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Honorata de Jesus Elias Conrado

Dificuldades de aprendizagem dos alunos no ensino básico: Uma reflexão sobre a


aprendizagem da leitura e escrita na EPC 21 de Março

Licenciatura em Ensino básico com habilitações em Educação de infância

Universidade Púnguè

Delegação de Tete

2019
Honorata de Jesus Elias Conrado

Dificuldades de aprendizagem dos alunos no ensino básico: Uma reflexão sobre a


aprendizagem da leitura e escrita na EPC 21 de Março

Licenciatura em Ensino Básico com habilitações em Educação de Infância

Projecto científico a ser apresentado ao Departamento de


Ciências de Educação e Psicologia para a produção do
trabalho de conclusão do curso, Monografia, para a
obtenção do Grau de Licenciatura em Ensino Básico com
Habilitações em Educação da Infância.

Supervisora: Mestre Luisa Raice

Universidade Púnguè

Delegação de Tete

2019
Índice
INTRODUÇÃO 4
1. Tema e sua delimitação 5
1.1 Enquadramento do tema 5
2. Justificativa5
3. Problematização 6
4. Objecto de estudo 7
5. Objectivos 7
5.1. Objectivo Geral 7
5.2. Objectivos específicos 8
6. Hipóteses 8
6.1. Hipótese básica 8
6.2. Hipóteses secundárias 8
7. Resultados esperados 9
8. Fundamentação teórica 9
8.1. Aprendizagem 9
8.2. Factores que prejudicam a aprendizagem 10
8.2.1. Factores escolares 10
8.3. Dificuldade de aprendizagem 11
8.3.1. Dificuldades de aprendizagens específicas 11
8.3.1.1. Dislexia 12
8.3.1.2. Disgrafia 13
8.3.1.3. Disortografia 13
8.3.1.4. Discalculia 14
9. Metodologias 15
9.1. Método de abordagem 15
9.2. Método de procedimento 16
9.3. Tipo de pesquisa 16
9.4. Procedimento de análise e recolha de dados 16
9.5. Técnicas de recolha de dados 17
10. Delimitação do universo 17
10.1. Tipo de amostragem 18
12. Cronograma das actividades 19
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 20
4

INTRODUÇÃO

Actualmente, a aprendizagem da leitura e escrita é considerada fundamental para a integração


do indivíduo na sociedade. Portanto, apesar de se considerar o domínio da leitura e da escrita
duas competências essenciais que os alunos devem desenvolver durante o ensino básico, pois,
constituem o sustento para o sucesso nos níveis subsequentes, existe ainda nas escolas um
número significativo de alunos com dificuldades de aprendizagem de leitura e escrita.

No contexto escolar, a leitura e a escrita são uma aquisição fundamental para as


aprendizagens posteriores, pois, na escola é necessário ler e escrever para aprender, por
constatarmos durante as práticas pedagógicas a existência de um elevado índice de alunos
com dificuldades de leitura e escrita no ensino básico, concretamente no ensino primário do
primeiro grau, achamos que há uma necessidade de conhecermos os factores que concorrem
para este fenómeno.

Para tal pretendemos realizar uma pesquisa com o tema Dificuldades de aprendizagem dos
alunos no ensino básico: Uma reflexão sobre a aprendizagem da leitura e escrita na EPC
21 de Março, cujo objectivo geral será de conhecer os factores que concorrem para que haja
um elevado índice de alunos com dificuldades de aprendizagem de leitura e escrita no ensino
básico.

De forma específica identificaremos os factores que concorrem para que haja o elevado índice
de dificuldades de aprendizagem de leitura e escrita no 2º ciclo de ensino primário,
descreveremos as causas que estão por de trás para a existência do elevado índice de alunos
com dificuldades de aprendizagem de leitura e escrita na escola acima citada e com base nos
resultados que obteremos com a pesquisa iremos propor estratégias que poderão contribuir
para a redução do índice de dificuldades de aprendizagem de leitura e escrita que os alunos da
escola apresentam.

No desenvolvimento da nossa pesquisa usaremos como método de abordagem o hipotético-


dedutivo, quanto ao tipo de pesquisa será a quantitativa, explicativa e de campo, e finalmente
como método de procedimento usamos o estatístico.

