Você está na página 1de 54

FACULDADE DE NOVA VENÉCIA – UNIVEN

SERVIÇO SOCIAL

LARISSA ALVES DE ANDRADE

POLÍTICA PÚBLICA PARA O IDOSO:


DO ISOLAMENTO A (RE) INSERÇÃO SOCIAL

NOVA VENÉCIA
2010
1

LARISSA ALVES DE ANDRADE

POLÍTICA PÚBLICA PARA O IDOSO:


DO ISOLAMENTO A (RE) INSERÇÃO SOCIAL

Trabalho de conclusão de curso - TCC


apresentado ao curso de graduação em Serviço
Social como item para obtenção do título de
Bacharel na Universidade Capixaba de Nova
Venécia – UNIVEN
ORIENTADOR (A): Profª. Zélia Martinelli Xavier

NOVA VENÉCIA
2010
2

Catalogação na fonte elaborada pela “Biblioteca Pe. Carlos Furbetta”/UNIVEN

A543p

Andrade, Larissa Alves de

Política pública para o idoso: do isolamento a (re) inserção social/


Larissa Alves de Andrade - Nova Venécia: UNIVEN / Faculdade Capixaba
de Nova Venécia, 2010.

52f. : enc.
Orientador: Zélia Martinelli Xavier

Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Serviço Social) UNIVEN /


Faculdade Capixaba de Nova Venécia, 2010.
3

LARISSA ALVES DE ANDRADE

POLÍTICA PÚBLICA PARA O IDOSO:


DO ISOLAMENTO A (RE) INSERÇÃO SOCIAL

Monografia apresentada ao Programa de Graduação em Serviço Social da Faculdade Capixaba de


Nova Venécia, como requisito parcial para a obtenção do grau de bacharel em Serviço Social.

Aprovada 22 de Julho de 2010

COMISSÃO EXAMINADORA

_______________________________________
Profª. Zélia Martinelli Xavier
Faculdade Capixaba de Nova Venécia
Orientadora

_______________________________________
Profª. Simone Carletti
Faculdade Capixaba de Nova Venécia
Membro 1

_______________________________________
Profª. Maria das Graças Santana Fernandes
Faculdade Capixaba de Nova Venécia
Membro 2
4

Primeiramente a Deus porque sem ELE


nada seria possível. Aos meus familiares,
meu namorado Max, pelo apoio e carinho
durante a realização deste trabalho de
conclusão de curso.
5

A minha orientadora Zélia Martinelli pelo a


dedicação e presteza na orientação, aos
professores da instituição que me
ajudaram e a todos que torceram por mim
o meu muito obrigado.
6

“Dentro de cada pessoa velha está o


mesmo ser humano que uma vez foi
jovem”.

(CNBB, 2002, p.103)


7

RESUMO

A população idosa vem se tornando cada vez mais expressiva, devido


principalmente as mudanças demográficas que se processam tanto no cenário
mundial como no Brasil, nos últimos anos. Há no município um projeto denominado
Alegria de Viver que atende 250 idosos aproximadamente com o objetivo de
proporcionar a alguns idosos a felicidade de viver esta fase da vida com mais
dignidade a partir de atividades de coordenação motora, produção artesanal,
danças, ginásticas, palestras dentre outras. Objetivo geral de analisar e apontar
atividades que possam promover e garantir a (re) inserção dos idosos na
comunidade do município de Montanha como política pública. Como metodologia
utilizou-se pesquisa bibliográfica e entrevista com roteiro semi estruturado de modo
com uma amostra de 20 entrevistados com escolha aleatória e consentimento dos
mesmo, que são idosos participantes do grupo de convivência. Foi possível concluir
que o Projeto Alegria de Viver é um projeto pouco conhecido por parte dos idosos do
município, pois menos da metade da população e atendida por ele e que ha um
certo descaso pois nem os órgão públicos do município sabem da quantidade de
idosos existentes no município, porém esta é uma políticas públicas que da certo e é
um campo importantíssimo para o Serviço Social sendo que de acordo com a
pesquisa ele vem trazendo bons resultados aos participantes; entretanto este
trabalho abre horizontes para que novos pesquisadores possam participar do estudo
desta temática e também de possíveis aplicações práticas.

Palavras-Chave: Idoso, Grupo de Convivência, Serviço Social


8

ABSTRACT

The elderly population is becoming increasingly significant, mainly because of


demographic changes that take place both on the world stage as in Brazil in recent
years. There is a local project called Joy of Life that serves about 250 elderly people
in order to provide some happiness to the elderly to live this life stage with more
dignity from the activities of motor coordination, production, craft, dance, gymnastics,
talks among others. General purpose of analyzing and pointing out activities that
would promote and ensure the (re) integration of the elderly in the community as the
city of Mountain (cidade de Montanha) policy public. The methodology we used
literature search and interviews with semi-structured way with a sample of 20
respondents randomly selected and consent of yourself, who are elderly participants
living group. It can be concluded that the Project Joy of Living is a little known project
by the elderly in the city, because less than half the population and attended by him
and that there is a certain disregard for the public body or the council know the
number of seniors in the city, but this is a public policy that's right and is a very
important field for social work is that according to the research he brings good results
to participants, however this work opens new horizons for researchers to participate
in this study theme and also possible practical applications.

Keywords: Elderly, Group Living, Social Service


9

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 - Tempo que participa do Projeto Alegria de Viver.......................... 35


GRÁFICO 2 - Composição familiar...................................................................... 35
GRÁFICO 3 - Doenças comuns aos idosos do Projeto Alegria de
Viver............................................................................................... 36
GRÁFICO 4 - Renda dos idosos do Projeto Alegria de Viver.............................. 37
GRÁFICO 5 - Importância do Projeto Alegria de Viver........................................ 38
GRÁFICO 6 - População de idosos atendidos pelos PSFs de Montanha-ES..... 39
GRÁFICO 7 - População de idosa no município de Montanha-ES...................... 40
10

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................ 12
1.1 JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA DO TEMA................................................. 13
1.2 DELIMITAÇÃO DO TEMA........................................................................... 15
1.3 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA................................................................ 15
1.4 OBJETIVOS................................................................................................. 15
1.4.1 OBJETIVO GERAL........................................................................................... 15
1.4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS................................................................................ 16
1.5 HIPÓTESE................................................................................................... 16
1.6 METODOLOGIA.......................................................................................... 16
1.6.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA......................................................................... 16
1.6.2 TÉCNICAS PARA COLETA DE DADOS................................................................. 18
1.6.3 FONTES PARA COLETA DE DADOS.................................................................... 19
1.6.4 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA PESQUISADA.................................................. 19
1.6.5 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS............................................................. 20
1.6.6 POSSIBILIDADES DE TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS................................. 20
1.7 APRESENTAÇÃO DO CONTEÚDO DAS PARTES DO TRABALHO.......... 21

2 REFERENCIAL TEÓRICO......................................................... 22

2.1 POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O IDOSO: DO ISOLAMENTO A (RE)


INSERÇÃO SOCIAL........................................................................................... 23

2.2 O CIDADÃO IDOSO NA HISTÓRIA................................................................. 24

2.3 POLÍTICAS PÚBLICAS PARA POPULAÇÃO IDOSA................................ 25

2.4 A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DO IDOSO........................................ 28

2.5 A INTERVENÇÃO DO PROFISSIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL........ 29

2.6 UM BREVE RELATO SOBRE O ASSISTENTE SOCIAL NO PROGRAMA


DE SAÚDE DA FAMÍLIA.............................................................................. 31

3 ESTUDO DE CASO.................................................................... 32
3.1 MUNICÍPIO DE MONTANHA-ES E O PROJETO ALEGRIA DE
11

VIVER.......................................................................................................32
3.2 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS............................................. 34
3.2.1 VISÃO DOS IDOSOS QUANTO A SUA (RE) INSERÇÃO SOCIAL............................... 34
3.2.2 ENTREVISTA COM A ENFERMEIRA DO PSF....................................................... 39
3.2.3 DADOS DA COORDENAÇÃO DO PROJETO.......................................................... 40

4 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES....................................................... 42

4.1 CONCLUSÃO.............................................................................................. 42
4.2 RECOMENDAÇÕES.................................................................................... 44

5 REFERÊNCIAS.......................................................................... 45

APÊNDICE
APÊNDICE A – FORMULÁRIO (IDOSO).................................................... 48
APENDICE B - MODELO DO TERMO DE CONSENTIMENTO DO
ENTREVISTADO......................................................................................... 49
ANEXO
ANEXO I - FOTOS DOS IDOSOS EM ATIVIDADES................................. 51
12

1 INTRODUÇÃO

A população idosa vem se tornando cada vez mais expressiva, devido


principalmente as mudanças demográficas que se processam tanto no cenário
mundial como no Brasil, nos últimos anos. (Pinholato; et. al, 2010).

