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Enquanto estava ocorrendo Maio de 68, Lefort presenteou a todos com sua forma de ver.
Não sendo muito distante de Marcuse em relação à questão dos jovens comporem a criatividade que
rompe a com a continuidade histórica, e segundo a ortodoxia marxistas, esta criatividade fica
dissolvida na continuidade da história, e a classe trabalhadora seria o agente revolucionário sozinha.
Lefort também fala que o movimento se deu numa iniciação absoluta, isto é, do nada também, mas
ele explicou não como uma espontaneidade em si, e sim de que os jovens ao verem e sentirem que
era necessário uma mudança, a fizeram num sentido real. Enxergaram depois que agiram no campo
menor e tiveram êxito nessa pequena ação, que para fazer crescer o protesto, deveriam começar do
microcosmo e passar para o macrocosmo. Não separaram a teoria da prática. Usando o que haviam
aprendido nas universidades, conseguiram mudar e reivindicar os problemas de suas comunidades.
Isso foi impresso no inconsciente coletivo dos expectadores, que sentiram uma necessidade de
mimetismo, ou seja o que Lefort chama de ação exemplar. Com isso, a desordem cresceu
inusitadamente, sem liderança, sem hierarquias, sem leis próprias (pois o próprio ato de ocupar o
espaço público era ilegal). Assim é que o movimento de Maio de 68, para Lefort abriu uma brecha
para um futuro possível e indeterminado, ou seja, de que haverá algo, que quer alguma coisa, mas
os indivíduos entendendo o presente e o passado, vêem que não é necessário determinar o futuro,
que com esse entendimento se viverá o agora, e deixará o futuro aberto para o indeterminado e para
mudanças.
Essas foram as perspectivas de apenas dois pensadores muito capazes, que apresentaram o
seu modo otimista e de certa forma ilusório, ou seja, com esperança além da que podia se ter nos
jovens e no movimento. De outra maneira J. Luc-Ferry e A. Renault entenderam Maio de 68 sob
uma outra perspectiva. Talvez uma mais crítica e menos esperançosa. Entendendo que para os
autores agora citados, o movimento de Maio de 68 foi uma continuidade mudada, mas neste
trabalho aqui apresentado, se afirma que houve uma descontinuidade, pois, mesmo concordando de
que já estava vindo uma onda de destruição do sujeito, o movimento recusou a ordem, num sentido,
por exemplo, da quantidade de pessoas que aderiram e da proporção que tomou. Portanto o
otimismo perde seu lugar aqui para uma ideia de tentativa de compreender como se deu a pequena
brecha.