Para a materialização deste trabalho, usaremos técnicas tais como a bibliográfica, a


observação, o questionário e a entrevista.
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1. Tema e sua delimitação

O projecto da nossa pesquisa terá como tema: Dificuldades de aprendizagem dos alunos no
ensino básico: Uma reflexão sobre a aprendizagem da leitura e escrita na EPC 21 de Março.

O estudo focalizar-se-á no conhecimento dos factores que concorrem para que haja
dificuldades de aprendizagem de leitura e escrita nos alunos do ensino básico, concretamente
no 2º Ciclo do ensino primário. A pesquisa será desenvolvida na Escola Primária Completa 21
de Março, na província de Tete, cidade de Tete, no período que vai de Julho a Novembro.

1.1. Enquadramento do tema

O tema enquadra-se no curso de Ensino Básico com Habilitação em Educação de Infância,


nas cadeiras de Necessidades Educativas Especiais, Pedagogia, Didáctica Geral e de Práticas
Pedagógicas Gerais.

2. Justificativa

O que justifica a realização desta pesquisa com o tema Dificuldades de aprendizagem dos
alunos no ensino básico: Uma reflexão sobre a aprendizagem da leitura e escrita na EPC 21
de Março é constatação verificada durante a realização das Práticas Pedagógicas Gerais no
tange ao elevado índice de alunos com dificuldades de aprendizagem de leitura e escrita no
ensino básico, concretamente no ensino primário do primeiro grau. Tendo em conta que estas
dificuldades apresentadas pelos alunos interferem negativamente na sua qualidade da
aprendizagem, preocupa-nos conhecer as possíveis razões que concorrem para existência
deste problema. Pois, julgamos que conhecendo as possíveis razões poderemos propor
algumas medidas que possam ajudar a inverter este cenário.

Em Moçambique, o Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano, tem levado a cabo


vários programas com a vista a melhoria do currículo e da qualidade de ensino do país, mas
constatamos que no ensino básico, concretamente no ensino primário do primeiro grau os
resultados alcançados ainda não são satisfatórios, constatamos que uma parte significa de
alunos progride para as classes seguintes sem alcançarem as competências básicas de leitura e
escrita da classe anterior.

Também constatamos que uma parte significativa de professores não encontra medidas
adequadas para colmatar este problema e outros não dão a devida atenção para esta
problemática deixando os alunos com dificuldades de aprendizagem de leitura e escrita a sua
6

sorte. Como consequência disso a motivação, o interesse, a frequência destes alunos no


contexto de aprendizagem fica afectada contribuindo assim para o fracasso escolar dos
mesmos.

A relevância da pesquisa prende-se com o facto da sociedade moçambicana estar a julgar ano
pós ano sobre a baixa qualidade de ensino que o país apresenta, geralmente esta qualidade é
medida pela sociedade através da capacidade que os alunos apresentam no que tange ao saber
fazer, saber ser e saber estar, sobre o quesito saber fazer está o saber ler e escrever, de acordo
com a nossa constatação muitos alunos apresentam dificuldades neste quesito, por isso
julgamos que é necessário desenvolvermos esta pesquisa pois, por um lado ajudará a melhorar
a actual qualidade de ensino que o país apresenta, e por outro ajudará a melhorar o
desempenho escolar dos alunos e consequentemente na qualidade da sua aprendizagem.

Conhecendo as razões haverá possibilidades de se propor estratégias que possibilitam aos


professores para que estes possam trabalhar adequadamente com os alunos que apresentam
essa dificuldade. Este poderá ser o contributo fundamental desta nossa pesquisa porque
ajudará a identificar as causas das dificuldades de leitura e escrita apresentadas pelos alunos e
as possíveis medidas para ultrapassa-las.

De igual o modo a pesquisa contribuirá para entender como é que os professores lidam com
este problema durante o PEA, o que possibilitará na adopção de estratégias metodológicas
para se ultrapassar este problema.

