue. Se você souber onde ele está, então deve dizer a Kai
ou Deck.

Ela estava certa; ele devia consultar um médico, mas eu


não sabia onde ele estava e, mesmo que soubesse, não
contaria a ninguém porque ele pediu-me para não contar.

— Eu não sei.

Ela fez uma pausa e disse:

— Tudo bem.

Fui até ela e coloquei uma caneca na sua frente. Fui até
a geladeira, peguei o leite e botei-o sobre a mesa. Voltando,
eu peguei a jarra agora cheia com líquido escuro e derramei
café em sua caneca e em seguida, na minha.

— Açúcar?

Ela balançou a cabeça.

Eu coloquei a jarra de volta, puxei a cadeira em frente a


ela e me sentei. Após botar um pouco de leite no meu café,
levantei a caneca e tomei um gole.

Ver Connor novamente tinha despertado tudo.


Deus, eu o queria sentado aqui ao meu lado, agora.
Queria que ele chegasse e pegasse a minha caneca e tomasse
um gole. Queria que seus dedos tocassem os meus quando
ele fizesse isso.

— Você não tem que me dizer, se você não quiser, mas


por que Connor veio vê-la no bar? Eu não entendi. De todos
os lugares... isso só parece estranho, porque ele correu o
risco de se mostrar.

Fiquei quieta por um longo tempo antes de dizer:

— Ele queria conversar. E eu não sei porquê. Eu não


acho que ele saiba o porquê. —Admiti.

— Você acha que ele vai ficar aqui? Sei que Deck faria
qualquer coisa para ajudá-lo. Qualquer um desses caras. E
Georgie. Os pais dele. Você.

Connor não queria ajuda e era provavelmente por isso


que ele se recusava a ver qualquer um deles.

Eu estava incerta sobre Kai, porque ele nunca foi um


amigo de Connor.

— Kai era parte do Vault.

Era uma afirmação, mas ela respondeu de qualquer


maneira.

— Sim.

Eu não conhecia Kai antes de ser resgatada, mas tinha


ouvido Carlos mencionar o seu nome em algumas ocasiões,
enquanto falava ao telefone. Levantei meu queixo para
encontrar seus olhos.
— Ele não vai machucar Connor, certo? Se ele decidir
voltar?

London sacudiu a cabeça.

— Não. Mas ele sabe o que Vault é capaz de fazer a uma


pessoa, Alina e Connor é um risco. — Ela suspirou. — Kai
não acha que ele possa voltar depois do que fizeram para ele.
Não é tanto a tortura, mas as memórias. Connor fez coisas
que são contra o tipo de homem que ele era. Isso pode
destruir um homem. — Ela encontrou meus olhos. — Kai não
fez nada na noite passada por causa do Deck e da Georgie,
mas isso não significa que ele pense que foi a coisa certa a
fazer.

Eu lentamente virei a minha caneca entre as mãos sobre


a mesa como meu coração batendo forte.

— O que você quer dizer?

— Só que Connor não é seguro para estar perto. Eu


acho que você sabe disso.

Eu sabia, mas Connor não era seguro para estar


próximo na Colômbia também.

Empurrando minha cadeira, levantei-me.

— Umm, eu vou me trocar.

London deu um meio sorriso.

— Sim, claro, leve o seu tempo. — Seu tom era aliviado


quando sorriu. — Eu vou enviar uma mensagem para Chess
e dizer-lhe que você irá comigo e que sairemos em breve.
Subi e me troquei, com a intranquilidade se
estabelecendo como um pedaço de cimento na boca do
estômago.

Eu temia que a raiva persistente nos olhos de Connor


fosse consumi-lo. Que ele desaparecesse e a dor ficasse com
ele para sempre.

E eu temia que Kai estivesse certo.


Capítulo
11
— Droga, Bacon. Nããão!!! — Chess gritou quando ela
caiu de sua bunda, com os pés no ar.

O menino, Danny, cujo apelido era Trick, segurou sua


barriga de tanto rir quando o porco bateu em suas
panturrilhas e derrubou-o também.

O porco correu para a porta em uma velocidade


vertiginosa, que foi rápido, considerando que o porco tinha
uma barriga enorme e pernas curtas. Ele rasgou o caminho
de terra, passou por baixo da cerca do pasto do cavalo e fez
isso gritando por todo o caminho.

London gritou com o riso até que viu uma Chess


aborrecida levantar-se e jogar para London um olhar.

London ficou séria até Danny se levantar, espanar-se, e


dirigir-se à porta falando por cima do ombro:

— Eu vou pegá-lo.

Chess gemeu e sentou o seu traseiro no chão.

London riu novamente. Eu sorri.


Danny estava determinado a ensinar a Bacon como ir
através de um túnel. Bacon estava determinado a sair com
seu amigo, Foguete, a cabra de três pernas. De acordo com o
menino de nove anos de idade, após o túnel ser dominado, ele
iria ensinar Bacon a pular, saltar sobre um quadro e correr
entre os bastões dobrados.

Chess disse que Danny era viciado no canal animal. Ele


tinha visto as competições de agilidade com os cães e ficou
determinado a ensinar Bacon a ser um porco de agilidade.

Era bonito e engraçado, mas também doía porque


Connor deveria estar aqui. Ele adoraria ajudar Danny a
ensinar Bacon e ele seria bom com isso.

E isso era devastador, pensar que ele nunca poderia


fazer isso novamente.

Chess falou para nós:

— Não é de admirar que ele esteja ligado com Tristan.


Ambos são teimosos para caralho. — Seus olhos estavam
sobre o rapaz esguio que corria através da grama longa atrás
de Bacon.

London apoiou o quadril contra a cerca de pranchas,


com uma mão em seu abdômen.

— Ele fica olhando, esperando pela sua aprovação. O


menino adora você. — Ela disse para Chess.

Meu peito doía com a dura realidade do que Danny foi e


o que ele tinha passado. Com seu sorriso e emoção, o rubor
em suas bochechas, um estranho que não saberia de sua
vida, que começou nas ruas aos seis anos e acabou no
complexo de Carlos.

Engoli em seco várias vezes e respirei fundo. Jesus, me


deixava doente pensar nessas crianças sendo treinadas para
Vault. A mãe de Kai e Chess tinha começado com os seus
próprios filhos e Carlos era parte disso. Eu nunca soube. Não
que eu pudesse ter feito alguma coisa, mas teria tentado. Eu
teria morrido tentando e talvez fosse por isso que Carlos
tinha escondido isso de mim. Matar-me nunca foi uma opção
para ele. Eu era sua obsessão. Tinha sido desde que ele me
viu no mercado naquele dia.

Eu o ouvi bufar e dei um meio sorriso quando Danny


entrou pela porta, de cabeça erguida, com Bacon em seus
braços.

— Chess, olhe. Ele deixou-me carregá-lo. — Disse ele.

— Claro que deixou. — Chess respondeu e se levantou.

Em seguida, Chess e Danny passaram a hora seguinte


persuadindo Bacon a trotar sobre o poste no chão, enquanto
London e eu assistíamos.

— Baby. — Kai avançava a passos largos, parecendo


todo profissional, em calça de terno preto e uma camisa de
risca fina branco e azul claro, mangas arregaçadas e os dois
primeiros botões abertos.

Eu não o tinha ouvido aproximar-se e era irritante como


esses caras se moviam silenciosamente. Connor se movia
assim também.
London se virou e sorriu.

— Ei, querido, o que você está fazendo aqui? Eu pensei


que você estava com Deck para o dia.

Kai parou na cerca, com as sobrancelhas levantadas


enquanto seus olhos mudavam de London para Bacon, que
estava atualmente trotando feliz através do túnel, com sua
pequena cauda enrolada sacudindo quando ele surgiu e
bufou no chão por seus passos.

Danny saltou para cima e para baixo batendo palmas,


os olhos avermelhados brilhantes e então caiu de joelhos e
abraçou Bacon.

— Um porco? — Kai questionou.

London inclinou-se sobre a cerca de piquete na altura


da cintura e enrolou os braços em volta de seu pescoço. Sua
mão foi para a parte de trás do pescoço dela, desaparecendo
em seu cabelo.

— Podemos ter um?

As sobrancelhas de Kai levantaram.

— Estamos falando de um porco ou uma criança?

Eu não poderia imaginar Kai tendo um porco de


estimação e se London estava se referindo a querer uma
criança, bem, eu não poderia imaginá-lo com qualquer uma.
Kai com um bebê em seus braços ou trocando fraldas, não se
encaixavam.

Ela encolheu os ombros.


— Eu sou boa com um ou ambos. — Ele resmungou e
ela ficou na ponta dos pés, sua boca foi para o ouvido dele.

Tudo o que ela sussurrou em seu ouvido, ele gostou,


porque a puxou para um beijo. Desviei o olhar, mas o ouvi
dizer:

— Sempre, Coração Valente. — Em seguida, sua


atenção se voltou para mim. — Deck quer falar com você
sobre Connor.

Eu fiquei tensa, com o estômago caindo.

— Eu realmente não tenho nada para lhe dizer. — Bem,


não havia nada que dissesse a ele.

Kai gentilmente tirou os braços de London de seu


pescoço e deu um passo para trás para abrir o portão.

— Não é uma opção, Alina. Deck está preocupado e quer


Connor encontrado, o que significa que precisamos de tudo.

Connor não queria ser encontrado.

Chess andou a passos largos, com as mãos nos quadris.

— Ei. O que está acontecendo?

— Chess. — Kai acenou para a irmã.

Ela deu um suspiro exasperado, revirou os olhos,


aproximou-se e beijou sua bochecha.

— Beijar e dizer ‘Olá irmã’ não é tão difícil é, Kai?

Kai a ignorou e foi todo profissional quando ele me


disse:
— Deck e os caras nos encontrarão em sua casa. —
Então ele se virou para London, com os olhos suavizando. —
Você está bem?

Ela assentiu com a cabeça.

— Sim. — Ela olhou para mim e depois para Kai. — Mas


talvez fosse útil se eu fosse com ela.

— Este é um negócio e Deck pediu especificamente para


nenhuma das meninas estar presente. — Ele sorriu. — -Eu
acho que ele sabia que ia dizer isso, querida. E tanto quanto
eu gosto de desobedecer, este não é o momento. — Ele
acenou para mim. — Estamos colocando um alarme hoje.

Um alarme para manter Connor fora.

Não que isso fosse necessário. Connor disse que estava


saindo.

Meu problema era mentir para as pessoas que tinham


me dado um novo começo, uma chance de algo agradável.

Quando chegamos na minha casa, havia um SUV prata


na frente e uma motocicleta preta parada atrás dele.

Meu coração disparou no peito e o cimento que estava


sentado no meu estômago revirou.

Connor? Sua motocicleta era preta, certo?


Kai ainda não tinha colocado o carro em ponto morto
antes que eu tivesse a minha porta aberta e me dirigisse para
a moto. Mas, logo que eu estava a vinte pés de distância,
soube que não era ele, mesmo olhando de trás.

Connor era mais alto, seu corpo mais definido. Ele


também tinha esse jeito de manter-se quando se sentava.
Mesmo quando estava com a droga, era reconhecível. Ele era
assertivo, como se nada pudesse tocá-lo. Se houvesse algo
para engatar sua perna em cima, então ele faria, pareceria
casual e despreocupado, mas completamente no controle.

O homem sentado na motocicleta tinha a mesma


confiança, mas não havia mais nada que me fizesse lembrar
de Connor. E quando ele tirou o capacete, vi que era Deck.

Ele levantou a perna sobre a traseira da moto e se


levantou. As portas do SUV abriram e Tyler, Josh e Vic
pularam para fora.

Mas era Deck que tinha toda a minha atenção. Seus


olhos eram intensos quando ele perguntou:

— Ele esteve aqui na noite passada? E eu não quero


dizer no bar.

Merda. Ele não era um idiota. E por que ele me


perguntou isso? Ernie tinha visto Connor sair?

Kai colocou a mão na parte inferior das minhas costas e


me guiou em direção à casa.
— Espere até estarmos dentro, imbecil. Seu amigo
instável mais do que provavelmente tem um rifle sniper em
nós agora.

Deck bufou.

Meus olhos se arregalaram por três razões, a


possibilidade de que Connor ainda estivesse por perto, que
ele tinha um rifle sniper e que Kai pensasse que seríamos
alvos.

— Se ele está, você nunca iria vê-lo. — Disse Deck atrás


de mim. — Fantasma fodido. E agora ele é um fantasma puto,
com memórias como pesadelos.

Kai segurou a porta aberta para mim.

— Então, talvez você devesse ter me escutado meses


atrás e terminado essa merda quando o tivemos.

— Nós não acabamos com qualquer um dos nossos


homens. — Deck replicou.

— Eu deveria ter terminado esta última noite. — Kai


murmurou, balançando a cabeça.

Eu parei no degrau mais alto da varanda e olhei para


Kai. Acabado? Terminado o quê?

Deck olhou para Kai, então seus olhos cortaram para


mim.

— Ninguém está terminando qualquer coisa, Alina. Nós


temos um acordo. Kai não tem permissão para tocar em
Connor. Ele está tentando me irritar.
Eu achei difícil de acreditar que Kai não era autorizado a
fazer qualquer coisa. E se fosse verdade, então tinha de haver
um bom motivo.

Kai deu de ombros, mas havia um jogo suave nos cantos


de sua boca, enquanto ele segurava a porta de tela aberta
para o Deck e eu.

— Acordo é uma interpretação bastante forte. Foi mais


uma sugestão.

— A sugestão de que, se você não seguir, coloco-o em


um saco de defunto.

Kai riu.

— Eu acho que você já esqueceu o quão facilmente


quebrei em sua cobertura e segurei uma faca em sua
garganta.

Deck olhou por cima do ombro para Tyler e o queixo


levantou para o lado direito da casa.

— Claro que sim, chefe. — Tyler desviou-se para o


apartamento do porão.

Mordi o lábio sem saber o que estava acontecendo entre


Deck e Kai. Eles estavam trabalhando juntos, mas London
estava certa; parecia que as torções iriam demorar um pouco
para suavizar. Se isso fosse mesmo possível.

Eu fui cautelosa com quem confiaria, porque a realidade


era que no mundo que eu fui exposta, o dinheiro era mais
importante do que a lealdade. E lealdade era devido ao medo
de ser cortado em pedaços e servir de alimento para os
tubarões.

Connor não era o único que tinha mudado.

Deck nos levou para a sala, caminhou para a janela e


fechou as cortinas. As sobrancelhas de Kai levantaram e ele
sorriu. Deck ignorou.

Será que Deck achava que Connor estava lá fora, nos


assistindo? Que ele realmente colocaria uma bala em um de
nós?

— Não, eu não acho que ele iria nos matar. — Deck


disse, como se estivesse lendo meus pensamentos. — Ele
poderia matar Kai.

Kai foi para o lado, no arco e fora da vista da janela.


Mesmo com as cortinas fechadas, ele tomou precaução.

Vic entrou na casa e parou no hall de entrada. Deck


acenou para ele e Vic desapareceu. Eu o ouvi correr pelas
escadas. Josh o seguindo. Esses caras não tinham que dizer
qualquer coisa, eles sabiam o que o outro queria. Por terem
estado nas forças armadas, aprenderam a ler um ao outro.

— O que está acontecendo? — Eu perguntei.

— Nós decidimos que você pode permanecer na casa,


mas com precauções. — Huh? Eles tinham considerado me
mudar? — Se Connor quiser encontrar alguém, ele encontra e
nós não estamos aqui para irritá-lo. Queremos ajudá-lo. Mas
se nós suspeitarmos que Connor é um risco para você, você
vai ser realocada. Por agora, vamos instalar um alarme,
quando Deaglan der o sinal verde. — Imaginei, pela minha
conversa anterior com Deaglan, que ele agora era o
proprietário da casa, desde que sua avó morreu. O que não
entendi foi porque ele alugou o andar de cima, enquanto ele
permanecia no porão. — O alarme não vai impedi-lo se ele
vier aqui. Mas vai atrasá-lo e nos avisar. — Disse Deck.

Tyler disse:

— Vic está verificando as janelas e portas que precisam


de fiação.

Agradeci a Deus que eu tinha coberto o buraco na


drywall acima da minha cama com uma imagem porque se
Vic visse isso, ele estaria questionando.

Deck estava em pé, com as pernas abertas, os braços


cruzados e olhando como um tronco de árvore imóvel. Ainda
pior eram os olhos, que estavam em mim. E não eram olhos
amigáveis. Eles estavam apertados e escuros. Muito
intimidante.

— Você vai responder a minha pergunta agora?

A resposta era não, mas eu não diria isso em voz alta.


Eu não tinha decidido ainda o que diria. Devia a Deck a
minha vida, por me tirar da Colômbia, mas eu amava
Connor, também e eu o protegeria, não importa o quê.

Então, permaneci em silêncio.

Deck continuou:

— Ele estava no Avalanche.

— Em resumo.
— Por quê?

Eu sabia que isso ia acontecer. Estava pensando sobre o


que dizer todo o caminho para cá, no carro. Connor era o
melhor amigo de Deck, bem, foi e ele queria saber tudo que
Connor tinha falado comigo, mesmo se não fosse significativo.

Ele continuou:

— Pelo que Kai me disse, ele estava no bar e eu acho


que você sabe que Connor é imprevisível. — Eu sabia disso.
— Uma vez que ele está aqui, a sua memória está voltando ou
já voltou e será frágil na melhor das hipóteses. — Ele fez uma
pausa. — Eu conheço Connor desde que éramos crianças,
Alina. Conheço-o melhor do que qualquer um e a merda que
ele fez por Vault não vai ser bem aceito por ele. Vai contra
tudo o que ele é. Isso significa que nós não sabemos o que ele
vai fazer.

Kai foi sentar-se no sofá rosa paisley2, o braço


descansando nas costas e os pés em cima da mesa de café,
com os tornozelos cruzados.

— Um homem não volta para casa e entra em um bar


repleto de amigos, que ele quer fazer acreditar que está
morto. Não sem um propósito.

Mesmo que eu não soubesse a sua razão para fazer isso,


suspeitava que Connor não precisava de um motivo. Como
Deck disse, ele era imprevisível e sua razão para fazer
qualquer coisa agora era distorcida.

2
Espécie de tecido de lã escocês com estampado vivo.
— E se você me dissesse ontem à noite, em vez de
esconder isso de mim, talvez a gente soubesse o seu
propósito. — Deck se dirigiu para Kai.

Kai suspirou.

— Já passei por isso. Não vou fazê-lo novamente.

— Então espero que você ouça, porque não fundirei


empresas com um idiota que mantém a merda de mim.

— Você sabe sobre isso agora. — Kai casualmente


devolveu, sem se preocupar que Deck estivesse seriamente
puto.

Ambos eram homens alfa e Kai foi Vault, o que


significava que ele trabalhava sozinho, muito parecido com o
que Connor fez enquanto estava sob o efeito da droga. Deck
era tudo sobre como trabalhar com uma equipe.

Kai fez uma careta, mas não para Deck. Ele estava
olhando para uma prateleira ao lado da TV com uma série de
estatuetas de porcelana de origem animal. London estava
certa; ele nunca viveria em um lugar como este e ele,
definitivamente, não seria bom com crianças penduradas
nele. Ele virou para mim e acenou para a prateleira.

— Você está bem com merdas como essas por aí?

Ele realmente não gostava das quinquilharias.

— Sim. É uma espécie do bem. London estava


admirando-os esta manhã. Ela mencionou a criação de um
gabinete ou algo em sua casa para colocar alguns.
As sobrancelhas de Kai caíram e seu olhar correu para
as estatuetas de porcelana, em seguida, de volta para mim.

— Isso não vai acontecer. — Ele balançou a cabeça. —


De jeito nenhum, porra.

A porta de tela rangeu, abriu e fechou-se e Tyler e


Deaglan entraram. Deaglan tinha lascas de tinta branca em
todo o jeans e nos cachos confusos de seu cabelo. Ele sorriu
quando viu Deck, se aproximou e lhe deu um tapa na parte
de trás, agitando sua mão.

— Bom te ver.

— Deaglan. — Deck retornou. — Tudo está bem em


casa?

Ele encolheu os ombros.

— Algumas peculiaridades. Meu irmão está causando


merda. Eu tive que endireitá-lo.

Deck bufou.

— Ainda com problemas?

Deaglan riu.

— Um eufemismo. O merdinha. Ele vai ter sua bunda


expulsa da escola.

Deck acenou para mim.

— Você conheceu Alina?

— Esta manhã. — Deaglan piscou para mim, em


seguida, ele olhou para Kai. — Você deve ser Kai?
Os olhos de Kai eram afiados e alertas, quando ele olhou
Deaglan e quando terminou, ele deu um meio sorriso.

— Sim.

— Conheci sua menina, London, esta manhã, —


Deaglan disse. — Eu não acho que ela gostou muito de mim.

As sobrancelhas de Kai levantaram.

— O que lhe faz dizer isso? Ela faz um monte de


trabalho de caridade, ajuda os desabrigados. Você se encaixa
no perfil.

Deaglan riu.

— E Deck disse que eu não gosto de você. — Kai sorriu.


Uau, que amizade improvável seria. — Eu perguntei se ela
queria se juntar a mim e Jen, a aeromoça. — Suas
sobrancelhas uniram. — Ou Jan, porra, foi um J alguma
coisa.

Tyler riu.

Deck balançou a cabeça.

Pensei que Kai jogaria Deaglan pela janela. Em vez


disso, Kai riu também.

— Estou surpreendido que você não tenha um olho


roxo.

Fiquei surpresa que Kai não estava dando-lhe um olho


roxo. A maneira que Kai estava com London era muito
protetora, mas eu também estava percebendo que ele
confiava nela implicitamente e foi por isso que o comentário
de Deaglan não teve nenhum efeito. Kai era completamente
confiante em sua relação com London.

— Você está bem com colocarmos um alarme? — Deck


estava falando com Deaglan novamente.

— Certo. Killian e eu não decidimos se vamos vender,


ainda. — Seus olhos bateram em mim, em seguida, voltou
para Deck. — Existe um problema? Precisa da minha ajuda?

— Ainda não sei se temos um problema. — Disse Deck.


—Connor apareceu no Avalanche na noite passada.

As sobrancelhas de Deaglan levantaram.

— Não me diga?

Deck assentiu e virou-se para mim.

— Ele veio para ver Alina. Ela estava prestes a nos dizer
o que ele queria.

Eu endureci. Com a mente correndo sobre o que eu


deveria ou não dizer. Eu gostei de Deck. Eu não gostava de
Kai, mas era mais porque ele me assustava. Tyler era bonito e
engraçado, Josh quieto e Vic.... bem, Vic era o mais
assustador de todos eles, mas ele tinha ido fazer compras de
calcinhas comigo e não tinha me matado, mesmo que
parecesse que quisesse.

— Ele realmente não queria nada importante. — Eu


disse.

As sobrancelhas de Deck levantaram. Sim, essa


resposta não seria aceita por esses caras.
Fui salva de dizer qualquer outra coisa, quando Vic e
Josh entraram na sala.

— Três janelas precisam de fiação lá em cima. — Disse


Vic. — Alarme em três portas no térreo, oito janelas, portas
novas, trancas frontais e laterais. — Então os olhos de Vic
cortaram para mim. — Use o ar condicionado. Janelas
permanecem fechadas a partir de agora.

Deck disse a Deaglan:

— Você precisa chamar Kite? Nós vamos cobrir os


custos.

Ele encolheu os ombros.

— Não, ele me deixou lidar com a casa. E se é


melhoramento, vou pagar com o dinheiro que ela nos deixou.
Kite, com certeza, não precisa do dinheiro e eu não me
importo. Se o usaremos para atualizar a casa, tanto melhor.

Josh disse algo para Vic e eles saíram, Vic com seu
celular na mão escrevendo alguma coisa. Então, a porta de
tela abriu e fechou.

— Você não está em um trabalho? — Deck perguntou a


Deaglan.

— Não. Apenas arrumando um pouco antes de ir para a


Irlanda. Eu estou livre.

— Bom, podemos precisar de você. Entrarei em contato


com os detalhes.
— Claro que sim. — Disse Deaglan, enquanto tirava o
seu telefone. — Eu tenho que terminar a raspagem daquele
pedaço de merda da cabana antes de escurecer.

— Seria mais rápido derrubá-la e construir uma nova.


— Disse Tyler.

Deaglan bufou.

— Acho que seria. Mas esse era o seu local de chá, tipo
anexado a isso agora. Antes de morrer, a cada porra de tarde,
a menos que o tempo estivesse ruim, ela se sentava lá. — Ele
foi para a porta enquanto estava digitando em seu telefone,
depois hesitou e olhou por cima do ombro para mim. — Se
você ficar com medo, querida, minha porta estará sempre
aberta.

Deaglan pode não ter a aparência de um dos caras de


comando de Deck, mas ele definitivamente tinha a arrogância
de um.

— Obrigada. Eu vou ficar bem. — E tudo isso foi um


exagero. Deaglan voltou a digitar em seu telefone e se foi.
Virei-me para Deck. — Eu não acho que tudo isso é
realmente necessário. — Eu disse.

— Sim. Isso é. Ele estará de volta. — Esse foi Kai. — E a


partir de seu punho esmagando na parede de tijolos acima de
sua cabeça no bar, eu diria que você precisa de uma porra de
bem maior do que um alarme. Mas Deck parece pensar que
Connor vai ser mais receptivo na obtenção de ajuda se não o
irritar muito.
Arrepios levantaram meus braços com o pensamento de
Connor voltar. Eles estavam fazendo tudo para se
certificarem de que ele ficasse fora da minha casa, quando
tudo que eu queria fazer era deixá-lo entrar. Embora, talvez o
alarme não fosse para mantê-lo fora, mas sim avisá-los para
que eles pudessem encontrá-lo.

Os olhos penetrantes de Deck estreitaram em mim.

— Onde está a sua cabeça, Alina? O que ele disse para


você no bar?

Todos os olhos focaram em mim e eu senti como se


estivesse diante de um pelotão de fuzilamento de homens
gostosos. Engoli em seco, não querendo responder, mas
sabendo que ele iria pressionar até que tivesse alguma coisa,
então eu dei uma verdade parcial.

— Ele veio para se despedir de mim.

Kai riu enquanto balançava a cabeça.

— Sim, isso é besteira. Ele teve essa chance quando a


deixou amarrada em um esgoto, porra. — Meus olhos foram
para Kai. — O homem que eu vi não estava vindo para dizer
adeus. Ele pode pensar isso. Pode ter-lhe dito isso. Mas a
única maneira de o cara estar dizendo adeus a você é se ele
for morto. E o meu palpite é que a única razão pela qual ele a
deixou no esgoto e nos disse para levar você, em primeiro
lugar. Ele pensou que fosse morrer com a retirada da droga.

Meus olhos se arregalaram, o coração bateu forte e meu


corpo tremeu. Baixei no braço do sofá antes das minhas
pernas cederem.
Deck tinha os braços cruzados, as pernas na largura
dos ombros, enquanto olhava para seus pés como se
estivesse pensando.

Depois de um minuto, ele levantou a cabeça.

— Eu procurei em cada lugar conhecido que ele já usou


na área. Se ele está lembrando da merda, pode voltar a um
deles. Tyler, eu quero uma cópia impressa de todos os
hóspedes de hotel dentro de um raio de vinte quilômetros.
Aqueles que pagaram em dinheiro e que não fizeram check-
out. Ele vai usar um outro nome. Não sei como ele está
recebendo dinheiro, mas presumo que Vault lhe tinha
configurado com uma conta com acesso ao dinheiro. — Kai
assentiu para confirmar isso. — Ok, isso significa que ele
pode facilmente obter o que precisa. Eu quero silêncio sobre
este assunto. Nenhuma das autoridades, a menos que ele se
torne uma ameaça. Tudo o que quero fazer é falar com ele por
agora. — Seus olhos pousaram em mim. — Alina, percebo
que você quer protegê-lo. Há uma história entre vocês. Mas
você sabe que Connor é meu melhor amigo. Ainda é e não
dou a mínima se ele se foi há onze anos e que não é mais o
homem que era. Nós não deixamos um homem para trás.
Você entende o que eu estou dizendo?

— Sim, eu entendo. — Connor costumava falar sobre o


vínculo que todos os caras compartilhavam. Eles se lançam
em cima de uma granada para salvar a vida do outro.
Mas a minha lealdade para com Connor era forte
também. E eu era a única que realmente o conheceu como o
homem frio e duro, sem memória.

Apesar de querer ajudar Deck, eu faria o que Connor


queria, porque ele precisava de mim.

— Você não vai me dizer nada, não é? — Deck


continuou.

Eu balancei minha cabeça.

O celular de Kai tocou e ele levantou-se e deixou a sala


antes que dissesse:

— Baby? Você está bem?

Deck veio em minha direção e não gostei que eu estava


sentada quando ele se elevou sobre mim. Mas então ele se
agachou e colocou a mão no meu joelho.

Seus olhos se suavizaram quando ele disse:

— Gosto que você esteja protegendo-o. — Eu abri minha


boca para negá-lo, mas ele deu um meio sorriso e continuou,
antes que eu tivesse a chance. — Nós treinamos juntos.
Conheço os seus movimentos, mesmo que ele tenha sido
desertor por anos. Também sei que ele está lembrando da
merda. Não sei o dano que está fazendo com ele, mas acho
que você sabe. Eu vou confiar em você para saber quanto é
importante me dizer o que preciso saber para manter a ele e
todos os outros seguros. — Ele ficou quando Vic e outros
dois caras vieram com um monte de dispositivos eletrônicos e
rolos de fios em suas mãos. Deck continuou — O alarme
silencioso irá notificar-nos, não a polícia. Não quero magoá-
lo, Alina. Queremos ajudá-lo e nós vamos fazer isso, se
pudermos. — Eu queria ajudá-lo também, mas Connor não
queria ajuda. — Tyler ou Vic irá levá-la para o trabalho até
que decidam de outra forma.

— Eu posso dar uma... — Minha voz sumiu quando eu


conheci o seu olhar inflexível. — Sim, tudo bem.

Deck assentiu em seguida, apertou meu ombro antes


que saísse da sala onde eu o ouvi falando baixinho para Vic.

A casa tornou-se um turbilhão de militares gostosos que


se deslocavam enquanto instalavam o alarme. Bem, Kai não o
fez; ele saiu após o telefonema.

— Você entendeu?

Eu levantei e olhei para o cara do alarme, acho que Vic


disse que seu nome era Jim ou John ou algo assim.

— Umm, desculpe. Você pode me mostrar de novo?

— Não tem problema. — Ele sorriu, virou-se para o


alarme e explicou sobre a forma como funcionava,
novamente.

Peguei meus números para o código e nós praticamos


um par de vezes.
Quando Jim/John ficou satisfeito e eu sabia o que
estava fazendo, ele disse a Deck e todos se foram. Bem,
todos, exceto Tyler que estava dirigindo para mim, até o
Avalanche.

Eu o deixei assistindo TV, subi as escadas e tomei


banho.

Foi quando eu estava sentada no chão de azulejos, com


a água quente caindo sobre mim, que me deixei desmoronar –
de novo.
Capítulo
12
Pergunta 6: Que tipo de animal de

estimação ou animais de estimação

você já teve?

PASSADO

Eles me empurraram contra a parede de cimento sujo,


algemaram as minhas mãos a um anel de metal acima da
minha cabeça. Eu era capaz de virar-me, dar um passo em
qualquer direção, mas era só isso.

Eu sabia o que estava ao lado. Eles me regavam uma vez


por semana, jogavam um balde de algum tipo de desinfetante
em mim que queimava as minhas narinas e picava os meus
olhos. Se eles não dessem um jato de mangueira, rápido o
suficiente, minha pele pareceria como se estivesse em chamas.
Esta era a única cela que estive que tinha uma janela, do
tamanho de uma trave de futebol e a única vez que respirava
ar fresco nesta porra de merda.

Ao longo das últimas semanas, eles me alimentaram


metade decentemente, mas eu não conseguia descobrir o
porquê. Eles nunca me questionaram e eu nunca lhes disse
uma merda. Nunca o faria.

Algo estava diferente. Como se eles tivessem que se


certificar de que eu viveria.

Notei uma mesa dobrável com um monitor sobre ela, perto


da porta. Nunca tinha visto isso antes e era bastante óbvio que
foi criada para mim. Pelo menos finalmente, estavam chegando
a algum lugar depois de meses desta merda.

Um resgate foi pago? Porra, eu não esperava. Prefiro


morrer do que dar a estes bastardos o que eles querem. Deck
sabia disso. Vic, também. Todos nós pensamos da mesma
maneira.

Passaram-se horas até que um rapaz entrou. Seu rosto


não estava coberto e isso nunca era um bom sinal para sair
vivo. Ele tinha pele morena e cabelos escuros que cobriam sua
testa larga. Eu queria alguém para dizer algo, para que eu
pudesse pelo menos tentar decifrar seu sotaque. Eu tinha
assumido inicialmente que estávamos no Afeganistão, onde as
bombas tiraram os Humvees, mas agora sabia que não havia
nenhuma chance porque havia uma umidade distinta no ar e
eu tinha ouvido a chuva em mais de uma ocasião.
— Vocês idiotas vão me mostrar filmes? — Perguntei, com
a voz áspera. — Porque sou um grande fã de Jason Statham.
Ou, porra, um filme de super-heróis. Isso seria legal.

Ele me ignorou, assim como os outros, milhões de vezes.


Ninguém disse uma merda e isso me deixava louco. Sem saber
porque estava aqui ou o que eles queriam. Bem, talvez isso
fosse terminar hoje.

Ele apertou o botão na parte inferior da tela, que piscou


uma infinidade de cores por um segundo, antes de uma
imagem aparecer.

Meu coração parou.

Minhas entranhas congelaram. Eram como se cacos de


gelo me apunhalassem, com minha vida inclinada em seu eixo.

Não. Foda, não.

Alina?

Minha Alina. Não. Era impossível.

Minha mente era um turbilhão de confusão e eu era


incapaz de entender o que estava acontecendo. Por que Alina
estava na tela do vídeo? Eu não a tinha visto em quase dois
anos. Não, desde a nota.

A porra da nota. Uma nota que eu tinha destruído junto


com as páginas de meu diário que continham suas respostas
às perguntas e aos pequenos detalhes sobre ela. Eu a tinha
apagado. E eu a odiava para caralho.
Ela estava morta para mim. Eu não tinha dito a Deck
sobre ela. Eu não disse a ninguém porque Alina Diaz foi uma
mentira, cadela enganosa e já não existia.

Até este momento.

Meu estômago caiu e meu coração parou, antes de


começar novamente em uma debandada de batidas.

— Que porra é essa? Que porra é essa? — Eu gritei.

Puxei violentamente os punhos, meu corpo balançou para


trás e bati na parede enquanto tentava me libertar. Sangue
arrastou pelos meus braços, meus lados, e, finalmente,
embebeu as minhas calças.

— Que porra é essa? Onde ela está?

Por quê? Jesus, por que eles a tinham também?

Vê-la na tela levantou todas as emoções enterradas que


eu sentia por ela e elas correram de volta para mim como uma
parede de tijolos.

O cara se inclinou na frente da tela e apertou um botão.


Em seguida, o vídeo reproduziu.

Eu congelei. Olhando para a tela enquanto minha mente


tentava captar o que eu estava vendo. A data. A data do vídeo
estava no canto na tela.

Não.

Porra, não.

Foi de uma semana depois que ela me deixou. Uma


semana. O vídeo tinha quase dois anos.
Um pavor frio tomou conta de mim, enquanto eu
observava.

Alina estava de joelhos chorando incontrolavelmente. Seu


rosto estava pálido, os cabelos desarrumados e cobrindo
metade do seu rosto, colados às suas bochechas molhadas,
cobertas de lágrimas. Havia sangue espalhado em suas
roupas, enquanto ela balançava para frente e para trás, com a
cabeça de um homem embalando em seu colo.

Ela suavemente acariciava seus cabelos, enquanto


chorava.

Depois de um minuto, ela olhou para quem estava na


frente dela, mas fora da câmera.

— Por quê? Por quê? — Ela engasgou.

— Você precisa saber o que vai acontecer se você me


desobedecer. — Uma voz de homem respondeu.

Ela balançou a cabeça para trás e para frente.

— Eu voltei. Eu voltei.

Porra. Porra. Porra.

Não, Alina.

Mas as peças foram se unindo na minha cabeça fodida. A


anotação. Porque ela me deixou.

Quem era o idiota atrás da câmera? Ela foi, obviamente,


forçada a voltar para ele.

O homem no vídeo riu e foi como pneus cantando.


— Sim. Você voltou. Mas a contragosto. E você recusou
minha oferta.

Ela caiu em cima do homem morto, seu corpo sacudindo


violentamente.

— Oh, Deus, Juan. Juan.

Porra, era seu irmão. O corpo morto que ela embalava em


seu colo, era seu irmão. Ela deixou-me e foi para este homem
porque ele tinha seu irmão.

O homem fora da câmera disse:

— Você já tentou e deixar-me haverá consequências


graves, Catalina.

Meu sangue ferveu e enrolei meus dedos em minhas


palmas.

Ela levantou a cabeça. Seu lábio inferior tremeu e sua voz


tremeu quando ela disse as palavras.

— Eu não vou. Eu juro. Eu não vou. Por favor, deixe


minha mãe em paz.

De jeito nenhum. Isso não poderia estar acontecendo.

Em seguida, o mundo desabou e eu me perdi.

— Alina! Jesus!! — Eu gritei.

O anel em que eu estava algemado clicou contra o


cimento quando eu me debati. Eu sabia que não deveria lutar.
Isso só lhes daria prazer e fez a merda pior para mim. Não
havia como escapar ou ganhar aqui. Ganharia por ser calmo.
Controlado.
Mas o controle falhou quando o vídeo foi reproduzido,
depois parou e começou desde o início novamente. Rasguei as
correntes que me trancavam a parede.

Seus soluços romperam a minha raiva e eu parei. A


respiração era áspera e irregular, enquanto meus olhos se
lançaram para a tela novamente.

Esmagado. Era como se meu interior estivesse em um


depósito de lixo, girando ao redor e ao redor, as lâminas
picando-me em pequenos segmentos até virar mingau.

Quem eram essas pessoas que a tinham desde que ela


me deixou? Eu tinha ido e concluído o meu treinamento com
JTF2, feito missões e todo esse tempo em que eu a odiava, ela
era prisioneira de um psicopata.

Por quê? O que estava acontecendo?

Engoli a bílis quando ela ameaçou subir. Tudo dentro de


mim era uma guerra de emoções, enquanto o vídeo na tela
soava na minha cabeça.

— Seus bastardos. — Eu não tinha outras palavras,


quando a dor me rasgou. Não era uma dor física, eu poderia
lidar com isso. Isto era pior. Muito pior.

Eu rosnei.

— Que porra você quer?

A tela ficou preta.

— Onde ela está? — Gritei, olhando ao redor da sala


para o cara, mas ele se foi.
Eu não o tinha ouvido sair porque estava muito focado no
vídeo.

O que Alina tem a ver com eu estar aqui? Como é que eles
sequer sabem sobre Alina e eu? Por que eles se importam?

A tela iluminou de volta à vida e seus soluços começaram


outra vez.

E de novo.

E de novo.

Mesmo quando eu não podia vê-lo mais, eu a ouvia.

Eu ouvi.

Seus gritos ecoaram. As palavras dela. A barragem


constante de ódio, dor e desespero rasgando-me uma e outra
vez.

Não. Ela era minha. Eu deveria protegê-la.


Capítulo
13
Presente

Eu não tinha visto ou ouvido sobre Connor desde que


ele apareceu e nós fizemos sexo. Isso tinha sido há um mês e
eu sentia a cada segundo que ele tinha ido embora.

Meu coração dava um salto cada vez que ouvia uma


motocicleta. Pulava quando alguém vinha por trás de mim.
Sempre o procurava nas sombras do bar. Quando eu não
conseguia dormir, ficava na varanda esperando que ele
viesse.

Ele não veio.

O trabalho era minha salvação. Eu tomava turnos


extras quando podia e o bar ficava normalmente ocupado,
especialmente de quarta-feira para sábado, quando Matt
tinha bandas tocando.

Eu visitava o Centro de London uma vez por semana e


descobri o quanto eu gostava de interagir com os animais.
Amava o quão honesto eles eram e, se eles não gostassem de
você, você saberia disso.

Eu considerava adotar um gato, um mais velho que


precisasse de uma casa. Algo permanente. Algo para amar e
cuidar e que me adoraria também.

A cabra, Foguete, era quase tão bonita quanto Bacon,


mas muito mais perniciosa. Ela era impossível de conter,
porque desejava encher a sua barriga e manobrava sob as
cercas. Mesmo com apenas três pernas, ela era ágil.

Se ela estivesse em uma barraca, mexia com a trava até


que abria e por razões de segurança, trancá-la não era uma
opção. Então, Foguete percorria livre a propriedade, mas
nunca entendi como ela tinha formado uma forte ligação com
Bacon.

Isso não era um problema até que ela pulou sobre o


capô do carro de Kai.

London e eu estávamos no celeiro quando aconteceu.


Ouvimos uma porta do carro e, em seguida:

— Essa porra ainda está viva?

Depois, houve um berro alto e um tamborilar rítmico,


como sapatos de sapateado em metal.

Quando chegamos lá fora, Kai estava na frente de seu


carro em um terno azul listrado e de muito estilo, olhando
para Foguete, que estava olhando para ele do capô de seu
carro.
— Saia. — Kai rosnou, mas ela não fez nenhum
movimento em direção a grama.

Foguete bateu o casco, mas como ela só tinha uma


perna na frente, isso fazia com que ela se erguesse. Então ela
baliu. Eu estremeci, porque parecia como se ela estivesse
desafiando-o.

Kai não disse nada por um minuto, enquanto olhavam


um para o outro, em seguida, ele grunhiu.

Em seguida, ele riu.

Ele riu.

E isso me preocupou porque ninguém iria rir e ficar


calmo quando seu carro estava sendo pisoteado por uma
cabra. Este era Kai e ele gostava de despistar as pessoas
sobre o que estava realmente pensando.

London se inclinou para mim.

— Acho que ele está impressionado com a bravura de


Foguete.

— Eu não tenho tanta certeza. Há uma cabra sobre o


capô de seu carro. — Um belo carro, muito caro.

London assentiu.

— E ele ama esse carro.

Durante o mês passado, eu lentamente aceitei Kai e o


motivo foi porque eu vi como ele era com London. E o homem
não amava o seu carro. Eu tenho certeza que ele gostava,
mas ele não se importava com isso. Tudo o que ele amava e
se preocupava era London.
A cabra baliu novamente.

Era como se Foguete risse dele.

London riu também. Eu não estava tão certa de que


fosse uma boa ideia.

Kai caminhou em nossa direção.

— Baby. Você pode esquecer de ter um animal de


estimação.

London perguntou:

— Que tal um gato?

Estremeci quando cascos clicaram. Foguete tinha


saltado para o telhado.

Kai olhou por cima do ombro.

— Eu juro que ela está fazendo isso de propósito. Um


amassado e você sabe o que acontece com essa cabra.

London sorriu. Nós duas sabíamos que Kai nunca


machucaria a cabra. Ela ficou na ponta dos pés e beijou-o.
Era doce porque não importa o quão chateado ele estava, Kai
ainda colocou seu braço ao redor dela, trouxe-a para ele e
beijou-a também.

E, sim, o meu peito doía por vê-los, porque eu sentia


falta de ter isso. Cada dia que passava, a esperança de que
Connor quisesse voltar desaparecia, mas a dor não. Doía
tanto quanto o primeiro dia, talvez mais, porque a cada dia
eu o perdia mais e me preocupava.
— Como foram as aulas? Está se sentindo melhor hoje?
— Ele perguntou, deixando de lado o assunto da cabra, a fim
de descobrir como foi o seu dia.

— Sinto-me bem hoje. As aulas são difíceis, mas boas.


Eu não tinha percebido o quanto senti falta de estar no
laboratório. Vou voltar mais tarde esta noite, para fazer
alguma pesquisa.

— Eu vou com você. — Kai afirmou. Ela abriu a boca,


mas Kai continuou, — Você é sexy para caralho vestindo um
jaleco e eu quero ver você trabalhar. — Então ele olhou para
mim. — Você está bem?

— Sim. Bem obrigada.

Ele assentiu. Foguete então baliu um som agudo e pisou


como se ela estivesse chateada por nenhum de nós estar
prestando atenção a ela.

Kai ficou tenso e a calma descontraída desapareceu.

— Você precisa lidar com essa porra de cabra, Coração


Valente. — Ele fez um gesto com o queixo para Foguete. — Se
ela cair de cabeça em qualquer parte desse carro, vai
encontrar a minha faca.

— O veterinário tirou os remédios. Ela está um pouco


mais ruidosa do que o habitual. — London sorriu para ele.
Mas Kai tinha acabado com as sutilezas.

— Não dou a mínima se o veterinário lhe deu uma porra


de perna nova e um novo coração. Tire-a do carro.
— Eu vou pegar as batatinhas. — Mergulhei de volta
para o celeiro. Foguete era teimosa, mas ela tinha uma
fraqueza — batata frita. Descobrimos isso porque ela roubou
um saco inteiro da mão de Danny há três semanas. Portanto,
agora temos mantido as batatinhas na sala de alimentação,
uma sala de alimentação com cadeado.

Eu ouvi Kai dizer:

— Baby. Eu disse a você, eu não quero um. Dou-lhe


qualquer coisa, mas sem animais de estimação em casa. —
Eu não pude ouvir a resposta de London, mas ouvi Kai. — Eu
não vou compartilhá-la com qualquer coisa. Tem certeza de
que está se sentindo bem? Você tem um compromisso?

Quando voltei com as batatinhas, atraí Foguete do


telhado e em seguida, London e eu levamos Kai em uma
excursão que terminou na casa para as crianças. Era mais
uma mansão do que uma casa. Era desígnio de Tristan e
Chess para garantir que o lugar fosse como qualquer outra
casa e não se parecesse com uma instalação fria e estéril.

Depois, Kai levou-me para o Avalanche para o meu


turno, enquanto London havia ido direto do Centro para a
universidade. O acompanhamento de Vic ou Tyler, para o
trabalho tinha parado há alguns dias atrás, uma vez que não
houve nenhum sinal de Connor. Deck me disse que todos os
esforços foram em vão e enquanto eles estavam ainda
continuando a procurar, outros trabalhos necessitavam a sua
atenção. London informou-me que eles estavam 'visitando'
todos os associados Vault conhecidos para ter certeza de que
todos sabiam que Kai estava no comando da sua nova direção
com Deck.

Quando cheguei em casa depois do meu turno


insanamente ocupado, tomei um banho rápido e, pela
primeira vez em um mês, adormeci em poucos minutos.

Acordei com um hálito quente contra o meu pescoço e


um sussurro áspero.

— Baby.

Meus olhos se abriram.

— Connor?

— Sim. — Disse ele contra o meu pescoço, os lábios


vibrando na minha pele.

Ele me abraçava por trás, um braço travado em torno da


minha cintura, sua palma em meu abdômen e seu corpo
pressionado contra mim, com apenas um lençol entre nós.

Meu coração batia forte e meu estômago virou. Mas não


foi apenas uma virada; foi um longo virar, como se eu
estivesse andando no primeiro carro de uma montanha
russa, não sabendo o que esperar.

Antecipação. Medo. Excitação. Tudo girou em torno e


dentro de mim, como um pequeno tornado. E eu estava
segurando sua preciosa vida, porque realmente não sabia
porque, depois de um mês, Connor, de repente apareceu na
minha cama.

Na minha cama.

Na casa.

Oh Merda. Empurrei o braço dele, enquanto o pânico


batia.

— O alarme. — Deck e os caras virão aqui. — Há um


alarme silencioso...

Connor apertou-me, com uma perna jogada sobre a


minha e metade do seu peito em cima de mim.

— É bom.

O que ele queria dizer com é bom? É bom que em cinco


minutos Deck, ou pior, o assustador Vic apareceria, botando
a porta para baixo e entrando no meu quarto como um
furacão? Isso não era bom.

Minhas mãos empurraram no peito dele e não teve


nenhum efeito, mas empurrei de qualquer maneira.

— Não é bom.

Eu ia fazer alguma coisa. Dizer-lhes que esqueci de


desarmar o alarme quando fui sentar na varanda.

Merda, Deaglan. Demoraria poucos minutos antes de


um dos rapazes chegar aqui. Deaglan estava no térreo e para
o andar de cima seria cinco segundos, se o alarme
disparasse. Podia estar vindo agora e eu não tinha ideia.
Eu queria mais do que qualquer coisa que Connor
tivesse ajuda, mas não queria que isso acontecesse por eles
pegá-lo aqui. E eu tinha certeza que não iria mais além com
Connor.

— Você tem que ir.

Connor não estava prestando atenção em mim ou se ele


estivesse, não pareceu preocupado que seus amigos ex-
militares descobrissem que ele estava aqui e na minha cama.

Em vez disso, ele beijou abaixo do meu ouvido e arrepios


dançaram toda a minha pele. Eu realmente não queria que
Deaglan entrasse, por isso, apesar dos calafrios e amassos
doces, empurrei tão forte quanto podia seu peito, enquanto
deslizava para fora de debaixo do seu braço.

— Pare. — Ele ordenou, quando os meus pés tocaram o


chão. — Eu o desarmei. E o seu cão de guarda no andar de
baixo não está em casa. Ele está com Kai. — Deaglan estava
com Kai? — Eles aliviaram a sua vigilância.

Ele sabia que eles estavam me vigiando? E se ele sabia,


então ele esteve me observando também.

