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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE RELACOES INTERNACIONAIS

GRADUAÇÃO EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS

FERNANDO LEVY SOUZA NEVES

TITULO: EM ESTUDO DOS DESLOCAMENTOS FORÇADOS COM FOCO NOS


RECENTES CONFLITOS NO ORIENTE MEDIO E SEU IMPACTO PARA OS
PAISES VIZINHOS E EUROPA DAS

TRABALHO DE CONCLUSAO DE CURSO

RIO DE JANEIRO – BRASIL

OUTUBRO - 2019

1
FERNANDO LEVY SOUZA NEVES

TITULO: ASPECTOS DE SEGURANÇA NOS DESLOCAMENTOS FORÇADOS E


EM ESTUDO DOS DESLOCAMENTOS FORÇADOS E A CRISE DE REFUGIADOS
COM FOCO NOS RECENTES CONFLITOS NO ORIENTE MEDIO E SEU
IMPACTO PARA AS REGIÕES VICINAIS AOS CONFLITOS, EUROPA E MUNDO
ENTRE 2009 E 2019

Trabalho de conclusão de curso


apresentado ao programa do curso de
Relações Internacionais da UFRJ,
como parte dos requisitos necessários
à obtenção do título de Bacharel de
Relações Internacionais

Orientadora: PROF.ª FLÁVIA


GUERRA

2
RIO DE JANEIRO – BRASIL

2019

FERNANDO LEVY SOUZA NEVES

FOLHA DE APROVACAO?

3
DEDICATORIA E AGRADECIMENTOS

De acordo com a primeira imagem das relações internacionais, as causas mais


importantes da guerra são a natureza e o comportamento do homem. As guerras
resultam do egoísmo, de impulsos agressivos mal direcionais, da estupidez.
As outras causas das guerras são secundárias e subordinadas a esses fatores.
Kenneth Waltz, Cap. 2 A Primeira Imagem, pag 16

4
RESUMO

ABSTRACT

ASDASD

5
LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – RANKING DAS PIORES LIBERDADE INDIVIDUAIS POR PAÍS . . 12

TABELA 2 – ............................................................. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

TABELA 3 – .................................................................... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

TABELA 1 – ............................................................. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

6
SUMÁRIO

1 . INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

1.1 . ESTRUTURA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

1.2 . FLUXO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

2 . REVISÃO LITERATURA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

3 . MATERIAIS E METODOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

4 . RESULTADOS E DISCUSSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

4.1 . RESULTADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

4.1.1 . DICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

4.2 . DISCUSSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

4.2.1 . DICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

5 . CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

7
INTRODUÇÃO

Na última década, a população global de pessoas deslocadas a força aumentou


substancialmente de 43.4 milhões de pessoas em 2009 para 70.8 milhões de
pessoas em 2018, atingindo seu recorde histórico. A maior parte desse aumento
ocorreu a partir de 2012, alimentado principalmente pelos conflitos na Síria, no
Iraque e Iêmen no oriente médio, em algumas partes da África subsaariana como
República Democrática do Congo e Sudão do Sul, além de um imenso fluxo da
população Rohingya de Myanmar para Bangladesh por conflitos de alegada limpeza
étnica no final de 2017. Em 2018, o aumento no número de pessoas deslocadas na
Etiópia e os novos pedidos de asilo de pessoas da República Bolivariana da
Venezuela em países vizinhos, sobretudo o Brasil. Não somente em números
absolutos, mas a proporção da população mundial que foi deslocada também
aumentou consideravelmente. Em 2009, a proporção da população deslocada era
de 1 para cada 160 pessoas no mundo. Em 2017 essa proporção aumentou para 1
em cada 110 pessoas, e em 2018 aumentou para 1 em cada 108 pessoas – ou seja,
quase 1% da população mundial. Em um todo, a população de deslocados no
mundo dobrou desde 2012, segundo a Agência da ONU para os Refugiados
(ACNUR).

O deslocamento forçado de milhões de pessoas na última década revelou muitas


falhas e rachaduras nos sistemas legais e econômicos internacionais. A resistência
de resolução dos problemas utilizando os métodos tradicionais de cooperação
internacional e diplomacia imputam a necessidade da busca de soluções mais
viáveis através de uma análise mais profunda e um foco endereçando o problema
em todos os níveis.

Ainda em 2015, o New York Times relatou:

“Existem mais pessoas e refugiados agora que em qualquer outro período de tempo
registrado na história ... Eles são embaixadores não-oficiais de Estados falidos, de
guerras sem fim, de conflitos intratáveis. A coisa mais impressionante sobre a atual
crise migratória, no entanto, é quanto maior ela ainda pode ficar” – Norland, 2015
8
O que a publicação não aborda, no entanto, são as causas subjacentes de tais
“conflitos intratáveis”, bem como possíveis soluções sustentáveis a longo prazo que
respondam pelas narrativas de todos os interessados, e não apenas as soluções
para os Estados receptores. Esse recente grande deslocamento de pessoas tem
sua fonte em países que experimentaram grandes e/ou prolongados conflitos,
exacerbando pobreza e insegurança alimentar.

Embora a “Crise dos Migrantes Europeus” tenha sido manchete somente quando
esta onda de migração atingiu os países na Europa – Jordânia, Turquia e Líbano já
haviam recebido em seus territórios cerca de 3,6 milhões de refugiados sírios até o
ano de 2015. Na Líbia, a questão tornou-se tão crítica a ponto de que em 2018
verificou-se que de 1 em cada 6 pessoas no país era um refugiado, segundo a
ACNUR. As infraestruturas locais atuais desses países simplesmente não suportam
mais pessoas, o que destaca uma desconexão continua entre as supostas
necessidades do Norte Global e as reais necessidades do Sul Global.

Tendo em vista essa desconexão da realidade do sofrimento vivido por essas


pessoas pelo mundo, o presente trabalho busca analisar as motivações políticas
internas e externas geradoras de crises, procura entender a proteção do Estado
como um ponto de confluência para a segurança da sociedade dos povos, a
dicotomia entre a tentativa de manutenção do status quo e manutenção do poder a
qualquer custo por parte de governos autoritários - até mesmo até com o sacrifício
de vidas de seus nacionais – e além de pincelar sobre determinadas crises –
algumas já citadas - ao longo do presente trabalho, com enfoque especial na
questão de segurança na Síria, no governo do ditador sírio Bashar al-Assad e as
implicações das políticas adotadas nos últimos dez anos que culminaram no
deslocamento de milhões de pessoas pelo mundo, e possíveis soluções para a
questão. O grande problema é que existem diversos atores internacionais atuando
na Síria e cada um deles tem seus próprios interesses. Desde os Estados Unidos
com interesse geoestratégico na região, o Estado Islâmico que até pouco tempo que
tinha aspirações de impor um regime distorcidamente teocrático, os rebeldes sírios
que formaram o Exército Livre Sírio que opõem-se ao governo de Assad e suas
pretensões, a Turquia mais atualmente com sua pretensa proteção as fronteiras,
9
Rússia, Líbia, ONGs, a tentativa do ocidente institucionalizar não somente um novo
governo, mas depor Assad, o papel da ONU em conflitos e mais especificamente
neste conflito sírio, as tensões geopolíticas historicamente presentes na região e
principalmente o estudo dessas diásporas, do deslocamento involuntário, estudando
os fluxos de pessoas deslocadas para outras regiões que consideram mais seguras,
tendo também como ponto de vista um ponto de vista do ser humano e não do
Estado, do ser humano que busca segurança - Seja física, psíquica, política,
econômica, social, etc. As tendências para o tema das crises na agenda mundial
como um espaço de disputa pelo poder no sistema internacional, motivada por um
tema saliente em suas exposições: a segurança.

A migração induzida por conflitos tem muitos fatores ou uma série deles ocorrendo
em concomitância – violência, guerra; degradação ambiental, privação de liberdades
em qualquer nível, medo, identidade política e insegurança econômica, as
necessidades humanas (Burton 1990; Galtung 1979) e segurança humana (Hanlon
& Christie 2016; Schnabel 2008 ; Sen 2001 ; Lederach 1995).

Com base em uma série teorias e conceitos voltados para o desenvolvimento e


construção da paz incluindo necessidades humanas, segurança humana e justiça
de transição - uma variedade de abordagens e práticas devem ser utilizadas para
entender, aprender e melhorar o engajamento daqueles que estão em vários
estágios do seu ‘ciclo de vida’ como migrante forçado, desde o momento que são
deslocados internamente em centros urbanos para campos até aqueles que estão
em campos e são reassentados e integrados em vários graus na sociedade
receptora.

O desenvolvimento não somente de proposições, mas de também de cronogramas


definidos é fundamental para o desenvolvimento de ações que auxiliem a resolução
de diversa questões oriundas dos deslocamentos forçados. É bem sabido que uma
meta sem uma data específica para ser cumprida é apenas um desejo.