Também achamos que os resultados desta pesquisa poderão contribuir para que os técnicos,
professores e educadores do ensino básico e futuros profissionais da educação a intervirem
nas áreas de actuação com conhecimento mais apropriados que lhes possam permitir a superar
ou minimizar as dificuldades de leitura e escrita apresentadas pelos alunos deste nível de
ensino.

3. Problematização

O problema para a nossa pesquisa deve-se ao facto de constatarmos que os alunos de ensino
básico, concretamente do 2º Ciclo da EPC 21 de Março, cidade de Tete, apresentarem um
défice significativo no que tange a leitura e escrita. Este cenário apesar de ser vivenciado já a
bastante tempo por diferentes actores que lidam com o PEA, não se nota uma intervenção
adequada de modo a se inverter este problema de dificuldades de aprendizagem de leitura e
escrita que alunos apresentam.
7

Apesar de existirem alguns professores que procuram dar atenção aos alunos com
dificuldades de leitura e escrita de modo a melhorar a sua motivação e interesse para a
aprendizagem durante o PEA, notamos que existe uma fraca comparticipação por parte dos
pais e encarregados de educação fazendo com que o trabalho de superação das dificuldades
que havia sido iniciado pelo professor na escola não tenha a sua continuidade fora da escola.

Pela observação que realizamos, os alunos do 2º Ciclo, isto é, de 3ª a 5ª Classes, na EPC 21 de


Março apresentam dificuldades de leitura e escrita, este cenário tem comprometido a
aprendizagem destes alunos durante o PEA e consequentemente têm contribuído para fracasso
escolar e para baixa qualidade de ensino.

Com base no cenário que acabamos de apresentar, achamos ser pertinente a realização duma
pesquisa com vista a se inverter este cenário, assim sendo, para a nossa pesquisa, formulamos
como pergunta de partida a seguinte: Quais os factores que concorrem para o elevado índice
de dificuldades de aprendizagem de leitura e escrita na EPC 21 de Março?

4. Objecto de estudo

Constitui o objecto de estudo da nossa pesquisa a dificuldade de aprendizagem de leitura e


escrita na EPC 21 de Março.

5. Objectivos

Para HEERDT&VILSON (2007:121) os objectivos indicam o que se pretende conhecer, ou


medir, ou provar no decorrer da pesquisa, ou seja, as metas que se deseja alcançar. Eles
podem ser gerais ou específicos. No primeiro caso, indicam uma acção muito ampla e, no
segundo, procuram descrever acções pormenorizadas ou aspectos detalhados.

A nossa pesquisa não se abstém desta regra por consideramos ser um dos aspectos
importantes que norteará a nossa pesquisa.

5.1. Objectivo Geral

 Conhecer os factores que concorrem para que haja um elevado índice de alunos com
dificuldades de aprendizagem de leitura e escrita na EPC 21 de Março.
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5.2. Objectivos específicos

 Identificar os factores que concorrem para que haja o elevado índice de dificuldades de
aprendizagem de leitura e escrita dos alunos na EPC 21 de Março;
 Descrever as causas que estão por de trás para a existência do elevado índice de alunos
com dificuldades de aprendizagem de leitura e escrita na EPC 21 de Março;
 Propor estratégias que possam contribuir para a redução das dificuldades de aprendizagem
de leitura e escrita dos alunos na EPC 21 de Março.

6. Hipóteses

De acordo com BARRETO&HONORATO (1998) apud HEERDT&VILSON (2007:123),


hipótese é uma expectativa de resultado a ser encontrado ao longo da pesquisa, categorias
ainda não completamente comprovadas empiricamente, ou opiniões vagas oriundas do censo
comum que ainda não passaram pelo crivo do exercício científico.

