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Ed. Trimestral Ano XXI – N.

º 02 Abril-Junho - 2020

Publicação cultural do Colégio Regional dos Grandes Inspetores Gerais de Ala-


goas
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Ed. Trimestral Ano XXI – N.º 02 Abril-Junho - 2020
Editorial
Ser Maçom implica buscar constantemente a perfeição seja Maçônica que Hu-
mana. Nessa jornada de aperfeiçoamento o Maçom não deve parar de estudar.
É o estudo que o distinguirá do profano. Que deve estudar majoritariamente o
Maçom? Tudo o que possa sobre a Arte Real, mas mormente aquilo que no
Simbolismo nos ficou indicado: as Artes Liberais, quais sejam: Gramática, Ló-
gica, Retórica (Trivium); Aritmética, Geometria, Música e Astronomia (Qua-
drivium). Nos artigos constantes desta edição trimestral, abordar-se-ão alguns
temas de geometria e arquitetura (que estão intimamente conectados), tran-
tando-se do papel da Quadratura do círculo para o Grau de Mestre Secreto e
como consequência do que ali se tratou, dos significados do Homem Vitruviano
de Leonardo da Vinci, tentativa bem sucedida de encarnar o que Vitrúvio, ar-
quiteto romano do século I antes de nossa erra, tinha desenvolvido teoricamente
em seus livros De Architectura. Esperamos que a leitura destes artigos lhes seja
de proveito para o aperfeiçoamento Maçônico e Humano.
Expediente
Diretor: Alberto Silveira
Redator: Húdson Canuto
Secretário: Manoel Correia
Tesoureiro: Gilberto Moraes
Arquivista: Laurentino Santos

Os artigos assinados são da inteira responsabilidade de seus autores e não ex-


pressam a opinião d’O Ateneu.

Sumário
Editorial............................................................................................................. 2
Expediente......................................................................................................... 2
Calendário de elevações .................................................................................... 3
Convite a iniciar nos Graus Superiores ............................................................. 4
Balancete – Último trimestre de 2019............................................................... 5
Elevações .......................................................................................................... 6
Artigos............................................................................................................... 7
Mestre Secreto e a quadratura do círculo...................................................... 7
O homem vitruviano – Desenho de Leonardo da Vinci ............................. 10
Ed. Trimestral Ano XXI – N.º 02 Abril-Junho - 2020
Para publicar seu artigo n’O Ateneu mande, por gentileza, um correio eletrônico
para canutohudson@gmail.com. Para anúncios ainda vamos estipular as diretri-
zes.
Calendário de elevações
Ed. Trimestral Ano XXI – N.º 02 Abril-Junho - 2020
A DeLit oferece aos IIr∴ um calendário para o ano todo. Aproveite-o!

Convite a iniciar nos Graus Superiores


Ed. Trimestral Ano XXI – N.º 02 Abril-Junho - 2020
Balancete – Último trimestre de 2019
Ed. Trimestral Ano XXI – N.º 02 Abril-Junho - 2020
Elevações
No dia 13/3/2020, três IIrm∴ da A∴R∴L∴S∴ Perfeita Amizade Alagoana foram
exaltados ao Grau 4 - Mestre Secreto, adentrando os umbrais da Augusta Loja
de Perfeição e do Filosofismo Maçônico. Foram eles: Daniel Bernardes, Fe-
lipe Nobre e Sérgio Roberto.
Os caminhos da Maçonaria começam a fazer mais sentido para eles, pois algu-
mas coisas que presenciamos no dia de nossa Exaltação a Mestre Maçom pare-
cem não ter sentido nem serem devidamente esclarecidas na vivência cotidiana
de nossas Reuniões, mas a partir do Grau 4, os pontos obscuros começam a
ganhar nova luz e a inteligência começa a ser moldada e iluminada para a per-
feita compreensão dos Mistérios, que têm por fim precípuo fazer-nos Maçons
verdadeiros!
Viva a Maçonaria!

