ANTROPOLOGIA CULTURAL

ESCOLA FUNCIONALISTA

unidade 4

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ESCOLA FUNCIONALISTA

SUMÁRIO

4 Escola Funcionalista .............................................................................................................................. 03

4.1 Introdução ............................................................................................................................................ 03

4.2 O Funcionalismo ................................................................................................................................. 03

4.3 Conclusão ............................................................................................................................................ 05

REFERÊNCIAS .............................................................................................................................................. 06

GLOSSÁRIO ................................................................................................................................................. 06

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ESCOLA FUNCIONALISTA
4. ESCOLA FUNCIONALISTA
4.1 Introdução
Caros alunos, na unidade anterior foram
abordados o Evolucionismo Cultural e o
Etnocentrismo. Vimos que o Evolucionismo
Cultural entendia a sociedade como um
movimento ou estágios de progresso
civilizatório. Por essa concepção, os grandes
empreendimentos marítimos e coloniais
se aventuraram na busca por entender o
homem e sua cultura tendo como método a
comparação entre ambas as culturas.
Os estudos baseados na evolução cultural,
desenvolvidos por cientistas, produziram
e foram incentivados pela expansão
colonial e, desse desdobramento, surgem
avaliações acerca da postura adotada pelos
países desenvolvidos para com os povos
colonizados.
Essa avaliação crítica pressupõe que, ao
adotar postura que coloca a cultura de origem
como superior àquelas agora encontradas
pela expansão europeia configuravam-se
em um etnocentrismo.
Nesse caminho, percebemos que a
antropologia cultural em suas bases,
procurava estabelecer investigação que
visava explicar a origem do progresso e do
desenvolvimento tendo como parâmetro
a comparação entre as diferentes culturas.
Nos períodos posteriores ao evolucionismo
cultural, a partir dos anos 1930, surgiu uma
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escola que iria mudar, de forma radical, a
abordagem até então feita pela antropologia
cultural. É a escola funcionalista que teve
como seus representantes principais
Bronislaw Malinovski e Radcliffe-Brown.
Vejamos a características do funcionalismo.
Bronislaw Malinovski Radcliffe-Brown
(Fonte: http://en.wikipedia.org) (Fonte: http://pt.wikipedia.org )
Vejamos as características do funcionalismo...
4.2 O Funcionalismo
O método de estudo da cultura, adotado
pelo funcionalismo, propõe nova abordagem
à antropologia cultural. A explicação da
sociedade é feita não com base no passado
e sim nos fatos que se veem no presente.
A comparação de uma cultura com outra
foi utilizada pelos evolucionistas ao passo
que, no funcionalismo, a ênfase recai em ver
como a própria instituição social observada
funciona.
Marconi e Presotto, (2001, p.34) ao
descreverem o método funcionalista,
apontam que tal abordagem “refere-se ao
estudo das culturas sob o ponto de vista da
função, ou seja, ressalta a funcionalidade de
cada unidade da cultura no contexto cultural
global”. E prosseguem – “Uma característica
da abordagem funcional é descobrir as
conexões existentes em uma cultura e saber
como funcionam”.
Mello (2009, p.240) assevera que “ao
funcionalismo não interessava explicar o
presente pelo passado. Talvez lhe interesse
muito mais explicar o passado pelo
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presente”. Destacava-se nessa nova maneira
de análise entender a sociedade com visão
sistêmica. Cada parte se conectava às
demais, promovendo interações e laços
interdependentes. Isso significa que essa
orientação metodológica buscou explicar o
modo de ser de cada cultura a partir da lógica
assumida pela própria cultura em exame
(p.241)
Malinowski, expoente da escola funcionalista,
adotou, como forma de conhecimento da
sociedade, a complementaridade entre
natureza humana e cultura. Para ele,
trata-se de um mundo básico e primário
que é sucedido por um outro mundo
secundário ou derivado. Ambos criam
condições de sobrevivência e apresentam
também ameaças à sobrevivência
humana. De certo modo, a cultura,
que é um mundo artificial criado pelo
homem, é também uma extensão do
mundo natural” - ou da natureza humana
(MELLO, 2009, p. 247).
Desse entendimento, Malinowski elegerá
alguns princípios gerais para sua abordagem
funcionalista, a saber:
a) A cultura é essencialmente uma
aparelhagem instrumental pela qual o
homem é colocado numa posição melhor
para lidar com os problemas específicos
concretos que se lhe deparam em seu
ambiente, no curso da satisfação de suas
necessidades;
b) É um sistema de objetos, atividades e
atitudes, no qual parte existe como meio
para um fim;
c) É uma [funcionalidade] integral
no qual os vários elementos são
interdependentes;
d) Essas atividades e objetos organizados
em torno de tarefas importantes e vitais
em instituições tais como a família, o clã,