Com a nossa pesquisa também temos algumas expectativas de resultados que iremos
encontrar, assim sendo constituem hipóteses da nossa pesquisa as seguintes:

6.1. Hipótese básica


 A fraca diversificação de metodologias e técnicas do ensino e aprendizagem pelo
professor pode contribuir para que haja o elevado índice de dificuldades de aprendizagem
de leitura e escrita dos alunos da EPC 21 de Março.
6.2. Hipóteses secundárias
 O elevado índice de dificuldades de aprendizagem de leitura e escrita na EPC 21 de Março
podem dever-se ao fraco acompanhamento da aprendizagem dos alunos por parte dos
professores;
 O fraco acompanhamento da aprendizagem dos alunos por parte dos pais e encarregados
de educação pode contribuir para que haja a baixa qualidade da aprendizagem dos alunos
da EPC 21 de Março;
 A fraca exercitação da matéria proposta pelo professor aos alunos pode contribuir para
que haja o elevado índice de alunos com dificuldades de aprendizagem de leitura e escrita
na EPC 21 de Março.
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7. Resultados esperados

Com a presente pesquisa esperamos identificar as possíveis razões que interferem para que
haja um elevado índice de alunos com dificuldades de aprendizagem de leitura e escrita na
EPC 21 de Março, conhecidas as razões procurarmos propor estratégias para a melhoria da
qualidade de aprendizagem da leitura e escrita destes alunos reduzindo deste modo o elevado
índice de alunos com dificuldades de aprendizagem de leitura e escrita nesta escola.

8. Fundamentação teórica

Neste ponto apresentaremos abordagens de vários autores, por um lado, para a melhor
compreensão do objecto de estudo da nossa pesquisa, e por outro, para a nossa sustentação
teórica em torno da problemática da pesquisa que pretendemos realizar.

8.1. Aprendizagem

Antes de falarmos de dificuldades de aprendizagem, iniciaremos por conceituarmos a


aprendizagem.

Para McCONNEL apud PILETTI (2008:32), aprendizagem é a progressiva mudança do


comportamento que está ligada, de um lado, a sucessivas apresentações de uma situação e,
por outro, a repetidos esforços dos indivíduos para enfrenta-la de maneira eficiente.

PILETTI (2008:33) ao apontar as características de aprendizagem, retira das diferentes


definições duas conclusões:

1ª Aprendizagem é mudança de comportamento;

2ª Aprendizagem é mudança de comportamento resultante da experiência.

Para PILETTI (2008:32), aprendizagem como mudança de comportamento, refere que, só há


aprendizagem na medida em que houver uma mudança no comportamento, e no que tange a
aprendizagem como mudança de comportamento resultante da experiencia, refere que, que
quase todos os nossos comportamentos são aprendidos a partir de exercícios.

SCHMITZ apud PILETTI (2004:31) corrobora com os autores acima ao afirmar que podemos
descrever a aprendizagem como sendo um processo de aquisição e assimilação, mais ou
menos consciente, de novos padrões e novas formas de perceber, pensar e agir.
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Assim sendo, podemos afirmar que a aprendizagem é o processo que consiste na mudança de
comportamento através da aquisição e assimilação de novos padrões e novas formas de saber
fazer, saber ser e saber estar. Através destes conceitos fica claro que só há aprendizagem
quando há mudança de comportamento no aluno, isto é, se antes o aluno não sabia ler e
escrever, e depois passa a saber realizar estas actividades, então, houve processo de aquisição
e assimilação, logo, pode-se afirmar que houve aprendizagem.

8.2. Factores que prejudicam a aprendizagem


8.2.1. Factores escolares

De acordo com PILETTI (2008:147), dentro da escola existem, entre outros, quatro factores
que podem afectar a aprendizagem: o professor, relação entre alunos, os métodos de ensino
e o ambiente escolar.

No contexto escolar, certas qualidades do professor, como paciência, dedicação, vontade de


ajudar e atitude democrática facilitam a aprendizagem, ao passo que, o autoritarismo, a
inimizade e o desinteresse podem levar o aluno a ter fraca motivação e a ter dificuldades de
aprendizagem.

PILETTI (2008:147) reforça esta ideia ao firmar que a prática do autoritarismo e a inimizade
geram antipatia por parte dos alunos. A antipatia em relação ao professor faz com que os
alunos associem a matéria ao professor e reajam negativamente a ambos. Muitas vezes, está
nesse factor a origem de distúrbios da aprendizagem que se prolongam por toda a vida
escolar.

Assim fica claro que é importante que o professor pense sobre a sua responsabilidade,
principalmente em relação aos alunos do ensino básico e concretamente aos alunos do ensino
primário do primeiro grau. Mesmo dentro de dificuldades, deve caber ao professor manter
uma atitude positiva na relação que estabelece com seus alunos.

