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DIREITO TRIBUTÁRIO
Primeira Seção
DIREITO TRIBUTÁRIO. DESCONTO DE CRÉDITOS DO VALOR APURADO
A TÍTULO DE CONTRIBUIÇÃO AO PIS E DA COFINS. É cabível o
aproveitamento, na verificação do crédito dedutível da base de cálculo da
contribuição ao PIS e da COFINS, das despesas e custos inerentes à
aquisição de combustíveis, lubrificantes e peças de reposição utilizados
em veículos próprios dos quais faz uso a empresa para entregar as
mercadorias que comercializa. Isso porque o creditamento pelos insumos
previsto nos arts. 3º, II, da Lei 10.833/2003 e da Lei 10.637/2002 abrange os
custos com peças, combustíveis e lubrificantes utilizados por empresa que,
conjugada com a venda de mercadorias, exerce também a atividade de
prestação de serviços de transporte da própria mercadoria que revende. De
fato, o art. 3º, II, da Lei 10.833/2003 registra expressamente que a pessoa
jurídica poderá descontar créditos calculados em relação aos bens e serviços
utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação
de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes.
Dessa forma, importante ressaltar que é o próprio dispositivo legal que dá,
expressamente, à pessoa jurídica o direito ao creditamento pelos bens
utilizados como insumo na prestação de serviços, incluindo no conceito desses
bens os combustíveis e lubrificantes. Ademais, fato incontroverso é o de que o
valor do transporte da mercadoria vendida está embutido no preço de venda
(faturamento), como custo que é da empresa, ingressando assim na base de
cálculo das contribuições ao PIS/COFINS (receita bruta). Com o custo do
transporte e o correspondente aumento do preço de venda, há evidente
agregação de valor, pressuposto da tributação e também da aplicação da não
cumulatividade. Por certo, a vedação do creditamento em casos como o
presente teria por únicos efeitos (a) forçar a empresa vendedora/transportadora
a registrar em cláusula contratual que as despesas da tradição (frete) estariam
a cargo do comprador, fornecendo a ele o serviço, ou (b) terceirizar a atividade
de transporte de suas mercadorias para uma outra empresa que possivelmente
seria criada dentro de um mesmo grupo econômico apenas para se fazer
planejamento tributário, com renovados custos burocráticos (custos de
conformidade à legislação tributária, empresarial e trabalhista para a criação de
uma nova empresa). Em suma, caracterizada a prestação de serviços de
transporte, ainda que 249 associada à venda de mercadorias que comercializa,
há de ser reconhecido o direito ao creditamento pelo valor pago na aquisição
das peças, combustíveis e lubrificantes necessários a esse serviço, tendo em
vista que são insumos para a prestação do serviço. REsp 1.235.979-RS, Rel.
originário Min. Herman Benjamin, Rel. para acórdão Min. Mauro Campbell
Marques, julgado em 16/12/2014, DJe 19/12/2014 (Informativo 554).
Primeira Turma
DIREITO TRIBUTÁRIO. INCIDÊNCIA DA COFINS SOBRE RECEITA
PROVENIENTE DE LOCAÇÃO DE VAGAS EM ESTACIONAMENTO DE
SHOPPING CENTER. Compõe a base de cálculo da COFINS a receita
proveniente da locação de vagas em estacionamento de shopping center ou
de centros comerciais de prestação de serviços ou de venda de produtos,
mesmo que esses estejam constituídos na forma de condomínio e que
não haja a intervenção de terceira pessoa jurídica empresária. Mesmo na
forma de condomínio – destituído de personalidade jurídica – e sem a
intervenção de terceira pessoa jurídica empresária, o shopping center ou
o centro comercial de prestação de serviços ou venda de produtos é
considerado unidade econômica autônoma para fins de tributação, nos
termos do art. 126, III, do CTN. Assim, se o empreendimento gera renda por
meio de locação de bens e/ou prestação de serviços – mesmo que em
benefício de sua infraestrutura ou a favor dos condôminos – sem a intervenção
de terceira pessoa jurídica empresária, os valores que recebe compõem a base
de cálculo de contribuições sociais (no caso, a COFINS), porquanto referidos
valores fazem parte de seu faturamento. A propósito, nos termos do art. 2º da
LC 70/1991, a COFINS incide “sobre o faturamento mensal, assim considerado
a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de
serviço de qualquer natureza”. Ademais, o STJ, em diversos casos, tem
entendido pela legalidade da incidência da COFINS sobre receitas
provenientes da administração e locação procedidas por shopping centers.