a comunidade local, a tribo e as equipes
organizadas de cooperação econômica,
política, legal e atividade educacional;
e) Do ponto de vista dinâmico, ou
seja, no tocante ao tipo de atividade,
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a cultura pode ser analisada numa
série de aspectos tais como educação,
controle social, economia, sistemas de
conhecimento, crença e moralidade, e
também modos de expressão criadora
e artística” (MALINOWSKI apud MELLO,
2009, p. 249).
Bronislaw Malinowski durante a sua viagem para as
Ilhas Trobriand, na Melanésia, onde elaborou a teoria do
funcionalismo. (Fonte: https://www.forumpermanente.org)
Malinowski, dessa maneira, entendia
que para se analisar a cultura, deveria se
adotar o exame que visava entender o
funcionamento das instituições. Ou seja,
como as instituições, que são construções
da própria natureza humana, interagem
enquanto criação cultural com os indivíduos.
Aqui temos a presença do fator psicológico
inerente à natureza humana que projeta
seus desejos e repressões nas estruturas
sociais criadas por ela.
Malinowski, por um lado, traz a contribuição
para a leitura psicológica da cultura na
medida em que esta está referenciada à
própria natureza humana que a desenvolve.
Por outro lado, possui em sua construção
traços do positivismo de Auguste Comte,
adotado por Émile Durkheim na definição de
sociedade. Ou seja, vê-se, de modo estático,
o corpo social. O que se vê na abordagem de
Malinowski é que esta possui caráter eclético
nos estudos da cultura e da sociedade.
Radcliffe-Brown, outro expoente que, junto
a Malinowski, projetou a escola funcionalista
que propõe sua leitura da cultura com lente
sociológica. Mello (2009, p.255), ao descrever
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o funcionalismo adotado por Radcliffe-
Brown, assevera que “[...] está fora de dúvida
que os conceitos básico de Radcliffe-Brown
são ““estrutura”” e ““função””. Para ele, a
sociedade é, por analogia um organismo
vivo. “A estrutura deve ser definida como
uma série de relações entre entidades” e
a função trabalha para a “manutenção da
continuidade estrutural” (p. 257).
Linton (1987, p. 391), após fazer análise
do papel que a função exerce sobre as
sociedades, levanta um dado que merece
atenção quando avaliamos a sociedade nos
moldes do funcionalismo. Para ele,
para que a sociedade sobreviva, a cultura
precisa não só proporcionar técnica de
adestramento e repressão de indivíduos,
mas também de compensações e
oportunidades de expansão emotiva. Se
a cultura frustra e suprime o indivíduo,
em certos sentidos, precisa ajuda-
lo a expandir-se em outros. [...] O
comportamento socialmente desejável
tem de ser recompensado, nem que seja
apenas pelo respeito e aprovação dos
outros membros da sociedade.
Marconi e Presotto (2001, p. 266), ao tratarem
dos postulados básicos do funcionalismo
entenderam que:
1) A cultura é um todo sistêmico,
dotado de racionalidade própria, cujo
funcionamento deve ser captado em
dado momento;
2) Constitui-se de partes
interdependentes, relacionadas entre si e
como sistema sociocultural em conjunto;
3) Os conceitos de natureza humana
e de cultura levaram à concepção da
existência de um modo natural e outro
artificial em correspondência mútua;
4) Criação da teoria das necessidades;
5) Reconhecimento e valorização da
função desempenhada pelos elementos
culturais;
6) Para Malinowski, a unidade de
análise são as instituições culturais.
Para Radcliffe-Brown, são as estruturas
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sociais;
7) O arcabouço teórico de Malinowski
é funcional, o de Radcliffe-Brown é
estrutural-funcional;
8) Introdução do relativismo cultural
que permite visão do cenário social e
cultural das sociedades diferentes, sem
que nele sejam projetados os valores do
observador.”
A cultura expressa nas instituições sociais
tem sua contribuição na medida em que
coopera para o bom andamento e ajuste do
relacionamento entre as várias instituições
que a compõem. Contudo, a manifestação
da cultura presente nas instituições sociais,
ao perceber as oscilações da subjetividade,
presente em cada indivíduo, pode oscilar-
se também na direção de uma adequação
ao que cada parte propõe enquanto desejo
latente e manifesto.
Funcionalismo: Refere-se ao
estudo das culturas sob o ponto
de vista da função, ou seja, ressalta
a funcionalidade de cada unidade
da cultura no contexto cultural
global. Uma característica da
abordagem funcional é descobrir
as conexões existentes em uma
cultura e saber como funcionam.
4.3 Conclusão
Nesta unidade, pudemos estudar o
funcionalismo e seus pressupostos. De
acordo com essa corrente antropológica,
a sociedade e a cultura presente nela
devem ser compreendidas a partir de seu
autoexame que analisa sua manifestação
cultural presente nas instituições que cria.
Cada uma dessas instituições é o reflexo
dos desejos presentes na subjetividade
individual. Esse ponto de vista psicológico foi
mais bem abordado por Malinowski. Ele via
a sociedade como um todo coerente entre
si, e, ao se analisar um aspecto da cultura,
poder-se-á chegar ao todo.
O problema dessa dedução é que, ao
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analisar o funcionamento da sociedade no livro “Sociologia, teoria e estrutura”