Indicadores econômicos, alimentares, de saúde, ambientais, pessoais, comunitários


e o auxílio político deficitário configuram os problemas e a direção das possíveis
soluções à migração induzida por conflitos para quem fica, para quem é forçado a
fugir, para aqueles que recebem quem fugiu e para aqueles que tentam retornar.
Além disso, abordagens e modelos apropriados para oferecer proteção e integração
as populações deslocadas é de uma importância gigantesca para aliviar os desafios
10
e implicações associadas para todas as partes interessadas – desde distúrbios
psicológicos aos que chegam, seus direitos e as implicações legais, políticas e
econômicas para o receptor, de forma que as populações vulneráveis que estão
nessas posições de deslocamento possam trabalhar para construir a paz nos níveis
comunitário e subnacional e produzir ações correntes que possam impactar no nível
nacional e internacional. A definição clara dos obstáculos e desafios e
oportunidades relacionadas a inclusão de populações deslocadas é essencial nos
processos de construção da paz. Além da aceitação e não discriminação dessas
populações.

Líderes populistas antiliberais pelo mundo tem demonizado imigrantes e pessoas


que buscam asilo com um tratamento discriminatório, causando um efeito de
tratamento desumano ao crescente número de pessoas que chegam em seus
territórios em busca de trabalho e proteção, quando tratam o migrante/refugiado
como um problema a ser sanado e não como uma pessoa a ser cuidada. É mais
simples de um ponto de vista humanista, evitar tratar de pessoas e começar a tratar
de problemas, e essa e outras são palavras recorrentemente usadas quando quer-
se indicar os migrantes/ pessoas que buscam asilo/refugiados. É mais simples
desenvolver e aprovar políticas de portas fechadas quando há desumanização do
indivíduo e sesu desafios como ser humano em um mundo de conflitos e assim
negar suas liberdades individuais.

Um número crescente de governos está trabalhando em suas fronteiras para limitar


o movimento dessas pessoas e tem como alvo expatriados, exilados e diásporas, o
que no final pode também contribuir para um enfraquecimento na lei e ordem
internacional. A situação é mais difícil por conta de que essas decisões são
sobrecarregadas por um léxico amplo, de termos politicamente polarizadores, como
migração “forçada” versus migração “voluntária”, imigração, asilo, segurança
humana e espaço humanitário.

Finalmente, esta crise global de pessoas deslocadas enfatizou a necessidade de


uma abordagem mais direta e presente, coordenada in loco e integrada
verticalmente, com responsabilidades claras e definidas de Estados, organizações
com políticas voltadas ao tema e sociedade civil. A comunidade global, incluindo
agências das Nações Unidas, formuladores de políticas internacionais, sociedade
civil, organizações internacionais e do setor privado devem unir-se para abordar
11
essas questões, incluindo onde e como passar linhas, construir muros, por um lado,
e em como gerenciar decisões em pequena escala e repensá-las levando em
consideração o impacto em larga escala de suas ações, e no macro, levando em
conta outras ações de atores do sistema internacional que agem
concomitantemente, e assim caminhar em direção a soluções mais preventivas e
mais sustentáveis a longo prazo.

MIGRAÇÃO INDUZIDA POR CONFLITOS

De 50 países designados como "não-livres segundo a organização Freedom in the


World em 2019, os seguintes 13 tem os piores indicadores para liberdades políticas
e civis entre todos os países do mundo:

Tabela 1

12
https://en.wikipedia.org/wiki/Freedom_in_the_World

Não por acaso, estes mesmos Estados que tem os piores indicadores de liberdades
individuais são os Estados que possuem estão vivenciando algum conflito sério e
estão presenciando crise em seus governos. Os Estados que em que essas crises
são originadas estão diretamente relacionados àqueles há erosão das normas
democráticas e em que os direitos individuais, liberdade civil e direitos políticos são
diminuídos. Onde a liberdade de expressão, da imprensa, de deslocamento, e
liberdade aos migrantes e refugiados – incluindo de não discriminação e busca de
asilo – são tolhidos.

O que quero salientar é que os fatores causadores de instabilidade política estão


sempre presentes quando liberdades individuais são cerceadas, seja qual for o
regime político em vigor do Estado. E normalmente são Estados que passaram por
alguma mudança abrupta de governo através de golpe, guerra, usurpação do poder,
eleições democráticas com subsequente subversão da democracia, e vivenciaram
uma determinada estabilidade política por algum tempo. Até que algum fator
desencadeador de crise se mostra presente; que configuram-se pelas ações de um
ou ambos os fatores seguintes: A partir de crises internas – como revoltas populares
desencadeadas por um estopim ou gatilho especifico (morte de uma pessoa,
aumento dos preços, enrijecimento maior das políticas já duras à população, entre
outros gatilhos específicos), e crises externas – quando existe a falta de apoio
político externo abala a legitimidade dos regimes hora em vigor.

Como um todo, pode-se observar que os indicadores de liberdade estão em


declínio, principalmente aqueles relacionados à liberdade de movimento, liberdade
de pensamento e expressão e liberdade proveniente do poder aquisitivo e posição
econômica. O abismo das desigualdades mostra-se mais latentes onde essas
liberdades são diminuídas. Como nota, infelizmente podemos ver uma decadência
das liberdades individuais e políticas no Brasil no último ano.

https://en.wikipedia.org/wiki/Polity_data_series

Embora todos as pessoas deslocadas sofram de uma forma ou de outra, uma


das populações que mais sofre com os deslocamentos forçados são os refugiados,
pois estes não estão tutelados e protegidos por Estados, e precisam recorrer à
13
tutela de organizações e até mesmo frequentemente a Estados terceiros para serem
amparados. A análise presente aborda essa questão especial e explora o fenômeno
do proliferamento de refugiados na última década, tendo em vista múltiplas
perspectivas. Incluindo analise de gatilhos e fatores de risco, explorando soluções
testadas anteriormente voltadas para resolução de vulnerabilidade e miséria,
opções de reforma políticas, engajamento com soluções duráveis e de longo prazo
que superem o movimento de migração de massas de refugiados, daqueles que
estão em movimento corrente, daqueles que já terminaram o seu movimento e se
fixaram e daqueles que retornam para casa nos mais diversos contextos.

--- começar a discutir refugiados aqui

INTRODUÇÃO REFUGIADOS

A pessoas que são deslocadas a força por conta de conflitos existem muito
antes de qualquer teoria ou pensamento sobre o sistema internacional. Apesar
disso, o reconhecimento dos direitos dos refugiados aconteceu somente em 1951,
na Convenção das Nações Unidas, onde foi redigido o Estatuto dos Refugiados e
criado o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR). Este
tinha como objetivo principal auxiliar aqueles que deixaram seu lar devido aos
acontecimentos da Segunda Guerra Mundial e ainda não tinham retornado, não
queriam retornar e que tivessem dificuldades em estabelecerem-se no local em que
estavam (ACNUR, 2016). O que foi criado à época restringia demasiadamente o
conceito de refugiado, como pode-se verificar no artigo 1¶, A, segunda parte, como
descrito abaixo:

Que, em consequência dos acontecimentos ocorridos antes de 1º de


janeiro de 1951 e temendo ser perseguida por motivos de raça, religião,
nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas, se encontra fora do país
de sua nacionalidade e que não pode ou, em virtude desse temor, não
quer valer-se da proteção desse país, ou que, se não tem nacionalidade e
se encontra fora do país no qual tinha sua residência habitual em
consequência de tais acontecimentos, não pode ou, devido ao referido
temor, não quer voltar a ele. (ONU, 1951)

Embora fosse um início para a tratativa do tema, as exclusões de milhões de


pessoas de políticas ativamente eficazes em diversas nações para o auxílio,
14
acolhimento e integração falharam historicamente em sua vasta maioria, o que fica
muito evidente na situação dos refugiados sírios, sendo esta, a maior crise nesse
sentido desde a Segunda Guerra Mundial.

As falhas e rachaduras no sistema permitiram que pudéssemos presenciar


um estado de exceção para milhões de refugiados sírios, onde todos os Estados
possuem responsabilidade moral, mas na prática, são poucos os que possuem
políticas ativas tratando as pessoas que vivem essa situação. Aquela política de
portas fechadas se repete, onde as normas do direito internacional são
sumariamente ignoradas e os direitos humanos e os direitos dos refugiados são
esquecidos. E não há sanções a esses países, pois nessa hora outro léxico de
palavras surge: soberania, segurança interna, imigrantes ilegais, etc. Tratados
internacionais figurativamente rasgados, sim, aqueles, assinados e ratificados. E
essas ações são, em esmagadora maioria, realizadas por aqueles países que são
chamados os mais desenvolvidos, os países centrais.

Importante salientar que embora os Estados possuam autoridade legítima


para regular o tema movimento humano, migração e acolhimento a refugiados,
precisam fazê-lo em concordância aos padrões internacionais de direitos humanos
estabelecidos e sem violar os princípios fundamentais de justiça presente em suas
próprias leis e constituições.

Assim, o refugiado perde os seus direitos humanos e seu horizonte como o


ser humano, pois de um lado não tem a tutela de seu Estado de origem, e por outro,
não há quem advogue por ele no Estado que o deveria acolher. A vida perde seu
total significado de valor. De um para zero. De algo para nulo. O seu valor social
torna-se inexistente, pois é menosprezado. Não possui mais valor jurídico, pois não
é defendido por não ser defensável. Não possui mais valor absoluto, pois o
refugiado morre e a sociedade fecha os olhos, anestesiados com a rotina de mortes
dos pobres refugiados na mídia. Fecha os olhos para o ser humano que tenta cruzar
o Mediterrâneo e morre na tentativa, e somente sente uma ponta de solidariedade -
a que seria devida a todos - se é uma criança. O Europeu quem tem ou teve filhos
pequenos sente a dor.

