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Estudo da cinemática

Natasha Iukiko Miguita*


Jonathan de Souza Oliveira„
Danilo de Almeida Cagnoni…
Matheus Laurindo Santos Silva§
João Lima Ribeiro¶
14 de julho de 2020

UNESP - Campus Guaratingueta - DFI

* n.miguita@unesp.br
„ jonathan.souza.oliveira23@gmail.com
… danilojk1@gmail.com
§ matheus.ls.silva@unesp.br
¶ joaolimaribeiraj@gmail.com

1
1 Cinemática Unidimensional
1.1 Espaço-tempo:
O estudo do movimento na cinemática é permeado pelo espaço e pelo tempo.
Hoje, sabe-se que o tempo e espaço compõe as dimensões da nossa realidade.
Um exemplo simples de perceber isso é que depois da quarentena todos serão
convidados a comer em uma Pizzaria. Todos tem de estar lá e está marcado.
Nesse momento, lhe vem cabeça a seguinte pergunta “Ok, mas quando?”. E se
houvesse um convite para viajar sábado depois da quarentena. Nessa situação
também vem uma pergunta “Para onde?”. Dessa forma, é perceptı́vel que para
qualquer análise de uma situação ou evento é necessário algumas coordenadas
do espaço e do tempo, ou seja, é preciso fornecer o local e a data para acontecer
a noite da pizza ou a viagem. Desse modo, para descrever o movimento é funda-
mental ter para cada instante de tempo seu local no espaço, e reciprocamente,
para cada local do espaço um instante de tempo.

1.1.1 Espaço
O espaço1 é composto por 3 dimensões, sendo elas, altura, largura e com-
primento. Na fı́sica, adotamos um sistema de eixos ortogonais 2 x,y e z ou
î , ĵ e k̂. Nesse capı́tulo, a análise será restringida a apenas uma dimensão.
Como destacado no inı́cio do capı́tulo, toda a análise do movimento requer um
referencial 3 . Dado esse referencial será qualificado se um determinado corpo
está em movimento ou em repouso. Por exemplo, se a Terra for adotada como
referencial e o objeto de análise for uma casa, a mesma estará em repouso em
relação a Terra. Já um carro ou ônibus, que esteja transitando por uma rua,
estará em movimento em relação a Terra. Seguindo essa ótica, para facilitar
a análise do movimento, se estabelece na origem do sistema de coordenadas o
referencial e a partir dele se denota as posições ocupadas pelo corpo durante o
movimento.

1 Nota:A unidade no SI para espaço é metros (sı́mbolo: m).


2 Nota:Nessa sessão, apesar de a análise ser restringida a apenas um eixo,é muito impor-
tante, quando se está em um problema aberto, a análise efetiva das 3 dimensões do problema.
Em algumas situações, é viável desprezar algumas dimensões para facilitar o desenvolvimento
do problema. Por exemplo, o lançamento vertical de uma bolinha. O movimento da boli-
nha ocorre apenas na dimensão ŷ, e portanto, não é necessário a utilização das outras duas
dimensões.
3 Nota : A escolha do referencial é o ponto chave para a resolução de muitos problemas. E

é importante levar todo o problema mantendo esse referencial e percebendo como se alteram
as grandezas em relação a ele. Muitos erros ocorrem pela mudança do referencial no meio do
problema e isso afeta todas as variáveis subsequentes.

2
Quando se tem o conjunto de todas as posições ocupadas por um corpo
durante o movimento, esse conjunto de pontos forma a trajetória do movimento.
E em algumas ocasiões, quando se conhece de antemão a trajetória do corpo
no movimento, pode-se partir dela a análise do mesmo. Para isso, adota-se na
trajetória um ponto O como origem do movimento, e atribui-se uma orientação
a trajetória.. A figura 1 a seguir ilustra a situação.

Figura 1: Trajetória Fonte: Autoria própria.