Meus olhos dispararam para ele pela primeira vez e,


embora ainda estivesse escuro, as luzes da rua iluminavam o
espaço suficiente para eu ver o seu rosto.

Calmo. Ele pareceu completamente calmo.

— Você desligou o alarme?

— Vi ser instalado. — Ele tinha? Suas sobrancelhas


abaixaram e os olhos escureceram para um azul mar
tempestuoso. Agora, não tão calmo. — Vi o cara lhe ensinar
como funcionava isso. Cinco vezes fodidas.

Eu não conseguia lembrar quantas vezes. Foi há um


mês atrás.

Ele serpenteou seu braço em volta do meu peito e me


arrastou de volta sob ele, mas desta vez não havia lençol que
nos separasse. Ele beliscou meu ouvido e sua mão
escorregou debaixo da minha camisola e acariciou a minha
barriga.

Foi lento.

Suave.

E me fez esquecer o que estávamos falando,


especialmente quando a ponta do seu dedo deslizou pela
borda da minha calcinha sob a costura.

— Não gosto dele perto de você.

— Hã?

— Não gosto de como ele olha para você também. — Sua


perna deslizou para cima da minha perna e para o meu
joelho e para baixo novamente. O denim do jeans esfregou na
minha pele nua e o calor de seu pé descalço o seguiu.

Ele beijou a ponta do meu queixo e também mais perto


de meus lábios.

— Ele ficou ao seu lado, com os olhos em seus seios. Eu


não gosto dele. — Ele desenhou um padrão em todo o meu
abdômen. — Quase puxei o gatilho, queria puxar o gatilho.
Isso me arrastou para fora da neblina, meus olhos se
abriram e minha barriga virou por uma razão completamente
diferente.

— Quem? Do que você está falando? — Puxou o gatilho?


Puta merda. Ele estava falando sobre o cara do alarme, John
ou Jim?

— Você ainda está trabalhando no bar.

Não era uma pergunta. Mas eu ainda estava de volta no


‘quase puxei o gatilho’.

— Você está dizendo que quase atirou no cara do


alarme, porque ele estava olhando para os meus seios? O que
não é verdade. — Pelo menos eu não penso assim. Eu estava
prestando atenção no que pressionar para que não me
atrapalhasse e tivesse Deck e a equipe de Kai aqui porque
pressionei os botões errados. Eu não poderia imaginar
qualquer um dos caras, especialmente Vic, estando satisfeito
em ser arrastado para fora da cama no meio da noite por um
alarme falso.

Prendi a respiração, com os dedos apertando o pulso de


Connor, para impedi-lo de acariciar o meu abdômen.

— Como você sabia os números para desligar o alarme?

— Baby, solte o meu pulso. — Ele rosnou.

Eu não soltei, porque não conseguia me concentrar


quando ele estava me tocando.

— Como você sabia os números? — Eu repeti.

Seu corpo ficou tenso e seus olhos se estreitaram.


— Solte. Agora!

Foi quando ele forçou para fora a palavra ‘agora’ que


enviou uma onda de medo em mim e rapidamente puxei a
minha mão. Ele imediatamente descontraiu, bem, como
Connor poderia relaxar.

Pensei nas cicatrizes em seus pulsos e percebi porque


ele não gostou. Deus, o que Carlos fez com ele? Havia partes
de mim que desejava que sua memória não tivesse retornado.
Que ele nunca tivesse que se lembrar do que foi feito com ele.

Mesmo que isso significasse que ele não iria se lembrar


de mim.

Ele se moveu. Foi rápido e ágil quando sua perna foi


para o outro lado de mim e me montou. Ele trancou meus
braços para baixo em ambos os lados da minha cabeça com
as mãos nos meus pulsos e se inclinou para frente.

Eu estava com um pouco de medo porque ele estava de


cara feia, mas tomei consolo no fato de que seu corpo estava
relaxado e sua respiração estivesse lenta e constante.

Eu não poderia dizer o mesmo da minha enquanto o


meu peito subia e descia em uma rápida sucessão.

Ele soltou um pulso e pegou a minha mandíbula, o


polegar levemente brincando com meu lábio inferior.

— Não precisa ver para saber quais números você


escolheu, Fotógrafa Dedicada.

Eu congelei. Puta merda. Puta merda. Os números.


Lembrou-se dos meus números?
Eu não achei que ele iria se lembrar de algo tão bobo.
Mas ele tinha e meu peito inchou.

— Você lembra?

— Sim, querida. — Ele inclinou a cabeça e beijou o oco


do meu pescoço.

Deus, eu adorava isso. Quando escolhi os números para


o alarme, ainda não tinha pensado nisso. Eu só os bati
quando o cara me disse para fazer — 11528.

Ele colocou beijos entre meus seios e eu inalei, fechando


os olhos, arrepios, pontadas, faíscas, tudo isso em erupção ao
mesmo tempo.

— Connor?

— Sim?

— Podemos voltar para o ‘quase puxou o gatilho’? Isso


está me assustando. — Isso foi dizer o mínimo.

Seu polegar se deteve no meu lábio.

— Não o vi. — Connor suspirou, fechando os olhos por


um segundo, a cabeça caindo. — Não vi ele ao seu lado,
querida. Vi Moreno. — Oh, merda. — Então, sim, eu quase
puxei o gatilho. Eu não posso suportar a ideia do que você
passou, sendo forçada a ficar com ele. Eu quero matá-lo
novamente e novamente.

Não havia nada para eu dizer sobre isso. O cara do


alarme teve a sorte de estar vivo e Connor também, porque se
ele tivesse puxado o gatilho, haveriam caras do comando de
elite em todo o lugar que o teriam caçado. Eu não tinha tanta
certeza se Deck teria mantido sua palavra e não o
prejudicado.

Ele continuou:

— Eu tomei a minha motocicleta e montei. Não estava


pensando em voltar.

Foi por isso que ele desapareceu.

— Onde você foi?

— À pista.

— À pista?

— Onde eu costumava correr com motocicletas. É


abandonada agora. Passei alguns dias lá, até Vic aparecer. —
Eu endureci. — Ele não me viu, mas esteve muito perto,
então saí. Dirigi por um tempo e pensei que poderia
continuar.

— Mas você voltou.

— Sim. — Ele segurou meu rosto, os olhos fecharam,


cabeça ainda inclinada para baixo. — É o último lugar que eu
deveria estar, mas não posso ficar longe. — Ele parou por um
segundo. — Porra, Alina. Eu preciso de cada parte de você.

— Connor, você me tem. — Eu disse. Talvez tenha sido a


captura na garganta ou as minhas palavras, mas ele se
acalmou em seguida, levantou a cabeça e meu coração parou.
Ele parou quando seus olhos encontraram os meus.

Porque no fundo eu vi a devastação. Não apenas a


devastação, era mais poderoso do que isso. Eram os
destroços de uma alma.
— Eu esqueci de você.

Oh Deus.

Ele se inclinou, até que sua testa descansou contra a


minha, com os olhos fechados.

— Eu esqueci de você. — Ele repetiu em um sussurro


áspero. — Eu vivi por anos sem você em mim. — Ele levantou
e seus olhos encontraram os meus. — Eu vi você chorar. Vi
você pedir a ele para não te obrigar a fazer, enquanto
segurava os braços dele, forçando-o a segurar a arma. Eu
assisti quando você matou o homem ao meu lado. Vi você
fazer uma escolha entre mim ou ele. — Ele balançou a cabeça
para trás e para frente, uma mecha de cabelo caindo na
frente de seu olho. —Quando minha memória voltou... — Eu
mal podia ouvi-lo, as palavras foram ditas quase como se
para si mesmo e não para mim. — ... eu tive as peças.
Irregulares, fodidas peças. Peças que eu não queria ver mas
tinha que fazer. — Ele fez uma pausa, em seguida,
sussurrou: — Isso me matou, eu esqueci de você.

— Connor, você se esqueceu de tudo. Todos. A droga fez


isso.

Ele me encarou por um minuto, nenhum de nós se


movendo, apenas o som da nossa respiração e o ligeiro
farfalhar dos lençóis, enquanto nosso peito subia e descia.

— Eu não consigo lhe esquecer de novo. — Disse ele. Eu


abri minha boca para dizer que ele não iria, mas seus olhos
se estreitaram. — Eu. Não. Posso. Esquecer.

— Você não vai. — Eu disse.


— Voltei, então eu não iria esquecer.

Oh, Jesus. Ele estava preocupado que fosse me


esquecer novamente. Eu estabeleci a mão na parte de trás do
seu pescoço, enrolando meus dedos em seu cabelo.

— Você não vai esquecer. Eu não vou deixar você.


Apenas fique comigo. Podemos conseguir ajuda.

Seus olhos escureceram.

— Não me peça para fazer isso, Alina.

— Mas os seus amigos...

Ele moveu rápido, a mão agarrando meu queixo, dedos


apertando.

— Não!

Eu parei de respirar, mas persisti.

— Connor, por quê?

— Que porra você acha que acontece com um cara como


eu? No segundo que eu perder a minha merda, vão me
encher de drogas e me trancar. Eu nunca vou ser drogado ou
preso novamente. Nunca. — Entendi isso, mas como ele
deveria ficar melhor? — Eu não quero estar perto de
ninguém, exceto você. — Sua voz endureceu. — Não os
mencione novamente. É tarde demais para a porra da ajuda.
Entendeu?

— Sim. — Eu disse a palavra, mas não entendia por que


ele não quer ver seus amigos? Seu melhor amigo e sua irmã,
que ele tinha adorado? Deus, seus pais.
Mas o medo permaneceu dentro de mim. Aquele olhar
de tempestade em seus olhos. A raiva persistente pronta para
entrar em erupção, com a menor pressão. O pensamento de
que ele quase matou um homem porque pensou que era
Carlos. O pensamento de que pudesse desaparecer de novo e,
ao mesmo tempo, que não faria.

Sua mão deslizou na minha frente, queimando um


caminho entre os meus seios, meu abdômen, até a borda
inferior da minha camisola, onde seus dedos se enroscaram e
ele puxou-a para as minhas costelas.

— Você quer que eu lhe coma esta noite?

Eu era fraca porque a resposta era sim? Seria sempre


sim. Meu corpo doía por ele. Minha barriga dava voltas,
cambalhotas em queda livre. E o que estava acontecendo
entre as minhas pernas era uma necessidade explosiva.

Mas isso era muito mais do que desejo.

Sempre era.

— Sim. — Eu sussurrei. Talvez fosse estúpida,


alimentando essa necessidade entre nós, mas eu estava
faminta por ele e até mesmo se pudesse ser alimentada com
minúsculos pedaços através do sexo, ia levá-lo.

Só não sabia por quanto tempo.

Ele olhou para mim por alguns segundos, como se


tentasse ler se eu estava realmente bem com isso.
Honestamente não sabia se eu estaria bem com isso amanhã.
Mas hoje estava e isso era tudo que eu conseguia pensar.
— Você é minha. — Ele murmurou, sob sua respiração
quando abaixou a cabeça, com os lábios a um fôlego. —
Nunca dele.

Inalei bruscamente pouco antes de sua boca reivindicar


a minha.

Eu me rendi. Não havia outra maneira de descrever,


porque ele fazia isso comigo. Eu sempre me rendia a ele.

Mas isso era real. Era ele e dentro do beijo de fazer


hematomas havia pureza e beleza.

— Porra, baby. — Seus lábios vibraram contra os meus.

Eu precisava de mais. Eu tinha que ter tudo dele. Sua


mão estava na parte de trás do meu pescoço e os dedos
agrupados no meu cabelo.

— Deus, Connor.

Ele sentou-se sobre os joelhos, desfez seu jeans e tirou-


os, levando sua cueca boxer com ele. Puxando a camiseta
pela cabeça, ele jogou de lado.

Meu olhar percorreu seu peito musculoso e seu pênis.


Era grosso, duro e pronto para mim. Ele empurrou sob meu
olhar e meus olhos voaram de volta para seus olhos.

Connor me observava com um meio sorriso lento


formado e meu coração parou com a magnificência do
mesmo. Eu senti falta desse olhar. A forma como ele me
cativava com seu brilho e me aquecia por dentro. Como
atingia cada parte de mim, como se eu estivesse deitada nua
ao sol, com a minha pele úmida após a imersão em um rio
lento e refrescante. Tudo isso estava em seu sorriso.

O sorriso que eu capturei com minha câmera no dia


após o piquenique em seu quarto. Nós sentamos sobre o capô
do Humvee, ele me fez cócegas enquanto eu tentava tirar uma
foto de nós. Era fora do centro e sincero, com metade do meu
rosto coberto pelo meu cabelo despenteado pelo vento, com a
cabeça inclinada para trás com a risada. Seu sorriso era largo
e seus magnéticos olhos azuis brilhavam com jovialidade.

Foi a primeira imagem que eu tinha visto na mesa de


centro de Carlos. Deitada em cima de todas as outras. Era
também o Connor colocando até a mais leve chama laranja, a
cintilação rapidamente comendo seu sorriso.

Carlos. Vault. Eles queimaram o sorriso de Connor.

— Acabou. Pare de pensar. — Connor murmurou contra


minha garganta enquanto arrastava beijos até a minha
clavícula.

— O que Carlos fez para você...

Sua cabeça ergueu.

— Cale a boca. — Ele rosnou.

Minha respiração engatou e eu acalmei embaixo dele.

— Você não diz o seu nome... nunca. — Seus olhos


vieram para mim. — Diga.

— Eu não vou dizer o nome dele.

— Mais uma vez. — Ele ordenou.


— Connor... — Seus olhos se estreitaram e eu disse
rapidamente. — Nós não falaremos sobre ele, nunca. Eu
nunca vou dizer o nome dele novamente.

Ele olhou para mim por um segundo, seu corpo


vibrando com a tensão. Então ele saltou da cama, girou e
saiu do quarto.

Oh, Deus, o que aconteceu?

Saltei da cama e fui até o corredor, assim como ele


correu pelas escadas e desapareceu na esquina em direção
aos fundos da casa. Ouvi uma porta bater. Mas não era a
porta de fora. Era a porta do banheiro do térreo.

Os canos empurraram e resmungaram quando a água


ligou.

Eu andei pelo corredor, descendo as escadas, em


seguida, virei a esquina até que eu estava fora do banheiro.

A água corria através dos tubos do chuveiro.

Eu não tinha certeza se o que eu estava prestes a fazer


era uma boa ideia ou não, mas mesmo assim eu fiz. Virei a
maçaneta.

Ele não tinha trancado. Entrei, fechei a porta atrás de


mim para que o calor não escapasse e inclinei-me contra ele.

Ele não estava no chuveiro. Ele tinha suas mãos


enroladas em torno da borda da bancada com a cabeça baixa,
cabelo pendurado na frente de seu rosto, corpo tenso.

— Dá o fora. — Disse ele, sem olhar para mim.

Eu não me movi.
— Jesus. Caia fora daqui Catalina. — Pelo tom tenso, ele
estava tendo problemas para manter sua raiva contida.

Ele nunca me chamou Catalina, exceto na Colômbia.

— Não. — Meu coração ia saltar através do meu peito a


qualquer momento e meus joelhos poderiam cede, mas eu
não ia sair. Segurei a maçaneta da porta com as duas mãos
nas minhas costas.

— Tão estúpida. — Ele murmurou.

Eu estava incerta se ele estava falando de estar aqui e


recusando-me a sair, ou algo mais. Não importava. Eu não
estava saindo, a não ser que ele me fizesse sair, que tinha
uma boa possibilidade de acontecer.

Mas eu nunca corri do medo. Acho que foi uma das


razões para Carlos ser atraído para mim. Isso não significava
que eu era sempre valente quando confrontada com algo que
me aterrorizava. Só não corria.

Bem, exceto uma vez e foi de Connor.

Eu liberei a maçaneta da porta.

Ele não se moveu.

Então eu andei por trás dele e coloquei minhas mãos em


seus ombros. Ele se encolheu, mas não se afastou nem disse
nada. Em seguida, aproximei-me dele e descansei minha
bochecha nas suas costas, mãos deslizando para baixo dos
braços para se instalar na curva de seus cotovelos.

Sua respiração era pesada. Batimento cardíaco


irregular. Corpo tenso.
Fiquei quieta. Acho que ele precisava do silêncio. Eu não
tinha certeza do porquê que ele ligou o chuveiro, mas ouvir o
som rítmico era calmante.

Ficamos assim por alguns minutos, nenhum de nós


disse nada até que sua cabeça levantou. Eu movi-me
ligeiramente para o lado, o olhar passando de seu ombro.
Nossos olhos se encontraram no reflexo do espelho.

Os seus eram tempestuosas ondas azuis. Os meus eram


de calor de chocolate estável.

Aconteceu rápido. Ele girou, agarrou minha bunda e me


levantou do chão. Meus braços engancharam seu pescoço e
dentro de um segundo, estávamos sob o jato da água, minhas
costas batendo com força contra a parede de azulejos.

E a sua boca estava em mim.

Ele deixou a minha bunda e meus pés escorregaram


para o chão. Tirou meus braços de seu pescoço e bateu
contra a parede acima da minha cabeça, prendendo meus
pulsos com uma mão.

Nós ficamos molhados quando a água aquecida bateu


em nós. Minha camisola ficou presa na minha pele e senti
meus mamilos eretos pressionando contra o material.

Seus lábios tocaram os meus e um som profundo de


cascalho surgiu antes que ele chamasse meu mamilo em sua
boca através da camisola.

Beliscando. Sacudindo.

— Tire essa merda maldita. — Ele rosnou.


Mas ele não esperou por mim para retirá-la. Seus dedos
agarraram a gola da camisola e ele arrancou — forte. Isso
cortou na parte de trás do meu pescoço, mas rapidamente
rasgou sob a pressão na parte da frente.

Ele me manteve presa contra a parede de azulejos com


uma mão enquanto separava o material com a outra. Então
sua boca estava no meu mamilo novamente. Sua língua
rodando aquecida, degustando, provocando, os dentes
arrastando por todo o mamilo sensível.

— Deus. Connor. — Eu murmurei, fechando os olhos


quando o meu corpo tremeu.

Sua mão foi entre nós e eu arqueei, gemendo, enquanto


seus dedos deslizavam através da minha umidade.

— Tão molhada para mim, baby. Apenas eu. Ele não.

Meus olhos se abriram e minha respiração engatou, mas


Connor estava beijando meu pescoço e eu não tinha certeza
de que ele soubesse o que tinha dito.

‘Ele não’. Ele estava falando sobre Carlos, o homem que


nos destruiu. O homem, cujo nome Connor não queria que
eu dissesse novamente.

Havia apenas uma resposta — a verdade.

— Só você. — Eu sussurrei.

Ele gemeu.

Com seu corpo apertando-me contra a parede, a boca na


minha e os cabelos agrupados em sua mão, ele inclinou a
cabeça para o lado para me posicionar onde queria.
Seu pênis pressionou contra a minha coxa.

— Preciso estar dentro de você. — Disse ele contra os


meus lábios. — Agora.

— Preservativo, — eu disse. Eu estive no controle de


natalidade quando estava com Carlos, embora ele nunca
tenha sabido. Foi a minha peça de controle. Nunca teria um
filho com ele. Nunca traria uma criança bonita em seu
mundo cruel.

O risco para mim e para a menina que conseguia as


pílulas para mim era enorme. Carlos a teria matado, mas ela
aproveitou a chance, pois Carlos tinha matado sua família.

Connor recuou e segurou meu queixo.

— Eu vi seus comprimidos. Precisamos foder tudo entre


nós.

Ele viu? Quando?

Como se soubesse o que eu estava pensando, ele disse:

— Vim aqui enquanto você estava no bar esta noite.

Oh. Uau. Merda. Ele passou por minhas coisas?

— Por quê?

Ele me ignorou e inclinou seus quadris enquanto


agarrando seu pênis.

Eu pressionei minhas mãos em seu peito.

— Connor. Eu não sei com quem você dormiu. Você


precisa usar um preservativo, mesmo se eu estivesse
tomando as pílulas, que não estou. — Conseguir um médico
para mim foi uma das primeiras coisas que fiz quando
cheguei a Toronto. Deck conseguiu para mim um médico que
ele conhecia e que tinha me dado as pílulas porque eu lhes
disse que estava tomando-as. Mas eu nunca tinha começado,
desde que não tinha planejado dormir com ninguém.

A pressão sobre meus pulsos aumentou.

Ok, eu estava nervosa. Ele parecia assustador e Connor


era forte, muito forte e a realidade era que ele podia fazer o
que quisesse comigo, mesmo se eu disse que não.

Havia pouco para confiar nele por mais tempo e eu sabia


que ele precisava de uma lasca de confiança em alguém. Mas
não isto.

— Eu não estive com mais ninguém, Fotógrafa


Dedicada.

Suspirei assim que ele me chamou assim, sabendo que


qualquer coisa que fodesse com a sua cabeça tinha aliviado.

— Sua memória...

— Droga, Alina. Eu sei. Eu sei, caralho. Eu sei que você


foi a única.

Ele esperou, a tempestade em seus olhos agora estava


resolvida e a tensão no rosto diminuiu. Deslizei minha mão
de seu peito para seu rosto e tracei o lábio inferior com a
ponta do meu dedo.

De repente, ele caiu e sacudiu a cabeça, pérolas de água


pingando das pontas de seu cabelo.
— Eu não tenho nenhum preservativo comigo. — Disse
ele. — Eu vi suas pílulas mais cedo e eu não pensei.

— Oh.

Então ele me pegou do chão, usou uma mão para


desligar a água e me levou para o andar de cima, onde jogou-
me toda molhada sobre a cama.

Eu me apoiei nos cotovelos quando ele abaixou em cima


da cama e puxou minhas pernas.

— Nós vamos fazer. — Ele se moveu para que seus


ombros estivessem entre as minhas coxas.

Sua cabeça baixou e eu nitidamente inalei quando ele


me provou.

Ele fez isso lento. Ele fez isso forte. Suave.


Preguiçosamente.

E eu assisti, enquanto gemia e me arqueava, até que


não pude mais.

— Connor. — Eu chorei.

— É isso aí, baby. — Ele deslizou dois dedos dentro de


mim e eu me segurei nele. Ele bombeou dentro e fora.

— Oh Deus. Oh, Deus. — Fechei os olhos, o corpo


apertando enquanto fogos de artifício acenderam dentro de
mim e me senti gozar forte e rápido.

Meu corpo estava saciado e formigando. Ele arrastou


beijos na minha pele até que encontrou meus lábios e me
beijou.
Eu caí na cama. Derretendo. Dobrando. Cedendo à sua
boca.

Eu não tinha pensamentos de ontem ou amanhã.

Éramos apenas nós. Era somente o agora.

Até que terminou.

Até que ele se afastou e disse:

— Eu juro que nunca vou esquecer você de novo, Alina.

Em seguida, vestiu suas roupas e se foi.


Capítulo
14
Pergunta 7: Você já mergulhou com

um urso polar?

PASSADO

— Ele quer vê-la. — Disse Diego.

Ele estava atrás de mim, enquanto eu estava no terraço,


onde tinha ido tirar fotos em close-up de flores. Minha paixão
era o povo, mas Carlos não me permitia tirar fotos de
qualquer um.

Baixei a câmera e deixei-a cair no meu pescoço


enquanto enfrentava a sombra do meu marido.

Diego era o braço direito de Carlos. Mortal. Frio. Cruel.


Eu o odiava.

Não, ódio era uma palavra muito gentil. Eu o detestava.


Carlos adorava os jogos mentais com suas vítimas, enquanto
Diego prosperava na dor física. Tortura. Ele nunca me tocou,
mas eu tinha ouvido os rumores e tinha visto o brilho em
seus olhos quando Carlos pedia-lhe para 'cuidar' de alguém.

Eu sabia o que 'cuidar' significava — matar. Mas


primeiro, haviam horas ou dias de tortura. Carlos alimentava
a necessidade de Diego para infligir dor, dando-lhe pedaços
de vez em quando. Os restos eram pessoas.

Ele não era muito alto, talvez cinco centímetros a mais


que eu, mas o que lhe faltava em altura, tinha em largura,
porque ele era grande. Era todo músculo. Seu nariz era
grande e tinha um calombo nele, provavelmente de tê-lo
quebrado várias vezes, sem contar o queixo quadrado e
sobrancelhas grossas.

Diego não esperou para ver se eu o seguia, porque ele


sabia que eu o faria. Qualquer luta havia sido extinta há anos
atrás, quando meu irmão virou um dos ‘pedaços’ de Diego.

Nós atravessamos o jardim, subimos os degraus e fomos


para a sala aberta que dava para o jardim. As cortinas
brancas em ambos os lados da entrada estavam imóveis,
assim como o ar.

Calmo e quieto. E tranquilo nunca era bom com Carlos.

Ele estava no sofá, com um joelho dobrado sobre o outro


e uma bebida na mão. O gelo clicava contra os lados do copo
com uma agitação suave do líquido.

— Entre, querida. — Ele levantou a mão, o dedo


sacudindo o gesto para eu chegar mais perto.
Entrei na sala e caminhei em direção a ele. Diego estava
fora, para o lado, com a mão em sua arma no seu quadril. Eu
fiquei tensa. Por que ele tinha a mão sobre a arma?

Meu coração batia forte e em alerta, meu cabelo


arrepiou na parte de trás do meu pescoço. Algo não estava
certo. Carlos tinha um brilho inconfundível em seus olhos,
acompanhado por um pequeno sorriso nos cantos de sua
boca.

Meu estômago deu um nó e arrepios se levantaram.

Quando eu estava perto o suficiente, ele estendeu a mão


e eu peguei. Seus dedos se fecharam ao redor da minha e ele
me orientou para me aproximar.

— Eu saí por uma semana. Que tipo de boas-vindas de


volta a casa recebo de minha mulher? — Ele olhou para
Diego. — Uma saudação adequada seria uma mulher de
joelhos chupando o meu pau.

Diego riu. Carlos riu.

Fingi um sorriso, porque ele iria querer, então me


inclinei e beijei-o.

— Sinto muito, Carlos. Eu senti sua falta. — Menti. Eu


sempre mentia. Ele queria que eu dissesse as palavras,
fossem elas mentiras ou não. No início, recusei. Disse que ele
poderia possuir o meu corpo como forma de pagamento, mas
ele nunca me possuiria. Ele nunca me teria de bom grado.

Então ele matou meu irmão e ameaçou a vida da minha


mãe. Mas a ameaça não era mais uma ameaça e ele a matou
também, no ano passado. Eu não sabia o porquê. Ele acabou
por fazer. Meu único consolo era que foi rápido, não como
Juan, que foi um brinquedo nas brincadeiras de Diego.

— Eu tenho um presente para você.

Carlos me dava presentes o tempo todo. Joias em sua


maioria, mas não eram para mim; elas eram uma
demonstração de seu poder e dinheiro.

Eu me endireitei e ele enfiou a mão no bolso lateral e


tirou um maço de papéis brilhantes. Fotos? Fiquei surpresa
que não fosse uma caixa de veludo e ainda mais surpreso que
ele estava me dando algo que eu realmente poderia apreciar.
Ele sabia o quanto eu amava fotografia. Era a única parte de
mim que eu havia mantido.

Quando eu colocava meu olho atrás da lente, via


liberdade. Via possibilidade. E agora eu via uma história
diferente da que eu vivia. As fotografias eram usadas para me
oferecer um vislumbre da vida de outras pessoas. Agora elas
me deixavam escapar da minha própria.

Ele descruzou as pernas, sacudiu seu pulso e jogou as


fotos na mesa de vidro. Elas se espalharam, através da
superfície lisa, várias correram muito longe e caindo sobre a
borda e desembarcando na cerâmica branca.

Demorou um segundo antes de minha mente encontrar-


se com o que eu estava vendo.

Então, desmoronei.
Eu caí de joelhos ao lado da mesa, olhos fixos nas
imagens de Connor.

Connor.

Meu Deus. As fotos que eu tinha tirado no orfanato com


Connor. Algumas delas eram de mim e Connor. Algumas
eram de apenas minhas, que Connor tinha tirado.

Estendi a mão inconscientemente, esquecendo que


Carlos me observava e toquei a superfície das imagens com
as pontas dos meus dedos.

Fazia sete anos desde que o deixei com uma nota. Sete.
Não, eu nunca o deixei. Meu corpo o deixou, mas eu ainda o
tinha dentro. Eu me deixei lá.

Lentamente peneirei através das fotos sobrepostas, meu


coração disparado no meu peito enquanto as lágrimas
oscilavam à beira de minhas pálpebras. Uma escorregou e
caiu, aterrissando sobre a imagem de Connor segurando uma
criança em seus ombros, suas mãos fortes segurando suas
pernas quando ele chutava a bola. O menino de cinco anos de
idade estava rindo, os olhos brilhantes e cheios de felicidade.

Outra de Connor se agachando com as crianças ao seu


redor. Ele estava usando seu equipamento como no dia em
que chegamos e eu tinha capturado a foto apenas quando um
menino jogou os braços em volta do pescoço dele, com os
olhos brilhando de admiração.

Levantei quando Carlos jogou outra foto sobre a mesa.


Quando meus olhos a atingiram, as lágrimas finalmente
caíram em córregos constantes.

Era uma das minhas favoritas, Connor e eu em nosso


piquenique íntimo. Dia cinco. O dia que eu soube que tinha
me apaixonado por ele.

Deus, era uma vida deixada para trás. Tão surreal, que
às vezes, eu me perguntava se foi real.

— Você achou que eu não iria encontrá-las, Catalina?

Eu me assustei com o som de sua voz e um terror foi se


construindo de forma lenta, me encapsulando em suas
garras. Não. Isso não podia estar acontecendo.

Eu balancei minha cabeça.

— Carlos. Não. Ele não é importante. Por favor, foi há


muito tempo e ele não significava nada. — Meu peito apertou
com pânico e eu não conseguia respirar.

Suas sobrancelhas levantaram.

— As imagens não mentem, Catalina. Você, de todas as


pessoas, sabe disso. Elas contam uma história. Você sempre
gostou de histórias, embora eu não tenha certeza que você vai
gostar da próxima.

Engoli a bile ameaçando subir. Oh Deus.

— Ele não era nada. Nós não éramos nada. Nós nunca
nos falamos novamente. Carlos, foi há sete anos. — Por que
ele faria isso agora? O que ele ganhava indo atrás de Connor?

Ele suspirou, recostou-se no sofá branco, o couro


crepitou sob o seu peso.
— Um soldado militar de elite. Você não acha que era
importante para mim que falasse sobre ele há sete anos
atrás? E se ele viesse atrás de você? Causasse dificuldades
para mim e para o meu negócio? Para Vault.

Meu coração batia mais rápido e meus joelhos tremiam.

— Ele não faria isso. Ele não sabe onde me encontrar.


Eu terminei. Eu juro.

Seu punho bateu na mesa de café e as fotos


espalharam.

— Eu perguntei a você. E você mentiu para mim. — Ele


gritou.

Oh Deus. Quando voltei para a Colômbia, ele me


perguntou se havia alguém que eu estava vendo. Eu tinha
mentido. Nunca disse a ele sobre Connor, porque sabia o que
iria acontecer. Se ele pensasse que Connor era uma ameaça,
ele o mataria.

E agora ele sabia sobre ele.

Connor. Por favor, não Connor.

— Uma garota não mantém imagens ocultas de um


homem com quem não se preocupa.

Eu tinha colocado o cartão SD com as fotos sob o


assoalho embaixo da minha cama. Como ele encontrou-o?
Quando ele o encontrou?

— Carlos, por favor. Foi há muito tempo e eu nunca falei


com ele desde então. — Carlos acenou para Diego, que
silenciosamente saiu.
— É tarde demais para ‘por favor’, meu amor. — Meu
estômago despencou. — Muito, muito tarde. Você vê,
Catalina. Encontrei o cartão SD do dia que você colocou sob
as tábuas do assoalho. Você acha que sou estúpido? Você
vive em uma mansão porque eu não cometo erros e sou
cuidadoso com tudo o que faço. — Oh, Deus. Não. Não. Não.
— Mas o que são fotos inúteis quando você pode ter a coisa
real? — Sufoquei um soluço enquanto tentava manter-me,
mas falhei quando o meu mundo desmoronou na minha
frente. — Levei muito tempo, um monte de recursos e um
monte de persuasão do conselho da Vault, a fim de arriscar
levá-lo. Ele tinha amigos, amigos militares, mas veja, eu tinha
uma visão para o Vault. E hoje você vai ver o resultado dessa
visão.

— Ele é um bom homem, Carlos. Por favor. Não o


machuque. — Estava soluçando agora, cheia do medo que
tomou conta de mim. Não, era mais forte do que o medo. Era
terror.

— Você pode querer reformular isso para era um bom


homem. — Ele se inclinou para frente, com os cotovelos sobre
os joelhos. — Eu deveria agradecer a você. Com sua formação
e experiência, ele era um sujeito perfeito para o teste, uma
vez que a droga estivesse pronta e então... bem, você vai ver
quão receptivo ele é para ela. Mas hoje é o teste final. Você
vai vê-lo novamente.

Eu não conseguia formar palavras. Eles o drogaram? Eu


não entendi. Por que eles o drogariam?
— Eu tomei muito cuidado para me certificar de que
Connor fosse cuidado ao longo dos anos, enquanto
esperávamos que a minha visão crescesse. Eu até lhe permiti
ver você. — Puro pavor bateu em mim. — Filmes de você.
Como você implorou pela vida de seu irmão, pela vida da sua
mãe. Mas eu não acredito que ele gostasse de vê-la, Catalina.
Ele ficou bastante... chateado.

Eu cobri o rosto com as mãos enquanto as lágrimas


escorriam pelo meu rosto. Qualquer torpor que eu tinha
conseguido me envolver, rachou.

— Por quê? Por que ele? — Eu murmurei.

Ouvi a porta abrir e havia dois conjuntos de passos.


Dois. Meu coração afundou, sabendo quem estava com Diego.
Sabendo que o homem que eu amava e deixei naquele dia, há
sete anos, estava aqui.

— Connor. Bem-vindo. — Carlos colocou a bebida na


mesa a direita, na parte superior da foto de Connor sentado
na sombra, os joelhos dobrados, o suor escorrendo pelo rosto,
um sorriso arrogante em seu rosto enquanto olhava para a
câmera. Para mim. Logo depois que eu tirei a foto, ele ficou
em pé e me levantou do chão, em seguida, me beijou.

Lentamente arrastei os olhos da foto e olhei para cima.


E então... eu o vi e foi como se o tempo não tivesse passado.

O tempo parou como em uma fotografia.

Nós éramos a fotografia.

Connor.
Eu nunca pensei que iria vê-lo novamente. Nunca
respirar o cheiro dele. Nunca pensei que teria a chance de ver
o seu sorriso arrogante e os profundos olhos azuis cheios de
risos.

Exceto que não havia sorriso arrogante no homem em


pé a vinte metros de distância. Sem riso em seus olhos. Ele
estava sem expressão.

Não houve nenhuma reação ao me ver.

Mordi o interior de minhas bochechas tão forte que senti


o gosto de sangue.

Minha mente girava com maneiras de fazer Carlos


deixar Connor. Mas eu sabia a resposta. Não havia como.

— Connor, conheça a minha esposa, Catalina.

Conhecer-me? Meus olhos dispararam para Carlos, em


seguida, de volta para Connor, que deu um breve aceno. Era
como... era como se ele não tivesse ideia de quem eu era. Mas
isso era impossível.

— Você tem um trabalho para mim? — Disse Connor e


sua voz era monótona.

Carlos riu.

— Sua lealdade ao Vault é impressionante.

Minha respiração engatou.

— Connor. Não. — Eu não conseguia parar as palavras


escorregando da minha garganta. Ele trabalhava para Vault?
Não, Connor nunca faria isso. Ele nunca trabalharia para
alguém como Carlos e quem mais estivesse envolvido com
Vault.

Eu me levantei e corri em direção a ele. Eu não pude me


parar. Foi estúpido, talvez, mas tinha que tocá-lo novamente.

Parei a centímetros de distância, estendi a mão e


acariciei a sua bochecha.

— Oh, Deus, Connor.

Ele moveu rápido, a mão agarrando meu pulso, seu


aperto forte quando ele torceu meu braço até que estremeci.
Ele empurrou-me para longe com tanta força que eu caí no
chão.

Connor fez uma careta.

— Toque-me novamente e vou quebrar seu pulso.

Minha respiração engatou. Este não era Connor


fingindo. Este não era Connor. Olhei para Carlos.

— O que... o que você fez com ele?

— Eu lhe disse. Minha visão. E ele é o primeiro teste


sobre o assunto, querida. Ele ficou perfeito. Um militar de
elite que todos pensam estar morto. Claro, isso foi obra
minha. — Carlos sorriu e caminhou até Connor. — Eu tenho
um negócio Vault com um conhecido que chega na próxima
semana. Ele está interessado em ver o resultado da droga.
Você vai ficar aqui até então. — Ele se virou para Diego. —
Ele vai ficar na casa da piscina.

Cambaleei para os meus pés e corri para Carlos,


colocando minhas mãos em seu peito.
— Por favor. Eu farei qualquer coisa. Qualquer coisa.
Por favor. Deixe-o ir.

Ele acariciou a parte de trás da minha cabeça e sorriu


para mim.

— Eu sei que você vai, meu amor. Mas você não precisa
se preocupar. A droga não vai matá-lo, pelo menos eu não
penso assim. Existem algumas peculiaridades a serem
tratadas, mas o cientista está trabalhando nisso. Este foi o
nosso primeiro teste, para ver se ele ia lembrar de você. É
notável. Ele não tem ideia de quem você é. Parece que
funcionou bastante bem.

Vendo Connor, vendo o que tinham feito para ele, vendo


as fotos, eu não poderia me parar. Eu me perdi e ataquei-o.

— Seu filho da puta! — Eu gritei. Eu lhe dei um soco no


rosto. — Seu nojento pedaço de merda! — Eu tentei socá-lo
novamente, mas ele me bloqueou com o braço. — Deixe-o ir.
Deixe-o ir. Você me tem, porra! Não é o suficiente? — Eu
estava enlouquecida, atacando-o com minhas unhas em sua
pele onde quer que eu pudesse, enquanto chutava e batia.

Durou cinco segundos antes que alguém me arrastasse


para longe dele e me forçasse a ficar parada com um braço
travado em torno de minha garganta e outro em meu peito.

Eu não tinha notado isso antes, mas havia uma lata de


lixo de metal ao lado da mesa de café. Carlos a pegou e com
um movimento de seu braço, empurrou todas as fotos fora da
mesa para o lixo e colocou-a no meio da mesa.
— Connor. Faça-me um favor. — Carlos pôs a mão no
bolso e tirou um isqueiro.

Diego me manteve trancada em seu peito, o braço


esmagando os meus seios. Connor se aproximou de nós e
levou o isqueiro.

— Jogue as fotos no chão. — Carlos ordenou.

Connor jogou.

— Queime-as.

Connor acendeu o isqueiro e segurou a imagem de nós


na chama. Não houve hesitação. Nenhuma reação ao que ele
fez. Elas eram apenas imagens. Mas era muito mais do que
isso. Este era Connor queimando o nosso passado.

As chamas comeram o papel. Para nós. Então Connor


jogou tudo na lata do lixo e as chamas tomaram conta,
crepitando enquanto uma fumaça negra se elevava.

Carlos segurou o cartão SD, mostrando para mim, em


seguida, atirou-o dentro, também.

Eu caí nos braços de Diego, fechando os olhos,


enquanto o meu coração ardia com as memórias.

Eram três da manhã quando abri as portas da varanda,


escorreguei para fora e olhei por cima da borda. Havia um
arbusto abaixo da minha janela que iria suavizar o
desembarque e era apenas dois andares.

Eu tinha que o ver. Tinha passado quatro dias desde o


meu colapso e Carlos tinha me mantido trancada em meu
quarto, mas hoje ele me soltou. Eu ainda não arriscaria
deixar alguém ver-me ir para a casa da piscina por andar
pela casa.

Escalei a grade, as pontas dos meus dedos dos pés se


equilibrando na minúscula aba. Arrastei minhas mãos para
baixo nos pilares finos quando agachei e depois deslizei os
pés para fora da borda.

O peso do meu corpo estremeceu em meus braços


enquanto eu balançava na varanda. Olhei por cima do ombro
para me certificar de que nenhum dos guardas de
patrulhamento estava em volta, então me deixei ir.

Deixei-me cair no mato, os pequenos cardos arranhando


a minha pele. Eu estava usando a minha camisola apenas no
caso de eu ser pega. Assim, eu poderia explicar que não
estava conseguindo dormir e que vim para fora para
conseguir um pouco de ar fresco.

Rastejando para fora do mato, engatinhei sob a varanda,


evitando as luzes e ficando nas sombras enquanto fazia meu
caminho em direção à piscina.

Passo a passo.

Prendi a respiração e apertei minhas costas contra a


parede. O cheiro de charuto caiu em mim e eu sabia quem
era... Diego. Ele fumava charutos todo o tempo. Ele
raramente dormia, também.

Ele andou ao longo do caminho no lado oposto da


varanda, parou brevemente e fumou charuto. A extremidade
acesa brilhava e aquecia, então, um pequeno tornado de
fumaça levantava e dispersava no ar.

Ele olhou na direção da casa da piscina e depois foi


embora, desaparecendo no outro lado da casa.

Eu caí contra a parede. Esta foi uma má ideia. Se Diego


me pegasse, eu não sei o que ele faria ou mais precisamente,
o que Carlos faria.

Mas eu tinha que ver Connor.

Esperei mais alguns segundos para ter certeza de que


Diego estava longe o suficiente e corri pelas pedras do pátio,
para a casa da piscina.

Quando eu estava na frente da porta, levantei a minha


mão para bater e fiz uma pausa. Deus e se eu falhasse? E se
ele dissesse a Carlos que vim vê-lo? Não. Connor se lembrava
de mim. Ele tinha...

A porta se abriu.

— É melhor ter a porra de uma boa razão para você


estar do lado de fora da minha porta às três da manhã.

Meus olhos se arregalaram.

— Eu ah... eu tenho que falar com você.

— Por quê?
— Por favor, posso entrar? — Olhei para a casa
principal, orando para Diego não estar de volta.

— Não.

Merda.

— Por favor. Só por um minuto.

Seus olhos corriam em mim, de cima a baixo, antes que


ele desse um passo para trás, o braço segurando a porta
aberta. Eu passei por baixo, sentindo como se fosse o coelho
pisando na cova do lobo.

A porta fechou e clicou. Eu tremia, esfregando os braços


para cima e para baixo, enquanto mordia meu lábio inferior.
Esta foi uma má ideia? E se ele dissesse a Carlos que eu
estava aqui? Mas a questão era, o que importava mais?

Connor era o último pedaço da minha vida que foi


intocado por Carlos. Eu sobrevivi sabendo que ele estava
vivendo sua vida, ajudando as crianças, o seu país, cercado
por pessoas que ele amava. E, sim, eu rezava para que tivesse
encontrado uma mulher para amar. Eu queria isso para ele.
Ele merecia.

Mas agora a esperança foi arrancada de mim e eu estava


me afogando em desespero, sem nada a que se agarrar.
Connor tinha que se lembrar. Ele tinha que sair daqui e ir
para longe de Carlos e Vault.

Ele passou por mim e eu virei para segui-lo com os


meus olhos. Notei que a cama não foi usada aqui e sua sacola
estava na ilha da pequena cozinha. Ele tinha retirado
algumas peças de roupa que derramavam sobre os lados.

Não havia nada do homem que eu conhecia em pé na


minha frente. Fisicamente, ele era o mesmo e o seu cheiro... o
cheiro dele foi o que me disse, dentro de mim, que ele não era
um irmão gêmeo que eu não conhecia, nem sabia.

— O que eles fizeram com você?

Ele abriu a geladeira e pegou uma garrafa de água,


quebrou o lacre, bebeu a metade e botou-a na mesa, ao lado
de sua bolsa.

Torci minhas mãos juntas.

— Você realmente não se lembra de mim?

Sua expressão permaneceu a mesma, o que significava


inexpressivo.

— Ouça, cadela, se você não está aqui para chupar o


meu pau, então dê o fora.

— O quê? — Meu coração rasgou em pedaços, enquanto


olhava para esse homem que eu não tinha visto em sete anos,
mas amei cada dia desde então. Ele nunca falaria comigo
dessa maneira. Nunca. Ele tinha que se lembrar. Ele tinha. —
Connor. — Eu sussurrei, enquanto me movi para ele.

Ele ficou tenso, estreitando os olhos enquanto me


observava, mas não se mexeu. Parei quando a um metro de
distância e ele teve que inclinar a cabeça para baixo, a fim de
manter os olhos em mim.

— Você me amou.
Ele bufou, franziu as sobrancelhas e os lábios
apertaram.

— Você está delirando.

Coloquei minhas mãos em seu peito, fechando os olhos,


como se tocar nele apagasse os anos de separação.

Eu não deveria. Ele me disse para não o tocar e eu não


tinha escutado.

Ele agarrou meus braços, apertou de fazer marcas, os


dedos deixariam marcas na minha pele.

— Disse-lhe para não me tocar. — Estremeci, mas


recusei-me a gritar de dor. — Eu digo a você quando você
pode me tocar e onde. E agora, você está me irritando e eu
não quero nem meu pau sugado por você, puta.

Não me importava o que ele fizesse comigo. Tudo o que


importava era conseguir passar para ele.

— Connor, você tem que me escutar. Eles estão dando-


lhe uma droga. Este não é você. — Eu agora estava
desesperada, quando ele olhou para mim, com as mãos
apertando tão forte que eu tinha certeza que ele iria quebrar
meus ossos. — Toronto. Vá para Toronto. Deck. Deck... —
Merda, eu não sabia seu sobrenome. Connor sempre o tinha
chamado de Deck. —Deck é seu amigo. Ele vai ajudá-lo. —
Eu inalei uma respiração longa, irregular. Oh, Deus, isso não
era bom o suficiente. — Por favor. Basta deixar a Colômbia.
Afaste-se de Carlos. Ele não é um bom homem. — Lágrimas
caíram pelo meu rosto com a dor, mas mais do que isso foi a
agonia de ver Connor assim.
Ele tinha me esquecido.

Ele tinha esquecido tudo.

— Você me chamava de Fotógrafa Dedicada. — Eu


chorei e minha voz embargou.

Ele arregalou os olhos por um segundo, abruptamente


me soltou e deu um passo atrás, suas mãos indo para a
cabeça.

— Saia. Dê o fora.

Eu vi. Foi lá no limite, o pedaço de alguma coisa.

Então, eu não saí. Eu pressionei.

— Georgie. Ela é sua irmã. Ela está em Toronto. Foi lá


que você cresceu. Você foi para o serviço militar com Deck. —
Eu divagava mais rápido. — E sua cor favorita é azul, como
eu, porque lembra a você do oceano e como pode ser
poderoso, calmo e pacífico, ao mesmo tempo. Você ama cada
sabor de sorvete e odeia cenouras, porque você odeia a cor
laranja. Como realmente odeia isso. — Ele caminhou para
mim com olhos selvagens e tumultuados. Dei um passo para
trás quando eu gaguejei. Ele tinha que se lembrar. As
pessoas não esquecer essas coisas. — Você enterrou o
hamster de sua irmã no quintal quando ela tinha dez anos. —
Qual era o nome que ele me disse? Foi algo estranho, como
um alimento ou... — Fiddlehead. Seu nome era Fiddlehead e
você o tinha resgatado do laboratório de ciência.

Minhas costas bateram na porta e toquei atrás de mim,


para a maçaneta da porta, meus olhos em Connor enquanto
ele continuava caminhando lentamente em direção a mim. Eu
levantei meu queixo, com a respiração irregular.

Seu braço levantou, com a mão enrolada em um punho.

Oh, Deus, ele ia me bater. Prendi a respiração e virei


minha cabeça, pronta para o golpe, mas ele nunca veio. Seu
punho bateu na porta ao lado da minha cabeça.

— Você fala demais. — Seus dedos teceram no meu


cabelo e ele cerrou a mão, empurrando a cabeça para trás. —
Será que ele sabe que você está aqui?

— Não. — Eu sussurrei.

Sua outra mão correu na minha frente, sobre o meu


peito, costelas, abdômen e entre as minhas pernas. Minha
camisola agrupou quando ele me segurou — forte.

Eu não podia me mover. Meu corpo imediatamente o


reconheceu e um calor irrompeu entre as minhas pernas.

— Você se lembra? — Eu sussurrei.

Ele fez uma careta.

— Cadela, não há nada para lembrar. Cale a boca sobre


isso.

— Então por que...

Ele não me deixou terminar.

— Não fodi uma garota em... não sei quanto tempo.


Nunca pensei sobre isso. — Ele se moveu para mais perto,
assim seu peito estava pressionado contra o meu e eu tremia.
— Agora estou pensando sobre isso. Abra suas pernas para
mim.

Eu bati na curva de seu braço com o meu punho e


desalojei a palma da sua mão de entre as minhas pernas.

— Eu não vim aqui para foder. — Eu lhe dei uma


cotovelada no peito, mas ele estava imóvel. Eu sabia. Ele
usou seu peso para conseguir o que queria o tempo todo e eu
lutei com ele. Mas era brincalhão. Este não era brincalhão. —
Carlos vai matar você e a mim se ele descobrir.

Connor riu.

— Você veio para mim, lembra? Duvido que ele vá me


matar e não dou a mínima para o que ele fizer com você.

Fiquei boquiaberta. Este não era o homem por quem me


apaixonei. Este homem era malvado e frio e eu não gostava
dele. Mas por um segundo... um segundo, eu vi o conflito em
seu rosto, como se estivesse lutando contra alguma coisa.
Como talvez ele se lembrasse de algo.