como desejo manifesto, deixa-se de ver
outros desejos latentes ou escondidos que
poderão florescer no conjunto organizado
de instituições.
Em Radcliffe-Brown, a abordagem consistiu
na explicação sociológica da sociedade.
Há similaridades com o pensamento de
Malinowski na medida em que se vê a
sociedade como característica totalizante e
configuradora da vida sociocultural.
desenvolveu estudos nos quais tratava do
comportamento social a partir do “desejo
latente” e do “desejo manifesto”. Com isso,
nas teorias do comportamento a função seria
o que determinava o bom funcionamento
das instituições. A sua ausência, a disfunção,
seria o comportamento desviante daqueles
previamente instituídos. A cultura, portanto
possui características que brotam dessa
subjetividade presente em cada indivíduo.

Em suma, o funcionalismo, enquanto escola

da antropologia, dedicou sua abordagem
nas partes e como elas interagem entre si.
As conexões que se estabelecem entre as
partes formam um todo cultural e, por isso, a
sociedade deve ser entendida dentro desse
quadro funcional.

Assista ao vídeo: Bronislaw Ma-

linowski (https://www.youtube.
com/watch?v=HzH57CtaULI).

REFERÊNCIAS:

LINTON, Ralph. O homem: uma introdução

à antropologia. 12. ed. São Paulo: Martins
Fontes, 1987.

MARCONI, Marina de Andrade; PRESOTTO,

Zélia Maria Neves. Antropologia: uma
introdução. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2001.

MELLO, Luiz Gonzaga de. Antropologia

Cultural: iniciação, teoria e temas. 17. ed.
Petrópolis: Vozes, 2009.

GLOSSÁRIO

Desejo Latente e Desejo manifesto: Na

abordagem feita por Malinowski em que
analisa a sociedade a partir de sua produção
cultural que são as instituições, ele abre
caminho para outras formas de ciência
como as do comportamento, trabalhado
no campo da psicologia. Robert K. Merton,

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