Neste ponto de vista a vida do refugiado não lhe pertence mais, pois está a
mercê de autoridade soberana estrangeira a ela ou ele. Esta autoridade decide, a

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revelia, quem recebe em seu território e quem morre do lado de fora, através da
concessão ou da negação de refúgio.

Embora através das décadas percebe-se singular avanço no auxílio dos


indivíduos que vivem essa situação, principalmente auxílio no que tange aos
recursos mínimos para a manutenção da vida – roupas, alimentos, e abrigo – esses
auxílios normalmente partem de Organizações Internacionais, sobretudo por
intermédio da ACNUR e organizações parceiras que destinam-se ao alívio das
condições de vida impostas aos refugiados. A mais difícil e imprópria é a própria
existência de campos de refugiados, e no final, a única opção de milhões de
pessoas distribuídas em diversos campos de refugiados que foram criados para
acolher essas pessoas que não tinham nenhum outro lugar para ir.

Em Zaatari, por exemplo, na Jordânia, existe o maior campo de refugiados do


país, acolhendo essencialmente sírios vítimas do conflito. Quase 80 mil deles. Mais
de 20% são crianças até os 5 anos de idade, que não conhecem outra vida senão
guerra e esquecimento. Os refugiados não podem trabalhar na Jordânia, e
dependem ou do auxilio financeiros das organizações internacionais para
sobreviverem, ou de projetos de desenvolvimento nos próprios campos, que não
contemplam a todos. Assim, sua dignidade como ser humano falha, pois não são
senhores do próprio destino e dependem exclusivamente de terceiros para
sobreviver.

Zaatari - https://reliefweb.int/report/jordan/zaatari-refugee-camp-factsheet-august-2019

Os campos de refugiados foram projetados para serem locais transitórios


àquelas vítimas de conflitos, mas na questão síria, está cada vez mais tornando-se
o conserto temporário que se tornou solução permanente. O refugiado sírio não
pode retornar, pois o conflito é persistente e muitos deles vivem situações que não
podem ser atendidas pelos países que os receberam ao buscar proteção. O que é
necessário são as aplicações das políticas de assentamento e reassentamento
permanente dos refugiados como solução duradoura de longo prazo, a busca do
estabelecimento definitivo dessas pessoas e trazer novamente dignidade à vida
delas através do que é essencial ao ser humano: trabalho, segurança alimentar,
moradia, acesso a atividades recreativas salutares, entre outros.

16
Temos então a importância do reconhecimento da vontade própria do
migrante e refugiado. Eric Wiebelhaus-Brahm argumenta que a população migrante
é “ávida em buscar literatura sobre o direito do refugiado e profundamente
interessada em saber como lidar com violações de direitos humanos. Eles acabam
por possuir as habilidades, recursos e conexões que lhes permitem avançar em
suas agendas.” Em outras palavras, o indivíduo nessa posição mostra a capacidade
de criar e mobilizar e gerar mudança nas normas políticas correntes, mesmo
estando em uma posição desprivilegiada.

Além do auxílio material, outro ponto que é de valor discutir e explorar é a


questão do impacto das práticas da ACNUR e de outras agências na saúde mental
dos refugiados. Eles sugerem que a dependência dos refugiados promovida por
ações gratuitas em troca de nada prejudica a capacidade de escolha e pode levar a
consequências pscicossociais negativas. É importante salientar a importância das
redes comunitárias de auxilio e a mobilização de recursos social que auxiliem os
refugiados repararem seu tecido social e reconstruir a confiança necessária para o
seu desenvolvimento bem sucedido em sua vida após passar pelo campo de
refugiados.

O estudo de caso do professor da Universidade Miami Carl Dahlman sobre


os Balcãs ilustra como a União Europeia desenvolveu praticas excludentes de
proteção temporárias e proteção à distância que podemos perceber no jogo retórico
atual e também na (in)ação em relação os fluxos mais recentes de refugiados para a
Europa. Podemos então destacar o papel da comunidade internacional e a estrutura
legal criada a partir dos interesses do Estado em limitar as possíveis soluções de
longo prazo disponíveis para as populações refugiadas, criando soluções
temporárias permanentes.

Dahlman descreve as políticas de reforço de controle fronteiriço colocadas


em prática pelos países da União Europeia que foram designadas para ‘preservar a
soberania do Estado sobre a imigração, de encontro com as obrigações do Estado
de cumprir as responsabilidades que tem em relação aos refugiados.” Aqui está
claro que é necessária a mobilização global de recursos, boa vontade e
conhecimento para melhor entender os complexos vínculos entre as necessidades
humanas básicas pelo desenvolvimento e segurança humana pela construção da
paz.
17
ESSA É A PARTE QUE FALA DOS DESAFIOS DE INTEGRACAO O foco das
comunidades anfitriãs estão em suas fronteiras, onde há a primeira comunicação
com os requerentes de asilo. Muito embora as questões relativas a assentamento
fazem parte do primeiro debate, outros desafios surgem a medida que o dialogo
avanca, e com desafios podemos apontar desafios geracionais, educacionais,
linguísticos e socioculturais. O esforço do Estado anfitrião deve centrar-se em como
esses desafios podem ser superados, tendo em vista a busca de revisão de politicas
e suporte de recursos tanto para a comunidade receptora quanto para os recém-
chegados.

Hirsch destaca as diversas circunstancias socioeconômicas e politicas dos


refugiados em Malta e lembram que as internvecoes de construção de paz e
desenvolvimento podem precisar ocorrer internamente às próprias redes de
migrantes e de acolhimento. Problematizar categorias consideradas como
garantidas na literatura sobre migrantes e refugiados é uma ocorrência comum em
muitos estudiosos, incluindo o argumento de Yaco-Haliso de que nem todas as
mulheres refugiadas sofrem deslocamento da mesma maneira, muito
frequentemente recusando-se a serem consideradas refugiadas.

Warren Haffar transforma o caso da integração da transformação do conflito e


planejamento urbano eficaz, particularmente medida participativas de governança e
planejamento entre as comunidades receptoras, como uma medida de formar uma
base de conhecimento amplo e mutuo, para auxiliar encontrar solução duráveis a
longo prazo mais rapidamente em cada região. Similarmente, Yacob, algo para ser
efetivo precisa ser a participação ativa de ambos – comunidades anfitriãs e
refugiados – na busca de um plano de integração longoprazista. Alem disso, há um
aspecto muito positivo do papel dos sistemas educacionais na integração do
refugiado. Eu mesmo pude ver os filhos de refugiados falando o idioma da
comunidade anfitriã algumas vezes , de 8, 9, 12 anos de idade, fazendo o papel de
interpretes na comunicação entre o idioma local (na minha experiencia alemão,
francês ou inglês) e o idioma materno da família, árabe talvez. Enquanto essa faceta
se mostra mais eficaz nos infantes e jovens refugiados, além do que a integração
completa se da pela maior maleabilidade das características do caráter social ainda
em formação, ao invés de adultos onde as suas crenças, abordagem as suas
relações sociais já estão consolidadas.

18
https://www.acnur.org/portugues/solucoes-duradouras/reassentamento/

Apenas alguns países participam do programa de reassentamento da ACNUR, entre


eles o Brasil. Ainda assim, os países que fazem parte do programa recebem
refugiados aos milhares, quando a necessidade é na ordem de milhões. A solução
mais imediata para o fim dessa crise é o fim dos conflitos que as originaram, mas
isso depende da boa vontade das partes envolvidas. O que não parece estar
próximo. No caso da Síria, são muitas partes envolvidas, com coalizões, parcerias e
grupos opositores a essas parcerias, interesses antagônicos e disputa pelo espaço
e poder. No olho furacão quem sofre é o ser humano, destituído de poder político,
militar e econômico.

Muitos veículos da mídia noticiam a questão do sofrimento humano. A propaganda é


historicamente uma ferramenta poderosa para o convencimento das massas a
respeito de uma ideia. Vide Hitler e seu povo aqui na Alemanha. Toda a
repercussão gera uma reação, aceitação de ações de determinados atores que
fazem parte do conflito, sejam EUA, família Assad, Rússia, curdos, Turquia, Iran e
família, mas tudo isso gera uma questão problemática de quem está certo?

Ainda mais problemáticas são as maneiras pelas quais a crise levou à politização do
sofrimento humano. Um exemplo disso ocorreu nas Olimpíadas de 2016 no Rio de
Janeiro, quando vimos o primeiro time olímpico de refugiados competir sob a
bandeira do Comitê Olímpico Internacional no Rio de Janeiro. Dez atletas do Sudão
do Sul, Etiópia, Síria e República Democrática do Congo ajudaram a iluminar a
questão da “crise global de refugiados”. “iluminar”. Alguns, entretanto, criticaram a
inclusão deles como uma jogada de marketing do comitê olímpico internacional.

O que é certamente claro é que o problema não está desvanecendo e precisa de


ações que caminhem para resolução baseadas em dados e evidencias concretas,
geradas para responder as questões correntes, desde crianças e jovens em risco a
planejamento urbano participativo, sensibilidade ao impacto de trauma e
gerenciamento eficaz de recursos disponíveis.

19
À medida que os governos e organizações calculam os custos dessas ações ao
longo das décadas, surgem questões profundas sobre a necessidade de diferentes
modelos. Enquanto isso o ser humano deslocado sofre. Sofre ao deixar o seu lar.
Sofre ao deslocar-se, na maioria das vezes tendo somente uma vaga ideia de seu
destino seguro.