— A menos que você vá abrir as suas pernas, saia,


cadela. E não volte a menos que você queira ser fodida. — Ele
abruptamente me deixou ir, virou e voltou para a cozinha.

Eu mexi para sair da porta, desesperada para ser forte,


mas caindo em pedaços com suas palavras cruéis. Eu sabia
que não era ele falando; era o que tinham feito com ele, mas
ainda doía.

Finalmente abri a porta, corri para fora, fechei-a atrás


de mim e encostei-me nela.
Eu não conseguia parar de tremer. Cruzei os braços e
coloquei minhas mãos debaixo deles, na tentativa de
controlar a vibração.

Deus, Connor, o que fizeram com você?

Isto era minha culpa. Minha culpa.

As fotos. As fotos. Carlos encontrou as fotos.

As minhas fotos tinham destruído Connor.

Voltei para o meu quarto, peguei a minha câmera e


esmaguei-a em pedaços.
Capítulo
15
Dias de hoje

Connor tinha ido fazia doze dias.

Doze dias.

Ele disse que não poderia me esquecer, mas ele me


deixou de novo. Eu não esperava que ele ficasse comigo, mas
esperava algo. Qualquer coisa. Não ele desaparecer,
novamente.

E isso me deixou puta. Eu estava tentando entender.


Sabia que ele estava tratando de questões sérias e me senti
egoísta, mas eu não poderia evitar. Estava com raiva.

— Outra rodada de doses, — disse Georgie para a


garçonete.

Georgie, Chess, London e eu estávamos bebendo em um


bar de alta classe na King Street. London se ofereceu para ser
a motorista, então ela bebia água com gás.
Sair esta noite foi ideia de Chess e eu não queria porque
não estava confortável com Georgie, embora eu realmente
gostasse dela. Ela era divertida, gostava de sair e disse coisas
que me fazia rir, mas ela era irmã de Connor. E havia uma
culpa constante por ser incapaz de dizer-lhe que eu o vi e isso
me deixou mais irritada com Connor por me colocar nessa
posição.

Chess, eu descobri, era muito parecida com seu irmão e


isso não era nenhuma opção. Então, aqui estava eu, bebendo
em um bar e tendo a minha primeira noite das meninas,
desde que eu não tinha amigos de infância porque todo
mundo estava com medo do envolvimento do meu pai com
Carlos. E tinham razão de estar.

Nós estávamos comemorando por Georgie abrir a sua


segunda cafeteria e estávamos bebendo margueritas. Ela
nunca foi uma bebedora. No início era porque estava focada
em fotografia e depois, porque manter todos os meus sentidos
era imperativo enquanto vivia com Carlos.

Depois de três margueritas, percebi que beber tinha o


bônus de entorpecer a dor. Ou pelo menos embotar a dor
esfaqueando no meu peito. E realmente gostava de sair com
as meninas. Nunca tive isso antes e me senti... bem, normal.

Chess disse algo sobre Bacon ser capaz de passar por


uma prancha da largura de uma gangorra e como Tristan
tinha contratado um adolescente para vir, depois da escola,
às quintas-feiras, para ajudar Danny com Bacon.
— E se o bacon e Danny forem bons o suficiente, talvez
eles possam fazer uma demonstração no Royal Winter Fair.
Isso é uma grande coisa supostamente.

— Sim. — Disse Georgie. — É uma vez por ano na


Exposição Nacional do Canadá. Um show de cavalo e feira
agropecuária. — Georgie arrancou o canudinho de sua bebida
e colocou-o no guardanapo. — Connor me levou quando eu
tinha seis anos.

Eu tossi na minha bebida. Oh Deus. Eu me mexi


desconfortavelmente no meu lugar e London, que se sentava
ao meu lado, apertou a minha mão debaixo da mesa e eu
olhei para ela. Ela me ofereceu um meio sorriso. Ela não
tinha ideia que Connor esteve comigo, mas nos viu no bar
juntos, naquela primeira noite. Ela viu quão devastado eu
tinha ficado.

Georgie ainda estava falando, mas eu tinha perdido


alguns trechos:

— ...Connor não tinha o melhor sorriso, mas uma


carranca feroz e ele usou essa cara feia para me arrumar um
lugar certo nas filas da frente para que eu pudesse assistir
alguns dos pequenos eventos. Os maiores eram no Coliseu e
você precisava de bilhetes para entrar.

Meu coração disparou e arrepios subiram.

— Doses. — Georgie anunciou.

Olhei para cima quando ela deslizou um pequeno copo


para mim.
— Sex on the Beach. — Ela ergueu o copo e eu peguei o
meu, assim como Chess e London com sua água com gás e
nós tocamos copos.

— Para um ótimo café. — Disse Georgie.

Nós conversamos sobre o Centro, Danny e a banda Tear


Asunder que eram bons amigos de Deck e Georgie. Então
Chess arrastou-me para dançar quando Georgie e London
mudaram a conversa para Deck e Kai fundindo os seus
negócios e estavam entre ataques de riso.

Eu estava um pouco bêbada, bochechas aquecidas e me


sentindo tonta quando dancei com Chess. Adorava dançar e
na minha adolescência costumava dançar no telhado da
nossa casa com o rádio a todo volume. Fechei os olhos e
deixei a música tomar conta de mim. Vivi isso. Deixei tudo
escapar, exceto a batida vibrando através do meu corpo.

Conforme me movia com a música, eu deixei o


sentimento tomar conta. Isso era o que eu queria. Ser capaz
de dançar quando quisesse. Rir. Me sentir viva. Eu tinha
perdido anos de sentir-me viva.

Nós não ficamos sozinhas por muito tempo pois um par


de caras dançou com a gente. A música era demasiada alta
para falar, mas não estávamos na pista de dança para falar.

Chess e eu dançamos mais um par de canções,


recusamos a oferta de uma bebida dos caras e voltamos para
a mesa.
Eu desviei para o banheiro, que felizmente não tinha
uma fila na porta, entrei em uma das baias, fiz xixi, saí e fui
até a pia para lavar as mãos.

— Alina.

Parei, cabeça tirando a minha direita.

— Connor.

Ele se encostou no balcão, os braços e tornozelos


cruzados, parecendo completamente à vontade, como se
estivesse destinado a estar aqui. Como se não fosse grande
coisa ele, de repente, aparecer do nada.

Doze dias.

Doze dias ele desapareceu e agora ele estava no


banheiro das meninas de um bar como se isso fosse normal.

Isso não era normal.

Olhei em volta, franzindo a testa. O banheiro estava


vazio. Não estava vazio quando entrei. Tinha um número de
meninas rindo na frente do espelho, enquanto se
refrescavam.

Uma menina saiu de uma baia e guinchou quando viu


Connor, então, rapidamente correu para a porta. Levou um
par de tentativas para escapar porque Connor tinha virado a
tranca.

Assim que ela percebeu, abriu a porta e fugiu. Connor


se afastou do balcão, foi até a porta, trancou-a e caminhou
em minha direção.

Eu tinha que me mexer. Mas não podia.


Ele parou ao meu lado na pia, inclinou-se, apertou a
palma da mão para baixo sobre o dispensador de sabão e
uma corrente grossa e rosa esguichou na palma da sua mão.

— Mãos, baby. — Ele estava perfeitamente calmo e


pacientemente esperou que eu fizesse o que ele pediu.

Talvez a minha incapacidade de reagir adequadamente


tinha um pouco a ver com a neblina induzida pelo álcool.
Mas, principalmente, que tinha a ver com o choque.

Levantei minhas mãos e ele tomou-as nas suas, então


acariciou o sabão em minha pele. Ele fez isso lenta e
suavemente, seus dedos deslizando entre os meus até que
minhas mãos estavam cobertas com espuma rosa.

— O que você está fazendo aqui?

— Lavando as suas mãos. — Ele respondeu.

Com uma mão ainda na minha, ele abriu as torneiras,


testou a água e puxou-me para frente para colocar minhas
mãos sob o fluxo constante.

Eu resisti.

— Aqui. O que você está fazendo aqui?

Ele moveu-se para atrás de mim, pressionando seu


corpo duro em mim, braços de cada lado, me colocando em
seus braços e não me dando outra escolha senão colocar
minhas mãos sob a água.

Fechei os olhos, absorvendo a sensação dele, respirando


seu cheiro, seu toque, quando ele cuidadosamente lavou o
sabão das minhas mãos.
— Ei! O que está acontecendo? — Soou como um punho
batendo na porta.

— Porra. — Connor rosnou.

Eu saí da minha neblina e olhei no espelho o reflexo de


Connor.

— Você não pode estar aqui. Connor, você não pode


fechar a porta. — Eu disse. Suas mãos entrelaçaram com as
minhas debaixo da água, enquanto ele gentilmente continuou
a lavar o sabão, mas já foi muito longe. — Por favor. Você
precisa ir. — A última coisa que eu queria era uma cena e
que algo acontecesse a ele. Ele já teve tudo o que podia
acontecer com ele.

— Abra a porta. Eu tenho que fazer xixi, droga! — Uma


menina gritou.

Merda. Houve um monte de vozes e depois nada. Eu


estava apostando que os seguranças estariam batendo na
porta e eu não queria pensar como Connor reagiria a um cara
forçando-o a deixar o bar.

Connor fechou as torneiras e afastou-se, mas não para a


porta. Ele caminhou até o dispensador de papel toalha, tirou
algumas folhas depois voltou e secou minhas mãos antes de
jogar o papel na lata de lixo.

Ele estendeu a mão.

— Baby. — Disse ele.

Assim que eu liguei meus dedos com os dele, ele puxou.


Tropecei nele, uma combinação de muito beber, saltos altos e
ainda um pouco chocada. Ele moveu meu cabelo para trás
por cima do ombro e descansou as mãos em meus quadris.

Ele beijou o topo da minha cabeça.

— Tão bonita. Porra, você me tirou o fôlego lá fora,


dançando.

Minha respiração engatou e inclinei meu queixo para


cima para que eu pudesse encontrar seus olhos.

— Você me viu dançar?

— Eu vi. — Ele ficou tenso e se afastou um pouco para


que ele pudesse pegar o meu queixo. — Mas dançar com os
caras que eu não gostei.

Eu estava prestes a responder quando ouvi um barulho


lá fora e fiquei tensa, saindo de seus braços.

— Connor. Você deveria ir. Você não pode estar aqui.

Ele franziu a testa.

— Você está vindo comigo.

Eu endureci.

— Perdão?

— Você me ouviu.

Eu tinha, mas estava chocada que ele achasse que eu


apenas me levantaria e sairia com ele.

— Umm, não. Eu não vou.

Ele estendeu a mão para mim. Eu pisei fora de seu


alcance, o que me rendeu uma carranca feroz, do tipo que
Georgie esteve falando.
— Você não vai ficar aqui com idiotas bêbados comendo
você com os olhos.

Eu estava um pouco bêbada, tudo bem, talvez muito e


talvez fosse por isso que eu meio que ri quando eu disse:

— Comendo com olhos?

Suas sobrancelhas caíram perigosamente.

— Sim, cobiçando.

E o último tiro deve ter efeito porque eu ignorei sua


carranca e minha auto indignação reemergiu.

— Talvez eu goste de ser cobiçada? — Eu não gostava.


Diego tinha me comido com olhos o tempo todo e eu odiava.
Mas eu realmente não tinha notado os caras me admirando.
Novamente, isso pode ter tido algo a ver com o álcool.

— Você não gosta. — Ele moeu fora.

Eu olhei.

— Tudo bem, eu não gosto.

Ele me deu um sorriso de autossatisfação.

— Na frente, a moto. — Ele agarrou minha mão e se


dirigiu para a porta.

— Não. — Eu protestei, puxando para trás. Ele


continuou indo, o que significava que ele me empurrou para
frente e desde que eu estava em saltos altos e embriagada,
tropecei atrás dele. — Connor, eu não vou com você. Chess e
London e.... Georgie estão aqui, também.
Ele parou rápido, enquanto virava para mim e eu bati
nele.

— Eu sei exatamente com quem você está. Eu sei


quantas margueritas que você bebeu. Quantas doses. E que
havia três caras mais perto de você na pista de dança. E
aquele que dançou com você estava muito perto.

Oh, Jesus. Ele estava aqui a noite toda me assistindo?


Isso significava que ele devia estar em minha casa quando
London me pegou.

Eu queria que minha cabeça não estivesse tão confusa e


que eu não tivesse bebido a última dose. Fiquei tensa quando
ele me bateu.

— Você esteve em Toronto? Você nunca saiu? — Seu


silêncio disse tudo. Ele tinha. — Você está me observando
durante doze dias e nunca veio até mim. Nunca disse nada?

— Eu lhe disse.

Eu estava ficando sóbria muito, muito mais rápido


quando a adrenalina me atingir.

— Disse-me o quê?

— Isso, que eu não posso esquecer de você novamente.

Eu não tinha percebido que estava recuando até minha


bunda bater no balcão.

— Então, eu tenho que sair por que você está aqui me


olhando? — Ele permaneceu quieto, então eu fui. — Você não
achou que eu estaria preocupada? Que eu gostaria de saber
se você estava bem? Que eu queria ver você?
Sua mandíbula se contraiu e ele cruzou os braços sobre
o peito.

— Eu estou aqui agora.

Oh, meu Deus.

— Doze dias, Connor. Doze dias. E antes foi um mês. —


Meu estômago se agitou e de repente eu não me sentia tão
bem. Exaustão mental, choque, raiva e álcool não se
misturam.

— Você não parou de trabalhar no bar. — Ele disse. — E


você não está tirando fotos.

Será que ele realmente disse isso? Eu estava prestes a


dizer isso em voz alta quando minha atenção foi atraída para
a porta quando a voz estridente de uma menina disse:

— Sim, ela está trancada. Um cara me disse para cair


fora.

Uh oh.

Os olhos de Connor passaram de mim para a porta e


todo o seu corpo se esticou, os braços desenrolaram e as
mãos formaram punhos.

Ele andou em direção à porta.

Corri atrás dele, agarrando seu braço.

— Connor, pare. Você não pode começar qualquer coisa.


Por favor. Deixe-me ir primeiro.

— Você está indo em primeiro lugar. — Ele respondeu e


colocou as mãos sobre meus ombros. — Fique atrás de mim.
— Mas você...

— Eu vou lidar com isso. — Ele interrompeu.

Ok, este foi um daqueles momentos em que querer dizer


algo era inútil. Então, fiz a próxima melhor coisa para tentar
impedi-lo de fazer algo que pudesse colocá-lo na cadeia. Eu
agarrei a sua mão, ligando os meus dedos com os dele.

Connor virou a tranca e abriu a porta. Havia uma


multidão de meninas e um cara que ficou na frente de todas
elas. Ele era volumoso, musculoso, com uma barba aparada e
cabeça raspada. Ele estava vestido com calça preta com uma
camiseta preta com o logotipo do bar em ouro na frente.

Seus olhos corriam por Connor, provavelmente,


decidindo se ele poderia levá-lo e deslocou-se para mim.

— Você está bem, senhorita?

Eu balancei a cabeça.

— Sim. Desculpa. É minha culpa. Eu não estava me


sentindo bem e só precisava de um minuto...

A mão de Connor apertou a minha. Eu rapidamente


olhei para ele e seus olhos estavam escuros, sua boca
apertada, enquanto olhava para o segurança, sua expressão
era, definitivamente, ameaçadora.

Connor era sempre perigoso porque foi treinado para ser


e com a sua construção musculosa, as tatuagens em seus
braços, sua carranca, ele parecia perigoso. Mas foi mais sua
atitude, a calma, destemor controlado.
Mas isso foi há muito tempo atrás. Agora era uma fúria,
destemor imprevisível.

— Tem certeza que está tudo bem, senhorita? — O


segurança entrou no banheiro.

— Sim. Tenho certeza. — Eu sorri, mas foi instável e não


tive certeza que ele aceitou. — Obrigada. Desculpe pela porta.

O segurança obviamente não acreditou em mim e com


atitude explosiva perto de Connor, eu meio que entendi o
porquê. Era o trabalho do cara se certificar que as meninas
no bar não fossem prejudicadas. Eu sabia em primeira mão.
Se estivéssemos no bar do Matt, eles já teriam colocado
Connor fora. Ou tentado.

— Você pode sair, senhorita. Preciso falar com o senhor.

Merda. Merda. Merda.

Ok, eu tinha que fazer alguma coisa. Se eles tomassem


como um passo para o espaço de Connor, ele explodiria. Seu
corpo vibrava com a raiva e era completamente irracional,
mas eu o tinha visto perdê-lo antes. Ele mesmo me disse que
quase tinha puxado o gatilho no cara do alarme, porque ele
não estava vendo o cara do alarme e sim vendo Carlos.

— Connor? — Eu silenciosamente movi-me para ele,


meu peito contra o dele, uma mão ainda na dele e outra
enrolada em torno da parte de trás de seu pescoço. Ele era
alto, muito alto e uma vez que ele ainda estava olhando para
o segurança, eu tinha que ficar na ponta dos pés, a fim de
beijá-lo, mas minha boca ainda não poderia alcançar a sua.
Eu apliquei pressão para o pescoço até que ele se
inclinou e meus lábios o encontraram.

No início, sua boca permaneceu inflexível sob a minha.

— Por favor, meu bem. — Eu implorei sob seus lábios.


— Me beije.

Beijá-lo era como empurrar-me contra uma parede.


Imóvel. Mas então, de repente, ele cedeu.

Sua boca se fundiu na minha e seus dedos teceram em


meu cabelo, juntou fios em seu punho, puxou para trás para
inclinar mais a minha cabeça para que ele pudesse
aprofundar o beijo.

Houve um pigarro e várias vozes atrás de nós, mas eu o


beijei até que senti seu corpo ceder e relaxar. Eu lentamente
me afastei, meus olhos procurando os seus. Estável. Calmo.

— Temos de ir. Ok? Não faça nada. Por favor.

Ele hesitou antes de concordar.

— Sim.

— Ok.

Ele continuou segurando a minha mão e ainda fazendo


seu corpo me proteger, mas caminhou em direção à porta e
ao segurança.

Foi bom. Íamos lá para fora e ele sairia. Ele estava bem.

Isso foi até o segurança tocar no meu braço no caminho


para fora da porta.

— Você tem certeza que quer ir com ele?


Foi quando o mundo desabou.

— Tira a porra da mão dela. — Connor empurrou o


segurança no peito, com tanta força que ele cambaleou para
trás até a parede.

— Connor. Não. — O segurança empurrou para longe da


parede, com as bochechas vermelhas. Ah, Merda. — Por
favor. Nós estamos saindo. Ele está saindo.

— Isso mesmo, ele está. — Disse o segurança.

— Alina? Ei. Você está bem?

Merda. Era Chess e ela estava seguindo em minha


direção através da multidão de meninas que estava
esperando para entrar no banheiro.

Ela parou quando seus olhos pousaram na mão de


Connor que apertava na minha. Então sua boca abriu
quando o reconheceu, cuja mão eu segurava.

Eu não tive tempo para pensar sobre o que dizer a ela,


porque tinha que tirá-lo daqui antes que houvesse uma cena
maior e Georgie descobrisse o que estava acontecendo. Não
era uma boa maneira de descobrir que seu irmão estava aqui.

— Vai esperar por mim lá fora. — Connor ordenou sem


olhar para mim. Seu olhar se concentrou no segurança que
estava a cinco metros de distância. Eu tinha certeza que o
segurança estava à espera de reforço, que eu não tinha
dúvida que estaria aqui a qualquer segundo.

Seguranças assistem as costas um do outro. Pelo menos


eles faziam isso no Avalanche. Então, eu sabia exatamente o
que iria acontecer. Também sabia que, enquanto ficasse ao
lado de Connor, eles tinham que evitar vigorosamente
removê-lo. Em vez disso, tentariam convencê-lo a sair
calmamente.

— Connor, vamos embora. — Eu puxei sua mão, que era


como tentar desenterrar uma árvore. — Nós precisamos sair
antes de sua irmã o veja.

Isso chamou sua atenção. Ele olhou para mim, um rosto


de pedra fria e dirigiu-se para a porta, levando-me com ele. A
multidão de meninas saiu do seu caminho e quando olhei
para trás por cima do meu ombro, vi o segurança nos
seguindo.

Connor passou junto a Chess, sem sequer olhar para


ela, mas eu não tinha certeza se ele mesmo sabia quem ela
era.

Eu consegui sussurrar para ela no caminho:

— Não diga a Georgie. Por favor. Deixe-me falar com


Deck primeiro. — Eu não tinha tempo para dizer mais nada e
nós tecemos nosso caminho pelo bar e para a porta da frente.

Sua moto estava literalmente à direita, em frente.


Connor me passou o capacete e jogou a perna sobre o
assento. Olhei para a porta.

Chess ficou ali franzindo a testa, assim como o


segurança que conversou com outro, enquanto seus olhos
permaneceram em Connor.

A moto rugiu para a vida.


— Baby. — Disse ele.

Puxando o capacete, eu prendi a faixa depois de


algumas tentativas porque minhas mãos tremiam. Então subi
na parte traseira de sua moto, com a pelve confortavelmente
junto a sua bunda e passei meus braços em torno de sua
cintura.

— Bem? — Ele perguntou.

— Sim. — Mas não estava bem. Eu estava confusa, com


medo e odiava as duas coisas.

A moto seguiu pela estrada e eu não pensei muito,


exceto em me segurar. Notei que ele se manteve lento e fez as
curvas devagar e me perguntei se isso era porque eu tinha
bebido.

Foram apenas dez minutos antes dele virar na minha


rua e parar a várias casas de distância e eu soube o porquê
— Deaglan.

Eu desci da moto, desfiz a faixa e tirei o capacete,


passando-o para ele. Ele jogou a perna por cima, curvou o
braço em volta dos meus ombros trazendo-me contra ele.

— Eu preciso que você fique aqui por um minuto.

Eu endureci, sabendo exatamente porque ele queria que


eu ficasse aqui.

— Se Deaglan estiver lá, podemos falar com ele. Diga-lhe


que você está aqui então...

Seu poder sobre mim apertou.


— Então, o que, Alina? Você sabe para onde vai a partir
daí. — Eu sabia. Deaglan chamaria Deck e eu tinha certeza
que Deck estaria aqui em poucos minutos. Seria tudo, sair
em breve o suficiente. Chess não ia manter o segredo por
muito tempo.

— Então vá. Eu sou capaz de encontrar meu caminho


para casa. — Eu raramente era sarcástica, nunca realmente.
Mas suas idas e vindas, seu sumiço sem saber se ele estava
bem ou se eu iria vê-lo novamente, tudo isso estava batendo
em cima de mim.

Ele tinha acabado de me arrastar para fora do bar,


porque não gostava de caras me comendo com os olhos.

Eu saí do seu abraço e me virei para ir para a casa.


Consegui três passos antes dele agarrar meu braço.

— Alina.

— O quê? — Eu respondi.

Suas sobrancelhas baixaram.

— Eu preciso de mais tempo.

— Bem, seu tempo se esgotou, porque Chess viu você


hoje à noite. Você sabe quem é Chess, não é? A irmã de Kai.
Estou supondo que ela vai informar-lhe até de manhã,
porque eu pedi a ela, mas Kai vai saber. Então Deck. E você
sabe o que acontece depois disso? — Eu não lhe dei uma
chance de responder. — Você desaparece.
— Fotógrafa Dedicada. — Ele puxou-me em seus braços,
com a mão na parte inferior das minhas costas, a outra
cobrindo meu rosto.

Será que ele realmente tinha que fazer isso? Não era
justo e eu já me senti vacilar.

— Não me chame assim.

— Eu não vou desaparecer. Estou aqui. Sempre estive


aqui. — Sua voz suavizou e seu polegar acariciou para frente
e para trás na minha bochecha. — Querida, por favor. Deixe-
me fazer isso do meu jeito.

Eu suspirei, a cabeça curvando e sua mão escorregou


para longe. Eu não era uma lutadora. Connor era. Ele
também estava atormentado e sozinho e eu era a única
pessoa que ele tinha deixado para trás em sua vida.

— Bem. Vou entrar sozinha e você faz o que você faz


normalmente e se esconda no seu caminho. Vou deixar o
alarme.

Ele hesitou, os olhos na rua mal iluminada.

— É uma rua residencial, Connor. Estou bem.

Ele finalmente concordou com a cabeça e eu voltei para


casa, mas não houve um momento em que eu não sentisse
seus olhos em mim. Senti o cheiro de fumaça de cigarro na
minha varanda e sabia que Deaglan estava em casa. Ele
raramente fumava, ou assim ele disse, mas nessa noite
estranha ele veio para fora e tinha um.

— London não a trouxe?


Deixei minha chave que estava prestes a colocar na
fechadura ao som da voz de Deaglan.

— Ah, não. Eu tive uma carona. — Inclinei, peguei a


chave e inseri na fechadura. — Você tem companhia? — Eu
perguntei, o que significava uma menina em sua cama.

— Não.

— Acho que é uma noite fora, então. — Eu abri a porta.

Ele apoiou os braços no parapeito da varanda.

— Não tenho noites fora, querida. Eu tenho noites de


folga. Então, quem lhe deu uma carona?

— Um amigo. Nos vemos depois. — Corri para dentro e


fechei a porta e desarmei o alarme.

Subi as escadas e tinha acabado de colocar minha bolsa


na cadeira quando Connor apareceu na porta.

— Meu Deus. Como você conseguiu ser tão rápido?

Suas sobrancelhas levantaram, um sorriso arrogante


apareceu em seus lábios.

— Distração, baby. Deaglan estava falando com você,


não prestando atenção em mim. Entrei pela parte de trás
quando ouvi você socar o código do alarme. — Ele veio em
minha direção. — Venha aqui. Parece que você está prestes a
cair.

— É o salto alto. — Puxei-os e os arqueei os pés com um


suspiro de alívio.

Ele bufou.
— São as margueritas.

Chegando até mim, Connor enfiou a mão na minha e me


guiou até o banheiro. Ele me pegou e me colocou sobre o
balcão. Agarrou minha escova de dentes do jarro de cerâmica
amarelo, colocou pasta de dente e passou para mim.

— Obrigada. — Eu murmurei, antes de empurrar na


minha boca. Enquanto escovava, ele estava na minha frente,
com as mãos nas minhas coxas assistindo. Eu puxei a escova
da minha boca. — Por que você está me olhando?

Ele estendeu a mão e limpou com o polegar o creme


dental na esquina da minha boca.

— Eu vejo você o tempo todo.

— O tempo todo?

Ele encolheu os ombros.

— Quando eu estou aqui. Sim.

— Você pode me ver em casa?

— Sim. Quando as cortinas não estão fechadas.

— De onde? — Eu inclinei para frente para olhar para o


meu quarto, para as janelas.

Ele gentilmente me empurrou para trás.

— De outra casa.

Eu torci o nariz.

— Você sabe que eles têm um nome para isso. É


chamado de perseguição. E é assustador.
Houve uma contração para cima nos cantos de sua
boca.

— Você acha que eu sou assustador, Alina?

Prendi a escova de dentes na boca e passei novamente


enquanto pensava sobre isso. Ele me observava de uma outra
casa. Isso era assustador? Seria muito assustador se não
fosse Connor e sabia porque ele fazia isso. Ele também foi
honesto sobre o porquê fazia, embora tenha sido após o fato.

Eu puxei a escova da minha boca novamente.

— Não. Eu não acho que você seja assustador. Mas


preferiria que você me assistisse de dentro da minha casa.

— É mais seguro desta forma. Você não acha? — Ele


perguntou.

Eu balancei a cabeça e ele colocou as mãos sobre meus


quadris e me ajudou a descer. Abriu as torneiras e lavei
minha boca e a escova de dentes antes de deixá-la cair de
volta no copo.

Ele me levou para o quarto e me despiu. Tentei


argumentar que eu era capaz e era, mas Connor me ignorou
quando abriu o zíper da parte de trás do meu vestido e tirou-
o pelo meu corpo até que ele caiu aos meus pés, no chão.

Saí quando ele me virou para que pudesse desfazer o


fecho do meu sutiã. Tremi quando seus dedos tocaram minha
pele nua e eu tinha certeza que ele percebeu porque não foi
um gemido sutil.
Ele gentilmente deslizou pelos meus braços e jogou-o na
cadeira onde ele pegou minha camisola.

— Braços.

Eu levantei meus braços e o material de seda caiu no


lugar.

Pensei que ele fosse me beijar, mas não o fez. Ele puxou
as cobertas e eu deslizei na cama, mas ele não fez nenhum
movimento para se juntar a mim.

— Você está indo embora. — Foi uma declaração.

— Sim. Não é uma boa noite para mim, Fotógrafa


Dedicada.

Eu estava incerta sobre o que exatamente isso


significava, se era por causa do que aconteceu no bar ou no
exterior, na rua ou se sua cabeça estava incomodando muito.
Eu empurrei-me na cama.

— Talvez, se você ficasse comigo um pouco, ela ficasse


melhor? — Ele andou até a porta, então eu adicionei. — Por
favor. Até eu adormecer.

Sua mão estava na moldura da porta.

Eu vi o segundo que seus ombros caíram. Ele virou-se e


voltou para a cama e disse:

— Não muito tempo e as botas ficam.

Eu sorri.

— Eu não me importo com as botas sobre a cama,


Connor. — E sabia porque ele queria-as. Assim, poderia sair
rápido. Tinha certeza que ele estava pensando sobre o que eu
disse sobre Chess conhecê-lo e se ela decidisse contar a Kai
esta noite, poderíamos ter companhia a qualquer momento.

Ele se sentou na cama, inclinou-se contra a cabeceira,


levantou as pernas e cruzou os tornozelos. Suas botas de
motoqueiro pretas entraram em confronto com os lençóis
floridos amarelo pálido e o cobertor de malha no final da
cama. Ele também parecia completamente desconfortável.

Deslizei até ele e me aconcheguei ao seu lado com meu


rosto descansando em seu peito, minha mão sobre o seu
coração.

— Eu gosto quando você me come com os olhos.

Ele resmungou.

— Connor?

— Sim?

— Você pode me dizer se estiver me deixando por um


tempo de novo?

Sua mão se estabeleceu na minha cabeça e ele


suavemente acariciou meu cabelo. Eu estava quase dormindo
quando ele disse:

— Sim, querida.

— Promete-me.

— Sim, eu prometo.

Algumas horas mais tarde, eu acordei na escuridão.


Connor ainda estava sentado na cama, com o braço em
volta de mim, nossas mãos ligadas, descansando em seu
peito.

Sua cabeça foi para trás inclinando-se sobre a cabeceira


da cama e seus olhos estavam fechados, respirando
profundamente. Ele estava dormindo.
Capítulo
16
Pergunta 8: Uma super poder que

você gostaria de ter.

Eu dei um salto ao ouvir o som de vidro quebrando.


Levei um segundo antes de envolver minha mente nebulosa
em torno do que diabos estava acontecendo.

Outro acidente.

Joguei as cobertas e saltei da cama estremecendo,


enquanto minha cabeça latejava e rejeitou a ideia de se mover
muito rápido.

Doses de margueritas definitivamente não caíam bem no


dia seguinte.

Tão rápido como minha cabeça permitia, eu vesti o meu


sutiã e uma camiseta de gola V azul pálido que estava sobre a
cadeira, corri para o meu armário e puxei minha calça jeans.
Vesti enquanto pulava em um pé em direção à porta.
Fechando o meu jeans, corri para o corredor. Quando
cheguei ao topo da escada, a porta da frente abriu e Deaglan
apareceu. Seus olhos imediatamente desembarcaram em
mim. Ele balançou a cabeça e fez um gesto com a mão para
eu voltar.

Eu não voltei. Porque se não fosse um estranho fazendo


uma raquete na minha cozinha, eu sabia quem era —
Connor. Ele tinha ficado comigo ontem à noite.

Desci as escadas e Deaglan agarrou meu braço antes de


eu conseguir passar por ele e correr para a cozinha.

— Saia do caminho, porra. Para atrás de mim.

Foi então que vi a arma em sua mão direita e o medo


apertou o meu peito.

— Deaglan. É Connor.

Seus olhos apertaram, os lábios franziram.

— Connor? — Ele não esperou por uma resposta,


porque ele sabia que eu não faria algo como isso. — Porra. —
Ele me soltou, pôs a mão no bolso e pegou seu celular.

Eu coloquei minha mão em seu braço.

— Não. Por favor. Não o chame ainda.

Ele fez uma pausa, o dedo descansando na tela


iluminada.

— Você sabe que não posso fazer isso. — Eu posso.


Deck era amigo de Deaglan e ele foi convidado a manter um
olho em mim.
— Então me dê dez minutos. Por favor. Ele ficou aqui
comigo ontem à noite. Ele esteve aqui antes. — Seus olhos se
arregalaram com surpresa, então, rapidamente se
estreitaram. — E se ele vir você com uma arma... Deaglan, se
ele for confrontado, não vai acabar bem. Eu posso acalmá-lo.

Ele bufou.

— Sem chance. Deck me mataria.

— Connor vai lhe matar se você entrar lá com uma


arma.

Outro acidente, mas não era de vidro. Eu não sabia o


que era.

Deaglan olhou para o telefone e bateu na tela.

— Desculpe, querida. Não. Chamamos Deck e você vai


para fora...

Eu entrei na cozinha.

— Porra. — Ele correu atrás de mim.

Eu corri mais rápido. Virei a esquina para a cozinha,


assim quando ele agarrou meu braço.

Entrei em pânico, olhos correndo para ele.

— Deaglan, sua mão. Ele vai pirar se você estiver me


segurando.

Ele deve ter lido meu pânico porque imediatamente me


deixou ir, ao mesmo tempo que Connor nos notou com olhos
estavam selvagens e vermelhos, passando de mim para
Deaglan e novamente.
Eu estava grata que Deaglan estava atrás de mim e
Connor não podia ver a arma, porque eu sabia que ele iria
reagir a ela, especialmente comigo por perto.

Ninguém se mexeu.

Olhei para o desastre. Todas as portas dos armários


estavam abertas, um par delas penduradas em ângulos
estranhos por ele, obviamente, puxá-las com muita força.
Connor tinha rasgado a bandeja de talheres da gaveta e jogou
os utensílios sobre o balcão. Garfos, colheres e facas foram
espalhados por toda parte, alguns tinham aterrado no chão.

Havia vários pratos no chão, também, pedaços


quebrados em todos os lugares e a estatueta de um cão, um
boxer castanho e branco que estava sentado no parapeito da
janela.

Ele não era meu, mas eu gostava e tinha certeza que a


avó Kane tinha gostado, uma vez que tinha o seu próprio
lugar especial.

Meu Deus. O que ele estava fazendo?

— Connor? — Dei um passo para frente, ignorando o


rosnado baixo de Deaglan para não se mover. — O que está
errado?

Eu quase corri quando seus olhos escureceram e as


mãos enrolaram em punhos ao seu lado. Quase. Mas eu
estive com a máquina Connor. Estive com o Connor doce,
arrogante e super protetor e estive com este Connor. O
homem que estava tentando chegar a um acordo com o que
ele fez, enquanto estava drogado.
— As fotos. — Gritou ele, a voz era rouca, com raiva. —
O que aconteceu com elas?

— Oh, Deus. — Eu cobri minha boca com a mão. Olhei


para todas as gavetas abertas e armários. Ele estava à
procura das fotos. — Elas se foram.

Senti os olhos de Deaglan em mim e enquanto ele estava


lá, isso significava que ele não estava ligando para Deck.

Connor soltou a gaveta que ele tinha na mão e que caiu


no chão. Foi por todo o rosto. A forma como os olhos
semicerraram, como as sobrancelhas apertaram, como seus
ombros caíram.

Ele sabia. Era disso que se tratava. Ele se lembrava de


queimá-las e não queria acreditar que era verdade, então
estava procurando por elas.

— Eu queimei-as.

Eu balancei a cabeça.

Ele abaixou a cabeça, caiu na cadeira, as pernas se


separaram, cotovelos apoiados sobre elas e ele embalou sua
cabeça.

— Você me observou. — Ele murmurou. Mais uma vez


eu balancei a cabeça, embora ele não estivesse olhando para
mim.

Lembrei-me de ouvir o crepitar do fogo, uma vez que ele


comeu as nossas memórias. A fumaça ondulando no ar e o
cheiro à deriva para mim. Nossas memórias se
transformando em cinzas em poucos minutos.
— Por que eu faria isso? — Seus dedos se enroscaram
em seus cabelos. — Por quê?

Ouvi Deaglan xingar baixo. Connor sequer o percebeu


ou não se importava mais.

Aproximei-me dele, para minhas coxas tocarem seus


joelhos. Eu não tinha certeza se eu deveria tocá-lo ou não.

— Você não sabia o que era.

Ele levantou a cabeça, estendeu a mão para mim. Suas


mãos foram para os meus quadris me puxando para ele. Eu
separei as minhas pernas e movi-me para o seu colo e montei
sua cintura.

Olhei por cima do meu ombro para Deaglan, que nos


assistia. Ele acenou para mim antes de virar e sair da sala,
mas não antes de eu vê-lo levantar o telefone e tocar na tela.

Merda. Ele estava ligando para Deck.

— Adormeci ontem à noite, baby. Com você em meus


braços... Porra, eu caí no sono por muito tempo e essa merda
mexeu com minha cabeça. Acordei e não achei que fosse
verdade. Pensei que se eu as encontrasse... Jesus, o que eu
fiz? — Ele passou as mãos para cima e para baixo das
minhas costas. — Preciso de você segura. Isso é tudo o que
posso pensar.

— Ele está morto, Connor. Eu estou segura. Você está


seguro. — Eu disse.

Ele suspirou.

— Sim.
Eu inalei uma respiração profunda, em seguida, disse:

— Connor, isso não pode continuar. Aparecer no bar na


noite passada foi demais. — Ele permaneceu quieto. — Você
não pode me seguir e esperar que eu faça o que você diz. Eu
sei que você quer ficar escondido, mas eu não. Fiquei
escondida durante onze anos e quero viver uma vida normal.
Ou tão normal quanto eu puder.

Ele ficou tenso e recuou.

— Beber e dançar na frente de um monte de caras que


querem ficar em suas calças não é viver.

— Sim é.

— Não. Isso não é.

— Eu estava dançando.

— Eu não gosto disso. — Ele se levantou, levando-me


com ele e deixou-me ir quando ele se agachava e pegava os
cacos de vidro. Eu fui ajudar quando ele me lançou um olhar.
— Não, querida. Eu vou fazer isso. Você está com os pés
descalços e há vidro no chão. Sente.

Meu peito inchou e minha barriga virou. Connor. Isso


era tão Connor. Era o que ele fazia. Ele protegia os outros.
Ele não iria me pedir para pegar a vassoura ou o aspirador;
ele se certificaria de que eu estava segura em primeiro lugar.

Ele fazia isso com todos. Exceto que não havia mais
todos, porque ele não iria deixar ninguém chegar perto. Havia
apenas eu e mesmo eu era algo hesitante.
— Eu nunca tive amigos, Connor. Não como você tinha
e, apesar do que você pensa, ainda tem. — Eu coloquei meus
pés para cima da cadeira e passei meus braços em torno de
minhas pernas. — As crianças tinham muito medo de fazer
amizade comigo pelo envolvimento do meu pai com.... —
Ainda agachado e pegando os cacos da estatueta do cão, ele
parou, levantando os olhos para encontrar os meus. — Eu
tenho amigos agora e não quero perdê-los, mas quero você,
também. Eu me apaixonei por você, Connor. Eu o amo há
muito tempo. Posso não ter conhecido todos vocês, mas sabia
que você era esse tipo de pessoa. E amei estar com você.

— Você ama um homem que está morto. Isso não é


comigo agora, Alina.

— Talvez não. Mas quem quer que você tenha se


tornado, ainda é o homem que eu amo. Você ainda é ele e
lembrar o que você fez é que te mata. Mas você sabe por que?
Porque você ainda tem as partes boas. Se não se importasse,
nenhuma das coisas que fez enquanto drogado importaria.

Ele abaixou a cabeça e olhou para os fragmentos


quebrados no chão.

— Isso me deixa doido, vê-la em torno de outros caras.


Tudo o que posso pensar é que você está sendo tirada de mim
novamente. Tudo o que vejo é ele.

Talvez eu entendesse isso, mas era algo que tínhamos


que trabalhar. Eu não conseguia parar de viver.
— Eu quero fazer coisas que eu senti falta de fazer.
Gosto de trabalhar em um bar e gosto de estar perto de
pessoas.

Sua cabeça ergueu e ele ficou tenso.

— Você não pertence em um bar, porra. Você deve tirar


fotografias.

Eu suspirei. Ele não entendia porque tudo o que viu foi


eu estando cercada por pessoas e ele não gostou.

— Essa não é a questão. Eu posso decidir onde quero


trabalhar. Eu posso decidir se quero dançar ou se quero
beber até desacordar. Eu decido, Connor. Eu. Finalmente,
tenho uma escolha. — Fiz uma pausa e depois disse: — E
você é a minha escolha, também. Escolho você. Quero você e
posso desistir de coisas a fim de tê-lo, mas não me sentirei
viva.

Ele abruptamente se levantou.

— Você quer se sentir viva, Fotógrafa Dedicadas? Eu


vou mostrar-lhe que está viva. — Ele me pegou e me levou
através da sala e me colocou em pé. Ele entrelaçou os dedos
com os meus e se dirigiu para o corredor para a porta da
frente.

Mas Deaglan bloqueava a porta e ele tinha o seu telefone


no ouvido. Ele disse:

— Venha aqui. — Então ele baixou lentamente o


telefone, com os olhos fixos em Connor.
Mas Connor estava olhando para mim. Ele acenou para
as minhas sapatilhas pretas na esteira.

— Baby, sapatos.

Certo. Sapatos. Eu deixei sua mão e deslizei para elas,


então ele colocou a mão na minha novamente.

— Mova — Connor disse a Deaglan.

A mão de Deaglan foi para sua cintura e meu coração


pulou uma batida.

— Não. — Eu disse, dando um passo à frente de Connor


e ele realmente não gostou pois abruptamente me empurrou
atrás dele. Eu apertei sua mão. — Ele só está me protegendo,
Connor.

— Eu não dou a mínima para o que ele pensa que está


fazendo. E se ele fosse bom em protegê-la, ele teria sabido
que eu estive aqui ontem à noite.

Deaglan olhou, mas ele não tirou sua arma.

— Deck está a caminho.

— Bom para ele. Agora, fora do meu caminho.

— Ela fica aqui. — Deaglan acenou para mim.

Connor riu.

— Que tal agora? Nós perguntamos a ela. Se ela quiser


ficar, então eu saio sozinho. Mas se ela quiser ir comigo, você
nos deixa passar sem luta. — Ele sorriu. — Você sabe tão
bem quanto eu, onde você vai acabar se houver uma luta.
Eu sabia. No chão com uma arma na cara dele. Eu não
sabia sobre a experiência de combate de Deaglan, mas sabia
a de Connor e pelo aceno lento de Deaglan, ele também.

Eu odiava ser colocada nesta posição. Estava


começando a gostar Deaglan e ele estava tentando me
proteger, mas se Connor partisse sem mim... eu não sabia o
que ele faria.

— Eu sinto muito. Eu tenho que ir. — Eu disse a


Deaglan. — Ele precisa de mim.

Connor apertou minha mão e olhei para ele quando ele


deu um meio sorriso.

— Você precisa falar com Deck, Alina. — Deaglan deu


um passo à direita da porta, deixando-nos passar.

— Eu sei. — Eu disse.

Connor permaneceu em silêncio, mas seus olhos nunca


deixaram Deaglan, enquanto abria o ferrolho e a porta. Então
ele chutou a tela com a ponta da bota e segurou-a aberta
para eu passar primeiro.

— Diga a palavra. — Deaglan perguntou antes de eu


sair.

Eu sorri. Ok, eu realmente gostava dele. Apesar de seu


status de playboy, ele era um bom rapaz porque estava se
arriscando por mim. Ele lutaria com Connor se eu não
quisesse ir com ele, mesmo sabendo que ele iria perder.

— Obrigada. Diga a Deck que estou bem, ok? Que ele


pode confiar em mim.
Ele balançou a cabeça, enquanto Connor pediu-me para
sair pela porta com a mão na parte inferior das minhas
costas.

Corri para manter-me com ele, enquanto nós


caminhamos até a rua para uma velha casa abandonada que
tinha as janelas fechadas com tábuas. Foi onde ele me deixou
na noite passada. Eu tinha visto o sinal de venda em frente
desde que me mudei para cá.

Oh, Deus, isso foi onde ele viu minha casa.

Ele me guiou até a calçada para o lado direito da casa


onde eu vi uma lona azul caída sobre alguma coisa. Ele
soltou a minha mão e puxou-a.

A motocicleta dele. Ele a tinha deixado na rua.

— Eu não ouvi você ligar a sua moto na noite passada.

— Empurrei-a até aqui, enquanto você estava


caminhando para a sua casa.

— Oh.

Ele desabotoou o capacete do guidão e se virou para


mim, deslizando-o na minha cabeça e delicadamente
colocando em fios de cabelo. Tremi com o toque suave das
pontas dos seus dedos. Ele pegou a faixa e apertou-a. Eu
senti como se tivesse uma bola de boliche na minha cabeça.
Ele também era muito grande, então quando eu inclinei a
cabeça para frente, ele caiu na frente dos meus olhos.
— Eu vou comprar um para você. — Olhando para mim
por um segundo, deu um sorriso lento. — Porra, você está
gostosa, baby.

— Você me viu nele a noite passada. — Mas meu


coração tamborilava. Não tanto por ele ter me achado
gostosa, apesar de que foi incrível, mas sim porque ele sorriu.

Eu derreti em seu sorriso. Foi assim que eu tive


problemas com ele em primeiro lugar. Seu sorriso poderia
conquistar qualquer garota. Era magnético, com a maneira
como seus olhos azuis provocavam e suas sobrancelhas
erguiam-se ligeiramente, enquanto as covinhas dançavam em
seu rosto.

— Sim, mas a noite passada foi um desastre e minha


cabeça estava em tirá-la fora de lá. — Ele jogou a perna sobre
sua motocicleta, ligou o motor, mudou seu peso para
endireitá-la e chutou o suporte.

Connor gostava de ir rápido. Pelo menos ele me disse


isso sobre as motocicletas de motocross que usava para
correr, então eu estava um pouco nervosa.

— Eu vou cuidar de você. — Disse ele, lendo meus


pensamentos. — Não foi possível cuidar de você durante onze
anos. Agora eu posso. — Ele acenou para sua motocicleta. —
Essa moto é o único lugar que me sinto vivo, a menos que eu
esteja com você. — Ele sorriu. — Bote sua bunda gostosa e
sexy na moto. Eu quero estar entre as suas pernas.

Um calor estabeleceu-se na profundidade. Ele estava


brincando e sorriu.
Ele pegou minha mão quando eu me aproximei.

— Viver é uma grande rotação da roda, baby. Poderia


muito bem aproveitar o passeio até que ela pare.

Olhei para ele um segundo e ele acariciou o lado do meu


rosto. Ele tinha sussurrado aquelas palavras exatas para
mim era uma vez. Repeti a mesma resposta que eu tinha
dado, então.

— Eu fico tonta em montar.

As sobrancelhas de Connor levantaram assim como o


canto do lábio.

— Esse é o motivo de montar.

Como a lavagem de suas palavras flutuaram sobre mim,


fechei os olhos. Eram palavras que ele disse antes de todo
esse sofrimento e dor.

Ele estendeu a mão e abaixou a viseira no meu


capacete.

— Traga sua bunda para a moto antes que eu mude de


ideia e a leve em um passeio diferente.

Eu estava bem com esse passeio também, mas pensei


que fosse melhor sair daqui antes que Deck e os outros
aparecessem.

Isso estava chegando a um ponto crítico. Deck se


preocuparia e Connor era bom, mas eu não acho que ele seria
capaz de me ver por mais tempo sem Deck saber sobre ele.

As coisas estavam mudando rapidamente. Eu só não


sabia que caminho elas iriam tomar.
Connor se afastar ou Connor confrontar seus demônios.

Subi na parte de trás da moto, pressionei o meu corpo


contra o dele, enquanto acomodava minhas mãos em seu
abdômen. Ele bateu as mãos uma vez e nós decolamos.
Capítulo
17
Nós rodamos por horas em estradas desertas, meu
corpo confortavelmente colado ao seu, a vibração do motor
abaixo de mim, o vento pegando os fios soltos do meu cabelo
e fazendo cócegas em minhas bochechas.

Ele estava certo. Isto era viver. Ao ar livre com o sol


nascendo e nada mais que a estrada na sua frente.

Sem destino. Sem amanhã.

Era liberdade. Algo que nós dois tínhamos perdido por


um longo tempo.

Ele seguiu para uma estrada de terra e o pneu traseiro


derrapou, mas ele facilmente endireitou-o. Ele dirigiu
lentamente pelo cascalho antes de virar para um caminho
entre as árvores. Havia duas trilhas de pneu bem marcadas
na terra batida.

A fila de árvore acabou e não havia um espaço aberto. E


uma pista de terra, a pista de motocross. Este era o lugar
onde ele costumava correr. Ele me contou sobre as corridas
aqui quando era criança e quando ficou mais velho, ajudando
as crianças mais jovens.

Ele trouxe Georgie também.


Ele parou a moto e eu saí, minhas pernas um pouco
instáveis após a longa viagem. Ele deslizou para fora,
enquanto eu tirava o meu capacete e botava-o no banco. Sem
dizer nada, colocou a mão na minha e caminhou em direção
a sinuosa trilha montanhosa.

Parecia desativada. Havia ervas daninhas que cresciam


na pista e a grama ao redor era cheia de mato. Isso era
isolado, sendo cercado por árvores e suficientemente longe da
estrada principal. Um local perfeito para os adolescentes
saírem e rugirem ao redor em uma tarde de sábado.