No que tange a relação entre alunos, PILETTI (2008:147), sustenta que o professor é um
exemplo que influencia o comportamento dos alunos. Dessa forma, a relação entre alunos
será influenciada pela relação que o professor estabelece com os alunos: um professor
dominador e autoritário estimula os alunos a assumirem comportamentos de dominação e
autoritarismo em relação a seus colegas.
11

Assim a existência de um ambiente favorável na escola favoreça para que haja uma boa
aprendizagem.

8.3. Dificuldade de aprendizagem

De acordo NJCLD1 apud SILVA (2016:02), o termo dificuldade de aprendizagem se refere a


desordens manifestadas por dificuldades significativas na aquisição e utilização da
compreensão auditiva, da fala, da leitura, da escrita e do raciocínio.

MINEZES (2001) apud SILVA (2016:02) considera que a criança com dificuldades de
aprendizagem é considerada normal e apenas possui a necessidade de aprender de uma
forma diferente.

Para FRANÇA (2019) citada em https://www.somospar.com.br/dificuldade-de-aprendizagem


afirma que a dificuldade de aprendizagem é o termo que se refere a um aluno que possui uma
maneira diferente de aprender, devido a uma barreira que pode ser cultural, cognitiva ou
emocional.

A mesma autora corrobora com MINEZES, pois, sustenta que a dificuldade de aprendizagem
apresentada pelos alunos trata-se duma questão psicopedagógica a qual pode ser resolvida no
ambiente escolar.

Assim podemos afirmar que a dificuldade de aprendizagem refere-se a incapacidade que


aluno tem em aprender devido a factores de vária ordem, os quais precisam de adopção de
algumas metodologias diferenciadas para que a sua aprendizagem flua de forma adequada.

8.3.1. Dificuldades de aprendizagens específicas

As dificuldades de aprendizagem específicas dizem respeito à forma como um indivíduo


processa a informação, a recebe, a integra, a retém e a exprime, tendo em conta as suas
capacidades e o conjunto das suas realizações. Elas podem, assim, manifestar-se nas áreas
da fala, da leitura, da escrita, da matemática e/ou da resolução de problemas, envolvendo
défices que implicam problemas de memória, preceptivos, motores, de linguagem, de
pensamento e/ou metacognitivos. CORREIA (2008:46).

Para este autor, a expressão “dificuldades de aprendizagem”, agrupa todos os problemas de


aprendizagem, quer sejam intrínsecos ao indivíduo ou relacionados com factores externos.

National Joint Committee of Learning Disabilities


1
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Dentre as várias dificuldades de aprendizagem específicas, destacamos as seguintes: Dislexia,


a Disgrafia, a Disortografia e a discalculia.

8.3.1.1. Dislexia

De acordo com AID2 (2003) apud CORREIA (2008:46), a dislexia é caracterizada por
dificuldades na correcção e/ou fluência na leitura de palavras e por baixa competência
leitora e ortográfica. Estas dificuldades resultam tipicamente de um défice na componente
fonológica da linguagem que é frequentemente imprevisto em relação a outras capacidades
cognitivas e às condições educativas.

Os alunos com este problema de aprendizagem apresentam dificuldades na expressão oral, na


leitura ou escrita e em outras competências.

 Na expressão oral
 Têm dificuldade em seleccionar as palavras adequadas para comunicar (tanto a nível oral,
como escrito);
 Revelam pobreza de vocabulário;
 Elaboram frases curtas e simples e têm dificuldade na articulação de ideias.
 Na leitura ou escrita
 Fazem uma soletração defeituosa (lêem palavra por palavra, sílaba por sílaba, ou
reconhecem letras isoladamente sem conseguir ler);
 Na leitura silenciosa, murmuram ou movimentam os lábios;
 Perdem a linha de leitura;
 Apresentam problemas de compreensão semântica (na interpretação de textos);
 Revelam dificuldades acentuadas ao nível da consciência fonológica, isto é, na tomada de
consciência de que as palavras faladas e escritas são constituídas por fonemas;
 Confundem/invertem/substituem letras, sílabas ou palavras;
 Na escrita espontânea (composições/redacções) mostram severas complicações
(dificuldades na composição e organização de ideias).
 Outras competências
 Apresentam dificuldades em guardar e recuperar nomes, palavras, objectos e/ou
sequências ou fatos passados: letras do alfabeto, dias da semana, meses do ano, datas e
horários;