Ora, se há incidência da contribuição sobre a administração e locação das lojas
e salas comerciais (AgRg no Ag 1.213.712-PR, Segunda Turma, DJe
8/10/2010; e AgRg no REsp 1.164.449-PR, Segunda Turma, DJe 4/2/2011),
não há falar em não incidência na locação de vagas de estacionamento, as
quais, igualmente àquelas, são bens imóveis aptos à locação e obtenção de
renda. Além disso, cumpre mencionar que a Primeira Seção do STJ, por
ocasião do julgamento do REsp 1.141.065-SC (DJe 1º/2/2010), realizado sob a
sistemática do art. 543-C do CPC, no qual decidiu pela incidência da COFINS
nas receitas provenientes de locação de mão de obra, fez-se peculiar menção
à semelhança do caso com os dos shopping centers. Portanto, nessa linha, e
ressalvadas as devidas diferenças entre os casos, se o empreendimento aufere
renda da locação de vagas de estacionamento e/ou outra espécie de prestação
de serviços, essa renda deve compor a base de cálculo da COFINS. REsp
1.301.956/RJ, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 10/2/2015, DJe
20/2/2015 (Informativo 556).
Segunda Turma
DIREITO TRIBUTÁRIO. VALORES DO REINTEGRA E BASE DE CÁLCULO
DA CONTRIBUIÇÃO AO PIS E DA COFINS. Até o advento da Lei
12.844/2013, os valores ressarcidos no âmbito do Regime Especial de
Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras
(REINTEGRA) incorporavam a base de cálculo da contribuição ao PIS e da
Segunda Turma
DIREITO TRIBUTÁRIO. INCIDÊNCIA DE IRPJ E CSLL SOBRE OS
VALORES DE REPETIÇÃO DO INDÉBITO TRIBUTÁRIO. Incide IRPJ –
apurado pelo regime de lucro real ou presumido – e CSLL sobre os
valores referentes à restituição ou à compensação de indébito tributário
Segunda Turma
DIREITO TRIBUTÁRIO. RETENÇÃO DE TRIBUTOS FEDERAIS NA FONTE
QUANDO DO PAGAMENTO DE CONTRATO DE FRETAMENTO DE
AERONAVE PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL. É possível reter
na fonte, na forma dos arts. 64 da Lei 9.430/1996 e 34 da Lei 10.833/2003, o
IRPJ, a CSLL, a contribuição para o PIS/PASEP e a COFINS, quando do
pagamento de contrato de fretamento de aeronave pela administração
pública federal. Da análise do art. 133 da Lei 7.565/1986 (Código Brasileiro de
Aeronáutica), verifica-se que o contrato de fretamento ocorre quando uma das
partes, chamada fretador, obriga-se para com a outra, chamada afretador,
mediante o pagamento por este, do frete, a realizar uma ou mais viagens
preestabelecidas ou durante certo período de tempo, reservando-se ao fretador
o controle sobre a tripulação e a condução técnica da aeronave. O referido
dispositivo legal ressalta a existência de reserva de controle técnico sobre o
bem móvel objeto do contrato em questão, fato que remete o contrato a uma
natureza mais próxima do conceito de prestação de serviços do que do
conceito de mera locação de bem móvel. Sendo assim, não se deve aplicar os
precedentes do STF no sentido de que os contratos de locação de bem móvel
não se submetem à tributação a título de ISS por não serem prestação de
serviços ou locação de serviços (Súmula Vinculante 31 do STF). É que o
contrato em questão (fretamento de aeronave) possui em seu bojo indubitável
prestação de serviços. Outrossim, também está embutida no contrato de
fretamento a locação do bem móvel (aeronave), que constitui em si o
fornecimento do bem, além da prestação de serviços efetivada pela tripulação,
pelo que não há como a atividade escapar à hipótese de incidência descrita no
art. 64 da Lei 9.430/1996 e no art. 34 da Lei 10.833/2003, que estabelecem a
técnica de arrecadação de retenção na fonte quando da realização dos
pagamentos efetuados por órgãos, autarquias e fundações, bem como
empresas públicas, sociedades de economia mista e demais entidades de que
a União detenha a maioria do capital social com direito a voto. Com efeito,
devido à essa natureza híbrida do contrato de fretamento de aeronave, se as
situações individualmente consideradas, relativamente ao fornecimento de
bem, locação de bem móvel ou prestação de serviço já ensejariam a retenção
dos tributos na fonte, tanto mais deve ensejar a retenção na fonte a hipótese
em questão, que possui mais de uma situação ensejadora de sua incidência.