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, estima-se que no ano de 2025,


o Brasil ocupe a sexta posição em número de pessoas idosas (pessoas acima de 60
anos). Calcula-se que o número de pessoas em idade avançada no Brasil será de
33,5 milhões. (GROSSI; SOUZA, 2003, p.1)

Isso se dar em conseqüências das varias mudanças que estão ocorrendo no modo
de viver da população, como por exemplo o controle de natalidade que antes os
casais tinham em media de 05 até15 filhos hoje pode se observar que os casais tem
em média de 02 a 03 filhos..

O envelhecimento populacional vem ocorrendo de forma heterogênea devido às


múltiplas categorias que o definem, tais como idade, sexo, renda e também a classe
social. Com todos esses fatores. O idoso vem se tornando um membro de
fundamental importância para famílias brasileira que muitas vezes por possuírem
uma renda fixa provenientes de aposentadoria e/ou com outros benefícios sociais.

O que significa que em muitas famílias o salário dos idosos e a principal fonte de
renda familiar, sendo considerando um fator muito preocupante, pois o beneficio
recebido por muitos idosos é pouco se comparado as varias mudanças que ocorre
quando uma pessoa vai atingindo a velhice, pois em sua maioria os idosos
necessitam tomar mais medicamentos, irem mais ao médico comer uma alimentação
mais saudável com frutas e verduras e todos esses fatores tornam o padrão de vida
mais caro.

Contudo, o aumento do número de idosos acompanha também vários problemas


nos setores da saúde, da assistência social, no mercado de trabalho, na infra-
estrutura urbana e nas políticas publicas. Com isso e indispensável que os valores
13

sejam revistos que os conceitos e praticas em prol do idoso sejam firmados, em


busca das melhorias progressivas em suas qualidade de vida. (SOUZA, 2006).

De acordo com o autor,

[...] torna-se então necessário adotar ações eficazes e oportunas, que


possibilitem que essa faixa etária cresça não só em termos quantitativos,
mas também com uma melhor qualidade de vida. (Souza, 2006).

Para isso e necessário que as políticas publicas sejam efetivadas com a finalidade
de proporcina-lhe uma melhor qualidade de vida, pois apesar da idade avançada as
necessidades de se divertir, conversar se exercitar que os cidadãos idosos
possuem são as mesmas qualquer outras fases da vida, considera –se até mais que
outras faces pois e necessário que eles se sintam úteis para a sociedade.

De acordo com o estatuto do idoso (2003, art.8º) “o envelhecimento é um direito


personalíssimo e a sua proteção um direito social, nos termos desta Lei e da
legislação vigente”.

1.1 JUSTIFICATIVA DO TEMA

Os idosos constituem um segmento da população de grande importância para a


sociedade, pois eles trazem consigo muitas experiências, tradições e um
aprendizado de muita riqueza para as novas gerações. Por isso, eles precisam de
qualidade de vida e atenção. No entanto, essa fase da vida é vista como decadente,
de inutilidade e de isolamento por grande parte da sociedade. (OLIVEIRA e
OLIVEIRA, 2008).

O envelhecimento populacional constitui uma realidade mundial. Devido ao controle


de natalidade em vários países como a China, Índia, Estados Unidos, Japão,
Indonésia, Brasil entre outros, o número de idosos está crescendo a cada ano, o que
evidencia a necessidade de preparação da sociedade para proporcionar melhor
qualidade de vida aos cidadãos idosos (OLIVEIRA e OLIVEIRA, 2008).
14

As leis existentes com o BPC (Beneficio de Prestação continuada da Assistência


Social), Política Nacional do Idoso e Estatuto do idoso dentre outras, garantem
teoricamente ao idoso uma vida mais digna. Isso geralmente não é bem efetivado
pelas autoridades responsáveis e inclusive pela própria sociedade o que faz com
que elas deixem de ser colocadas em prática, o que atualmente constitui um dos
grandes desafios para a população idosa.

O Estatuto do idoso é uma lei que foi criada para assegurar direitos, pois nele
contém todas as medidas de proteção caso seus direitos sejam violados ou
deixados de serem cumpridos.

De acordo com o estatuto do idoso em seu Art.8º “o envelhecimento é um direito


personalíssimo e a sua proteção um direito social, nos termos desta Lei e da
legislação vigente”.

De acordo com o estatuto do idoso e também em seu Art.3º:

[...] é obrigação da família, da comunidade, da sociedade e o poder público


assegurar às pessoas idosas com absoluta prioridade, a efetivação do
direito a vida, a saúde, a alimentação, a educação, a cultura, ao esporte, ao
lazer, ao trabalho, a cidadania, a liberdade, à dignidade, ao respeito e à
convivência familiar e comunitária.

O Município de Montanha localizado no interior do Estado do Espírito Santo está


imerso nesses problemas mundiais que rodeiam a população idosa, de acordo com
a área coberta pelos PSFs atendem a um total de 83% da população montanhense,
dos quais, 2221 (dois mil duzentos e vinte um) são pessoas idosas com mais de 60
anos. Outros 17% da população não recebem atendimento direto dos PSFs.

Há no município um projeto denominado Alegria de Viver que atende 250 idosos


aproximadamente com o objetivo de proporcionar a alguns idosos a felicidade de
viver esta fase da vida com mais dignidade a partir de atividades de coordenação
motora, produção artesanal, danças, ginásticas, palestras dentre outras. No entanto,
cerca de 1971 (hum mil setecentos e um) idosos que se sabe de sua existência no
município não são atendidos por esse projeto e nem o conhece o que evidencia um
15

déficit na qualidade de vida desses cidadãos que acabam por sobreviver a esta fase
da vida. (SEMS – MONTANHA, 2009)

São esses os desafios que motivam esta pesquisa que visa refletir e analisar os
motivos do isolamento dos cidadãos idosos. Diante disso, o interesse pelo tema
surgiu a partir do contato da pesquisadora com o projeto “Alegria de Viver” e a
qualidade de vida que ele proporciona aos seus integrantes e, principalmente, a
partir da análise da qualidade de vida dos idosos não atendidos por esse projeto.

Este trabalho é de extrema importância pois poderá ser ponto de partida para novas
pesquisas na área e chamar a atenção para o desenvolvimento da política pública
do idoso.

1.2 DELIMITAÇÃO DO TEMA

O trabalho delimitou-se a identificar a satisfação dos idosos, quanto a Política


pública para o idoso: do isolamento a (re) inserção social, no Projeto Alegria de
Viver, no município de Montanha-ES, no ano de 2010.

1.3 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

Como promover políticas públicas que garantam a (re) inserção dos idosos na
sociedade?

1.4 OBJETIVOS

1.4.1 OBJETIVO GERAL

Analisar e apontar atividades que possam promover e garantir a (re) inserção dos
idosos na comunidade do município de Montanha como política pública.
16

1.4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Refletir sobre a importância do idoso no contexto geral e para a comunidade


Montanhense;
• Entender se há isolamento do idoso na comunidade de Montanha;
• Analisar e refletir a importância do projeto “Alegria de Viver” do município de
Montanha - ES para os idosos;

1.5 HIPÓTESE

Espera-se que ao final deste trabalho de pesquisa tenham como resposta ao


problema a seguinte hipótese:

• A promoção da política pública para o idoso é viabilizada a partir do momento em


que a comunidade entender e conscientizar-se de sua importância.

1.6 METODOLOGIA

1.6.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA

Para realização deste trabalho a pesquisa se classificou em exploratória e descritiva,


quanto a abordagem quantitativa e qualitativa.

Para Ferrão (2003, p. 80) a pesquisa exploratória é:

O primeiro passo do trabalho científico. Geralmente é a bibliográfica, pois


avalia-se a possibilidade de desenvolver um,a pesquisa sobre determinado
assunto. Estabelece critérios, métodos, técnicas para a elaboração de uma
pesquisa. Visa oferecer informações sobre o assunto, definir os objetivos
da pesquisa e orientar a formulação da hipótese.

Segundo Gil (2002, p. 42),


17

A pesquisa descritiva tem como objetivo primordial a descrição das


características de determinada população ou fenômeno ou então, o
estabelecimento de relações entre variáveis. [...] uma de suas
características mais significativas esta na utilização de técnicas padronizada
de coleta de dados, tais como questionário e a observação sistemática.

Já a pesquisa exploratória Gil (2002, p. 41) diz que,

Esta tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema


com vistas a torná-lo mais explicito ou a construir hipóteses. [...] na maioria
dos casos, essas pesquisas envolvem o levantamento bibliográfico,
entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema
pesquisado e análises de exemplos que estimulem a compreensão.

Este trabalho classificou quanto aos objetivos em pesquisa exploratória, face ser a
primeira vez que está abordando sobre o assunto e buscar maior familiaridade. Já a
pesquisa descritiva, haja vista proporcionar a descrição das características sobre os
dados e ainda correlacionar as variáveis.

A análise quantitativa permitiu trabalhar dados numéricos, para analise de como


estão sendo aplicadas a atividades da política publica para os idosos no município
de Montanha-ES.

Para Rodrigues (2007), a pesquisa quantitativa traduz em números as opiniões e


informações para serem classificadas e analisadas, utilizam-se técnicas estatísticas.