Associação Internacional de Dislexia


2
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 Não conseguem orientar-se no espaço, sendo incapazes de distinguir, por exemplo, a


direita da esquerda;
 Apresentam falta de destreza manual e, por vezes, caligrafia ilegível;

8.3.1.2. Disgrafia

A disgrafia é uma perturbação de tipo funcional que afecta a qualidade da escrita do sujeito,
no que se refere ao seu traçado ou à grafia, prende-se com a “codificação escrita (…), com
problemas de execução gráfica e de escrita das palavras CRUZ (2009:180).

Vários autores têm sugerido características comuns às crianças com disgrafia. Contudo, é
importante saber que a apresentação de apenas um/dois dos comportamentos que se seguem
não é suficiente para confirmar esta problemática, a criança deverá revelar o conjunto (ou a
quase totalidade) das seguintes condições:

 Letra excessivamente grande (macrografia) ou pequena (micrografia);


 Forma das letras irreconhecíveis (por vezes distorcem, inclinam ou simplificam tanto as
letras que a escrita é praticamente indecifrável);
 Traçado exagerado e grosso (que vinca o papel) ou demasiado suave e imperceptível;
 Grafismo trémulo ou com uma marcada irregularidade, originando variações no tamanhos
dos grafemas;
 Escrita demasiado rápida ou lenta;
 Espaçamento irregular das letras ou das palavras, que podem aparecer desligadas,
sobrepostas ou ilegíveis ou, pelo contrário, demasiado juntas;
 Erros e borrões que quase não deixam possibilidade para a leitura da escrita (embora as
crianças sejam capazes de ler o que escrevem);
 Desorganização geral na folha/texto;
 Utilização incorrecta do instrumento com que escrevem.

8.3.1.3. Disortografia

Disortografia é uma perturbação que afecta as aptidões da escrita e que se traduz por
dificuldades persistentes e recorrentes na capacidade da criança em compor textos escritos.
As dificuldades centram-se na organização, estruturação e composição de textos escritos; a
construção frásica é pobre e geralmente curta, observa-se a presença de múltiplos erros
ortográficos e por vezes má qualidade gráfica PERREIRA (09:2009).
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Uma criança com disortografia demonstra, geralmente, falta de vontade para escrever e os
seus textos são reduzidos, com uma organização pobre e pontuação inadequada. A sua escrita
evidencia numerosos erros ortográficos de natureza muito diversa.

 Erros de carácter linguístico-percetivo


 Omissões, adições e inversões de letras, de sílabas ou de palavras;
 Troca de símbolos linguísticos que se parecem sonoramente (“faca”/“vaca”).
 Erros de carácter viso-espacial
 Substitui letras que se diferenciam pela sua posição no espaço (“b”/“d”);
 Confunde-se com fonemas que apresentam dupla grafia (“ch”/“x”);
 Omite a letra “h”, por não ter correspondência fonémica.
 Erros de carácter viso-analítico

Não faz sínteses e/ou associações entre fonemas e grafemas, trocando letras sem qualquer
sentido.

 Erros relativos ao conteúdo

Não separa sequências gráficas pertencentes a uma dada sucessão fónica, ou seja, une
palavras (“ocarro” em vez de “o carro”), junta sílabas pertencentes a duas palavras (“no
diaseguinte em vez de “no dia seguinte”) ou separa palavras incorrectamente.

 Erros referentes às regras de ortografia


 Ignora as regras de pontuação;
 Esquece-se de iniciar as frases com letra maiúscula;
 Desconhece a forma correcta de separação das palavras na mudança de linha, a sua
divisão silábica, a utilização do hífen.

De uma forma geral, a característica mais comum nas crianças com disortografia é, sem
dúvida, a ocorrência de erros ortográficos, de diferentes características.