Por fim, de registrar que, ainda que não houvesse a arrecadação pela técnica
de antecipação mediante retenção na fonte, a empresa continuaria a se
submeter à tributação pelo IRPJ, CSLL, PIS/PASEP e COFINS, posto que
praticante dos respectivos fatos geradores, atrelados à aferição de lucro real,
lucro líquido ajustado, e receita ou faturamento, respectivamente. REsp
1.218.639-RJ, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 28/4/2015, DJe
7/5/2015 (Informativo 561).
Segunda Turma
Segunda Turma
DIREITO TRIBUTÁRIO. RECLAMAÇÃO ADMINISTRATIVA INCAPAZ DE
SUSPENDER A EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. Não suspende
a exigibilidade do crédito tributário a reclamação administrativa
interposta perante o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF)
na qual se questione a legalidade do ato de exclusão do contribuinte de
programa de parcelamento. Nessa situação, é inaplicável o art. 151, II, do
CTN. De fato, o parcelamento fiscal, concedido na forma e condição
estabelecidas em lei específica, é causa suspensiva da exigibilidade do crédito
tributário, assim como as reclamações e recursos administrativos (art. 151, III e
VI, do CTN). As reclamações e recursos previstos nesse dispositivo legal,
entretanto, são aqueles que discutem o próprio lançamento tributário, ou seja, a
exigibilidade do crédito tributário. No caso em análise, a reclamação
administrativa apresentada apenas questiona a legalidade do ato de exclusão
do parcelamento. Logo, não suspendem a exigibilidade do crédito. Ressalta-se
que tal entendimento encontra respaldo na doutrina e no art. 5º, § 3º, da
Resolução CG/REFIS 9/2001. REsp 1.372.368- PR, Rel. Min. Humberto
Martins, julgado em 5/5/2015, DJe 11/5/2015 (Informativo 561)
Primeira Turma
DIREITO TRIBUTÁRIO. GARANTIA ESTENDIDA E BASE DE CÁLCULO DO
ICMS. O valor pago pelo consumidor final ao comerciante a título de
“seguro de garantia estendida” não integra a base de cálculo do ICMS
Primeira Turma
DIREITO TRIBUTÁRIO. ISENÇÕES DE IPI E DE II A INSTITUIÇÕES
CULTURAIS. As entidades com finalidade eminentemente cultural fazem jus às
isenções de Imposto de Importação (II) e de Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI) previstas nos arts. 2º, I, “b”, e 3º, I, da Lei 8.032/1990.
Conquanto a Lei 8.032/1990 estabeleça isenções de II e de IPI para as
“instituições de educação” (art. 2º, I, “b”, da Lei 8.032/1990), as entidades com
finalidade eminentemente cultural estão inseridas nessa expressão legal, visto
que não se pode dissociar cultura de educação. Precedente citado: REsp
262.590-CE, Segunda Turma, DJ 6/5/2002. REsp 1.100.912-RJ, Rel. Min.
Sérgio Kukina, julgado em 28/4/2015, DJe 14/5/2015 (Informativo 561).
Primeira Seção
DIREITO TRIBUTÁRIO. IMPOSSIBILIDADE DE INCIDIR IPI NA
IMPORTAÇÃO DE VEÍCULO PARA USO PRÓPRIO. RECURSO
REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC E RES. 8/2008-STJ). Não incide IPI no
desembaraço aduaneiro de veículo importado por consumidor para uso
próprio. Isso porque o fato gerador da incidência do tributo é o exercício
de atividade mercantil ou assemelhada, quadro no qual não se encaixa o
consumidor final que importa o veículo para uso próprio e não para fins
comerciais. Ademais, ainda que assim não fosse, a aplicação do princípio
da não cumulatividade afasta a incidência do IPI. Com efeito, segundo o art.
49 do CTN, o valor pago na operação imediatamente anterior deve ser abatido
do mesmo imposto em operação posterior. Ocorre que, no caso, por se tratar
de importação feita por consumidor final, esse abatimento não poderia ser
realizado. Precedentes citados do STJ: AgRg no AREsp 357.532-RS, Segunda
Turma, DJe 18/9/2013; AgRg no AREsp 333.428-RS, Segunda Turma, DJe
22/8/2013; AgRg no REsp 1.369.578-SC, Primeira Turma, DJe 12/6/2013; e
AgRg no AREsp 215.391-SC, Primeira Turma, DJe 21/6/2013. Precedentes
citados do STF: RE 550.170-SP AgR, Primeira Turma, DJe 3/8/2011; e RE
255.090-RS AgR, Segunda Turma, DJe 7/10/2010. REsp 1.396.488-SC, Rel.