Imaginei um jovem Connor em pé, na margem, rindo


com seus amigos. Connor teria sido o destemido. O garoto
que arrasou na pista à frente de todos os outros.

Eu trocaria qualquer coisa para capturar uma imagem


disso.

Ele soltou a minha mão e eu parei enquanto ele se


inclinou, pegou uma pedra e atirou-a fora do caminho de
terra.

— Eliminado bem aqui. — Ele disse, apontando para o


monte íngreme e acentuadamente curvado para a direita. —
A motocicleta estava fodida. Eu não era muito melhor. Não foi
possível montar durante semanas e lembro de ter pensado
que era uma merda não ser capaz de estar na minha moto.

Ele se sentou, pernas dobradas, braços pairando sobre


elas.

— Baby, sente-se.
Sentei-me ao lado dele e ele continuou:

— Quando vim para cá, por dois dias, eu não fiz nada,
exceto lembrar. E eu me odiava. Odiava tudo. E, porra,
choveu durante várias horas seguidas. Parecia bastante
adequado.

Ele pegou um punhado de terra e deixou-o escapar por


entre os dedos.

— A pista era sempre um pesadelo quando estava


molhada. Você mal era capaz de ver onde estava indo porque
havia muita lama salpicada em seu visor. Mas porra, era
divertido. Coração batendo forte, adrenalina e uma pressa
enorme. Não há regras aqui, apenas montar, porque nós
amamos isso. Amamos o risco. O perigo. A borda e a moto
vibrava abaixo de você. — Ele suspirou, balançando a cabeça,
antes de se sentar e jogar seu braço sobre os olhos. — Estou
no limite, Alina. Constantemente. Mas é diferente, não como
antes. É como meu dedo estar sempre no gatilho e se eu fizer
o movimento errado, a arma vai disparar e vou terminar tudo.
Não sei onde o fim está. — Ele suspirou. — Eu não confio em
mim. Sabe o que é isso? Incapaz de confiar em si mesmo?

Com a brisa suave, os galhos das árvores balançavam


na distância e alguns patos gritavam enquanto voavam por
cima. Deitei-me ao lado dele e disse:

— Talvez não se trate de confiar em si mesmo, Connor,


mas primeiro confiar naqueles que o rodeiam? As pessoas
que você conhece e amam você.
Ele não respondeu, mas talvez isso fosse um bom sinal e
ele estava pensando sobre isso. Ele precisava de seus amigos.
Da família dele.

Ele se arrastou para o lado, para cima em seu cotovelo


para me encarar. Minhas mãos descansaram no meu
abdômen superior e ele gentilmente levantou minha camisa
com um dedo, por isso havia três polegadas de pele a mostra.

— Diga-me uma coisa, querida. Algo normal. Apenas


fale. Eu quero ouvir a sua voz.

Deitei na grama e olhei para as nuvens que cobriam


metade do sol. Normal. Eu estava tentando encontrar o
normal e queria que Connor o encontrasse comigo.

— Estou pensando em adotar um gato. Um mais velho,


que precise de uma casa. Eu nunca tive um gato, nunca tive
um animal de estimação e realmente gosto dos gatos do
celeiro no Centro. — Se ele estava me seguindo, ele saberia
sobre o Treasured Children’s Center de Tristan e Chess.

— Pergunta seis. Você nunca teve um animal de


estimação. — Ele disse mais para si mesmo do que para mim.

Seus dedos traçaram sobre a minha pele, lenta e


ritmicamente, como se estivesse desenhando alguma coisa. E
quando inclinei a cabeça para olhar para ele, ele estava
focado no que estava fazendo, então eu continuei.

— Os gatos vêm correndo sempre que entro no celeiro.


Há esse carinha cinza chamado Jiggy e ele faz esse pequeno
movimento com as pernas para trás antes de ele sair
correndo. É como se ele acelerasse. — Ele se inclinou mais
perto e minha respiração engatou quando ele gentilmente
beijou meu umbigo. Em seguida, ele voltou a desenhar.

— Eu pensei em ir para o resgate de gatos no sábado,


para ver se há um que queira vir para casa comigo.

— Todos eles vão querer ir para casa com você, baby. —


Ele disse, enquanto seu foco continuava no meu abdômen.

Então eu soltei:

— Você vem comigo? — Era um tiro no escuro. Quer


dizer, eu não tinha a intenção de perguntar-lhe e não tinha
ideia se ele gostava de gatos, mas o queria comigo e ele
estaria fazendo algo normal, juntos.

Seu dedo deslizou pelo cós da minha calça jeans de um


lado do quadril para o outro.

— Para adotar um gato?

Eu balancei a cabeça.

— Qualquer outra pessoa estará indo?

— Não.

— É importante para você?

Eu balancei a cabeça.

— Sim.

Demorou dez segundos antes que ele dissesse:

— Ok, baby.

— Tudo bem? — Ele vinha comigo? Eu não esperava que


ele dissesse sim. A pequena quantidade de esperança
aumentou e talvez houvesse uma chance para nós.
— Nenhum laranja.

— Hã?

— Nenhum gato laranja.

Mordi o lábio, tentando controlar meu riso. Oh, meu


Deus, ele realmente odiava laranja. Eu não ligava para a cor
do gato que eu trouxesse para casa, por isso não importava
para mim.

— Mas eu meio que tinha o meu coração situado em um


laranja. — Eu provoquei. — Os laranjas são os melhores.

Ele bufou, revirando os olhos.

— Laranjas?

Dei de ombros.

— Sim. E talvez poderíamos chamá-lo de Orangey.

Ele estava em cima de mim antes que eu tivesse a


chance de ficar longe, suas mãos cavando em meus lados,
seu peso prendendo-me, enquanto ele me fazia cócegas.

Eu gritei.

— Pare. Connor, pare. — Eu mexi e me contorci debaixo


dele, meio rindo, meio gritando.

— Sem porra de gatos laranja.

— Meu Deus. Connor. Pare! — Eu gritei, enquanto ria.

— Alina, — ele rosnou. O som era feroz, mas o tom era


brincalhão.

Eu ia fazer xixi nas calças se ele não parasse.


— Ok. Ok. Nenhum gato laranja.

As cócegas pararam e eu estava respirando com


dificuldade, enquanto ele olhava para mim sorrindo.

Sorrindo.

Seu pau duro pressionou na minha pélvis e havia um


desejo inconfundível queimando nas profundezas de seus
olhos.

Eu lentamente passei minha língua sobre os meus


lábios e seu olhar a seguiu. Enrolando meus dedos em sua
camisa, exortei-o a chegar mais perto, mas ele resistiu.

Merda, o sorriso tinha ido embora e as sobrancelhas


franziram.

— O que está errado?

— Não desista de mim, Alina. Você passou pelo inferno


também e eu não mereço você. Porra, destruí sua cozinha
esta manhã. Eu não suporto vê-la com outros caras. Arrastei
você de um bar. Eu a comi e desapareci. Eu sou um idiota
completo, confuso. — Ele fechou os olhos, suspirando. —
Estou perdido, baby. Estou assim fodido e perdido e você é a
única que me impede me desintegrar. — Ele abaixou a
cabeça, os lábios uma respiração longe de mim quando ele
murmurou. — Eu não posso lhe perder de novo.

— Eu estou aqui, Connor. —Sussurrei. — Eu estou bem


aqui.
Seus lábios encontraram os meus e ele me beijou. Foi
uma combinação de desespero com calor suave. E ele
controlava tudo sobre ele.

Connor estava tranquilo, lentamente me despindo.

Lentamente me degustou até que meus gritos ecoaram


no ar e eu tremia contra sua boca. Foi quando ele colocou um
preservativo e virou-me eu fiquei em cima dele e abaixei em
seu duro e latejante pau.

Eu montei rápido, como as motos na pista. E não


demorou muito para que nós dois estivéssemos tremendo,
um nos braços do outro, quando nós gozamos juntos.

— Você deve tirar fotos, não servir idiotas bêbados. —


Eu odiava isso. Odiava ela ficar fora em um bar sabendo que
teria caras olhando para ela a noite toda. Era um
pensamento ridículo, mas eu não poderia me segurar.

Eu não costumava ser do tipo ciumento. Estava muito


convencido dessa merda, mas isso não era exatamente
ciúme. Isso era sobre mantê-la segura. Eu tinha esse ruído
constante no meu intestino que alguém iria levá-la para longe
de mim novamente.

Mas o que era pior, ela ficar a duas quadras do


Avalanche, porque eu sabia que Deck e seus homens
estariam nos olhando depois do que aconteceu esta manhã.

Eu não gostava de Alina ter de caminhar até o bar


sozinha. Eu deveria estar com ela, caramba.

Ela me passou o capacete e eu amarrei-o na parte de


trás, quando ela disse:

— Eu não quero mais tirar fotos. E eu gosto do meu


trabalho.

Que era uma besteira completa.

Uma paixão como essa não morria. Era enraizada em


você, uma parte de você. Alina tinha olhado para o mundo
através de uma lente e viu a merda que os outros não viam.
Ela viu beleza quando não havia nenhuma. Ela fez beleza,
quando não havia nenhuma. Ela capturou vida em suas
fotografias.

Eu peguei a mão dela e puxei-a para mim.

— Você amava tirar fotografias, baby.

— Você amava ajudar as crianças.

Porra.

— É diferente.
— Não. Não é. — respondeu ela. — Você está evitando
seus amigos e familiares e ajudar as crianças que precisam
de você.

— Precisam de mim? — Eu bufei. — Você acha que eu


posso ajudar as crianças assim? Jesus Cristo, você não vê?
Estou estragado. Eu nunca poderia estar em torno de
crianças novamente. Nunca vou ter filhos, Alina. Eu não os
quero. Não vou obter esse felizes para sempre e se você acha
que é onde isso está indo, está errada. Não é. Nem mesmo
perto. — Ela empurrou de cima de mim, seus olhos estavam
duros e se estreitaram. — O quê? Você não gosta de ouvir a
verdade? Bem, essa é a verdade. E indo escolher um gato não
vai mudar o que isso é.

— O que é isso? O que é então, Connor? Diga-me porque


eu só passei uma manhã com você e com certeza senti
alguma coisa.

— É algo, maldição. — Eu retruquei. — Isso sempre será


algo. Mas você precisa tirar a sua cabeça das nuvens. Eu não
sou quem eu costumava ser. Nunca serei.

Ela cruzou os braços e olhou.

— Eu pedi que você fosse? — Ela gritou. — Eu já lhe


pedi para ser qualquer outra coisa do que quem você é agora?

— Eu vejo, caralho.

— Não, Connor, isso é tudo com você. Você acha que


todo mundo, inclusive eu, não vai aceitá-lo por quem você é
agora. Mas é você que não pode aceitá-lo. — Desviei o olhar,
as mãos ondulando em torno do guidão. — Você diz que está
perdido? Isso é porque você quer ficar perdido. Você não quer
ser encontrado. — Então ela disse: — Eu não sou a mesma
pessoa, Connor. Eu mudei também.

Ajeitei minha motocicleta e liguei o motor. A raiva


pulsava, minha cabeça latejava. Ela estava com raiva e Alina
raramente tinha raiva ou levantava a voz.

Eu fiz isso com ela.

Porra, por que diabos eu não podia simplesmente


desaparecer, deixá-la em paz, para que ela pudesse ter o seu
feliz para sempre?

— Vou certificar-me de que alguém coloque você num


táxi mais tarde. — Eu disse.

— Vai se foder, Connor. — Ela girou e caminhou pela


calçada. — Se você quiser me ver, então, obtenha um não-
perdido.

— Isso não é uma palavra, Alina. — Eu gritei.

— Você está no meu mundo agora, então eu estou


tornando-a uma. — Ela usou minhas próprias palavras de
volta para mim, de quando nos conhecemos.

Sentei-me na minha moto olhando ela indo embora, com


o motor vibrando debaixo de mim, suas palavras me
rasgando.

Era a porra do gato. Dizer que eu ia com ela para


escolher um gato. Passar a tarde entre suas pernas. Lambê-
la, saboreá-la, chupando seu clitóris, enquanto ela gritava e
apertava em torno de mim.
Foi tudo isso.

E sim, isso estava fodendo alguma coisa. Mas, com


certeza, não iríamos escolher um gato juntos. Não estaria
soltando minha menina no trabalho e dizendo a ela para ter
uma boa mudança. Não me levantava de manhã e
escorregava entre suas coxas, tomava café, enquanto nos
reuníamos para aconchegar na cama.

Isso era eu invadindo sua casa e destruindo a sua


cozinha. Fui eu perfurando a parede acima de sua cabeça.
Fui eu fodendo quando a raiva era demais.

Isso era o que era o nosso algo agora.

Eu coloquei meus pés para cima e segui pela rua com a


tensão me ondulando.

Cristo, que porra é que ela queria de mim? Era isso.


Este era eu.

Volátil. Irracional. Impulsivo.

E sim, eu estava perdido, mas apesar de tudo eu só


expeli, eu queria ir com ela para escolher um gato, porra.

E se ela quisesse um laranja, eu viveria com um laranja.


Capítulo
18
Pergunta 9: Nadar ou descansar na

praia?

PASSADO

— Tire suas roupas e incline-se sobre o sofá.

Eu estava dentro da porta, a mão agarrada à maçaneta,


porque minhas pernas tremiam muito. E era pelo simples
fato de que eu seria capaz de escapar, antes que eu fizesse
todo o caminho através do quarto.

Não. Fuga não era uma opção. Eu tinha que fazer isso.
Era minha última chance de ajudá-lo a lembrar.

A casa da piscina era uma grande sala com um sofá,


uma cama king-size e cozinha. Connor se sentou na ilha em
uma banqueta giratória, olhando de volta para mim. Havia
balas espalhadas no balcão e partes de uma arma.

— Você vai ficar aí ou fazer o que eu lhe digo, cadela?


Meu coração parecia como se estivesse batendo na areia
movediça, afundando sob uma lama grossa com sua
insensibilidade.

Porque Connor nunca iria falar-me tão friamente.

— Ou você prefere chupar o meu pau em primeiro


lugar? — Ele segurou o cano da arma na mão, com um pano
na outra.

— Eu... ah... — Jesus, tinha que me recompor antes


dele me chutar para fora e a minha última chance
escorregasse da minha mão. Carlos teve seu encontro com o
associado Vault e Connor estaria saindo amanhã. Foi uma
semana desde a última vez que estive na casa da piscina de
frente para ele, mas, desta vez, eu estava aqui para fazer
mais do que falar.

Mas ele me assustou.

Eu não poderia lê-lo e não estava totalmente confiante


de que ele não iria me matar, ou pelo menos me machucar.

— Na cama. — Eu disse, endireitando os ombros e


encontrando seus olhos.

Suas costas endureceram e sua mão parou. Ele, então,


jogou a arma no balcão e fez um barulho alto.

— Eu não ofereço essa opção. — Seu banquinho raspou


sobre o chão de cerâmica quando ele o empurrou.

Eu juro, meu coração estava querendo parar ou


estourar no meu peito.

Eu podia fazer isso. Por ele, eu podia fazer isso.


Ele caminhou na minha direção. E estava ereto. Um
predador que se aproxima da sua presa. A questão era como
ele pretendia me derrubar.

Eu era uma presa estúpida porque deveria ter tido o


instinto de correr. Mas meu instinto era distorcido porque
tudo em mim dizia para ficar quieta. Eu sabia o resultado.
Ele ia me quebrar em pedaços, em seguida devorar cada um.

Independentemente das suas palavras cruéis, minha


mente ainda via o homem que ele foi. Suas memórias se
foram, mas as minhas estavam intactas e estar perto dele
inflamava os meus sentimentos por ele.

E quando ele se aproximou, suas longas pernas magras


eram confiantes com cada passo, minha barriga capotava e
eu sentia os pequenos ajustes entre as minhas coxas.

Respirei fundo, soltando a maçaneta da porta e levantei


meu queixo enquanto ele ficava frente a frente comigo.

Nenhum de nós se moveu.

Olhei em seus profundos olhos azuis, que agora eram


ondas geladas turbulentas. Não havia uma dica de
brincadeira, com aquele sorriso bonito fazia meu coração
vibrar.

Ele deu um meio sorriso, mas foi severo e me deu


arrepios. Sua mão enrolou em torno da volta do meu pescoço
e levou tudo que eu tinha para não fechar os olhos e cair
contra ele. Para jogar meus braços em torno dele e soluçar.
Para ter seus braços dobrando-me em sua força de proteção e
me levar daqui.
Mas isso não era sobre mim. Era sobre ele.

Seu polegar acariciou para frente e para trás meu couro


cabeludo.

— Você sempre fode os conhecidos de negócios de seu


marido?

Eu balancei minha cabeça.

— Não.

— Então por que eu?

Ele não iria aceitar a verdade por isso fui com outra
verdade.

— Meu marido não me tocou em três anos. — Eu me


tornei seu troféu, intocada e sentada em uma prateleira só
para ser admirada. Às vezes eu me perguntava porque ele me
mantinha viva, mas eu era uma obsessão, uma possessão.
Tudo era um jogo, mesmo eu e Connor. Nós éramos um
grande jogo para ele brincar com nossas emoções, nossas
vidas.

As linhas ao redor da boca diminuíram. Ele deu um


passo em direção ao sofá, levando-me com ele, com a mão
ainda no meu pescoço.

— Você não tem uma escolha onde eu como você.

Eu parei. Hora de ser corajosa.

— Você quer me comer, Connor. Então faça-o na cama e


você veste isso. — Eu desenrolei a minha mão e estendi o
pacote quadrado dourado brilhante.
Eu tinha roubado o preservativo do quarto de Diego. Ele
tinha-os espalhados por todo o seu armário e eu sabia disso
porque ele não se preocupava em fechar a porta, mesmo
quando comia as meninas.

Suas sobrancelhas se juntaram enquanto ele olhava


para o preservativo, mas tomou da minha mão e enfiou no
bolso da frente da calça negra.

Ele apontou para a minha blusa com um queixo


levantando.

— Tire.

Merda, bem, pelo menos ele pegou o preservativo. Eu


estava no controle de natalidade, mas não sabia com quem
Connor tinha dormido com o passar dos anos.

Lambi meus lábios, respirei fundo para tentar acalmar


os meus nervos e abri o botão da minha camisa. Meus dedos
tremiam tanto que isso me levou um tempo porque eu não
podia conseguir as coisas estúpidas desfeitas. O que tornou
pior foi que os olhos de Connor estavam em mim.

— Cristo. — Jurei sob a minha respiração, enquanto


brincava com o terceiro e eu não poderia empurrá-lo através
da pequena fenda.

— Porra. Deixe-me. — Ele empurrou minhas mãos de


lado, então, rapidamente desfez os botões brancos
minúsculos. Fiquei surpresa por ele não apenas rasgar
minha blusa, mas fazia sentido ele não o fazer. Se eu fosse
pega voltando para o meu quarto com uma camisa rasgada,
seriam feitas perguntas.
Observei suas mãos. Mãos que haviam agarrado as
minhas. Mãos que acariciaram meu cabelo enquanto
dançávamos sob as estrelas. Que segurou meu queixo antes
de me beijar.

Um soluço sufocado escapou da minha garganta.

Os dedos de Connor pararam no último botão, sua


cabeça levantou e nossos olhos se encontraram.

— Segundas intenções?

— Eu... eu... não. — Botei para fora. — Não. — Repeti


mais forte, mais para me convencer do que a ele.

— Garota estúpida. — Ele demorou.

Ele abriu minha camisa deslizando-a de meus ombros,


as pontas de seus dedos levemente tocando minha pele.

Arrepiar.

Formigar.

Tremer.

Olhei para Connor, suas mãos deslizaram dos meus


ombros para meus pulsos, enquanto seus olhos
permaneceram fixos em mim. Um calor irrompeu entre as
minhas pernas e meu peito inchou.

Connor. Este era Connor. O homem para quem me


entreguei. Para quem eu dei o meu tudo. E quando o deixei
há sete anos, deixei meu tudo com ele.

Seus dedos arrastaram um caminho suave pela minha


pele para os meus seios. Através de um mamilo, fazendo uma
pausa de um segundo para comprimir levemente. Em
seguida, mudou-se para o outro.

Meu corpo reagiu e eu fechei os olhos.

— Connor. — Eu sussurrei. — Por favor lembre-se.

Estremeci quando seus dedos de repente apertaram


meu mamilo forte. Meus olhos se abriram e eu fui recebida
por uma carranca feroz. Sua mão disparou na parte de trás
da minha cabeça, dedos cruelmente agrupados no meu
cabelo, enquanto ele puxava a minha cabeça para trás.

— Ele mandou você?

Engoli em seco. Com o coração dolorido, uma vez que


lentamente afundou mais na lama grossa.

Eu coloquei minha mão em cima da sua na tentativa de


aliviar a pressão sobre o meu couro cabeludo.

— Você está me machucando.

— Me responda.

— Não. Ele não sabe. Eu lhe falei isso.

— Você está com medo de mim e ainda assim você está


aqui arriscando sua vida para ser comida. Você sabe tão bem
quanto eu que se Moreno não a enviou, então ele irá matá-la
se descobrir. E se não o fizer, você vai desejar estar morta.
Então, — ele puxou o meu cabelo, — diga-me a porra da
verdade.

A verdade. A verdade era uma confusão de momentos


esquecidos. Seus momentos esquecidos. E talvez ele estivesse
certo e eu era estúpida para não correr.
— Eu não estou com medo. — Cerrei os dentes e
endireitei minha espinha, apesar do fato de que causou mais
dor no meu couro cabeludo.

— Mantenha-se dizendo isso, puta.

Olhamos um para o outro, nenhum de nós se movendo.

Então ele jogou a cabeça para trás e riu. Estava longe de


ser a risada que fazia o meu interior esquentar e formigar,
para se espalhar como fogo em toda a minha pele.

Não, isso era grave e a leveza estava ausente em seus


olhos.

— Você é como um coelho tremendo, pendurado na boca


do lobo. — Meu peito subia e descia de forma irregular
quando ele me forçou para trás até que as costas das minhas
pernas atingiram a borda do colchão. — A verdade. — Ele
rosnou, pisando tão perto que eu não tive escolha a não ser
cair sobre a cama. Pelo menos ele estava me levando para a
cama ou era o simples fato de que a cama ficava mais perto
do sofá.

Eu consegui levantar-me sobre os cotovelos, antes que


ele me seguisse. As coxas em cada lado de mim, quando ele
se arrastou em cima de mim.

— O que diabos você quer?

— Eu quero que você me beije. — Eu murmurei.

Era a verdade. Eu queria. Desesperadamente. Mas eu


queria que ele me beijasse como Connor, não como este
homem que montou no meu corpo trêmulo.
Ele passou a mão até minha perna nua, debaixo da
minha saia, a minha coxa.

— Você tem certeza disso? Eu não vou ser gentil.

Eu suspeitava que ele não seria.

Eu balancei a cabeça.

— Tenho certeza.

Sua mão estava agora entre as minhas pernas e, com


um puxão, rasgou minha calcinha. Enrolei minhas mãos nos
lençóis em ambos os lados de mim, enquanto eu olhava para
ele, recusando-me a desviar o olhar enquanto seus dedos
deslizavam entre meus lábios.

Ele fez uma careta, os olhos apertados e os lábios


franzidos.

— Você está molhada de medo, Catalina?

Talvez. Não definitivamente, mas também desejo. Porque


reconheci o toque de Connor, a sensação de seu peso em
cima de mim, sua voz, seu cheiro. Era ele e meu corpo sabia
disso. Não havia dúvida de que eu estava com medo do que
ele era capaz, mas eu também estava desesperada para tê-lo
novamente.

O que eu odiava era ele me chamando de Catalina. Ele


nunca tinha me chamado assim.

Ele manteve os olhos fixos em mim quando um dedo


escorregou dentro de mim. Fechei os olhos e inclinou a
cabeça para trás, gemendo.

— Porra. — Ele rosnou.


Em seguida, sua boca estava na minha. Esmagando. De
fazer hematomas. Forçando meus lábios a se separarem, de
modo que a sua língua pudesse invadir. E invadiu e eu não
gostei disso.

Oh, Deus, eu não gosto disso.

Ele empurrou outro dedo dentro de mim.

Eu fiquei dura, imóvel. Com as mãos amassando o


lençol em meus lados, as lágrimas agrupadas em meus olhos,
enquanto ele cruelmente me beijava.

Connor. Foi a perda dele, mais uma vez. A agonia. A


mágoa. A dor me arrastando até que eu não tive mais nada.
Mas isso foi muito pior do que os meses após o deixar. Porque
agora ele estava perdido, também. Connor tinha ido embora.

Uma lágrima escapou.

Este era um estranho. O que me fez pensar que seria


diferente? Que uma vez que ele me beijasse, se lembraria?

Seu peso levantou um pouco e eu ouvi o rasgo do pacote


e seu zíper. Olhei para o teto, tentando não chorar.

Isso não era culpa dele.

Eu tinha me oferecido a ele.

Engoli em seco, enrijecendo com a intrusão repentina.


Eu não tinha imaginado isto deste modo. Deus, ele estava
certo. Eu fui idiota. Eu pensei…Deus, não importava o que eu
pensei. Ele não tinha ideia de quem eu era. Vault e Carlos
tinha matado tudo o que tivemos e foi mais devastador do
que qualquer coisa que ele poderia fazer para mim agora.
— Pernas. — Ele ordenou, uma mão agarrou a minha
coxa e engatou-a em torno de sua cintura.

Baixei a outra e ele afundou mais.

Sua respiração era áspera e irregular enquanto seu


pênis pulsava dentro de mim.

— Olhe para mim.

Fechei meus olhos brevemente antes de encontrar seus


frios olhos azuis.

Suas sobrancelhas sacudiram e ele balançou a cabeça,


em seguida, murmurou:

— Que porra é essa?

Eu não tinha ideia do que estava errado, mas houve


uma confusão em seu rosto, quando o seu olhar se desviou
dos meus olhos para o meu nariz e para os meus lábios.

Seu pênis empurrou dentro de mim e seus olhos


dispararam de volta para os meus.

Não foi bruto. Foi gentil quando seus olhos procuraram


os meus.

Esperança. Medo. Dor. Desejo.

Foram todas essas coisas esmagadas juntas e batendo


em minha cabeça. Eu tinha medo de dizer qualquer coisa.
Medo de me mover. Ele lembrava-se? Por que ele estava me
olhando assim? Deus, por favor, diga alguma coisa.
Ele fechou os olhos e um gemido baixo escapou. Seus
dedos seguraram meu quadril e estremeceram, então ele me
beijou novamente.

Ele era bruto e grosseiro, mas havia algo mais. Havia


desespero. Não havia paixão. Houve uma sugestão de Connor
e eu agarrei isso e relaxei debaixo dele.

Então deixei de lado os lençóis e encontrei-me


segurando-o. Dedos tecem seu cabelo rebelde. A outra mão
deslizando por baixo da camisa e acariciando as suas costas.

Eu fiquei tensa quando os meus dedos atingiram as


linhas em relevo. As cicatrizes. Eu sabia o que eram e sabia
que não estavam lá antes.

— Oh, Connor, — murmurei contra sua boca. — Eu


sinto muito.

Ele interrompeu o nosso beijo e olhou para mim, com


olhos duros.

— Cale-se.

Mas eu ignorei suas palavras duras e fechei os olhos,


agarrando-me a fatia de Connor que tinha encontrado.

— Pare de me dizer para calar a boca e me coma.

Ele se acalmou por um segundo. Então eu ouvi algo


completamente inesperado. Ele riu e meus olhos se abriram
com o som familiar. Havia diversão em seus olhos quando ele
olhou para mim.

Meu coração lutou contra a areia movediça, batendo


rápido para alcançar a superfície.
Connor.

Tão rápido quanto veio, acabou, quando ele se levantou,


agarrou os meus pulsos e os pressionou no colchão acima da
minha cabeça.

Então ele me comeu.

Lento. Bruto.

Pairando sobre mim. Quadris girando e batendo meu


clitóris quando ele fez isso.

Fechei os olhos, ignorando a dor em meus pulsos pois


ele colocou todo o seu peso sobre eles, enquanto continuava a
empurrar.

— Porra. — Ele bombeou mais forte.

Dentro e fora. O tapa alto dos nossos corpos, uma e


outra vez.

A construção intensa na minha barriga estava lá, mas


não era o suficiente.

Connor abrandou e eu abri meus olhos.

— Toque-se. — ele ordenou. Ele soltou um dos meus


pulsos.

Baixei meu braço e deslizei minha mão entre nós. Ele


levantou um pouco, os olhos seguindo a minha mão.

Mas eu não queria tocar meu clitóris. Estendi a mão


para suas bolas. Ele prendeu a respiração enquanto eu as
segurava, rolando-as na minha mão.

— Jesus. — Ele rosnou.


Ele fechou os olhos, a cabeça inclinada para trás, os
músculos do pescoço esticados. Seu pênis empurrou dentro
de mim e eu sabia que ele não ia durar muito mais tempo.

Eu o deixei ir, em seguida, passei os dedos pela minha


umidade antes de circular o meu clitóris. No segundo que eu
me toquei, minhas coxas apertaram mais forte em torno dele.

— Oh, Deus. — Eu respirei.

Eu não sabia se ele estava olhando para mim ou minha


mão quando eu tinha meus olhos fechados, enquanto
brincava comigo mesma. O desejo subiu aquecendo o meu
núcleo e eu estava para explodir em um zilhão de faíscas.

— Oh, Deus, Connor. Oh, Deus. — Eu parei de respirar.

Ele tirou quase todo, em seguida, empurrou forte dentro


de mim novamente. Uma vez. Duas vezes. Na terceira vez, caí.
As faíscas explodiram, um zilhão delas e foi uma queda livre
em uma piscina de felicidade aquecida.

Connor manteve empurrando e meu orgasmo elevou e


elevou até que ele gemeu um som angustiante e baixo quando
gozou também.

Ele caiu em cima de mim, a boca de encontro ao lado do


meu pescoço. Eu não poderia evitar, enquanto eu acariciava
seu cabelo, em seguida, beijei seu ombro.

— Eu senti sua falta. — Eu sussurrei.

Eu disse isso mais para mim do que para ele, mas deve
ter me ouvido, porque ele endureceu.

Merda.
De repente, ele estava fora da cama, de costas para
mim, mas eu ouvi a borracha do preservativo e seu zíper.

Ele virou. Foi quando meu medo se tornou real. Bem,


era real antes, mas eu poderia lidar com isso. Este era
completamente algo diferente.

Eu fugi para trás em minhas mãos, usando os pés para


empurrar até que caí do outro lado da cama.

Seu rosto era a definição de fúria. Fúria não adulterada.


Sobrancelhas baixas. Com os olhos apertados e duros.
Mandíbula apertada e têmporas latejando.

Ele caminhou para mim, agarrou meu braço e me puxou


para levantar.

— O que você está fazendo comigo? Quem diabos é


você? — Sua voz era um som de cascalho baixo quando ele
forçou cada palavra.

Ele me apoiou na parede com tanta força que a


prateleira ao lado sacudiu e o livro que descansava sobre ela
caiu com um tapa no chão. Sua outra mão agarrou meu
queixo, dedos cavando meu queixo.

— Quem diabos é você? — Ele moeu fora.

— Catalina. — Eu soluçava enquanto seus dedos


apertavam.

— Não. Não. — Ele estava bem na minha cara e se não


fosse a parede e ele me segurando, eu teria caído, pois
minhas pernas tremiam muito. — Você está mentindo para
mim.
— Alina. Você me chamava de Alina. — Eu adicionei
rapidamente.

— Alina. — Ele disse em voz baixa, sobrancelhas


baixando, como se estivesse se concentrando. — Alina. — Ele
repetiu.

— Sim. — Eu sussurrei e lentamente estendi a mão e


aliviei a sua mão na minha mandíbula. Seus olhos
permaneceram em mim quando baixei a mão e liguei os
nossos dedos enquanto descansava em seu peito.

Ele fechou os olhos e por um momento, as linhas ao


redor da boca diminuíram.

Isso era tão lindo que eu queria chorar. Porque naqueles


confusos, momentos esquecidos, a esperança foi encontrada.

Ele pressionou seu corpo contra o meu, nossas mãos


esmagadas entre nós, nossos batimentos cardíacos
disparando. Ele manteve os olhos fechados quando ele se
inclinou, então sua boca estava a um sopro de distância da
minha, mas ele não me beijou; em vez disso, sua testa
descansou na minha e ele inalou longa e profundamente.

Então ele disse:

— Saia. Nós acabamos. — Ele se afastou de mim, virou-


se e tomou passos largos através do quarto para a ilha. Ele
pegou partes de sua arma e juntou-as. Em seguida, os dedos
pegaram as balas e colocou-as na câmara.

Ele olhou para mim e gritou:

— Agora!
Eu rapidamente peguei minha blusa do chão e puxei-a
sobre mim, enquanto corria para a porta.

Eu tentava fechar os botões da minha blusa, mas


minhas mãos tremiam muito, então puxei-a em conjunto e
amarrei-a como uma frente única.

Colocando a mão na maçaneta da porta, hesitei.


Arrepios subiram na parte de trás do meu pescoço e eu jurei
que seus olhos estavam em mim, mas não ousei olhar para
trás, porque não poderia testemunhar essa frieza novamente.

Eu não queria saber se ele estava apontando a arma


para mim. E eu, com certeza, não queria saber se o homem
que eu amava ia atirar em mim pelas costas.

Eu abri a porta e, pela primeira vez na minha vida, eu


corri com medo.
Capítulo
19
Dias de hoje

A porta se fechou atrás de mim e eu estava do outro


lado do bar antes de eu notar o silêncio incomum. O
Avalanche ainda estava fechado, mas a música geralmente
estava tocando e a equipe se apressava e conversava
enquanto se preparava para abrir. Sem barulho. Sem
movimento. Sem conversa.

Olhei para cima e parei.

Kai, Deck e Vic estavam no bar. Matt estava atrás deles


e o único sentado e parecendo relaxado era Kai. Suas
sobrancelhas levantaram quando eu chamei sua atenção e
ele ofereceu um meio sorriso, um pouco reconfortante. Pelo
menos ele não estava chateado. Bem, eu não podia ter certeza
disso. Era Kai, o mestre de esconder suas verdadeiras
emoções.

Deck, por outro lado, tinha os braços cruzados, postura


na largura dos ombros e um olhar seriamente puto. Sem
ocultação lá, quando ele corajosamente mostrava o seu
desagrado, mas havia também o que eu achava que era alívio.

— Você está bem? — Ele perguntou.

— Sim, eu estou bem.

Vic sempre parecia chateado, então eu não poderia ler


se ele realmente estava ou não. Eu estava começando a me
perguntar qual era o problema de Vic. Eu nunca o tinha visto
sorrir, mesmo quando eu o tinha visto, quando o conheci,
jogar futebol.

Algo aconteceu com aquele cara, mas eu tinha meus


próprios problemas para me preocupar.

Arrumei meus ombros e me dirigi para eles. Meus


sapatos clicavam no chão e no ar estava um sentimento
pesado como poluição atmosférica, grossa. Olhei para Matt,
que virou a aba do bar e se aproximou de mim.

— Você está bem? — Ele colocou a mão na parte inferior


das minhas costas e posicionou-se na frente para que ele
bloqueasse os caras de mim. — Se você não quiser falar com
eles agora, diga-me.

Deus, ele era um bom rapaz. Eu estava cercada por


pessoas que realmente se preocupavam umas com as outras.
Eu nunca tive isso, exceto com meu irmão. Nunca estive
perto de meus pais, principalmente porque eles trabalhavam
o tempo todo. Mas os caras estavam perto, mesmo Kai, mas
acho que era por causa de London. Ela amarrou-o a toda a
gente e ele faria qualquer coisa por ela.
— Tudo bem. — Eu respondi. O tempo de Connor tinha
acabado e ele já tinha ou iria desaparecer, ou teria que
enfrentar Deck. Não havia outra opção, pois, Deck iria
encontrá-lo se ele continuasse a me assistir.

Matt assentiu.

— Se você precisar de mim, eu estarei no escritório. Os


funcionários estão na cozinha.

— Não vai demorar muito. — Disse Deck. — Nos dê dez


minutos.

— Claro. — Matt disse, então me deu um último olhar


antes de ir na parte de trás.

Vic puxou uma banqueta para mim e eu me sentei ao


lado de Kai, em frente ao Deck, com Vic à minha esquerda.
Eu me sentia como um rato cercado por leões e meio que era,
porque não havia dúvida de que eles facilmente me
devorariam, se quisessem.

Apertei as minhas mãos no colo para tentar parar o


tremor. Jesus, eu era uma covarde. Sabia que eles nunca me
machucariam e que isso era muito mais pela pressão. Eu não
era parte de seu grupo coeso. Era a estranha responsável por
seu amigo ter sido arrastado para Vault e tornando-se uma
cobaia que destruiu sua vida. E agora eu era a única que
mantinha em segredo que Connor tinha vindo para me ver.

— Alina. — Disse Deck, a sua voz calma, mas severa. —


Eu lhe disse antes que confiava em você para me dizer
quando a merda não era mais segura. Pelo reportar desta
manhã de Deaglan, o estado de sua cozinha e de resumo do
que se passou no bar ontem à noite com Chess, a merda não
é mais segura.

Mordi meu lábio inferior, com meu coração agitado e


arrepios nervosos surgiram em meu corpo.

— Ele não me machuca.

— Não disse isso. — Disse Deck. — Mas a merda não


está segura e isso significa que temos que fazer algo antes
que piore, pois você ou qualquer outra pessoa pode se
machucar. Nós estaremos lá.

Sim. Ele provavelmente estava certo.

Eu não tive escolha. Connor sabia que ia ser


confrontado com Deck hoje. Preocupou-me que Connor
tivesse se afastado e que nunca pudesse voltar,
especialmente desde que a nossa última conversa foi uma
discussão.

— Ele está me observando. Por um tempo agora.

— Desde quando? — Este era Deck, agora com uma voz


profunda, muito assustadora.

— Ah, bem, desde que ele chegou ao bar naquela noite


de seu noivado.

— Eu sabia, porra. — Disse Kai. — Não havia nenhuma


chance de ele deixar a cidade sem ela.

Eu continuei:

— Ele veio para a casa após o bar.


Os olhos de Kai arregalaram com a surpresa e ele
sentou-se um pouco mais reto.

— Ele passou por Ernie?

Vic bufou.

— Cara, você não tem ideia de com quem estamos


lidando. O cara teve formação JTF2. Se ele não quer ser visto,
você não o verá.

Eu me mexi desconfortavelmente no meu banco.

— E ummm... — Como é que eu digo isso? — Ele esteve


comigo algumas vezes desde então. — Kai sorriu e balançou a
cabeça. Deck amaldiçoou e Vic não disse nada. — Me
desculpe por não lhe dizer, mas ele pediu-me para não fazer.
Ele não quer estar perto de pessoas.

— Mas ele apareceu em um bar lotado para causar


merda, a fim de chegar a você. — Disse Deck.

Verdade.

— Ele disse que não confia em si.

Kai bufou.

— Não brinca. Ele é uma bomba-relógio. Irracional.


Explosivo. Muito instável, com habilidades militares
altamente treinados. Ele é perigoso para caralho. — Kai falou
para Deck. — Eu disse. Um homem não volta a partir dessa
merda.

— Você disse. — Vic disse.


— Eu cresci no inferno, mas não tive minha moral sólida
carbonizada em cinzas. Matei bastardos sem dar a mínima.
Era quem eu era e tudo o que sabia. Connor arriscou sua
vida pelo seu país. Ele protegeu os que amava e se
preocupava. Vault aniquilou isso. — Kai levantou o queixo
para Deck. — Se de repente, você acordasse e descobrisse
que matou pessoas para algum desprezível pelos últimos
quatro anos, você não acha que iria deixá-lo quase louco?
Culpa e auto ódio pode e irá corroer a alma de um homem. —
Kai recostou-se em seu banco, cotovelo apoiado na barra
superior. — Eu fui condicionado a não sentir, desde que eu
era criança. Sem culpa. Sem auto ódio.

— Alina. — Deck disse. — Nós precisamos saber onde


Connor está mentalmente. E a única maneira de conseguir
isso é se você nos disser tudo desde o início. Você nos contou
sobre o orfanato e a nota que deixou, mas você o viu
enquanto ele estava drogado? Você sabe o que seu marido fez
com ele antes do Vault dar-lhe a droga?

Eu nunca disse a ninguém sobre ver Connor na


Colômbia. Não tinha havido nenhuma razão para isso. Carlos
estava morto e Connor estava livre.

Mas era tempo.

Então, eu disse-lhes tudo e nenhuma vez eles


interromperam. Eles educadamente ouviram os jogos que
Carlos jogava. Os anos que Moreno o manteve preso, os
vídeos de mim, as cicatrizes nos pulsos e costas de Connor.
Então disse sobre ele estar drogado e vindo para a Colômbia.
Sobre as imagens serem queimadas e como tentei fazer
Connor se lembrar de quem ele era, por estar com ele.

— Ele está lutando contra suas memórias. — Disse


Deck. — Elas se chocam com quem ele é. Um cara é
torturado durante sete anos, tem a mente controlada, é
drogado e, de repente, acorda e descobre que a mulher que
ama foi forçada a ficar com o homem que ele foi matar. — Eu
vacilei. — Que ele não a protegeu disso. É o suficiente para
matar um homem. Especialmente um homem como Connor.

E estava matando-o. Como ele poderia superar isso?


Como qualquer um de nós poderia ajudá-lo?

— E agora, onde está sua cabeça? — Perguntou Vic.

Dei-lhes o resto. Mesmo o incidente com o cara de


alarme que ele quase atirou quando pensou que era Moreno.
Acho que foi quando Deck ficou chateado, porque eu
provavelmente deveria ter dito alguma coisa então, mas não
podia trair Connor.

Eu terminei contando do episódio dele indo para a pista


de terra hoje e como ele me deixou no bar.

Houve um silêncio quando eu terminei e esperei


desconfortavelmente um deles dizer alguma coisa.

Meu normal estava explodindo e eu tinha certeza de que


adotar um gato estava na lista das impossibilidades.

— Vic vai ficar na casa com você. — Disse Deck com


uma expressão pensativa.
Ok. Eu meio que esperava mais do que isso, porque da
última vez eles disseram que iriam mudar-me se as coisas se
intensificassem.

— Eu não sei se ele virá. Eu disse a ele para ir se foder.

Os lábios de Vic contraíram. Kai riu.

— Ele virá. — Deck disse seguramente. — Vou me


certificar de que ele venha.

Eu não tinha ideia do que isso significava, mas a


conversa foi sobre isso e os caras se levantaram para sair.

Foi quando a porta do bar se abriu e Connor entrou.


Capítulo
20

Eu rapidamente digitalizei o Avalanche, tomando nota


das minhas rotas de fuga se precisasse delas. Alina estava
entre Deck e Vic, os olhos arregalados e chocada ao ver-me.

Depois que eu a deixei no bar, andei por um tempo, mas


ainda me incomodava deixá-la. Se eu conhecesse Deck, ele
teria procurado por todos nós toda a porra do dia. Mas um
lugar que ela sempre ia era no trabalho e havia uma boa
possibilidade de que ele estaria esperando no Avalanche para
interrogar Alina.

Eu não queria estar aqui, mas não havia nenhuma


chance de eu permitir que Alina fosse bombardeada com
perguntas sobre mim. Provavelmente, a coisa inteligente era
deixar a cidade, mas suas palavras me assombraram porque
ela me disse para não me preocupar em vê-la novamente, a
menos que eu estivesse ‘não perdido’.

Eu tinha certeza de que poderia resolver isso de alguma


forma, mas não quando ela disse ‘Vai se foder, Connor’.
Então, agora eu estava andando em um bar para dizer a
Deck para ficar longe da minha garota. Se ele tinha algo a
perguntar, ele podia muito bem me perguntar e me deixar em
paz.

— Alina. Venha aqui. — Eu disse, mantendo meus olhos


em Deck.

Se alguém fizesse um movimento, seria ele porque eu


tinha certeza que ele tinha dado ordens para que ninguém
me tocar, exceto ele. Isso era como Deck trabalhava, sempre
o único a assumir o risco. Claro que já tinha passado um
tempo desde que ele foi o meu líder de equipe, mas logo que
passei pela porta, ele deu um passo para frente, um par de
pés na frente de Vic e Kai. Essa foi a minha clara indicação
de que estava tomando vantagem sobre este assunto.

Alina levantou do banquinho que estava sentada e deu


um passo em minha direção. Um braço disparou e bloqueou
o seu caminho.

— Não se mova. — Deck ordenou.

O ar estava espesso e o único som foi o bater de pratos


na cozinha. A raiva pulsava quando os meus olhos cortaram
de Alina para Deck.

— Deixe-a ir.

— Não vai acontecer. — Deck acenou para Vic, que se


aproximou de Alina, não a tocou, mas se ela viesse em minha
direção, estava ao alcance para transportá-la de volta. —
Ponha a arma sobre a mesa.
Não havia chance de que ele fosse capaz de ver a minha
arma na parte de trás da minha calça jeans, mas ele sabia
muito bem que eu ia levar uma. E ele também deve saber que
eu não iria abandoná-la. Merda.

— Você não vai usá-la para chegar até mim. Deixe-a fora
disso. Você quer falar comigo. Fale. Esta é a sua única
chance. — Meus olhos foram para Kai, que puxou um
banquinho e sentou-se. O cara mal olhou para mim como se
estivesse despreocupado por eu estar aqui. Ele era um ex-
Vault e eu tinha conhecido a sua fria mãe sem coração, que
foi uma rainha no engano de emoções.

— Connor. Eles estão preocupados com você e estavam


apenas me fazendo algumas perguntas. — Disse Alina. A mão
de Vic estendeu, enrolou em volta do seu pulso e ele
sussurrou algo para ela. Ela endureceu e franziu os lábios,
mas não disse nada.

A vontade de matá-lo jogou com a minha mente. Era


Vic, eu repetia na minha cabeça. Ele não iria machucá-la.
Tentei concentrar-me nas boas lembranças de Vic, quando
éramos amigos. Gate. Victor Gate era seguro e ele nunca a
machucaria. Lentamente, a raiva diminuiu e eu tive o meu
controle de volta.

O sentimento territorial em torno dela era injustificado.


Eu sabia, logicamente, mas a lógica nem sempre era fácil de
ver quando homens cercavam a minha menina. Era meu
instinto protegê-la mesmo de homens que costumavam ser
meus amigos e tinham resgatado Alina da Colômbia.
Exceto Kai, ele nunca foi um amigo e nunca seria.

— O que você quer comigo? — Eu dirigi minha pergunta


para Deck.

— Eu quero que você consiga ajuda.

— Eu não quero ajuda. — Retruquei.

— Você nem sabe o que estou pedindo.

— Não dou a mínima. Ajuda envolve estranhos que eu


não confio. Isso não está acontecendo. — Mantive meus pés
apoiados no caso dele fazer um movimento. — Pare de
procurar por mim. E pare de usar Alina para chegar até mim.

Olhei para Alina. Ela parecia frágil estando entre Deck e


Vic, mas eu sabia melhor do que ninguém que ela não era.
Eu ainda tinha o desejo de arrastá-la por entre eles e colocá-
la na minha moto e ir embora, para me afastar e não voltar.
Eu tinha certeza que não iria chegar perto o suficiente dela.
Eu era bom, mas entre dois ex JTF2 e um ex-Vault, não havia
nenhuma chance de fugir com ela.

— Não é possível fazer isso. — Ele respondeu. — Se você


quiser ver Alina, então verá um médico. Caso contrário, você
não vai chegar perto dela novamente. — Deck disse ao cruzar
os braços encontrando meu olhar como se me atrevesse a
fazer algo.

— Isso é uma ameaça? — Eu disse, com fúria fervente.

Ele sempre foi um bastardo arrogante, mas éramos


amigos porque não havia nenhuma besteira com ele.
Honesto, direto e cada palavra que saía de sua boca era
cumprida e ele podia confiar em suas palavras.

Deck deu de ombros.

— Não. É exatamente como as coisas serão daqui em


diante.

Eu era bom, mas não bom o suficiente se Deck tinha um


homem em cima dela e não apenas o Deaglan casualmente
assistindo. Haveria um deles morando com ela e eu estava
apostando que seria Vic. Ele estava deixando claro que eu
tinha duas opções: obter ajuda ou ir se foder.

A ideia de deixar Alina era como um cobertor de lã


lentamente sendo puxado para cima da minha cabeça,
ficando mais e mais apertado. Será que eu tinha escolha?

— Connor, — a voz de Alina era suave e quase inaudível,


— por favor.

Mesmo do outro lado da sala, vi as lágrimas nos seus


olhos. Droga, por que Deck não podia apenas deixá-la ir?
Porque eu tinha fodido tudo. Eu a arrastei para fora de um
bar e destruí a sua cozinha.

Havia apenas um resultado aqui e eram as lágrimas de


Alina, ela também sabia disso. Sair. Porque eu não ia ver um
médico, ser drogado e preso novamente.

— Você tem mais alguma coisa para me dizer? —


Perguntei a Deck.

Seus olhos se estreitaram. Eu me perguntei se ele estava


debatendo se era para me derrubar ou deixar-me sair daqui.
Eu estava confiante de que ele me deixaria ir embora, mas,
novamente, Deck tinha uma muito boa cara de blefe.

Eu não iria matá-lo se ele viesse para mim. Havia partes


sãs em mim e Deck em pé na minha frente me trouxe de volta
memórias do riso que compartilhamos, a proximidade e a
vontade de fazer o que fosse necessário para proteger um ao
outro. Eu não tinha sentido isso na última vez que o vi, mas
as minhas emoções estavam em constante mudança, com
exceção daquelas para Alina. Elas permaneceram sólidas e
me ajudavam a acalmar.