8.3.1.4. Discalculia

Discalculia é um distúrbio de aprendizagem que interfere negativamente com as


competências de matemática de alunos que, noutros aspectos, são normais. Trata-se de uma
desordem neurológica específica que afecta a habilidade de uma pessoa compreender e
manipular números REBELO (1998:230).
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Uma criança discalcúlica apresenta dificuldades a vários níveis:

 Na compreensão e memorização de conceitos matemáticos, regras e/ou fórmulas;


 Na sequenciação de números (antecessor e sucessor) ou em dizer qual de dois é o maior;
 Na diferenciação de esquerda/direita e de direcções (norte, sul, este, oeste);
 Na compreensão de unidades de medida;
 Em tarefas que impliquem a passagem de tempo (ver as horas em relógios analógicos);
 Em tarefas que implicam lidar com dinheiro;
 Na resolução de operações matemáticas através de um problema proposto;
 Na correspondência um a um/correspondência recíproca;
 Na conservação de quantidades;
 Na utilização do compasso ou até mesmo da calculadora (reconhecimento dos dígitos e
símbolos matemáticos).

Como essência do nosso trabalho está relacionado com as dificuldades de aprendizagem da


leitura e escrita, a nossa pesquisa estará mais virada na observação desta problemática com
base nas características apresentadas pelos alunos nas dificuldades de aprendizagem
específicas de dislexia, disgrafia e disortografia.

9. Metodologias
9.1. Método de abordagem

Para nossa pesquisa usaremos como método de abordagem o Hipotético-dedutivo, pois, de


acordo com GERHARDT&SILVEIRA (2009:27), quando os conhecimentos disponíveis
sobre um determinado assunto são insuficientes para explicar um fenómeno, surge o
problema. Para tentar explicar o problema, são formuladas hipóteses; destas deduzem-se
consequências que deverão ser testadas ou falseadas.

Portanto a pesquisa que será realizada resulta de um problema relacionado com a existência
do elevado índice de alunos com dificuldades de aprendizagem da leitura e escrita cujas
razões ainda não estão devidamente explicadas o que nos levou a formular algumas hipóteses
que para confirmá-las ou refutá-las realizaremos um trabalho de campo envolvendo alunos,
professores e pais ou encarregados de educação.
16

9.2. Método de procedimento

Dentre vários métodos de procedimento, optaremos pelo método estatístico, de acordo com
FACHIN (2006:48), este método fundamenta-se nos conjuntos de procedimentos apoiados na
teoria da amostragem e, como tal, é indispensável no estudo de certos aspectos da realidade
social em que se pretenda medir o grau de correlação entre dois ou mais fenómenos.

Consideramos este método será adequado para a nossa pesquisa porque para análise dos
resultados obtidos usaremos números e percentagens. A aderência a uma dada resposta é que
nos permitirá tirar as conclusões.

9.3. Tipo de pesquisa

Quanto a abordagem optaremos pela pesquisa mista que enquadra-se na quantitativa e


qualitativa, porque na escolha da amostra e na interpretação dos dados colectados durante a
pesquisa usaremos recursos estatísticos, a quantidade da aderência em uma dada resposta é
que nos permitirá confirmar ou refutar as nossas hipóteses. A qualitativa será aplicada durante
a observação da qualidade da leitura e escrita apresentas pelos alunos.

Quanto a natureza optaremos pela pesquisa aplicada, porque a nossa pesquisa tem como
finalidade gerar conhecimentos para aplicação prática, dirigidos à solução do problema
apontado neste projecto.

Quanto aos objectivos optaremos pela pesquisa explicativa, de acordo com GIL (2008:28),
este tipo de pesquisa preocupa-se em identificar os factores que determinam ou contribuem
para a ocorrência dos fenómenos. Deste modo, este tipo enquadra-se na nossa pesquisa, pois
pretendemos conhecer as razões que concorrem para que haja um elevado índice de alunos
com dificuldades de leitura e escrita no ensino básico.