Min. Humberto Martins, Primeira Seção, julgado em 25/2/2015, DJe 17/3/2015
(Informativo 557).
Primeira Seção
DIREITO TRIBUTÁRIO. FATO GERADOR DO IPI NAS OPERAÇÕES DE
COMERCIALIZAÇÃO, NO MERCADO INTERNO, DE PRODUTOS DE
Primeira Turma
DIREITO TRIBUTÁRIO. ISENÇÕES DE IPI E DE II A INSTITUIÇÕES
CULTURAIS. As entidades com finalidade eminentemente cultural fazem jus às
isenções de Imposto de Importação (II) e de Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI) previstas nos arts. 2º, I, “b”, e 3º, I, da Lei 8.032/1990.
Conquanto a Lei 8.032/1990 estabeleça isenções de II e de IPI para as
“instituições de educação” (art. 2º, I, “b”, da Lei 8.032/1990), as entidades com
finalidade eminentemente cultural estão inseridas nessa expressão legal, visto
que não se pode dissociar cultura de educação. Precedente citado: REsp
262.590-CE, Segunda Turma, DJ 6/5/2002. REsp 1.100.912-RJ, Rel. Min.
Sérgio Kukina, julgado em 28/4/2015, DJe 14/5/2015 (Informativo 561)
Primeira Turma
DIREITO TRIBUTÁRIO. AQUISIÇÃO DE VEÍCULO COM ISENÇÃO DE IPI
POR PESSOA COM NECESSIDADES ESPECIAIS QUE TEVE O SEU
VEÍCULO ROUBADO. A isenção de IPI para aquisição de automóvel por
pessoa com necessidades especiais (art. 1º, IV, da Lei 8.989/1995) poderá
ser novamente concedida antes do término do prazo de 2 anos contado
da aquisição (art. 2º) se o veículo vier a ser roubado durante esse período.
De acordo com o art. 2º da Lei 8.989/1995, “a isenção do Imposto sobre
Produtos Industrializados – IPI de que trata o art. 1º desta Lei somente
poderá ser utilizada uma vez, salvo se o veículo tiver sido adquirido há
mais de 2 (dois) anos”. Esse dispositivo, entretanto, deve ser interpretado de
maneira a satisfazer o caráter humanitário da política fiscal, primando pela
inclusão das pessoas com necessidades especiais e não restringindo seu
acesso. Com efeito, a orientação do STJ é que a Lei 8.989/1995 não pode ser
interpretada em óbice à implementação de ação afirmativa para inclusão de
Segunda Turma
DIREITO TRIBUTÁRIO. EMPRESAS OPTANTES PELO SIMPLES E
SUSPENSÃO DO IPI. O benefício da suspensão do IPI na saída do produto
do estabelecimento industrial (art. 29 da Lei 10.637/2002) não se estende
às empresas optantes pelo SIMPLES. O tratamento diferenciado instituído
às microempresas e às empresas de pequeno porte, simplificando o 257
cumprimento de suas obrigações administrativas, tributárias e
previdenciárias, estabelece o recolhimento de tributos de forma unificada
e, em relação ao IPI, prescreve que ele incide cumulado com outros
impostos, por alíquota fixa sobre a receita bruta. Essa sistemática de
arrecadação já institui forma de benefício fiscal que determina pagamento
único e que, consequentemente, exclui qualquer outra vantagem estabelecida
às demais empresas, até porque, contrario sensu, a extensão do benefício
quanto à suspensão do IPI da saída do estabelecimento industrial (art. 29 da
Lei 10.637/2002) conduziria à concessão de dupla vantagem – uma, decorrente
do recolhimento mitigado do IPI pela opção ao SIMPLES, e outra, pela sua total
exclusão – sem expressa previsão legal. Precedentes citados: AgRg no Ag
1.171.321-SC, Primeira Turma, DJe 9/4/2010; e AgRg no REsp 986.560-PR,
DJe 11/5/2009. REsp 1.497.591-PE, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em
9/12/2014, DJe 15/12/2014 (Informativo 554).
Segunda Turma
DIREITO TRIBUTÁRIO. INCIDÊNCIA DE IPTU SOBRE IMÓVEL
PARCIALMENTE SITUADO EM APP COM NOTA NON AEDIFICANDI. O fato
de parte de um imóvel urbano ter sido declarada como Área de
Preservação Permanente (APP) e, além disso, sofrer restrição
administrativa consistente na proibição de construir (nota non
aedificandi) não impede a incidência de IPTU sobre toda a área do imóvel.
