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MOBILIZAÇÃO

Enf.ª Marisa Morera


Objectivos
 Definir o conceito de úlceras de pressão;
 Enumerar os factores de risco à formação das úlceras de
pressão;
 Identificar correctamente o grau das úlceras de pressão;
 Enumerar as áreas de risco à formação de úlceras;
 Explicar quais são as medidas de prevenção à formação de
úlceras de pressão;
 Identificar a terminologia e os conceitos associados aos
diferentes tipos de posicionamentos;
 Identificar os diversos tipos de ajudas técnicas e
funcionalidade das mesmas;
Objectivos

 Enumerar as ajudas técnicas;


 Explicar quais os objectivos dos posicionamentos;
 Enumerar e descrever os diferentes tipos de posicionamentos;
 Descrever os princípios básicos das técnicas de mobilização;
 Descrever correctamente as técnicas de levante abordadas;
 Descrever correctamente as técnicas de como mover um
doente na cama;
 Explicar a importante da prevenção de quedas;
 Enumerar quais as medidas preventivas a adoptar.
Conteúdos Programáticos

 Úlceras de pressão:
 prevenção de úlceras de pressão;
 locais mais susceptíveis;
 graus.
 Ajudas técnicas e o seu manuseamento;
 Posicionamentos;
 Transferências;
 Prevenção de quedas.
Úlceras de Pressão

Feridas causadas pela aplicação de pressão sobre uma


determinada zona do corpo.
Úlceras de Pressão
FACTORES DE RISCO

 Pressão;  Idade avançada;


 Fricção;  Imobilidade;
 Restrição de movimentos;  Desidratação;
 Posicionamentos  Obesidade/subnutrição;
inadequados;  Doenças (diabetes,
 Humidade; insuficiência venosa)
 Má nutrição;
Úlceras de Pressão
O aparecimento de vermelhidão que não desaparece, deve ser
interpretada como um sinal de alarme.
Úlceras de Pressão
A classificação das úlceras de pressão tem quatro graus:

GRAU I

Presença de eritema cutâneo que não desaparece ao fim


de 15 min de alívio da pressão.
Úlceras de Pressão
GRAU II

A derme, epiderme ou ambas estão destruídas. Podem


observar-se flictenas e escoriações.
Úlceras de Pressão
GRAU III

Ausência da pele, com lesão ou necrose do tecido


subcutâneo, sem atingir a fáscia muscular.
Úlceras de Pressão
GRAU IV

Ausência total da pele com necrose do tecido subcutâneo ou


lesão do músculo, osso ou estruturas de suporte (tendão,
cápsula articular, etc.)
Zonas de pressão
ÁREAS DE RISCO

 Região sacrococcígea;
 Região trocantérica/crista ilíaca;
 Região isquiática;
 Região escapular;
 Região occipital;
 Cotovelos;
 Calcâneos;
 Região maleolar.
Zonas de pressão
ÁREAS DE RISCO – Em decúbito lateral

 Maléolo externo;
 Trocânter;
 Caixa torácica (região das costelas);
 Acrómio;
 Pavilhão auricular;
 Face externa dos joelhos.
Zonas de pressão
ÁREAS DE RISCO – Em decúbito dorsal

 Calcâneos;
 Região sacrococcígea;
 Cotovelos;
 Região occipital;
 Omoplatas.
Zonas de pressão
ÁREAS DE RISCO – Em posição Fowler

 Região sagrada;
 Região isquiática;
 Calcâneos.
Zonas de pressão
Zonas de pressão
Zonas de pressão
Úlceras de Pressão

Especial atenção com pessoas diabéticas: Risco de


desenvolver “Pé Diabético”
Prevenção

Inicia-se pela informação e educação dos cuidadores,


que devem estar esclarecidos de que existe uma
correlação directa entre a ocorrência de úlceras de
pressão e a qualidade dos cuidados de saúde.
Prevenção
CUIDADOS COM A PELE
 Manter a pele seca e limpa;
 Lavar com água morna sem esfregar/causar fricção;
 Secar a pele sem friccionar e utilizar toalhões suaves;
 Não utilizar álcool;
 Usar sabões não irritantes e hidratantes;
 Massajar com cremes hidratantes;
 Não massajar sobre as proeminências ósseas ou zonas
ruborizadas;
Prevenção

CUIDADOS COM A PELE

 Em situações de incontinência a zona afectada deve ser


limpa e seca o mais rapidamente possível;

 Proteger a pele da exposição à humidade excessiva;

 Manter as roupas limpas, secas e esticadas;

 Examinar a pele para descobrir locais quentes, frios,


vermelhos ou inchados.
Prevenção

 Adequada nutrição/hidratação;