9.4. Procedimento de análise e recolha de dados

Quanto ao procedimento, optaremos pela pesquisa de campo, porque além da pesquisa


bibliográfica, será necessário entrar em contacto com os principais intervenientes da situação
em estudo na nossa pesquisa, também haverá necessidade de se deslocar ao terreno para
vivenciar o fenómeno em estudo de modo a se obter mais subsídios que poderão ajudar a
melhorar ou minimizar o problema em análise.
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9.5. Técnicas de recolha de dados

Para LAKATOS&MARCONI (2003:222), técnicas correspondem, à parte prática de colecta


de dados. Deste modo, nesta pesquisa optaremos pelas seguintes técnicas: a bibliográfica, o
questionário, a entrevista e a observação.

Bibliográfica: usaremos esta técnica com objectivo de conhecer o que já foi desenvolvido
sobre a questão em estudo e para se garantir subsídios teóricos e científicos nos argumentos
que nortearão os resultados obtidos na pesquisa.

Questionário: optaremos pelo questionário misto o qual será aplicado aos professores tendo
em conta que estes sabem ler e escrever e que poderão responder as questões quer no
intervalo ou em casa evitando deste modo paralisar as actividades normais da instituição.

Entrevista: optaremos pela entrevista semi-estruturada a qual será aplicada aos alunos, pois
para além das perguntas do roteiro serão feitas outras questões que acharemos serem
pertinentes.

Observação: usaremos esta técnica com intuito de examinar o fenómeno que constitui o foco
da pesquisa que será realizada. Optaremos, pela observação sistemática, participante,
individual, na vida real, os alunos serão sujeitos a realizarem alguns exercícios de leitura e
escrita de modo a tirarmos ilações do problema da nossa pesquisa.

10. Delimitação do universo

De acordo com LAKATOS&MARCONI (108:1992), a delimitação do universo consiste em


explicitar que pessoas ou coisas, fenómenos etc., serão pesquisados, enumerando suas
características comuns, como por exemplo, a organização que pertencem, comunidade onde
vivem etc.

O segundo ciclo na EPC 21 de Março é leccionado por 09 (nove) professores, frequentam


neste ciclo 510 alunos. Deste universo, farão parte da pesquisa 09 (nove) professores, 170
(cento e setenta) alunos e 10 (dez) representantes dos pais/encarregados de educação dos
quais, 09 (nove) são pais das turmas e 01 (um) presidente da Ligação Escola Comunidade,
todos pertencentes a EPC 21 de Março, perfazendo um total de 189 (cento e oitenta e nove)
elementos. Os professores e alunos a serem seleccionados serão os do segundo ciclo, isto é, de
3ª a 5ª Classes.
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10.1. Tipo de amostragem

Para a escolha da amostra da nossa pesquisa, optaremos pela amostragem probabilística, que
para LAKATOS&MARCONI (1992:108), baseia-se na escolha aleatória dos pesquisados,
significando o aleatório que a selecção se faz de forma que cada membro da população tenha
a mesma probabilidade de ser escolhido. Este tipo de amostragem facilita a compensar os
erros durante a colecta dos dados aos elementos da amostra. Quanto ao método optaremos
pela amostragem aleatória simples.

Quadro da amostra

Componentes da amostra Distribuição Técnicas de colecta de dados


Professores 09 Questionário
Alunos 170 Entrevista e a observação
Pais/Encarregados de educação 10 Entrevista
Total 189
19

11. Cronograma das actividades

Mês/Ano

Junho/19
Julho/19
Agosto/19

Outubro/19
Setembro/19

Novembro/19
Dezembro/19
Janeiro/2020

Março/2020
Fevereiro/2020
ETAPAS

Escolha do tema X
Levantamento bibliográfico X X
Elaboração do projecto X X
Apresentação do projecto X
Colecta de dados X X
Análise dos dados X X
Organização do roteiro/partes X
Redacção do trabalho X X
Revisão e redacção final X
Entrega da monografia X
Defesa da monografia X
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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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https://www.somospar.com.br/dificuldade-de-aprendizagem visto no dia 16/09/2019 23:16

https://www.ativosaude.com/saude-mental/dificuldades-de-aprendizagem-o-que-sao-e-tipos-
mais-comuns visto no dia 16/09/2019 23:19

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