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RESUMO
O presente artigo pretende expor, através dos caminhos desenvolvidos em uma pesquisa
de mestrado, o encontro de uma metodologia que une o ente Professor-Pesquisador ao
ente Artista. Tendo em mente que profissionais da área docente que lecionam Artes
Visuais desenvolvem muitas vezes suas próprias pesquisas em diversas linguagens das
artes, o método proposto por Dias e Irwin (2013) é uma alternativa frente aos problemas
da escola num mundo pós-moderno (BAUMAN. 2011). O desenvolvimento do texto
terá em sua primeira parte um breve resumo do percurso do profissional pesquisador na
sua formação docente e nas suas motivações para buscar intuitivamente uma resposta
para problemas próprios de uma pesquisa em educação. A segunda parte do texto
abordará o que é uma pesquisa em artes e o que a torna válida e necessária. Tendo em
vista um mundo que enfrenta problemas pós-modernos que transcendem perguntas e
respostas obtidas até agora por pesquisas em métodos tradicionais. A escola não escapa
desses enfrentamentos, mas permanecendo em sua forma tradicional de pesquisa, pode
demorar a obter alternativas de construção de conhecimento num contexto que se faz
emergente. Entraremos em contato com trechos de uma pesquisa realizada na Educação
Básica numa turma de 8º ano de uma escola municipal do rio de janeiro. A pesquisa se
desenvolve sob uma vertente do método da a/r/tografico proposto por Telles (2006) na
tentativa de entender em outros aspectos, que não fossem puramente racionais,
problemas acarretados obrigatoriedade de abordar o Objeto de Estudo apontado como
Identidade no currículo (BRASIL.1998) estando na pós-modernidade (BAUMAN.
2005). E, finalmente, na última fração deste tecido, costuramos a necessidade de novas
abordagens metodológicas com a possibilidade de caminhos nas Pesquisas em Artes
para enfrentar os problemas da pós modernidade que são inerentes a escola.
INTRODUÇÃO
O presente artigo relata uma pesquisa de Mestrado Profissional já concluída em
que se investigou as possibilidades de assimilar conhecimento de forma estética. Sem
descartar a racionalidade, mas observando a necessidade de novos caminhos de pesquisa
no âmbito escolar.
Como veremos mais adiante no artigo, essa abordagem busca chegar à
conclusões e desfiar conhecimentos através de caminhos diferentes do tradicional
método científico. Nele a intuição tem maior destaque do que o racional e embora
METODOLOGIA
Decidimos aderir ao método a/r/tográfico (ou PEBA em tradução brasileira), pois
nos pareceu ser um caminho ideal a ser experimentado diante do problema da pesquisa
que era o ensino-aprendizagem da Identidade na Educação Básica sob uma ótica pós-
moderna.
Como explicado por Telles (2006) existem duas formas que são mais utilizadas
para a realização de uma pesquisa artográfica. A vertente referencial se faz quando
todos os participantes da pesquisa compartilham reflexões, soluções e problemas acerca
do referencial teórico para a partir disso construírem um ou mais objetos de arte que
façam costura com os conceitos abordados. Já na outra vertente, a produtora de
significados, os participantes ao entrarem em contato com um Objeto de Arte que
suscite questões do referencial e/ou os problemas da pesquisa, irão construir juntos
significados, respostas e caminhos.
Telles (2006, p.515) também nos elucida que no método da a/r/tografia a
educação é potencializada justamente porque a Arte, por si, já educa:
PESQUISA E CONCLUSÕES
Como já supracitado, uma das características particulares dessa vertente de
pesquisa é ter o método unido a pesquisa do referencial teórico, de modo a culminar na
construção de um Objeto de Arte. Dessa maneira, nessa etapa do texto tentaremos
transcorrer em poucos parágrafos as principais etapas para construção do Objeto, sua
inserção no ambiente de aula com os alunos, bem como a coleta de dados. Na última
parte, as conclusões a respeito da utilização do método a/r/tografia.
O principal referencial teórico para pesquisa sobre o tema Identidade foram os
estudos de Zygmunt Bauman (2005, 2008 e 2011) sobre o tema e os conflitos com sua
inserção curricular na Educação Básica. Sendo um componente curricular citado pelos
Parâmetros Curriculares Nacionais – Artes (BRASIL, 1996) e objeto de estudo no
currículo da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, a Identidade, deve ser
trabalhado em aulas de Artes Visuais.
Tentamos trazer à ótica contemporânea os conceitos sobre o que seria a
Identidade na pós-modernidade. Primeiro foi preciso entender a diferença entre a
identidade na Modernidade, que se entendia poder ser conquistada, para a identidade na
Pós-Modernidade, que é consumida (BAUMAN, 2011). Bem como o percurso que se
estabeleceu para essa ação que culmina na fragmentação do ser-humano (BAUMAN,
2005).
Investigamos o tema da identidade na arte apreciando principalmente a película
de Clouzot (1956) intitulada Le Mystère Picasso, a gravura Drawing Hands de Escher
(1948) e a performance A Artista Está Presente de Marina Abramovic (AKERS, 2012).
E observamos uma estrutura de pensamento similar ao que era sugerido por Bauman em
seus escritos. As obras tocavam de forma estética (poíesis) e os escritos de forma
racional (theori) a relação Eu/Outro.
Dessa forma, após alguns testes, foi construído (em práxis) um Objeto de Arte
intitulado OBJETO DE ARTE INSERIDO EM AULA n1 (OAIA1) que consistia em
um plástico filme que deveria ser levantado por, no mínimo, dois alunos. Em cada uma
das faces do plástico erguido o aluno deveria desenhar (com tinta e hidrocor), atento em
XX ENDIPE - Rio 2020: Fazeres-saberes pedagógicos: diálogos, insurgências e políticas.
REFERÊNCIAS
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____________. A imagem no ensino da arte: anos 1980 e novos tempo / Ana Mae
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