Para Richardson (1999, p. 70),

Dado qualitativo representa a intenção de garantir a precisão dos


resultados, evitar distorções de análise e interpretação, possibilitando,
conseqüentemente, uma margem de segurança quanto as inferências. É
freqüentemente aplicado nos estudos descritivos.

Justifica-se a abordagem qualitativas face o uso de dados com características não


quantificáveis, como as pesquisas em livros.
18

1.6.2 TÉCNICA PARA COLETA DE DADOS

Este trabalho contou com os métodos de dedução e indução com base em pesquisa
bibliográfica, de campo e estudo de caso.

Para Ferrão (2003, p. 87),

a indução é o método que parte de uma observação particular individual e,


pelo raciocínio ascendente, chega-se ao geral, às teorias, às leis, que são
as conclusões. O emprego desse método passa pelas seguintes fases:
observação, hipótese, experimentação, analise critica e interpretação dos
dados, abstratos e conclusões.

Quando ao método de dedução vale ressaltar que é o inverso do indutivo. Parte do


geral e, através do raciocínio descendente, atinge-se o particular, levando às
conclusões. (FERRÃO, 2003).

A pesquisa bibliográfica, segundo Vergara (2000, p. 49), “é o estudo com base em


material publicado em livros, revistas, jornais, redes eletrônicas, isto é, material
acessível ao público em geral” que é circunscrito a uma ou poucas unidades,
entendidas essas como uma pessoa, uma família, um produto, uma empresa, um
órgão público ou mesmo um país.

“A pesquisa de campo é assim denominada porque a coleta de dados é efetuada em


campo, onde ocorrem espontaneamente os fenômenos, uma vez que há a
interferência do pesquisador sobre eles” (ANDRADE, 2001, p.127).

Segundo Gil (2002, p.54), o estudo de caso é:

[...] uma modalidade de pesquisa amplamente utilizada nas ciências


bioquímicas e sociais. Consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou
poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado
conhecimento, tarefa praticamente impossível mediante outros
delineamentos já considerados.

Utilizaram-se o estudo de caso, devido ser um assunto que busca estudar de forma
mais aprofundada e detalhada sobre o assunto e a pesquisa de campo devido a
19

aplicação de um questionário e proporcionar estar maior tempo junto ao


entrevistado.

Para o aprofundamento e estudo da problemática que ora se estabelece no


município de Montanha-ES se faz necessário a utilização da pesquisa de campo
onde os dados foram coletados aleatóriamento numa amostra de 20 idosos que
estão inseridos no grupo de convivência local.

1.6.3 FONTES PARA COLETA DE DADOS

Os dados de uma pesquisa monográfica podem ser de dois tipos: os de fontes


primárias e fontes secundárias.

Segundo Andrade (2001, p. 43),

Fontes primárias são constituídas por obras ou textos originais, material


ainda não trabalhado, sobre determinado assunto. As fontes primárias, pela
sua relevância, dão origem a outras obras, que vão formar uma literatura
ampla sobre aquele determinado assunto.

“E as fontes secundárias referem-se a determinadas fontes primárias, isto é, são


constituídas pela literatura originada de determinadas fontes primárias e constituem-
se em fontes da pesquisa bibliográfica” (ANDRADE, 2001, p. 43).

Foram utilizados neste trabalho os dados primários quando realizado a pesquisa no


campo e os dados secundários através da pesquisa em livros e demais publicações
sobre o tema em questão.

1.6.4 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA PESQUISADA

A pesquisa foi realizada com uma amostra de 20 idosos do Projeto Alegria de Viver
e 01 enfermeira chefe de um PSF (Programa de Saúde da Família), do município de
Montanha-ES. Sendo realizada a pesquisa no dia 07 de Junho de 2010.
20

1.6.5 INSTRUMENTO PARA COLETA DE DADOS

Tentando chegar a uma resposta para o problema, além da pesquisa bibliográfica,


fez-se necessário à aplicação de formulário e uma entrevista não estruturada.

Andrade (2001, p. 148 e 149) faz a seguinte distinção entre questionários e


formulários:

questionário é um conjunto de perguntas que o informante responde, sem


necessidade de presença do pesquisador. O formulário também é
constituído por uma serie de perguntas, mas não dispensa a presença do
pesquisador. Logicamente, a elaboração dos dois instrumentos difere em
alguns pontos.

Segundo Ferrão (2003, p. 104), “entrevista é o encontro de duas pessoas com o


objetivo de obter informações a respeito de determinado assunto, mediante uma
conversa natural ou programada de forma profissional”.

Neste trabalho, para coleta de dados, foram utilizados o questionário, com perguntas
abertas, face tratar de pessoas idosas que precisam de maior esclarecimento,
quanto às perguntas elaboradas para a melhoria de suas respostas e ainda a
entrevista com perguntas não estruturas junto a enfermeira chefe de um dos PSF
(Programa de Saúde da Família).

1.6.6 POSSIBILIDADE DE TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS

Depois de coletados os dados foram selecionados, codificados e tabulados. A


tabulação realizou-se de forma manual, depois apresentados, interpretados para
análise.

Segundo Ferrão (2003, p.108)

uma vez que os dados foram coletados e elaborados, a fase seguinte é de


analise e de interpretação. “Esta, constitui a parte central da pesquisa, que
sobrevive ou se perde, dependendo do que o autor consiga fazer. Se o
21

exame de dados é falho, o resto da pesquisa perde o sentido, a introdução,


a interpretação, a discussão e as conclusões são inúteis”.

A analise e interpretação dos dados foram feita na forma de gráficos, e por meio de
categorias gerais para conclusão do trabalho.

1.7 APRESENTAÇÃO DO CONTEÚDO DAS PARTES

De acordo com a pesquisa realizada sobre a importância do grupo de convivência


para o idoso do município de Montanha, apresento o caminho decorrido até aqui.

No Capítulo primeiro deste trabalho abordou-se o desenvolvimento sobre o assunto,


compreendendo, introdução, justificativa, delimitação do tema, formulação do
problema e metodologia utilizada para o trabalho.

O referencial teórico é descrito no Capítulo segundo abordando o tema do


envelhecimento e o papel do Assistente Social dentro deste processo.

O Capítulo terceiro descreve os dados alcançados dentro dos objetivos


apresentados nesta pesquisa, discutindo os resultados.

No capítulo quatro trata da conclusão de que a importância do grupo de convivência


é explicita e que o profissional de Serviço Social deve estar presente e orientando o
grupo e juntos fazer representar-se dentro da comunidade em que vive.

E por fim no capítulo quinto é abordado as referências utilizadas para o


desenvolvimento deste trabalho.
22

2 REFERENCIAL TEÓRICO

O envelhecimento populacional constitui uma realidade mundial e com isso vem


evidenciando a importância da preparação das sociedade para proporcionar um
melhor qualidade de vida aos cidadãos idosos . (OLIVEIRA e OLIVEIRA, 2008).

Os indivíduos precisam se preparar para a velhice e aceitar o próprio


envelhecimento como um processo gradativo e natural. Isso é fundamentalmente
necessário para que se tenha uma vida afetiva de qualidade e possa participar
ativamente da sociedade e no meio em que vive. (OLIVEIRA e OLIVEIRA, 2008).

O Estatuto do Idoso foi uma das grandes conquistas para as pessoas idosas a partir
dos 60 anos. No entanto, para que isso se efetive se faz necessário que elas sejam
colocadas em prática no dia-a-dia dos cidadãos idosos, por isso, a necessidade de
se refletir as políticas publicas para o idoso. Com isso é bom ressaltar que “é
obrigação do estado, garantir à pessoa idosa a proteção à vida e à saúde, mediante
efetivação de políticas sociais públicas que permitam um envelhecimento saudável e
em condições de dignidade”. (BRASIL, 2003, art. 9º, p. 8),

A cada ano aumenta as demandas sociais (lazer, saúde, educação, ocupação...) da


população idosa. Diante disso, propõe-se que haja um cumprimento mais coletivo
das leis que beneficiam a população da terceira idade.

Há que ser notado também que para o Estatuto do Idoso BRASIL (2003, art. 3º, p.
5),

é obrigação da família, da comunidade, da sociedade e o poder público


assegurar ao idoso com absoluta prioridade, a efetivação do direito a vida,
a saúde, a alimentação, a educação, a cultura, ao esporte, ao lazer, ao
trabalho, a cidadania, a liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência
familiar e comunitária.

O Estatuto do Idoso em suas leis assegura diversos benefícios aos cidadãos idosos,
alguns em sua maioria são mais praticadas e respeitadas pela sociedade outras são
de menor conhecimento. Isso retrata que as leis em sua maioria não são de
conhecimento da sociedade nem tão pouco praticadas.
23

O principal problema que pode afetar o idoso como conseqüência da


evolução de suas enfermidades e seu estilo de vida, é a perda de sua
capacidade funcional, isto é, a perda das habilidades físicas e mentais,
necessárias para a realização de suas atividades básicas e instrumentais
de vida diárias. (CAMARANO, 2004, p. 15).