Nos termos da jurisprudência do STJ, “A restrição à utilização da
propriedade referente a área de preservação permanente em parte de
imóvel urbano (loteamento) não afasta a incidência do Imposto Predial e
Territorial Urbano, uma vez que o fato gerador da exação permanece
íntegro, qual seja, a propriedade localizada na zona urbana do município.
Cuida-se de um ônus a ser suportado, o que não gera o cerceamento total
da disposição, utilização ou alienação da propriedade, como ocorre, por
exemplo, nas desapropriações.” (REsp 1.128.981-SP, Primeira Turma, DJe
25/3/2010). O fato de parte do imóvel ser considerada como área non
aedificandi (área com restrições legais ou contratuais onde não é permitido
construir) não afasta o referido entendimento, pois não há perda da
propriedade, mas apenas restrições de uso, a fim de viabilizar que a
propriedade atenda à sua verdadeira função social. Logo, se o fato gerador do
Primeira Seção
DIREITO TRIBUTÁRIO. CORREÇÃO MONETÁRIA DO VALOR DO IR
INCIDENTE SOBRE VERBAS RECEBIDAS ACUMULADAMENTE EM AÇÃO
TRABALHISTA. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC E RES.
8/2008-STJ). Até a data da retenção na fonte, a correção do IR apurado e
em valores originais deve ser feita sobre a totalidade da verba acumulada
e pelo mesmo fator de atualização monetária dos valores recebidos
acumuladamente, sendo que, em ação trabalhista, o critério utilizado para
tanto é o Fator de Atualização e Conversão dos Débitos Trabalhistas
(FACDT). Essa 258 sistemática não implica violação do art. 13 da Lei
9.065/1995, do art. 61, § 3º, da Lei 9.430/1996, dos arts. 8º, I, e 39, § 4º, da Lei
9.250/1995, uma vez que se refere à equalização das bases de cálculo do
imposto de renda apuradas pelo regime de competência e pelo regime de caixa
e não à mora, seja do contribuinte, seja do Fisco. Ressalte-se que a taxa
SELIC, como índice único de correção monetária do indébito, incidirá somente
após a data da retenção indevida. REsp 1.470.720-RS, Rel. Min. Mauro
Campbell Marques, Primeira Seção, julgado em 10/12/2014, DJe 18/12/2014
(Informativo 553).
Segunda Turma
DIREITO TRIBUTÁRIO. ISENÇÃO DE IMPOSTO DE RENDA SOBRE
PROVENTOS ORIUNDOS DE PREVIDÊNCIA PRIVADA COMPLEMENTAR.
São isentos do imposto de renda os proventos percebidos de fundo de
previdência privada a título de complementação da aposentadoria por
pessoa física acometida de uma das doenças arroladas no art. 6º, XIV, da
Lei 7.713/1988. Isso porque a isenção do imposto de renda prevista no art. 6º,
XIV, da Lei 7.713/1988 – da qual faz jus pessoa física portadora de doença
grave arrolada nesse inciso que receba proventos de aposentadoria ou reforma
– engloba benefício complementar pago por entidade de previdência privada. É
preciso ressaltar que o regime da previdência privada é facultativo e baseia-se
na constituição de reservas que garantam o benefício contratado, nos termos
do art. 202 da CF e da exegese do art. 1º da LC 109/2001. Assim, o capital
acumulado em plano de previdência privada representa patrimônio destinado à
geração de aposentadoria – ainda que intitulada de complementar –, possuindo
natureza previdenciária, mormente ante o fato de estar inserida na seção sobre
Previdência Social da CF (EREsp 1.121.719- SP, Segunda Seção, DJe
4/4/2014), o que legitima a isenção sobre a parcela complementar. Além disso,
o caráter previdenciário da aposentadoria privada encontra respaldo no próprio
Regulamento do Imposto de Renda (Decreto 3.000/1999), que estabelece a
isenção sobre os valores decorrentes da complementação de aposentadoria no
Segunda Turma
DIREITO TRIBUTÁRIO. INCIDÊNCIA DE IRPJ E CSLL SOBRE OS
VALORES DE REPETIÇÃO DO INDÉBITO TRIBUTÁRIO. Incide IRPJ –
apurado pelo regime de lucro real ou presumido – e CSLL sobre os
valores referentes à restituição ou à compensação de indébito tributário
se, em períodos anteriores, tiverem sido computados como despesas
dedutíveis do lucro real e da base de cálculo da 259 CSLL. De fato, o art.
