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Tema:
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Sobre esta matéria pude perceber em primeira instância que anteriormente se tinha a
dúvida em relação a questão de que se havia ou não uma relação jurídica no Direito
Administrativo e se há em que as mesmas consistem?
Também não pude deixar de notar que que na atualidade, a doutrina do Direito
Administrativo tem atribuído grande importância ao conceito de relação jurídica no contexto
de ciência direito Direito Administrativo, e que mitos consideram de facto que só a relação
jurídica pode constituir a base fundamental da construção teórica ou exposição didática da
parte geral desta disciplina.
Essa descoberta não é recente, nem pode ser considerada pacifica sendo que foi
causadora de muita discussão para se achar realmente se há no campo do Direito
Administrativo uma relação jurídica, a mesma tem grande importância em termos dogmáticos
ou pedagógicos.
Quando se falou que não era uma descoberta recente, e não o e, remonta-nos voltar ao
principio do seculo XX onde as doutrinas alemães e italianas, já se referiam de forma
consciente e desenvolvidamente, à presença e à importância da relação jurídica
administrativa» na construção teórica do Direito Administrativo. E, em Portugal, Marcello
Caetano, no primeiro volume do seu Tratado Elementar de Direito Administrativo, adaptou,
mutatis mutandis, a este ramo do direito público a teoria da relação jurídica, mais cedo
elaborada pelos civilistas alemães e italianos.
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b) Admitindo que a resposta à primeira pergunta seja positiva, pode ou
não pode o conceito de «relação jurídica» ser a base fundamental, núcleo essencial, da
construção dogmática do Direito Administrativo?
Em relação à primeira pergunta, cremos não haver hoje em dia d opiniões: todos
entendem que também no Direito Administrativo e tem relações da vida social tuteladas pelo
Direito, que podem e devem qualificadas como relações jurídicas administrativas, ou se se
preferir, com relações jurídico-administrativas.
Em que consistem? Remetemos para daqui a pouco uma resposta mais trabalhada;
para já, podemos avançar que elas são (pelo menos relações entre uma pessoa coletiva
pública e um particular, em primeira actue investida de poderes de autoridade e em que os
dois sujeitos disponham de poderes e deveres correlativos conferidos por no de Direito
Administrativo».
Exemplos: as relações entre o Estado e o contribuinte.
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1) Fontes internacionais: trata-se, designadamente, dos actos normativos
de organizações internacionais que conferem direitos aos particulares impõem deveres
ou encargos à Administração pública perante outrem.
a) que não há apenas relações deste tipo entre Administração e particulares, mas
também entre entidades publica mente, ou tão-só entre particulares, desde que no exercício de
direto deveres públicos;
(b) que nem todas as relações jurídicas administrativas derivam apenas da lei ou de
contrato administrativo;
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Como já tem explicado várias vezes, ao longo do nosso ensino, temos por evidente
algumas certezas:
b) Que esta não esgota, no plano científico, a parte geral do Da Administrativo (lato
sensu), porquanto, além do mais, não se presta
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Logo nos princípios do livro, depois da crítica frontal à ideia do «acto administrativo
como conceito central do Direito Administrativo , o A. dá como epígrafe, esta outra ideia: «A
relação jurídica como novo conceito central do Direito Administrativo». A argumentação
principal é exposta, na ótica da defesa do cidadão perante 1Administração pública, na noção
de «alargamento dos direitos subjetivo públicos dos particulares», incluindo nestes,
designadamente, os «direitos fundamentais», por um lado, e os chamados «interesses
legítimos» Ou interesses legalmente protegidos», por outro.
Em 2007, novo ataque e, desta vez, mais forte foi feito à conceção «tradicional» de
Otto Mayer, na Alemanha e de Marcello Caetano, em Portugal, na também excelente dissensa
de doutoramento de Pedro Machete, intitulada Estado de Direito Dem tico e Administração
paritária “Almedina, Coimbra".
Os pontos de divergência:
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a) numa análise realista, ou jurídico-substancial (que é o que mais interessa), se é
certo que as entidades públicas que integram a Administração podem figurar, mesmo no
âmbito do die público, despidas de qualquer jus imperii - e aí há «relações paritarias não
é menos verdade que, em grande número de casos (que tele aumentar e não a diminuir), o
direito confere à Administração autênticos poderes de autoridade, a que correspondem do
lado dos particulares verdadeiros deveres de obediência (activa) ou estados de sujeição
(passiva) -e aqui a relação jurídica não é paritária, ou de igualdade, mas de supremacia-
subordinação, e portanto de desigualdade jurídica;
c) de tudo o que antecede resulta que não podemos aceitar a ideia de que, num Estado
de Direito Democrático, a Administração já não possa mais ser considerada como um poder
do Estado, a par dos Poderes Legislativo e Judicial. Se assim fosse, que lugar se daria ao
Poder Executivo em teoria geral do Estado? E certo que a conceção da Administração como
poder público, ou poder do Estado, tem de ter por base a Constituição e a lei. Claro. Mas
também é evidente que a nossa lei fundamental 2As nossas leis administrativas reservam o
monopólio do uso legítimo da força pública (militar e policial) à Administração: é isso que
faz dela um poder do Estado - a que chama, por tradição, e porque é cientificamente correcto,
Poder Executivo -, ao qual cabe executar as leis não exequíveis por si mesmas, as sentenças
dos tribunais, suscetíveis de execução coativa, e os actos administrativos executórios.
Paradoxalmente, dos três poderes do Estado caracterizados por Montesquieu, o mais forte e o
único completo é o Poder Executivo - porque dispõe de «powers of enforcement, if necessary
through the use of reasonable force». E é bom que assim seja, pois uma democracia sem
autoridade do Estado depressa degenera em desordem e, eventualmente, em anarquia.
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