Ao envelhecer os indivíduos se defrontam com várias rupturas, tais como


aposentadoria, a viuvez, a morte de amigos e a proximidade da própria morte e até
mesmo pela sua redução na capacidade de execução das atividades da vida diária
(AVD), o que compromete sua autonomia e auto-estima.

Todos esses fatores fazem com que os cidadãos idosos se sintam isolados e inúteis
o que os torna cada vez mais triste e fora da sociedade. Por isso, há que se mostrar
a importância da execução de políticas públicas que garantam aos cidadãos idosos
sua (re) inserção na sociedade para que vivam uma velhice com dignidade.

2.1 POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O IDOSO: DO ISOLAMENTO A (RE) INSERÇÃO


SOCIAL

Os idosos são de extrema importância para a construção cultural de qualquer


sociedade. Pois, eles têm o importante papel que é o de resgatar as histórias que
não contém nos livros, os costumes e tradições que são passados de geração para
geração e que hoje estão presentes na vida de todas as pessoas.

O envelhecimento é entendido como parte integrante e fundamental no


curso de vida de cada individuo. È nessa fase que emergem experiências e
características próprias e peculiares, resultantes da trajetória de vida, na
qual umas têm maior dimensão e complexidade que outras, integrando
assim a formação do individuo idoso. (MENDES, 2005, p. 3).

Garantir as políticas públicas para o idoso significa retribuir os tantos benefícios que
eles trouxeram trazem para a sociedade, além de valorizar a sua importância. No
entanto, quando isso não ocorre são gerados inúmeros problemas de ordem física e
psicológica para essa população.

Além dos problemas físicos próprios da idade muitos idosos não conseguem os
benefícios de aposentadoria que teoricamente lhes é de direito, com isso continuam
24

a trabalhar mesmo sem condições físicas. Isso ocasiona mais problema de saúde.
Além de tudo isso, psicologicamente, ao se aposentar a saúde ficar mais precária e
eles já não conseguem mais fazer as mesmas coisas de antes o que os obriga a se
isolarem por achar que não servem para mais nada e serem um peso para seus
familiares.

Os estudos sobre aposentadoria revelam que, comumente é gerada uma


crise no individuo. A retirada da vida de competição auto-estima e a
sensação de ser útil se reduzem. (MENDES et al, 2005, p. 3)

Devido às dificuldades de encontrarem empregos e trabalhos os idosos possuem


muito tempo livre o que gera a necessidade de promover (garantir) políticas públicas
que os (re) insira na sociedade e que os faça sentirem-se úteis, pois, apesar da
idade podem e precisam ter amigos, dançar, cantar, pintar, bordar mesmo que a
visão já não ajude tanto, o importante e que esses cidadãos não percam a alegria de
viver e seres felizes com o que podem fazer.

De acordo com Souza (2006, p. 2), “torna-se então necessário adotar ações eficazes
e oportunas, que possibilitem que essa faixa etária cresça não só em termos
quantitativos, mas também com uma melhor qualidade de vida”.

2.2 O CIDADÃO IDOSO NA HISTÓRIA

Existe uma gama bastante ampla de critérios para a demarcação do que venha ser
um idoso. O mais comum baseia-se no limite etário. A Organização Mundial da
Saúde (OMS) considera como idosas as pessoas com 60 anos ou mais, se elas
residem em países em desenvolvimento, e com 65 anos ou mais, se elas residem
em países desenvolvidos. Mas na verdade existem vários conceitos para o termo
idoso.

O conceito de idoso, portanto, envolve mais do que a simples determinação


de idade - limite biológico e apresenta, pelo menos, três limitações. A
primeira diz respeito a heterogeneidade entre indivíduos no espaço, entre
grupos sociais, raça/cor no tempo. A segunda é associada a suposição de
que características biológicas existem de forma independente de
características culturais e a terceira à finalidade social do conceito de
idoso. (CAMARANO, 2004, p.13)
25

A população idosa ao longo dos anos tem desempenhado um importante papel na


sociedade. A saber, o de resgatar as historia dos antepassados, sem contar as
varias lutas de conquista adquirida ao longo da historia. Em varias regiões do mundo
os cidadãos idosos são valorizados pelos muito os saberes. Na China, por exemplo,
o idoso é tratado com reverência e respeito pela sociedade; na Índia o mais velho da
família é considerado sagrado e é ele quem dá a palavra final; para os índios
também os idosos são considerados de estrema importância para manter acessa as
tradições, pois são eles que fazem a manutenção e transmissão dos conhecimentos
da tribo.

Alguns países se destacam quando o assunto é o tratamento dado aos idosos, pois
para muitos eles são a peça fundamental em uma família. No entanto, hoje a
sociedade em geral já não trata o idoso como antes. No Brasil, por exemplo, existe
uma grande população de idosos os quais não são valorizados e respeitados como
tal.

Isso resulta do fato de que, dentro da sociedade industrializada ocidental, o


que se salienta é antes de tudo a incapacidade do idoso, muito mais que
sua experiência. Em outro tipo de sociedade, encontramos os papeis
inversos, pois os idosos são honrados por causa de suas rica experiência e
de seu critério, e têm por isso uma participação importante. Na sociedade
industrial, constatamos o seguinte: uma vez que o homem se retira do
mundo do trabalho, simultaneamente se afasta daquilo que dá sentido e
prestígio a essa sociedade: o processo produtivo. Isso demonstra
claramente quanto uma hierarquia de valores, a saber, a importância da
produção e da concorrência, determina a atitude perante o idoso.
(SCHOTSMANS, 1991, apud, CNBB, 2003, p. 67)

Diante dessa análise existencial que deve ultrapassar a dinâmica pragmática da


sociedade industrial há que se lembrar que “dentro de cada pessoa velha está o
mesmo ser humano que uma vez foi jovem”. (CNBB, 2003, p.103)

2.3 POLÍTICAS PÚBLICAS PARA POPULAÇÃO IDOSA

As políticas públicas para a população se fazem de extrema necessidade para a


sociedade, no caso, a brasileira com todos os desafios culturais, econômicos e
sociais que isso implica.
26

As políticas públicas desempenham um papel essencial na sociedade


atual. Uma política pública pode ser definida como um conjunto de ações
exclusivas do Estado, dirigidas a atender às necessidades de toda
sociedade a fim do bem comum. Estas políticas trazem em si linhas de
ação que buscam satisfazer o interesse público. É função delas articular as
ações da iniciativa privada e a comunidade, informar , fomentar pesquisas
e, de um modo geral, atender aos anseios da sociedade, cuidando assim
da população de determinado local. (SOUZA, 2006, p. 4).

Essa preocupação, muitas vezes, é minimizada para o complexo mundo existencial


da população idosa, quando na verdade é para eles que as políticas públicas devem
cumprir e desempenhar um papel em tempo ágil uma vez que o conceito e
percepção de tempo para essa faixa etária é limitado. A morte já está, em termos, a
atormentar e a desequilibrar.

A preocupação com as políticas sociais de atenção ao idoso originou-se no


grande esforço de segmentos específicos do Governo e na grande
mobilização da sociedade em busca do cumprimento de normativas
internacionais (Assembléia Mundial sobre Envelhecimento, Viena, Áustria,
1982) e nacionais, com a publicação da Lei n° 8.842 , de 04/02/1994, que
reconhecidamente, foi um grande avanço. (CNBB, 2003, p. 59)

As políticas públicas para os idosos foram e são grandes conquistas uma vez que
podem trazer de novo a dignidade da pessoa idosa. Isso possibilita a redução de
vários problemas do seu dia a dia, como a solidão, quebra de preconceitos, auto-
estima, dentre outros que provam que apesar da idade eles são capazes de fazer
muita coisa ainda.

Os direitos dos idosos garantidos na Constituição de 1988 foram regulamentados


através da Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS (Lei n° 8.742/93).

De acordo com a Constituição Federal de Art.229:

A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas


idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua
dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.

Entre os vários benefícios dessa Lei pode-se destacar o Beneficio de Prestação


Continuada – BPC que consiste em repassar um salário-mínimo mensal a pessoa
com 65 anos ou mais e a pessoa com deficiência, sem condições de sobreviver e
incapaz para o trabalho.
27

No entanto, de acordo com Fernandes e Santos (2010, p.55)

Apesar disso, essa política pouco vem contribuindo para a construção da


cidadania, pois aqueles que se encontram abaixo da linha da pobreza
possuem tantas necessidades básicas não atendidas que um salário –
mínimo não basta para lhes garantir uma vida digna.

Isso se justifica pelo fato de que quando a pessoa chega a uma idade mais
avançada começam também a surgir problemas ligados a saúde que requer uma
alimentação mais balanceada em verduras e frutas, aumenta-se na grande maioria o
uso de medicamentos e até mesmo de fraudas geriátricas que nem sempre são
encontrados em Secretarias de Saúde e outros órgãos públicos que dispõe desses
materiais, nas maioria as famílias este beneficio não e suficiente para o sustento.