53 da Lei 9.430/1996 dispõe que “Os valores recuperados, correspondentes a
custos e despesas, inclusive com perdas no recebimento de créditos, deverão
ser adicionados ao lucro presumido ou arbitrado para determinação do imposto
de renda, salvo se o contribuinte comprovar não os ter deduzido em período
anterior no qual tenha se submetido ao regime de tributação com base no lucro
real ou que se refiram a período no qual tenha se submetido ao regime de
tributação com base no lucro presumido ou arbitrado”. Tendo em vista o
referido dispositivo, o art. 1º do Ato Declaratório Interpretativo da Secretaria da
Receita Federal 25/2003 assim disciplinou: “Os valores restituídos a título de
tributo pago indevidamente serão tributados pelo Imposto sobre a Renda das
Pessoas Jurídicas (IRPJ) e pela Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
(CSLL), se, em períodos anteriores, tiverem sido computados como despesas
dedutíveis do lucro real e da base de cálculo da CSLL”. A interpretação literal
do art. 1º do ADI SRF 25/2003 poderia levar à conclusão de que os valores
recuperados, correspondentes a despesas deduzidas anteriormente da receita
do contribuinte, somente poderiam ser adicionados ao lucro presumido ou
arbitrado, mas não ao lucro real. Todavia, como a regra de adições e
exclusões, para a definição da base de cálculo do IRPJ, é típica do regime de
apuração pelo lucro real, infere-se que o espírito do legislador foi tão somente
positivar a possibilidade de adicionar, mesmo na sistemática do lucro
presumido ou do lucro arbitrado, os valores ressarcidos ao contribuinte.
Acrescente-se que a quantia eventualmente recuperada de despesas,
tributárias ou não, que em dado exercício foram excluídas da base de cálculo
do IRPJ e da CSLL, configura acréscimo patrimonial, de modo que o valor
restituído deve ser adicionado à referida base no período de apuração em que
ele se tornar disponível. Logo, independentemente da previsão contida no art.
53 da Lei 9.430/1996, que apenas explicita que o raciocínio é válido para os
casos de tributação pelo lucro presumido ou arbitrado, é da própria hipótese de
Segunda Turma
DIREITO TRIBUTÁRIO. RETENÇÃO DE TRIBUTOS FEDERAIS NA FONTE
QUANDO DO PAGAMENTO DE CONTRATO DE FRETAMENTO DE
AERONAVE PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL. É possível reter
na fonte, na forma dos arts. 64 da Lei 9.430/1996 e 34 da Lei 10.833/2003, o
IRPJ, a CSLL, a contribuição para o PIS/PASEP e a COFINS, quando do
pagamento de contrato de fretamento de aeronave pela administração
pública federal. Da análise do art. 133 da Lei 7.565/1986 (Código Brasileiro de
Aeronáutica), verifica-se que o contrato de fretamento ocorre quando uma das
partes, chamada fretador, obriga-se para com a outra, chamada afretador,
mediante o pagamento por este, do frete, a realizar uma ou mais viagens
preestabelecidas ou 260 durante certo período de tempo, reservando-se ao
fretador o controle sobre a tripulação e a condução técnica da aeronave. O
referido dispositivo legal ressalta a existência de reserva de controle técnico
sobre o bem móvel objeto do contrato em questão, fato que remete o contrato a
uma natureza mais próxima do conceito de prestação de serviços do que do
conceito de mera locação de bem móvel. Sendo assim, não se deve aplicar os
precedentes do STF no sentido de que os contratos de locação de bem móvel
não se submetem à tributação a título de ISS por não serem prestação de
serviços ou locação de serviços (Súmula Vinculante 31 do STF). É que o
contrato em questão (fretamento de aeronave) possui em seu bojo indubitável
prestação de serviços. Outrossim, também está embutida no contrato de
fretamento a locação do bem móvel (aeronave), que constitui em si o
fornecimento do bem, além da prestação de serviços efetivada pela tripulação,
pelo que não há como a atividade escapar à hipótese de incidência descrita no
art. 64 da Lei 9.430/1996 e no art. 34 da Lei 10.833/2003, que estabelecem a
Primeira Turma
DIREITO TRIBUTÁRIO. COMPETÊNCIA PARA EXIGIR ISS INCIDENTE
SOBRE A PRESTAÇÃO DE SERVIÇO DE ANÁLISE CLÍNICA. É competente
para cobrar o ISS incidente sobre a prestação de serviço de análise
clínica (item 4.02 da lista anexa à LC 116/03) o município no qual foi feita a