No dia 20/3/2020, dois IIrm∴ da A∴R∴L∴S∴ Virtude e Bonda foram elevados


ao Grau 15 – Cavaleiro do Oriente, deixando a Augusta Loja de Perfeição, cru-
zando a soleira do Sublime Capítulo Rosa Cruz e começaram um novo estágio
em sua ascensão maçônica. Foram eles: Roberto Rômulo e Húdson Canuto.
Ed. Trimestral Ano XXI – N.º 02 Abril-Junho - 2020
Artigos
Mestre Secreto e a quadratura do círculo
Ir∴ Húdson Canuto, Grau 14

O 5.º Grau da Maçonaria Filosófica está dedicado à meditação, ao


estudo da Filosofia da Natureza e à busca de solucionar a quadratura do
círculo.
Que é essa quadratura do círculo? A
quadratura do círculo é um problema pro-
posto pelos antigos geômetras gregos
consistindo em construir um quadrado
com a mesma área de um dado círculo ser-
vindo-se somente de uma régua não gra-
duada e um compasso em um número fi-
Figura 1
nito de etapas1.
Em 1882, Ferdinand Lindemann provou que π é um número trans-
cendente, isto é, não existe um polinômio com coeficientes inteiros ou
racionais não todos nulos dos quais π seja uma raiz. Como resultado
disso, é impossível exprimir π com um número finito de números intei-
ros, de frações racionais ou suas raízes2.
A transcendência de π estabelece a impossibilidade de se resolver
o problema da quadratura do círculo: é impossível construir, somente

1
KLEIN,Felix. Lectures on Mathematics, American Mathematical Soc., 1894.
2
Id., ibid.
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com uma régua não graduada e um compasso, um quadrado cuja área seja
rigorosamente igual à área de um determinado círculo3.
Na antiguidade, o problema da quadratura do círculo era conside-
rado, pelos gregos, como muito difícil, mas não impossível; Plutarco, por
exemplo, ao comentar que para um homem é impossível tirarem sua fe-
licidade, assim como não se pode tirar a virtude ou a sabedoria, diz que
Anaxágoras, quando foi preso, dedicou-se a tentar resolver o problema
da quadratura do círculo4. No Papiro Rhind ou Ahmes5 é dada uma solu-
ção plana para se construir um quadrado de área próxima a de um círculo.
Para isso o lado do quadrado deveria ser 8/9 do diâmetro do círculo. Em-
bora esta não seja uma construção geométrica precisa, é uma boa aproxi-
mação, pois corresponde a tomar 3,1605 como valor para π6 (pi) ao invés
de 3,14159... Porém os gregos antigos também tentaram achar outras so-
luções, através de algumas curvas que foram inventadas, ou através de
construções mecânicas. Contudo, há várias hipóteses que apresentam
como e para que objetivo os gregos se interessaram nos problemas de
quadratura. Segundo Zsabó (2000), o problema primitivo do qual se ori-
ginaram todos os outros foi o da quadratura do retângulo. Aristóteles
afirma que a origem deste problema foi a procura da média geométrica,
mas que isso foi esquecido e que só foi preservado o problema.

3
Id., ibid.
4
Plutarco, Moralia, De exilio.
5
www.matematica.br/historia/prhind.html. Consultado em 18 de junho de 2020.
6
«Cálculo do valor pi - Brasil Escola». Educador Brasil Escola. Consultado em 18 de
junho de 2020.
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Na Era Moderna, Na Cyclopaedia, de 1743, Ephraim Chambers
comenta que este problema havia sido pesquisado por matemáticos de
todas as eras, e a sua dificuldade consistia em que a razão entre o perí-
metro da circunferência e seu diâmetro7 não era conhecida. À sua época,
a melhor aproximação havia sido dada como
3,14159265358979323846264338327950. A solução do problema, fa-
lhando a geometria, havia sido dada através de curvas, como a quadratriz,
uma curva construída por meios mecânicos, e através da análise8.
Em Canons (1769), Emanuel Swedenborg diz que o processo da
quadratura do círculo, por requerer um número infinito de etapas, poderia
ser feito por Deus, que é infinito9.
No emblema maçônico (Figura 2) é
possível achar aspectos de o quanto é para
nós importante a questão da quadratura do
círculo. Analise-se a figura ao lado e logo
se se poderá chegar a alguma conclusão
dessa importância. A questão não está pa-
tente, mas aparece velada e cabe aos mais Figura 2
argutos dissecá-la.

7
Atualmente definido como o número π.
8
CHAMBERS, Ephraim. Cyclopaedia, Or an Universal Dictionary of Arts and Sci-
ences... (1743), Quadrature of the circle, p.477 (veja aqui).
9
SWEDENBORG, Emanuel. Canons (1769), Prologue (veja aqui).
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O mistério da “quadratura do cír-
culo” está entre os que entrelaçam a geo-
metria com a alquimia, ambos partem de
um conjunto hermético de conhecimen-
tos, é.
Quadratura do círculo é uma de-