 Alternância de decúbitos/alívio de pressão de 2 em 2h;

 Posicionamentos adequados;

 Uso de material de alívio de pressão (colchões anti-


escaras, almofadas, placas de gel/silicone)
Prevenção
TÉCNICAS DE POSICIONAMENTO
 Reposicionar o individuo de tal forma a que a pressão
seja aliviada ou redistribuída;

 Evitar sujeitar a pele do doente a forças de pressão eou


de torção (cisalhamento);
Prevenção
TÉCNICAS DE POSICIONAMENTO
 Levantar, e não arrastar a pessoa, no momento da
transferência;
 Evitar posicionar o doente em contacto directo com
dispositivos médicos;
 Evitar posicionar o doente sobre proeminências ósseas
que apresentem eritema;
Prevenção
Medidas de alívio de pressão – Meios
materiais

COLCHÕES:
 Colchão de água;

 Colchão de sílica;

 Colchão de silicone;

 Colchão de pressão alternada.


Prevenção

ROUPA:
 Lenções moldáveis, sem bordas e lisos;

 Roupa de tecidos naturais;

 Têxteis de lã de carneiro.
Prevenção

SUPORTES:
 Almofadas;

 Almofadas e dispositivos especiais para suporte dos pés

e cotovelo;
 “Sogras”
Prevenção
Ajudas técnicas
São produtos de apoio (incluindo dispositivos, equipamento,
instrumentos, e tecnologia) especialmente produzidos e disponíveis,
para prevenir, compensar, monitorizar, aliviar ou neutralizar
qualquer impedimento, limitação da actividade e restrição na
participação

Destinam-se a todas as pessoas com deficiências ou incapacidade,


permanente ou temporária
Ajudas técnicas
Cama articulada - manual
Ajudas técnicas
Cama articulada - eléctrica
Ajudas técnicas
Maca – transporte doentes
Ajudas técnicas
Maca – duche
Ajudas técnicas
Elevador
Ajudas técnicas
Cadeira de rodas
Mobilidade e Posicionamento
 Posicionamentos:
 Posição de Fowler/Semi-Fowler
 Posição de decúbito dorsal
 Posição de decúbito ventral
 Posição de decúbito lateral
 Posição de Trendelenburg

 Transferências entre:
 A cama e a cadeira
 A cadeira e a zona de banho/sanita
Mobilidade e Posicionamento

POSICIONAMENTOS
São as posições em que se coloca o utente, quando este não
tem capacidade para mudar de decúbito sozinho.
Mobilidade e Posicionamento

OBJECTIVOS DOS POSICIONAMENTOS:


 Estimular a circulação, a respiração, a eliminação
e o exercício;
 Facilitar a excreção das secreções;
 Prevenir posições viciosas;
 Manter a integridade cutânea;
 Proporcionar conforto e bem-estar.
Mobilidade e Posicionamento

O utente deve ser mudado de posição frequentemente


(2/2h), com o apoio de almofadas:

 Decúbito lateral esquerdo/direito (de lado);


 Decúbito dorsal (de costas);
 Decúbito ventral (de barriga para baixo);
 Sentado e semi-sentado (Fowler e semi-fowler);
 Posição de Trendelenburg.
Mobilidade e Posicionamento
Os posicionamentos devem ser efectuados de 2 em 2
horas ou quando o utente manifestar vontade em mudar
de posição
As mudanças de posição devem obedecer a um plano
regular, por exemplo:
 9 horas - decúbito lateral direito (DLD)
 11 horas - levante para cadeirão
 13 horas - decúbito lateral esquerdo (DLE)
 15 horas - decúbito dorsal (DD)
 17 horas - decúbito lateral direito (DLD)
 19 horas - decúbito lateral esquerdo (DLE)
 21 horas - decúbito dorsal (DD)
Mobilidade e Posicionamento

Deve-se colocar um resguardo de pano, ao fazer a cama, e


utilizá-lo nas mobilizações do utente
Mobilidade e Posicionamento
POSIÇÃO DE FOWLER E SEMI-FOWLER
 Elevar a cabeceira da cama a 45/60º;
 Colocar uma almofada por baixo da cabeça;
 Usar almofadas para apoiar os membros superiores e as
mãos.
 Colocar uma almofada ou rolo na região popliteia e por
baixo dos tornozelos.
Mobilidade e Posicionamento

POSIÇÃO EM DECÚBITO DORSAL


Mobilidade e Posicionamento

POSIÇÃO EM DECÚBITO VENTRAL


Mobilidade e Posicionamento

POSIÇÃO EM DECÚBITO LATERAL


 Colocar a cabeceira do doente a 180º ou até onde o
doente tolerar;
 Flectir o joelho do doente (oposto à sua posição);
 Colocar uma mão sobre a anca e sobre o ombro;
 Rode o doente para o lado onde você está;
 Colocar almofadas/rolos entre os membros inferiores e
nas costas.
Mobilidade e Posicionamento

O corpo é deitado com a face voltada para cima, com a cabeça


sobre a cama inclinada para baixo cerca de 40°.