— Eu tenho um monte de coisas para dizer, Connor,


mas não acho que você vai ouvir agora, então vou guardar a
minha respiração. — Ele estava certo. — Eu posso dizer que
você já fez a sua decisão.

Certo novamente. Alina oscilou e a mão de Vic em seu


braço apertou quando ele a segurou firme.

Nossos olhos se encontraram e eu disse suavemente:

— Eu tenho que ir, baby.

Ela tentou se puxar de Vic e tudo dentro de mim


apertou quando ele se recusou a deixá-la ir. A vontade de
puxá-la longe dele pulsou através de mim e se eu não saísse
da sala rapidamente, alguém ia acabar mal.

Ela mordeu o lábio e lágrimas escorriam pelo seu rosto.


Porra, eu odiava isso e foi estúpido da minha parte voltar, em
primeiro lugar. Eu estava melhor começando de novo em
algum lugar, sem o passado me assombrando.
— Nós fomos feitos para sermos temporários. — Eu
repeti as palavras da nota que ela me deixou há muito tempo.
Foi cruel, mas necessário. Mais fácil para ela se esquecer de
mim, se eu saísse dessa forma.

— Connor. — Ela chorou. — Não faça isso.

Suas palavras ásperas fizeram um furo em meu coração


e por um segundo eu considerei as consequências se ficasse.
Não. Havia muitas incógnitas.

Eu iria ser preso? E se não fosse, então poderia ir longe


demais um dia e machucá-la. Nós tínhamos brincado em
cada vez que estive perto dela.

O risco não era meu, era dela.

Deck deu um passo em minha direção.

— Connor, basta ver um médico. Então, podemos


decidir como proceder. — Eu lentamente balancei a cabeça
em sinal de advertência quando ele estava a cinco pés de
mim. Ele parou. — Você não pode correr disto. Eu sei que
você se preocupa com Alina, sua irmã e seus pais...

— Eu não estou fugindo. Estou sobrevivendo. Isto é


como eu sobrevivo. — Eu dirigi meus olhos para Alina, mas
mantive Deck na minha visão periférica. — Preciso que você
esteja segura, Alina. Isso é tudo que eu quero para você.

— Besteira! — Ela gritou e eu fiquei rígido diante da


fúria em sua voz. — Você é um idiota. Você não vai mesmo
tentar. Por quê? Por que você voltou, explodiu o meu mundo
e me deu esperança só para tomá-la novamente. Você é um
bastardo egoísta, Connor! Vá! Saia! Corra! Você está ficando
bom nisso.

— Alina...

Ela empurrou a mão de Vic agarrando seu braço.

— Pô, me deixe ir. Eu vou ficar doente. — Ele


imediatamente deixou-a ir. Ela empurrou por ele e correu
pelo corredor até o banheiro.

Eu não pensei, reagi e fui atrás dela.

— Alina! Porra! — Deck pisou no meu caminho e eu


estava prestes a chegar para a minha arma quando uma faca
passou voando pela minha cabeça e incorporou na porta
atrás de mim.

Eu desviei meus olhos para Kai que me observava, as


sobrancelhas levantadas como se me atrevesse a fazer outro
movimento.

Minha cabeça latejava e eu sabia que ia perdê-la a


qualquer momento. Porra, eu tinha que sair daqui.

— Mantenha-a segura. — Eu disse a Deck.

Ele suspirou.

— Jesus, Connor. Deixe-me entrar. Não force a minha


mão.

Que porra era essa que ele quis dizer com isso?

— O quê? Você vai me derrubar? Acorrentar-me de


novo? Ter algum médico me enchendo de sedativos?
— Não. Tudo o que eu estou pedindo é para você ter
sangue colhido. Nós começaremos por aí.

Mudei a minha mão para o quadril, perto de minha


arma enquanto andava em direção à porta, porque a partir de
seu comentário, eu não tinha certeza se Deck não iria tentar
me impedir.

— Não discuta com Alina novamente.

— E o que você vai fazer sobre isso, afinal? — Ele disse.


Eu virei com a boca franzida. — Você vai embora. Vai para
algum lugar para se fingir de morto.

— Estou morto! —Gritei quando o controle acabou e a


raiva bombeou através de minhas veias. — Eu sou um fodido
morto, porra. Não há mais nada para mim, exceto peças
cruéis, irregulares, de um homem que eu odeio.

— Isso é merda! — Deck gritou para mim. — Isso é uma


besteira completa! Você está aqui porque está vivo e dá a
mínima para Alina. Você a vê porque se importa. E odeia
quem é agora porque se recusa a deixar entrar quem você
era.

Eu fui para ele.

Meu punho conectou com sua mandíbula e o som de


meus dedos batendo nos seus ossos ecoou. Ele cambaleou
para trás dois passos com o impacto, mas não caiu. Eu tive a
minha arma disparando um tiro no chão perto de Vic, que
veio em minha direção.

— Cai fora, Gate.


Deck ergueu a mão, Vic parou e Kai baixou a faca.

Então a ouvi. Alina. Ela ficou com uma mão na parede,


seu peso inclinando-se para ela, como se fosse o que a coisa
que a mantinha em pé. Mas era o olhar em seus olhos que fez
sair muito mais fácil.

Medo. Devastação. Ferida.

Jesus. Ela não merecia isso.

Recuei para a porta e abri com a minha arma apontada


para Deck.

— Acabou. — Eu disse, mais para mim do que para eles.

Porque segurando uma arma para Deck, para Vic, vendo


a dor de Alina, tudo estava acabado. E até aquele momento,
eu nunca percebi que tinha havido esperança. Mas agora
não.

Eu tinha ido longe demais e não havia nenhuma droga


para culpar. Não, isto foi apenas eu ameaçando matar o meu
melhor amigo, enquanto a garota que eu amava assistia.
Capítulo
21
Pergunta 10: O que você daria por

seu melhor amigo?

Sentei-me na varanda com uma caneca meio cheia de


café fumegante na mão, o balanço de dois lugares rangendo
para frente e para atrás, balançando. Depois de Connor
confrontar Deck no bar, eu não o tinha visto em cinco dias e
meu estômago esteve instável desde então. Eu tinha uma
vibração constante. Tinha vomitado três vezes e não
conseguia dormir.

Suas palavras continuaram a me assombrar. 'Acabou'.

Perdê-lo novamente foi demais e eu odiava que me


importasse. Eu deveria ter sabido que chegaria a isso. Mas
dando em cima dele nunca foi uma opção para mim, mesmo
que eu tivesse ficado com raiva e dissesse aquelas coisas no
bar. Eu sei que se os nossos lugares fossem trocados, ele
nunca desistiria de mim.

Assim como Deck não desistiria de Connor.

Ele estava confiante que Connor estaria de volta, por


isso, Vic tornou-se a minha sombra e morava na casa comigo.
Quando eu ia para o trabalho, Deck ou Vic permaneciam no
Avalanche, certificando-se que Connor não tentasse algo. Eu
não tinha certeza do que eles esperavam que ele fizesse e
quando perguntei a Deck no dia anterior, ele me disse que
pensava que Connor poderia tentar me levar com ele.

Ele também me disse que Connor precisava ser


pressionado. Eu não gostava do som disso, mas Deck
prometeu que não iria forçá-lo. Connor tinha que chegar a
um ponto onde ele estivesse disposto a pelo menos dar um
passo em direção à obtenção de algum tipo de ajuda.

Deck pensava que eu fosse a chave. Pela necessidade


obsessiva de Connor para me ver e me manter segura, ele
estava confiante que Connor não iria sair da cidade. Ou se o
fizesse, estaria de volta.

Eu ainda não entendia. Mesmo se Connor voltasse, o


que eles poderiam fazer a não ser forçá-lo a obter ajuda? O
que iria pressionar Connor para obter ajuda?

A porta de tela rangeu, abriu, bateu e fechou atrás de


Vic. Ele olhou para a rua por alguns segundos, em seguida,
fez um breve aceno de cabeça antes de se virar para mim.

— Precisamos nos mover para dentro.


Minha respiração engatou quando meus olhos correram
para a rua. Ele viu Connor? Ele estava lá fora assistindo?

— Ele está aqui?

— Não.

— Então por que...

Ele me cortou.

— Eu não tenho tempo para isso. Mova-se! — Vic


ordenou.

Eu me levantei e ele agarrou meu cotovelo usando seu


corpo como um escudo enquanto me levava para dentro de
casa, para o final do corredor e entrou na cozinha.

Foi quando vários tiros soaram fora, como fogos de


artifício a partir da rua.

Eu gritei e os braços de Vic envolveram em torno de mim


quando ele empurrou-me para a parede mais distante. Ele
era duro e foi mais ainda quando fui cercada por um pedaço
de aço que um homem.

— Você está segura. Ninguém está tentando feri-la.

O quê? Como ele sabia disso?

Durou cerca de dois segundos, depois o silêncio se


seguiu, exceto pelo som do meu coração batendo na minha
cabeça.

Ele se afastou, mas ainda mantinha um braço em volta


de mim, enquanto tomava o telefone do bolso de trás, batia
algumas vezes e colocava-o no ouvido.
— Sim, tudo bem. — Ele fez uma pausa. — Vejo-o em
dois. — Ele desligou, pediu-me para sentar-me, serviu-me um
copo de suco de laranja e colocou-o na minha frente, mas eu
não podia beber nada.

Por que ele estava tão calmo? Eu estava tremendo e


assustada, sem saber que merda aconteceu, enquanto Vic
optou por me servir um copo de suco de laranja em vez de
perseguir quem tinha acabado de atirar na casa. Vic iria
persegui-los, não é?

Mas ele ficou comigo e levou apenas minutos antes dos


comandos chegarem, Deck, Tyler e Ernie. Eu não sabia onde
Josh estava.

Tyler foi direto para mim e me deu um abraço. Deus, ele


era doce. Mas então ele disse:

— Desculpe-me por fazer isso com você, querida.

Meus olhos se arregalaram e tudo o que me acalmou.

— Desculpe?

Os olhos de Tyler saltaram para a Vic.

— Você não contou a ela?

Eu pulei fora da cadeira.

— Dizer-me o quê?

Vic não disse nada porque Deck limpou a garganta e


Vic, Ernie e Tyler deixaram abruptamente a cozinha.

— Deck, o que está acontecendo?

Sirenes soaram.
— Eu estou pressionando-o.

Oh Deus.

— Estou ameaçando a única coisa que ele precisa


manter em segurança, Alina. Você. Preciso que ele quebre e
esta é a única maneira que eu posso pensar em fazer isso.
Quanto mais tempo ele continuar a fazer o que está fazendo,
mais difícil será para trazê-lo de volta.

— Você atirou na casa? — Deck confirmou com um


aceno de cabeça. — Você quer que ele quebre. — Eu não
sabia mais o que dizer. Fiquei chocada. Eles fizeram isso de
propósito. Era assim que Vic sabia a hora de me levar para
dentro. Por que ele disse "ninguém está tentando feri-la". —
Mas isso significa que você acha que ele está me observando.

— Não acho. Eu sei que ele tem estado. Ele nunca saiu.
Mas não há nenhum ponto em irmos atrás dele. É preciso
dar-lhe uma razão para vir até nós. Para falar sobre como
obter ajuda. Esse é o primeiro passo.

— O que faz você achar que ele vai mudar de ideia?

As sobrancelhas de Deck levantaram.

— Alina, temos um homem obcecado em mantê-la


segura e sua casa apenas foi alvejada. Você acha que ele vai
deixar isso acontecer? Dar de ombros? Não há uma porra de
chance.

— Se ele ainda ouvir sobre isso.

— E por isso que eu informei a alguns amigos da polícia.


Se ele não está observando a casa, ele vai ouvir.
Eu não estava tão certa de que esta era uma ideia tão
inteligente para pressionar Connor. Isso poderia deixá-lo no
limite.

Os policiais 'amigos' de Deck chegaram. Eu me mantive,


apesar de querer gritar, gritar e perder isso para todos eles,
porque eu estava preocupada que este plano iria sair pela
culatra e Connor faria algo imprudente.

Eu me mudei para o vestíbulo e sentei-me na escada e


dois oficiais entraram e falaram com Deck.

Um policial olhou para mim enquanto Deck falava e


então ouvi Deck dizer:

— Você tem o que você precisa, Rick. — Não foi uma


pergunta e Deck estava, obviamente, dizendo-lhe que era
hora de sair.

Ernie colocou a cabeça na porta da frente.

— Entrada.

— Você percebe a quantidade de papelada que tenho


agora, Deck? Jesus, você faz meu trabalho difícil. — O
policial, Rick, murmurou.

Deck deu um meio sorriso.

— Devo-lhe.

— Uma porra certa que você deve. E vou voltar para


cobrar.

— Senhor. Senhor. Você não pode entrar lá. — Ouvi


alguém gritar do lado de fora.
Eu não tive tempo para processar nenhuma informação
porque a porta de tela foi quase arrancada das dobradiças e
Connor invadiu. Seus olhos escuros imediatamente
desembarcaram em mim e então, foi como se lentamente
deixasse escapar o ar de um balão, com a tensão explosiva
drenando de seu corpo.

Ele ainda tinha que olhar para uma outra pessoa na


sala. Deck olhou para ele, o policial que estava dizendo que
ele não poderia ‘ir lá’ estava atrás dele, Vic estava na sala de
estar falando com Ernie e Rick tinha a mão perto de seu
quadril, onde a arma estava.

Connor caminhou para mim.

O policial Rick endureceu:

— Quem é....

Deck foi rápido para interromper:

— Ele é o cara.

Eu não tinha ideia se Rick respondeu ou o que ele


respondeu, porque Connor tinha me alcançou e foi tudo que
eu pude focar.

Ele pisou no primeiro degrau, curvou-se, pegou minha


mão e me puxou para que eu o seguisse pelo corredor em
direção à cozinha. Olhei de volta para Deck e seus olhos nos
seguiram.

Isto era exatamente o que ele planejou, ele queria que


Connor aparecesse.

Merda, Connor ia matá-lo quando soubesse a verdade.


Ele me levou para o banheiro, que era ao lado da
cozinha, fechou a porta e trancou-a. Eu tinha certeza que a
fechadura do banheiro era frágil e não ia parar qualquer um
desses homens lá fora se eles quisessem entrar.

A mão de Connor escorregou da minha e correu por seu


cabelo que estava molhado, emaranhado e tinha deixado
manchas molhadas em sua camiseta cinza. Ele cheirava a
sabão, como se tivesse acabado de sair do chuveiro.

Ele olhou para o chão enquanto caminhava para o final


do banheiro e de volta. Eram apenas três passos e ele fez isso
várias vezes. Seu rosto estava escondido porque o manteve
baixo, mas a tensão em seu corpo era muito óbvia. O balão
tinha reabastecido e estava prestes a estourar.

Eu estava com as costas contra a porta. Esperando. Isso


era o que Connor necessitava. Que eu esperasse. Que eu
fosse paciente. Que eu fosse calma. Porque era tudo o que ele
não era mais.

Mas ele estava aqui. A questão era, ele iria ficar?

— Jesus Cristo, Alina. — Ele parou de andar e olhou


para mim. Suas mãos se fecharam em punhos ao lado do
corpo e sua respiração era irregular. — Você está bem?

Eu balancei a cabeça.

— Sim, mas...

— Porra. — Ele murmurou, me cortando. — Merda.

Então seu rosto se suavizou e a raiva se dissipou


enquanto ele vinha para mim, com as mãos cobrindo meu
rosto, os polegares acariciando para frente e para trás em
minhas bochechas.

— Eu estava no hotel. — Ele murmurou. — Estava no


chuveiro enquanto você estava sendo alvo de tiros.

Mesmo que tivesse uma resposta, que eu não tinha, ele


não me deu uma chance porque me beijou. Eu provei hortelã
quando sua boca se moveu sobre a minha, suave e quente,
mas apenas como consumidor. Ele embalou a minha cabeça
entre as mãos, bocas e línguas se fundindo. Disse meu nome
algumas vezes contra meus lábios antes de aprofundar. Eu
caí para ele, com os braços se deslocando para enlaçar em
seu pescoço, os dedos nos cabelos, puxando-o para mais
perto.

Connor interrompeu o beijo e descansou sua testa


contra a minha.

— Eu ouvi o rádio da polícia dizer seu endereço e tiros.


Porra, pensei que estivesse morta, baby. Pensei que estivesse
morta e isso me assustou para caralho. — Ele tinha um rádio
da polícia? É por isso que Deck envolveu os policiais, sabia
que Connor viria. Sua mão acariciou meu cabelo. — Eu não
posso lhe perder. Você é tudo que me resta, é isso que me
mantém são.

— Você não vai me perder. — Eu sussurrei. — Estou


bem. Nunca estive em perigo.

Ele se empurrou para trás e as sobrancelhas


levantaram.
— Alguém colocou balas na porra da casa que você
estava dentro. Isso, com certeza, é perigoso.

Oh garoto. Ele estava acelerando novamente e,


provavelmente, fosse uma má combinação Deck esperar para
falar com ele e descobrir que esse era o plano de Deck para
trazê-lo aqui.

— Connor? — Ele estava encostado no balcão, mãos


segurando a borda, pendurado de cabeça. — Você está aqui.

Ele bufou enquanto seus olhos encontraram os meus.

— Claro que estou porra aqui, Alina. Sua casa foi


alvejada.

Eu continuei:

— Você disse que tinha acabado. Achei que você tinha


me deixado.

Ele endireitou-se e veio em minha direção, com a mão


cobrindo a parte de trás do meu pescoço.

— Você. Estava. Levando. Tiro. — Ele se inclinou e


rapidamente me beijou e disse: — Nós vamos sair. Eu vou
tirar você daqui.

Uau. Isso era impossível por uma série de razões, sendo


uma delas um monte de comandos na casa.

— Connor, não.

— Nós vamos para minha moto e sair agora. Começar de


novo em outro lugar.
Ir? Recomeçar? Eu tinha amigos agora. Um trabalho. Eu
amava esta casa, para não mencionar que era uma ideia
horrível.

Eu não iria fugir. Eu não correria.

— Eu não posso sair, Connor. Gosto daqui. — Então


acrescentei: — Eu tenho um trabalho e gosto de seus amigos
e eles são meus amigos agora, também.

— Merda. — Ele caminhou para o lado oposto do


banheiro, enfrentou a parede e bateu os dois punhos nela,
embora não forte o suficiente para quebrar o gesso. — Porra.

Engoli em seco, a garganta apertada enquanto esperava


por ele decidir o que fazer a seguir. Pareceram que horas se
passaram antes dele finalmente se virar. Deus, em seus olhos
rodavam tantas emoções, eu não sabia como ele estava se
sentindo.

Ele se aproximou de mim, parando a polegadas de


distância.

— Tudo bem. — Ele segurou meu queixo e apertou, mas


não de forma dolorosa. — Nós ficaremos na cidade, mas não
aqui. Eu não vou deixar você ser baleada. — Ele me soltou e
agarrou a maçaneta. — Eu preciso lidar com Deck. Ele não
vai me manter longe de você por mais tempo.

— Connor. — Eu soltei antes que ele tivesse uma chance


de sair. Era melhor isto vir de mim do que de Deck, embora
de uma ou outra maneira, Connor iria pirar. — Eles não
estavam atirando em mim.
Seus olhos correram para mim.

— Como você sabe disso? Deck sabe quem diabos era?

— Bem, não foi exatamente isso.

Suas sobrancelhas caíram.

— Não exatamente?

— Eu não sabia que este era o seu plano. Eles me


disseram apenas agora. Acho que eles estavam com medo que
se eu soubesse, poderia encontrar uma maneira de dizer-lhe.
— O pulso em sua garganta latejava e sua mandíbula
apertou. Sim, ele estava chateado. — Deck atirou na casa.

Ele ficou em silêncio, mas o ar estava pesado enquanto


ele contemplava.

— Eles atiraram na casa para eu aparecer. Eles


assustaram você com a porra de tiros apenas para chegar até
mim.

Ele estava zangado. Realmente zangado. Eu não o tinha


visto zangado assim, com as linhas ao redor dos lábios
acentuadas, seus olhos perigosamente escuros e seu corpo
apertado.

Ele me puxou para longe da porta, abriu e saiu.

Ah Merda. Isso não era bom.

Segui atrás dele até que vi Deck esperando na cozinha.

Connor não perdeu tempo enquanto se aproximava.


Meus olhos se arregalaram quando vi sua mão direita em um
punho. Ele parou na frente de Deck, a tensão pulsante fora
dele.

Prendi a respiração. Eu não tinha ideia de quem


ganharia em uma luta entre eles, mas Deck era
definitivamente o mais calmo. Muito calmo.

Eles olharam um para o outro por um segundo e, em


seguida, o braço de Connor recuou. Engoli em seco, ao
mesmo tempo em que ele parou o punho no rosto de Deck.

Deck tinha se preparado para isso e mal se moveu.

— Connor! — Eu consegui um passo em direção a ele,


antes que algo agarrasse o meu braço e me puxasse de volta.
Olhei para os dedos enrolados em torno de meu braço, em
seguida, encontrei os olhos de Vic. — Ele vai machucá-lo.

— Duvido. — Vic respondeu calmamente. — Eles


precisam botar isso para fora e você precisa ficar fora disso.

Minha cabeça se voltou para Deck e Connor agora


tinha-o pela camisa contra a parede.

— Lute comigo, idiota.

— Não brigo com você, Connor.

— Merda. — Connor empurrou-o no peito e deixou-o ir.


Ele passou a mão pelo cabelo, deu alguns passos e bateu o
punho ao lado da geladeira.

Deck esfregou o queixo.

Eu queria tanto ir para Connor, mas estava com medo


também. Ele estava furioso e eu estava pirando. Não era uma
boa combinação. Como se sentindo minha apreensão, Vic se
inclinou para mim e disse:

— Deck pode cuidar de si mesmo e Connor não tem sua


arma.

Olhei para a parte de trás da calça jeans e não havia


nenhuma protuberância debaixo de sua camiseta. Ele saiu
com pressa.

As mãos de Connor apertaram em seus lados, mas ele


não fez nenhum movimento para bater em Deck novamente.

— Você usou minha menina para chegar a mim. Você


assustou-a para chegar até mim.

Tyler e Ernie apareceram ao meu lado e de Vic.

— Acho que ele sabe agora? — Disse Tyler.

Eu balancei a cabeça.

— Que porra é essa? Não é assim que funciona. —


Connor andou para frente e para trás pela cozinha. — Jesus
Cristo. Como você pôde fazer isso com ela?

Deck pareceu bastante descontraído para alguém que


foi socado por seu melhor amigo.

— Você sabe porquê. Não preciso explicar nada para


você. Isso tem que acabar. O que você está fazendo com
Alina. Comigo. Com sua família e amigos. Isso para hoje.

Connor parou de andar e olhou para ele.

— Jesus Cristo, por que não pode me deixar em paz?


— Você sabe o motivo. — Deck respondeu calmamente.
—Nós não deixamos um homem por trás. Nunca.

Lágrimas nadavam. Era por isso que eu confiava nestes


homens. Porque facilmente confiei em Connor quando nos
conhecemos. Não havia nada mais forte do que a lealdade de
um para com o outro e era assim que esses homens faziam.
Ficavam uns para os outros e lutavam uns para os outros.
Não eram do tipo de homens que se sentam e não fazem
nada.

Connor não fez comentários.

Deck continuou:

— Todo homem chega em casa, para a sua família,


O'Neill. Você não está lá ainda. Você me ouviu?

— Sim, eu estou ouvindo-o.

— Vamos dar-lhes um pouco de espaço. — Vic sugeriu.


Tyler e Ernie se dirigiram pelo corredor e Vic esperou por
mim. Eu roubei um último olhar para Connor, virei e sai.
Capítulo
22

Deck armou isso para eu chegar aqui.

Porra, eu queria fazer muito mais do que socá-lo. O


inferno que passei quando ouvi o rádio da polícia na hora que
estava no chuveiro. Juro, meu coração surgiu no meio das
minhas costelas e quase corri para fora do meu quarto de
hotel nu, a fim de chegar aqui. Minha cabeça detonou com
cacos de medo, com o pensamento de Alina deitada no chão,
o sangue fazendo uma piscina em torno dela.

Eu estava lutando por cinco dias com o que deveria


fazer. Eu tinha deixado o bar convencido de que tinha
acabado, mas não tinha. Menti para mim mesmo, porque
sabia muito bem que nunca iria deixá-la. Mas Deck era fiel a
sua palavra. Eu nunca chegaria perto dela.

Tudo mudou durante a condução até aqui, imaginando-


a sangrando no chão, os olhos mortos e sem vida.

Nada mais importava, exceto ela. Eu faria qualquer


coisa para mantê-la. Qualquer coisa. Enquanto ela não
morresse.
Perdê-la não era uma possibilidade. Eu não podia
passar por isso novamente. O medo aumentou quando entrei
na sua rua e vi as luzes piscando e o carro de polícia. Tive um
pouco de alívio que não havia nenhuma ambulância, mas
então ocorreu-me que ela já poderia ter vindo e a levado para
longe.

Eu não pensei duas vezes sobre o assalto à casa. Não


pensei sobre os policiais, Ernie, Vic, Tyler ou Deck. Ninguém
estaria escondendo ela de mim.

E então a vi sentada na escada e o alívio foi tão grande


que eu queria cair de joelhos e chorar.

Deck passou por mim, dizendo:

— Vamos levar isso para fora.

Tive vontade de socá-lo novamente e dizer-lhe para ir se


foder porque eu ainda estava me recuperando com o que ele
fez. Não para mim, mas para Alina. Ela estava tremendo. Eles
não tinham contado a ela o que estariam fazendo e a
assustaram. Essa merda não era legal.

Segui-o para a varanda.

Assim que a porta de tela fechou, ele teve direito a isso.


Sem bobagem Deck.

— Eu não gostei de fazer isso para Alina. Mas isso é


sobre você.

Cruzei os braços para não o socar novamente e encostei-


me no corrimão. A raiva pulsava, mas era mais o medo por
Alina. Não importava que eu a tivesse visto momentos atrás e
soubesse que estava bem. Ainda a imaginava morta no chão.

Deck continuou:

— Vic me disse que sua menina não dormiu em cinco


dias. Matt a mandou para casa mais cedo na outra noite,
apesar de sua insistência em trabalhar. Ela tem passado um
inferno também e não merece isso.

— Jesus, você não acha que eu sei disso? Ela merece


alguém que seja equilibrado, não um lunático furioso.

Deck bufou.

— Você não é um lunático furioso. Furioso, sim.


Lunático, ainda não. E eu disse que ela não merece isso. Ela
merece você porque é um bom rapaz. Você acabou
esquecendo dessa parte.

— Sabe o que eu fiz? Você tem alguma ideia, porra?

— Sim. Você ameaçou a vida de sua irmã. Você matou


para Vault. Você atirou em London e levou-a para Vault. E
você machucou Alina na Colômbia. E nada disso foi sua
culpa. —Deck continuou. — Mas isto, o que está a
acontecendo agora, isso é tudo sobre você.

— Você não acha que eu sei?! —Gritei, batendo no


corrimão com o meu punho.

Deck deu um passo em minha direção.

— Moreno está morto. Vault está desmontada e em troca


está sendo reconstruído algo bom. A droga está destruída,
você e Alina estão livres. Todos nós estamos. Mas mesmo de
sua sepultura, ele tem um poder sobre você. Fomos treinados
para resistir a tortura. Nós sabemos o que essa merda pode
fazer para a mente de um homem. E, sim, eu sei que você se
odeia agora, mas estou te dizendo novamente Connor, você
tem duas opções e eu não preciso explicá-las para você. É um
grande outdoor em chamas na sua frente.

Isso me deixou doente, pensar que a minha irmã sabia o


que eu tinha feito. Meus pais sabendo... Deus, isso iria
destruí-los. Eles eram orgulhosos de mim, pelo que fiz para o
meu país. Agora, descobrem que ajudei um homem que
usava crianças para o seu negócio de drogas e os
transformava em assassinos.

Eu não poderia fazer isso com eles.

Deck parou na minha frente.

— Eu sei o que você está pensando, amigo. Não vá para


lá. Nada disto é culpa sua. É hora de corrigir isso. Fazer isso
direito.

Eu bufei.

— Consertar? Estou sem conserto, Deck. Não estou


sentindo pena de mim mesmo, isso é apenas a realidade.

— E então? Você com certeza não pode sair. Assim, você


fica em torno e o que... vê-la? E o que acontece quando ela
finalmente não quiser mais você e quiser namorar, talvez
começar uma família? E aí? Você vai matar ou ameaçar
qualquer cara que chegue perto dela?
Meus olhos bateram nele, com fúria crescente pelo mero
pensamento de Alina namorar outros caras.

— Eu não lhe bati com força suficiente na primeira vez,


idiota? — Retruquei, pois me levou tudo para não bater com o
punho em seu rosto novamente e novamente, até... até o quê?
Até que eu matasse o meu melhor amigo?

Porra.

Meu peito parecia como se tivesse um peso de mil libras


nele e eu estava sufocando. Tudo o que ele disse era verdade,
mas ouvi-lo em voz alta era como um chute no estômago.

Deck foi meu chefe de equipe, a minha rocha. O homem


que eu confiava a minha vida mais do que qualquer outro e
havia partes de mim que queria deixá-lo entrar e parar de
lutar.

Ele ficou bem na minha cara.

— Você conhece a história, Connor. Como eu bati no


meu pai até a morte. Eu me culpava pela morte da minha
mãe, por não a proteger. Esse era meu trabalho e falhei com
ela.

— Você era uma criança. — Eu murmurei.

— E você estava drogado.

Silêncio. Baixei a cabeça para frente e meus ombros


caíram. Eu sentia isso a cada dia. Como falhei com Alina e
como ainda estava.

— Minha cabeça está um pouco fodida. — eu finalmente


disse.
— Um pouco? —Deck respondeu.

Eu bufei. Idiota.

— Muito.

Ele assentiu.

— E ela?

— Não é possível respirar sem ela.

— Conheço a sensação. — Deck murmurou.

Eu movi minha cabeça para olhar para ele.

— Há quanto tempo você fode a minha irmã? É melhor


ela ter tido idade ou eu vou lhe matar.

A mandíbula de Deck apertou.

— Jesus. Que merda? Eu nunca faria isso e você


claramente sabe disso.

Eu sabia. Foi um comentário cruel. Deck era o cara


mais honrado que eu conhecia e ele teria tentado manter sua
palavra para mim e ficado longe de Georgie.

— Sim.

— Dez anos. — Disse ele. — E eu não deveria ter


desperdiçado todos esses dez anos e não a ter, mas fiz porque
sabia que não era legal eu trazê-la para o nosso tipo de vida.
Agora sei que foi estúpido da minha parte, fazer essa
promessa para ficar longe dela. Eu desperdicei anos de não a
ter em meus braços e não consegui protegê-la também.

O fogo ardia no meu estômago com as suas palavras e a


parte fodida era que eu não sabia porquê. Ele estava certo. A
qualquer momento, a vida poderia jogar um gancho e arrastá-
lo para baixo, mas se você tivesse uma pessoa para se
segurar, a luta para a superfície era mais fácil. Essa pessoa
era a sua razão para respirar.

Eu inalei uma respiração profunda.

— Georgie está feliz?

Deck hesitou.

— Ela é feliz agora. Mas não completamente. Não acho


que ela será até que tenha o seu irmão de volta. Eu gostaria
de dizer-lhe que é uma possibilidade.

Baixei a cabeça.

— Ela sabe que estou aqui?

— Eu nunca vou mentir para ela, Connor. Então, sim,


ela soube que você esteve no Avalanche. Eu também disse a
ela que estava te procurando, mas ela não sabe que você está
aqui agora. Ainda não. Mas vai saber porque eu não vou
impedi-lo de vê-la assim como não vou impedi-la, caso você
fique por perto e ela queira te ver. — Então ele disse: — Não
vou cortar o meu ar.

— Sim. — Eu entendia isso, porque o meu ar foi cortado


pensando que tinha perdido Alina esta noite.

O alpendre rangeu quando Deck mudou seu peso.

— Você sabe, Alina protegeu você mesmo que ela não


precisasse. Eu nunca iria feri-lo, Connor.

— Você me acorrentou a uma parede, me sedou e me


algemou a um cano.
Deck assentiu.

— Tudo foi necessário.

— Grande merda.

— Você tentou nos matar. Acho que foi apropriado para


a situação. E eu estava tentando protegê-lo de se machucar.
—Suas sobrancelhas baixaram e ele disse em um tom mais
sério. — Nós precisamos endireitara sua cabeça, amigo.

— Jesus Cristo, você não acha que sei disso? — Eu


gritei.

Andei para o lado oposto da varanda e olhei para a casa


em que me escondia, através das árvores. A janela no sótão
não tinha madeira compensada sobre ela porque eu tinha
removido, a fim de assistir a sua casa.

— Eu não posso estar com ela e não posso ficar longe.


Eu a vejo por isso, não vou esquecê-la novamente. Toda vez
que saio, meu peito aperta e sinto que estou me afogando.
Sabe o que é isso? Medo. Eu nunca senti medo. Não havia
espaço para ele. Você, de todas as pessoas, sabe que não na
nossa linha de trabalho. Mas agora estou aterrorizado, com
medo de esquecê-la novamente. Medo de perdê-la.

—Você sabe o que é ter medo de cair no sono por causa


dos pesadelos, mas não são pesadelos. São coisas reais que
fiz. E eu tenho que acordar de novo e viver com isso. Mas
muito pior é o medo constante de acordar sem memórias.
Esquecendo-a. Eu vivo com esta raiva pulsante e não sei
quando ela vai detonar. — Balancei a cabeça para trás e para
frente, chutando um pequeno sulco em uma das pranchas. —
Ela quer ser normal. Eu não posso dar isso a ela. Não posso
falar sobre o que aconteceu com ela. Não consigo dormir ou
meus pesadelos invadem e você viu o resultado na cozinha.
Mas não posso abandonar ambos.

Ouvi Deck se aproximar e meu corpo ficou tenso, mas


permaneci onde estava, olhando para aquela porra de janela
do sótão.

— Você não pode ter as duas coisas, Connor. Ficar e


sair. Porque é isso que você está fazendo. Metade aqui e
metade indo.

Limbo. Eu estava no limbo.

Deck estava ao meu lado e enfrentou a casa


abandonada.

— Merda. — Ele murmurou. Olhei e ele estava olhando


para a janela do sótão.

— Você está escorregando. — Eu disse, sorrindo.

— Pensei que Vic tivesse verificado o lugar.

— Ele verificou. Eu não estou escorregando.

Deck riu. Porra, fazia anos desde que o ouvi rir. Uma
raridade, eu sempre fui o único rindo e sorrindo. Talvez por
isso que nós nos demos tão bem, em relação um a outro.

Nós tínhamos. Não mais.

— Eu não vou desistir de você, Connor. — Disse Deck.

Os homens de Deck voltavam para casa, vivos ou


mortos, mas sempre voltavam para suas famílias e ele não
desistia até que isso acontecesse. E desde que eu não estaria
deixando Alina, tinha que mudar o que estava fazendo.

Ficamos em silêncio por uns bons dois minutos antes de


eu dizer:

— Eu vejo merda. PTSD3. Ou talvez os efeitos depois da


droga. Eu não sei.

— Boa possibilidade. — Disse Deck. — Essa droga tinha


alguma merda potente nela e isso pode ser prejudicial e você
não sabe mesmo. Você tem que ver um médico.

Cada músculo do meu corpo ficou tenso.

— Porra. Você sabe o que eles vão fazer comigo? No


segundo que eu me perder falando sobre a merda que passei,
vão bombardear-me com drogas e me trancar. Eu não posso
sobreviver a isso. Não vou. Minha mente não pode tomar essa
merda. Fiquei preso por sete anos. Sete, Deck. Isso vai matar
o último fio de sanidade que me resta.

Deck ficou silencioso.

— Ok. Ficamos com a coleta do sangue. Nós começamos


por aí. Nada mais.

— Eu não vou para um hospital.

Deck disse:

— Nós temos um médico na folha de pagamento da


empresa.

— Unyielding Riot. — Eu disse, balançando a cabeça. —


Quem escolheu esse nome?
3
Estresse pós traumático.
Deck bufou.

— Então, você vai ter o sangue colhido?

Corri a mão pelo meu cabelo, balançando a cabeça.

— Eu não posso perdê-la. E não posso continuar


machucando-a também. Então, sim. — Afastei-me, abri a
porta de tela e olhei para ele ainda em pé no parapeito. — O
que você fez foi um movimento idiota e se você fazer isso
novamente e assustar a minha menina, não terá apenas uma
mandíbula machucada.

— Entendido.

— Eu vou ficar aqui. Mande Gate embora. Só assim que


vai ser.

Deck endureceu.

— Como eu sei que você não vai raptá-la no segundo


que formos embora?

Dei de ombros.

— Você não vai. Mas Alina já me disse que não vai sair,
caso contrário, estaria na minha moto muito antes de termos
essa conversa.

— Se houver outra situação como a merda da cozinha,


estaremos renegociando os termos.

Eu não disse nada e voltei para dentro da casa para


encontrar Alina.
Ela estava no quintal com os caras, sentada na cabana.
Parei no meio do caminho e engoli a vontade de arrastá-la
para longe deles.

Apertei os lábios. Merda, eu não ia fazer isso, essa


superproteção tinha que arrefecer. Eu não sabia como fazer
isso, ainda, mas o primeiro passo era não puxar a minha
arma, que estupidamente deixei no hotel, ou dar socos.

— Baby. — Eu disse e ela olhou para cima. Seus olhos


viajaram pelo meu corpo, sem dúvida, verificando se tinha
lesões, então seus ombros cederam e ela sorriu. Ela saiu da
cabana e andou na minha direção.

Todas as emoções que estavam pulsando em mim ao


longo dos últimos dez minutos desapareceram e foi como
uma lavagem morna de calma.

Enfiei a mão sob seu cabelo, estabelecendo na parte de


trás do seu pescoço e puxei-a para mim. As palmas das suas
mãos pousaram no meu peito e ela olhou para mim com um
sorriso hesitante. Ela não precisava dizer nada. Eu sabia
porque ela estava hesitante.

— Vou tentar conseguir um ‘não perdido’. — Seu sorriso


se alargou e se eu existisse uma forma de respirar um
sorriso, era o que eu estava fazendo porque me encheu com a
sua leveza. — Mas, baby, eu não sei se posso. E você tem que
jurar para mim que vai tentar, também. Mata-me que você
tenha desistido de fotografia. — Ela abriu a boca para
protestar, mas eu rapidamente a cortei. — Nós
encontraremos nosso caminho de volta juntos, Alina.
— Ok. — Ela sussurrou, estendeu a mão e segurou meu
rosto repetindo: — Tudo bem.

Inclinei a cabeça e beijei-a, macio, suave, breve como


uma fotografia. Eu olhei por cima para a cabana, Tyler e Vic
nos observavam. Balancei a cabeça uma vez e eles
devolveram o gesto. Deslizando minha mão na de Alina, nós
fomos para dentro.
Capítulo
23
Pergunta 11: sabor favorito de

sorvete?

Connor levou-me pela casa, até as escadas e para o


quarto. Com o calcanhar da bota, ele fechou a porta,
aproximou-se da poltrona grande e sentou-se. Ele me puxou
para o seu colo e eu me enrolei nele.

— Minha cabeça está batendo, Fotógrafa Dedicada. Eu


preciso de um minuto. — Ele cruzou os braços em volta de
mim e se alguém procurasse por nós, veriam dois amantes
abraçados. Não havia tanta tensão nele. Os vincos entre as
sobrancelhas acentuaram enquanto ele descansava a cabeça
no encosto da cadeira com os olhos fechados.

— Ok. — Eu sussurrei, descansando minha bochecha


em seu peito, ouvindo seu coração bater de forma irregular.
Ele precisava do silêncio. Normalmente, ele ia para o chuveiro
ou saía em sua motocicleta, mas em vez disso, me segurou
em seus braços. Este era ele lutando contra o que estava
acostumado a fazer. Estava confiando em si mesmo para não
me machucar.

Sentamos por um longo tempo em silêncio. Lentamente,


a tensão em seus braços aliviou, seu coração desacelerou e
as linhas em seu rosto desapareceram.

Eu não tinha ideia do que Deck e ele falaram, mas


Connor ficou.

Ele ia tentar.

E talvez nós tivéssemos a nossa segunda chance.

Sua mão acariciou das minhas costas para o meu


pescoço, onde seus dedos acariciavam debaixo do meu
cabelo. Arrepios subiram e eu suspirei, inclinando a cabeça
para olhar para ele. Seus brilhantes olhos azuis estavam
abertos e calmos quando nossos olhares se encontraram.

Eu tinha tantas perguntas, mas não era o momento,


então dei-lhe um sorriso sutil e meus dedos se curvaram em
sua camisa.

— Eu gosto disso. — Ele permaneceu quieto, mas estava


ouvindo então continuei: — Você me segurando até que isso
passe. Gosto muito disso.

— Eu também, baby. — Ele murmurou antes de se


inclinar e me beijar.

Ele foi lento, mas não havia nada suave sobre ele
enquanto seus lábios reivindicavam os meus. Sua mão na
parte de trás do meu pescoço me puxou para mais perto e eu
afundei ainda mais para ele. Havia tanto dentro desse beijo
que seguramos um ao outro. Era sua promessa para mim, ele
ficaria neste momento. E foi a nossa promessa de continuar
lutando pelo outro.

Ele interrompeu o beijo e descansou sua testa contra a


minha.

— Eu a amo pra caramba, Alina. — Meu coração quase


explodiu no meu peito. — Não quero feri-la. Diga-me que não
vou lhe machucar.

— Você não vai me machucar, Connor. Eu confio em


você. — A confiança, em si mesma, estava faltando, mas eu
tinha o suficiente para nós dois. Talvez fosse por tudo o que
passamos que a tornava tão forte. Talvez eu soubesse que ele
não iria machucar porque mesmo estando drogado, Connor
nunca tinha me machucado. Embora isso não importe agora.
Até que ele aprenda a confiar em si mesmo novamente, eu
estaria lá para ele.

— Prometi a Deck que teria o sangue colhido. Eu não sei


se isso vai ajudar, mas enquanto eu não tenha que ir a um
hospital ou consultório médico, não pode machucar. —
Apareceu um sorriso sutil. — Exceto por essa agulha
perfurando minha veia e drenando o meu sangue.

Eu sorri.

— Mas você está bem com perfurar as pessoas com suas


presas e drenar seu sangue? — Pergunta número um,
vampiro ou lobisomem, ele disse vampiro porque chupava os
pescoços das mulheres. E, claro, eram fortes para caralho e
ele gostava desse fato, também.

Ele riu e meu peito inchou com o som.

— Eu amo que você se lembre, baby. Mas, merda, sim.


Vampiros tem regras. — Então, ele colocou beijos pelo meu
rosto até o meu ouvido, onde seu hálito aquecido flutuava
quente na minha pele. Sua língua lambeu o lado do meu
pescoço e os dentes suavemente beliscaram.

Inspirei e gemi quando ele lambeu o local antes de beijá-


lo.

— Connor?

— Sim? — Ele continuou a beijar meu pescoço, em toda


a minha garganta para a cavidade onde ele rodou sua língua.

Oh, Deus, ele tinha me molhado com alguns beijos


simples.

Minhas mãos percorreram a frente das suas calças onde


deslizei o botão através da fenda.

— Eu quero lhe provar. E então, quero montar você. —


Eu arrastei o zíper para baixo, onde o seu pau já estava duro
dentro de sua cueca boxer.

— Porra. — Disse ele em um tom áspero, irregular.

Saí do seu colo e fiquei de joelhos, com as mãos sobre as


suas coxas, abrindo-as lentamente e me aproximando mais
perto. Meus olhos se arrastaram sobre a grande
protuberância na minha frente, então minha mão seguiu o
caminho, escorregando dentro de suas calças. Meus dedos se
curvaram ao redor de seu pênis aquecido e ele gemeu.
Libertei-o e segurei a base firme em meu aperto antes de
abaixar a cabeça.

Ele prendeu a respiração quando eu lambi a ponta, a


doçura salgada agarrando na minha língua. Seus dedos
teceram em meu cabelo, então asperamente ele agarrou os
fios.

— Jesus. — Ele murmurou, quando o tirei da minha


boca.

Levei tanto quanto eu podia, relaxando minha garganta


enquanto seu pau batia no meu reflexo de vômito. Rodei a
minha língua e chupei, minha mão apertando a base mais
forte.

— Alina. — Ele levantou os quadris, empurrando seu


pênis ainda mais na minha garganta e eu engasguei por um
segundo. — Desculpe. Merda. Forte, baby. Mais forte.

Chupei mais forte.

— Mais rápido.

Movi-me para cima e para baixo, sugando, minha mão


se movendo para cima junto com a minha boca. Deus, eu
adorava isso. Não apenas seu pênis na minha boca, mas o
que eu fazia para ele.

— Ah, porra, baby. Você precisa parar. Eu vou gozar e


quero ter meu pau dentro de você quando o fizer. — Ele me
agarrou pelos ombros e me puxou para cima. — Sem calça.
Agora.
Eu sorri, lambi os lábios e ele gemeu, seus olhos presos
na minha língua. Seus olhos brilhavam com desejo, mas
havia também uma pitada de frustração, enquanto as
sobrancelhas franziam.

— Agora. — Ele ordenou e suas mãos se moveram para


a minha calça de yoga cinza.

Afastei-me para que ele ficasse fora de alcance,


franzindo o cenho.

— Baby.

Eu mexi meus quadris enquanto arrastava para baixo


polegada por polegada, amando como seus olhos estavam
intensos e aquecidos observando.

Então eu fiz o mesmo com a minha calcinha,


lentamente.

Seu controle acabou e ele saltou da cadeira.

Eu gritei quando ele me agarrou, me empurrou contra a


penteadeira e colocou as mãos na minha bunda, levantando e
me sentando na borda da superfície lisa e dura.

Ele tinha um preservativo no bolso que embalou dentro


de segundos, rolando adiante. Tudo isso usando apenas uma
mão. Ele me puxou para frente, de modo que seu pau
pressionou na minha entrada e acomodou minhas coxas em
seus quadris.

— Eu nunca mais quero sentir medo novamente. Perder


você não é uma opção, Alina.
Ele empurrou dentro de mim e eu ofeguei, joguei a
cabeça para trás, fechando os olhos.

Não havia nada de calmo e gentil sobre isso. Quando a


cômoda bateu contra a parede tudo o que eu tinha sobre ela
caiu no chão aos nossos pés.

Era uma descontrolada, feroz e selvagem necessidade.


Era como se ele tivesse que ter certeza de que eu sentia cada
parte dele. Como se tivesse que se convencer de que isso era
real e ao mesmo tempo, me convencer de que não ia me
deixar.

Esta era a nossa chance de um segundo começo.

Isto era a gente encontrando o nosso caminho de volta,


um para o outro.

E foi um passo para ser ‘não perdido’.

Connor dormia.

Ainda era o início da tarde, mas ele estava exausto e


esteve cochilando durante uma hora. Havia círculos pretos
sob os olhos, pela preocupação constante e falta de sono.

Então, deixei-o dormir.


Eu escapei da cama, agarrei minha camisola e puxei-a
sobre a cabeça. Dirigi-me para a porta para entrar no térreo
para comer alguma coisa quando meu estômago embrulhou.

Corri para o banheiro adjacente, caí de joelhos e vomitei


no banheiro. Deus, eu odiava isso. A incerteza constante com
Connor estava tomando seu pedágio em mim.

Enxaguei a boca, agarrei a minha escova de dentes,


coloquei toneladas de creme dental mentolado sobre ela e
botei na minha boca.

A porta abriu e Connor ficou lá com um olhar severo.

— O que está errado?

Eu cuspi a pasta de dentes na pia.

— Nada. Meu estômago está ruim.

Ele se aproximou.

— Por quê?

Eu bochechei a água e cuspi novamente antes de fechar


as torneiras.

— É só por causa de tudo isso.

— Tudo isso?

Larguei minha escova de dentes no copo.

— Sim, tudo isso. Tudo o que aconteceu recentemente.


Um dia você está aqui. No próximo você se foi.
Constantemente me preocupando com você. Eu me sinto
como um ioiô sendo puxado dentro e fora constantemente.
Eu não dormi em cinco dias, mal como e quando eu como,
vomito. Isso apenas está me pegando.

Ele suspirou e moveu-se para mim, o dedo colocando


fios de cabelo atrás da minha orelha.

— Sinto muito, querida. Eu nunca quis que você se


sentisse assim. Porra, eu não deveria...

Bati-lhe no peito, mas tudo o que isso fez foi mudar o


seu peso ligeiramente.

— Não se atreva a dizer isso! Você não deve dizer que


não deveria ter saído ou voltado ou algo para me agradar.

Sua mão deslizou sob o meu cabelo enquanto ele


segurava o meu pescoço.

— Eu não ia dizer isso.

— Oh.

— Eu ia dizer que não deveria ter te comido se você não


estava se sentindo bem.

Oh.

— Bem, eu estava bem, então.

— Baby, eu não quero que você se preocupe comigo. —


Ele colocou a mão na minha testa e na minha bochecha. —
Você tem certeza que está bem?

— Sim, eu estou bem agora e com muita fome


realmente.

Ele riu, seus olhos brilhando com diversão.

— Eu posso fazer algo sobre isso.


Deslizando a mão na minha, ele me levou para o quarto
onde vestiu a calça, pegou minha mão novamente e fomos
para baixo, para a cozinha.