Aposentadoria é o seguro para o tempo da velhice. No Brasil, aposenta-se,


vive dos 'benefícios” da aposentadoria, e geralmente dar de cara com a
pobreza. A grande maioria das aposentadorias não dá aos aposentados a
possibilidade de uma vida digna. (CNBB, 2002, p.62)

Falar hoje no envelhecimento de uma população não se restringe mais ao seleto


grupo que ainda pode usufruir de um modo de vida que encara o envelhecimento
como uma fase da vida só de lazeres e de prazeres, muitas vezes não consumados
no tempo de vida ativa. Não são poucos aqueles que atingem cada vez mais as
idades bem avançadas e cujo estado de dependência é bastante lamentável.
Consideramos que tanto estes como os “idosos hipodotados”, identificados mais
facilmente no Brasil não se enquadram na ideologia da terceira idade ativa, que
habilmente procura camuflar a existência de sua realidade. Vários fatores têm
influído para a transformação do envelhecimento, enquanto processo que só
importava ao indivíduo, a destino não mais de poucos privilegiados, assunto de
responsabilidade social.

Ao mesmo tempo em que avançava o envelhecimento da população, outros fatos


também estavam ocorrendo: mais tempo disponível para o indivíduo; maior interesse
por atividades consideradas de lazer; multiplicação dos esportes modernos. Esses
fenômenos sociais têm sido caracterizados como conseqüência da urbanização dos
grandes centros e passaram a ocorrer tanto em decorrência do processo de
28

industrialização como da artificialização do tempo do trabalho (MELO e ALVES


JUNIOR, 2003).

Essas reflexões não podem passar despercebidas daqueles que atuam com idosos,
principalmente aqueles que atuam no campo do lazer, incluindo nele os que se
utilizam da prática das atividades físicas esportivas. Há que se considerar como
fundamental a formação daqueles que vão atuar com pessoas idosas ou
aposentadas. No entanto, nem sempre esses profissionais estão atentos a
determinadas especificidades de um grupo que nada têm de homogêneo e que tem
demandas que os diferencia substancialmente de crianças ou mesmo de adultos
jovens.

Os momentos do lazer não podem ser compreendidos como instantes de


alienação, desconectados da realidade social, tampouco como espaços de
fuga, o que não significa que devamos desconsiderar o prazer, uma das
características fundamentais de sua definição (MELO e ALVES JUNIOR,
2003 p. 51).

No momento em que ocorre a diminuição do tempo destinado ao trabalho, não


existindo grandes pressões, seja de ordem financeira ou de saúde, a família, a
religião e o lazer passam a ser as principais ocupações no tempo social das
pessoas. Um dos componentes, e provavelmente um dos mais importantes
relacionado ao que se entende como novo modo de envelhecer, é a possibilidade de
se engajar nos diversos projetos associativos. (VIGARELLO, 1996).

2.4 A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DO IDOSO

Num tempo em que o ser humano conquistou a longevidade graças aos avanços
tecnológicos, sanitários e cognitivos, a velhice tornou-se um problema social,
imprescindível que a sociedade reconheça e prepare-se para o fenômeno do
desenvolvimento humano, em todas as suas fases, inclusive na velhice, para assim
atender a demanda emergente. No país as iniciativas para esse grupo se projetam
timidamente, apesar de ser um desafio concreto. O aumento da perspectiva de vida
gerou maiores gastos com previdência social, adequações necessárias à saúde
29

pública, demandou ainda a formação de profissionais especialistas, a fim de melhor


administrar os aspectos positivos e negativos desenvolvimento humano.

O progresso na investigação humana por uma vida mais longa, deva


produzir problemas do envelhecimento para o próprio homem. É
particularmente frustrante constatarmos que os mesmos êxitos nos
progressos econômicos, médicos e industriais que agora possibilitam que
um percentual tão grande da população mundial alcance uma idade
avançada, tenham produzido também as mudanças que fazem dos idosos
um grupo geralmente dependente e os tenham roubado suas mais
importantes e tradicionais funções, papéis e posições. (BROTMAN, apud,
LINS, 2001, p.19).

O sofrimento simbólico que acontece podem ser atribuídos ao império da juventude


no campo das relações de poder. Atualmente, vive-se na dinastia do novo: Novo
celular, novo corte de cabelo, carro novo. O imperativo que é a eterna juventude leva
muitas pessoas ao consumo desenfreado de produtos de beleza, tratamentos e
cirurgias. Isso dificulta a aceitação da condição natural de envelhecimento da
pessoa. (RAMOS, 2008).

O envelhecimento nos traz ainda um outro desafio que a cultura burguesa buscou a
todo custo esconder de si mesma: o medo da morte. Além disso, há que se frisar
que a transformação da velhice em problema social não é o resultado do
envelhecimento populacional ou de que terceira idade é o nome que se dá a uma
etapa do processo de degeneração física. Cada sujeito apresenta diversas maneiras
de aperceber-ser velho, é no momento da análise que a riqueza humana emerge e
nos desafia em toda sua complexidade.

Por fim, constata-se a necessidade de iniciativas que considerem a velhice enquanto


uma etapa produtiva do ser humano, independente da visão capitalista que valoriza
o novo, o jovem e seus atributos. Embora de maneira paradoxal exija que tal teoria
conceba o desengajamento como um processo de mudança irreversível e
necessário, assim, ao se aposentar tanto abre espaço para as pessoas jovens e
eficientes, ao passo que ganha tempo para se preparar pra o desengajamento total
– a morte.

2.5 A INTERVENÇÃO DO PROFISSIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL


30

O perfil do profissional de Serviço Social é o desejado para que se diminua o abismo


estabelecido entre cidadãos com mais de 60 anos e a sociedade da qual fazem
parte, resgatando a cidadania destes indivíduos. O profissional desta área tem a
possibilidade, por sua formação e atualização, de compreender, interpretar e
explicar o problema do isolamento do idoso e de inseri-lo no contexto social.

Ao Assistente Social cabe relacionar os aspectos emocionais, psicológicos e sociais


do idoso. Sua atuação deve estar centralizada na consideração das mútuas
implicações desses fatores, que tanto impedem a preservação da saúde, como
pioram a qualidade de vida.

O assistente social é o elo entre o idoso e sua família e entre a instituição e a


comunidade da qual faz parte, devendo conhecer as tensões que influem nas vidas
envolvidas, bem como as característica de comportamento pessoal e do grupo.

O Serviço Social tem como objeto de trabalho o indivíduo enquanto sujeito de sua
própria história social e como agente dentro de seu grupo. No campo da política de
proteção ao idoso a prática do Serviço Social está ligada ao trabalho cotidiano com o
usuário e suas relações com o seu grupo (FERNANDES, 2010).

As exigências para implantar projetos de apoio e reabilitação de idosos, incluem a


existência e funcionamento de serviços específicos para que os aspectos sociais
ganhem expressão em regime aberto e com todas as atividades efetivamente
integradas ao esquema da vida comunitária.

O velho necessita também de ter um espaço próprio. Esta é outra exigência


humana, e mais ainda, para quem já teve tantas perdas e se sente ameaçado
quanto ao seu espaço, não apenas físico, mas também o social. É fundamental que
o idoso sinta-se acolhido e amado, tendo um papel sócio-cultural de destaque para
sentir-se útil e assim se sentir bem. O homem é um ser social, isto é, constrói a sua
identidade juntamente com outros sócios (CAMARANO, 2004).
31

Estar no espaço do grupo de convivência, é uma excelente oportunidade para o


profissional do serviço social interagir e dialogar com os profissionais de várias
áreas. O profissional de serviço social tem oportunidade de ver seu trabalho
reconhecido e valorizado, sendo ele necessário ao bom funcionamento da equipe e
no atendimento ao usuário.

2.6 UM BREVE RELATO SOBRE O ASSISTENTE SOCIAL NO PROGRAMA DE


SAÚDE DA FAMÍLIA.

Seguindo os princípios do SUS de universalização, descentralização e integralidade,


e como estratégia prioritária do Ministério da Saúde para organizar a Atenção
Básica, possibilitando a esta o acesso universal,contínuo e de qualidade, o governo
emite em 2006 a Portaria Nº 648 o qual estabelece a criação do Programa de Saúde
da Família (PSF), corroborando com a observação de Vasconcelos (2001) frente ao
crescimento internacional da visão de que as unidades de atuação família e
comunidade são pontos importantes da estratégia de integração das diversas
políticas sociais. A consolidação do PSF da uma nova amplitude para as dimensões
de família e comunidade.

O Assistente Social trabalhará diretamente com o usuário aplicando seus


instrumentos técnicos – cadastro sócio-econômico, visita domiciliar e outros –
conhecendo a realidade social – que pode ser fator determinante na contração da
enfermidade – e propondo ações transformadora a partir de então, garantindo ainda
o acesso a este direito social.