Indicada em doentes que realizam cirurgia da região pélvica,


estado de choque, tromboflebites, entre outros.
Mobilidade e Posicionamento

Quando se efectuam as mudanças de posição é necessário


observar a pele do utente

Ver se a pele está muito marcada e vermelha,


especialmente nas zonas de proeminências ósseas
Mobilidade e Posicionamento

Sempre que se muda o utente de posição deve-se massajar


as zonas que estiveram anteriormente sob pressão, através
de movimentos circulares (promove e activa a circulação)
Mobilidade e Posicionamento
MOBILIZAÇÃO
Acção de levantar, baixar, sustentar, empurrar ou puxar
doentes.

 Métodos de transferência manual;


 Métodos de transferência, utilizando pequenos meios
auxiliares de mobilização de doentes;
 Métodos de transferência, utilizando grandes meios
auxiliares de mobilização de doentes.
Mobilidade e Posicionamento
A determinação da técnica adequada de mobilização de
doentes envolve uma avaliação das necessidades e
capacidades do doente envolvido.

 Nível de assistência exigido pelo doente;


 Tamanho e peso do doente;
 Capacidade e vontade do doente em cooperar;
 Condição clínica do doente.
Mobilidade e Posicionamento
PRINCÍPIOS BÁSICOS DAS TÉCNICAS DE MOBILIZAÇÃO

1. Procurar ajuda de assistentes quando necessário;


2. Antes de iniciar a mobilização, o prestador de cuidados
deve posicionar-se o mais perto possível do doente;
3. Explicar o procedimento ao doente e incentivar a sua
cooperação;
4. Manter uma postura correcta durante as mobilizações;
5. Segurar firmemente o doente durante a mobilização;
Mobilidade e Posicionamento
TÉCNICA DE LEVANTE
Método pelo qual se passa o doente da posição horizontal
para a posição vertical.

Objectivos:
 Treinar o equilíbrio;

 Preparar o treino da marcha;

 Incentivar ao auto- cuidado;

 Prevenir as complicações da imobilidade.


Mobilidade e Posicionamento
TÉCNICA DE LEVANTE
1. Colocar o utente em decúbito lateral para o lado do
levante;
2. Quando estiver a levantar o utente, mantenha os seus
pés afastados e próximos da cama. Mantenha-se junto
do utente e diga-lhe o que quer que ele faça
3. Evite sempre puxar o utente pelos braços, mas segure-o
pelos ombros (omoplatas), pois pode deslocar as
articulações
4. O utente coloca os pés no chão, apoia - se nos nossos
ombros e efectua o levante para a posição de pé.
Mobilidade e Posicionamento
Mobilidade e Posicionamento
Demore o tempo que lhe for necessário, nunca pegue “em
peso”

Com o levante pode lesionar as suas costas

Tente evitar movimentos de torção


!
Mobilidade e Posicionamento
Levante da cama para a cadeira
1. Posicionar a cadeira ao lado da cama;
2. Se a cadeira for de rodas, certificar-se de que está
travada;
3. Ajustar a altura da cama à nossa altura;
4. Sentar a pessoa na cama;
5. Transferir para a cadeira.
Mobilidade e Posicionamento
Mobilidade e Posicionamento
Mobilidade e Posicionamento
Levante da cadeira para a sanita
1. Travar a cadeira de rodas;

2. Retirar ou rodar os pedais para os lados;

3. Colocar a cadeira o mais perto possível da sanita.

O cuidador deve estar no lado oposto para onde vai transferir


o paciente
4. Ajudar o doente a colocar-se em pé;
5. Auxiliar o doente a rodar sobre os seus pés, ficando de
costas para a sanita;
6. Baixa a roupa e senta-se na sanita.
Mobilidade e Posicionamento
Mobilidade e Posicionamento
Devem-se salvaguardar zonas como:
 Cotovelos;
 Região sagrada;
 Região posterior do tórax;
 Por baixo dos joelhos;
 Não deixar os pés pendentes.
Mobilidade e Posicionamento
Na execução dos métodos abordados anteriormente,
podem ser utilizados pequenos meios auxiliares de
mobilização de doentes:
 Barra de trapézio;

 Cinto ergonómico;

 Prancha ou lençol deslizante;

