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Livre-Arbítrio

– O Determinismo Radical –
O Livre-arbítrio é um tema que aparece em muitos materiais de cultura popular, em filmes
como Matrix, Agentes do Destino, Relatório Minotório entre outros, por isso acredito que a
maioria das pessoas já deve ter um breve entendimento do que é o Livre-Arbítrio, a defesa de
que nós temos a capacidade de escolher, decidir e atuar livremente, ou seja de forma
autónoma e pela nossa própria vontade, mas já alguma vez pensamos quantas das nossas
ações realmente aconteceram pela nossa própria vontade e não por algum precedente, algum
evento, que ao acontecer coagiu-nos a atuar de uma certa maneira? Isto é o princípio do
determinismo radical, uma teoria que nega a existência do livre-arbítrio. Esta teoria, mais do
que alguma das outras, se aceite tem um grande impacto da forma com nós vivemos a vida e
vemos a sociedade contemporânea, pretendo analisar criticamente a implementação desta
teoria e as suas consequências e até que ponto podemos acreditar na sua existência.

Para entender melhor este assunto é preciso reconhecer alguns conceitos. O que utilizamos
para perceber a origem e futuro impacte de acontecimentos é uma cadeia causal, que de uma
certa forma descreve a sequência de efeitos cada um influenciando o próximo. Vamos ver o
exemplo de uma pedra a ressaltar na água.

Consequência
A água ondula-se no
Causa impacto e a pedra é
projetada mais uma
Uma pedra, de vez podendo fazer
uma certa outro contacto com a
forma é lançada água, desencadeando
ao rio, numa assim, outro
certa trajetória Acontecimento
acontecimento.
A pedra salta ao
tocar na água
Um homem com problemas Quando foi apanhado ele justificou
económicos, quer obter um que era a sua única opção e que as
computador para o seu filho causas precedentes o forçaram a
poder ter aulas à distância, cometer o crime.
depois do anterior ter estragado.

Este exemplo evidencia um dos principais problemas com o determinismo radical, aqui o
homem não teve escolha na sua ação, a ação dele foi determinada pelas circunstâncias e
outros acontecimentos que pela cadeia causal o forçaram a fazer o que fez. Se aceitarmos que de tentar, sem
Depois
todas as ações são determinadas também aceitamos que não existe responsabilidade moral obter o dinheiro
sucesso
para essas ações, já que era impossível agirmos de outra maneira. para o computador, ele
decidiu que a única solução
 Premissa 1: Tudo é causado ou determinado, não há escolhas livres. era roubá-lo.
 Premissa 2: Não se condena uma pessoa que não teve escolha na sua ação.
 Conclusão: Uma pessoa nunca pode ser condenada pela sua ação.
Este raciocínio também é aplicado a bons atos, não seria possível comemorar uma boa ação de
uma pessoa se essa ação foi apenas determinada por eventos anteriores e não pela própria
pessoa. É este tipo de problemas que impede que o determinismo radical a ser aplicado na
sociedade, teríamos que ser tratados todos da mesma maneira, um criminoso não poderia ser
tratado de modo diferente a um médico que se tenha esforçado para salvar vidas, para um
determinista radical cada pessoa seria apenas uma peça de xadrez no tabuleiro que é o
Universo, sem qualquer controlo sobre as nossas vidas.

Em conclusão, o determinismo radical parece ser uma teoria bastante cínica, e a sua
implementação na escala global seria quase impossível. Eu sou uma pessoa que acredita
bastante na ciência, mas, neste caso prefiro acreditar no que o meu senso comum me diz e
prefiro dizer que nós temos, pelo menos, parcialmente o livre arbítrio. Mesmo assim as outras
teorias que foram criadas ao longo dos tempos por vários filósofos (determinismo moderado,
libertismo, etc.) também não explicam de uma forma convincente o enigma do livre-arbítrio, e
é isto que faz com que a questão do livre-arbítrio seja discutida ainda até hoje, e nenhuma
resposta definitiva ter sido encontrada.

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