Com isso, pode-se dizer que o trabalho do Serviço Social no Programa de Saúde da
Família trará a este uma conotação social, modificando o caráter hospitalar de
atendimento institucionalizado e o tratamento meramente medicinal, vinculando a
este às diversas inferências sociais capazes de favorecerem a propagação de
doenças.
32

3 ESTUDO DE CASO

3.1 MUNICÍPIO DE MONTANHA-ES E O PROJETO ALEGRIA DE VIVER

A cidade de Montanha – ES foi fundada em meados de 1946, cujo nome inicial era
Comercinho da Palha, depois o Governador Jones dos Santos Neves mudou o
nome pela última vez para Montanha, cuja origem acredita ser em homenagem ao
Córrego Montanha. (OLIVEIRA, 1999)

Para Oliveira (1999), com o crescimento da cidade, que até então era centralizado
no atual bairro Fundão, os políticos locais começaram a desenvolver movimentos
em prol da emancipação de Montanha. Eram realizados comícios e se faziam
projetos, até que em 1963, Montanha tornou-se município pela lei nº 1913 de 28 de
dezembro de 1963 e teve sua instalação como comarca somente em 21 de maio de
1971.

Segundo Oliveira (1999), o município está localizado no Extremo Norte do Estado do


Espírito Santo, a cerca de 336 Km da capital Vitória. Limita-se ao norte com o
Estado de Minas Gerais, ao Sul com o município de Pinheiros, a Oeste com o
município de Mucurici, a Leste com o município de Pedro Canário e a Nordeste com
o Estado da Bahia.

O município dispõe de uma área total de aproximadamente 1.103.66 Km², com


população de aproximadamente 17.998 mil habitantes. Possui um Distrito
(Vinhático), três assentamentos rurais (São Judas Tadeu, Bela Vista e Domingos
Ramos) e três povoados (São Sebastião do Norte, Trinta de Maio e Ramal da
Fumaça) e a sede Montanha. O Relevo do município apresenta variações entre
plano a ondulado, estando sua sede a 130 m de altitude. O clima tropical com
estação chuvosa no verão e seca no inverno (OLIVEIRA, 1999).

A principal atividade econômica do município é a agropecuária, visando produção de


leite, carne e alguns produtos agrícolas como café, mandioca, mamão e cana-de-
33

açúcar (OLIVEIRA, 1999).

O Projeto Alegria de Viver foi iniciado em junho de 2006. De início começou a


funcionar com artesanato através de uma monitora que convidou algumas mulheres.
No inicio era formado por cerca de cinqüenta pessoas e os encontros eram em uma
sala cedida pela Secretaria de Educação do município de Montanha-ES.

Em abril de 2007 a pedido das mulheres que participavam do artesanato começou a


funcionar as atividades físicas com uma fisioterapeuta. Foi a partir daí que o grupo
começou a convidar outras mulheres para participar. Nesse momento foi
estabelecido a idade de sessenta anos e o grupo passou a contar com
aproximadamente oitenta mulheres. Com a construção do CRAS – Centro de
Referencia da Assistência Social – em 2003 a sede do grupo foi transferida para o
prédio do CRAS onde de manhã eram realizadas atividades físicas e à tarde
artesanatos.

Depois de algumas dificuldades, em setembro de 2007 o projeto foi estendido à


aproximadamente vinte homens com atividades físicas. Com o tempo surgiram
outras atividades como a ioga, para homens e mulheres, acompanhamento com a
nutricionista, coral, e a manutenção do acompanhamento psicológico.

Hoje o Projeto conta com duzentos e cinqüenta idosos sendo sessenta do sexo
masculino e cento e noventa do sexo feminino, são realizados visitas domiciliares
para aqueles que participavam do grupo e não participam mais por motivo de
doença ou outros problemas.

Há dois meses foi mudado de endereço para que todas as atividades fossem
realizadas no mesmo local, agora eles estão em uma casa bem espaçosa com
piscinas e varias salas, localizada no Bairro Alcebíades no município de Montanha –
ES.

Quando os idosos chegam no Projeto eles recebem um lanche balanceado pela


nutricionista, depois auferida sua pressão arterial.
34

3.2 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

3.2.1 VISÃO DOS IDOSOS QUANTO A SUA (RE) INSERÇÃO SOCIAL

Os idosos que freqüentam o projeto Alegria de Viver estão na faixa etária entre
sessenta a oitenta e sete anos. De acordo com o resultado da pesquisa 24% são do
sexo masculino e 76% são do sexo feminino. Isso revela que há a predominância de
pessoas do sexo feminino porque o grupo foi iniciado para atender a esse público.
Além disso, há preconceitos por parte de pessoas do sexo masculino quanto a
algumas atividades oferecidas pelo projeto.

Com relação à faixa etária que variou de sessenta e dois anos a oitenta e sete é
justamente o momento entre os quais os idosos mais necessitam fortalecer-se
enquanto pessoas produtivas, úteis dentro do quadro social e também pessoas que
necessitam de atenção, sendo esse o momento da aposentadoria.

Quanto ao tempo em que participam do Projeto Alegria de Viver 14% menos de um


ano; 66% entre dois e três anos e 20% entre quatro a cinco anos, conforme gráfico
1. De acordo com os dados é importante ressaltar que poucas pessoas estão se
inserindo ao grupo. Observa-se que há pouca divulgação do projeto por parte dos
órgãos competentes. Além disso, não há preocupação em se definir a quantidade de
idosos existentes no município o que de certa forma dificulta a implantação de
políticas eficazes para esse setor.
35

66%

20%
14%

MENOS DE UM ANO
ENTRE QUATRO E CINCO ANOS
ENTRE DOIS E TRÊS ANOS

Gráfico 1 – Tempo que participa do Projeto Alegria de Viver

A faixa tempo de freqüência do grupo evidenciando-se entre os três e cinco anos


demonstra o período onde o grupo ainda é campo para descobrimento como novas
amizades, namoros, interagir com o outro com o qual identifica-se; ainda buscando o
lazer que já não lhe é permitido mais na sociedade mais ampla.

Dos idosos que freqüentam o Projeto Alegria de Viver 7% moram sozinhos; 66% tem
a família composta por duas a três pessoas (casal mais um filho ou neto); 13%
moram em quatro a cinco pessoas e outros 14% moram entre seis a sete pessoas,
conforme gráfico 2.

14% 7%

13%

66%

MORA SOZINHO (A)


MORA COM DUAS OU TRÊS PESSOAS
MORA COM QUATRO OU CINCO PESSOAS
MORA COM SEIS OU MAIS PESSOAS

Gráfico 2 – Composição familiar


36

Um dado interessante de se analisar é que os indivíduos que moram entre um e três


pessoas somam 73% o que permite afirmar que estão sujeitos a viverem em estado
de solidão, depressão e falta de cuidados básicos. Dessa forma o Projeto se torna
um ambiente de socialização, formando assim uma outra família.

Como a velhice é um momento propício para o desenvolvimento e aparecimento de


doenças, de acordo com a pesquisa ficou constatado que 47% tem problemas
relacionados a hipertensão, e que 13% dos pesquisados sofrem de artrose, 20%
problemas relacionados a colesterol alto e 20% sofre de outras doenças mais
comuns, conforme gráfico 3. Isso revela que as políticas na área da saúde precisam
ser otimizadas.

47%

20% 20%

13%

HIPERTENSÃO COLESTEROL ALTO DOENÇAS COMUNS ARTROSE

Gráfico 3 – Doenças comuns aos idosos do Projeto Alegria de Viver

Quanto à renda dos idosos do Projeto Alegria de Viver constatou-se que 7,0%
sobrevivem de pensão, 13,0% auxilio doença, 7,0% não recebe nenhum beneficio e
73,0% são aposentados e recebe um salário mínimo, conforme gráfico 4. A maioria
entrevistada relatou estar aposentado o que confirma a freqüência no grupo de
acordo com a faixa etária de inclusão dos idosos no país. Resultado este vem
37

demonstrar o que relata Fernandes e Santos (2010, p.55) quanto a política, quando
menciona que [..:] a política pouco vem contribuindo para a construção da cidadania,
pois aqueles que se encontram abaixo da linha da pobreza possuem tantas
necessidades básicas não atendidas que um salário – mínimo não basta para lhes
garantir uma vida digna.

7% 7%
13%

73%

PENSÃO
NÃO RECEBEM BENEFÍCIOS
AUXÍLIO DOENÇA
APOSENTADOS

Gráfico 4 – Rendas dos idosos do Projeto Alegria de Viver

Devido às necessidades físicas da população idosa esta claro que a questão


econômica é um grave problema que aflige esses idosos e que precisa ser levados
em consideração na elaboração de políticas públicas.

A forma de ingresso é meio controversa, pois constata-se que 66,6% ingressaram


no grupo através do convite de amigos, 6,8% foram remanejados da pastoral do
idoso e 20,6% vieram através de convite da secretaria da Assistência Social. Por
parte dos administradores do projeto não há uma preocupação em estender a
participação dos idosos.