Uma vez que me sentou no balcão, ele me fez a mais


deliciosa omelete grega que eu já provei.
Capítulo
24
Meu celular vibrou na mesa de cabeceira e meus olhos
se abriram. Demorei um segundo para me orientar que algo
estava me segurando muito apertado, mas então percebi que
era a perna de Connor sobre minhas coxas e seu braço estava
confortável em volta da minha cintura.

Ele estava na cama comigo. Ele deve ter chegado no


início esta manhã, porque se recusava a dormir comigo e
ficava em outro quarto.

Tinha passado uma semana desde os tiros e Connor


ainda estava aqui. Vic tinha desaparecido e tudo tinha se
resolvido, exceto o meu estômago.

— Você vai atender, gata?

— Ah, sim. — Eu cegamente estendi a mão para o meu


telefone e o ergui.

O nome de Chess brilhava. Apertei o grande círculo


verde.

— Oi, Chess.

— Alina. Oi.
Nós conversamos um minuto. Perguntei sobre Danny e
Bacon e ela me disse que ele estava planejando uma
demonstração na inauguração do Treasured Children’s
Center.

Connor acariciou meu pescoço e arrepios subiram.


Então sua mão deslizou entre as minhas pernas e me
provocou.

— Desculpe, o quê? — Eu não tinha ideia do que Chess


tinha acabado de dizer.

Eu virei e fiz uma careta para ele. Secretamente, estava


feliz que ele estivesse sendo brincalhão e bonito de manhã.

— Eu estava perguntando se você poderia ajudar com o


centro. — Disse Chess.

— Ah, com certeza. Sim, claro. Tudo o que você precisar.


—Fiquei emocionada que Chess me pediu ajuda. Eu queria
ser uma parte do projeto e ir uma vez por semana nunca me
pareceu o bastante.

— Você é uma fotógrafa, certo?

Eu endureci e a mão de Connor, que estava levemente


circulando meu sexo parou.

— Bem, eu fui há muito tempo.

— Ótimo. Você seria capaz de tirar algumas fotos do


local antes da abertura? Talvez passar por aqui esta semana
e me encontrar. Podemos tirar fotos dos animais e....

Eu interrompi:

— Eu não tiro mais fotos.


— Oh. — Ela fez uma pausa. — Se é uma câmera que
você necessita...

Eu não ouvi o resto porque Connor pegou o telefone de


mim.

— Vamos ligar de volta. — Então, ele desligou o telefone


e jogou-o ao pé da cama.

— Connor, você não pode fazer isso. — Eu não tinha


certeza se Chess sabia que Connor estava hospedado aqui
comigo. Ela poderia estar em pânico.

— Eu apenas fiz.

Sentando-me, tentei ir para o telefone, mas ele agarrou


minha cintura e me jogou de volta para deitar de costas
enquanto ele pairava sobre mim.

— Connor! Eu tenho que ligar de volta.

— Precisamos conversar sobre isso.

— Sobre o quê?

— Eu odeio que você não tire mais fotos e não me venha


com besteiras dizendo que é porque você não quer. Eu estava
lá. Eu lembro.

— Não é tão simples. — Eu murmurei.

— Simples não é algo que já fizemos, baby.

— Porra, você não teria sido torturado e drogado se ele


não tivesse encontrado as fotos.

Suas sobrancelhas caíram perigosamente e sua boca


apertou.
— Nós não sabemos disso. Mas se isso fosse verdade,
então eu estaria vivendo uma vida sem você, sem nunca
saber a verdade. Ainda odiando como você me deixou. — Ele
suspirou. — Estar com você agora valeu tudo.

Lágrimas caíram e ele gentilmente as secou com o


polegar.

Isso fez mal ao meu estômago. Só de pensar em segurar


uma câmera de novo, meu estômago já estava de forma
áspera. A paixão pela fotografia tinha morrido e encontrar
essa história dentro da lente não existia em mim.

— Será que todas as crianças estarão lá? — Ele


perguntou.

— No centro?

— Sim.

— Não. Eles vão para lá só depois da abertura. Danny


estará com Chess. Tenho certeza que ela vai querer fotos dele
com Bacon.

Suas sobrancelhas levantaram.

— Bacon? Diga-me que não é um porco.

Eu sorri.

— Sim. Danny o nomeou. Um porco barrigudo.

— Então, nós faremos isso juntos.

— Hã?

— Eu irei com você.


Minha respiração parou e meus olhos foram para os
dele.

— Você irá?

— Eu não gosto disso. Mas quero estar lá para você. —


Ele segurou meu queixo, o polegar acariciando para frente e
para trás sobre meu lábio inferior. — Alina, você nunca
desistiu de mim. Eu dei-lhe todas as razões para desistir e
você ainda está aqui. Então, sim, eu vou.

Então ele me beijou e se passou mais de uma hora antes


de ligar para Chess e dizer a ela que eu faria.
Capítulo
25
Pergunta 12: Que tipo de pássaro

você quer ser?

— Baby, olhe para mim.

Nós estávamos ao lado de sua motocicleta no Centro e


eu tinha o capacete entre as mãos, olhando para o topo do
mesmo. Connor pegou-o do meu alcance, colocou sobre o
assento da moto e pegou minhas mãos nas dele.

— Hoje, você fará novas histórias. — Disse ele. — Hoje,


faremos novas memórias. — Ele colocou o dedo embaixo do
meu queixo e guiou minha cabeça para que nossos olhos se
encontrassem. — Não foi sua culpa. Eu nunca a culpei. E
nunca me arrependi de nós dois. Nem uma única vez. — Ele
se inclinou e me beijou. — E estou enlouquecendo também.
— Minhas sobrancelhas levantaram porque ele não parecia
que estivesse pirando. Na verdade, não havia nenhuma
tensão na sua face. — A menina, Chess... eu bati nela, Alina.
Na França, depois que eu levei London para Vault.

Oh, eu não sabia disso.

— Isso não era você.

— Ainda assim, os gatilhos são imprevisíveis, como você


sabe a partir dos furos em suas paredes, Fotógrafa Dedicada.
Encontrá-la novamente. Estar em torno de um garoto. Porra,
qualquer coisa pode definir-me, mas eu tenho você e baby,
você me acalma. É como se você fosse a minha lembrança do
que é real e eu tenho que me segurar nisso.

Connor ficou. Na maior parte. Ele decolou em sua


motocicleta algumas vezes, deu um soco na parede várias
vezes e se recusou a dormir comigo durante a noite. Eu
também acordava nas primeiras horas da manhã e o
encontrava andando no andar de baixo ou ouvia o chuveiro
no banheiro do térreo.

Mas sua moto agora estava parada na minha garagem,


suas roupas estavam no meu armário e ele fez o check-out do
hotel. Ele também me levava para o trabalho e me pegava,
mas nunca esteve feliz com isso. Ele tinha deixado claro,
várias vezes, o quanto odiava que eu trabalhasse no bar.

E ele me comprou uma câmera. Eu estava um pouco


surpresa porque nós nunca falamos sobre dinheiro, mas ele
obviamente tinha algum, porque era uma câmera muito cara.
E ela ficou na caixa, sobre a minha mesa da cozinha, por dois
dias. Houve um flash de vertigem quando eu a vi pela
primeira vez, como uma criança com um brinquedo novinho,
ansiosa para rasgar a caixa e brincar com ele.

Mas os sentimentos doentes e esmagadores, de culpa e


ódio, tomaram conta e eu não consegui. Então, eu a tinha
deixado lá. Connor nunca me pressionou e ela se manteve
como uma peça central na mesa da cozinha, até esta manhã.

Connor estava realmente tentando e até atendeu o


pedido de Deck e foi ao médico ontem para um exame de
sangue. Depois, fizemos algo normal; ficamos de mãos dadas
e caminhamos pela praia. Havia um calçadão de madeira,
mas Connor não gostava de onde havia muitas outras
pessoas caminhando, correndo ou andando de bicicleta por
ela, então tiramos nossos sapatos e caminhamos pela praia.

E agora estávamos no Centro onde eu estava para tirar


fotos pela primeira vez desde o dia em que tinha destruído a
minha câmera por causa de Moreno.

Connor deslizou a mão pelo meu braço e entrelaçou os


dedos nos meus.

— É a minha vez de ser forte o suficiente para nós dois,


baby. — Ele deu um meio sorriso e meu coração levantou. —
Eu vou protegê-la dos demônios.

— Vampiros e demônios do mesmo lado, não é?

Seu meio sorriso se transformou em um sorriso cheio e


meu coração derreteu.

— Não este vampiro. Este vampiro é um rebelde e está


apaixonado por uma lobisomem, porra.
Eu ri e um pouco do meu nervosismo aliviou.

Faça novas histórias.

Fazer novas memórias.

Se Connor podia tentar, eu certamente poderia.

— Alina!

Eu olhei em direção ao celeiro onde Danny acenava


freneticamente. Chess estava ao lado de Foguete que tinha a
cabeça enfiada em um balde rosa, provavelmente comendo
seu café da manhã. Ela acenou, sorrindo.

Connor desamarrou a caixa da câmera da parte traseira


de sua moto e colocou-a no meu ombro.

— Pronta?

— Sim.

Então, nós caminhamos em direção aos nossos


demônios, para enfrentá-los, juntos.

Demônios não eram o problema, porém, Bacon era. Ele


aparentemente estava tendo um dia ruim e Foguete não foi de
alguma ajuda com o seu balido de dentro do celeiro onde
estava temporariamente preso, mas o barulho dele brincando
com o fecho significava que sua fuga era iminente.

Connor foi apresentado a Chess e Danny e tudo correu


bem, porque nenhum deles fez um grande negócio disso,
embora houvesse tensão no corpo de Connor quando
balançou ambas as mãos. Suas sobrancelhas franziram, os
lábios apertaram e parecia que ele estava lutando contra uma
de suas dores de cabeça, mas ele não deixou ela vencer.
Para mim, eu estava toda nervos, com as mãos
tremendo e meu estômago revirando quando configurei a
câmera no chão e se agachei para desempacotá-la.

As fotos espalhadas por toda a mesa de café de vidro


passaram diante de meus olhos, os meus gritos e soluços
ecoaram. Vi o rosto sem emoção de Connor e essa
esmagadora sensação, de repente, me fez odiar a minha
paixão com tudo dentro de mim.

Connor se agachou ao meu lado.

Minhas mãos congelaram na caixa da câmera, ele


empurrou-as de lado, tirou a câmera e removeu a tampa da
lente. Antes que eu soubesse o que estava fazendo, ele se
inclinou para mim, levantou a câmera para nós, então
pressionou o obturador para tirar uma foto de nós. Como se
tivéssemos feito isso há muito tempo.

Ele baixou a câmera e me beijou.

— Não vai acontecer de novo, baby. Eu não vou deixar.


— Então, ele passou para mim e levantou-se.

Fotos de nós. O que tinha destruído Connor e ele ainda


estava aqui.

Engoli em seco, olhei para ele e ele assentiu


encorajadoramente. Se ele podia fazer isso, eu também
poderia. Levantei a câmera e olhei através da lente.

E então ele se foi. Todo o medo desapareceu quando a


beleza, que eu amava, emergiu novamente.
Duas horas depois, Foguete ainda gritava o seu
desagrado do celeiro e Chess estava fora no pasto dos um
com três cavalos. Clydesdale, que Emily, a esposa do
vocalista da banda Tear Asunder, tinha resgatado do abate.

Desci da cerca depois de tirar algumas fotos do pasto e


me virei para encontrar Connor, que havia saído dizendo que
ia verificar a casa. Mas ele não foi verificar a casa. Ele estava
com Danny perto do celeiro.

Ele ficou de cócoras enquanto desenhava algo na areia


usando uma vara. Danny tinha um olhar concentrado, feroz,
os olhos focados, os lábios franzidos e a cabeça baixa. Eu não
tinha ideia do que Connor estava desenhando e isso não
importava. Ele disse que nunca poderia estar em torno de
crianças de novo e lá estava ele, conversando com Danny.

Ele confiava em si mesmo para não o machucar.

Eu levantei minha câmera, arrumei o foco e dei alguns


close-ups. Havia tensão nos ombros de Connor e ele fez uma
careta, mas estava conversando com uma criança.

Aproximei-me mais e quando estava perto o suficiente,


ouvi a tensão em sua voz. Apesar de sua luta, ele fez isso.
Deus, se fosse possível, eu o amava ainda mais.

Ele estava tentando. Se era devido aos tiros ou o que ele


e Deck tinham falado, ou uma combinação, qualquer coisa
que fosse, Connor estava lutando por si mesmo e isso
significou muito para nós, também.

Olhei para as linhas na areia. Connor estava


desenhando um curso de agilidade para Bacon no cascalho e
explicando onde era o melhor lugar para colocar cada
obstáculo, de acordo com os pontos fortes e fracos de Bacon.

Era doce, cheio de ideias e era um pedaço de Connor


que foi arrancado.

Até agora.

Connor levantou quando reparou que eu estava atrás


dele, embora eu suspeitasse que ele soube a hora que eu
tinha começado a andar para ele. Seus olhos raramente me
deixavam, sempre consciente de onde eu estava.

— Obrigado, Connor. — Danny disse, seus olhos


brilhando de emoção.

Connor estendeu a mão para Danny, sua mão a


polegadas de distância de despentear seu cabelo, mas ele
recuou, os dedos enrolando em punhos ao seu lado.

— Mostre a Bacon que você o respeita, entenda seus


desejos, necessidades e ele vai lhe dar tudo o que tem.

— Eu vou. Eu vou. — Danny concordou com


entusiasmo.

Connor se virou para mim.

— Baby, você conseguiu o que precisa?

— Sim.

Chess se juntou a nós e Danny mostrou-lhe o curso e


ficou divagando sobre o que Connor tinha lhe dito, usando a
vara para apontar para o mapa na areia.
Connor puxou-me contra ele, respirou fundo e um
pouco da tensão aliviou de seu corpo. Eu suspeitava que ele
estivesse preocupado em ter um flashback durante todo o
tempo que estava conversando com Danny.

— Vamos. — Eu sugeri. Virei-me para Chess e Danny


para me despedir quando houve um grande estrondo no
celeiro e depois sons de cascos no chão de cimento.

Chess e eu olhamos uma para a outra.

— Aí vem a Foguete.

Em poucos segundos, Foguete estava fora do celeiro e


empurrando entre nós, dando golpes de cabeça em quem
quer que estivesse em seu caminho. Connor levou o peso
dela, porque ela estava no caminho da minha caixa da
câmera. Aparentemente, Foguete pensava que isso tinha um
gosto melhor do que suas batatas fritas.

Connor acariciou seu pescoço e Foguete acalmou,


inclinando-se para a perna e amando a atenção. O som de
pneus esmagando o cascalho fez Foguete balir e correr em
direção ao carro e Chess soltou palavrões.

— Eu disse a ele que era ao meio-dia. Ele chegou cedo.


— A pessoa que chegou cedo era Tristan e ele estava fora de
seu carro preto elegante e em pé na frente dele dentro de
segundos.

— Não. — Tristan bloqueou o caminho de Foguete para


o capô de seu carro. — Eu paguei por seus alimentos e
contas do veterinário. Se você quiser comer, fique longe de
meu carro.
— Pai! — Danny gritou e correu para Tristan.

Chess acentuadamente inalou, com a mão cobrindo a


boca e lágrimas enchendo seus olhos.

— Ele começou a chamar-nos de mamãe e papai. Eu


não acho que vou me acostumar com isso.

Tristan se dirigiu para nós, com Danny agora montando


em suas costas e Foguete pulando ao lado deles, beliscando a
perna da calça do terno de Tristan. Eles é que fizeram este
dia tão especial. Como eles não fizeram um grande negócio ao
ver Connor comigo. Tristan e Chess foram vítimas de Vault e
sabiam o que Connor havia feito para a organização, não
especificamente, mas o tipo de trabalho realizado.

Mas eles o tratavam como qualquer outra pessoa,


calorosamente, sem pré-julgamentos.

Tristan Mason era tão alto e bem construído como


Connor, mas mais elegante. Devido à Mason Developments,
ele era famoso e tinha a atenção interminável da mídia. E foi
assim que eles conseguiram muito financiamento para o
Treasured Children’s Center.

— Connor. — Tristan disse, sorrindo. Ele baixou Danny


de suas costas e estendeu a mão.

Connor sacudiu-a, mas estava tenso. Ele desviou o


olhar e rapidamente fechou os olhos. Merda. Eu estava
começando a reconhecer os sinais de suas dores de cabeça,
que o colocava tenso. Mesmo um perfume poderia levá-lo a
reagir. Mas não importava o que era. O importante era
afastar-se dela, como fazia normalmente, aliviando a dor
antes que ela passasse.

— É melhor irmos. Vou enviar as fotos por e-mail. — Eu


disse a Chess. — Foi bom ver você, Tristan.

— E você, Alina. Connor.

Chess sorriu.

— Até mais, pessoal.

Danny disse adeus também, mas ele estava puxando a


mão de Tristan para mostrar-lhe o desenho da pista de
obstáculos de Connor.

Connor acenou uma vez para todos, bloqueando seu


braço sobre meus ombros e nós caminhamos para sua
motocicleta. Ele pegou a caixa da minha câmera e prendeu
na parte de trás da moto, colocou o capacete na cabeça e
puxou a faixa. Ele jogou a perna sobre o assento e ligou a
moto antes de eu chegar atrás dele.

— Eu preciso ir para um passeio, Fotógrafa Dedicada.


Se importa? — Ele perguntou. — Ou eu posso deixá-la em
casa.

— Sim. Estou bem com isso. Mas podemos ir mais


rápido desta vez? — Eu tinha certeza que Connor mantinha a
sua velocidade mais lenta sempre que eu estava em sua
motocicleta com ele.

Demorou um segundo antes dele sorrir.

— Sim querida, podemos ir mais rápido.


Mudei para mais perto dele, minha pélvis confortável na
sua bunda e disse ao lado de seu ouvido:

— Porque você é uma espécie de mulherzinha com a


moto.

Connor ligou o motor.

— Mulherzinha?

Mordi o lábio.

— Sim.

— Não há mulherzinha aqui, exceto você. E eu estou


pensando em saboreá-la e mostrar quão maldito rápido posso
fazer você gozar.

Minha barriga virou. Eu esperava que fosse um passeio


curto. Na verdade, já estava esperando que ele fosse direto
para casa. Estava prestes a sugerir isso, quando ele derrapou
para fora da garagem.
Capítulo
26
Pergunta 13: Batatas fritas ou

chocolate?

Agitei o molho de tomate na panela, enquanto o


macarrão cozinhava. Eu tinha a noite de folga do bar e estava
fazendo o jantar para Connor. Ele saiu há uma hora para
correr pela chuva. Ele tinha começado a correr na semana
passada, em vez de desaparecer por horas com sua
motocicleta. Ele ainda desaparecia em sua motocicleta, mas
não todos os dias.

— Cheiro bom, querida. — Deaglan entrou na cozinha


com sua camiseta e jeans sujos de tinta verde claro. — Eu
aceito a comida em troca de pintar a sua varanda.

Eu levantei minhas sobrancelhas.

— De repente é minha varanda, não é?

Ele riu quando ele se inclinou sua bunda em cima do


balcão ao lado do fogão.

— Certo. Qualquer coisa por uma refeição caseira.


— Sim, bem, você nunca tentou a minha cozinha.

Deaglan foi escasso na última semana, mas ontem ele


tinha começado a fixação do alpendre. Tinha lixado os trilhos
e tinha se mudado para pintá-la.

— Eu irei para a Irlanda em breve. — Disse ele. —Não


tenho certeza se ou quando estarei de volta.

— Está tudo bem?

Ele cruzou os tornozelos.

— Meu irmão mais novo está causando problemas de


novo e o internato finalmente expulsou-o. Eu preciso fazer
algo sobre isso.

— Oh. — Eu mexi a panela quando peguei um punhado


de cogumelos e pimentão vermelho e polvilhei-os no molho. —
Ele é muito mais jovem do que você?

— Dezessete. Pretensioso. Um jogador de futebol fodido


e um gênio. Isso o faz uma criança com uma atitude. — Ele
limpou a garganta. — Escute, eu só vim para me certificar de
que você está bem aqui com Connor. Deck está de acordo
comigo saindo, mas eu queria verificar com você.

O assoalho rangeu no corredor e eu parei de mexer,


olhei e vi Connor. Sua expressão era apertada e seus olhos
foram de mim para Deaglan.

Ele estava encharcado de sua corrida e o suor escorria


na testa. Mas, mesmo suado, a sensualidade emanava. As
tatuagens em seus braços brilhavam com a umidade,
tornando a tinta em seus músculos acentuadas.
— Como foi a sua corrida? — Eu descansei a colher de
madeira na borda da panela e caminhei até ele. Coloquei
minhas mãos em seu peito e fiquei na ponta dos pés para
beijá-lo, mas não pude alcançar seus lábios até que ele
inclinou. O beijo foi breve, mas ainda possessivo.

— Tudo bem. — Respondeu ele. Ele levantou a cabeça


para olhar para Deaglan e eu estava preocupada sobre como
ele iria reagir por ele estar na cozinha comigo. — Deaglan. —
Ele acenou e dei um suspiro de alívio. A tensão lentamente
aliviou de Connor e eu sorri para mim mesma. Isso foi bom.
Um mês atrás, ele estaria dando socos e perdendo sua
paciência.

— Connor. Estava dizendo a sua menina que eu vou


embora assim que terminar a varanda. Preciso voltar para
casa e não tenho certeza se estarei de volta. — Deaglan pegou
a colher e mexeu o molho borbulhante.

— Eu ouvi. — A mão de Connor descansou na minha


parte inferior das costas. — E sim, ela está bem comigo aqui.

Deaglan sorriu.

— Ei, tive que perguntar a ela. O seu histórico não é


grande coisa. — Oh, meu Deus, Deaglan. Cale-se.— Além
disso, eu gostaria de vender o lugar em breve e manter os
armários da cozinha intactos seria legal.

Eu gemi, batendo a minha testa no peito de Connor.


Deaglan não tinha filtro e teria o seu traseiro chutado, tal
como o seu irmão mais novo.
Mas a reação de Connor foi inesperada, com seu peito
vibrando com uma meia risada.

— Eles ficarão intactos e se você precisa sair o mais


rápido possível, eu posso terminar a varanda.

Uau. O quê? Ele faria?

Deaglan assentiu.

— Merda. Isso seria legal.

Normal. Isso era como essa conversa era, me enchendo


de esperança de que Connor estivesse se ajustando.

Deck tinha vindo no outro dia e eles conversaram por


dez minutos e não havia mandíbulas machucadas ou gritos, o
que era um bom sinal.

Deaglan colocou a colher para baixo e afastou-se do


balcão.

— Vou reservar um vôo, então.

— Eu gostaria de falar com você antes de sair para a


Irlanda. — Disse Connor.

— Sim. Certo. A qualquer hora. — Ele piscou para mim.


—Até mais, querida. — Então ele saiu.

Eu olhei para Connor.

— O que você quer falar com ele?

— Você gosta da casa?

— Sim, ela é ótima. Ela ainda tem uma cerca e jardim


de flores silvestres. Eu amo isso.

Os cantos de seus lábios se curvaram.


— Uma casa perto da água. Bairro tranquilo. Cerca de
piquete e você gosta dela. — Ele estava dizendo o que eu acho
que ele estava dizendo? — Baby, eu não posso prometer que
sempre vou estar aqui na parte da manhã ou que vou segurar
você quando for dormir. Porra, eu quero e estou tentando,
mas mesmo se eu precisar sair, juro que sempre vou voltar.
Estamos permanentes. Nunca estaremos de outra maneira. E
eu quero que você tenha um lugar que seja permanente.

Meu coração pulou uma batida. Eram palavras que eu


não queria ouvir e, ao mesmo tempo, queria. Estávamos
permanentes e ainda assim a cada dia havia uma chance de
ele sair. Eu sabia. Mas ele voltaria e queria um lugar que
fosse nosso. Para onde ele pudesse voltar, sempre.

Mas a realidade era que uma casa não estava no


orçamento.

— Eu não tenho esse tipo de dinheiro, Connor. Eu mal


consigo pagar o aluguel e Deaglan está fazendo um acordo.

Suas mãos deslizaram pelos meus braços para a minha


cabeça, seus polegares suavemente acariciando meu rosto.

— Eu tenho. Vault pagou-me bem, apesar de eu pensar


que eles achavam que eu iria continuaria sob o seu controle e
usaria o dinheiro para missões, não para comprar uma casa.
— Seus olhos se suavizaram e ele suspirou. — Baby, eu
posso facilmente apoiar-nos por um tempo. — Eu abri minha
boca para protestar quando ele colocou o dedo no meu lábio.
— Eu não vou falar de você trabalhar no bar, você sabe como
me sinto, mas gostaria que você começasse alguma coisa com
a sua fotografia e se eu puder ajudar com isso, então eu vou.

Apesar de sua persistência para me fazer parar de


trabalhar no bar, Connor tinha fé na minha fotografia. Ele foi
o suporte do meu trabalho quando nos encontramos também,
embora isso tivesse sido só quando eu o convenci a levar-nos
para o orfanato.

Tirar fotos no Centro foi como ter um pedaço de mim de


volta. Eu estava pensando em fazer algo com a minha
fotografia, mas era arte e difícil de construir um nome.

Ele inclinou a cabeça para cima.

— Eu a amo para caramba. Você sabe disso, certo?

Eu sorri.

— Sim.

— Eu não posso dar-lhe a casa normal com uma cerca


branca perfeita, mas posso dar-lhe uma com cerca quebrada
de piquete verde.

— Eu sou um tipo de fã de verde e quebrado. — Eu


fiquei na ponta dos pés e beijou-o. — Eu amo você, Connor
O'Neill.

— Malditamente certo que você ama.

Eu ri com as palavras familiares, mas um assobio alto e


um chiado soou atrás de mim.

— Merda, o macarrão está fervendo. — Eu mergulhei


para tirar a panela do fogão, mas Connor estava lá em
primeiro lugar e fez isso por mim.
Ele jogou a massa no filtro na pia enquanto adicionei
algumas especiarias finais para o molho.

Ele veio atrás de mim e beijou a minha nuca. Arrepios


estalaram pela minha pele e meu peito inchou.

Deus, eu adorava quando ele fazia isso. Tê-lo


pressionado contra mim por trás, suas mãos se
estabelecendo em meus quadris, inalando seu cheiro, o toque
leve de seus lábios na minha pele. Esse gesto simples fazia
todas as incertezas desaparecem.

Porque havia incertezas. Connor ainda tinha que ver sua


irmã ou pais e ele se recusava a falar com um terapeuta.

Mas ele queria comprar a casa. Dar-nos permanência.

— Baby. — Ele sussurrou em meu ouvido. — Eu preciso


saltar no chuveiro. Dois minutos.

— Ok. O pão de alho ainda não está pronto. — Eu


acendi a luz do forno e me inclinei para olhar através do
vidro.

A mão de Connor acariciou a minha bunda.

— Porra. Eu amo a sua bunda.

Uma onda de arrepios aquecidos entrou em erupção. Eu


estava em linha reta e olhei por cima do meu ombro para ele.

— Eu pensei que você gostasse dos meus seios?

— Deles também.

— Como? — Eu provoquei.

Ele riu.
— Pescando elogios, Fotógrafa Dedicada?

Eu sorri.

— Sim.

Ele me virou para que eu o encarasse.

— Eu amo cada pedaço de você, Alina. — Ele abaixou a


cabeça e me beijou. Era doce, gentil e muito diferente de
Connor, mas descobri que amava este também. Seus lábios
vagavam preguiçosamente sobre os meus, degustando,
explorando, sem pressa.

Mas não demorou muito para que ele me pegasse em


seus braços e me levasse para o banheiro, onde me colocou
de pé e com um puxão rasgou minha camisa.

— Connor! — Engoli em seco.

Ele sorriu e então puxou a camisa sobre a cabeça,


livrando-se do meu short e calcinha com alguns movimentos
rápidos antes de sair de sua roupa.

Fomos para o chuveiro com a água escorrendo sobre


nós. Minhas costas contra a parede, as pernas em torno de
sua cintura, enquanto ele segurava minha bunda. Nossas
bocas se fundiram em uma fúria e ele gemeu baixo antes de
guiar o seu pau em mim.

Ele deslizou a ponta através de minha umidade.

— Porra, eu amo isso.

Eu estive molhada desde o segundo que ele entrou pela


porta, muito sexy.
Fechei os olhos quando ele deslizou para dentro de mim.

— Oh Deus. Sim.

Ele inclinou seus quadris e afundou mais profundo.

— Alina. Baby. Tão incrível. — Ele me beijou de novo


quando começou a se mover e não havia nada gentil sobre
isso.

Selvagem. Áspero. Real.

Todo o controle desapareceu, enquanto meus dedos


agarravam o seu cabelo e ele empurrava para dentro de mim
contra a parede uma e outra vez. Seus rosnados profundos
vibraram contra meu pescoço quando ele beliscou, mordeu e
lambeu pressionando sua pélvis contra o meu sexo.

Numa súbita explosão, meu corpo estremeceu.

— Oh Deus. Oh, Deus. — Chorei, apertando as coxas e


as mãos puxando seu cabelo enquanto gozava rápido e forte.

Ele gozou logo depois de mim, depois de mais dois


golpes.

Em seguida, nos acalmamos, com a nossa respiração


irregular, lábios machucados, corpos encharcados e
latejantes.

Meus olhos se arregalaram quando ele puxou e eu senti


os restos dele escorrendo na minha coxa.

— Merda, Connor. Preservativo.

— Você está a tomando a pílula. — Eu estava agora,


mas somente depois que Connor se mudou, por isso não era
confiável ainda. — Eu também pedi ao médico para verificar
tudo, portanto, não temos mais que usar preservativos. —
Oh. Ele não tinha me dito isso. — Esses resultados voltaram
esta manhã e estou bem. Mas, eu disse que nunca estive com
qualquer outra pessoa.

— Em todos esses anos?

Ele virou-me e pôs o jato da água delicadamente


passando a mão na minha coxa para me lavar.

— Passei anos em uma cela, Alina. Estive drogado por


muito tempo e nunca pensei sobre sexo. Talvez tenha sido
um efeito colateral. Eu não sei, mas sei que nunca fiz sexo
com mais ninguém.

— Mas por que eu, então?

— Incline a cabeça para trás. — Eu inclinei e ele


acariciou o meu cabelo para trás, a água escorrendo sobre
ele. — Eu não sei porque, mas fiquei duro para caralho
quando você me tocou. — Ele me puxou de volta, sua mão
segurando meu queixo. — Minha mente pode ter esquecido
de você, Alina, mas meu corpo nunca esqueceu.

Engasguei com um soluço, fechei os olhos e passei meus


braços em torno dele. Eu não sei porque, mas foi um alívio
ouvir essas palavras. Talvez porque eu percebi que fiz a coisa
certa. Ele pode não ter se lembrado, mas partes dele tinham e
eu dei-lhe isso.

As sobrancelhas de Connor apertaram e seu corpo ficou


tenso, os olhos foram para a porta do banheiro.
— Porra. — Ele pulou para fora do chuveiro e abriu a
porta do banheiro. Uma nuvem de fumaça entrou em
confronto com a umidade do ar.

— Pão de alho! — Gritei e corri atrás dele, toda molhada


e nua.

A cozinha estava cheia de fumaça que tinha começado a


derivar para o corredor. Peguei uma vassoura do armário e
corri para o alarme de incêndio no corredor acenando as
cerdas para frente e para trás perto do dispositivo.

Connor tratou do forno e das torradas de alho


queimadas, mas as minhas tentativas para evitar o alarme de
disparar falharam e um retinir perfurante soou.

— Droga! — Eu gritei quando acenei a vassoura para


frente e para trás mais rapidamente. O alarme parou mas
começou novamente.

Connor veio por atrás de mim para tirar a vassoura


quando a porta da frente abriu. Nós dois congelamos, nossas
mãos segurando a vassoura no ar.

Os olhos de Deaglan se arregalaram e ele congelou,


também. Seu olhar foi para os meus seios antes dele se virar.

— Merda. Desculpe. — Em seguida, o riso emergiu. Ele


estava rindo tanto que se inclinou, segurando o estômago. —
Se vocês vissem... — Ele começou a rir novamente.

— Baby. — Connor me empurrou para trás, protegendo


a minha nudez com seu corpo, mesmo que Deaglan não
estivesse de frente para nós.
Deaglan sacudiu a cabeça quando abriu a porta de tela.

— Vou deixar que vocês... façam o que estão fazendo.


Mas tente não queimar a casa. Killian é um verdadeiro idiota
quando a merda o irrita e a casa queimando iria irritá-lo.

A porta de tela rangeu e saltou sobre as dobradiças.


Uma vez que a porta se fechou atrás dele, o som de sua
risada desapareceu.

Connor largou a vassoura no chão e se virou para mim.


Mordi o lábio para não sorrir porque eu estava incerta de
como Connor estaria tomando essa pequena cena.

No segundo que vi seus olhos azuis brilhantes faiscando


com humor, foi como ser transportada de volta para quando
nos conhecemos. Havia leveza nele, liberando suas emoções
enjauladas e foi lindo.

Eu sorri e estendi a mão para acariciar o lado do seu


rosto.

— Nós vamos ficar bem, não vamos?

— Sim. Não perfeito. Não o mesmo. Mas sim.

— Eu não quero perfeito ou o mesmo. Eu só quero ‘nós’


e quem nós somos agora. —Respondi.

— Eu também, baby.

Em seguida, nos secamos, vestimos, reaquecemos a


massa, antes de sair para a cabana para comer, onde a avó
de Kane costumava ter o seu chá da tarde.
Capítulo
27
Pergunta 14: Bungee jump ou

escalada?

— Então, Connor vai ficar com você? — London


perguntou quando se sentou perto de mim.

Estávamos no café de Georgie com lattes4, dois dias


após o incidente do pão de alho.

Quando acordei esta manhã, estava doente de novo e


sabia que não era por causa do stress. E talvez houvesse a
suspeita de que não tinha nada a ver com preocupação e falta
de sono do início, mas não queria enfrentar a possibilidade.

Eu achei Connor andando na sala de estar, passando a


mão através de seu cabelo. A sala estava uma bagunça,
prateleira arrancada da parede, estátuas quebradas, cortinas
rasgadas da haste. Ele tinha se perdido.

Quando me viu, ele se aproximou, brevemente apertou


minha mão e disse:

4
Café com leite.
— Demônios e vampiros estão lutando, baby. Eu preciso
fazer um passeio.

Esse era o seu sinal para mim agora e de uma forma


que tornava mais fácil, porque ele estava tentando fazer isso
leve.

Ele tinha ido dez minutos antes de eu ligar para London


e perguntar se ela poderia me encontrar para um café. Ela
parecia surpresa porque eu nunca liguei. Mas ela
prontamente se ofereceu para me pegar.

Eu mandei uma mensagem para Connor para que ele


soubesse, apenas no caso voltar antes de mim.

Envolvi minhas mãos em torno da caneca amarela de


grandes dimensões.

— Sim. As dores de cabeça ainda estão ruins e ele não


dorme, pelo menos não por muito tempo, mas está
aprendendo a controlar a raiva. E consegue ler os sinais
antes de ficar fora de controle.

Londres assentiu.

— Esso é uma boa notícia. A droga era potente e pelo


que recolhi a partir da pesquisa de meu pai, afetou a
dopamina sendo liberada no seu cérebro. Uma maneira de
impedi-lo de sentir prazer. — Minhas mãos apertaram na
caneca e meu estômago caiu no mero pensamento dos anos
que Connor não sentiu prazer. Fazia sentido agora porque ele
disse que nunca teve relações sexuais, exceto comigo, uma
vez.
— Eu ouvi que o exame de sangue voltou normal.

Eu balancei a cabeça.

— Sim.

— Eu gostaria de poder fazer mais para ajudar, mas


acho que só vai levar tempo. Seria bom se ele falasse com
alguém sobre o que passou.

Eu balancei minha cabeça, isso não era possível. Eu


descruzei as pernas e cruzei-as novamente.

— Ele não vai e não posso culpá-lo. Ele tem medo de


perder o controle se falar sobre o que aconteceu e deles
prendê-lo e drogá-lo para mantê-lo calmo.

— Ele está certo. — London concordou.

Não havia vencedor aqui para Connor. Mas ele estava


ficando melhor e com o tempo talvez ele voltasse a um tipo de
normal.

Nós falamos sobre o Centro e suas aulas e ela me disse


que Kai tinha ido embora há um par de dias, para se
encontrar com Ernie e Tyler, a fim de lidar com alguns
associados do Vault.

— Kai está fazendo certo que qualquer um envolvido


com Vault saiba que ele está no controle, sobre a sua nova
direção. — Ela fez uma pausa. — Mas alguns não estão tão
satisfeitos. — E provavelmente por isso que Kai tinha ido
para lidar com eles. — Então, você vai me dizer o que está
errado? — Eu encontrei seus olhos e ela deu um meio sorriso.
— Isto não foi apenas um encontro para toma café, você está
se remexendo desde que se sentou.

Eu não tinha percebido. A vibração na minha barriga


aumentou enquanto eu pensava sobre porque eu estava aqui.

— Eu preciso ver um médico. — Engoli, minha mão


instintivamente indo para a minha barriga. — Eu acho que
estou grávida.

— Meu Deus. Isso é uma grande notícia! — Disse


London.

Eu não tinha tanta certeza sobre isso.

— Nós sempre usamos proteção.

Ela bufou.

— Sim, eu pensei que tinha a melhor proteção.

— Você está grávida? — Eu soltei um pouco alto demais


e os dois homens em uma mesa olharam para cima.

— Três meses. E vou dizer a Kai quando ele voltar hoje à


noite.

— Ele não sabe ainda? — Eu achei difícil de acreditar, o


homem era muito consciente de tudo a ver com London.

Ela balançou a cabeça.

— Não. Mas não iria mesmo atravessar a sua mente,


porque ele fez uma vasectomia em uma idade precoce. Isso
não era certo para mim também. O médico fez três exames de
sangue antes que eu acreditasse nele. Quando eu lhe disse o
porquê, ele disse que havia uma chance de que o
procedimento não tivesse sido feito corretamente ou havia
uma chance das partes removidas terem crescido novamente.
De qualquer forma, estive caçando por um tempo.

— Oh, meu Deus, os animais de estimação?

Ela riu.

— Sim. Minha menstruação estava atrasada uma


semana, então eu fiz um teste de urina e deu positivo. Eu
estava cética até que eu tive os exames de sangue feito.

— Você está nervosa?

— Sobre estar grávida ou dizendo a Kai?

— Dizer a Kai. Que ele possa pensar que você o traiu.

Ela começou a rir.

— Kai é demasiado arrogante para pensar isso. Somos


sólidos e ele sabe que eu nunca faria isso. Não me interprete
mal, ele vai ficar chocado e talvez até mesmo perder a calma,
mas vai superar isso.

— Mas e se ele não quiser um bebê? — Connor disse


que não queria filhos.

Ela encolheu os ombros com um sorriso maroto jogando


em sua boca.

— Ele acha que não quer nada além de nós, mas um


bebê é parte de nós. — Ela empurrou sua caneca de café de
lado. — Você está preocupada sobre como Connor vai reagir
se estiver grávida?

Eu inalei uma respiração instável.


— Sim. Ele me disse que não quer ter filhos. Ele nem
quer estar em torno deles.

— Porque ele não confia em si mesmo.

Eu concordei e desloquei desconfortavelmente no meu


lugar.

— Eu acho que ele vai embora, London. Qualquer


progresso que ele fez... ele não vai dormir no mesmo quarto
que eu porque tem medo de que poderia acordar e me
machucar. Não há nenhuma maneira que ele vá ficar comigo
se houver um bebê. — Prendi meu cabelo atrás das orelhas
quando baixei os olhos para olhar para os restos de café no
fundo da minha caneca. — Ele está ficando melhor e eu
mesmo ouvi ele falando com Deck no outro dia ao telefone
sobre ver Georgie. Mas para colocar isso em cima dele
agora... eu não posso perdê-lo novamente, London. —
Lágrimas encheram meus olhos quando olhei para London.

Ela permaneceu em silêncio por alguns segundos antes


de chegar ao outro lado da mesa e tomar as minhas mãos nas
dela.

— Ok, vamos primeiro descobrir se você está grávida.


Vamos a uma clínica e mantemos isso entre nós por
enquanto. — Ela hesitou. — E se você estiver, pode decidir o
que fazer em seguida. Mas não importa qual a sua decisão,
eu estarei junto com você, Alina.

Algumas lágrimas derramaram pelo meu rosto e tirei


minhas mãos da dela para usar o guardanapo e enxugá-las.
Foi quando o sino acima da porta apitou e eu olhei para cima
para ver Connor entrar. Ele parou, os olhos percorrendo a
sala.

Houve uma diminuição óbvia das vozes quando os


olhares se voltaram para ele. Ele tinha esse efeito, como se
fosse dono da sala. Também parecia um pouco assustador
com a intensidade que escorria dele.

Seus olhos pousaram em mim e ele caminhou em


direção à mesa.

— Deus, a maneira como ele olha para você é realmente


excitante. — London murmurou. — Aquele homem a ama
ferozmente.

Connor parou na mesa.

— London. — Seus olhos brevemente passaram por ela,


antes que estivessem de volta para mim. A sua mão foi para a
parte de trás do meu pescoço quando ele se inclinou e me
beijou. Ele foi gentil e fez meu pulso acelerar e os dedos dos
pés curvarem. Ele se afastou. — Você quer mais café?

Levei um segundo para entender porque eu estava


surpresa por duas razões, que ele não queria me deixar e era
o café de sua irmã. Ela poderia muito bem entrar a qualquer
momento e havia muitas pessoas ao redor.

— Ah, sim, claro.

Ele perguntou a London e ela lhe disse que gostaria e


em seguida, ele foi até o balcão. Notei as bochechas de Rylie
aquecer e seus olhos se arregalarem, parecendo um pouco
confusa, quando Connor fez o seu pedido.
London se inclinou para frente, sua voz baixando.

— Nós podemos ir para a clínica antes de seu turno.


Você estará trabalhando esta noite?

Era sábado e era a noite mais movimentada do


Avalanche.

— Sim.

— Ok, eu vou aparecer e levá-la. Veja se ele a deixa sair


um pouco mais cedo.

Connor voltou com três cafés e colocou-os sobre a mesa,


puxou uma cadeira e sentou-se ao meu lado, sua coxa
roçando na minha. Ele levantou meu café e tomou um gole
antes de deslizá-lo para mim. Eu adorava que ele ainda
fizesse isso.

Connor deslizou outro café para London e disse:

— Desculpe por eu ter sequestrado você. — Eu tinha


acabado de tomar um gole de meu café e engasguei. — Você
sofreu nas mãos de Vault por minha causa. Eu sinto muito.

London deu um meio sorriso.

— Obrigada, mas nós dois sabemos que não foi você


quem fez isso, mas a droga. Uma droga que meu pai
formulou. Então, vamos deixar assim.

— Feito. — Ele respondeu. Ele esticou as pernas e


cruzou os tornozelos e eu derreti, porque ele estava
completamente calmo, embora tenha havido uma leve tensão
entre os olhos.
Se eu estivesse grávida, ele iria embora? Ele estava
melhorando e estar com Danny era bom o suficiente. Ele
estava em um lugar diferente do que estava agora quando foi
inflexível sobre não ter filhos. Mas se eu mencionasse isso,
havia o risco de ele sair.

Deus, eu não quero manter isso dele.

Apertei a mão para o meu estômago para o que poderia


estar crescendo dentro de mim. Não era apenas um bebê. Era
esperança e possibilidade. Connor tinha amado crianças mais
do que qualquer coisa. Ele poderia ter isso de volta se
tivéssemos o nosso próprio?

— Você ainda não está se sentindo bem? — Perguntou


Connor, franzindo a testa. Ele acenou para a minha mão
sobre minha barriga.

Os olhos de London se arregalaram e ela rapidamente


pegou seu café e se levantou, sua cadeira raspando sobre o
piso de madeira.

— Escute, eu tenho que ir. Kai disse que estará de volta


hoje e como a minha agenda escolar está louca, sábado e
domingo são os únicos dias que temos para passar juntos.
Obrigado pelo café, Connor. — Ela colocou o telefone em sua
bolsa.

Eu murmurei ‘obrigada’, enquanto a atenção de Connor


estava sobre ela. Ela sorriu.

— Até logo.
— Você tem certeza que está bem? — Perguntou
Connor. Ele se sentou, inclinou para mim com a sua mão
estendendo a mão para a minha sobre a mesa.

Seus olhos se voltaram para a minha garganta e não


havia chance de ele não ver o meu pulso porque ele estava
pulsando erraticamente.

— Sim.

— Você não estava doente esta manhã?

Eu não queria mentir, então contornei a questão.

— Estou bem. — Forcei um sorriso, inclinei-me e beijei-


o. — Seu passeio foi bom?

— Sim. — Ele balançou a cabeça e fez um gesto para a


loja. — Então, este lugar é da minha irmã?

Connor e eu sentamos por uma meia hora, com os


clientes indo e vindo, conversando calmamente com os
nossos cafés. Houve uma constante vigilância por parte dele e
eu observei o modo como ele posicionou sua cadeira para me
proteger contra a porta e manter sua visão limpa.

Mas ele estava na cafeteria de sua irmã.

E os demônios estavam perdendo.


Capítulo
28

A porta se fechou com o trilho e eu tranquei-a, antes de


soltar a minha bolsa sobre uma mesa retangular de vidro e
entrar no armazém. Nosso lugar tinha mais de setecentos
metros quadrados, conceito aberto, exceto pelos dois
banheiros e três quartos, um dos quais Kai usava como
escritório. As paredes eram de tijolos, os condutos e tubos
eram expostos nos tetos de cinco metros.

A sensação crua e natural do lugar era o que eu mais


amava. As janelas do chão ao teto no lado leste permitiam
que eu ficasse deitada nas manhãs com os braços de Kai em
torno de mim vendo o sol nascer.

Caminhando entre os pisos de madeira, segui para o


quarto. As chaves de Kai estavam sobre a mesa de vidro,
então eu sabia que ele estava de volta cedo e eu estava
animada para vê-lo. Mas então, eu estava sempre animada
para vê-lo.
Kai era a minha outra metade. Meu sempre. E, às vezes,
me assustava o quanto o amava, porque ele me consumia.
Ele me consumia.

De pé na porta do nosso quarto, vi Kai quando ele tirou


o paletó e entrou no armário.

Todos os músculos ondularam quando ele se moveu e


apertei minhas coxas juntas. Eu nunca me canso de assistir
Kai. Há tanta beleza nele e não apenas por causa de seu
corpo com contornos rígido e sim como ele se movia.

Suave e ágil, combinado com uma confiança feroz. Eu


nunca tinha conhecido alguém ser tão confiante como Kai
era.

— Eu amo você me observando, Coração Valente. — Ele


virou-se lentamente, com os olhos brilhando de desejo. — É
um tesão total, mas estive fora por dois dias, sem o toque de
seus lábios nos meus e prefiro-os em mim do que do outro
lado da sala.

— Será que os negócios vão bem? — Eu estava prestes a


dar uma notícia chocante e se o ‘negócio’ tivesse sido um
sucesso, então seria muito mais fácil... jogar em cima dele.

Seus olhos se estreitaram e suas costas endureceram.


Merda, como ele sabia que algo estava acontecendo? Deus,
ele estava tão em sintonia comigo. A única maneira que fui
capaz de manter isto fora por tanto tempo foi porque era
quase impossível para mim engravidar.

Quase.
— Qual o problema? — Perguntou ele com cuidado.

Enquanto atravessava o quarto em direção a mim, ele


puxou o cinto de couro das alças de sua calça. Eu sorri
pensando naquela noite no meu apartamento quando nos
conhecemos e pensei que ele fosse me espancar com o cinto.

— Como você sabe que algo está errado?

Ele jogou o cinto na cama e parou na minha frente. Com


os nós dos dedos, acariciou o lado do meu rosto e eu inclinei
minha cabeça, inclinando-me para o seu toque.

— Você nunca me perguntaria isso em primeiro lugar.


Você iria perguntar se eu estava bem. — Merda, é verdade. —
Vou perguntar de novo, o que há de errado?

Não havia nenhuma maneira de aliviar isso e como Kai


gostava das coisas diretas, então mordi a bala.

— Eu estou com três meses de gravidez.

Ele empurrou, com os olhos arregalados, a mão caindo


do meu rosto e a boca aberta.

Sim, choque total. Deixei que ele processasse as


palavras e tudo o que vinha com elas, o que foi muito e
esperei pacientemente ele dizer alguma coisa.

E passou um bom tempo porque ele fechou a boca,


caminhou de volta para o armário, terminou de despir seu
terno e somente então, lentamente, colocou um par de jeans
e uma camiseta.

Movi-me para o quarto e sentei na ponta da cama, meus


olhos nunca o deixando. Este era Kai perdendo a calma, em
silêncio. Ele estava assustado e não confiava em si mesmo
para dizer ou fazer nada até que se acalmasse.

Ele saiu do armário, brevemente olhou para mim e


disse:

— Um médico confirmou isso?

— Sim.

Ele balançou a cabeça, em seguida, saiu do quarto.


Hmmm, eu não tinha certeza do que fazer, então fui com o
instinto e o segui. A geladeira abriu e fechou quando ele
pegou uma garrafa de água e abriu antes de tomá-la.

Fiquei a dez metros de distância. Merda, ele acha que eu


o enganei? Eu estive muito confiante de que ele nunca
consideraria isso como uma possibilidade, mas de repente eu
não tinha tanta certeza.

