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Resumo
Este trabalho teve a proposição de investigar acerca das barreiras na efetivação das políticas de
inclusão escolar de deficientes auditivos/surdos e o uso da Língua Brasileira de Sinais - Libras
no ensino fundamental regular. Diante desse propósito realizou-se este estudo por meio de
leituras e de uma pesquisa de campo, numa escola municipal de ensino fundamental regular,
no extremo-norte do estado do Tocantins. A pesquisa teve uma abordagem qualitativa, com
coleta de dados através da técnica de documentação direta, com pesquisa bibliográfica e de
campo, por meio de entrevistas com questões abertas. Nos estudos realizados nesta pesquisa,
percebe-se uma dicotomização entre a legislação e a educação inclusiva brasileira, quanto aos
alunos surdos, onde se destaca a ausência de práticas da legislação inclusiva vigente na
educação brasileira, o que ocasiona em limites à evolução educacional e interação social dos
alunos surdos.
1 INTRODUÇÃO
Neste ano de 2018, em que se comemora 30 anos da Constituição Federal (1988), onde
se certifica em seu artigo 208, inciso III, que institui como dever do Estado que a educação seja
efetivada mediante recepção educacional especializada aos portadores de deficiência, propensa
no ensino comum, adotando os princípios universais de igualdade, acesso e permanência de
aprender e ensinar. Com dispositivos que estabelecem aos deficientes auditivos/surdos (grau de
surdez, leve a profunda), à educação bilíngue nas escolas e o ensino de Libras, como primeira
língua dos surdos. Mas conforme Arroyo (2013), essa realidade inclusiva brasileira está muito
distante de sua efetivação constitucional, com divergências em muitos municípios, não somente
na gerência do direito à educação, inclusive na legitimação e verificação desse direito do “povo
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surdo”. Assim, surge a questão: Como se revelam as demandas de políticas de inclusão escolar,
dos deficientes auditivos/surdos no ensino fundamental regular, conforme a Constituição?
Portanto, mais do que celebrar essa data, se faz necessário identificar os limites da
efetivação desses direitos constitucionais. Com esse objetivo realizou-se este trabalho para
conhecer, distinguir e avaliar quais são as políticas públicas implantadas nas práticas educativas
de inclusão dos alunos surdos de uma escola do ensino fundamental regular, situada no
município de Carrasco Bonito-To.
2 METODOLOGIA
A professora A1, tem 38 anos e é mãe da aluna surda B2, trabalha há 12 anos no
magistério, com as séries iniciais do ensino fundamental, já atuou com os alunos B1 e B2 até o
1º ano, graduada em pedagogia, mas nunca cursou uma especialização, Libras ou outro curso
na área da Educação Inclusiva. E ressaltou que:
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Nunca estudei Libras por falta de recursos, o município não nos oferece condições de
dar continuidade nos estudos. Eles fazem uns cursos de formação continuada, mas
apenas com palestras pedagógicas, nada sobre educação inclusiva. Certa vez em 2011,
participei de um curso de capacitação em Libras, em Tocantinópolis, mas foram
apenas palestras informativas sobre Libras”. (informação verbal, entrevista com A1).
A professora A2 tem 39 anos e atua no magistério há 13, também afirmou nunca ter
cursado especialização, nem disciplinas de Libras ou educação inclusiva. E que este é o segundo
ano que leciona com os alunos B1 e B2.
E a coordenadora “C” declarou que tem 42 anos, dos quais 18 atuando como professora
e 2 como coordenadora pedagógica, também é graduada em pedagogia e não tem curso de
especialização, muito menos fez algum curso de educação inclusiva. E relatou que já foi
professora no 2º ano de B1 e B2 e que nunca fez cursos de Libras, por carência do município.
Desta forma, se observa nesta pesquisa uma discrepância às legislações específicas de
Educação Inclusiva para surdos, como elucida o Decreto Nº 5.626/2005, que regulamenta a Lei
Nº 10.436/2002, que dispõe sobre a Libras, e sobre o art. 18 da Lei Nº 10.098/2000, especifico
no Capítulo IV, no caput do artigo 14, onde estabelece que é obrigatório a obtenção das pessoas
surdas “à comunicação, à informação e à educação nos processos seletivos, nas atividades e nos
conteúdos curriculares desenvolvidos em todos os níveis, etapas e modalidades de educação,
desde a educação infantil até à superior”. (BRASIL, 2005).
Acerca das práticas pedagógicas dos professores na educação dos alunos surdos e a
concepção de Libras na sala de aula. Todas as entrevistadas anteriormente, nunca cursaram
Libras, mas são unânimes em afirmar que é uma língua primordial à educação dos surdos. E
acrescentam que utilizam outros métodos pedagógicos, como desenhos, imagens e mímicas,
mas salientam que não avançam no processo ensino/aprendizagem com os alunos surdos, como
ocorre com os ouvintes, pois se sentem despreparadas para lecionarem para esses alunos.
“Eles rabiscam palavras que em sua maioria não conseguimos identificar, São todas as
dificuldades no ensino de surdos, me sinto despreparada, é muito difícil”, (informação verbal,
entrevista com A2). Acerca da inclusão dos alunos surdos na escola regular, a entrevistada
declara ser relevante, porque uns aprendem com os outros, mas sabe que eles não conseguem
se desenvolver nos estudos, pela falta de Libras.
A coordenadora “C” asseverou entender a extrema necessidade de uma maior
preparação dos professores ao ensino inclusivo para atender os alunos portadores de
deficiências, com eficácia, mas alega que o município não tem recursos para esse atendimento.
Conforme o resultado das entrevistas acima com as professoras e a coordenadora
pedagógica desta escola, sobre as práticas educativas inclusivas, percebemos uma abissal
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presente pesquisa nos consentiu uma avaliação que, embora a legislação brasileira
de Educação Inclusiva tenha se avançado em muito, mas em alguns municípios como Carrasco
Bonito-To, a prática desse processo, ainda nem se iniciou, onde apenas matriculam esses
alunos, em contraposição com a legislação inclusiva, ocasionando no mínimo uma segregação
escolar. O que evidencia uma disparidade entre os entes federados quanto às políticas públicas
de educação inclusiva, se manifestando que não se trata de um problema no âmbito de leis e
programas educacionais, mas de uma partilha do poder assimétrico, entre os estados e os
municípios e a União, o que ocasiona numa gestão conflituosa, com antagonismos na
efetivação de políticas e programas educacionais inclusivos, entre municípios pobres e ricos.
REFERÊNCIAS
MANTOAN, Maria Teresa Egler. Inclusão escolar: o que é? Por quê? Como fazer? 1 ª ed.
São Paulo: Moderna, 2003.