O Projeto Alegria de Viver oferece diversas atividades dentre as quais as mais


destacadas quanto a importância pelos idosos foram a ginástica, o artesanato, o
coral, a hidroginástica e a conversa com os amigos.
38

Quanto à importância do Projeto Alegria de Viver para os idosos 34% destacaram


que é importante para a ocupação do tempo; 26% é um ambiente que contribui para
a melhoria da saúde e 40% é um espaço para a construção de novas amizades,
conforme gráfico 5.

40%
34%

26%

CONSTRUÇÃO DE AMIZADES
OCUPAÇÃO DO TEMPO
MELHORIA DA SAÚDE

Gráfico 5 – Importância do Projeto Alegria de Viver para os idosos

Percebe-se, diante disso, que os idosos sofrem com dois problemas básicos a
“inutilidade” ocupacional (própria do atual modelo econômico em que as pessoas
servem apenas até certa idade) e o isolamento e neste contexto se destaca a
importância do projeto. Este resultado vem confirmar o que garante o art. 3º do
Estatuto do Idoso (2003, p. 5) ao mencionar,

é obrigação da família, da comunidade, da sociedade e o poder público


assegurar ao idoso com absoluta prioridade, a efetivação do direito a vida,
a saúde, a alimentação, a educação, a cultura, ao esporte, ao lazer, ao
trabalho, a cidadania, a liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência
familiar e comunitária.

Outro ponto que vale ressaltar constatado durante a entrevista com os idosos foi a
necessidade de estar promovendo ações como (transporte, outras atividades) que
venha incentivar a sua inserção no projeto.
39

3.2.2 ENTREVISTA COM A ENFERMEIRA DO PSF

De acordo com a enfermeira chefe de uma unidade de PSF e uma das responsáveis
pela atualização dos dados do SIAB – Sistema de Informação da Atenção Básica –
os dados que se tem sobre a população idosa total do município de Montanha-ES
são os referentes às áreas de cobertura dos PSFs – Programa de Saúde da Família.
A saber, os PSFs atendem a um total de 83% da população montanhense, dos
quais, 2221 (dois mil duzentos e vinte um) são pessoas idosas com mais de 60
anos. Outros 17% da população na recebem atendimento direto dos PSFs, conforme
demonstrado no gráfico 6.

83%

17%

POPULAÇÃO POPULAÇÃO NÃO


ATENDIDA PELOS ATENDIDA PELOS
PSFs PSFs

Gráfico 6 – População de idosos atendida pelos PSFs de Montanha-ES

Essa realidade inviabiliza a promoção de qualquer política pública eficaz para a


população, pois, 1/5 da população está teoricamente sem assistência, o que pode
destacar ainda que para se ter uma política eficaz necessário seria 100% de
cobertura.

Quanto à população idosa com mais de sessenta anos de idade percebe-se um


descaso quanto às políticas públicas. Pois, são conhecidos apenas 2.221 (duas mil
duzentas e vinte uma) pessoas idosas por meio de cadastros das quais apenas 250
40

(duzentos e cinqüenta) estão inseridas em projeto de políticas públicas específicas


para tal população, no caso, o Projeto Alegria de Viver, conforme gráfico 7.

1971

250 DESCONHECIDA

PARTICIPAM DO PROJETO
NÃO PARTICIPAM DO PROJETO
RESTANTE DA POPULAÇÃO IDOSA

Gráfico 7 – População Idosa do município de Montanha-ES

Percebe-se que há um descaso e isolamento do idoso no município de Montanha-


ES pois, não são ofertadas políticas públicas que os atendam de modo integral e
que seja estendida a toda essa população.

3.2.3 DADOS DA COORDENAÇÃO DO PROJETO

De acordo a entrevista informal com a coordenadora do projeto, existem 250


(duzentos e cinqüenta) idosos que fazem parte do projeto, sendo que 76% são do
sexo feminino e 24% são do sexo masculino. Esse resultado demonstra que por
parte da sociedade em geral a um certo preconceito. A faixa etária que mais procura
o grupo é de 62 (sessenta e dois anos) a 87 (oitenta e sete anos), faixa etária que
mais precisam se fortalecer enquanto pessoas produtivas. A questão da quantidade
de componentes na família demonstra que os idosos estão sujeitos a viverem em
41

estado de solidão, o projeto entra como um ambiente de socialização. A doença que


mais aflige s idosos e a hipertensão isso confirma que os idosos necessitam de mais
cuidados e de uma alimentação mais saudável e balanceada. O beneficio mais
recebidos pelos idosos é a aposentadoria o que se conclui que a maioria dos idosos
sobrevivem com um salário mínimo. O que mais gostam de fazer é atividades físicas
por melhora a saúde física.
42

4 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

4.1 CONCLUSÃO

Conclui-se que a população idosa vem crescendo muito, no Brasil, por exemplo, a
uma perspectiva do aumento da população idosa para 2025 (dois mil e vinte e cinco)
de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Esse
fato vem ocorrendo devido as varias mudanças ocorridas na sociedade nos últimos
tempos como, por exemplo, o controle de natalidade dos paises.

Para muitas famílias também os idosos vem se tornando um dos membros de


grande importância para a família, haja visto que a aposentadoria ou outros
benefícios sociais recebidos em muitas é a principal fonte de renda da família.
Porém quando o ser humano chega a velhice ele trás consigo uma serie de
mudanças que vão ocorrendo com o passar dos anos, mudanças essas
relacionadas a saúde, que exige mudanças de hábitos alimentares, uso de
medicamentos, o que geralmente o beneficio recebido por eles se torna insuficiente
para essa mudanças.

Com o aumentos da população idosa faz se necessário também a efetivação das


políticas publicas, que proporcione a eles uma melhor qualidade de vida nesta fase.
De acordo com o estatuto do idoso art. 8º (2003), “o envelhecimento e um direito
personalíssimo e a sua proteção um direito social, nos termos dessa lei e da
legislação vigente”. No entanto essa lei não esta sendo vista dessa forma por
grande parte da sociedade, e elas garantem teoricamente uma vida mais digna aos
idosos, porém não são efetivadas e grande parte da população idosas também não
sabem de seus direitos. Esta pesquisa desafia a diagnosticar o por que do
isolamento dos idosos, e a importância de projetos como o Alegria de Viver para o
município de Montanha – ES.

Para atingir o resultado esperado neste trabalho teve como problema Como
promover políticas públicas que garantam a (re) inserção dos idosos na sociedade?,
43

sendo este respondido com o objetivo geral e objetivos específicos e ainda no


capítulo 3, item 3.2.1, quando mencionado pelos entrevistados a necessidade de
estar promovendo ações como (transporte, outras atividades) que venha incentivar a
sua inserção no projeto.

O objetivo geral que propôs analisar e apontar atividades que possam promover e
garantir a (re) inserção dos idosos na comunidade do município de Montanha como
política pública, foi respondido no capítulo 2, no desenvolvimento da teoria e capítulo
3, item 3.2.1 ao ser mencionado pelos idosos que o Projeto Alegria de Viver oferece
diversas atividades dentre as quais as mais destacadas quanto a importância foram
a ginástica, o artesanato, o coral, a hidroginástica e a conversa com os amigos.

O primeiro objetivo específico foi refletir sobre a importância do idoso no contexto


geral e para a comunidade Montanhense, sendo respondido no capítulo 2, item 2.2 e
capítulo 3, do decorrer do histórico sobre o idoso no município.

No segundo objetivo específico em que propôs entender se há isolamento do idoso


na comunidade de Montanha, este foi respondido no capítulo 3, item 3.2.2, quando
se retrata a quantidade de idosos atendidos.

E finalmente o terceiro objetivo em que busca analisar e refletir a importância do


projeto “Alegria de Viver” do município de Montanha – ES, para os idosos, esse foi
respondido no capítulo 3, item 3.2.1, gráfico 5, quando os idosos mencionam a sua
satisfação, ficando assim demonstrado a sua importância para esses cidadãos

E por fim a hipótese formulada no item 1.5 em que a promoção da política pública
para o idoso é viabilizada a partir do momento em que a comunidade entender e
conscientizar-se de sua importância, pode afirmar que essa é falsa, uma vez que
durante a coleta dos dados em nenhum momento foi mencionado a preocupação da
comunidade neste sentido.

Pode evidenciar ainda que o envelhecimento populacional constitui uma realidade, o


que destaca a importância da sociedade se preparar para proporcionar uma melhor
qualidade de vida aos idosos, é todos precisam se preparar para enfrentar a velhice
44

pois o envelhecimento e um processo gradativo e natural . Uma das leis que foi
criada de grande importância para os idosos a partir dos sessenta anos foi no
Estatuto do Idoso, no entanto, é necessário que suas leis sejam efetivadas, para que
os idosos tenham direito a vida ao lazer, a saúde, a educação e a ocupação, pois
quando eles chegam a terceira idade eles trazem consigo varias rupturas, ao se
aposentarem no inicio parece muito bom, com um tempo começam a se sentir sem
utilidade para a sociedade, com a perca do companheiro(a) essa situação se agrava
mais, se isolando ainda mais da sociedade.