contratação do serviço, a coleta do material biológico e a entrega do
respectivo laudo, ainda que a análise do material coletado tenha sido
realizada em unidade localizada em outro município, devendo-se incidir o
imposto sobre a totalidade do preço pago pelo serviço. Dispõe o art. 4º da
LC 116/2003 que: “Considera-se estabelecimento prestador o local onde o
contribuinte desenvolva a atividade de prestar serviços, de modo
permanente ou temporário, e que configure unidade econômica ou
profissional, sendo irrelevantes para caracterizá-lo as denominações de
sede, filial, agência, posto de atendimento, sucursal, escritório de
representação 261 ou contato ou quaisquer outras que venham a ser
utilizadas”. Diante disso, verifica-se, no caso em análise, que a empresa
contribuinte, a despeito de manter seu laboratório em determinado município,
estabeleceu unidade econômica e profissional em outra municipalidade com
escopo de disponibilizar os seus serviços de análises clínicas para as pessoas
dessa localidade. Esse tipo de estabelecimento constituiu unidade econômica
porque é lá onde usualmente contrata-se o serviço, providencia-se o
pagamento e encerra-se a avença, com a entrega do laudo técnico solicitado
pelo consumidor. Também se caracteriza como unidade profissional, uma vez
que nesse lugar dá-se a coleta do material biológico, o qual exige
Primeira Turma
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. NÃO INCIDÊNCIA DO
PRAZO DO ART. 892 DO CPC EM EXECUÇÃO FISCAL. O prazo de cinco
Segunda Turma
Segunda Turma
DIREITO TRIBUTÁRIO. RESPONSABILIDADE POR DÉBITOS
PREVIDENCIÁRIOS NÃO PAGOS POR INCORPORADORA IMOBILIÁRIA
FALIDA. Na hipótese de paralisação de edificação de condomínio
residencial, em razão da falência da incorporadora imobiliária, e tendo a
obra sido retomada posteriormente pelos adquirentes das unidades
imobiliárias comercializadas – condôminos –, estes não podem ser
responsabilizados pelo pagamento de contribuições previdenciárias
referentes à etapa da edificação que se encontrava sob a
responsabilidade exclusiva da incorporadora falida. Nos termos do art. 30,
II, da Lei 8.212/1991, “exclui-se da responsabilidade solidária perante a
Seguridade Social o adquirente de prédio ou unidade imobiliária que realizar a
operação com empresa de comercialização ou incorporador de imóveis,
ficando estes solidariamente responsáveis com o construtor”. Vale dizer, o
construtor é responsável pelas dívidas previdenciárias, mas não o é o
adquirente de unidade imobiliária que realizar a operação com empresa de
comercialização ou incorporador de imóveis. Nota-se que a lei protege a boa-fé
dos adquirentes que comercializam com empresas construtoras, não só como
mecanismo de justiça, mas também como instrumento de garantia, de forma
que as relações contratuais na área da construção civil se desenvolvam em um
sistema de segurança. No caso, até o momento em que a obra estava sob a
responsabilidade da 264 pessoa jurídica, é inegável que os condôminos
encontravam-se na condição de adquirentes das unidades comercializadas
pela construtora, e não como construtores, não sendo possível, portanto,
imputar aos condôminos a responsabilidade tributária, já que estariam
acobertados pela exceção prevista no inciso VII do art. 30 da Lei 8.212/1991.
Precedente citado: REsp 961.246-SC, Primeira Turma, DJe 10/12/2009. REsp
1.485.379-SC, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 16/12/2014, DJe 4/2/2015
(Informativo 554).
Primeira Turma
DIREITO ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO. PENA DE PERDA DE
VEÍCULO CONDUTOR DE MERCADORIA SUJEITA À PENA DE
PERDIMENTO. Dá ensejo à pena de perda do veículo a conduta dolosa do
transportador que utiliza veículo próprio para conduzir ao território
nacional mercadoria estrangeira sujeita à pena de perdimento,
independentemente de o valor do veículo ser desproporcional ao valor
das mercadorias apreendidas. De fato, o inciso V do art. 104 do Decreto-Lei
37/1966 dispõe que a pena de perda do veículo é aplicada “quando o veículo
conduzir mercadoria sujeita à pena de perda, se pertencente ao responsável
por infração punível com aquela sanção”. Nessa mesma linha, o inciso V do art.
