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Eliza Lemos | 61984133325 | eliza.v.lemos@gmail.

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CURSO MEGE

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Material: Rodada 02 (ECA)
Turma: MP-CE (Reta Final)

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RODADA 02
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(ECA)
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É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DA RODADA

DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – Professor Edison Ponte Burlamaqui

Ato infracional

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1. DOUTRINA (RESUMO) e LEGISLAÇÃO

1.1. DA PRÁTICA DE ATO INFRACIONAL

1.1.1. DISPOSIÇÕES GERAIS

Definição de Ato Infracional - O ato infracional corresponde a toda conduta prevista


como CRIME OU CONTRAVENÇÃO praticada por criança ou por adolescente (art. 103 do ECA).
Natureza Jurídica do Ato Infracional - Trata-se de categoria jurídica própria,
autônoma em relação a crimes e contravenções. Entretanto, a doutrina entende que é uma
categoria que pertence ao gênero dos delitos.
Inimputabilidade Penal do Menor:

Art. 228 da CF - São penalmente inimputáveis os menores de dezoito


(18) anos, sujeitos às normas da legislação especial.
5
Art. 27 do CP - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente
7
3-

inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação


3
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especial.
1.

Art. 104 do ECA - São penalmente inimputáveis os menores de dezoito


54

(18) anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei.


5.
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Momento da Aferição da Idade Considerada - art. 104, parágrafo único do ECA - Para
os efeitos desta Lei, deve ser considerada a idade do adolescente À DATA DO FATO.
Tempo do Ato Infracional - Quanto ao tempo em que o ato é praticado (fato), aplica-
se a mesma teoria do CP, ou seja, a TEORIA DA ATIVIDADE. Assim, considera-se praticado o
ato no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o do resultado.
Aplicação de Medida Socioeducativa Após a Maioridade - Segundo o STJ, se à época
do fato o adolescente tinha menos de 18 anos, nada impede que permaneça no cumprimento
de medida socioeducativa imposta, ainda que implementada sua maioridade civil. É o que
determina, aliás, o art. 2º, parágrafo único, do próprio ECA: “Nos casos expressos em lei,
aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de
idade”.

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#VAICAIRNOMPCE Súmula 605 do STJ - A superveniência da


maioridade penal não interfere na apuração de ato infracional nem
na aplicabilidade de medida socioeducativa em curso, inclusive na
liberdade assistida, enquanto não atingida a idade de 21 anos.

Penalidades Aplicadas para as CRIANÇAS Infratoras - art. 105 do ECA - Ao ato


infracional praticado por crianças se aplicam as medidas previstas no art. 101 do ECA
(MEDIDAS DE PROTEÇÃO).
Visto o exposto, a criança também pratica ato infracional, mas a elas não são
aplicáveis medidas socioeducativas, apenas medidas de proteção.
Medida de Proteção Vs. Medida Socioeducativa:

- Medida de Proteção - A medida de proteção é aplicável à criança ou


adolescente, sempre que verificada hipótese de lesão ou ameaça de
5
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lesão a seus direitos, ou seja, em situação de risco. Estas estão
3-

previstas no art. 101 do ECA, em rol exemplificativo (numerus apertus).


4
46

Ressalta-se que, conforme visto acima, estas também são aplicáveis à


1.

criança que pratica ato infracional.


54

- Medida Socioeducativa - A medida socioeducativa é aplicável ao


5.
04

adolescente que pratica ato infracional análogo a crime ou


contravenção. Suas modalidades estão previstas nos incisos I a VI, do
art. 112 do ECA, cujo rol é taxativo (numerus clausus).

Sujeitos do Tratamento do Ato Infracional:

Criança - art. 105 do ECA - Nesse caso o tratamento será EXCLUSIVAMENTE


PROTETIVO. Assim, a criança é absolutamente inimputável (insuscetível de responsabilidade).
Como já visto é sujeita apenas às medidas de proteção e não às medidas socioeducativas.
Assim, quando a criança for autora de ato infracional se aplicam a ela as medidas de
proteção (art. 101 do ECA), independente da gravidade do fato ou das consequências.
Adolescente - Este será submetido à responsabilidade socioeducativa através das
MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS do art. 112 e ss. do ECA.

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- Adolescentes "Imputáveis" - São aqueles que possuem


discernimento normal sobre os atos ilícitos.

- Adolescentes "Inimputáveis" - São aqueles que possuem doenças


mentais, problemas de retardamento mental ou perturbações
decorrentes do uso de drogas etc.

Tratamento Individual e Especializado aos Adolescentes "Inimputáveis" - art. 112,


§ 3º do ECA - Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental receberão
tratamento individual e especializado, em local adequado às suas condições.
Diretrizes (Princípios) das Medidas Socioeducativas:

- Legalidade Estrita - As medidas socioeducativas dependem de


previsão legal específica. Dessa forma, só podem ser aplicadas aquelas
já previstas e do modo como se encontram disciplinadas. 5
7
- Excepcionalidade das Medidas Restritivas de Liberdade - Dentro do
3-

5
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sistema deve-se priorizar a aplicação das medidas de meio aberto.