Nesse sentido, com a trajetória orientada e o ponto de origem definido, o


espaço ou posição, de um corpo será o comprimento do trecho de trajetória
compreendido entre o corpo e a origem, acrescido de um sinal positivo ou nega-
tivo, conforme a semi-trajetória positiva ou negativa em que o corpo se encontra.
Normalmente, essa medida é representada pela letra S ou X. Por fim, deslo-
camento 4 ou variação de espaço, é a medida que nos descreve a posição da
partı́cula e como essa posição varia. E essa variação que representaremos com a
letra grega delta (∆) é a posição final, ou espaço final(sf ), subtraı́da da posição
inicial, ou espaço inicial(so ).

1.1.2 Tempo
O tempo5 ainda é uma incógnita para a modernidade, pois apenas sente-
se seu efeito e observa-se sua atuação, mas não é possı́vel movimentar-se por
ele como é feito no espaço. Como o tempo caminha apenas em um sentido,
adotamos ele como uma sucessão de acontecimentos e o medimos a partir da
contagem das repetições de algum fenômeno periódico.
Quando é estabelecido o momento para começar o inı́cio da medição do
tempo(origem do tempo), qualquer momento indicado pelo medidor, será defi-
nido como instante.Por fim, intervalo de tempo será a duração do movimento
entre um instante final(tf ) e um instante inicial(to ).

4 Nota:Algumas literaturas fazem uso da distância total. Essa nada mais é que a soma dos

deslocamentos parciais de todo o movimento.


5 Nota 5: A unidade no SI para tempo é segundos (sı́mbolo: s).

3
1.2 Velocidade
Com objetivo de avaliar como algumas situações do cotidiano ocorrem e
classificar como rápidas e lentas, foi desenvolvido o conceito de velocidade6 . Na
fı́sica, é a variação do espaço em função do tempo. E em geral, se denota velo-
cidade média e velocidade instantânea, pois ambas têm definições especificas.

1.2.1 Velocidade média


A velocidade média corresponde a divisão do valor da variação do espaço
pela variação do tempo. Portanto, a velocidade média do movimento é definida
por:
∆S sf − so
Vm = = (1)
∆T tf − to
A velocidade média é um valor importante para a análise de muitos movimentos,
mas ela em alguns casos não representa um valor real. Por exemplo, um carro
indo de uma cidade A para uma cidade B, distantes em 50 quilômetros, gasta
2,0 h para ir de uma cidade a outra. A velocidade média do percurso será de 25
km/h. No entanto, durante o percurso ele parou para almoçar e ficou parado por
1,5h. E para chegar na outra cidade teve momentos de velocidade de 120 km/h
e momentos de velocidade de 80 km/h. Ou seja, não correspondente a 25 km/h.
Assim, para uso da velocidade média é necessário a delimitação de algumas
condições para que ela seja mais utilizável e direta, pois existem situações que
ela é extremamente importante para se obter a velocidade instantânea.

1.2.2 Velocidade instantânea


A velocidade instantânea corresponde aos valores de velocidade de um corpo
para cada posição e instante de tempo. Essa é uma medida direta, pois dá todos
os valores de velocidade que o corpo assume durante o movimento. Para seu
cálculo, recorremos a um processo limite:
∆S ds
V = lim = (2)
∆t→0 ∆T dt

6 Nota 6: A unidade no SI de velocidade é metro por segundo (Sı́mbolo: m/s). Normal-

mente, é utilizado, também, o quilômetro por hora (Sı́mbolo: km/h), mas não é unidade do
SI.

4
1.2.3 Interpretação Geométrica
A interpretação geométrica da velocidade média é a inclinação da linha reta
que liga os pontos p2(t1, s1) e p1(t2, s2) em um gráfico s versus t.

Figura 2: Velocidade média. Fonte: http://efisica.if.usp.br

A interpretação geométrica da velocidade instantânea é a inclinação da reta


tangente em um ponto P(tp, sp) em um gráfico s versus t.

Figura 3: Velocidade instantânea. Fonte: Autoria Própria.