O que é certo é que o deslocamento que hora presenciamos não tem precedentes,
e enquanto as medidas adotadas até agora não têm sido suficientemente eficazes
para estancar o problema, medidas igualmente novas precisam ser tomadas para
alcançar a estabilidade econômica e política das e nas regiões afetadas por esse
fluxo massivo de pessoas, digo isto tanto no Estado em crise, gerador dessa fuga
massiva de pessoas, até às regiões internas ou Estados anfitriões. A necessidade
de diferentes modelos e maiores investimentos para garantir a estabilidade e o
desenvolvimento dos Estados em todo o mundo diante das mudanças maciças da
população.

As seguintes perguntas nos auxiliaram nos ajudaram a selecionar os artigos e


instruções nesta ediao, embora os autores levantem níveis adicionais de
complexidade e desafios que acompanham as crescentes crises.

Conclusão:

!!!!!

A primeira questao é se os refugiados são bem-vindos, (Harden et al. 2015)


tolerados ou abertamente discriminados (Baumeister & Vohs 2007 ; Brief et al. 2005;
Esses et al. 1998Se espera-se que as comunidades anfitriãs assumam um ônus
adicional sobre seus recursos (OCDE 2012), ou os refugiados são tratados como
dividendos trabalhistas e culturais (Ahmed et al 2016)? Quais são os direitos dos
refugiados em sua condição (Goodwin-Gil e McAdam 2007) e com eles podem
reconstruir sua autonomia decisória a partir de posições de isolamento ou de
vulnerabilidade (Freedman 2015)? Quando a comunidade internacional deve
interver, e se o fizer, como? (Dowty e Loescher 1996; Hammerstad 2014). Quais as
políticas e práticas – passadas presentes ou em debate – oferecem rotas viáveis

20
para lidar com a crise de migração e refugiados de maneiras que apoiam a paz
sustentada e o desenvolvimento inclusivo, por um lado, e ajudam a evitar essas
crises no futuro, por outro?

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Comecinho das paradas.

Embora desde o inicio da crise de deslocamento iniciada na primavera árabe (?)


tenha sido superada dia após dia por diferentes a escala de deslocamento

http://www.iowastatedaily.com/app_content/political-scientist-olajumoke-yacob-haliso-discusses-
female-liberian-refugees/article_0128781e-c8f2-11e7-b35e-4f1e32311576.html

ment entre 2015 e 2016 tenha recebido uma atenção maior nos jornais ocidentais,
países do Oriente Medio, Africa e outros países enfrentam os desafios colocados à
construção da paz e ao desenvolvimento por fluxos de refugiados e migrantes há
muitos anos (Berry, 2016). De fato, a migração não é um fenômeno novo, e os
desafios políticos, sociais e econômicos que os refugiados e migrantes enfrentam
variam com o tempo e o espaço, mesmo quando certos temas comuns podem ser
identificados.

A minha busca é revisitar esses diálogos e instruções sobre políticas migratórias


buscando um olhar das pessoas afetadas pela migração induzida por conflitos.
Sejam elas das perspectivas das pessoas deslocadas, comunidades ou
profissionais e formuladores de políticas, que enfrentam o alivio da angustia e a
promoção da resiliência entre as populações frequentemente vulneráveis.

A situação é ainda pior para grupos que são historicamente mais vulneráveis, mas
por um segundo ou terceiros motivos alheios aos conflitos. As crianças e as
mulheres, que na maior parte dos países que existem restrições de liberdade
individuais são as que mais sofrem. A cientista política Olajumoke Yacob-Haliso,
professora associada do Departamento de Ciência Política da Universidade do
Texas, considera soluções duráveis (repatriação, local de integração e
reassentamento) quando ela adverte o Alto Comissariado das Nações Unidas para
os Refugiados (ACNUR) por não abordar suficientemente os desafios únicos e
diversos que as mulheres enfrentam enquanto tentam reconstruir um futuro tirado

21
delas pelo conflito. Ao reavaliar essas 3 soluções para grupos de mulheres, ela
mostra as lutas internas do que ela chama de interseccionalidade de desvantagem.

Usando como exemplo os casos da Libéria e da Nigeria, Yacob-Haliso argumenta


que as mulheres precisam de consideração especial emanada de desvantagens
relacionadas a fatores pessoais e estruturais, com a perda dos papeis tradicionais
de gênero, o trauma psicossocial de retorno quando confrontadas com a realidade
imposta pelo conflito em seu retorno, o dilema dos anos perdidos e a falta de
recursos para apoiar um agregado familiar e com menor probabilidade de obter
acesso direto a intervenções. Quando a segurança e os meios de subsistência são
as principais preocupações, as contribuições para a construção da paz e o
desenvolvimento são tardiamente considerados. De acordo com a pesquisadora,
fatores de atração, incluindo o retorno da segurança local, emprego e outras
oportunidades aumentam as chances de paz e de desenvolvimento duradouros e
bem-sucedidos. Com base no conceito de construção de paz de comunidades
aninhadas de John Paul Lederach, Pugh destaca a importância crítica das redes e
relacionamentos locais nas estratégias de intervenção externa. Embora ás vezes as
comunidades anfitriãs sejam negligenciadas pelos profissionais de gestão e
desenvolvimento de conflitos que intervêm para trabalhar com populações
migrantes e refugiadas , o exame dela de dois programas diferentes que trabalham
com jovens migrantes na região fronteiriça mostra que enquanto os cursos de
treinamento em resolução de conflitos ajudaram a reduzir a violência em uma
comunidade fronteiriça, o programa que conscientemente se envolveu com redes e
instituições locais teve um impacto de longo prazo.

Eu visitei um desses programas, em Berlim, na Alemanha. A Alemanha é o país


europeu que formalmente mais recebeu refugiados através do programa de
assentamento da ACNUR, muito em parte devido a sua política inicial de portas
abertas definidas por Angela Merkel. Aqueles que precisavam atravessaram a
Europa em busca dele, muitas vezes a pé. Só em 2015, recebeu mais de 1 milhão
de refugiados e questão dos refugiados estava sendo fortemente debatida. A
sociedade civil como um todo se reuniu e perguntou ao governo como podiam
ajudar. Visitei a Digital Career Institute, uma instituição de tecnologia que abriu um
programa em sua sede e começou a oferecer treinamentos em desenvolvimento
web para refugiados, tanto como forma de auxiliar a colocação profissional dos

22
refugiados em Berlim e outros lugares na Alemanha, como suprir a demanda de
profissionais da área Como forma de integrar o refugiado na sociedade local dando-
lhe dignidade e suprindo uma necessidade da comunidade local. É uma situação em
que a parceria público-privada deu certo, e que todos ganham.

E é esse um dos fatores positivos a longo prazo de acolher o refugiado. Depois de


alocados, o refugiado começa a trabalhar e sua produção traz um aumento nos
movimento econômico, e contribui, tomadas as devidas proporções, para o
desenvolvimento da economia local.

Enquanto os refugiados da guerra civil Síria não são novidade, a comoção


gerada Após oito anos de guerra, o governo sírio reafirmou o controle sobre grande
parte do território que perdeu para a oposição e forças estrangeiras. Como tentativa
de recuperação do conflito, o regime mudou seu foco para uma crise econômica
doméstica, a qual a política europeia ampliou intencionalmente. No entanto, longe
de forçar uma transição política como planejada, a abordagem punitiva dos países
europeus à Síria fortaleceu a influência do governo sobre a população. Enquanto
correm o risco de extorquir suas vidas em Damasco, eles ameaçam se
comprometer com uma campanha militar de longo prazo contra grupos da oposição
e civis mais nas prisões do governo e um destino desconhecido para milhares de
outras pessoas - elas agora devem reconhecer os piores impulsos do governo sírio.
(não é imparcial)

Em seu impasse com o Ocidente, o governo sírio acredita que tem tempo a
seu favor. Embora sempre tenha sido uma estratégia abrangente de sobrevivência,
não se deve equiparar isso a fraqueza. Contando com o apoio financeiro, político e
militar inabalável de seus aliados estrangeiros, (Russia and whoelse? China e Iran
WTH!! ))o regime provou ser mais eficaz que os adversários - às custas da
população. De fato, a deterioração da economia da Síria está aumentando.

23
Nesse contexto, os formuladores de políticas européias devem reavaliar sua
abordagem à Síria, em parte aceitando que o regime chegou para ficar. Mais ou
menos, os interesses do povo sírio. A Europa ainda pode ajudar a melhorar a vida
dos sírios.

Este artigo analisa as maneiras pelas quais se afirma na Síria; oponentes.


Com o regime tentando recuperar seu papel antes da guerra no Oriente Médio e se
ajustando às demandas das potências rivais na região, o artigo examina as
implicações da transição pós-conflito para a política européia.