688 do Decreto 6.759/2009, por sua vez, dispõe que se aplica a pena de
perdimento do veículo, por configurar dano ao Erário, “quando o veículo
conduzir mercadoria sujeita a perdimento, se pertencente ao responsável por
infração punível com essa penalidade”. Nesse contexto, até mesmo em
Segunda Turma
DIREITO TRIBUTÁRIO. IMPOSSIBILIDADE DE EXIGÊNCIA
CONCOMITANTE DA MULTA ISOLADA E DA MULTA DE OFÍCIO
PREVISTAS NO ART. 44 DA LEI 9.430/1996. Quando a situação jurídico-
tributária se alinhar com ambas as hipóteses de incidência da multa do
art. 44 da Lei 9.430/1996 – previstas no inciso I e no inciso II –, incidirá
apenas a “multa de ofício” pela falta de recolhimento de tributo (inciso I).
A multa do inciso I do art. 44 da Lei 9.430/1996 é aplicável nos casos de
“totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de
pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração
inexata”. Por sua vez, a multa do inciso II do mesmo diploma, entretanto,
é cobrada isoladamente sobre o valor do pagamento mensal: “a) na forma do
art. 8º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, 265 que deixar de ser
efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de
ajuste, no caso de pessoa física; e b) na forma do art. 2º desta Lei, que deixar
de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de
cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no ano-
calendário correspondente, no caso de pessoa jurídica”. Sistematicamente,
nota-se que a multa do inciso II do referido artigo somente poderá ser aplicada
quando não possível a multa do inciso I. Destaca-se que o inadimplemento das
antecipações mensais do imposto de renda, por exemplo, não implica, por si
só, a ilação de que haverá tributo devido. Os recolhimentos mensais, ainda que
configurem obrigações de pagar, não representam, no sentido técnico, o tributo
em si. Este apenas será apurado ao final do ano-calendário, quando ocorrer o
fato gerador. Assim, as hipóteses do inciso II, “a” e “b”, em regra, não trazem
novas hipóteses de cabimento de multa. A melhor exegese revela que não são
multas distintas, mas apenas formas distintas de aplicação da multa do art. 44,
em consequência de, nos casos ali descritos, não haver nada a ser cobrado a
título de obrigação tributária principal. As chamadas “multas isoladas”, portanto,
apenas servem aos casos em que não possam ser as multas exigidas
juntamente com o tributo devido (inciso I), na medida em que são elas apenas
formas de exigência das multas descritas no caput. Esse entendimento é
Segunda Turma
DIREITO TRIBUTÁRIO. TRANSFERÊNCIA DE DÉBITOS TRIBUTÁRIOS DE
UM REGIME DE PARCELAMENTO PARA OUTRO. É ilegal o art. 1º da
Portaria Conjunta SRF/PGFN 900/2002, o qual veda a transferência dos
débitos inscritos no REFIS (Lei 9.964/2000) para o programa de
parcelamento previsto na Medida Provisória 38/2002. Embora a Lei
9.964/2000, que instituiu o REFIS, expressamente disponha que a opção
pelo programa de parcelamento exclui qualquer outra forma de
parcelamento de débitos relativos aos tributos federais com vencimento
até 29/2/2000, não se impede a transferência dos débitos para novo
programa de parcelamento mais vantajoso. Em verdade, o que o art. 3º, §
1º, da Lei 9.964/2000 proíbe é que o beneficiário obtenha, nas mesmas
condições estabelecidas no REFIS, novo parcelamento da dívida consolidada.
Tanto é que a jurisprudência pacífica do STJ permite a transferência dos
débitos inscritos no REFIS para o PAES. Assinale-se que o parcelamento
instituído pela MP 38/2002 concedeu aos seus optantes vantagens não
concedidas àqueles do REFIS, tais como, exclusão de multas e juros
moratórios até 31/1/1999. Desse modo, não se tratando de adesão a um novo
parcelamento nas mesmas condições estabelecidas pelo REFIS, a vedação
contida no art. 1º da Portaria Conjunta SRF/PGFN 900/2002 é 266 ilegal,
porquanto extrapola os limites de regulamentação, pois cria vedação não
prevista na MP 38/2002 e na Lei 9.964/2000. REsp 1.368.821-SP, Rel. Min.
Humberto Martins, julgado em 19/5/2015, DJe 26/5/2015 (Informativo 562).
Segunda Turma
DIREITO TRIBUTÁRIO. EMPRESAS OPTANTES PELO SIMPLES E
SUSPENSÃO DO IPI. O benefício da suspensão do IPI na saída do produto
do estabelecimento industrial (art. 29 da Lei 10.637/2002) não se estende
às empresas optantes pelo SIMPLES. O tratamento diferenciado instituído às
microempresas e às empresas de pequeno porte, simplificando o cumprimento