Torci minhas mãos e olhei para o chão enquanto minha


mente estava em pânico com todos os tipos de coisas
estúpidas, como ele me deixar por exemplo.

De repente, ele estava na minha frente, com as mãos em


ambos os lados da minha cabeça e inclinando-a, assim eu
encontrei o seu olhar intenso.

— Eu vejo o que está passando pela sua cabeça. Não vá


até lá. Não estou pensando nisso. Eu sei que tem que ser
meu. — Uma onda de alívio tomou conta de mim. — É por
isso que você estava doente. — Não era uma pergunta. Ele
estava tranquilo porque estava calculando e tentando
descobrir tudo. — Por isso que você me perguntou sobre a
obtenção de um animal de estimação?

Eu balancei a cabeça.

Seus olhos se estreitaram.

— Você sabia disso naquela época?

— Não com certeza. O teste da farmácia disse que sim,


mas a possibilidade era tão improvável que eu não acreditei
nisso até que o médico fez alguns testes e explicou-me que há
uma possibilidade, rara, mas acontece.

O que eu queria ouvi era o que ele pensava sobre ter um


filho. Nós nunca tínhamos considerado isso e Kai havia
deixado claro que não gostava de me compartilhar, mesmo
com um animal de estimação.

Seus polegares acariciaram para frente e para trás em


minhas têmporas quando ele demorou para responder.

— O médico diz que está bem?

— Sim. Eu e o bebê.

Ele se encolheu com isso e me deixou ir antes de


caminhar para longe.

— Porra. — Ele murmurou, com sua mão passando


através de seu cabelo.

Meu coração disparou e a preocupação me invadiu.


Talvez ele não se ajustasse a algo como isto. Eu coloquei uma
mão protetora no meu estômago, onde o resultado do nosso
amor crescia.
Kai parou na janela, olhando de fora, o corpo tenso e o
ar pesado entre nós.

Merda. Merda. Merda.

Ele estava chateado? Às vezes era realmente irritante


tentar ler Kai.

— E a escola? — Ele finalmente perguntou. — É


importante para você.

— Eu posso terminar meu ano. —Isso iria ser um


empecilho, mas eu seria capaz de fazer minhas provas finais
em abril, pouco antes de o bebê nascer.

Quando ele se virou para mim, as sobrancelhas estavam


baixas e os olhos escuros.

— Isto é algo que você quer, London?

Eu não hesitei.

— Sim. Quero o nosso bebê, Kai. Nunca pensei sobre


isso antes, mas agora, é tudo o que eu penso. Mas quero que
você seja feliz também e não tenho ideia do que você está
pensando agora e isso está me deixando louca. Assim, você
pode, por favor, me tirar dessa angústia e dizer-me, para que
eu possa reagir e lidar com isso?

Ele veio em minha direção, os cantos de sua boca se


contraindo. Ele colocou um dedo embaixo do meu queixo.

— Você quer saber como eu me sinto?

— Sim.
Ele baixou a cabeça e gentilmente me beijou, em
seguida, ele sussurrou:

— Você é minha para sempre. — Ele me beijou


novamente e sua mão arrastou pelo meu peito para
descansar em minha barriga. — Mas, querida, — eu segurei
minha respiração — este é o nosso sempre. E a porra de um
milagre.

Eu gritei e pulei em seus braços. Ele riu, com as mãos


indo sob a minha bunda e me pegando, enquanto eu curvava
minhas pernas em volta de sua cintura, os braços em seu
pescoço.

—Você está realmente bem com isso?

— Eu não sabia como me sentiria sobre isso porque eu


não perco meu tempo pensando sobre o ‘ses’, querida. — Ele
me levou para o quarto. — Mas, sim, eu estou bem com isso.
Mais do que bem. Eu não posso dizer que não vou ser super
protetor com você e um pai rigoroso para caralho,
especialmente se tivermos uma menina.

Eu sorri quando ele me deitou na cama, se ajoelhou e


pressionou as pernas contra o colchão nos meus dois lados.
Teci meus dedos em seus cabelos, puxando-o para mais
perto.

— Desde quando você não foi super protetor?

Ele sorriu.

— É verdade, mas agora tenho uma desculpa para isso.


Eu ri, mas sua boca tomando a minha sufocou-o
rapidamente. E então, Kai fez o que sempre fez. Ele mostrou-
me que ele era meu e eu era sua, para sempre.
Capítulo
29
Pergunta 15: Flor favorita?

Agachei-me ao lado da minha motocicleta fazendo


ajustes, sem me preocupar em olhar para cima quando os
passos se aproximaram.

— Gate. O que você está fazendo aqui? — Eu continuei a


mexer com a chave de apertar o parafuso.

Fora da minha visão periférica, vi suas botas de couro


preto, empoeiradas da entrada de automóveis de cascalho.
Ele ficou no lado oposto da minha moto.

— Eu vim para vê-lo. E não, Deck não me pediu para


vir.

Eu fiquei em silêncio.

— Ele nunca parou de procurar por você. — Disse Vic.


— Ele ia trazer-lhe para casa, não importa o quê.
Deck. Eu não esperava nada menos dele porque ele faria
isso por cada membro de sua equipe. E se nossos lugares
fossem invertidos, eu teria feito o mesmo. Isso era apenas
como nós trabalhávamos, mas, apesar dele ser um pé no
saco, eu sabia porque ele era um pé no saco.

Até algumas semanas atrás, minha mente não


funcionava dessa maneira. Eu não dava a mínima para Deck
ou qualquer outra pessoa, exceto Alina. Ela que tinha
mudado as linhas borradas do nevoeiro na minha cabeça
confusa apuradas.

A raiva permanecia como um fósforo constantemente


atingido, mas nem sempre pegando fogo. Fiquei preocupado
com a segurança de Alina, mas fiz tudo que podia para deixá-
la, a fim de evitar que algo acontecesse.

Porra, eu odiava ser incapaz de dormir com ela em meus


braços. Isso era o mais difícil, sair da sua cama enquanto ela
dormia e ir para o outro quarto. Quase todas as manhãs eu
acordava muito antes dela e voltava para a sua cama. Isso se
eu tivesse tido uma boa noite. Se não tivesse, corria pela
praia ou montava a minha motocicleta por um par de horas
para me livrar das imagens fantasmagóricas. Na outra noite,
eu acordei e puxei minha arma para um fantasma. A porra do
fantasma de Moreno.

— Você me viu na pista naquele dia? — Vic perguntou.

Joguei a chave no meu alforje de couro anexado ao lado


da minha moto.

— Sim.
— Você ouviu o que eu gritei?

Eu finalmente olhei para ele.

—‘Riot, seu filho-da-puta, traga seu traseiro aqui e deixe


de ser um viadinho?’ É disso que você está falando? — Eu
tinha ouvido e visto, enquanto esperava em um pinheiro com
a chuva batendo em cima de mim.

Eu sabia que Vic estava chateado para caralho porque


Vic Gate sempre reclamou quando chovia em missões. Ele
odiava chuva. Ninguém sabia sobre o seu passado e ele era
um cruel idiota fodido, que nunca sorria e odiava se molhar.
Eu estava confiante de que havia um monte de esqueletos no
armário desse cara, mas a porta permanecia trancada.
Provavelmente, como deveria ficar.

Ele passou a mão por cima do guidão e depois de um


minuto sem dizer nada, eu estava em pé, sacudindo o pano
sujo sobre o assento da motocicleta.

— Às vezes isso ajuda a fazer aquilo que você é bom em


fazer. — Disse ele.

— Você quer dizer, matar pessoas? — Eu respondi.


Porque quando estava drogado, eu era excelente nisso.

— Eu ia dizer esconder, mas tanto faz. — Idiota, mas


senti os cantos da minha boca curvarem para cima. — Se
matar é o seu lugar agora, há um monte de homens de merda
para se livrar neste mundo. Não estou dizendo agora ou
dentro de alguns meses, mas quando você estiver pronto, há
um lugar para você. Ponha a sua cabeça na linha, em
primeiro lugar. Não preciso de você me atirando na bunda.
Eu bufei.

Um táxi amarelo parou na frente da casa e Alina saiu.


Que merda? Eram apenas dez horas. Puxei meu celular do
meu bolso de trás para ver se eu tinha perdido um texto dela,
mas não havia nenhum. O que ela estava fazendo fora do
trabalho mais cedo na noite de sábado? E por que não me
chamou para buscá-la?

— Ela é uma excelente mulher. — Disse Vic, seus olhos


em Alina quando ela bateu a porta do táxi e se dirigiu para o
caminho da frente. — E para o registro, mesmo que sua
cabeça estivesse virada, deixá-la no esgoto foi um movimento
idiota.

Antes que eu pudesse dar um soco, ele se foi.

Eu assisti Alina empurrar e abrir o portão de piquete e


caminhar ao longo do caminho de pedra.

Algo estava errado.

Seus ombros estavam caídos ligeiramente, seus passos


duros, a supremacia natural para os quadris dela se foram.
Mas a maior oferta eram os olhos. Eles permaneceram no
caminho, em vez de se afastar para as flores silvestres no
jardim. Toda vez que eu via sua caminhada ao longo desse
caminho, ela admirava as flores silvestres com um sorriso
nos cantos de sua boca.

Não essa noite.

Peguei meu pano, limpei as mãos e joguei-o de volta na


motocicleta antes de caminhar em direção a ela.
— Baby? — Ela parou, a cabeça estalando em minha
direção, os olhos arregalados de medo. Que porra estava
acontecendo?

A raiva riscou na parede de controle quando eu


imediatamente pensei que algum idiota a magoou no
trabalho. Porra, eu desejava que ela deixasse esse trabalho.

Diminuí meus passos e respirei fundo para acalmar o


barulho.

— Você está bem? — Eu pulei o muro baixo de piquete e


andei através do jardim.

— Ah, sim. Bem.

Ah, porra nenhuma. Ela não estava bem, sua voz tremia
e seus olhos evitavam os meus. Por que ela estava mentindo
para mim?

Parei em frente a ela, coloquei minhas mãos em seus


ombros e deslizei para baixo dos braços para as mãos.

— Fale comigo. — Sua cabeça inclinou, então eu não


podia ver seus olhos. — Alina, olhe para mim.

— Connor, estou cansada e quero ir para a cama.

Merda. Fugindo. Eu me destaquei nisso, mas Alina era o


oposto. Ela não fugia de merda e ela estava fugindo de tudo o
que a estava incomodando. O coçar virou batidas que me
irritavam mais ainda porque eu queria ser o único a estar
calmo para ela neste momento. Ela precisava que eu fosse.

— Foi por que eu apareci no café hoje?

Ela balançou a cabeça.


— Aconteceu alguma coisa no trabalho?

— Não. — Ela puxou as mãos das minhas e passou por


mim. — Posso ter algum espaço, droga?

Cada músculo do meu corpo ficou tenso.

— Alina. — Eu tentei manter o meu tom suave, mas


saiu como um rosnado sutil.

Ela continuou subindo os degraus até a varanda e


desapareceu dentro da casa. Eu estava congelado, meu
coração disparando e meu controle no limite da detonação.
Meu mecanismo de enfrentamento foi deixá-la até que eu
acalmasse novamente, mas eu não queria deixá-la assim.

Poderia fazer isso. Tinha que tentar. Eu não iria deixá-


la.

Entrando na cozinha, lavei as mãos calmamente, fechei


os olhos e ouvi a água fluir suavemente da torneira.

Somente quando o bater aliviou, eu desliguei a água.

Encontrei-a no quarto já vestida com seu pijama de seda


branca. Suas roupas de trabalho estavam espalhadas no
chão, algo que ela nunca fez. Se ela não as colocava no lugar,
colocava na cadeira perto da janela. Ela me ignorou, entrou
no banheiro e fechou a porta.

A água foi ligada.

Peguei suas roupas do chão e coloquei-as sobre a


poltrona. Tirei meu celular, arma e coloquei-os na mesa de
cabeceira antes de puxar as cobertas.
Calma. Eu tinha que manter a compostura. Estava
preocupado que se ela fosse me dizer algo que não gostasse,
iria perdê-la. Porra, eu odiava isso. Odiava a ameaça
constante de que minha cabeça fosse explodir ou que eu iria
ver algo que não estava lá.

A torneira desligou e a porta se abriu. Ela olhou para


mim. Os fios de cabelo em volta do rosto estavam molhados e
sua pele úmida e rosa. Seus lábios levemente pressionados,
não apertado, mas firme, como se para detê-los de tremer.

Eu decidi que a minha melhor abordagem era dizer o


mínimo possível.

— Vamos para a cama.

Ela hesitou, atravessou o quarto, passou por mim e


entrou debaixo das cobertas.

— Você quer que eu fique até cair no sono?

Seus olhos encontraram os meus e me matou ver a dor


neles e não poder fazer nada sobre isso. Mas suas palavras
foram suficientes para acalmar a inquietação em mim.

— Eu quero que você fique, não importa o quê.

As lágrimas encheram seus olhos e eu abri minha boca


para perguntar-lhe novamente o que estava errado, mas
apertei-a. Ela me diria quando estivesse pronta. Paciência.
Eu tinha que encontrar a minha paciência novamente. O
controle constante que eu não tinha desde que saí da droga.

— Ok, Fotógrafa Dedicada. — Eu puxei a minha camisa


e deslizei sobre a cama. Debrucei-me contra a cabeceira da
cama e estendi a mão para trazê-la para mim, mas ela já se
aconchegava perto. Porra, eu amei isso.

Suavemente acariciei seu cabelo, sua bochecha


descansando no meu peito, sua palma ao lado. A umidade
das lágrimas na minha pele quase acabou com o meu
controle. Meu coração batia descontroladamente e apertei os
meus dentes quando a raiva ameaçou a subir. A simples ideia
de que alguém tenha a machucado era como faíscas e chama
de ignição em um inferno.

Em vez de alimentar isso, eu me concentrei na sensação


dela em meus braços. Os fios suaves de cabelo entre os
dedos; seu hálito quente na minha pele.

Lentamente, o fogo saiu e Alina adormeceu nos meus


braços onde ela foi concebida para estar.
Capítulo
30
Pergunta 16: O que você já fez que é

ilegal?

Meus olhos se abriram quando acordei com meu


coração disparando e minha respiração bloqueada na minha
garganta.

Oh, Deus, eu estava grávida.

Ontem isso foi reproduzido em alta velocidade na minha


cabeça. London encontrou-me no Avalanche. Fomos para a
clínica andando. O médico colheu o sangue, mas ele não iria
ter o resultado por alguns dias, então ele fez um teste de
urina, também.

Então…

O médico disse com um sorriso enorme:

— Parabéns. Parece que você está grávida. Nós


confirmaremos com o exame de sangue, só para ter certeza.
Minha mão foi para o meu estômago. Isso deveria ser
uma celebração e eu estava em pânico. Internamente em
pânico. Externamente calmo.

— Alina?

Endureci, percebendo que Connor estava na cama, seu


comprimento magro pressionado em mim por trás.

Oh, Deus, o que eu ia fazer? Será que eu devia dizer a


ele e arriscar que ele fosse embora? Se ele se fosse, isso iria
destruí-lo. Nos destruir. Mas como eu poderia manter algo
como isso dele? O pior era o pensamento de perder algo tão
precioso.

Ele sabia que algo estava errado na noite passada. Eu


nunca seria capaz de manter isso dele e ele confiava em mim.

Mas eu podia confiar nele para ficar? Será que eu tenho


escolha?

Ele me puxou para mais perto, por isso as minhas


costas foram pressionadas em seu peito. Ele suavemente
beijou meu ombro e arrastou-os até meu pescoço.

— Eu a amo. — Disse ele em voz baixa.

O sol entrava radiante pela janela em estrias brilhantes


em toda a colcha. Fechei os olhos, tentando conter as
lágrimas.

— Você quis ficar comigo na noite passada? — Ele


nunca passou a noite comigo.

Ele me apertou.
— Eu não conseguia dormir. — Ele murmurou contra o
meu pescoço.

— Por minha causa. — Não era uma pergunta.

— Eu estava pensando, baby.

Virei-me de costas e estendi a mão para acariciar seu


rosto com meus dedos.

— Eu queria que você dormisse mais. E que você


dormisse comigo, como costumava fazer.

— Eu também, Fotógrafa Dedicada.

Minha mão caiu. Sim e isso foi o que me preocupou,


porque eu sabia onde isso levava. Onde lhe dizer a verdade
levaria.

Deus, ele seria um grande pai. Imaginei-o embalando o


bebê em seus braços. Dando-lhe o seu primeiro brinquedo.
Lendo juntos. Jogando futebol ou passeando sobre os ombros
no quintal. Tendo o seu passeio com motocicleta de
motocross aos dez anos de idade e eu preocupada que ele
estivesse tomando o seu passeio em motocicleta de motocross
aos dez anos de idade.

Os olhos de Connor seguiram o caminho aquecido de


sua mão entre os meus seios, em frente as minhas costelas
para a minha cintura, onde ele levantou o material de seda.
Ele deslizou a mão por baixo, em seguida, colocou a palma da
mão na minha barriga.

Minha respiração engatou e nossos olhos se


encontraram.
— Você sabe?

Ele fechou os olhos um segundo e inalou uma


respiração profunda.

— Sim.

— Quando?

— Cerca de uma hora atrás. — Ele acariciou círculos


lentos na minha barriga com as pontas dos dedos. — Isso
estalou. Você estar doente e passar fome. A reunião com
London ontem. Sair do trabalho mais cedo na noite passada.
Ver o conflito em seus olhos. Mas a confirmação foi como
você dormiu com sua mão em sua barriga. Protegendo,
sustentando.

Meu coração bateu no peito como se um milhão de


pensamentos passassem pela minha cabeça ao mesmo
tempo. Mas o que seguiu em frente foi o fato de que Connor
tinha descoberto e ainda estava aqui.

Ele ainda estava aqui. Ele não tinha me deixado.

Será que ele ficaria? A esperança me encheu.

— Você não me deixou.

Ele deve ter visto a esperança nos meus olhos porque a


mão esquerda estava no meu estômago e ele segurou meu
queixo quando disse:

— Jurei para você que nunca sairia de novo sem dizê-lo.

Suas palavras drenaram minha vida. Oh Deus. Não.


— Porra, baby. Eu a amo mais do que qualquer coisa.
Mas, nós dois sabemos que não posso ficar. É muito perigoso.

Eu sufoquei um soluço, minha garganta tão apertada e


minha respiração tão irregular que senti como se não
pudesse obter ar suficiente.

— Então fale com alguém, Connor. Os médicos podem


ajudá-lo.

Ele acariciou minha bochecha, seu polegar enxugando


as lágrimas.

— Não é tão simples.

— Nada sobre nós é simples. Você me disse isso. —


Minha voz se levantou quando o pânico intensificou. — Nós
podemos fazer isso. Você pode. Eu sei que você nunca iria
ferir uma criança. — Estava chorando e a realidade me
atingiu. E talvez fosse por isso que estive tão chateada porque
sabia que no fundo eu nunca interromperia a gravidez. —
Connor, por favor. Eu não posso fazer isso sozinha. Não me
faça fazer isso sem você. Por favor. Estou lhe implorando.

Lágrimas escorriam pelo meu rosto enquanto eu


chorava e ele me puxou para os seus braços, embalando
minha cabeça contra seu peito enquanto acariciava meu
cabelo. Senti seus lábios no topo da minha cabeça com seu
hálito quente.

Passou-se um longo tempo antes de eu conseguir


acalmar um pouco os soluços. Eu me odiava por me desfazer,
mas era assim que eu estava. Sendo rasgada em pedaços e
sangrando.
Ele gentilmente me puxou para o seu peito, as mãos
cobrindo cada lado da minha cabeça quando encontrou meus
olhos.

— Porra, eu odeio ouvir você chorar. Isso me lembra


de... — Ele parou. — Eu odeio isso, porra.

Eu sabia o que ele ia dizer, dos vídeos que Moreno o


tinha obrigado a assistir enquanto estava preso.

— Então fique.

Ele suspirou, balançando a cabeça.

— É exatamente por isso que não posso.

— Você está melhor. — Eu botei para fora. — O bebê


não nascerá durante meses. Você vai ficar bem. Você está
lidando com a raiva.

Ele baixou a cabeça e suavemente e me beijou, a


superfície macia de meus lábios agarrando-se brevemente aos
seus quando se afastou.

— Até que algo aconteça. Alina, eu durmo em outro


quarto porque vejo a merda que não está lá. Quatro noites
atrás eu acordei e pensei que Moreno estivesse do outro lado
do quarto. Eu apontei a minha arma para ele em segundos,
mas você sabe tão bem como eu que ele não estava lá e que
eu tinha apontado a minha arma para um fantasma. — Seus
polegares acariciaram para frente e para trás em minhas
bochechas. — Eu a amo mais do que tudo, Alina. Eu adoraria
nosso filho mais do que tudo. Mas pela primeira vez, desde
que decaí, eu tenho que fazer o que é melhor para você e não
para mim.

Eu balancei a cabeça e suas mãos deslizaram para os


meus ombros.

— Não. Não. Não é melhor. — Empurrei-o para o lado e


saí da cama.

— Alina. — Ele chamou.

Fiquei, a raiva girando através de cada parte do meu


corpo. Ele se moveu lentamente para fora da cama e eu
recuei, balançando a cabeça.

— Você não consegue ser todo calmo agora, Connor. Se


você quiser que eu e seu filho saiamos, então me mostre
porquê! — Eu gritei. — Seja um idiota e mostre-me, porra! Me
faça lhe odiar! — Eu pressionei. — Seja o homem que me
comeu na Colômbia. Seja ele. E talvez eu vá entender porque
você precisa fugir. Porra me mostre, Connor!

Suas têmporas latejavam e suas mãos se fecharam em


punhos, enquanto ele se aproximava de mim.

Eu era a única que tinha perdido a calma, mas eu não


conseguia parar as palavras quando elas escapavam de mim.

— Você sabe o quê? Eu acho que você gosta de ver-me


chorar como Moreno gostava. — Ele se encolheu e a cor
desapareceu de seu rosto, mas continuou vindo para mim.

Eu recuei até que bati na parede.

Levantando meu queixo, conheci seus olhos


penetrantes. Eu tinha que provar que ele nunca me
machucaria, mas de repente, eu não tinha tanta certeza
porque mencionar Moreno tinha levado para outro nível. Eu
coloquei uma mão protetora no meu abdômen. Ele percebeu
o movimento e seus olhos correram para baixo e voltaram
novamente.

Depois, a raiva que brilhava em seu olhar mudou em


completa devastação, quando seus olhos ficaram vidrados e
molhados.

Minha respiração engatou quando Connor caiu de


joelhos na minha frente, braços envolvendo em torno de
meus quadris e sua testa descansando em minha barriga.

— Sinto muito. Porra, sinto muito. Mas não posso ficar.

Oh Deus. Eu caí para ele, meus braços em volta da sua


cabeça para embalá-lo para mim.

Eu não sabia se suas palavras tinham sido para o seu


feto ou para mim.

Não importava.

Nada importava, exceto ele em meus braços, pelo que


seria provavelmente a última vez.

Nós ficamos assim por um longo tempo.

Nós dois procurando o que nunca tínhamos encontrado


—simplicidade.

Um amor sem dor.

Um amor que nos unisse e não nos separasse.

Um amor simples.
Mas, como ele disse, nós não somos simples. Nós não
conseguimos a cerca branca. Nós não conseguimos o felizes
para sempre.

E eu não ficaria com Connor.

Ele se retirou dos meus braços e se levantou, sua mão


serpenteando para a parte de trás do meu pescoço. Meus
joelhos enfraqueceram e meu corpo tremeu quando nossos
olhares se encontraram.

— Preciso de ajuda, baby. Sei disso, mas não posso. Ser


drogado de novo... trancado. Eu perderia, enlouqueceria e
nunca mais voltaria. Não iria sobreviver a isso e eu a perderia
de qualquer maneira. Desta forma, deixo de lembrar de você.
Isso é tudo que me resta, Alina. — Ele colocou o dedo nos
meus lábios quando eu estava para dizer-lhe que talvez não
chegasse a isso. Que os médicos não iriam drogá-lo, mas a
verdade era que ele perdeu, não tinha escolha. — Eu
arriscaria tudo por você e nosso filho e é por isso que tenho
que ir. — Seus dedos apertaram no meu pescoço. — Para ser
um bom pai e o homem que você merece, preciso estar
saudável, Alina. Mas não posso tentar ser saudável sem
enlouquecer.

Fechei os olhos, incapaz de olhar mais para ele. Porque


eu entendi o motivo e odiava ter entendido. Ele preferia estar
permanentemente perdido, sem mim, do que perder a cabeça
e me esquecer.

— Eu me deixei com você há muito tempo. Eu sobrevivi


a Moreno porque fiz isso. — Ele se encolheu e suas
sobrancelhas se juntaram. — Onde quer que vá, os pedaços
de mim estarão em você, Connor. Eles nunca vão sair.

— Porra, Fotógrafa Dedicada. Eu a amo para caramba.


— Ele me puxou para ele e me beijou.

Foi um beijo de desespero, para nunca esquecer. Para


aceitar o nosso amor complicado, que nos uniu e ainda nos
mantinha separados.

E foi um beijo para dizer adeus.


Capítulo
31
Pergunta 17: Você quer filhos? E, em

caso afirmativo, quantos?

O sino tocou quando abri a porta para o café e entrei.


Meu coração estava sentado na garganta, retalhado e
sangrando. A sanidade era frágil; o mero deslizamento dos
dedos na borda do penhasco e uma pessoa estaria perdida
para as águas agitadas abaixo.

Isso era onde eu estava, pendurado do lado de fora do


penhasco, lutando para segurar até depois que eu falasse
com a minha irmã.

Suas lembranças de mim já eram fodidas.

Eu era o seu irmão enlouquecido, que ela testemunhou


saindo de uma droga, acorrentado a uma parede do porão,
furioso e selvagem, com sangue escorrendo de seus pulsos.
Eu era o irmão que tinha segurado uma arma para seu
melhor amigo e seu noivo.

E eu era o irmão que estava deixando para trás a


mulher que amava, que carregava seu filho.

Esse era o irmão que estava indo embora e ficaria


perdido. Mas eu não seria o irmão furioso que a deixaria sem
explicar o porquê.

Meu corpo inteiro estava tão tenso que eu sentia como


se estivesse em uma tortura maldita, com cada músculo
esticando e passando dos limites. Estava assim desde que o
maldito portão verde bateu fechado atrás de mim e eu deixei
Alina.

Eu tremia tanto que levei várias tentativas para ligar a


minha moto. Quando ela rugiu para a vida, montei para a
cafeteria da minha irmã, onde Alina e London estavam no dia
anterior. Mas a menina atrás do balcão disse que Georgie não
estava lá, mas em outra localização.

Então lá estava eu, ainda tremendo e de frente para


minha irmã, tinha sido muito fodido para conversar. Ainda
estava, mas tinha que fazer isso. Eu nunca seria o irmão que
ela tinha uma vez idolatrado e eu viveria com isso, mas eu
não seria o irmão que saiu sem se despedir. Prometi isso a
Alina e eu faria isso por Georgie também.

Georgie estava atrás do balcão, suas duas faixas rosa de


cabelo caído em ambos os lados de seu rosto e o resto puxado
em um coque bagunçado. Ela conversava com um cliente,
sua voz voando em toda a sala com alegria leve.
Estava tranquilo, era domingo de manhã cedo e apenas
duas outras pessoas se sentavam perto da janela, digitando
em seus laptops. Havia uma outra menina atrás do balcão de
costas para mim enquanto trabalhava em uma grande
máquina que triturava, gemia e então assobiava.

Quando a menina acabou, ela se virou com a caneca na


mão e congelou quando seus olhos pousaram em mim.
Depois de um segundo, ela se aproximou de Georgie e
sussurrou algo.

Georgie ergueu a cabeça.

Sua mão voou para sua boca engasgando, com os olhos


arregalados com o choque.

Nenhum de nós se moveu enquanto olhávamos um para


o outro.

Havia tantas emoções faiscando, que eu fui incapaz de


reagir. Meu estômago se agitou e meu pulso disparou com
cada memória sua empurrada na minha mente.

Porra, eu tinha sentido falta dela para caramba. A cada


dia que eu me sentei na cela de Moreno, pensava nela.
Preocupado com ela. Perguntando-me se ela estava bem.
Orando para ela estar bem.

E, em seguida, a droga a apagou, também.

Atravessei o piso de madeira polida, o baque das minhas


botas de motociclista parecia como tambores tribais. O
cliente que ela tinha servido tomou seu café e se afastou e eu
parei na frente de Georgie.
Ela segurou a borda do balcão enquanto seu peito subia
e descia de forma irregular, com lágrimas reunindo em seus
olhos.

— Eu deveria ter vindo mais cedo. — Minhas palavras


saíram ásperas, roucas e eu limpei minha garganta.

Ela estendeu a mão sobre o espaço entre nós e tocou no


meu braço.

— Você está aqui agora. Isso é tudo o que importa,


Connor.

Ah, porra. Minha cabeça caiu e fechei meus olhos


brevemente quando a voz da minha irmã infiltrou em mim.
Era a mesma, mas diferente. Mais madura e autoconfiante.

Eu estava errado. Eu me importava.

— Podemos, ah, talvez, passear ou algo assim? —


Merda, eu estava nervoso com a minha irmã. Mas era preciso
derrubar esse pedestal e enfrentar sua decepção.

— Eu adoraria isso. — Ela disse. Uma lágrima escorreu


pelo seu rosto e ela rapidamente limpou-a com as costas da
mão. Timidamente sorriu. — Me dê um segundo.

Ela correu para a parte de trás, mas antes de fechar a


porta, olhou por cima do ombro para mim, como se para
verificar que eu não tinha desaparecido ou para ter certeza de
que era real.

Enquanto esperei por ela, eu mexia, mudando meu peso


e olhando para fora da janela. O peso no meu peito tornava a
respiração difícil e minha cabeça estava uma grande bagunça
fodida de emoções, mas a raiva não estava lá. Ela foi
sufocada pela dor de deixar Alina.

Georgie deu a volta no balcão e se aproximou de mim.


Eu endureci, sem saber o que fazer, se abraçá-la ou beijá-la
na bochecha ou nada.

Ela tornou fácil para mim, como se sentindo a minha


incerteza e suavemente passou os dedos pelo meu braço e se
dirigiu para a porta. Eu inalei e a segui, agarrando a porta
para ela, instintivamente protegendo-a com o meu corpo e me
posicionando no lado da rua da calçada.

Era algo que eu sempre fazia, a parte protetora de mim,


a necessidade de ter certeza de que eu era o mais próximo
aos carros que passavam.

— Há um parque a poucas quadras daqui. — Georgie


disse e eu assenti.

Agora que estava aqui, eu não tinha ideia do que diria à


ela.

Caminhamos em silêncio, mas não era exatamente


estranho. Era catártico e a cada passo, a tensão nos
músculos era libertada.

— Você está diferente. — Eu disse, enquanto


caminhávamos. — Um diferente bom. Eu gosto do cabelo.

— Obrigado. Minhas cores de cabelo deixam Deck louco


porque ele nunca sabe o que está voltando para casa, mas eu
acho que secretamente ele gosta.
Meu passo era hesitante. Não era tanto por Georgie
estar com Deck. Foi a menção deles terem uma casa. Uma
que eu nunca teria.

Ela descansou a mão no meu antebraço.

— Desculpe. Eu ainda não sei do que você está


confortável para falar.

— Estou bem com você e Deck, garota Georgie. — Sua


respiração engatou e eu nem tinha percebido que tinha dito
até depois que disse isso.

— Eu não ouvi você me chamar assim desde que tinha


dezesseis anos. — Ela murmurou, sua mão caindo e sua
cabeça inclinou na direção oposta.

— Desculpe, eu não vou mais chamá-la assim se você


não quiser. Acabou de sair sem querer.

Ela parou e me encarou. Havia lágrimas em seus olhos e


seu lábio inferior tremeu enquanto ela falava.

— Não. Não, está tudo bem. Isso apenas me


surpreendeu. E eu não quero que você se desculpe por
qualquer coisa. — Ela hesitou, em seguida, acrescentou: —
Tenho a sensação de que não temos tempo suficiente para
nos arrepender por coisas que não são culpa nossa. Não é?

Porra. Eu suspirei, balançando a cabeça.

— Como você sabia?

Ela apontou para um caminho estreito e pavimentado


que tecia através do parque.

— Vamos lá.
Atravessamos a rua. Ela estava um pouco à frente de
mim e notei que tinha um pouco de influência sedutora no
andar. Ela parecia realmente bem e gostaria de saber se isso
tinha a ver com Deck.

— É tudo sobre o seu rosto. — Disse ela. Seu cabelo


passou pelo seu rosto quando a brisa pegou e com um dedo,
ela enfiou os fios atrás da orelha. — Você tinha o mesmo
olhar antes que saísse em viagem. Uma tristeza preocupada,
com sua testa baixa, não muito, mas um pouco e os lábios
firmemente pressionados com os seus olhos vidrados. Mas
hoje, é mais do que isso. Assustador. Final, eu acho.

Arrastei minha mão pelo meu cabelo.

— Eu me preocupava com você todos os dias quando fui


um prisioneiro. — Seu corpo ficou tenso e seus olhos
desviaram dos meus. — Você ficou bem, certo? Deck protegeu
você?

— Sim. — Ela assentiu com a cabeça, um pouco rápido


demais para o meu gosto e eu suspeitava que havia algo que
não estava me dizendo, mas pressioná-la para descobrir não
faria bem a qualquer um de nós. — Deck me protegeu. Eu
não fui fácil para ele. — Ela riu e o som era exatamente como
eu me lembrava. — Mas Deck gosta de um desafio.

Eu arranquei um bordo de um galho baixo.

— Ele gosta de ganhar.

Georgie me cutucou com o ombro.


— Você também. Você só aceitou o desafio de rir. Ele
estava sempre sério. Bem, ele ainda está, mas não tanto
quanto Vic. Aposto que Tyler recebe um chute cada vez que
tenta fazer aquele cara sorrir.

Eu bufei. Senti o que ela estava fazendo, tentando trazer


leveza para isso.

Nós caminhamos em silêncio por alguns minutos, então


perguntei a ela sobre suas lojas de café e mais tarde, ela
conversou sobre suas amigas, Emily e Kat.

Eu escutei. Não havia nada em mim que se importasse


de falar e ouvir sobre sua vida, era para isso que eu estava
aqui. Saber que ela ficaria bem mesmo depois que eu fosse
embora, me deu uma sensação de paz. Quando ela
mencionou a mãe e o pai, meu aperto hesitante entrou em
colapso.

— Nunca diga a eles. Não vai fazer-lhes qualquer bem


descobrir que estou vivo. Eles não precisam perder seu filho
duas vezes.

— Mas eles não estão perdendo você, Connor.

— Sim, eles estão, Georgie. Eu já fui longe demais e não


há nenhuma esperança de encontrar o meu caminho de
volta.

— Então, você apenas se vai e devemos todos fingir que


está morto? — Praticamente, mas fiquei quieto. — Você sabe
que Deck tem feito de tudo para tentar trazê-lo para casa?

— Sim. — Eu sussurrei, mais para mim do que para ela.


Em seguida, ela perguntou:

— E Alina? Você a ama, certo?

Demorou um segundo para eu falar, porque apenas


mencionar o nome dela desencadeava uma guerra dentro de
mim.

— O que eu sinto por ela é ilimitado. Não há fim para o


amor que tenho por ela.

Ela franziu a testa.

— Então, por que você a está deixando, Connor? Por


quê?

A batida familiar na minha cabeça começou e logo


estaria batendo fora de controle.

— Ela está grávida.

Ela engasgou e seus olhos se arregalaram.

— Puta merda. Uau. Isso é grande... — Ela parou


abruptamente. — E você está indo embora? Connor, você está
deixando a mulher que você ama sozinha e grávida?

Virando-me, voltei para o café. Ela permaneceu onde


estava e, em seguida, correu atrás de mim.

— Connor? Você não pode fazer isso. — Ela agarrou


meu braço e me puxou para uma parada. — Droga, Connor.
— Sua voz se levantou. — Meu irmão luta até o fim. Ele
nunca desiste. Ele luta até que tenha tudo direito, mesmo
que isso o mate.
— Eu estou lutando. Porra, nunca lutei assim tanto na
minha vida. Estou lutando para me impedir de voltar para
ela, para que eu possa fazer o que vai manter, a ela e meu
filho, seguros. Eu não vou ter um filho crescendo com um pai
que ele tema. Ou ser feito de chacota na escola porque seu
pai vê merda que onde ela não está. Ou um pai que não pode
manter a calma. Ou um pai que persegue a sua própria mãe
porque não quer esquecê-la. E o que dizer quando ele quiser
ter amigos em casa? Ou quando Alina se cansar de colocar-se
com a minha besteira? E então? O que acontece então,
caramba?

— Então nós o ajudamos.

— Eu não posso, Georgie! — Eu gritei. — Eu vou


enlouquecer e não posso perder a memória dela também. É
tudo o que tenho.

Ela agarrou meu braço e me obrigou a parar de cruzar a


estrada.

— Connor, você é meu irmão mais velho e eu o amo, não


importa o quê. E quero dizer isso. Não. Importa. O quê. E eu
quero mais do que qualquer coisa que você fique, mas você é
um filho da puta teimoso e sei que uma vez que sua mente
está definida, foi definida no cimento. Mas você está
mentindo para si mesmo se acha que está lutando. E se sua
cabeça está muito confusa para saber, então, você precisa me
ouvir.

— Você está fugindo e perdendo. Sei que você mudou e


sofreu mais do que eu jamais poderei compreender, mas há
partes de uma pessoa que são permanentes. Isso não muda.
E você, Connor, luta e assume riscos. É quem você é. Risco
de perder, Connor. O risco de perder tudo. Porque se é
ilimitado, como você diz, então não vale a pena o risco?

Um calor queimou em meu corpo quando suas palavras


se reuniram na minha cabeça. Palavras que eu não sabia o
que fazer. Risco. O risco de enlouquecer e esquecê-la? O risco
de perder-me para a raiva se eu estiver preso de novo?

Olhei para o chão quando arrastei minha mão sobre


meu rosto. Meu corpo tremia e minha cabeça latejava. O
controle escorregou e isso não era tanto a raiva, era o colapso
de um homem quando as lágrimas brotando em meus olhos.
Apertei meu maxilar, desesperado para parar a dor e ser forte
como eu deveria ser.

Seja o protetor.

Jesus Cristo, eu tinha que sair, porra, antes que eu me


perdesse na frente dela.

— Eu tenho que ir.

— Eu sei. — Mas sua mão ainda estava no meu braço e


nenhum de nós se moveu.

Porra. Prendi meu cotovelo em volta do seu pescoço e


puxei-a para mim. Ela caiu no meu peito e seus braços me
envolveram em um abraço esmagador. Ela soluçava em
minha camisa enquanto eu fechava os olhos e abraçava a
minha irmã pela primeira vez em mais de uma década.
Enquanto a segurava, me sentia como se alguém
prendesse um pedaço de mim de volta no lugar. Isso era sujo
e rasgado, mas a peça era a minha irmãzinha.

Quando nos separamos, alcancei no meu bolso de trás e


tirei um pedaço de papel e passei para ela.

— O código é para um armário na Union Station.


Número vinte e oito. Leve Deck com você. Há uma mochila
com algum dinheiro. Compre a casa de Deaglan e coloque-a
em seu nome. O resto do dinheiro, coloque em uma conta
para ela e para o bebê. É dinheiro de Vault, mas eles me
devem onze anos da minha vida, então certifique-se que ela o
tenha.

Ela balançou a cabeça, recuando sem tomar o papel.

— Connor. Não.

Eu agarrei o seu pulso, em seguida, empurrei o papel na


palma da sua mão e fechei os dedos.

— Eu preciso disso feito, garota Georgie. Estou lhe


pedindo para fazer isso por Alina e meu filho. — Eu a deixei
ir. — Diga a Deck que ele trouxe todos para casa. Eu a amo,
mana.

Então, eu deixei o meu passado para trás.


Capítulo
32
Pergunta 18: Alguém lhe ajudaria a

enterrar um corpo?

Três semanas depois

Quando entrei no VUR, do Vault Unyielding Riot, cada


molécula do meu corpo era como míssil.

Eu estava com raiva.

Eu acordei esta manhã com raiva e descobri o motivo na


corrida de táxi até aqui. A negação que estava vivendo em
três semanas tinha virado ira. Estava furiosa com Connor por
fugir. Fiquei furiosa com ele por não ter voltado ainda. E
estava furiosa porque Deck não estava fazendo nada a
respeito.

No dia que Connor pegou suas coisas e ligou a sua


motocicleta, eu disse adeus. Mas nunca foi realmente adeus.
Porque a verdade é que sempre pensei que Connor estaria de
volta. Essa partida seria temporária. Adeus nunca tinha
existido entre nós.

Mas dia após dia se passaram e eu mecanicamente


atravessei os movimentos da vida e comecei a rachar. A
negação vacilou.

Esta manhã a verdade bateu em mim como um meteoro


e eu não podia aceitar. Eu não faria isso.

Eu tinha ligado para Georgie e descobri que Deck estava


em seu escritório. Focada nisso, chamei um táxi.

E aqui eu estava caminhando para o escritório.

— Posso ajudá-la, senhorita?

Meus olhos mal registraram a secretária sentada atrás


da mesa quando eu passei por ela.

— Senhorita. Você não pode ir lá em baixo. — As rodas


de sua cadeira rolaram no chão de madeira e seus saltos
clicaram enquanto ela corria atrás de mim. Corri pelo
corredor, olhando para as placas douradas nas portas
enquanto andava.

— Por favor. Senhorita. — Ela chamou, a poucos passos


atrás de mim.

Parei na última porta no final do corredor, onde a placa


dizia Deck Ryan.

A secretária agarrou meu braço.

— Senhorita. Ele está em uma reunião. Você não pode...

Eu abri a porta e entrei.


Meus olhos pousaram sobre Kai em primeiro lugar, que
estava sentado em um sofá de couro, com uma perna
dobrada e cruzado sobre a outra, com o braço esticado na
parte de trás dele, parecendo descontraído e informal, como
de costume, mas isso era mais do que provável uma besteira
completa.

Quando meu olhar mudou para Deck, não havia nada


casual quando ele se sentou em uma cadeira de couro preto
de espaldar alto atrás de uma mesa de mogno e a sua
carranca intensa revelava seu descontentamento. Eu não
tinha certeza se era por causa da minha grosseira
interrupção ou do que quer que ele e Kai estavam discutindo
antes de eu estourar dentro.

A secretária passou por mim.

— Sr. Ryan, eu sinto muito. Ela passou por mim e eu


não pude impedi-la.

— Está tudo bem, Carol. Obrigado. — Deck disse,


enquanto seus olhos permaneceram em mim.

A secretária saiu pela porta e a clicou fechada.

— Alina. Como posso ajudá-la? — Deck perguntou, seu


tom era gentil e a carranca desapareceu. — Está tudo bem?

— Está tudo bem? Não, caramba. Tudo não está bem. —


Eu soltei. — Eu não tenho notícias dele. Nada em semanas.
Eu não sei se está vivo ou morto. Não sei se está me
observando. Não sei onde ele está e isso está me matando. —
Meu corpo parecia como se estivesse prestes a explodir sob a
pressão, como um balão cheio demais. Era isso o que Connor
sentia? Toda essa raiva reprimida e pronta para estalar a
qualquer momento?

Deck largou a caneta que ele colocou sobre a mesa e


empurrou sua cadeira para trás.

— Alina, você precisa se acalmar antes de você...

— Não me diga para me acalmar! — Eu gritei. — Eu


quero que você me diga por que você não está procurando por
ele.

Os olhos de Deck sacudiram para Kai, que deu de


ombros antes de voltar para mim.

— Não há nenhuma razão para procurar por ele.

Uma onda fria de medo se chocou contra mim.


Nenhuma razão? Não. Não, eu não queria ouvir que não
havia nenhuma razão. O que ele quis dizer com nenhuma
razão?

Deck levantou-se, veio ao redor de sua mesa e encostou-


se nela, com os braços cruzados, olhando completamente
intimidante e ainda assim, poderia ser o Hulk e eu ainda o
enfrentaria.

— Isso significa que você sabe onde ele está?

— Não. — Deck respondeu calmamente.

— Não? — A palavra era como uma marreta descendo


na minha cabeça. — Não? Não, você não pode encontrá-lo?

Ele inalou uma respiração profunda.


— Não, Alina. Quero dizer, não, não estamos
procurando por ele. E não, ele não está observando você e
não, ele não está na cidade.

Eu não tinha ideia do que Kai estava fazendo, porque


minha visão estava em túnel em Deck quando eu balancei a
cabeça para trás e para frente, incapaz de acreditar que ele
tivesse desistido de Connor. Que não estivesse procurando
por ele. Certificando-se de que ele estava bem. Fazendo
alguma coisa, maldição.

— Ele é seu melhor amigo! — Eu gritei quando meus


braços caíram para os meus lados. — Por que não está
procurando por ele? Esse é o seu trabalho. Encontrá-lo e
trazê-lo para casa. Você jurou trazê-lo para casa. Ele me
disse que sempre trazem seus homens para casa. Connor não
está em casa ainda.

— Alina. —O tom de Deck era suave e gentil, mas seus


olhos estavam escuros e firmes. — Ele estava em casa. Ele
optou por sair. Fizemos tudo o que podíamos, sem forçá-lo.

O aperto no meu peito intensificou.

— Basta trazê-lo de volta. Não me importa como você vai


fazê-lo.

Ele suspirou, os olhos fecharam brevemente antes que


eles se abrissem novamente e havia dor nas profundezas.

— Oh, querida, você não quer isso para ele. E eu nunca


vou fazer isso com ele.
Balancei a cabeça para trás e para a frente sentindo que
a negação lentamente esmagava cada palavra que saía de sua
boca.

Tudo o que restava era essa raiva aquecida e


insuportável. Nunca senti tanta raiva na minha vida e foi
como se uma energia reativa insuportável explodisse dentro
de mim sem que eu pudesse ter controle.

— Você não, vai? — Emoções conflitantes bateram e eu


lutava para agarrar algum tipo de sanidade e não perder a
minha paciência em uma pessoa que poderia me ajudar.

Ele afastou-se da mesa e se aproximou de mim.

— Eu sei que você não quer ouvir isso, mas você


precisa. Para o seu bem e o da criança que você carrega. —
Deck ficou na minha frente. Ele era alto como Connor, então
eu tinha que inclinar minha cabeça para olhar para o seu
rosto. — Ele não vai voltar. Ele não pode. Não como o homem
que ele é.

Meu peito apertou.

— Não. Não, ele tem que voltar. Ele está perdido, mas
podemos encontrá-lo.

Os olhos de Deck foram para o meu pescoço e ele


franziu a testa.

— O que aconteceu?

Toquei o corte na parte inferior do meu queixo.

— Nada. Eu me cortei.
— Eu posso ver isso. Como isso aconteceu? — Ele
perguntou, seu tom abrupto.

— Eu fui para a casa.

— Que casa?

— A casa onde Connor costumava ficar às vezes. Tirei a


madeira compensada da janela para que eu pudesse entrar e
quando cedeu, o canto dela bateu no meu pescoço.

— Por que você iria lá?

Um pouco da raiva dispersou porque Deck estava


olhando realmente assustador com as têmporas latejando e
olhos apertados.

— Eu fui para verificar se Connor ainda estava me


observando.

Deck passou a mão por cima da sua cabeça.

— Jesus, você não pode fazer uma merda assim. Aquela


casa está condenada por uma razão, porra.

— Deck. — Disse Kai. — Diga tudo logo antes que ela se


machuque.

Meu olhar correu para Kai.

— Dizer o quê?

— Você. Isto. O pensamento de que Connor está aqui ou


voltará. — Kai respondeu.

Eu empurrei.

— Eu não sou uma máquina. Eu não sou uma máquina


maldita como você, Kai. Minhas emoções não podem
simplesmente ser desligadas sempre que eu sentir isso. Como
você acha que London se sentiria agora se você a deixasse?

A sua personalidade casual desapareceu e Kai


endureceu; seus penetrantes olhos verdes fixaram em mim.

— Isso nunca iria acontecer.

Uma resposta típica Kai, o que só me irritava mais.


Antes que eu pudesse dizer-lhe, Deck se aproximou, sua mão
segurando meu queixo e inclinando a cabeça para que ele
pudesse dar uma olhada melhor no local onde a placa tinha
batido, me derrubou e caiu em cima de mim.

— Não faça isso de novo. — Deck ordenou.

— Então me ajude a encontrá-lo e não vou precisar.

Eu não tinha percebido que lágrimas escorriam pelo


meu rosto até que Deck as enxugou com a ponta do polegar.

— Connor entende a escolha que fez, Alina. Não há nada


mais que eu possa fazer. Eu não vou forçá-lo a voltar. Isso
nunca foi uma opção. Você precisa deixá-lo ir.

Uma dor excruciante bateu no meu peito e eu cambaleei


de volta para a porta quando a realidade desceu lentamente,
que desta vez Connor não voltaria. Durante semanas, tive
esperança de que ele só precisava de um tempo para
descobrir as coisas.

— Não. Não, eu não posso. Ele está voltando. Eu sei que


ele está. Ele não iria simplesmente me deixar.

O olhar de Deck mudou para Kai, que agora se levantou


e estava a apenas alguns metros de distância.
— O quê? –O pânico subiu quando olhei de Deck para
Kai. — Droga, o quê?

Kai falou:

— Diga a ela.

— Sim. — Deck murmurou. Então, ele pegou minha


mão. — Sente-se.

Eu me afastei.