5
1.3 Aceleração
Durante o desenvolvimento da fı́sica, percebeu-se que algumas grandezas não
eram diretamente proporcionais a velocidade e sim, diretamente proporcional a
variação da velocidade em função do tempo. Para facilitar, definiu-se que essa
variação da velocidade em função do tempo seria chamada de aceleração. A
aceleração média se dá pela divisão entre o valor da variação da velocidade pela
variação de tempo. Portanto, a aceleração média fica definida por:
∆V vf − vo
am = = (3)
∆T tf − to

Já a aceleração instantânea se dá pelo processo limite da função da aceleração


média com a variação do tempo tendendo a zero ou a derivada da função da
velocidade.
∆V dv
a = lim = (4)
∆t→0 ∆T dt

1.4 Análises:
1.4.1 Movimento uniforme
A definição de movimento uniforme é: Movimento uniforme7 é aquele que o
corpo sofre variações de espaço iguais em tempos iguais, ou seja, a velocidade é
constante. Desse modo, tiramos algumas conclusões:
1. Como a velocidade é constante, a variação da velocidade é sempre igual a
zero e a aceleração será igual a zero.
2. Construindo o gráfico v versus t, temos a seguinte situação:

Figura 4: Gráfico V versus t. Fonte: Autoria Própria.


7 Nota 7: Uma designação no movimento uniforme é a movimento progressivo e movimento

retrogrado. Movimento progressivo é todo e qualquer movimento com velocidade constante


positiva. Já movimento retrogrado, é velocidade constante negativa.

6
A partir do gráfico concluı́mos que a velocidade instantânea acaba sendo
igual a velocidade média, pois ambas estão sobre a mesma reta suporte
que sustentam ambas segundo sua definição geométrica. Com essa con-
sequência, podemos definir a seguinte lei:
sf −so
Vm = tf −to

sf − so = V · (tf − to )

sf = so + V · (tf − to )

Normalmente, definimos ti para o instante t = 0, chamamos tf e sf ,


respectivamente, de um instante t qualquer e o espaço final, de s(t). Dessa
forma, a seguinte lei fica:

s(t) = si + v · t (5)

Assim, a lei acima da forma descrita é conhecida como lei, ou função,


horária dos espaços.
3. A partir da lei acima, concluı́mos que a curva no gráfico S versus t é uma
reta como destacado no gráfico a seguir:

Figura 5: Gráfico S versus t. Fonte: https://alunosonline.uol.com.br/

1.4.2 Movimento uniformemente variado


Movimento uniformemente variado8 é aquele que sofre variações iguais de
velocidade em intervalos de tempo iguais, ou seja, possuı́ aceleração constante.
Dessa forma, tiramos algumas conclusões:
8 Nota 8: Tem-se duas designações para o tipo de movimento uniformemente variado: ace-

lerado e retardado. Quando a variação da velocidade aumenta e a aceleração é positiva, o


movimento é acelerado progressivo. Já se a variação diminui e a aceleração é positiva, o
movimento é retardado retrogrado. Ao contrário, se a variação da velocidade aumenta e a
aceleração é negativa, o movimento é acelerado retrogrado. Assim se a variação da velocidade
diminui e a aceleração é negativa, o movimento é retardado progressivo.

7
1. Construindo o gráfico a versus t, temos a seguinte situação:

Figura 6: Gráfico A versus t. Fonte: http://soluexatas.blogspot.com/

A partir do gráfico, e de maneira análoga a situação da velocidade ins-


tantânea e média, a aceleração média coincide com a aceleração instantânea.
Assim, podemos gerar a seguinte lei:
vf −vo
am = tf −to

vf − vo = a · (tf − to )

vf = vo + a · (tf − to )

Normalmente, definimos to para o instante t = 0,e chamamos tf e vf ,


respectivamente, de um instante t qualquer e o espaço final, de v(t). Dessa
forma, a seguinte lei fica:

V (t) = Vo + a · t (6)

A lei acima da forma descrita é conhecida como lei, ou função, horária das
velocidades.
2. A partir da lei acima, concluı́mos que em um gráfico v versus t, a linha
descrita é uma reta, conforme o gráfico a seguir:
É sabido que a área desse tipo de gráfico v versus t é numericamente igual a
variação do espaço e, possuı́ o formade de paralelogramo. Em linhas gerais:

∆S ≡ A
(B+B)h
A= 2

Vo +Vf ·∆T
∆S = 2

a·t2
S(t) = So + Vo · t + 2

8
Figura 7: Gráfico V versus t. Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/

Normalmente, definimos to para o instante t = 0, chamamos tf e sf ,


respectivamente, de um instante t qualquer e o espaço final, de s(t). Dessa
forma, a seguinte lei fica:

a · t2
S(t) = So + Vo · t + (7)
2

Assim, a lei acima da forma descrita é conhecida como lei, ou função,


horária dos espaços para o movimento uniformemente variado.
3. A partir da lei acima, concluı́mos que em um gráfico s versus t, a curva
descrita é um parábola, conforme o gráfico a seguir:

Figura 8: Gráfico S versus t. Fonte: https://www.coceducacao.com.br

4. Há ainda uma última lei que possibilita nesse tipo de movimento a des-
coberta da velocidade final sem a necessidade de se descobrir o tempo.
Utilizando se a lei horária das velocidades e a lei horária das posições:

(a) Isola-se o tempo em v(t) = vo + a · t


a·t2
(b) Substitui-se ems(t) = so + vo · t + 2
(c) Assim chega a v 2 = vo2 + 2∆ · a · S

9
Essa é a conhecida, usualmente como equação de torriceli.

v 2 = vo2 + 2∆ · a · S (8)

1.4.3 Movimentos Quaisquer


Nos casos descritos anteriormente, dos movimentos conhecidos, é fácil encon-
trar funções ou leis para os espaços, as velocidades e acelerações pelas associações
e áreas conhecidas. No entanto, para outros movimentos em que a aceleração
varia começa a ter complicações para encontrar as leis ou funções da maneira
tradicional. Para isso, usa-se as derivadas e integrais que facilitam o trabalho.
Pode ser até utilizada nos casos anteriores. Para efeito de demonstrações que
serão descritos no final.
Vale destacar que:

1. Em um movimento qualquer,dada a lei ou função horária dos espaços, para


se obter a função horária da velocidade basta derivar a função horária dos
espaços e, para se obter a função horária da aceleração, basta fazer a
derivada segunda.
2. Se em um movimento qualquer,dada a função horária da velocidade, para
se obter a função horária dos espaços, basta integrar a função horária da
velocidade.Já,para obter a função horária da aceleração, basta derivar a
função horária da velocidade.
3. Se em um movimento qualquer,dada a função horária da aceleração, para
se obter a função horária da velocidade basta integrar a função horária
da aceleração uma vez. Já para obter a função horária dos espaços, basta
integrar mais uma vez a função horária da aceleração.

(a) Movimento 1:
Dada a equação horária da velocidade:
v(t) = t2 + 2t + 4
Para se encontrar a equação horária da aceleração, basta derivar a
equação horária da velocidade:

dv d(t2 +2·t+4)
a(t) = dt = dt

Portanto, a equação horária da aceleração será:


a(t) = 2 · t + 4
Já, se é necessário a equação horária dos espaços, precisa se integrar
a equação horária das velocidades.
Rt 3 t
s(t) = tof (t2 + 4 · t + 4)dt = ( t3 + 4 · t + C) |tfo

10
Para facilitar, denotamos to = 0 e a constante C será a origem dos
espaços Si. Portanto, a equação horária dos espaços será:
t3
s(t) = 3 + 2 · t2 + 4 · t + So
(b) Movimento 2:
Dado o movimento com aceleração constante a, encontre as
equações horárias da velocidade e do espaço. Sabemos que para
encontrar a equação horária da velocidade é necessário integrar a
equação horária da aceleração que é:
a(t) = a

Assim:
Rt Rt
v(t) = to
a(t) dt = to
a dt = (a · t + C)|tto
Para facilitar, denotamos to = 0 e a constante C será a velocidade
inicial Vo .