SIRIA – DESENVOLVIMENTO OBJETIVOS PÓS-CONFLITO DO REGIME

Para o regime, a sobrevivência econômica tem prioridade sobre a


reconstrução, o retorno de refugiados e até a recuperação de áreas da Síria ainda
mantidas por forças da oposição. Os líderes em Damasco vêem essas áreas no
contexto do que chamam de "suspiro longo" - isto é, o processo de persistência até
retomarem todo o território sírio (revolvendo a economia e normalizou as relações
do regime com governos estrangeiros. Nisso, eles estão tentando estabelecer uma
política de mudança no futuro. A posição de Recep Tayyip Erdogan enfraqueceu, o
governo sírio vê uma oportunidade de pressionar Ancara (com apoio da Rússia)
Confrontos militares recentes em todo o mundo e finalmente recapturar a província.

https://www.ecfr.eu/publications/summary/can_assad_win_the_peace_syria

O território sírio está de volta sob seu controle. E continua rejeitando todas as
aspirações à autonomia entre curdos e outros grupos - como mostra, por exemplo, o
discurso do presidente Bashar al-Assad em fevereiro de 2019 sobre a
implementação da Lei 107 ( O que é essa lei?). Ele deixou claro que a lei transfere
poderes administrativos e burocráticos para os governos locais. conselhos, mas
deixa de lhes proporcionar direitos políticos. Com o objetivo de impulsionar o setor
privado, a lei reflete a rejeição sincera do regime ao federalismo e qualquer forma
de administração autônoma.

Rússia e Irã - ao mesmo tempo em que trabalha com eles. Historicamente, o


regime se provou na relação pré-conflito com: separatistas árabes e Teerã; Turquia
e Arábia Saudita; e Ir anti-iraniano.

24
Após oito anos de guerra, o governo Sírio retomou o controle sobre a maior parte do
território perdido por forças opositoras e estrangeiras. Como uma tentativa de
recuperar-se do conflito, o regime está mudando seu foco para uma crise
econômica doméstica que as políticas europeias amplificaram intencionalmente.
Então assim, estando distantes de forçar como planejado uma transição política, a
abordagem punitiva das capitais europeias para a Síria tem fortalecido a influência
do governo sobre a população. Enquanto os países europeus

A Situação dos refugiados sírios nos países vizinhos, resultados conclusões e


recomendações

INTRODUCAO DO DESENVOLVIMENTO
As revoltas populares, que começaram com manifestações civis e pacíficos na Síria
em 15 de março 2011, cada vez mais se transformou em uma guerra civil. Neste
mesmo ambiente de instabilidade, o povo sírio começou a migrar de suas casas,
vilas, cidades em busca de segurança. Neste ambiente de conflito, a Síria
experiencia tanto migração interna quando externa. Os deslocamentos dos
habitantes de determinadas cidades sírias fizeram com que algumas cidades se
tornassem desertas. Desde abril de 2014, 3 milhões de refugiados sírios deixaram
suas casas e buscaram refúgio em países vizinhos: 1kk no Líbano, 800k na Turquia,
600k na Jordânia, 220k no Iraque e 140k no Egito. (números estão errados,
atualizar e incluir Europa) Há milhões de sírios que não vivem em campos de
refugiados, e ao invés disso são forcados a viver in casas nos países vizinhos por
seus próprios meios, e o número destes não se pode precisar. Ao mesmo tempo, a
situação tem deteriorado em termos de migração interna. Mesmo de acordo com
estimativas modestas, 1500-2000 pessoas deixam o país por dia, o migram para
outras regiões do país onde sentem-se mais seguras. Considerando que mais de
75% daqueles que fugiram do país são mulheres e crianças, a dimensão da escala
da tragédia na Síria no âmbito de migração forcada pode ser compreendida melhor.

CONCLUSAO DO DESENVOLVIMENTO OU INICIO DA CONCLUSAO


A quantidade de socorro que chega à Síria vindo de diversos países e
instituições atinge somente 54% da ajuda humanitária requerida por migração
25
forçada. Entretanto, o problema dos refugiados Sírios não é somente um
problema interno, nem somente um problema no/do oriente médio. Como um
todo, a crise de segurança na Síria tornou-se um problema no sistema
internacional, onde percebe-se claramente a configuração de um espaço de
disputa de poder motivado tanto por agentes internos quanto por atores
estrangeiros, motivados por diferentes razões mas que em suma podem ser
explicadas por um tema comum saliente nas exposições de seus pontos de
vista: a segurança.
O presente trabalho busca analisar as motivações políticas internas e externas
que geraram essa crise, a busca de entender a proteção do Estado como um
ponto de confluência para a segurança da sociedade do povo sírio, a
dicotomia entre a tentativa de manutenção do status quo por parte do governo
Sírio e a tentativa de institucionalizar não somente um novo governo, mas
uma nova forma de governo, as tensões geopolíticas historicamente
presentes na região e principalmente o estudo dessas diásporas, desse
deslocamento involuntário, do fluxo de pessoas para outras regiões que
consideram mais seguras a partir de um ponto de vista antropológico – o ser
humano que busca segurança. Seja física, psíquica, política, econômica,
social, etc. a tendências suas exposições de SEGURANCA agenda sistema
internacional como um espaço de disputa pelo poder, motivada por um tema
saliente em suas exposições: a segurança.
Como a crise na Síria continua em seu oitavo ano, a comunidade humanitária
estima que 13.5 milhões de pessoas na Síria estão necessitados de vários
tipos de assistência humanitária. 4 de 5 sírios vivem em pobreza e 65% da
população vive em extrema pobreza. Uma recessão econômica profunda,
desvalorização gigantesca da moeda nacional, sanções, a subida dos preços
de alimento e combustível devido a forte inflação, e mercados fechados que
contribuíram para a extrema vulnerabilidade dos sírios em todo o país. 6.5
milhões de pessoas deslocadas internamente devido ao conflito. O ritmo de
deslocamento continua implacável, e muitas pessoas são deslocadas pela
segunda ou ate mesmo terceira vez. 10 milhões de pessoas precisam de
meios de subsistência ou emprego de emergência, atividades sustentáveis de
geração de renda, recuperação de negócios ou mecanismos adequados de
transferência financeira. Além disso, mais de 12 milhões de pessoas precisam
26
urgentemente de reparos rápidos da infraestrutura básico (FALAR MAIS
SOBRE ISSO) E social, que garantam serviços essenciais e produtivos,
enquanto quase 8 milhões de pessoas precisam de melhor acesso aos
mercados, recursos naturais, moradia e serviços básicos.

https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/15423166.2016.1239404#aHR0cHM6Ly93d3cudGFu
ZGZvbmxpbmUuY29tL2RvaS9wZGYvMTAuMTA4MC8xNTQyMzE2Ni4yMDE2LjEyMzk0MDQ/bmVlZEFj
Y2Vzcz10cnVlQEBAMA==

As necessidades humanas ((Burton 1990; Galtung 1979; 2005; Lundy & Adebayo
2016)

CENTRO – PERIFERIAS – ORIGEM DOS FLUXOS – PERIFERIA > CENTRO.

CEPAL PERIFERIA GERADORA DE CONFLITOS POR CONTA DAS


POLITICAS ADOTADAS PELOS CENTROS, FALTA DE INVESTIMENTO E

ANALISE E AÇÕES DOS ATORES INTERNACIONAIS


BURTON 1990
Teoria das necessidades básicas - Na opinião John Burton qualquer resolução de conflitos deve
basear-se naquilo que, terá contribuído para o seu surgimento de modo a evitar que o conflito
ressuscite e a impedir o surgimento de novos conflitos a partir das circunstancia inalteradas. Assim
Burton identificou a teoria das Necessidades Humanas que tem os seus alicerces na suposição de
que os seres humanos tem certas necessidades básicas que requerem satisfação, e que não podem
ser suprimidas nem pela repressão nem pela socialização (Burton 1990:36).

De acordo com Burton (ibid:37) nenhuma socialização pode ser mantida por muito tempo forçando as
pessoas a um comportamento que perverte ou destroi a sua identidade e os priva das suas
necessidades básicas, que baseiam-se fundamentalmente em três categorias : valores, interesses e
necessidades :

- Necessidades – As necessidades humanas não são negociáveis e não podem ser separadas da
existência humana. Ás necessidades, constituem o conjunto de valores imprescindíveis para a

27
sobrevivência das pessoas e unidades políticas, (meio ambiente, bem-estar social, alimentação,
vestuário, etc.). Na perspectiva de conflito, as necessidades são satisfeitas em função dos meios
disponíveis. Quando não são satisfeitas dentro do quadro normativo social, há propensão para os
indivíduos agirem contrariamente a lei, ou seja cometerem crimes que podem ser reprimidos pelas
instituições de direito.
As necessidades não são negociáveis, uma vez que são inerentes a sobrevivência e ao
desenvolvimento das pessoas ou entidades públicas ou privadas. A sua não satisfação conduz a
comportamentos não compatíveis os sistemas sociais vigentes.
- Valores – São as ideias, hábitos, costumes e crenças que caracterizam uma determinada
comunidade social. Os valores podem ser linguisticos, religiosos, de classe, étnicas, entre outras que
distinguem cultura e grupos de identidade. Os valores distinguem-se das necessidades pelo facto de
estas serem universais e primordiais (talvez genéticas). Em situações de opressão, discriminação,
privação e isolamento, a defesa de valores é importante para a identidade e segurança pessoal.
Neste sentido eles afectas as necessidades e podem ser confundidos com elas. A preservação de
valores é a razão de comportamentos defensivos e agressivos. A persecução das necessidades
individuais é a razão para a formação de grupos de identidade através dos quais os indivíduos
operam quando perseguem um maior ego, bem como segurança e identidade cultural.
- Interesses - Referem-se a tudo aquilo que se afigura como sendo de extrema importância para a
sobrevivência de uma determinada unidade política ou para os indivíduos. Eles são de caracter
transitório, constituem aspirações ocupacionais, sociais, políticas ou económicas de um indivíduo ou
grupo de indivíduos. Os interesses são passíveis de alteração ao longo do tempo, são mais
evidentes em relação a bens materiais e são negociáveis. Quanto a tipologia, os interesses podem
individuais, colectivos, de grupos sociais, universais - humanitários e nacionais. Podem ainda dividir-
se quanto a importância em vitais, secundários; quanto a duração em permanentes e variáveis e
quanto ao caracter em gerais, específicos, comuns, comuns, complementares e conflituosos (Burton,
1990, 36-41).