— O quê? — Meus olhos foram para Kai e meu medo se


intensificou porque ele já parecia casual. — O que há de
errado? — Oh, Deus, por favor deixe Connor ficar bem.

— Ele deixou provisões para você e para o bebê. — Disse


Deck.

Segurei a maçaneta da porta, me perguntando se seria


melhor se eu apenas corresse para fora antes que ele me
dissesse mais alguma coisa. Se eu não o ouvisse, não seria
verdade, certo? Minha esperança ainda estaria lá e eu poderia
estar na varanda à noite e acreditar que Connor estava lá fora
me olhando.

— Ele deixou dinheiro. — Deck continuou. — Uma


grande quantia, com instruções para comprar a casa de Kite
e Deaglan e abrir uma conta bancária para você com o resto.
Eu não tinha dito ainda porque estava esperando a papelada
da casa.

Connor deixou-me dinheiro? Ele comprou a casa?


Minha cabeça girava enquanto eu tentava entender o
significado disso, mas realmente não havia nada para
agarrar, exceto que eu não queria aceitar.

— Não. Não é verdade. — Minha mão apertou a


maçaneta da porta, quando o medo de perder Connor tentou
mergulhar através das rachaduras da minha negação e raiva.

Deck foi até sua mesa e arrastou papéis ao redor.

— Eu não quero a porra do dinheiro! Você pode me


ouvir? — Eu gritei. — Eu não quero isso! Eu quero ele! Só ele!
— Foi uma ideia estúpida vir aqui. Eles tinham desistido de
Connor, mas eu não. Eu ia encontrá-lo, eu mesma. — Que se
fodam vocês dois.

Abri a porta e saí, mas só dei três passos antes de um


braço enrolar na minha cintura, me pegar e me levantar.

Vi a secretária olhar para nós com os olhos arregalados


de choque e ela rapidamente baixou a cabeça e voltou para o
que ela estava fazendo.

— Deixe-me ir, maldição. — Eu lutava para escapar do


aperto de Kai, mas minha mão empurrando em seu
antebraço não teve nenhum efeito. Ele me levou de volta para
o escritório, bateu a porta e me deixou em pé em frente ao
sofá.

— Sente-se. — ele ordenou.

Eu enfrentei a sua carranca, respirando rápido e com o


pulso acelerado. Abri minha boca para dizer-lhe para ir se
foder quando as suas sobrancelhas levantaram como se me
desafiasse.
Sentei-me.

Deck e Kai ficaram na minha frente, rochas


impenetráveis, mas as suas expressões suavizaram uma vez
eu estava sentada. Era como se um cobertor pesado caísse
sobre mim e sufocasse o fogo queimando a raiva e meus
ombros caíram com a derrota.

— Vou mandar London ficar com você está noite. —


Disse Kai e, em seguida, virou-se e saiu do escritório.

— Alina. — Deck disse suavemente quando ele se


agachou na minha frente.

Lágrimas brotaram quando encontrei os olhos dele,


porque ele não precisava dizer nada.

A verdade tinha deslizado através das rachaduras.

Engasguei com um soluço, odiando me desfazer, mas


incapaz de parar.

— Sinto muito. — Murmurei. — Deus, eu sinto muito. É


egoísta da minha parte levar a minha raiva para você. Você já
fez muito para ajudá-lo e deve estar sofrendo também e
Georgie. Deus, não posso imaginar o que ela está sentindo.

Deck colocou sua mão sobre a minha que estava


espremida no meu colo.

— Eu gostaria de poder mentir e dizer que acho que ele


está voltando, mas não posso.

Eu balancei a cabeça.

— Não é fácil desistir de alguém que você ama. Mas não


é o que isso é, Alina. Isto é ser capaz de aceitar a sua escolha.
Eu não sei se é o caminho certo ou errado e não vou julgá-lo
por isso. Eu não passei pelo que ele passou.

— Dói muito. — Eu disse em uma voz trêmula. — Eu


não posso respirar. Não posso respirar sem ele. — Levantei
minha cabeça e disse as palavras que tinham estado me
corroendo por semanas. — Eu culpo o bebê por ele sair. E
então, eu me odeio por culpar uma criança por nascer, que é
inocente de tudo isso.

— Eu sei que é difícil de acreditar agora, mas um dia a


dor será suportável e você vai tomar um fôlego e não vai doer
tanto. Mas não vou mentir, Alina. Ela nunca vai embora, mas
você acaba por aprender a viver com isso.

— Oh, Deus, eu preciso que ele esteja bem. Ele está


sozinho, Deck. Ele não tem ninguém. — Eu joguei meus
braços em volta do seu pescoço e chorei em sua camisa. Ele
me segurou perto e lentamente acariciou meu cabelo
enquanto eu chorava.

Minha aceitação tinha arrebentado através da negação e


a última parte da raiva afogou na dor do que era a verdade.

— Ele não vai voltar. — Eu chorei na sua camisa.

Deck não disse nada. Ele simplesmente me segurou e


era estranhamente reconfortante que fosse Deck que me
segurava. O melhor amigo de Connor que nunca deu em cima
dele e que agora tínhamos que finalmente deixá-lo ir.
Capítulo
33
Pergunta 19: Qual é o melhor som do

mundo?

Três meses depois

— Obrigada por dirigir para mim, Georgie. — Eu disse e


nós caminhamos para a minha casa.

A papelada final foi assinada no mês passado e que eu


possuísse a antiga casa da avó Kane era singular. Ela não
parecia como minha porque seria sempre de Connor.

Eu não tinha coração para arrumar todas as bugigangas


da avó de Kane, embora Deaglan tivesse ligado e me dito para
encaixotá-las e colocá-las no apartamento do porão pois ele
teria seu primo Killian cuidando delas.

Um dia eu chegaria ao redor disso, mas hoje eu


principalmente, me concentrava em apenas viver e aceitar
que eu estava fazendo isso sozinha.
Embora não estivesse realmente sozinha. Georgie ia a
cada consulta médica comigo e seu entusiasmo com o bebê
era contagiante.

— Vamos colocá-la em sua geladeira. — Georgie saltou


para a cozinha e eu a segui sorrindo. — Todas as mães devem
colocar a primeira ultrassonografia na geladeira. London
colocou, mas Kai tirou e ela desapareceu. Kai não disse a ela
o que aconteceu com a ultra e ela estava muito irritada. —
Georgie agarrou um ímã do lado de fora da geladeira. — Ela
me disse ontem, que de repente, ela reapareceu emoldurada e
pendurada na parede de seu quarto.

Uma dor rasgou através de meu peito e eu empalideci.


Deus, é tão algo que Connor teria feito.

Georgie pôs a mão no meu braço.

— Eu sinto muito. Merda. Eu não queria incomodá-la.

Eu dei um meio sorriso.

— Está bem. Sério. Quero ouvir essas coisas e tenho que


me acostumar com isso.

— Você não deveria ter que passar por isso. — Ela


respondeu calmamente. — Meu irmão faria qualquer coisa
para estar aqui com você, se pudesse, você sabe.

Eu não disse nada, joguei minha bolsa na mesa da


cozinha e peguei o ultrassom do meu bolso. Quando olhei
para as linhas brancas e manchas no fundo preto, alegria e
nervosismo passaram por mim. A ideia de ser responsável
pela vida dentro de mim era às vezes esmagador.
Mas era apenas eu agora. Eu tinha Georgie e Deck,
London e Kai e no mês passado, nós tínhamos dito tudo para
os pais de Connor e Georgie. Bem, tudo, exceto o
envolvimento de Georgie com o Vault.

Foi uma noite trágica, com um monte de lágrimas


derramadas, choque, descrença e tristeza. E, sim, havia raiva
também, mas a maioria era gratidão pelo milagre de seu filho
estar vivo e eu estar gerando um filho dele.

Karen me tratou como uma filha. Ligava-me todos os


dias e eu estava sempre incluída em quaisquer reuniões de
família, embora não tenha sido fácil estar ao seu redor, sem
me ferir e pensar em Connor.

— Aqui. — Eu passei para ela a imagem e coloquei-a na


geladeira. O ímã clicou quando magnetizou segurando-o no
lugar. Ela recuou para ficar ao meu lado.

— Você vai me dizer agora, se é um menino ou uma


menina?

Ela tinha me incomodado todo o caminho de casa ao


consultório do médico.

— Não. — Eu estava mantendo em segredo de todos.


Não sei porque, mas eu sentia como se isso fosse algo para só
eu e Connor sabermos.

Ela torceu o nariz.

— Bunda dura.

Eu ri.

— Quando você e Deck vão ter filhos?


Ela encolheu os ombros.

— Quando isso acontecer.

Minhas sobrancelhas levantaram.

— Você está tentando?

— Oh, nós tentamos o tempo todo. Espero que isso não


vá demorar muito, antes de um desses pequenos otários
perfurarem. Deck está ficando mais velho e em breve não
será capaz de manter-se com uma criança. — Eu ri porque
Deck não era velho e eu suspeitava que ele seria capaz de
manter-se com um garoto mesmo quando tivesse oitenta. Ela
se inclinou e beijou meu rosto. — Eu tenho que ir. Rylie quer
a tarde de folga e estou preenchendo. Você vem para um
brunch no domingo? Vai ser muito divertido, considerando
que Kai está vindo. A última vez que ele esteve na nossa
cobertura, ele e Deck acabaram na piscina e Tyler ameaçou
jogar Kai sobre o balcão.

Nada disso me surpreendeu. O que me surpreendia era


que ele e Deck não tinham matado um ao outro, ainda.

— Eu vou ficar lá por aqui um pouco, mas tenho uma


seção de fotos reservada para a tarde no Hyde Park. — Eu
ainda trabalhava no Avalanche, mas em apenas duas noites
por semana e estava ocupada com a fotografia freelance. A
amiga de Georgie, Kat, que tinha uma galeria de arte, se
ofereceu para expor o meu trabalho, então eu estava
tentando obter fotografias suficientes para isso.

— Ok. Legal. — Disse Georgie, acenando por cima do


ombro enquanto caminhava para fora da cozinha.
A porta da frente se abriu, a porta de tela rangeu e
bateu fechando atrás dela.

Fiquei ouvindo o zumbido da geladeira, enquanto olhava


para o ultrassom. O aperto no meu peito doía e lágrimas
brotaram quando pensei em Connor. Desejando que ele
estivesse aqui para compartilhar isso comigo. Esperando...
não, orando para ele estar bem, mas sabendo qu
provavelmente não estava.

O vazio não aliviou, esse buraco dentro de mim existiria


para sempre, porque ele levou essa parte de mim com ele.

Debrucei-me contra a bancada, fechei os olhos e duas


lágrimas escaparam enquanto eu acariciava minha barriga,
onde a nossa menina dormia.

— Ele a ama tanto como se estivesse aqui. Eu não vou


deixar você crescer sem conhecê-lo, minha doce menina. —
Eu mantive um diário parecido com o que Connor teve uma
vez, quando nos conhecemos. Nas primeiras páginas, escrevi
as nossas dezenove perguntas e as respostas de Connor.
Então, comecei a escrever tudo o que sabia sobre ele, mas
não estava pronto ainda.

À noite, quando eu não estava trabalhando, sentava na


cabana e escrevia como foi o dia e quando fosse o tempo
certo, eu seria capaz de compartilhar Connor com nossa
filha. Era importante para mim que ela soubesse o incrível
homem que ele era. E esperava que ela entendesse porque ele
nos deixou. Eu não queria que ela ficasse zangada com ele
por sair.
— Nós estamos tendo uma menina, Fotógrafa Dedicada?

Engoli em seco, meus olhos voando para o som de sua


voz.

— Connor? — Eu agarrei a borda do balcão quando


meus joelhos enfraqueceram.

Oh Deus. Connor.

— Você está aqui. — Eu murmurei, com medo de chegar


perto dele e descobrir que eu era a única com as alucinações.
Que a bolha iria estourar e ele não aguentaria mais cinco
metros de distância.

— Sim. — Ele mudou o peso como se estivesse


desconfortável e as mãos esfregaram os lados da calça um
par de vezes. Ele acenou com a cabeça para a geladeira com o
ultrassom. — É ela?

Eu balancei a cabeça, mordendo meu lábio inferior,


enquanto tentava segurar as lágrimas.

Ele andou até a geladeira e olhou para ela pelo que


pareceu uma eternidade, mas foram provavelmente apenas
dez segundos.

Ele virou.

— E você? Está bem?

Eu inalei uma respiração trêmula.

— Umm, bem, sim, mas não realmente. Eu estou


pirando agora, Connor.
— Sim. Desculpe. — Então, ele perguntou hesitante. —
Você está bem comigo estando aqui?

Eu segurei o balcão com tanta força que ouvi o gemido


da madeira laminada sob a pressão.

— Eu realmente não sei o que dizer agora.

Ele suspirou, balançando a cabeça, os olhos deslocando


para o chão.

— Sim. Porra. Entendi.

Deus, ele parecia tão diferente. Quero dizer, ele era o


mesmo, mas algo estava faltando. Ele também não fez
nenhum movimento para vir para mim, que eu achei muito
diferente de Connor.

Então isso me bateu. Não havia raiva persistente. Sem


tensão em seu corpo e o azul em seus olhos era calmo e
firme.

— Oh, meu Deus, você teve ajuda.

Ele levantou a cabeça para encontrar meus olhos.

— Sim.

Puta merda.

— Mas... eu não entendo.

— Seria legal se eu explicasse depois de beijá-la?

Uma onda de calor me cobriu e minha barriga caiu.


Connor estava aqui e ele queria me beijar.

Eu era incapaz de falar, então eu apenas assenti.


Os cantos de sua boca se elevaram e isso não foi o
suficiente para me impedir de derramar as lágrimas
agrupadas nos meus olhos. Ele levou quatro passos para
chegar a mim e, em seguida, suas mãos embalaram minha
cabeça. Mas ele não me beijou imediatamente. Em vez disso,
fechou os olhos e encostou a testa na minha.

— Alina. — Ele sussurrou. — Porra, eu sonhei com este


dia. O momento em que iria tocá-la de novo. — Sua
respiração quente era mentolada e fresca, uma vez que
flutuava sobre meu rosto. — Eu preciso saborear cada
segundo deste momento, baby. — Ele falou em voz baixa,
irregular, como se tivesse dificuldade com as palavras.

Meu corpo estremeceu, tremeu e eu não sabia por


quanto tempo ele queria saborear este momento, mas eu não
estava tão doente quanto estava na ponta dos pés.

— Podemos saborear mais tarde? Eu realmente preciso


que você me beije agora. — Precisava de muito mais do que
um beijo. O meu sexo se apertou com o pensamento de
Connor em meus braços novamente.

— Porra, eu senti sua falta. — Ele se inclinou mais perto


e seus lábios roçarem o meu ouvido sussurrando: — Três,
três, dois, seis. Três meses. Três semanas. Dois dias e seis
horas que eu estive longe de você. Mas nunca esqueci de
você, Alina. Nem por um segundo.

E esse foi o último de qualquer controle pois a boca de


Connor levou a minha.

Foi um apelo a ser atendido.


A necessidade desesperada de ser alimentada.

Um desejo a ser satisfeito.

Meus dedos se fecharam em sua camisa quando o seu


gemido vibrou contra meus lábios e fogos de artifício
dispararam pelo meu corpo.

Sua mão se moveu para baixo, para a parte inferior das


minhas costas e ele me puxou mais perto, enquanto a outra
mão deslocou para a parte de trás do meu pescoço,
agarrando o meu cabelo em seu aperto.

Nenhuma palavra foi necessária. O beijo disse tudo.

Foi o nosso amor complicado tornando-se simples.

O nosso remendar da cerca de piquete quebrada.

E era Connor voltando para casa.

Ele recuou e ambos inalamos uma respiração irregular,


peitos subindo e descendo.

— Deus, eu nunca pensei que fosse ter essa chance. —


Disse ele. — Saí pensando que não iria. — Ele acariciou cima
e para baixo em minhas costas. — Tantas vezes pensei que ia
ficar louco com sua falta. Mas isso é o que me manteve são,
saber que mesmo correndo o risco de enlouquecer, eu voltaria
para você. — Ele arqueou um meio sorriso. — Parece fodido?

Subi e toquei o seu rosto com as pontas dos meus


dedos.

— Não. Parece exatamente como o homem que você


sempre foi. Arriscando tudo. Tendo uma chance com a sua
vida para o que você acredita.
— Eu acho que fui mais egoísta do que isso. Muito mais
porque eu queria você. — Ele suspirou, com um ligeiro sulco
em suas sobrancelhas. — Eu tenho um longo caminho a
percorrer, baby. Os demônios não estão derrotados, mas
minha cabeça não está batendo mais.

Meu coração ia explodir de tanto amor por este homem.


Ele teve ajuda. Arriscou se perder e lutou contra os
demônios.

— Você vai ser capaz de dormir comigo?

Suas mãos correram pelos meus braços e ele entrelaçou


os dedos com os meus.

— Sim. Posso dormir com você. Mas agora, eu vou lhe


comer, se estiver tudo bem.

Um calor tentador esparramou em mim.

— Sim, isso é certo.

Deitei na cama, com Alina cochilando em meus braços


depois de horas de degustação, tocando e afundando dentro
dela, uma e outra vez.
Ouvi-a engatar a respiração antes dela gozar, seu corpo
apertando em torno de mim... porra, era como se, finalmente,
voltasse para casa.

Minha mão repousava sobre seu estômago, no bojo do


nosso bebê crescendo dentro dela. Houve um enorme
sentimento de alegria, emoção e alívio, tudo ao mesmo tempo.

Uma garotinha. Merda, o pensamento me aterrorizava e,


ao mesmo tempo, a alegria mais incrível me enchia. O
protecionismo estava lá, para o meu bebê e Alina, mas era
diferente do que antes. Não era obsessivo. Este era um
protecionismo saudável... como no nosso começo.

Meus braços se apertaram ao redor dela.

Jesus, eu nunca pensei que ia chegar aqui. Quando


entrei na instalação que me admitiu, eu tinha certeza que
nunca iria sair.

Mas quando montei na minha moto depois de falar com


Georgie, não havia nenhuma pergunta que eu precisasse
fazer porque ela estava certa. Eu tinha que lutar mais. Eu
tinha que arriscar perder tudo se quisesse uma chance.

Quando o médico me pressionou para falar sobre as


memórias, os pesadelos e a dor, nunca senti tanta raiva e,
assim como pensei que iria acontecer, eu me perdi e eles
foram forçados a me sedar.

Eu estava aterrorizado por pensar em esquecer Alina.


Pensei que eu fosse esquecer tudo. Que eu ia acordar sem
saber quem era e tornar-me a máquina que era antes.
Mas a cada dia, eu acordei, lembrei-me e isso ficou mais
fácil.

Alina esticou, rolou de costas e seus olhos se abriram.


Ela sorriu, alcançando para acariciar meu lábio inferior.

— Você ainda está aqui.

Uma dor aguda atingiu meu peito porque coloquei essa


preocupação lá.

— Eu não vou sair, Alina. Juro. Nunca vou deixar você


de novo. — Inalei uma longa tirada de ar, meu coração
batendo e os nervos formigando.

Eu fiquei pendurado nesta pergunta durante onze anos.


Claro que não sabia disso na época, mas sabia agora e não
estaria deixando outro dia passar sem perguntar a ela.

— Pergunta vinte. Eu nunca lhe fiz a pergunta vinte.

Suas sobrancelhas arquearam.

— Umm, ok. Mas é melhor que seja boa, você teve onze
anos para pensar sobre isso.

A leveza filtrou para dentro de mim e eu ri.

A respiração de Alina engatou e seus olhos se


arregalaram.

— Eu estou mudando a minha resposta. — Ela


desabafou.

— Baby, eu não fiz a pergunta ainda.

Ela balançou a cabeça.

— Não, a pergunta dezenove.


— Porra, querida. Essa é a única pergunta que
respondemos o mesmo.

— Tivemos onze anos. Minha resposta pode mudar.

— Bem. Mas você tem que responder a minha pergunta


vinte. Então, qual é a sua resposta revisada para a pergunta
dezenove?

— Eu não estou revisando, eu estou adicionando a ela.

Eu ri.

— Ok.

— Seu riso. Ouvir você rir é o melhor som do mundo e


eu nunca quero ficar sem ele novamente. Mas o mais
importante, eu nunca quero que você esteja sem ele
novamente.

Eu congelei e meus olhos bloquearam nos dela.

— Ah, porra. — Eu pairei sobre ela, abaixei e beijei-a.


Foi selvagem, duro e levou tudo para não escorregar meu pau
dentro dela novamente. Mas eu tinha algo mais importante
para fazer agora.

Quando me afastei, suas bochechas estavam vermelhas


e os lábios inchados do meu beijo.

— Ok, vá em frente. — Disse ela, ansiosa. — Estou


morrendo de vontade de ouvir a pergunta vinte. E lembre-se,
você tem que responder a isto, também.

Eu sorri.
— Claro, Fotógrafa Dedicada. — Eu segurei seu queixo
porque queria ter certeza de ver seus olhos quando lhe
perguntasse. — Quer se casar comigo, Alina Diaz?

Ela engasgou, os lábios apertaram e seu corpo enrijeceu


embaixo de mim.

— Essa é a pergunta vinte?

— Essa é a pergunta.

Ela hesitou, franzindo o nariz como se pensasse nisso.


Mas eu vi a resposta em seus olhos, a centelha da felicidade
em chamas.

Movi-me rápido, agarrei-a pela cintura e virei para que


ela montasse em mim. Agarrei seu pulso e coloquei a mão no
meu lado esquerdo abaixo das minhas costelas.

— Olhe para a tatuagem.

Ela franziu a testa, os olhos mudando para a tatuagem.


Esperei para ela ver o número 11528 escondido dentro da
complexa teia de linhas.

Então ela fez e seu olhar correu para mim.

— Meus números?

Eu balancei a cabeça.

— Mas você tinha essa tatuagem antes. Eu a vi na


primeira noite depois que você veio ao Avalanche.

— Eu tinha. Fiz a tatuagem quando estava drogado,


Alina. Eu não sabia o que os números significavam na época
e não me importava. Mas fiz isso depois que eu a fodi na
Colômbia. Os números se repetiam na minha cabeça para
que eu os tatuasse.

— Você nunca esqueceu.

Minhas mãos apoiaram nos seus quadris.

— Acho que sempre tive um pedaço de você comigo.


Agora, você vai responder à pergunta vinte?

— Isso pode levar algum tempo. Eu não quero apressar


a minha resposta. — Ela brincou, enquanto balançava o rabo
doce no meu pau.

Eu gemi.

— Responda-me para que eu possa lhe comer


novamente como minha futura esposa.

Ela mordeu o lábio depois, lentamente, sorriu.

— Sim, Connor O'Neill. A minha resposta é sim.


Epílogo
Três anos depois

— Kai! — London gritou. — Você é um merda.

Comecei a rir, abaixando minha câmera.

— Meu Deus. Eu não posso acreditar que você acabou


de dizer isso.

Os olhos de Kai correram para a esposa, do outro lado


do curral e ele fez uma careta. Definitivamente, ele não estava
feliz. Provavelmente mais porque estava chateado por ser o
pior jogador em sua equipe e Kai gostava de ser o melhor em
tudo.

London estava sentada com as pernas cruzadas na


grama ao meu lado.

— Ele precisa de incentivo. — Ela acenou para a filha,


Hope, que brincava com os gatos do celeiro, juntamente com
Danny e um monte de outras crianças do Treasured
Children’s Center. — E ela precisa ver a bunda de seu pai ser
chutada.

— Eu não acho que ela esteja prestando atenção ao seu


pai. — Disse Georgie, inclinando-se para olhar, passando de
mim para London. — E Hope pensa que seu pai é imbatível.
Estou certa de que com certeza foi Kai que colocou isso em
sua pequena cabeça doce.

London riu, seus olhos em sua filha, com cachos


castanhos longos e olhos verdes afiados, idênticos aos de Kai.
Se ele teve dúvidas sobre Hope ser sua, isso foi apagado no
segundo que ela nasceu. Mas eu suspeito que Kai nunca teve
dúvidas.

— Os gatos são muito mais interessantes e desde que


seu pai lhe dá tudo o que ela quer, estou pensando que não
vai demorar muito antes de nós termos uma outra pessoa
vivendo em nossa casa. — Disse London.

Eu tinha certeza, também, porque as meninas tinham


uma maneira especial com seus pais, o que significa que elas
sabiam como obter praticamente qualquer coisa que seus
corações desejassem. E pelo que eu tinha visto, Kai não
negava nada a Hope.

— Oh, meu Deus. — Georgie saltou em seus pés e


saltou para cima e para baixo. — Vai. Vai. Vai. Deck.

Deck tinha a bola e seguiu para o gol. Mas à direita na


sua bunda estava Connor, ele estava determinado e com um
sorriso arrogante no rosto.
Meu peito inchou ao assisti-lo perseguir Deck, músculos
flexionados, cabelo esvoaçando e sua pele brilhando de suor.
Mas foi o seu sorriso arrogante que fez o meu corpo formigar
e meu coração saltar uma batida.

Connor estava em casa. Eu estava em casa.

Nós estávamos em casa.

Demorou onze anos para chegarmos aqui, mas nós


fizemos o caminho porque o nosso amor era ilimitado. Connor
gostava de chamá-lo assim e tinha encomendado a um artista
local uma bela placa de madeira que dizia: ‘Amor sem
limites’. — Ele pendurou na cabana do quintal em que
casamos um mês depois que ele me fez a pergunta vinte.

Não havia nada que nos quebrasse, até o gato laranja


sarnento, abaixo do peso, que apareceu na nossa porta no
ano passado.

E a reação de Connor quando viu a bola de pêlos laranja


lambendo a tigela de leite que coloquei na varanda, foi dizer
simplesmente:

— Não se apegue.

Então fiz o que qualquer mulher faria, eu mostrei a Skye


o gato e ela começou a gritar de alegria e saiu correndo para
seu pai se ela poderia manter o gato alaranjado bonito que
estava na varanda.

Simon era agora um gato preguiçoso, desmazelado, que


amava andar na frente de Connor e ronronar, esfregando-se
contra a sua perna.
Mas, apesar de Simon ter um afeto estranho por
Connor, ele era o gato da menina Skye. Ele dormia com ela e
nunca reclamou quando ela o levou a todos os lugares como
uma boneca de pano.

— Os hormônios da gravidez são loucos e eu preciso


começar esta noite descontraída. — Georgie desabou ao meu
lado. — E vai ser um ‘toda’ noite, se Deck ganhar o jogo.

London bufou. Eu ri.

Connor roubou a bola de Deck e foi na direção oposta.


Ele chutou-a para Deaglan que era, sem dúvida, o melhor
jogador. Ele e Tyler tinham entrado numa intensa discussão
antes do jogo. Deaglan foi insistente, o esporte era chamado
futebol, não soccer e Tyler incitou-o a chamar de soccer
sempre que podia.

Deaglan tinha voltado por algumas semanas, fazendo


um trabalho para Deck, embora eu não soubesse que
trabalho era esse. Connor raramente discutia os negócios da
VUR, mas sei que Connor fazia a maior parte do trabalho de
investigação ao invés de ir para uma missão.

— Meu irmão odeia perder para Deck. Eles têm uma


competição feroz constante. Deck me disse que na formação
JTF2 era uma batalha sem fim para ser o melhor dos
melhores.

Olhei para London e depois de volta para Georgie.

— E por que colocá-los em times opostos? — Eu disse.

As sobrancelhas de Georgie levantaram.


— Meu Deus. Você manipula as equipes?

London assentiu.

— Sim. Por que você acha que Alina e eu insistimos em


escolher os nomes do boné e não deixamos os caras
escolherem?

— Droga, eu amo vocês, meninas. — Georgie riu, caindo


para trás na grama.

As equipes eram Connor, Kai, Deaglan e Ernie contra


Deck, Tyler, Vic e Tristan e o placar foi três a três. Cada um
deles era competitivo e nenhuma equipe planejava perder, o
que deixou o jogo muito intenso porque uma equipe estava
perdendo. O jogo não terminou até que empatasse. Josh foi o
único ausente, porque ele estava em sua lua de mel com uma
garota que ele conheceu há cinco semanas em Las Vegas.

— Seus pais são ótimos, Georgie. Frank entregou-me


um hambúrguer que sua mãe escondeu das crianças para
mim, vendo o quanto eu fico esfomeada. Estou sempre tão
malditamente com fome. — Chess aliviou-se na grama ao
lado de Georgie, com a mão sobre o estômago inchado,
quando se inclinou para trás em seus cotovelos. — Nunca
esteja grávida de oito meses no meio do verão. Meus pés
estão tão inchados que eu nem sequer os reconheço mais.

— Você pode até mesmo ver seus pés, passando essa


barriga enorme? — Perguntou Georgie.

— Eu tenho dois aqui para lembrar. Apenas espere.


Mais sete meses e você não estará fazendo piadas. Vai ficar
reclamando e reclamando também. — Disse Chess,
apontando para o estômago atualmente plana de Georgie. —
Eu não posso esperar para vê-la gingando.

Georgie jogou um punhado de capim em Chess e as


folhas verdes espalharam em sua barriga muito estendida.

— Essa garota não ginga. Ela vai suportar.

— Como um galo? — Disse Chess, levantando as


sobrancelhas.

Eu ri. Georgie bufou, mas sorriu.

— Vai, baby! — London gritou para Kai quando ele


chutou a bola em direção ao gol, mas Tristan estava sobre
ele.

Os dois empresários, que raramente usavam nada além


de ternos caros, estavam jogando um jogo de futebol juntos
em um curral antes de um churrasco. Este tornou-se um
evento anual onde todos nós ficamos juntos no Treasured
Children’s Center, um lugar que todos estávamos ligados de
alguma forma. Foi a única vez que vi Tristan de short, mas
era short cáqui elegante. Kai usava calça jeans negra, como o
resto dos caras.

— Isto não é hóquei, idiota. — Tristan disse quando Kai


bateu em seu corpo com tanta força que ele cambaleou e caiu
de bunda no chão. Kai sorriu quando ele chutou a bola no ar
para o gol, achando que tivesse marcado.

Mas Tyler espalmou a bola fora do ar no último


segundo.
— Jesus, eu odeio vocês. — Kai se curvou, pendurando
a cabeça com as mãos sobre as coxas, enquanto prendia a
respiração. Connor surgiu ao seu lado, bateu-lhe no ombro e
disse alguma coisa, então eles estavam de volta no jogo.

Foi bom ver Kai e Connor se dando bem, mas Connor


não sabia sobre o envolvimento de Georgie com o Vault.
Quando Connor tinha ido por vários meses, Georgie tinha me
falado sobre o corte, Tanner e as atribuições para o Vault.

Quando Connor voltou, todos decidiram que não era


algo que Connor devesse ouvir falar. Não lhe faria qualquer
bem saber o que aconteceu com sua irmã e era uma parte da
história que seus pais também não sabiam.

— Mamãe. — Skye disse, aninhada entre as minhas


pernas, com a cabeça na minha coxa. — Posso ir brincar com
a Hope e os gatos?

Eu acariciava seus cabelos loiros ondulados longe de


seu rosto. Ela era a cara de Connor, com seus olhos azuis e
sorriso magnético.

— Sim, querida. — Ela escorregou de meus braços e eu


a assisti correr pelo quintal e imediatamente pegar o gato
alaranjado que foi despejado na propriedade há alguns
meses.

Skye era a garotinha do papai e eu não poderia estar


mais feliz sobre isso. O melhor som era os dois rindo juntos e
eles faziam isso muitas vezes. Era Connor que a colocava
para dormir na maioria das noites e lia para ela uma história,
enquanto Simon ronronava como um motor a jato ao pé da
cama. Eu muitas vezes ficava na porta e os via, com meu
coração explodindo em cada momento por termos sido tão
abençoados.

Connor olharia para mim e sorriria com uma piscadela,


mesmo sem uma pausa em suas palavras enquanto lia. Mas,
ele provavelmente conhecia as histórias de cor porque nunca
se esquecia de nada.

Vic tinha a bola e usou seu corpo maciço para bloquear


Connor de ficar perto dele.

— Seu último nome deveria ser Bricke não a porra de


Gate. — Disse Connor, rindo.

Connor não o perseguiu, Deaglan o fez. O cara tatuado


da cabeça aos pés era ágil e rápido com os pés e, obviamente,
cresceu jogando o esporte. E ele era, provavelmente, o único
que poderia tomar a bola de Vic.

Connor parou para recuperar o fôlego, a mão correndo


por seu cabelo áspero e vi seus olhos irem para Skye. Tudo
em seu corpo relaxou e seus olhos brilhavam com amor. Em
seguida, seu olhar encontrou o meu e ele sorriu e murmurou:

— Amo você, baby.

Eu sorri e soprei-lhe um beijo.

Então meus olhos pegaram o lampejo branco vindo para


o campo de futebol improvisado.

— Foguete. Não! — Eu gritei. Mas era tarde demais.


Foguete se chocou com Connor por trás e o derrubou.
— Oh, merda. — Chess tentou se levantar, mas lutou
com seu estômago que estava muito grande. — Ajuda aqui. —
Georgie ficou de pé, agarrou a mão dela e puxou-a para cima.

Nós todos olhamos como Foguete, em suas três pernas,


corria pelo quintal, indo direto para Kai que atualmente tinha
a bola e estava sozinho. E estava sozinho porque os caras
tinham parado de jogar.

Mas ninguém avisou Kai. Nem mesmo London, que


assistiu com a mão sobre sua boca, abafando o riso.

Foguete baliu.

Todos nós vimos isso acontecer, antes de acontecer. Kai


se virou para olhar por cima do ombro, ao mesmo tempo que
Foguete abaixou a cabeça e bateu-lhe na bunda, derrubando-
o de costas no chão.

— Droga! — Exclamou Georgie. — Ela bateu na sua


bunda.

London, Chess e eu começamos a rir, sem nos


preocuparmos em esconder isso de Kai, que tinha que ter
ouvido.

Mas Foguete ainda não tinha acabado. Ela pegou a bola


ao lado de Kai com os dentes, sacudiu a cabeça para trás e
para a frente como um cão com seu brinquedo favorito e, em
seguida, soltou. A bola foi arremessada pelo ar e todos os
olhos seguiram seu caminho quando ela pousou, quicou uma
vez e subiu direto para o gol.

— Não! — Tyler gritou. — Isso não conta.


— Porra, sim! — Connor gritou e seu punho colidiu com
o de Ernie e Deaglan. Kai se juntou e eles bateram um ao
outro na parte de trás. Havia palavras, mas eu não podia
ouvir o que eles estavam dizendo e isso não importava, eles
estavam sorrindo.

— Isso é besteira. — Disse Tyler. — Estou dizendo que


foi interferência de cabra.

Os caras o ignoraram enquanto se dirigiam para o cooler


amarelo colocado na mesa de piquenique. Deaglan liderou o
caminho com Connor e tinham suas cabeças juntas falando.

Deaglan atualmente estava hospedado no apartamento


do porão, enquanto estivesse aqui e por alguma razão, ele e
Connor se deram bem. Deaglan muitas vezes jantava
conosco, a menos que estivesse ‘ocupado’ de outro modo. E
as meninas que saíam na parte da manhã também eram uma
ocorrência 'muitas vezes'.

— Uh-oh. — Eu murmurei.

As três meninas olharam para mim e Chess disse:

— O quê?

Eu balancei a cabeça para Connor e Deaglan que


estavam curvados, bloqueando o cooler. Connor olhou por
cima do ombro e disse algo para Deaglan que empurrou a
tampa do recipiente de plástico.

— Melhor eles não irem para Kai. — Disse London.

— Não. — Disse Georgie e todas nós dissemos ao mesmo


tempo, ‘Tyler’.
Connor e Deaglan pegaram o cooler e correram para
Tyler, a água e o gelo chapinhando para fora da borda.

— Merda! — Foi tudo que Tyler gerenciou antes do


conteúdo da água gelada ser despejada sobre a sua cabeça.
Ele ficou chocado por um segundo, a água pingando dele, o
gelo em seus pés. As crianças brincando perto do celeiro
gritaram e riram de Tyler, como fizeram os caras, bem, exceto
Vic, mas houve uma contração em seus lábios.

— Venham pegar! — Frank chamou. Ele segurava uma


espátula na mão e virava hambúrgueres na grelha onde a
fumaça flutuava no ar.

Ele insistia na equipe do churrasco a cada ano, mas


quando os caras não estavam no jogo, Deck e Connor
ajudavam e isso era muito especial para assistir porque eram
como irmãos que ajudavam ao seu pai.

Connor correu até o celeiro e pegou Skye. Levou-a como


um saco de batatas por cima do ombro com ela rindo e
gritando, suas pequenas pernas chutando-o no peito. Sorri
quando segui para o churrasco com o resto das meninas.

— Quem é que podemos definir para ficar com Deaglan?


Esse bolinho precisa de uma menina. Quando ele chama você
de querida, nesse delicioso sotaque... — Georgie suspirou.

— Ele tem uma abundância de meninas. — Eu disse,


rindo. — Uma porta rotativa de meninas.

— Exatamente o motivo. — Georgie esmagou os lábios,


como se pensasse na solução para parar essa rotação de
porta. — Uma garota que não vai tomar a sua merda, mas ela
tem que ser doce, também.

Olhei Deaglan, que esguichava ketchup em seu pão de


hambúrguer. Então, minha atenção voltou-se para Vic, que
estava ao lado dele e acenou para algo que Deaglan disse.

— E sobre Vic?

As meninas começaram a rir.

— Eu não acho que qualquer um dos caras funcionará


dessa forma. — London disse, rindo.

— Oh, meu Deus, não quis dizer um para o outro. — Eu


lhe dei um tapa no braço. — Eu quis dizer que Vic precisa de
uma menina, também. Na verdade, nunca o vi com qualquer
garota.

— Isso porque ele as assusta a todas. — Disse Georgie.


—Eu juro que ele tem cadáveres em seu armário.

— Baby. — Connor andou até mim com Skye ao lado


dele, levando-a com um prato de papel com um hambúrguer
cortado em quatro. Não havia condimentos sobre ele porque
Skye gostava de tudo liso. A mão de Connor serpenteou em
torno de minhas costas e me puxou contra ele. — Porra, eu
adoraria afundar dentro de você agora. — Ele rosnou no meu
ouvido, mantendo a voz baixa para Skye não poder ouvir.

— Papai? — Disse Skye, olhando para cima. — Posso ir


comer com Danny e Hope?
— Claro, querida. — Connor respondeu e sua mão
acariciou o topo de sua cabeça. Ela sorriu e saiu correndo, o
hambúrguer precariamente perto de cair de seu prato.

— Você percebe que o humor de Deck vai estragar,


agora que você chutou o seu traseiro? — Georgie disse,
enquanto passava por nós.

Ele riu.

— Quando o seu humor não estraga?

— Quando eu estou de joelhos. — Respondeu ela por


cima do ombro e piscou, enquanto caminhava com London e
Chess para os seus homens e o churrasco.

Revirei os olhos e Connor jogou a cabeça para trás e riu.


Se fosse possível derreter com o amor, eu seria uma poça aos
pés de Connor.

Fiquei na ponta dos pés e coloquei os braços em volta do


seu pescoço. Sua camiseta estava molhada, uma mistura de
suor e água do cooler que tinha parcialmente derramado
sobre ele.

— Eu amo quando você está com a nossa filha.

Ele sorriu, então, inclinou a cabeça e sua boca


reivindicou a minha. Ele foi lento, sensual e completamente
possessivo. E amei cada segundo disso, então cedi contra ele.

Quando ele se afastou, seus olhos brilharam.

— Então, quando você estava pensando em me dizer que


está grávida?
Meus olhos se arregalaram. Merda, como ele sabia? Eu
descobri há três dias, mas queria surpreendê-lo com a notícia
amanhã, depois que tivesse os resultados do teste de sangue
confirmado pelo médico. Eu deveria ter sabido que ele
suspeitava. Connor me observava como um falcão. Sua
superproteção não mudou e eu estava bem com isso, porque
gostava de sua proteção, especialmente se envolvia me
admirar.

Mordi o lábio, enquanto sorria.

— Que tal agora?

— Estou certo? Você está grávida? — Ele perguntou.

— Sim.

— Porra, sim! — Ele gritou. Suas mãos ficaram sob


minha bunda e ele me pegou em seus braços. Eu envolvi
minhas pernas em volta de sua cintura quando ele me virou.
— Nós vamos ter um outro bebê.

Eu teci meus dedos em seu cabelo na parte de trás do


pescoço.

— Sim.

Ele gritou:

— Minha menina está grávida!

Houve aplausos e gritos de parabéns e depois Tyler


disse:

— É seu?

Eu ouvi um estalo de um tapa e depois Tyler dizer:


— O quê?

Connor sorriu e meu peito se encheu de tanto amor por


este homem.

Ele inclinou a cabeça, de modo que sua boca estava


junto ao meu ouvido, em seguida, sussurrou:

— Sem limites, Fotógrafa Dedicada.

Fim
As 19
perguntas
Respostas de Alina.

1) Vampiro ou lobisomem?

Lobisomem.

2) Qual foi a sua coisa favorita para

fazer quando adolescente?

Dançar no telhado da nossa casa.

3) Uma palavra para descrevê-la

que começa com um ‘p’?

Polida.

4) Sua cor favorita?

Azul claro.
5) Como você toma seu café?

Com leite.

6) Que tipo de animal de estimação

ou animais de estimação você já

teve?

Nenhum. Nunca tive um animal de estimação, mas


eu talvez queira um gato.

7) Você já mergulhou com um polar

urso?

De jeito nenhum.

8) Um super poder que você

gostaria de ter?

Invisibilidade.

9) Nadar ou descansar na praia?

Nadar.
10) O que você daria para a sua

família?

Tudo e qualquer coisa.

11) Seu sabor de sorvete favorito?

Doce de leite.

12) Que tipo de pássaro você gostaria

de ser?

Águia careca. Elas são ferozes e são


companheiros para a vida toda.

13) Batatas fritas ou chocolate?

Salgadinhos.

14) Bungee jump ou escalada?

Bungee jump.

15) Flor favorita?

Flores silvestres.

16) O que você já fez de ilegal?

Dirigir um carro antes de eu ter a minha licença.


17) Você quer ter filhos? E, em caso

afirmativo, quantos?

Sim, mas não tenho certeza quantos.

18) Alguém que a ajudaria a

enterrar um corpo?

Porque eu iria enterrar um corpo? Meu irmão,


Juan.

19) Qual é o melhor som do mundo?

Crianças rindo. A risada de Connor.

20) Quer se casar comigo?

SIM.

As respostas de Connor.

1) Vampiro ou lobisomem?

Vampiro.
2) Qual foi o sua coisa favorita para

fazer quando adolescente?

Andar de Motocross(Dirt Biking ou Mountain


Biking).

3) Uma palavra para descrevê-lo

que começa com um ‘p’?


Protetor.

4) Sua cor favorita?

Azul e eu odeio laranja com paixão.

5) Como você toma seu café?

Preto.

6) Que tipo de animal de estimação

ou animais de estimação você já

teve?

Minha irmã teve todos os animais de estimação.

7) Você já mergulhou com um polar

urso?

Eu já. Nu.
8) Uma super poder que você

gostaria de ter?
Invencibilidade.

9) Nadar ou descansar na praia?

Nadar.

10) O que você daria para a sua

família?

Tudo.

11) Seu sabor de sorvete favorito?

Biscoitos e creme.

12) Que tipo de pássaro que você

gostaria de ser?

A grande coruja cinza. Sua presa nunca as ouve


chegando. Silenciosa e mortal.

13) Batatas fritas ou chocolate?

Salgadinhos.

14) Bungee jump ou escalada?

Tanto faz, mas prefiro bungee jumping.


15) Sua flor favorita?

Porra, eu não sei. Algo azul.

16) O que você já fez de ilegal?

Invadi a escola da minha irmã e roubei um


hamster.

17) Você quer ter filhos?

Sim. Três ou quatro.

18) Alguém que o ajudaria a

enterrar um corpo?

Deck.

19) Qual é o melhor som do mundo?

Crianças rindo.

20) Quer se casar comigo?

SIM.
Foguete

A cabra Foguete, é baseada na história verdadeira de


Montague, uma cabra alpina bonita com um início difícil, que
acabou vivendo na minha fazenda de cavalos.

Como Foguete, Montague recusou-se a ficar de fora no


campo com os cavalos e consistentemente saltava cercas ou
abria travas, a fim de ficar com o cão, perto da casa.

Mas um dia, Montague pulou o portão e sua perna da


frente ficou presa entre os trilhos superiores. Sua perna
estava presa em tão má posição, que tivemos que remover os
trilhos a fim de libertá-la.

Felizmente, Montague não perdeu a perna, mas ela


quebrou e teve que usar gesso por seis semanas. Assim que
foi tirado, ela estava de volta saltando cercas.

Montague terminou mais como um cão do que uma


cabra e livremente percorria a propriedade. Ela dormia na
varanda da frente a maior parte do tempo e se alguém
entrasse pela via, ela balia, o cão latia e ambos corriam para
verificar quem estava chegando. E, sim, como Foguete, ela
saltava sobre capôs de carros e ousava chutar você.

Oh e o deleite preferido de Montague era batatas fritas.

Espero que tenham gostado Perfect Rage. Muito


obrigado por ler a série Unyielding. Se você tem um momento,
por favor deixe um comentário sobre a plataforma onde
comprou o livro. Eu adoraria saber se há um personagem que
você gostaria de ler mais sobre! Os seus comentários e notas
são apreciados e extremamente úteis.

Saúde,

Nash xo
Muitas vezes uma canção ressoa em sua cabeça ao
escrever um livro.

Para Perfect Rage é uma canção incrível da banda de


rock canadense Marianas Trench.

‘Ever After’

Obrigada, Marianas Trench!


Agradecimentos

Há muitas pessoas envolvidas em trazer um livro para a


vida e estou muito grata por cada uma que me ajudou de sua
própria maneira individual.

Um agradecimento especial para Tom Churchill, um


aposentado da Marinha dos EUA, que graciosamente teve
tempo para responder às minhas inúmeras perguntas sobre
os militares. Tomei algumas liberdades com a história,
embora ele me dissesse que, oficialmente, ‘nunca iria
acontecer’ mesmo que eu dissesse à ele ‘mas tem que’.
Qualquer discrepância em relação aos militares é somente
minha culpa.

Susan, obrigada por colocar-se com os meus e-mails


aleatórios de cenas não editadas. Sua entrada foi muito
necessária como você sabe e eu aprecio tudo que você faz
para mim.

Midian, um leitor beta extraordinário. Você sabe como


isso é certo, porque você está lá por mim, com cada livro que
escrevo. Você é uma verdadeira jóia e minha motivação
constante para ter sempre uma heroína 'simpática'.

Yaya, a minha arma secreta. Você sempre me dá a linha


reta e eu amo isso. Obrigada por estar comigo e continuar a
ser a minha arma secreta, um amiga e grande incentivadora.

Jill, seus comentários e sugestões são super! Obrigada


por se juntar à equipe.
Debra do The Book Enthusiast Promotions, você é
incrível. Acho que já disse isso antes, mas todo mundo
precisa saber isso. Lançar um novo livro é enorme e há muita
coisa para pensar e fazer. Mas eu nunca tenho que me
preocupar com nada quando entrego as rédeas da liberação
do meu livro para você. Tudo é tão organizado e eu amo que
você me mantenha atualizada, deixando-me saber o que está
acontecendo para que eu possa navegar facilmente no que
preciso fazer.

Louisa, esta capa... é brilhante! Ela retrata Connor e a


história perfeitamente. Eu não saberia como fazê-lo.
Obrigada!

Obrigada Stacey, por seus toques finais que fizeram este


livro parece tão malditamente bonito e Elaine pela captura
dos pequenos erros incômodos! Amo vocês duas.

Eu estou honrada por ter tantas pessoas maravilhosas


me apoiando. Os blogueiros que consistentemente divulgam
os meus livros, os fãs que motivam-me a empurrar e passar
os obstáculos que surgem durante a escrita de um livro e
aqueles que eu conheci on-line e considero amigos.

Obrigado do fundo do meu coração.

Alguns que eu gostaria de mencionar: Jenny e Gitte,


Totally Booked, Lana, Dirty Girl Romance, Lisa, The Rock
Stars of Romance, Sarah, Sarit, Miki, Pnina, Lital, Lin, Sally,
Aliana, Loyda e todos os Shh... meninas em Goodreads,
Snow, minha irmã Music, os Unyielding Tear Asunder Babes
e tantos mais !!!
Obrigada ao meu agente, Mark Gottlieb e Trident Media
Group, por todo o apoio e trabalho duro.

Hot Tree Editing, Becky e Donna, obrigada por todas as


suas sugestões e comentários. Seu trabalho duro é mostrado
através das inúmeras linhas em vermelho, lol. Como sempre,
você faz um trabalho fantástico!

The Romantic Editor, Kristin, eu fiz isso! Nossas muitas


conversas no Skype, e-mails e PMs intermináveis e
finalmente estamos aqui. Eu não teria feito esse
reconhecimentos sem você!

Tenho a melhor família de SEMPRE! Obrigada pela


compreensão quando eu desapareci na minha ‘caverna da
escrita’, mesmo quando em férias. Eu amo vocês!
Sobre a autora

Nashoda Rosa é um autora best-seller do New York


Times e EUA Today, que vive em Toronto com sua variedade
de animais de estimação. Ela escreve romance
contemporâneo com um toque de escuridão ou talvez seja
apenas um maremoto.

Quando não está escrevendo, ela pode ser encontrada


sentada em um campo de leitura, com seus cães ao seu lado,
enquanto seus cavalos pastam nas proximidades. Ela adora
interagir com seus leitores e conversar sobre seu vício de
livros.

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