1.

Assim, as medidas privativas de liberdade só são impostas em último


54

caso.
5.

- Proporcionalidade das Medidas - As medidas só podem ser aplicadas


04

se forem proporcionais às consequências e circunstâncias do fato e à


capacidade de cumprimento do adolescente.

- Princípio da Cumulatividade - Segundo esse princípio, é possível ao


juiz a aplicação de mais de uma medida de forma cumulativa.

- Substitutividade - Segundo essa diretriz, as medidas impostas podem


ser revistas, podendo outras ser aplicadas em seu lugar em caso de
insuficiência ou desnecessidade da medida anterior.

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1.1.2. DIREITOS INDIVIDUAIS DOS MENORES

Requisitos da Apreensão (Direito de Liberdade) - art. 106 do ECA - Nenhum


adolescente será privado de sua liberdade SENÃO EM FLAGRANTE DE ATO INFRACIONAL OU
POR ORDEM ESCRITA E FUNDAMENTADA DA AUTORIDADE JUDICIÁRIA competente.
Direito de Identificação da Autoridade Coatora - art. 106, parágrafo único do ECA -
O adolescente tem direito à identificação dos responsáveis pela sua apreensão, devendo ser
informado acerca de seus direitos.
Apresentação do Menor - O adolescente apreendido em razão de ORDEM JUDICIAL
deve ser apresentado à AUTORIDADE JUDICIÁRIA (art. 171 do ECA). Já o adolescente
apreendido em FLAGRANTE de ato infracional deve ser encaminhado à AUTORIDADE POLICIAL
com atribuição para lavrar a ocorrência (art. 172 do ECA).
Comunicação da Apreensão e do Local Onde se Encontra - art. 107 do ECA - A
apreensão de qualquer adolescente e o local onde se encontra recolhido serão incontinenti
7 5
comunicados à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por
3-

6
46

ele indicada.
1.

Liberdade Imediata - art. 107, parágrafo único do ECA - Examinar-se-á, desde logo e
54

sob pena de responsabilidade, a possibilidade de liberação imediata.


5.

O adolescente pode ser liberado quando sua apreensão tiver sido ilegal, ou quando,
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apreendido em flagrante de ato infracional, possa ser reintegrado à família (art. 174 do ECA).
Prazo Máximo de Internação Provisória - art. 108 do ECA - A internação, antes da
sentença, pode ser determinada pelo prazo máximo de QUARENTA E CINCO (45) DIAS.
#VAICAIRNOMPCE Requisitos para Internação Provisória - art. 108, parágrafo único
do ECA - A decisão deverá ser fundamentada e basear-se em indícios suficientes de autoria e
materialidade, DEMONSTRADA A NECESSIDADE IMPERIOSA DA MEDIDA.
Ressalta-se que a gravidade em abstrato do ato infracional não é motivação idônea
para fundamentar o decreto de apreensão provisória do adolescente (STJ).
Prazo Máximo para Conclusão do Procedimento com Adolescente Internado
Provisoriamente - art. 183 do ECA - O prazo máximo e improrrogável para a conclusão do
procedimento, estando o adolescente internado provisoriamente, será de QUARENTA E
CINCO (45) DIAS.

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Inobservância do Prazo - Sua não colocação em liberdade no final desses prazos


constitui constrangimento ilegal, sendo sanável por meio de HC.
Improrrogabilidade do Prazo - Segundo o STJ e o STF, esses prazos são
improrrogáveis, independentemente da fase em que se encontrar o processo de apuração do
ato infracional.
Dessa forma, no processo do ECA, não é aplicável a Súmula 52 do STJ, que afirma que
encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento ilegal por
excesso de prazo.
Impossibilidade de Identificação Compulsória do Civilmente Identificado - art. 109
do ECA - O adolescente civilmente identificado não será submetido a identificação
compulsória pelos órgãos policiais, de proteção e judiciais, salvo para efeito de confrontação,
havendo dúvida fundada.
Impossibilidade de Transporte do Adolescente em Veículo Fechado, em Condições 5
Indignas ou de Risco - art. 178 do ECA - O adolescente a quem se atribua autoria de ato
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3-

infracional não poderá ser conduzido ou transportado em compartimento fechado de veículo


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policial, em condições atentatórias à sua dignidade, ou que impliquem risco à sua integridade
1.

física ou mental, sob pena de responsabilidade.


54

Impossibilidade de Cumprimento da Internação em Estabelecimento Prisional - art.


5.

185 do ECA - A internação, decretada ou mantida pela autoridade judiciária, NÃO PODERÁ
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SER CUMPRIDA EM ESTABELECIMENTO PRISIONAL.

- Inexistência de Estabelecimento Adequado - § 1º Inexistindo na


comarca entidade com as características definidas no art. 123, o
adolescente deverá ser IMEDIATAMENTE TRANSFERIDO PARA A
LOCALIDADE MAIS PRÓXIMA.