v(t) = vo + a · t.
Em seguida, para encontrar a equação horária das posições, basta
integrar novamente a equação horária da aceleração:
Rt Rt 2
s(t) = to v(t) dt = to (vo + a · t) dt = (vo · t + a·t2 )|tto
Para facilitar, denotamos to = 0 e a constante C será o espaço
inicial So .
a·t2
s(t) = so + vo · t + 2

11
2 Cinemática Bidimensional
2.1 Posição de uma partı́cula em um plano:
Para que que seja possı́vel descrever o movimento de um móvel no espaço
bidimensional primeiro é necessário conhecer a posição dessa partı́cula. Será
estabelecido a posição de uma partı́cula em um plano com dois parâmetros
conforme a imagem a baixo:

Figura 9: Movimento num plano - Nussenzveig, H. Moysés, Curso de Fı́sica


Básica 1 - Mecânica, pg. 40

Nesse caso a posição da partı́cula está sendo expressa pelo par de funções
(x(t), y(t)). Essas funções formarão o par ordenador (x, y) que indicarão a
posição da partı́cula em cada ponto da trajetória.

2.2 Vetores:
Anteriormente, foi usado o sistema de coordenadas cartesianas. Nessa sub-
sessão será visto que é possı́vel dar uma caracterização no movimento, indepen-
dente do sistema de coordenadas, através do conceito de vetores. 9 No estudo
dos movimentos, os vetores podem representar o deslocamento, a velocidade e
a aceleração. Eles também podem ser decompostos em componentes vertical e
horizontal.

9 Nota : O vetor é um segmento de reta orientado que possui módulo, direção e sentido.

12
E para isso usaremos os versores î e ĵ que são expressos nas direções x e y
como ilustra a figura abaixo:

Figura 10: Composição de deslocamentos - adaptado - Nussenzveig, H. Moysés,


Curso de Fı́sica Básica 1 - Mecânica, pg. 42

A equação do vetor deslocamento do caso acima fica:

~r = ~rx î + ~ry ĵ

2.2.1 Vetor Deslocamento


O deslocamento é a variação da posição de uma partı́cula. O mesmo pode
ser expresso na forma vetorial pois é preciso especificar não só a distância que
a partı́cula percorreu (módulo) como também a direção e o sentido do desloca-
mento. E também por ser uma grandeza vetorial, quando há dois deslocamentos,
a soma de ambos forma o deslocamento resultante, como ilustra a figura a baixo:

Figura 11: Deslocamento Resultante - adaptado - Nussenzveig, H. Moysés,


Curso de Fı́sica Básica 1 - Mecânica, pg. 42

2.2.2 Vetor Velocidade


Como foi visto na sessão anterior, a formula da velocidade era a variação do
espaço percorrido sobre a variação do tempo. Nessa sessão o cálculo do vetor
velocidade média não é diferente. O vetor velocidade média será definido como
a variação de deslocamento vetorial sobre a variação de tempo:

r~2 − r~1
V~m = (9)
∆t

13
Exemplificando em termos gráficos, pode-se considerar uma partı́cula que se
move, durante um intervalo de tempo ∆t de um ponto P até um ponto P’ como
ilustrado na figura abaixo:

Figura 12: Trajetória plana - Nussenzveig, H. Moysés, Curso de Fı́sica Básica 1


- Mecânica, pg. 47

No ponto P o vetor deslocamento ~r1 é r(t) e no ponto P’ o vetor desloca-


mento r~2 é ~r(t + ∆t). Para calcular a velocidade vetorial basta fazer a variação
vetorial e dividir pelo intervalo de tempo.

~
r (t)−~
r (t+∆t)
V~m = ∆t = ∆~
r
∆t

É importante lembrar que a velocidade vetorial possui suas componentes x


e y. Então a formula da velocidade expressa pelas suas componentes fica:

∆~
r ∆x ∆y
v~m (t) = ∆t = ∆t + ∆t = v~x (t) î + v~m (t) ĵ

2.2.3 Vetor Aceleração


Definindo a aceleração média de forma análoga: Será considera um intervalo
de tempo [t, t + deltat], com v(t) e v(t + ∆t) sendo vetores velocidade, nos
extremos do instervalo, os quais são tangentes a trajetória nos respectivos pontos
P (t) e P (t, ∆t) conforme a figura a baixo :