O que precisa ficar claro para a sociedade é que os idosos fazem parte da historia é
que não devem ser esquecidos, a efetivação das políticas publicas e nada mais que
a forma de retribuir os benefícios por eles concedidos na sociedade. È função das
políticas publicas articular as ações da iniciativa privada e comunidade cuidando
assim da população de determinado local. Constata-se a necessidade de políticas
de iniciativas que considerem a velhice enquanto etapa produtiva do ser humano.

Para o profissional que ira trabalhar com idoso e necessário que este tenha uma
preparação. O aumento da perspectiva de vida trouxe consigo também maiores
investimentos, e nesta sociedade capitalista que tem condições financeiras não que
ficar velho estão sempre procurando se renovarem.

4.2 RECOMENDAÇÕES

Ao executar uma pesquisa, por si só não se esgota o assunto, no decorrer ficou


claro que o Projeto Alegria de Viver é um projeto pouco conhecido por parte dos
idosos do município, pois menos da metade da população e atendida por ele e que
ha um certo descaso pois nem os órgão públicos do município sabem da quantidade
de idosos existentes no município, porém esta é uma políticas públicas que da certo
e é um campo importantíssimo para o Serviço Social sendo que de acordo com a
pesquisa ele vem trazendo bons resultados aos participantes. Assim, sugere que
novos estudos científicos sejam feito buscando alternativas que possam dinamizar
tais pontos não atendidos, por parte do serviço social.
45

5 REFERÊNCIAS

1 ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à metodologia do trabalho


científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2001.

2 BPC - Beneficio de Prestação Continuada. Lei 10.741, de 1º de outubro de


2003.

3 BRASIL, 2003. Parecer do Estatuto do Idoso Nº. 1301, de 2003. Brasília:


Senado Federal, 2003.

4 BRASIL, Constituição da Republica Federativa do. Brasília: Senado Federal,


1988.

5 CAMARANO, Ana Amélia (org.). Os novos idosos brasileiros: muito além dos
60? Rio de Janeiro, IPEA, 2004.

6 CNBB, Manual CF – Vida, dignidade e esperança: Fraternidade e pessoas


idosas, 2003.

7 FERNANDES, Maria das Graças Melo; SANTOS, Sérgio Ribeiro dos. Políticas
públicas e direitos do idoso: desafios da agenda social do Brasil
contemporâneo. Disponível em: www.scielo.br/pdf/ape/u18n4/a11v18n4.pdf.
Acesso em 24 maio, 2010.

8 FERRÃO, Romário Gava. Metodologia científica para iniciantes em pesquisa.


Linhares-ES, Unilinhares / Incaper, 2003.

9 GIL Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo:
Atlas, 2002.

10 GROSSI, Patrícia Krieger, SOUZA, Mozara deo Reis de. Os idosos e a violência
invisibilizada na família. Revista Virtual Textos e Contextos, nº2, dez, 2003.

11 LINS, Vera Luza Uchôa. Gerontomotricidade e a vida: aspectos


epistemológicos para um novo ciclo do desenvolvimento humano. (tese de
doutorado) Cruz Quebrada: Universidade Técnica de Lisboa. Faculdade de
Motricidade Humana, 2001. (Artigo)

12 MAGALHÃES, Dirceu Nogueira, A invenção social do envelhecimento. Rio de


Janeiro: Papagaio,1989.

13 MELO Victor Andrade de, ALVES JUNIOR Edmundo de Drummond, Introdução


ao lazer, São Paulo: Manole, 2003.

14 MENDES, Márcia R.S.S Barbosa; et al. A situação do idoso no Brasil em


breve consideração, 2005. Disponível em:
www.scielo.br/pdf/ape/v18n4/a11v18m4.pdf. Acesso em 24 mai. 2010
46

15 OLIVEIRA - Euflasina Wand-Del-Rey - Mucurici e Montanha: A ocupação de


parte dos terrenos desconhecidos, 1999.

16 OLIVEIRA, Adriano Cordeiro de. A importância do idoso para a historia.


Disponível em: <www.cfh.ufsc.br/.../Adriano%20Cordeiro%20de%20Oliveira.pdf>.
Acesso em: 18 mai. 2010.

17 OLIVEIRA, Rita de Cássia; OLIVEIRA, Flávia da Silva. Políticas públicas,


educação e o protagonismo dos idosos na universidade, 2008. Disponível
em: <http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2008/anais/pdf/786_362.pdf>
Acesso em: 05 Nov. 2009.

18 PINHOLATO, Aniele Zanardo; et. al. O idoso participante da UNATI/UFES no


contexto dos direitos sociais brasileiros. 2010.

19 RAMOS, BR, VERAS RP; KALECHE, A. Envelhecimento populacional: uma


realidade brasileira. Revista de saúde pública. São Paulo: 1987, p. 211 – 224.

20 RICHARDSON, Roberto Jarry;. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3. ed. São


Paulo: Atlas, 1999.

21 RODRIGUES, William Costa. Metodologia científica. FAETEC/IST Paracambi,


2007. Disponível em:<www.ebras.bio.br/autor/Aulas /metodolo
gia_cientifica.pdf>. Acesso em: 19 Mar. 2010.

22 SEMS – MONTANHA-ES. Projeto Alegria de viver. Prefeitura Municipal de


Montanha-ES, 2009.

23 SOUZA, Tatiana Roberta de. Lazer, turismo e políticas públicas para a


terceira idade, 2006. Disponível em revista Cientifica Eletrônica Turismo. Acesso
em: 18 maio, 2010.

24 VASCONCELOS, Eymard Mourão – Educação popular e a atenção à saúde da


família. Disponível em: <http://www.webartigos.com/articles/7747/1/Saude-E-
Bem-Estar-Social-Uma-Abordagem-Qualitativa-Da-Insercao-Do-Assistente-
Social-No-Programa-De-Saude-Da-Familia-PSF/pagina1.html#ixzz0t76Ke2kN>.
Acesso em: 06 jun. 2010.

25 VERGARA, Sylvia Costant. Projetos e relatórios de pesquisa em


administração. 3.ed.São Paulo: atlas, 2000.

26 VIGARELLO Georges, O limpo e o sujo, São Paulo: Martins Fontes, 1996.


47

APENDICES
48

APÊNDICE A – FORMULÁRIO (IDOSO)

* Amostra com 20 idosos (acima de 60 anos)

DADOS SOCIO – ECONÔMICOS

Nome: _____________________________________________
Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino
Idade: ______________________.
Tempo que freqüenta o grupo: _____________________________________
Composição familiar: _____________________________________________
Doenças relacionadas a velhice: ____________________________________
Recebe beneficio: _______________________________________________
Tempo de residência no município: __________________________________

DADOS DIVERSOS

1- Como foi que o senhor (a) chegou ao grupo? ____________________________

2- O que o senhor (a) mais gosta de fazer no grupo? ________________________

3- Como o senhor (a) ocupava seu tempo livre antes do grupo? ________________

4- O que mudou na sua vida após a freqüência no grupo? ____________________

5- O grupo atende as suas necessidades? Se não atende, o que gostaria que


mudasse? ________________________________________________________
49

APENDICE B - MODELO DO TERMO DE CONSENTIMENTO DO


ENTREVISTADO.

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido


Este documento visa solicitar sua participação na Pesquisa: Política Pública para o
idoso: do isolamento a (re) inserção social.

Esta pesquisa será utilizada como componente do Trabalho de Conclusão de Curso


da Faculdade Capixaba de Nova Venécia-ES – UNIVEN.

Por intermédio deste termo, lhes são garantidos os seguintes direitos: (1) solicitar, a
qualquer tempo, maiores esclarecimentos sobre esta pesquisa; (2) possibilidade de
negar-se a responder quaisquer questões ou a fornecer informações que julguem
prejudiciais à sua integridade física, moral e social; (3) opção de solicitar que
determinadas falas e/ou declarações não sejam incluídas em nenhum documento
oficial, o que será prontamente atendido; (4) desistir, a qualquer tempo, de participar
da pesquisa.

Declaro estar ciente das informações constantes neste Termo de Consentimento


Livre e Esclarecido. Poderei pedir, a qualquer tempo, esclarecimentos sobre esta
pesquisa; recusar e dar informações que julgue prejudiciais a minha pessoa, solicitar
ou não inclusão em documentos de quaisquer informações que já tenha fornecido e
desistir, a qualquer momento de participar da pesquisa. Fico ciente também de que
uma cópia deste Termo permanecerá arquivada com o pesquisador do Trabalho de
Conclusão de Curso da Faculdade Capixaba de Nova Venécia-ES - UNIVEN,
responsável por esta Pesquisa.

Nova Venécia - ES, 07 de junho de 2010.

Participantes: ___________________________________________________

Assinatura do Pesquisador:
Larissa Alves de Andrade
50

ANEXOS
51

ANEXO I – FOTOS DOS IDOSOS EM ATIVIDADES


52
53

Você também pode gostar