- Impossibilidade de Transferência Imediata - § 2º Sendo impossível a


pronta transferência, o adolescente aguardará sua remoção em
repartição policial, desde que em seção isolada dos adultos e com
instalações apropriadas, NÃO PODENDO ULTRAPASSAR O PRAZO
MÁXIMO DE CINCO (5) DIAS, sob pena de responsabilidade.

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1.1.3. GARANTIAS PROCESSUAIS

Devido Processo Legal - art. 110 do ECA - Nenhum adolescente será privado de sua
liberdade sem o devido processo legal.
Garantias - art. 111 do ECA - São asseguradas ao adolescente, entre outras, as
seguintes garantias (rol exemplificativo):

I - pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional,


mediante citação ou meio equivalente;

II - igualdade na relação processual, podendo confrontar-se com


vítimas e testemunhas e produzir todas as provas necessárias à sua
defesa;

III - defesa técnica por advogado;


5
IV - assistência judiciária gratuita e integral aos necessitados, na forma
7
3-

da lei;
8
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V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade competente;


1.

VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável em


54

qualquer fase do procedimento.


5.
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Direito de Ser Ouvido Pessoalmente na Hipótese de Regressão da Medida - A


regressão da medida constitui na substituição de uma medida mais branda por uma mais
gravosa em razão de descumprimentos reiterados da medida anteriormente imposta.

#VAICAIRNOMPCE Súmula 265 do STJ - É necessária a oitiva do menor


infrator antes de decretar-se a regressão da medida sócio-educativa.

#VAICAIRNOMPCE Confissão do Adolescente e Impossibilidade de Desistência de


Provas - Súmula 342 do STJ - No procedimento para aplicação de medida sócio-educativa, é
nula a desistência de outras provas em face da confissão do adolescente.
Dessa forma, a confissão do adolescente não pode ser o único meio de prova para
lhe impor medida socioeducativa. Compete ao MP provar devidamente a autoria e a
materialidade do ato infracional.

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1.1.4. MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS

1.1.4.1. Disposições Gerais

Conceito - É uma medida sancionatória que encerra um programa de caráter


proeminentemente pedagógico, imposta obrigatoriamente ao adolescente, autor de ato
infracional, com a finalidade de reorganizar seus valores pessoais, sem prejuízo de ser uma
resposta à violação da ordem com caráter preventivo.
Objetivos das Medidas Socioeducativas:

i) Responsabilização do adolescente quanto às consequências lesivas


do ato infracional, sempre que possível incentivando sua reparação;

ii) Integração social e garantia de seus direitos individuais e sociais por


meio do cumprimento de seu plano individual de atendimento; e

iii) Desaprovação da conduta infracional.


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3-

Espécies de Medidas Socioeducativas - art. 112 do ECA - Verificada a prática de ato 9


46

infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas (rol


1.
54

taxativo):
5.

I - advertência;
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II - obrigação de reparar o dano;

III - prestação de serviços à comunidade;

IV - liberdade assistida;

V - inserção em regime de semi-liberdade;

VI - internação em estabelecimento educacional;

VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.

Condições de Aplicação das Medidas Socioeducativas - art. 112, § 1º do ECA - A


medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua CAPACIDADE DE CUMPRI-LA, as
CIRCUNSTÂNCIAS e a GRAVIDADE DA INFRAÇÃO.

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Vedação ao Trabalho Forçado - art. 112, § 2º do ECA - Em hipótese alguma e sob


pretexto algum, será admitida a prestação de trabalho forçado.
Tratamento Especial ao Adolescente Deficiente ou Doente - art. 112, § 3º do ECA -
Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental receberão tratamento individual
e especializado, em local adequado às suas condições.
Cumulação e Substituição das Medidas - É perfeitamente possível a cumulação de
medidas socioeducativas e de proteção a um adolescente, com base nos arts. 113 e 99 do ECA.
As medidas também podem ser substituídas a qualquer tempo (art. 113 cc. 99 do
ECA). Nesse caso, em atenção ao contraditório, deve-se dar a oportunidade de o adolescente
e seu defensor público (ou advogado) se manifestarem acerca da pertinência e adequação da
substituição da medida.
Requisitos para Imposição das Medidas de Reparação do Dano, Prestação de
Serviços, Liberdade Assistida, Semi-liberdade ou Internação - art. 114 do ECA - A imposição5
das medidas previstas nos incisos II a VI do art. 112 pressupõe a existência de PROVAS
7
3-

SUFICIENTES DA AUTORIA E DA MATERIALIDADE DA INFRAÇÃO, ressalvada a hipótese de


10
46

remissão, nos termos do art. 127.


1.

Aplicação da Advertência - parágrafo único - A advertência poderá ser aplicada


54

sempre que houver PROVA DA MATERIALIDADE E INDÍCIOS SUFICIENTES DA AUTORIA.


5.