14
Figura 13:

Sendo assim a aceleração média nesses instantes fica:


v~f −v~i ~
∆v
a~m = ∆t = ∆t

A aceleração instantânea seria a derivada do vetor deslocamento resultante ou


a derivada segunda de duas componentes vertical e horizontal:
d2 r d2 x î d2 y ĵ
~a(t) = d t2 = d t2 + dt2

2.2.4 Movimento de Projéteis


Um projétil é um corpo qualquer que foi lançado com uma velocidade inicial
vo . Sua trajetória será determinada pela força da gravidade e pela resistência do
ar. Nessa subseção iremos estudar o movimento de um projétil e como descobrir
suas variáveis e constantes, porém para isso, teremos que considerar a terra como
um plano, com ~g constante, e iremos desprezar a resistência do ar. O formato
da trajetória de um projetil é parabólica quando um móvel é lançado do solo ou
semi parabólica quando um móvel é abandonado de um avião em movimento.
Será considerado um móvel que foi lançado do plano com velocidade vo. Sua
trajetória será ilustrada na figura abaixo:
titulo da imagem

Figura 14: fonte da imagem

Para melhor análise do movimento, a trajetória do móvel foi colocada em


um sistema de eixos x e y. O ponto de onde o projétil foi lançado, será alinhado

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com a origem do sistema de eixos. A partir daı́ as dimensões serão analisadas
independentemente, depois que a análise for feita, iremos juntar as informações
e ver como o movimento em uma dimensão acontece em função do movimento
na outra dimensão.

1. Primeiro iremos decompor o vetor velocidade inicial em componentes ho-


rizontal e vertical :
Eixo x: Vox = vo · cosθ
Eixo y: Voy = vo · cosθt
10
2. Agora iremos achar a função velocidade de cada uma das dimensões :
eixo x: Vx = vox + ax · t. porém, ax = 0 então: vx = vox = vo .cosθ
eixo y: Vy = voy + ay · t porém ay = −g então: vy = vo · senθ − g · t

3. Agora podemos analisar a função da trajetória de cada uma das dimensções


2
sabendo que s = so + vo · t + a·t2
No eixo x: So = 0, vox = vo · cosθ, a = 0 então Sx = vo · cosθ · t
No eixo y: So = 0, voy = vo · senθ, a = −g então
2
Sy = vo · senθ · t − g·t2
4. Agora, para juntar as duas equações, o tempo, será isolado na equação Sx
para ser substituı́do na equação Sy :

Sx = vo · cosθ · t
Sx
vo ·cosθ = t (1)

a·t2
Sy = vo · senθ · t + 2 (2)

Agora substituindo (1) em (2)

vo ·senθ·sx g (Sx )2
Sy = vo ·cosθ − 2 · (vo ·cosθ)2

g·(Sx )2
Sy = tgθ · Sx − 2·(vo )2 ·cos2 θ

5. Agora analisando somente o movimento vertical, sabe-se que o projétil,


alcança a altura máxima ym quando a velocidade vy = 0. Assim, a equação
da velocidade no eixo y, será igualada a zero e o tempo será isolado, para
depois substituirmos na equação horária do espaço horizontal:

10 considerando que v = vo + at

16
vy = vo · senθ − g · t

0 = vo · senθ − g · t

g · t = vo · senθ
vo ·senθ
t= g

Agora substituindo na equação do espaço vertical:

g·t2
Sy = vo · senθ · t − 2

vo ·senθ·vo ·senθ g·( vo ·senθ


g )2
Sym = g − 2

vo2 ·sen2 θ vo2 ·sen2 θ 1


Sym = g − g · 2

vo2 ·sen2 θ
Sym = 2g

E assim achamos a equação da altura máxima.