REFUGIADO – REALISMO – TEORIA – TOMADA DE DECISAO


O processo de tomada de decisão de um Estado, no âmbito internacional, pode ser analisado sob a
perspectiva de diferentes teorias. A maioria das vertentes tradicionais de Relações Internacionais,
como o Realismo, vê o próprio Estado-nação como o portador da competência de decidir; outras,
levam em consideração a participação de outros atores, como organizações internacionais e
empresas multinacionais (HUDSON, 2007). Porém, ao analisar a literatura da disciplina de Relações
Internacionais, percebe-se o pouco ou até ausente grau de relevância concedido ao papel do
indivíduo nesse processo de tomada de decisão pelos Estados, conforme observa Hudson (2007).

Hudson (2007) destaca que a base de todas as ciências sociais são as relações humanas, de modo
que, para uma análise completa, se deve entender como os humanos interagem com o mundo ao

28
redor deles e como os mesmos modelam e são modelados pelo mundo ao seu redor. O Estado é
tomado por Hudson como uma abstração metafísica que é útil e serve de atalho para a base de
estudo de Relações Internacionais, mas que não pode ser considerado um conceito objetivo neste
campo de estudo. Portanto, a base das RI, para Hudson, são tomadores de decisões humanos, que
não são necessariamente atores racionais únicos e que não se equivalem ao Estado (HUDSON,
2007).
A Análise de Política Externa tradicionalmente tem mais interesse em medidas exercidas por
tomadores de decisões humanos em posição de autoridade que tenham poder de comprometer os
recursos do Estado-nação (HUDSON, 2007). No mundo da política externa, entretanto, tal dinâmica
de tomada de decisão pode não ser imediatamente observável ao analista. Na verdade, elas podem
ser secretas e podem permanecer assim por décadas devido a preocupações de segurança nacional.
(HUDSON, 2007)
A APE é influenciada por muitas outras disciplinas, como a Psicologia, a Sociologia, o comportamento
organizacional, a Antropologia, a Economia, dentre outras. Portanto, é útil para o analista de política
internacional, por exemplo, avaliar tomadas de decisões políticas utilizando essas fontes, a qual
permeia a terceira característica da APE, a multi/interdisciplinaridade. Por fim, a quarta
característica apontada por Hudson (2007) afirma que, de todas as subáreas de Relações
Internacionais, a APE é a iniciativa teórica mais integrativa - pois integra uma variedade de
informações através de diversos níveis de análise e um vasto número de disciplinas da área de
Ciências Humanas (HUDSON, 2007).

REFUGIADOS NO BRASIL TCC DA GAROTA LA

Introdução Há muito, que conflitos armados, violência, violações dos direitos humanos, perseguições
e até mesmo causas naturais obrigam milhares de pessoas a abandonar suas casas e deixar suas
vidas para trás em busca de segurança em outros países. Em busca de sobrevivência, estas pessoas
procuram por um país que, além de proteção, lhes ofereça a oportunidade de um recomeço de vida,
onde possam viver em paz e preservar a sua fé, costumes, tradições e cultura. Essas pessoas, vítimas
de todo tipo de violência por conflitos armados e perseguições religiosas e étnicas, e que fogem em
busca de asilo em outros países, são os chamados refugiados. Segundo o ACNUR1 , o refúgio é um
direito garantido por uma convenção da Organização das Nações Unidas (ONU) de 1951, criado após
a Segunda Guerra Mundial, que gerou um grande número de refugiados. Entretanto, esse direito,
embora seja visto como um problema de ordem pública para alguns, não obriga o Estado a conceder
asilo, o que acaba formando uma lacuna entre o direito individual de solicitar asilo e o discernimento
do Estado em concedê-lo, aumentando as dificuldades das pessoas que buscam refúgio em

29
determinados países. Mas, mesmo em meio a tantas dificuldades, essas pessoas enxergam no
deslocamento a única forma de sobrevivência em meio a guerra e violações dos direitos humanos,
se dispondo a enfrentar os inúmeros problemas que surgem para se estabelecer neste novo país. As
políticas públicas que existem para garantir os direitos dos refugiados, nem sempre funcionam como
deveriam, levando muitos refugiados a dependerem de alguma forma de solidariedade. São muitas
as dificuldades, por exemplo, para se conseguir emprego, já que além da dificuldade para obter os
documentos necessários, muitos não conhecem a língua do país de acolhida, e isto acaba se
tornando uma barreira no processo de integração do refugiado, uma vez que a comunicação se
transforma em um dos requisitos mais importantes para a permanência desse indivíduo no país
estrangeiro 2 . O foco deste trabalho será a realidade da situação linguística que os refugiados
enfrentam no Brasil, especialmente os sírios que tentam se adaptar à nova vida na cidade de
Florianópolis em Santa Catarina, onde se encontra uma quantidade significativa destes grupos.
Buscamos conhecer as dificuldades encontradas por eles na cidade, principalmente por conta da
língua, bem como seu processo de integração com a língua portuguesa, além da preservação da
língua materna em comunidades de sírios. 1 Disponível em:
http://www.acnur.org/portugues/informacao-geral/o-que-e-a-convencao-de-1951/, acesso em
28/25/2015. 2 Disponível em: http://www.acnur.org/portugues/informacao-geral/o-que-e-a-
convencao-de-1951/, acesso em 28/05/2015. 2 O estudo se inicia com um breve panorama da
questão do refúgio no mundo, trazendo as políticas públicas que tratam desse assunto,
principalmente no Brasil, discutindo as dificuldades que estes grupos encontram ao chegar ao país
devido à falta de assistência e suporte em todas as áreas, principalmente em relação à língua. Será
abordada a legislação nacional, lei 9.474/97 que trata das políticas públicas sobre este assunto,
apresentando as normas de deslocamento de um país para outro e sua aplicação no território
nacional, bem como o seu funcionamento. Uma vez discutidos estes assuntos, se iniciará uma
abordagem sobre a guerra na Síria e os refugiados deste país, focando principalmente em um grupo
de sírios refugiados em Florianópolis. Buscou-se, conhecer as dificuldades que eles enfrentam por
conta da língua, dificuldades de comunicação e de compreensão, os esforços que eles têm feito para
lidar com a Língua Portuguesa, além dos aspectos culturais, levando em consideração que, além de
sobreviver, eles precisam também de condições básicas para se manter em um novo país. Buscou-
se, também, atentar para o fato de que todo estrangeiro traz consigo a sua identidade cultural, a sua
trajetória vivencial e a sua língua materna, mostrando, com isso, como se dá o processo de aquisição
de uma nova língua num momento tão emergencial, como é o caso do refúgio, respeitando as
tradições culturais e linguísticas deste grupo de refugiados e também a importância da preservação
da língua materna que continua sendo usada por essas pessoas em muitos contextos. Por fim, é feita
uma reflexão sobre como poderia ser feito um trabalho de ensino do português como língua de

30
acolhimento para estes estrangeiros que chegam ao Brasil em condições precárias, levando em
consideração as dificuldades emergenciais que eles enfrentam logo na chegada ao país, tratando a
língua como prática social. Para abordar o assunto em questão, além de pesquisa bibliográfica sobre
este assunto tão atual, foi realizado também um trabalho de campo junto aos grupos de refugiados
sírios na cidade de Florianópolis. A seguir, trago uma pequena narração sobre o meu percurso em
busca de uma aproximação com esses refugiados. O início de tudo se deu pela busca de um recorte
para este assunto. Numa de minhas pesquisas pela internet, encontrei uma reportagem que falava
sobre uma Conferência de Migração e Refúgio que aconteceu em Florianópolis. Nesta reportagem
encontrei alguns nomes que me ajudaram a chegar até os refugiados sírios, sujeitos que motivaram
a primeira etapa da minha pesquisa: identificar e compreender as dificuldades enfrentadas pelos
sírios com a língua. O meu percurso em busca dos sujeitos sírios incluiu além de uma reunião junto à
Cáritas, onde recebi informações a respeito das assistências prestadas por eles à 3 imigrantes e
refugiados, uma visita ao Centro Islâmico em Florianópolis, onde o “sheik” me ajudou ao intermediar
a minha primeira conversa com sírios sobre questões linguísticas. Além dessa visita, participei
também de uma aula de português na Mesquita, onde estabeleci outros contatos e pude conversar
com outros sírios que se disponibilizaram a ajudar com a pesquisa através das redes sociais. Todas as
anotações que fiz ao longo de todo este trabalho de campo servem como contribuição para analisar
a situação linguística e o processo de integração dos refugiados com a língua portuguesa, tratando-a
como língua de acolhimento. Assim, separei esta pesquisa em duas partes. A primeira parte tratará
dos conceitos e da contextualização do tema, e a segunda parte tratará do contexto de refugiados
sírios no Brasil e do papel da língua no processo de integração, propondo um diálogo intercultural,
levando em consideração que, numa sociedade, que está inserida num contexto de diversidade
cultural e linguística, a preservação da língua materna é fundamental para que estes refugiados
árabes mantenham a sua identidade em situações que são de grande importância para eles,
principalmente o religioso. O trabalho se estrutura da seguinte forma: na primeira parte será
abordada a questão dos refugiados pelo mundo, explicando os motivos de deslocamentos, além de
apresentar as políticas públicas que tratam deste assunto no Brasil e as ONG’s que prestam
assistências a estes grupos. Será feito um breve percurso sobre a guerra civil na Síria e o contexto
religioso do país. Na segunda parte, serão observadas as análises feitas na pesquisa de campo,
buscando compreender, através da participação em reuniões com as ONG’s de apoio e conversas
com refugiados sírios na mesquita de Florianópolis, sobre as principais dificuldades linguísticas que
os requerentes de asilo encontram ao chegar ao país, refletindo sobre o ensino de português como
língua de acolhimento, e levando em consideração os aspectos interculturais para a integração do
refugiado na sociedade envolvente. 4 1. Refugiados De acordo com o ACNUR, refugiado é um termo
que surgiu para se referir às pessoas que não podem confiar nos seus governos para garantir seus