Remissão - A remissão é uma forma de perdão concedido ao adolescente, que não


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tem antecedentes, não implicando no reconhecimento ou na comprovação da


responsabilidade. Isso significa que não se atribui propriamente o ato ao adolescente; opta-
se por não verificar tais questões. Daí a possibilidade de cumulação da remissão com uma
medida socioeducativa diversa da colocação em regime de semiliberdade ou internação.
Prescrição das Medidas Socioeducativas - Súmula 338 do STJ - A prescrição penal é
aplicável nas medidas sócio-educativas.

Forma de Cálculo da Prescrição - O STJ não se utiliza dos prazos estabelecidos para
os crimes (ex.: homicídio, roubo, tráfico de drogas) nas leis penais, ou seja, não são utilizados
os prazos previstos como pena máxima. A Corte se vale da tabela de contagem de prazos da
parte geral do CP, com o tempo de cumprimento da medida socioeducativa previsto no
estatuto.

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Assim, para o cálculo da prescrição da medida socioeducativa, deve-se analisar o


tempo de cumprimento da medida imposto na sentença, sendo consultada a tabela do art.
109 do CP para se verificar a efetiva ocorrência da prescrição.
Ressalta-se que a tabela do art. 109 do CP é aplicável tanto para as medidas privativas
de liberdade como para as restritivas de direito.
Redução do Prazo Prescricional - Segundo o art. 115 do CP, são reduzidos de metade
(1/2) os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 anos.
Dessa forma, no âmbito no ECA, esta diminuição será sempre aplicada.
Prazo Prescricional da Medida de Semiliberdade e de Internação - No caso das
medidas de semiliberdade e internação, não se estabelece prazo fixo para o cumprimento da
medida, podendo variar do mínimo de 6 meses ao máximo de 3 anos. Assim, para o cálculo
da prescrição, é utilizado o prazo máximo de 3 anos, que importa em prazo prescricional de 8
anos. Reduzido à metade, tem-se que o prazo prescricional das medidas privativas de 5
liberdade é de 4 anos.
7
3-

11
46

1.1.4.2. Advertência
1.

Advertência - art. 115 do ECA - Corresponde à repreensão verbal feita pelo juiz ao
54

adolescente em audiência, depois tomada por termo assinado pelos presentes. Esta medida
5.

é empregada nas situações de ato infracional de pequeno potencial ofensivo.


04

1.1.4.3. Obrigação de Reparar o Dano

Reparar o Dano - art. 116 do ECA - Em se tratando de ato infracional com reflexos
patrimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso, que o adolescente restitua a
coisa, promova o ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da vítima.
Assim, consiste na imposição ao adolescente da obrigação de reparar o dano
ocasionado à vítima, em decorrência da prática do ato infracional. Esta responsabilidade só se
tornará viável na hipótese de o incapaz possuir patrimônio próprio, pois ele é o responsável
pela reparação do dano e não seus pais ou responsáveis.
Modos de Aplicação da Medida:

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i) Indenização em pecúnia;

ii) Restituição da coisa (quando possível); e

iii) Imposição de providência compensatória em relação ao dano (ex.:


prestação de serviço diretamente à vítima para compensá-la).

Impossibilidade de Reparação - parágrafo único - Havendo manifesta


impossibilidade, a medida poderá ser substituída por outra adequada.

1.1.4.4. Prestação de Serviços à Comunidade

Prestação de Serviços à Comunidade - art. 117 do ECA - Consiste na imposição ao


adolescente do dever de prestar atividade laborativa gratuita em favor de entidade pública
ou privada que tenha suas atividades na área da educação, saúde, atendimento social etc.
Objetivo - Tem o objetivo principal de restabelecer no adolescente os seus vínculos
5
7
com determinados valores sociais.
3-

Duração da Medida - Esta irá perdurar por no MÁXIMO de 6 meses.


12
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Carga Horária Máxima - A medida somente pode ser imposta por 8 HORAS
1.

SEMANAIS.
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Dias de Jornada - Deve ser implementada aos sábados, domingos e feriados, ou em


5.

dias úteis, de modo a não prejudicar a frequência à escola ou à jornada normal de trabalho.
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Tipo de Atividade - Serviços compatíveis com suas aptidões em entidades


assistenciais públicas ou privadas.

1.1.4.5. Liberdade Assistida

Liberdade Assistida - arts. 118 e 119 do ECA - Consiste no acompanhamento e


orientação do autor do ato infracional por um orientador de confiança do juízo, durante o
tempo em que esta alternativa pareça indispensável.
Prazo Mínimo - A liberdade assistida será fixada pelo prazo MÍNIMO DE SEIS (6)
MESES, podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por outra
medida, ouvido o orientador, o Ministério Público e o defensor.