6. Agora, será visto em qual instante o móvel chega no ponto x = A. Observe


que o móvel chega no ponto xm quando está no ponto máximo do movi-
mento vertical. Considerando que uma parábola possuı́ simetria, o ponto
A equivale a duas vezes o ponto xm . Sendo assim, o tempo para chegar
em A corresponde a duas vezes o tempo para chegar no ponto máximo da
parábola.Após acharmos esse valor, substituiremos na equação do espaço
horizontal, para encontrar o alcance em função das variáveis do problema.
11
.
2·vo ·senθ
tA = 2 · tym = g

Agora substituindo na equação do espaço horizontal:

Sx = vo · cosθ · t
vo ·cosθ·2vo ·senθ
A= g

vo2 ·2·senθ·cosθ
A= g

Porém existe uma relação trigonométrica que diz :


2 · senθ · cosθ = sen(2θ)
11 Note que nesse caso foi necessário analisar as duas dimensões simultaneamente.

17
Então substituindo na equação do alcance:
vo2 ·sen(2θ)
A= g

7. Considerando a equação do alcance que foi deduzida anteriormente, o


ângulo para que o alcance seja máximo vale θ = 45. Isso acontece porque
o maior valor que um seno pode adquirir equivale a 1.O seno que equivale
a 1 é o seno do angulo 90. Então na fórmula:
vo2 ·sen(2θ)
A= g

sen(2θ) = 1

2θ = 90
90
θ= 2

θ = 45

2.2.5 Movimento Circular uniforme


No estudo do movimento circular, há necessidade de se definir, além das
grandezas lineares dos outros tipos de movimento (espaço linear, velocidade
linear e aceleração linear), as grandezas angulares (espaço angular, velocidade
angular e aceleração angular).

2.2.6 Espaço Angular


O espaço angular é o menor ângulo marcado a partir do raio de referência
até o raio que passa pela partı́cula em um certo instante t.

Figura 15: Definição do Espaço angular

Fonte:Autoria propria feito no paint

Utilizando dos artifı́cios matemáticos da geometria de que o comprimento


do arco é igual ao ângulo menor ângulo compreendido entre os dois seguimentos
multiplicado pelo raio da circunferência, temos:
S
S =ϕ·R∴ϕ= R (Fórmula do espaço angular)

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2.2.7 Velocidade Angular
Partindo da definição descrita acima e associando-se aos conceitos lineares,
temos:
∆ϕ
1. Velocidade angular média: ωm = ∆t
∆ϕ dϕ
2. Velocidade angular instantânea: ω = lim∆t→0 ∆T = dt

2.2.8 Aceleração Angular


Partindo da definição de espaço angular12 e associando-se aos conceitos li-
neares, temos:
∆ω
1. Aceleração angular média: αm = ∆t

∆ω dω d2 ω
2. Aceleração angular instantânea: α = lim∆t→0 ∆t = dt = d2 t

12 Nota: em geral, as grandezas angulares são diretamente relacionadas as lineares pela

relação da fórmula 1.

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3 Exercı́cios
3.1 exercicio 2.10 - Moysés - sessão de problemas
Um trem com aceleração máxima a e desaceleração máxima f (magnitude da
aceleração de freamento) tem de percorrer uma distância d entre duas estações.
O maquinista pode escolher entre (a) seguir com a aceleração máxima até certo
ponto e a partir daı́ frear com a desaceleração máxima, até chegar; (b) acelerar
até uma certa velocidade, mantê-la constante durante algum tempo e depois
fear até a chegada. Mostre que a primeira opção é a que minimiza o tempo do
percurso (sugestão: utilize gráficos v x t) e calcule o tempo mı́nimo de percurso
em função de a, f e d.

Figura 16:
∆v ∆v ∆v
am = ∆t a = t1 −0 f = t−t1

A distância de ambas as situação a) ou b) é a mesma. Sendo Assim, a área


dos dois gráficos correspondem numericamente à distância.

tmin ·vmax
A=d= 2

Vmax −0 0−vm ax
tmin = t1 + t2 t1 = a (acelerando) t2 = f (freando)

∴ tmin = vmax ( a1 + f1 )
q
2d
tmin = tmin · ( a1 + f1 ) = tmin = 2d
a (1 + fa )

4 Conclusão
5 Bibliografia

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