31
direitos básicos e sua segurança, e nomeia assim, todos aqueles que por motivos de perseguição,
desordem pública, guerra civil, fome, desastres naturais ou degradação ambiental, são obrigados a
deixar sua terra natal em busca de refúgio em outros países 3 . As duas grandes guerras mundiais
não foram os únicos, mas foram os principais acontecimentos geradores de muitos deslocamentos.
Nesse contexto das guerras mundiais surge as Nações Unidas com um papel importante nas políticas
de acolhimento: “O sofrimento inenarrável vivenciado por milhões de criaturas humanas que
sobreviveram à grande catástrofe do século XX – a Segunda Guerra Mundial (que ceifou a vida de 50
milhões de pessoas) – levou as Nações Unidas a elaborarem a Convenção que regula a situação
jurídica dos refugiados aprovada pela Assembléia geral da ONU em 28 de julho de 1951, vigendo a
partir de 21 de abril de 1954”. (DOLINGER, 2008:248). O tema do refúgio ganhou importância na
Organização das Nações Unidas (ONU), que, em 1951, assumiu o compromisso para com os
refugiados e atribuiu ao ACNUR (Agência da ONU para Refugiados) a responsabilidade de iniciar
trabalhos de condução e coordenação de ações internacionais de proteção e auxílio a estes grupos.
Assim, o ACNUR se estabelece como uma agência que tem por finalidade o atendimento aos
refugiados. Sua função era assegurar que qualquer pessoa que estivesse correndo risco de vida ou
em situação de vulnerabilidade ambiental em seu país pudesse exercer o direito de buscar refúgio
em outro país e, se as circunstâncias o permitissem ajudá-los a regressar ao seu país de origem,
guiando-se pela Convenção das Nações Unidas relativa ao Estatuto dos Refugiados de 1951, e seu
protocolo de 19674 . Entre as finalidades do ACNUR está a de ajudar milhões de pessoas deslocadas
a encontrar um lugar para recomeçar suas vidas e orientá-las neste processo, respondendo também
às crises de refugiados em todo o mundo, acompanhando as transformações que se seguiram até
hoje. A Convenção das Nações Unidas relativa ao Estatuto dos Refugiados consolida prévios
instrumentos legais internacionais relativos aos refugiados e fornece a codificação dos seus direitos
a nível internacional 5 . De acordo com esta Convenção, são considerados refugiados, os indivíduos
que: 3 Disponível em: http://www.acnur.org/portugues/informacao-geral/perguntas-e-respostas/,
acesso em 28/05/2015. 4 Missão do ACNUR disponível em:
http://www.acnur.org/portugues/informacao-geral/a-missao-do-acnur/, acesso em 28/05/2015. 5
Disponível em: http://www.acnur.org/portugues/informacao-geral/o-que-e-a-convencao-de-1951/,
acesso em 28/05/2015. 5 -perseguidos por razões de raça, religião, nacionalidade, participação em
um grupo social particular ou opinião política, são forçadas a fugir do seu país de origem,
procurando auxílio e proteção em outros países; -não tendo nacionalidade e estando fora do país de
origem, não possam ou não queiram regressar a ele, devido aos motivos dispostos anteriormente;
-devido à grave e generalizada violação de direitos humanos, são obrigados a deixar seu país de
origem e buscar auxílio em outros países. (ONU) Sendo assim, qualquer estrangeiro que se
reconheça nas situações acima, independentemente de lhe ter sido concedido o “status” de

32
refugiado, de acordo com esta convenção, deverá ser acolhido e ter o auxílio de que necessita nesta
condição. Numa definição mais ampla da palavra, dada pelo ACNUR, deverá ser considerado
refugiado aquele que for obrigado a deixar o seu país devido a conflitos armados, violência
generalizada e violação massiva dos direitos humanos. Entretanto, por mais que o direito de ser
considerado refugiado e receber o auxílio de que necessita deva ser garantido a estas pessoas, é
necessário a regulamentação da situação jurídica do indivíduo e/ou os seus direitos e benefícios para
que os governos estabeleçam procedimentos que determinem esse “status”, de acordo com o seu
sistema legal, sem discriminação quanto à raça, religião ou ao país de origem. Para isso, é necessário
que o solicitante de refúgio instaure os fundamentos do seu temor, e os indivíduos que, depois
deste processo, não forem considerados refugiados, poderão ser deportados. Já aos que receberem
este “status”, devem ser garantidos os mesmos direitos básicos ao de qualquer estrangeiro que
esteja residindo legalmente no país, bem como os direitos econômicos e sociais, como assistência
médica, trabalho e escolaridade6 . Concedido o asilo, os refugiados devem se submeter aos deveres
jurídicos como o de se conformar e cumprir as leis e regulamentos do país de acolhida. Assim, em
conformidade com todo o disposto, a Convenção diz que os países não devem/podem repatriar ou
obrigar o regresso de deslocados para territórios onde possam enfrentar qualquer situação de
perigo. Dentre os muitos países que abrigam grupos de deslocados, está o Brasil, que até 2012,
segundo dados do ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados), possuía 4.401
refugiados de 77 nacionalidades diferentes7 . Contudo, este número foi crescendo e o país
contabilizava 28.670 solicitações de refúgio até 2015. 6 Disponível em:
http://www.acnur.org/portugues/informacao-geral/perguntas-e-respostas/, acesso em 28/05/2015.
7 Disponível em http://www.acnur.org/t3/portugues/noticias/noticia/paises-em-desenvolvimento-
abrigam-80-dos-refugiados-do-mundo/, acesso em 28/05/2015. 6 Gráfico 1: Solicitações de refúgio
no Brasil. Fonte: CONARE. Trata-se de pessoas que se deslocavam em sua maioria de Angola,
Colômbia, República Democrática do Congo e Iraque, em busca de proteção. As guerras civis que
ocorriam em África, por exemplo, deram origem a muitos refugiados que procuravam abrigo e
proteção no Brasil, entre outros países. Dados nacionais do CONARE (Conselho Nacional para
Refugiados) revelam, ainda, que entre 2010 e 2013 o número de pedidos de refúgio aumentou
consideravelmente, fato que revela um crescente deslocamento de grupos variados para o Brasil.
Salienta-se, ainda, que em 2013 grande parte das solicitações de refúgio foram provenientes da
região sul do Brasil. 1.1 Refugiados no Brasil Conforme a crise de refugiados vai aumentando, o
Brasil, devido também às facilidades de permanência através do visto de turista, se torna uma
alternativa de segurança e sobrevivência para pessoas de diferentes realidades. A Constituição
Federal de 1988 declara que o Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos princípios da
“prevalência dos direitos humanos e da concessão do 7 asilo político”8 . O “direito de asilo” cria uma