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Prazo Máximo - Conforme entendimento do STJ, na falta de previsão específica de


prazo máximo de cumprimento da liberdade assistida, aplica-se a regra da internação, que
fixa em 3 anos o prazo máximo de cumprimento de medida socioeducativa.
Atividade do Orientador - art. 119 do ECA - Incumbe ao orientador, com o apoio e a
supervisão da autoridade competente, a realização dos seguintes encargos, entre outros:

I - promover socialmente o adolescente e sua família, fornecendo-lhes


orientação e inserindo-os, se necessário, em programa oficial ou
comunitário de auxílio e assistência social;

II - supervisionar a frequência e o aproveitamento escolar do


adolescente, promovendo, inclusive, sua matrícula;

III - diligenciar no sentido da profissionalização do adolescente e de


sua inserção no mercado de trabalho; 5
7
IV - apresentar relatório do caso. Este deve orientar, acompanhar e
3-

promover o adolescente. 13
46
1.

Requisitos para ser Orientador - O orientador deve ser uma pessoa maior, capaz e
54

idônea, não havendo quaisquer outros requisitos.


5.
04

1.1.4.6. Regime de Semiliberdade

Inserção em Regime de Semiliberdade - art. 120 do ECA - É medida em que o juiz


impõe ao adolescente sua inserção em estabelecimento adequado, onde ele permanecerá
recluso, podendo sair apenas, sem autorização, para trabalho e estudo, devendo retornar
depois para ali permanecer inclusive em fins de semana.
Aplicação - Esta medida é justificada quando existe uma vida infracional intensa e
uma inviabilidade das outras medidas.
Hipóteses Legais de Utilização:

i) Como medida inicial; e

ii) Como passagem (transição) para medida de meio aberto. Dessa


forma, é medida intermediária de saída da internação.

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Prazos - Esta medida não comporta prazo determinado aplicando-se, no que couber,
as disposições relativas à internação. Dessa forma, o prazo MÁXIMO SERÁ DE 3 ANOS.

#VAICAIRNOMPCE Semiliberdade Vs. Internação:

Semelhanças:

i) Ambas importam em cerceamento da liberdade do adolescente; e

ii) Ambas são fixadas sem prazo determinado. O adolescente é


periodicamente avaliado para verificar a possibilidade de substituição
de sua medida socioeducativa por outra mais branda ou mesmo a
extinção definitiva do seu cumprimento.

Diferenças:

i) Na semiliberdade há busca pela escolarização e a profissionalização,


5
através da formação estudantil e profissional, que ocorre durante o
7
3-

dia. Já na internação, como o adolescente cumpre a medida em


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46

entidade, a escolarização e a profissionalização são ali prestadas,


1.

sendo obrigatória a participação nas atividades pedagógicas; e


54

ii) A semiliberdade é utilizada como forma de transição do adolescente


5.

para o meio aberto. Já a internação é aplicada como medida extrema


04

para hipóteses de ato infracional praticado com violência ou grave


ameaça, reiteração no cometimento de infrações graves ou
descumprimento reiterado e injustificável de medida anterior.

#VAICAIRNOMPCE Autorização Judicial para Realização de Atividades Externas na


Semiliberdade - A vedação de realização de atividades externas e de visitação à família
depende de fundamentação expressa e razoável do juízo (STF).
Idade para Liberação Compulsória - Conforme afirmado anteriormente o
adolescente está sujeito à aplicação das medidas socioeducativas até completar 21 anos (STF).
Requisitos para Aplicação da Semiliberdade - A imposição da medida socioeducativa
de semiliberdade deve ser devidamente fundamentada e não está pautada pelos requisitos
da medida extrema de internação.

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1.1.4.7. Internação

Internação em Estabelecimento Educacional - art. 121 e ss. do ECA e art. 227 da CF


- A internação constitui medida privativa da liberdade (reclusão), sujeita aos princípios da
brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.
#VAICAIRNOMPCE Princípios da Medida de Internação:

- Excepcionalidade - A medida de internação só pode ser utilizada


quando não for cabível nenhuma outra medida mais adequada ao
caso.

- Brevidade - A internação deve ser extinta ou substituída por medida


não privativa de liberdade o mais brevemente possível, não sendo
viável o seu prolongamento por período indeterminado.
5
- Respeito à Condição Peculiar - A medida deve respeitar a dignidade
7
do adolescente e sua condição peculiar. Dessa forma, o adolescente
3-

15
46

só terá restrições naquilo determinado especificamente pela


1.

sentença.
54

Atividades Externas - § 1º Será permitida a realização de atividades externas, a


5.

critério da equipe técnica da entidade, SALVO EXPRESSA DETERMINAÇÃO JUDICIAL EM


04

CONTRÁRIO.
Dessa forma, é possível que o juiz ressalve a saída à sua própria autorização, desde
que tal decisão seja devidamente fundamentada.
Ressalta-se que esta decisão poderá ser revista a qualquer tempo pela autoridade
judiciária (art. 121, § 7º do ECA).
Prazo de Duração e Reavaliação da Medida - art. 121, § 2º do ECA - A medida não
comporta prazo determinado, devendo sua manutenção ser reavaliada, mediante decisão
fundamentada, NO MÁXIMO A CADA SEIS (6) MESES.
Parecer Opinativo das Equipes Técnicas - Segundo o STJ, o magistrado não se
encontra vinculado ao parecer exarado por equipes médicas, psicológicas ou pedagógicas.