 Elevadores.
Mobilidade e Posicionamento

Barra de trapézio
Mobilidade e Posicionamento

Elevador
Mobilidade e Posicionamento
MOVER UM DOENTE DE UM LADO PARA O OUTRO DA
CAMA
Um cuidador:
1. Ajuste adequadamente a altura da cama em função da
sua própria altura;
2. Divida o processo de transferência em três partes:
pernas – cintura – ombros;
3. Arraste o peso do doente utilizando o seu próprio peso,
utilizando preferencialmente os músculos das pernas e
das ancas;
Mobilidade e Posicionamento
Mobilidade e Posicionamento
Dois cuidadores:
 Ajustem adequadamente a altura da cama em função da
vossa própria altura;
 Contrabalancem o peso do doente com o vosso próprio

peso;
 Os movimentos dos prestadores de cuidados devem estar

sincronizados ao executar a transferência do doente. A


comunicação entre ambos os prestadores de cuidados é
muito importante.
Mobilidade e Posicionamento
Mobilidade e Posicionamento
MOVER UM DOENTE PARA CIMA NA CAMA
Um cuidador:
1. Ajuste adequadamente a altura da cama em função da
sua própria altura;
2. Peça ao doente que flicta o joelho e que faça força
sobre o pé;
3. Durante a transferência, desloque o seu próprio peso de
um lado para o outro, mantendo as costas direitas.
Mobilidade e Posicionamento
Mobilidade e Posicionamento
Dois cuidadores:
 Peçam ao doente que coloque as mãos na cabeceira da
cama e a empurre durante a transferência, ao mesmo
tempo que faz força com o pé;
 Durante o levante do doente, utilizem preferencialmente
os músculos das pernas e das ancas e não os músculos da
parte superior do corpo;
 Os movimentos dos prestadores de cuidados devem estar

sincronizados ao executar a transferência do doente. A


comunicação é muito importante.
Mobilidade e Posicionamento
Prevenção de quedas
As quedas nas pessoas idosas são comuns e aumentam
progressivamente com a idade em ambos os sexos e em
todos os grupos étnicos e raciais.

Problema de Saúde Pública

Os acidentes por quedas podem provocar fraturas,


traumatismos cranianos e morte, dependendo do caso.
Prevenção de quedas
As quedas afectam a qualidade de vida do idoso por
consequências psicossociais, provocam sentimentos como
medo, fragilidade e falta de confiança.

Muitas vezes funcionam como o início da degeneração do


quadro geral do idoso, pois além de reduzir sua
mobilidade, também afecta as actividades sociais e
recreativas.
Prevenção de quedas
FACTORES RELACIONADOS COM AS QUEDAS
 Alterações fisiológicas próprias do envelhecimento
 Diminuição da visão;
 Diminuição da audição;
 Deformidades dos pés;
 Alterações da postura.
 Doenças que predispõem à queda: doenças
cardiovasculares, doenças neurológicas, ostoporose…
 Medicamentos
Prevenção de quedas
MEDIDAS PREVENTIVAS

 Manter a campainha ao alcance do doente;


 Manter os objectos pessoais mais utilizados ao alcance do
doente (óculos, telemóvel, água, urinol);
 Manter a cama numa altura baixa;
 Manter a cama e cadeiras de rodas travadas;
 Manter as grades de protecção elevadas;
 Manter a área de circulação na enfermaria e corredores
livres de móveis e outros utensílios;
Prevenção de quedas

 Não deixar o ambiente totalmente escuro;


 Orientar para o uso de calçado antiderrapante;
 Auxiliar o doente com dificuldade de marcha na
deambulação;
 No primeiro levante do dia, sentar o doente na cama com
as pernas pendentes durante cerca de 3 minutos, antes de
o levantar;
 Utilizar de roupa adequada;
 Manter vigilância e agilidade no atendimento às
campainhas.
Bibliografia
 AGÊNCIA EUROPEIA PARA A SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO - Técnicas de
mobilização de doentes para prevenir lesões músculo-esqueléticas na prestação de
cuidados de saúde. [Em linha]: https://osha.europa.eu/pt/publications/e-
facts/efact28;
 CENTRO DE ESTUDOS ORTOPÉDICOS DO HSPE – Manual de prevenção de
quedas da pessoa idosa. [Em linha]:
http://maragabrilli.com.br/federal/manualquedasidoso/Manual_de_Prevencao_d
e_Quedas_da_Pessoa_Idosa.pdf;
 European Pressure Ulcer Advisory Panel – Prevenção das úlceras de pressão: Guia
de consulta rápida. 2009. [Em linha]:
http://gaif.net/sites/default/files/Guideline_Prevencao_da_UPressao_PT.pdf.

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