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prerrogativa para o indivíduo, perante o Estado em que busca asilar-se, e gera um dever para o
Estado que é procurado como refúgio. Esta prerrogativa garante proteção a todo aquele que é
perseguido de forma injusta ou arbitrária. 9 Essa garantia é posta, nos seguintes termos, pela
Declaração Universal dos Direitos Humanos: Artigo XIV. 1 – Todo homem, vítima de perseguição,
tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países. 2 – Este direito não pode ser invocado
em caso de perseguição legitimamente motivadas por crimes de direito comum ou por atos
contrários ou objetivos e princípios das Nações Unidas. Em seu último inciso, conclui o artigo: 10 –
concessão de asilo político. A concessão de asilo político não é, assim, um acidente, um pormenor no
conjunto das estipulações do ordenamento jurídico brasileiro. O asilo político é princípio que
fundamenta as relações internacionais do Brasil10 . Assim, conforme o disposto, é visto que o Estado
não pode negar asilo quando requerido com base em razões legais. Entretanto, a questão do
acolhimento acaba se tornando um problema para o país, visto que além de conceder asilo é de
fundamental importância que o governo brasileiro estabeleça medidas de apoio ao processo de
integração dos refugiados na sociedade. Na chegada ao Brasil, os refugiados devem buscar a
regularização da situação migratória, e o ponto de partida para isso é a solicitação de refúgio que
precisa ser apresentada às autoridades no Estado de acolhida. Neste primeiro passo, os refugiados
devem receber a assistência do CONAR, que recebe e analisa as solicitações de refúgio,
providenciando, enquanto isso, a carteira de trabalho e o CPF provisórios para que essas pessoas,
emergencialmente, possam ao menos procurar um emprego. Além disso, o CONARE também é o
responsável pela proteção dos refugiados, devendo repassar recursos de assistência para as ONG’s
que os assistem enquanto eles não se estabilizam no país de acolhida. Embora exista uma assistência
inicial, podemos indagar: Este atendimento de fato funciona? Qual a expectativa dos refugiados ao
escolher o Brasil para viver? Qual a 8 Disponível em:
http://www.migrante.org.br/migrante/index.php?
option=com_content&view=article&id=133:dasdiferencas-entre-os-institutos-juridicos-do-asilo-e-
do-refugio&catid=87&Itemid=1203. Acesso em 05/06/2015. 9 Disponível em WWW.jusbrasil.com.br.
Acesso em 22/10/2015. 10 Nenhum Estado civilizado pode negar asilo quando requerido com base
em razões fundadas. E a própria fundamentação é relativa. Num Estado, que caia num regime
ditatorial, é fundado que peça asilo todo aquele que, em princípio, possa ser vítima de perseguição.
Disponível em . Acesso em 23/11/2015 8 realidade que eles encontram no país? Como eles
sobrevivem até fazer valer os seus direitos no país de acolhida? De acordo com Antonio Guterres do
ACNUR, “O Brasil é um país de asilo e exemplo de comportamento generoso e solidário”
(Pronunciamento feito durante sua visita ao Brasil em novembro de 2005). Foi o primeiro país do
MERCOSUL a ratificar uma lei nacional sobre o tema, a lei 9474/97, que criou o CONARE e que
reconhece parcialmente a definição da condição de refugiado estabelecida na Declaração de

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Cartagena de 198411 sobre a “violação generalizada de direitos humanos”, que determina que a
legislação brasileira deva garantir aos solicitantes de refúgio toda a documentação necessária para
que possam trabalhar e se manter no país durante o processo de concessão de refúgio. Assim, a
função do CONARE é de extrema validade para os refugiados no país e deve funcionar como o apoio
emergencial de acolhida a estes grupos. Mas não é exatamente assim que as coisas costumam
funcionar, conforme veremos em alguns pequenos exemplos. Para ser concedida a solicitação de
refúgio, esta deve enquadrar-se nos requisitos definidos em lei e convenções internacionais,
buscando analisar se o solicitante de fato pode/deve ser considerado refugiado, o que leva tempo
para ser apurado. Enquanto isso, os deslocados permanecem no país com visto de turista, que tem
validade de três meses, devendo ser renovado. Assim, os refugiados precisam procurar as
instituições que os auxiliem neste processo, o que se torna importante para esse primeiro processo
de integração, acolhendo os que não têm moradia, oferecendo-lhes assistência médica, jurídica e
buscando parcerias com empresas na cidade ou mesmo em outros estados para que esses sujeitos
possam ser empregados. Esta é a função da Cáritas Brasileira, instituição que serviu de apoio para
esta pesquisa e sobre a qual falarei mais à frente. Conforme visto, o trajeto dos refugiados na
solicitação de refúgio no Brasil se inicia na Polícia Federal e a concessão pode levar meses por causa
da quantidade de pedidos. Depois da solicitação, o refugiado deve receber uma carteira de trabalho
provisória, e, então, começar a trabalhar para se manter. Entretanto, a busca por um trabalho se
torna complicada em vista das dificuldades de locomoção e do não domínio da língua portuguesa.
São inúmeros os desafios enfrentados por esses sujeitos, que vão desde os obstáculos com a
comunicação, passando pelo preconceito ou discriminação lingüístico, até o acesso às políticas
sociais, que não prevêem ações que possibilitem a estes grupos 11 A Declaração de Cartagena se
traduz num instrumento internacional de expressiva referência no âmbito da conceituação de
“refugiado”. Como resultado de um acordo entre os países da América Central, inspirou atitudes e
posturas dos países da região, em favor do reconhecimento da condição de refugiado, disponíveis
em:
http://www.acnur.org/t3/fileadmin/Documentos/portugues/BD_Legal/Instrumentos_Internacionais
/Declaracao _de_Cartagena.pdf?view=1. Acesso em 29/05/2015. 9 serem incluídos em suas
demandas locais. Tais aspectos fazem com que essas pessoas tenham que se submeter à caridade e
boa vontade de alguns voluntários, para que possam ao menos ter acesso à moradia e assistências
básicas. Durante o processo de integração destas pessoas, é importante que a sociedade leve em
consideração que as dificuldades dos refugiados são diferentes das dificuldades de outros tipos de
estrangeiros, já que não é por espontânea vontade que deixam seus países e precisam se habituar a
costumes tão diferentes dos seus. Além disso, é preciso também romper a resistência por parte dos
brasileiros em acolher refugiados em vista da disputa por espaço nos postos de trabalho e nas

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limitadas políticas públicas, o que dificulta ainda mais a integração destes grupos no país.
Atualmente, uma das nacionalidades que mais buscam refúgio no Brasil é a Síria12 , contando com
um total de 1.250 refugiados desta nacionalidade que se deslocam para as regiões Sul e Sudeste,
com destaque para São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Gráfico 2: Reportagem da CBN em
18/10/2014. 12 Disponível em: http://caminhosdorefugio.com.br/tag/solicitacao-de-refugio/ Acesso
em 29/05/2015. 10 1.2 Contextualizando a situação dos sírios: breve histórico da Guerra na Síria As
informações a repeito dos conflitos em países do Oriente Médio estão acessíveis em toda a mídia, e
já não se tem dificuldades para se conhecer os motivos e atores desta guerra, através de
reportagens feitas diariamente. São diversas as reportagens encontradas em sites de jornal na
internet, 13 que mostram detalhes dos conflitos que acometem principalmente a Síria, objeto deste
estudo. A Síria, chamada oficialmente de República Árabe da Síria, é um país do Oriente Médio
banhado pelo Mar Mediterrâneo e que tem fronteiras com a Turquia, Iraque, Jordânia, Israel e
Líbano. Com mais de 22 milhões de habitantes e 90% da população mulçumana, a Síria é governada
há quase 50 anos pelo mesmo partido, o Baath, e liderado atualmente por Bashar Al – Assad desde
julho de 2000. Enfrentando sérias restrições econômicas, índices de desemprego na casa dos 25% e
a degradação constante dos direitos humanos, o país se tornou palco de um conflito que se iniciou
após uma sucessão de protestos da população a partir do mês de janeiro de 2011, e que ficou mais
agressivo com o passar do tempo, progredindo para rebeliões armadas influenciadas por diversas
revoltas e que já produziu um total de 130.000 mortes nos últimos três anos, totalizando 78.000 só
em 201314 . O levante contra o regime Bashar Al – Assad teve início em 15 de março de 2011,
durante a insurreição da Primavera Árabe, período em que as populações de países árabes, como
Tunísia, Líbia e Egito se revoltaram contra os governos de seus países, incentivando outros países a
fazer o mesmo. O levante começou pacífico nos primeiros quatro meses, mas, a partir de agosto,
manifestantes fortemente reprimidos passaram a recorrer à luta armada. Os grupos de oposição se
manifestam com o objetivo de derrubar Bashar Al – Assad para iniciar um processo de renovação
política e criar uma nova configuração em favor da democracia da Síria. Para combater as ações dos
manifestantes, o Exército Sírio Oficial age com violência, desencadeando uma guerra15 . Em 2012, a
Cruz Vermelha e a ONU classificaram os conflitos como guerra civil, abrindo caminho para a
cobrança da aplicação do Direito Humanitário Internacional e para a investigação de crimes de
guerra16 13 Diversas reportagens sobre o conflito na Síria podem ser encontradas no Jornal Online
“El País”: http://brasil.elpais.com/tag/guerra_civil_siria/a 14 Disponível em:
http://super.abril.com.br/blogs/superlistas/7-coisas-que-voce-precisa-entender-sobre-oestado-
islamico/ Acesso em 25/11/2015. 15 Enquanto a oposição alega estar lutando para destruir o
Presidente Bashar al – Assad do poder, para, posteriormente, instalar uma nova liderança mais
democrática no País, o Governo Sírio diz estar apenas combatendo terroristas armados que visam

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desestabilizar o país. 16 Disponível em: http://www.vgnoticias.com.br/noticias/12663/entenda-os-
conflitos-na-siria/ Acesso em: 25/11/2015. 11 As missões diplomáticas para resolver o conflito têm
fracassado17. Contudo, nos últimos três anos o cenário é de um país desolado e destruído por conta
de tiroteios e bombardeios da guerra civil que, de acordo com a ONU, já fez mais de dois milhões de
vítimas, entre elas muitos cristãos, que contam com cerca de 10% da população síria e que são os
que sofrem mais diretamente os efeitos da guerra, pois, em muitos casos, são vistos pelos radicais
como representantes da causa ocidental ou americana na nação18 . Em outros casos apenas pelo
fato de serem cristãos, quando não perdem a vida ou parentes, perdem suas propriedades e
empregos. A guerra civil na Síria evoluiu, assim, para uma luta que é também religiosa e que se
espalhou por muitas regiões. Por conta dessa situação sem previsão de um fim, milhões de pessoas
já deixaram o país em busca de refúgio em outras nações.

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