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Prazo Máximo de Duração da Medida - art. 121, § 3º do ECA - Em nenhuma hipótese


o período máximo de internação excederá a TRÊS (3) ANOS.
Decurso do Prazo Máximo da Medida - art. 121, § 4º do ECA - Atingido o limite
estabelecido no parágrafo anterior, o adolescente deverá ser liberado, colocado em regime
de semiliberdade ou de liberdade assistida.
Prazo Máximo no Caso de Regressão - art. 122, § 1º do ECA - No caso de regressão o
prazo máximo da medida de internação será de 3 MESES.
Idade Máxima para Internação - art. 121, § 5º do ECA - A liberação será compulsória
aos VINTE E UM (21) ANOS DE IDADE.
Segundo o STJ, a idade de 21 anos é aplicável também no caso de adolescente que
sofre de distúrbios psiquiátricos. Para o tribunal o critério estabelecido é objetivo, não se
podendo impor outros requisitos de ordem subjetiva para a não desinternação da pessoa.
Desinternação - art. 121, § 6º do ECA - Em qualquer hipótese a desinternação será5
precedida de autorização judicial, ouvido o Ministério Público.
7
3-

Hipóteses de Aplicação da Medida (excepcionalidade) - art. 122 do ECA - A medida


16
46

de internação só poderá ser aplicada quando (rol taxativo):


1.
54

I - TRATAR-SE DE ATO INFRACIONAL COMETIDO MEDIANTE GRAVE AMEAÇA OU


5.

VIOLÊNCIA A PESSOA (ex.: Homicídio, Roubo, Latrocínio etc.);


04

Segundo a doutrina e jurisprudência, mesmo que as condutas sejam apenas tentadas


aplica-se a medida socioeducativa.
Ressalta-se que existem crimes hediondos e graves que não são praticados mediante
violência ou grave ameaça. Nesses casos não se aplica a medida. Assim, a gravidade do fato,
do ponto de vista da legislação penal, é irrelevante. Dessa forma, segundo o STJ e STF, em
regra, não é cabível a medida de internação no caso de tráfico de drogas, quando o
adolescente for primário, por não haver violência ou grave ameaça.

#VAICAIRNOMPCE Súmula 492 STJ - O ato infracional análogo ao


tráfico de drogas, por si só, não conduz obrigatoriamente à
imposição de medida socioeducativa de internação do adolescente.

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II - POR REITERAÇÃO NO COMETIMENTO DE OUTRAS INFRAÇÕES GRAVES;

Conforme o entendimento mais atual do STJ, para se configurar a reiteração na


prática de atos infracionais graves, NÃO SE EXIGE A PRÁTICA DE, NO MÍNIMO, TRÊS
INFRAÇÕES DESSA NATUREZA, bastando a prática de duas infrações a depender do caso. No
mesmo sentido, de acordo com a jurisprudência do STF, não existe fundamento legal para
essa exigência. O aplicador da lei deve analisar e levar em consideração as peculiaridades de
cada caso concreto para uma melhor aplicação do direito. Assim, o magistrado deve apreciar
as condições específicas do adolescente – meio social onde vive, grau de escolaridade, família
– dentre outros elementos que permitam uma maior análise subjetiva do menor.

#VAICAIRNOMPCE III - POR DESCUMPRIMENTO REITERADO E INJUSTIFICÁVEL DA


MEDIDA ANTERIORMENTE IMPOSTA (REGRESSÃO).

Prazo Máximo da Internação por Regressão - § 1º - O prazo de internação na


7 5
3-

hipótese do inciso III deste artigo não poderá ser superior a três (3) meses.
17
46

Necessidade de Oitiva do Menor - Súmula 265 do STJ - É necessária a oitiva do menor


1.

infrator antes de decretar-se a regressão da medida sócio-educativa.


54

Subsidiariedade da Medida - art. 122, § 2º do ECA - Em nenhuma hipótese será


5.

aplicada a internação, havendo outra medida adequada.


04

O STF determina que a medida de internação não será aplicada quando outra medida
se mostrar adequada à ressocialização do adolescente.
Substituição da Medida de Semiliberdade por Internação - Conforme se depreende
da leitura do ECA, a medida de internação não é obrigatória, nem mesmo nos casos do art.
122 do ECA. Dessa forma, o juiz pode determinar, caso entenda cabível, uma medida de
semiliberdade. Nesse caso, o juiz não poderá realizar a substituição desta por uma medida de
internação caso venha, posteriormente, a entender que a medida de semiliberdade é
insuficiente. Tal substituição somente poderá ocorrer em caso de regressão.
Assim, o STF entende que a possibilidade de substituição de medidas (art. 113 do
ECA) aplica-se somente para as medidas de proteção. No caso das medidas socioeducativas a
substituição para medida mais grave poderá ocorrer apenas no caso de regressão por
descumprimento da medida aplicada.