Figura 3 – Homem Vitruviano


monstração da harmonia universal que
de Leonardo da Vinci. pode ser encontrada em edifícios antigos,
como catedrais, pirâmides. Foi também de-
monstrada por Leonardo da Vinci nos famo-
sos cânones da proporção humana (Figura
3).
O quadrado no círculo está escondido
de nossos olhos nus, mas presentes em todas
partes da natureza, como a famosa espiral de
Fibonacci (Figura 4). Figura 4 – Espiral de Fibonacci

O homem vitruviano – Desenho de Leonardo da Vinci


Ir∴ Húdson Canuto, Grau 14

O Homem Vitruviano de Leonardo da Vinci (Figura 3, acima) é um


famoso desenho que acompanhava as notas feitas pelo polímata por volta
do ano 1490 num dos seus diários e é baseado na obra do arquiteto
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romano Vitrúvio (c. 80–70 a.e.c.10 – c. 15 a.e.c.). Descreve uma figura
masculina nua separada e simultaneamente em duas posições sobrepostas
com os braços inscritos num círculo e num quadrado11. A cabeça é cal-
culada como sendo um oitavo da altura total. Às vezes, o desenho e o
texto são chamados de Cânone das Proporções.
O desenho atualmente faz parte da coleção da Gallerie dell'Acca-
demia (Galeria da Academia) em Veneza, Itália12.[2]
Examinando-se o desenho, pode ser notado que a combinação das
posições dos braços e pernas formam quatro posturas diferentes. As po-
sições com os braços em cruz e os pés são inscritas juntas no quadrado.
Por outro lado, a posição superior dos braços e das pernas é inscrita no
círculo. Isto ilustra o princípio que na mudança entre as duas posições, o
centro aparente da figura parece se mover, mas de fato o umbigo da fi-
gura, que é o verdadeiro centro de gravidade, permanece imóvel.
Proporções
O Homem Vitruviano é baseado numa famosa passagem do arqui-
teto romano Vitrúvio na sua série de dez livros intitulados de De Archi-
tectura, um tratado de arquitetura em que, no terceiro livro, ele descreve
as proporções do corpo humano masculino, como segue:
• um palmo é o comprimento de quatro dedos;
• um pé é o comprimento de quatro palmos;
• um côvado é o comprimento de seis palmos;

10
Nota explicativa: a.e.c. = antes da era comum.
11
«Leonardo's vitruvian man» (em inglês). Stanford University. Outono 2002. Consul-
tado em 18 de junho de 2020.
12
ISAACSON, Walter. Leonardo da Vinci. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2017, p. 178.
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• um passo são quatro côvados;
• a altura de um homem é quatro côvados;
• «erit eaque mensura ad manas pansas» - será a mesma medida
para as mãos espalmadas;
• o comprimento dos braços abertos de um homem (envergadura
dos braços) é igual à sua altura;
• a distância entre a linha de cabelo na testa e o fundo do queixo
é um décimo da altura de um homem;
• a distância entre o topo da cabeça e o fundo do queixo é um
oitavo da altura de um homem;
• a distância entre o fundo do pescoço e a linha de cabelo na testa
é um sexto da altura de um homem;
• o comprimento máximo nos ombros é um quarto da altura de
um homem;
• a distância entre a o meio do peito e o topo da cabeça é um
quarto da altura de um homem;
• a distância entre o cotovelo e a ponta da mão é um quarto da
altura de um homem;
• a distância entre o cotovelo e a axila é um oitavo da altura de
um homem;
• o comprimento da mão é um décimo da altura de um homem;
• a distância entre o fundo do queixo e o nariz é um terço do
comprimento do rosto;
• a distância entre a linha de cabelo na testa e as sobrancelhas é
um terço do comprimento do rosto;
• o comprimento da orelha é um terço do da face;
• o comprimento do pé é um sexto da altura;

Vitrúvio já havia tentado encaixar as proporções do corpo humano


dentro da figura de um quadrado e um círculo, mas suas tentativas
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ficaram imperfeitas. Foi apenas com Leonardo que o encaixe saiu corre-
tamente perfeito dentro dos padrões matemáticos esperados13.
O redescobrimento das proporções matemáticas do corpo humano
no século XV por Leonardo e os outros é considerado uma das grandes
realizações que conduzem ao Renascimento italiano.
O desenho também é considerado frequentemente como um sím-
bolo da simetria básica do corpo humano e, por extensão, para o universo
como um todo.
É interessante observar que a área total do círculo é idêntica à área
total do quadrado (quadratura do círculo) e este desenho pode ser consi-
derado um algoritmo matemático para calcular o valor do número irraci-
onal phi (aproximadamente 1,618).

13
Id., ibid.

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