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Marxismo Analítico - teoria e metodologia da História III

Bom no capítulo 6 do livro, Geoff Boucher vai tratar do Marxismo Analítico, e


ele já inicia descrevendo ele como sendo uma reconstrução do próprio
marxismo.

E essa corrente marxista é constituída a partir de pensadores dos Estados Unidos


e do Reino Unido desde a década de 1970.

E ele percebe que os membros deste movimento se prendem à ideia de um


marxismo analiticamente sofisticado - que é baseado na adoção das normas
científicas e filosóficas convencionais.

Partindo disso, o autor afirma que o Rational Choice Marxism (que é uma das
formas coloquiais de nomear o movimento), ele se difere da até então ideia de
marxismo que gerava um certo desconforto neste pensadores a respeito das
contradições dialéticas justamente por designar com especificidade um conjunto
de críticas metodológicas baseadas nas estratégias de pesquisa da filosofia
analítica.

No entanto, ele vai também excluir algumas contribuições analíticas que são
metodologicamente holísticas (holística- compreensão integral dos fenômenos)

Ou seja, o Marxismo Analítico é um movimento que busca reconstruir o


Marxismo reexaminando idéias sobre a prática laboral (o trabalho realizado),
sobre a estrutura social e o processo histórico.

E eles buscam essa reconstrução utilizando métodos da ciência social e da


economia não marxista de fala inglesa.

Portanto, o Marxismo Analítico é a visão de que o marxismo deveria se


submeter aos padrões convencionais da ciência social e da filosofia analítica.

Mas isso resultaria na rejeição da tese de que o Marxismo como teoria social
implantou uma metodologia que se diferencia da ciência social burguesa.
E partindo desses impasses no decorrer do capítulo a gente vai entender como
estes grandes colaboradores como Gerald Cohen, Jon Elster, Elliot Sober, Erik
Olin, Andrew Levine, Alex Callinicos e outros, auxiliaram nessa vertente do
pensamento marxista.

E a gente começa tratando do Materialismo Histórico Restrito, que é o primeiro


tópico deste capítulo.

O autor inicia com a introdução de Jon Elster acerca da reconstrução analítica


do materialismo histórico por meio de, como ele descreve, três falácias
metodológicas.

Onde a primeira é o Holismo Metodológico, a visão de que na vida social


existem totalidades e coletividades.

A segunda é a Explicação Funcionalista, a tentativa de explicar os fenômenos


sociais em termos de suas consequências para alguém ou para alguma coisa,
sem demonstrar essas consequências.

A terceira é a Dedução Dialética, um modo de pensar que é derivado da lógica


de Hegel.

Posteriormente, Boucher também traz os posicionamentos e ideologias de


Cohen acerca do Marxismo de Escolha Racional, como é descrito por outros
pensadores e que gera nestes um certo estranhamento.

No entanto, Cohen se fundamenta em um conjunto de hipóteses precisas sobre a


natureza humana para discorrer sobre esta reconstrução Marxista.

E quando se trata do rigor metodológico do Marxismo Analítico, percebe-se que


este havia tomado dois caminhos:

O primeiro foi diminuir gradualmente as pretensões do marxismo clássico,


defendendo um "materialismo histórico restrito" apoiado por um "fraco
determinismo tecnológico".
O segundo foi reduzir drasticamente o alcance da determinação econômica dos
processos políticos e ideológicos a um punhado de áreas fundamentais.

Contudo, para isso era necessário um conjunto de mecanismos definidos, que


seriam capazes de conectar a base econômica às áreas específicas da
superestrutura política e ideológica.

E partindo disso, compreende-se como o determinismo de Cohen “A tese do


desenvolvimento” foi alvo de inúmeras críticas por parte de outros pensadores
como Wright, Sober e Levine.

Para eles existe sim um interesse humano trans-histórico na redução do esforço


através de evoluções tecnológicas.

Da perspectiva deles, as forças produtivas não podem ser definidas fora da sua
aplicação social [...]

Além disso, como Levine e outros pensadores indicaram, as inovações


tecnológicas significam melhorias de produtividade, e obviamente isso é um
interesse do homem.

Embora as classes exploradoras tivessem um forte interesse na inovação, as


classes exploradas não deveriam se beneficiar absolutamente em termos de uma
redução do esforço. Porque para os produtores o que estava em foco não era a
redução do esforço ou a delimitação da produção de uma quantidade X de
coisas, mas sim o seu tempo de produção.

Eles raciocinam que os explorados não têm um interesse significativo no


retrocesso, mas também nenhum interesse particular no avanço.

Tendo em vista que as forças produtivas buscavam um determinado avanço


apenas em situações de instabilidade

E isso torna a ideia do Marxismo questionável, então para que o movimento seja
de fato aceitável ele deve definir as áreas restritas da superestrutura
político-ideológica que são funcionalmente dependentes da economia.
E ele deve fazer isso a partir de uma série de mecanismos estruturais que
conectam a economia à política e a ideologia.
Ou seja, falando de maneira metafórica a base econômica possui alguns pilares
que emergem a partir dela para a construção atual.

Então o Marxismo não deveria tentar alegar que todo edifício da sociedade é
determinado pela sua base material, na verdade ele deveria se restringir à
afirmação de “como e onde este edifício está conectado com a infraestrutura
econômica.”

E em contrapartida a gente vai ter outro pensador, Callinicos, que não vai
aceitar de maneira total as definições de Levine e outros a respeito dessa
separação entre a política radical e a teoria marxista da História. Porque ele
afirma que o marxismo não possui uma explicação satisfatória do “fazer
história”.

E a gente entende melhor essa problemática a partir das palavras de Przeworski


“Marx foi o último pensador que simultaneamente viu o comportamento como
racional, como conduta estratégica, e buscou explicar como as pessoas
adquirem a sua racionalidade historicamente específica, incluindo as
preferências”

Então “O marxismo descreve toda ação duas vezes, uma vez como um conjunto
de desempenhos rotineiros com consequências não intencionais e outra vez
como um conjunto de deliberações estratégicas baseadas em interesses
materiais. “

Então o que Callinicos busca fazer é justamente fechar a lacuna entre estrutura e
ação sem recorrer a explicação funcional, que é uma realidade de Levine. E ele
faz isso a partir da conexão da teoria da ideologia que explica a formação dos
agentes coletivos, “Uma identidade comum se forma em torno de uma
representação de interesses compartilhados, descrevendo assim o coletivismo
metodológico mais como o “materialismo histórico clássico” do que como
marxismo analítico.”

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