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Cumprimento da Internação em Local Específico para Adolescente - art. 123 do ECA


- A internação deverá ser cumprida em entidade exclusiva para adolescentes, em local distinto
daquele destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade, compleição
física e gravidade da infração.
Obrigatoriedade de Atividades Pedagógicas - parágrafo único - Durante o período
de internação, inclusive provisória, serão obrigatórias atividades pedagógicas.
Impossibilidade de Cumprimento em Estabelecimento Penal - Não é admitido o
cumprimento em estabelecimento penal, ainda que segregado.
Direitos do Adolescente Privado de Liberdade - art. 124 do ECA - São direitos do
adolescente privado de liberdade, entre outros (rol exemplificativo), os seguintes:

I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do Ministério


Público;

II - peticionar diretamente a qualquer autoridade;


7 5
3-

III - avistar-se reservadamente com seu defensor;


18
46

IV - ser informado de sua situação processual, sempre que solicitada;


1.
54

V - ser tratado com respeito e dignidade;


5.

VI - permanecer internado na mesma localidade ou naquela mais


04

próxima ao domicílio de seus pais ou responsável;

VII - receber visitas, ao menos, semanalmente;

VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos;

IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio pessoal;

X - habitar alojamento em condições adequadas de higiene e


salubridade;

XI - receber escolarização e profissionalização;

XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer;

XIII - ter acesso aos meios de comunicação social;

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XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e desde que


assim o deseje;

XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de local seguro


para guardá-los, recebendo comprovante daqueles porventura
depositados em poder da entidade;

XVI - receber, quando de sua desinternação, os documentos pessoais


indispensáveis à vida em sociedade.

É proibida a Incomunicabilidade do Adolescente - art. 124, § 1º do ECA - Em nenhum


caso haverá incomunicabilidade.
Suspensão da Visitação - art. 124, § 2º do ECA - A autoridade judiciária poderá
suspender temporariamente a visita, inclusive de pais ou responsável, se existirem motivos
sérios e fundados de sua prejudicialidade aos interesses do adolescente. 5
Responsabilidade do Estado na Internação - art. 125 do ECA - É dever do Estado zelar
7
3-

pela integridade física e mental dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas adequadas de
19
46

contenção e segurança.
1.

Princípio da Insignificância - Segundo STF, o princípio da insignificância PODERÁ SER


54

APLICADO NO ÂMBITO DO ECA, DESDE QUE PREENCHIDOS SEUS REQUISITOS.


5.

Em caso de ato infracional praticado com violência ou grave ameaça ou quando há


04

reiteração da conduta infracional, o STJ não admite a aplicação do princípio da insignificância.


Ressalta-se que, segundo o art. 112 do ECA, também poderá ser aplicada qualquer
uma das medidas previstas no art. 101, I a VI, do ECA (medidas de proteção) ao adolescente
que pratica ato infracional.

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JURISPRUDÊNCIA

JULGADOS DO STF

INFORMATIVO 772 - Medidas Socioeducativas

Não é possível aplicar nenhuma medida socioeducativa que prive a liberdade do


adolescente (internação ou semiliberdade) caso ele tenha praticado um ato infracional
análogo ao delito do art. 28 da Lei de Drogas. Isso porque o art. 28 da Lei 11.343/2006 não
prevê a possibilidade de penas privativas de liberdade caso um adulto cometa esse crime.
STF. 1ª Turma. HC 119160/SP, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 9/4/2014 (Info 742). STF.
2ª Turma. HC 124682/SP, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 16/12/2014 (Info 772).
7 5
3-

INFORMATIVO 779 - Cumprimento de Medida Socioeducativa


20
46

O parecer psicossocial não possui caráter vinculante e representa apenas um elemento


1.

informativo para auxiliar o magistrado na avaliação da medida socioeducativa mais


54

adequada a ser aplicada. A partir dos fatos contidos nos autos, o juiz pode decidir
5.

contrariamente ao laudo com base no princípio do livre convencimento motivado. STF. 1ª


04

Turma. RHC 126205/PE, rel. Min. Rosa Weber, julgado em 24/3/2015 (Info 779).

INFORMATIVO 818 – Internação

O ato de internação do menor é medida excepcional, apenas cabível quando atendidos os


requisitos do art. 122 do ECA: Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada quando:
I — tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência a pessoa; II —
por reiteração no cometimento de outras infrações graves; III — por descumprimento
reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta. STF. 1ª Turma. HC 125016/SP,
red. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 15/3/2016
(Info 818).

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No caso analisado, um menor recebeu a medida de internação por ter praticado tráfico de
droga. Importante ressaltar que não houve uso de violência e que ele não possuía outros
antecedentes de atos infracionais. Diante dessa decisão, o STF concedeu habeas corpus de
ofício para determinar que o adolescente cumprisse outra medida diversa da internação.

JULGADOS DO STJ

INFORMATIVO 542 - Legalidade da transferência de adolescente para unidade de


internação localizada fora do seu domicílio ou do domicílio de seus pais

O ECA assegura o direito do adolescente privado de liberdade de permanecer internado na


mesma localidade ou naquela mais próxima ao domicílio de seus pais ou responsável (art. 124,
VI). No entanto, esse direito não é absoluto. Assim, não é ilegal a transferência de um 5
7
adolescente para uma unidade de internação localizada no interior do Estado em virtude de
3-

o centro de internação da capital, onde ele estava, encontrar-se superlotado. Vale ressaltar, 21
46

ainda, que a família do adolescente também nem residia na capital. STJ. 6ª Turma. HC 287618-
1.

MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 13/05/2014 (Info 542).
54
5.
04

INFORMATIVO 553 - Direito da criança e do adolescente. possibilidade de cumprimento


imediato de medida socioeducativa imposta em sentença

Nos processos decorrentes da prática de atos infracionais, é possível que a apelação


interposta pela defesa seja recebida apenas no efeito devolutivo, impondo-se ao adolescente
infrator o cumprimento imediato das medidas socioeducativas prevista na sentença. HC
301.135-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 21/10/2014, DJe 1º/12/2014
(Informativo 553)

INFORMATIVO 562 - Atos infracionais cometidos antes do início do cumprimento e medida


de internação

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O adolescente que cumpria medida de internação e foi transferido para medida menos
rigorosa não pode ser novamente internado por ato infracional praticado antes do início da
execução, ainda que cometido em momento posterior aos atos pelos quais ele já cumpre
medida socioeducativa. STJ. 5ª Turma. HC 274.565-RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em
12/5/2015 (Info 562).

INFORMATIVO 576 – Não obrigatoriedade de inclusão do adolescente em programa de


meio aberto quando inexistir vaga para o cumprimento de medida de privação da
liberdade

A Lei nº 12.594/2012 (Lei do SINASE) prevê que é direito do adolescente submetido ao


cumprimento de medida socioeducativa “ser incluído em programa de meio aberto quando
inexistir vaga para o cumprimento de medida de privação da liberdade, exceto nos casos de
ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência à pessoa, quando o adolescente
7 5
3-

deverá ser internado em Unidade mais próxima de seu local de residência”. O simples fato de
22
46

não haver vaga para o cumprimento de medida de privação da liberdade em unidade próxima
1.

da residência do adolescente infrator não impõe a sua inclusão em programa de meio aberto,
54

devendo-se considerar o que foi verificado durante o processo de apuração da prática do ato
5.

infracional, bem como os relatórios técnicos profissionais. A regra prevista no art. 49, II, do
04

SINASE deve ser aplicada de acordo com o caso concreto, observando-se as situações
específicas do adolescente, do ato infracional praticado, bem como do relatório técnico e/ou
plano individual de atendimento. STJ. 6ª Turma. HC 338517-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro,
julgado em 17/12/2015 (Info 576).

INFORMATIVO 583 – Possibilidade de início de cumprimento da medida de internação,


ainda que pendente recurso de apelação

É possível que o adolescente infrator inicie o imediato cumprimento da medida socioeducativa


de internação que lhe foi imposta na sentença, mesmo que ele tenha interposto recurso de
apelação e esteja aguardando seu julgamento. Esse imediato cumprimento da medida é
cabível ainda que durante todo o processo não tenha sido imposta internação provisória ao

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adolescente, ou seja, mesmo que ele tenha permanecido em liberdade durante a tramitação
da ação socioeducativa. Em uma linguagem mais simples, o adolescente infrator, em regra,
não tem direito de aguardar em liberdade o julgamento da apelação interposta contra a
sentença que lhe impôs a medida de internação. STJ. 3ª Seção. HC 346380-SP, Rel. Min. Maria
Thereza de Assis Moura, Rel. para acórdão Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 13/4/2016
(Info 583)

SÚMULAS

Súmula 108 do STJ - A aplicação de medidas sócio-educativas ao adolescente, pela prática de


ato infracional, é da competência exclusiva do juiz.

Súmula 265 do STJ - É necessária a oitiva do menor infrator antes de decretar-se a regressão
5
7
da medida sócio-educativa.
3-

Súmula 338 do STJ - A prescrição penal é aplicável nas medidas sócio-educativas. 23


46
1.

Súmula 342 do STJ - No procedimento para aplicação de medida sócio-educativa, é nula a


54

desistência de outras provas em face da confissão do adolescente.


5.

Súmula 492 do STJ - O ato infracional análogo ao tráfico de drogas, por si só, não conduz
04

obrigatoriamente à imposição de medida socioeducativa de internação do adolescente.

Súmula 605 do STJ - A superveniência da maioridade penal não interfere na apuração de ato
infracional nem na aplicabilidade de medida socioeducativa em curso, inclusive na liberdade
assistida, enquanto não atingida a idade de 21 anos.

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