Você está na página 1de 4

Colégio Estadual do Campo Eunice Borges da Rocha- Ensino Fundamental e Médio

Rua Antônio Quintino de Almeida, 173- Contenda – São José dos Pinhais – PR
CEP: 83115-970 – Fone: (41) 3634-1159 Fax: (41) 3634-1332

Nome: _____________________________________________nº_____ º___

Data:__________________ Valor: Professora Karla R Marques – Língua Portuguesa

Atividades sobre Relato Pessoal

Entramos no segundo trimestre!!! Vamos estudar sobre relato pessoal! Você sabe o
que é? Abaixo colocarei uma definição para te ajudar!!!
O Relato Pessoal é uma modalidade textual que apresenta uma narração sobre um
fato ou acontecimento marcante da vida de uma pessoa. Nesse tipo de texto, podemos
sentir as emoções e sentimentos expressos pelo narrador.
Tal qual uma narração o relato pessoal apresenta um tempo e espaços bem definidos
donde o narrador torna-se o protagonista da história.
Note que além de narrativo, o relato pessoal pode ser descritivo, com a descrição do
local, personagens e objetos.
De acordo com o grau de intimidade entre os interlocutores (emissor e o receptor), a
linguagem utilizada no relato pessoal pode ser formal ou informal.
Observe que o relato possui uma função comunicativa muito importante na
construção das subjetividades podendo ser nas modalidades: escrito ou oral.
Os relatos pessoais podem ser divulgados pelos meios de comunicação, por
exemplo, jornal, revista, livro, internet, redes sociais, dentre outros.
Características do relato pessoal Estrutura do relato pessoal
• Textos narrados em 1ª pessoa; • Título;
• Verbos no presente e em grande • Introdução: contexto, personagem,
parte no pretérito (passado); tempo/espaço, fato/ problema
• Caráter subjetivo; • Desenvolvimento: construção da trama,
• Experiências pessoais; clímax
• Presença de emissor e receptor. • Conclusão: desfecho, reflexão.
• Resposta às perguntas: Quando? Onde?
Quem? O quê? Como? Por quê?
Bicho Papão da minha imaginação
A gente tem muitos bichos na vida. Eu, como toda criança, tive meu bicho papão
particular, chamado medo.
Bicho Papão aparecia nas horas mais escuras da noite, naquelas horas em que a
cabeça da gente começa a imaginar besteira, imagina, imagina, de repente o medo toma
conta do mundo.
Bicho Papão a gente inventa.
O meu foi inventado por uma cozinheira gorda chamada Guiomar. Guiomar era
negra, gordíssima e vivia contando histórias terríveis, de botar cabelo em pé. Eu tenho
cabelo crespo, até hoje, por culpa da Guiomar. Ela me contou cada uma, arrepiei tanto,
que arrepiado fiquei!
Dizem que a gente não deve contar histórias de botar medo pra crianças, por isso
não vou contar o que Guiomar contava.
Eu sei que, de tanto ouvir a cozinheira, criei meu Bicho Papão particular. Ele era
assim: olhos cor de fogo, pés virados pra trás, soltava muita fumaça pelas ventas e era
mula sem cabeça, além de pular num pé só e usar uma touca vermelha, fumar um
cachimbo e, de vez em quando, parecer com minha professora de matemática. Tinha
vezes que o bicho papão era ótimo, nem existia! Mas bastava ser noite de tempestade, lá
vinha o Bicho Papão vestido de lençol branco, casaco de padre, chapéu de freira, blusa de
crochê e leque de plumas. Era realmente uma coisa impossível, não existia, era meu
medo.
Uma noite cismei que meu pai era o Bicho Papão. Foi cismar, pronto, aconteceu.
Não aconteceu de verdade, mas aconteceu dentro da minha cabeça. Cabeça da gente é
fogo!
Eu já estava deitada. Era uma noite escura. Papai estava conversando na sala,
com visitas. De repente, pensei assim:
O Bicho Papão está fingindo que é meu pai. Ele está lá na sala conversando,
enganando todo o mundo, tomando a forma de meu pai, o danado! Mas não é meu pai, é
o Bicho Papão! Pra tirar a dúvida vou chamar ele pra vir aqui, no meu quarto... se ele tiver
pé de pato, em vez de ter pé de gente, é porque ele não é meu pai!
O vento batia na cortina branca, igual aos filmes de terror. Resolvi que preferia dormir, sem
saber da verdade. Chamar meu pai pra tirar a dúvida? Deus me livre.
Lembrei de uma reza que Guiomar tinha me ensinado pra espantar todos os males do
mundo. Era uma reza complicada, precisava rezar e dar uns pulinhos e umas voltas. Pra
rezar aquilo seria necessário sair de baixo do cobertor. Deus me acuda!
Meu Bicho Papão era assim: tinha pés para trás e eram de patos. Às vezes eram só
de pato, virados pra frente mesmo.
Resolvi tomar coragem, mas o pavor não passava. Era preciso rezar a reza de
Guiomar, pois comecei a ouvir a voz de papai, como se ele tivesse uma voz com sotaque
papônico. Ai era preciso sair da cama e rezar a reza.
Pulei da cama rápido, acendendo a luz de cabeceira. Sombras enormes
projetavam-se nas paredes, a cortina continuava a dançar enquanto o vento gemia lá fora:
uuuuuuuuuuuuuuuuuuuu!
Comecei a recitar a reza:
Senhor dos aflitos, protegei-me a mim e a esta casa, pelos quatro cantos (tinha que
dar quatro pulos cada vez, virando-me para o um canto do quarto), pelas três estrelas
cadentes (levantar o braço esquerdo três vezes), pelo anjo arcanjo Jeremias, que o mal
desapareça por aquela janela (ajoelhar em frente a janela), em sete rodopios quentes e
frios (rodar sete vezes).
Nesta exata hora em que eu estava dando o sétimo rodopio, meu pai entrou no
quarto, pra ver que barulheira era aquela. Foi entrar, eu pulei de volta pra cama, dura de
pavor. Seria meu pai, ou seria o Bicho Papão? Eu ainda não havia terminado de rezar a
reza, faltava completar o sétimo rodopio, depois rezar uma Ave Maria.
- Você está de luz acessa, Sylvia?
- Estou sem sono, papai!
Papai aproximou-se para ajeitar meu cobertor. Eu, de olhar duro, sem espiar os pés
dele. Com certeza eram de pato, virados para trás, ave cheia de graça o senhor é
convosco...
- Você precisa dormir, menina. Amanhã o colégio começa cedo.
Resolvi espiar. Eu ia dar uma olhadinha rápida nos pés do meu pai, era só tomar
coragem. Suava frio, tremia toda, apavorada.
Você está com frio?
Pronto! Ele perguntou isso só para me soprar o fogo de suas ventas! Era a mula-
sem-cabeça, fingindo ser papai. Tinha pé de pato, com certeza absoluta!
Tomei coragem, virei os olhos pra baixo pra espiar. Neste segundo, ele apagou a
luz dizendo:
- Boa noite.
Fiquei sem saber se era meu pai, ou se era o Bicho Papão. Até hoje meu cabelo é
duro de pentear. Espetou, arrepiado para sempre.

(Os bichos que eu tive – Sylvia Orthof – p.28-30)


01)Qual o gênero do texto apresentado?
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

02)Qual o objetivo deste gênero em específico?


____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

03)O narrador diz o seguinte: “Eu sei que, de tanto ouvir a cozinheira, criei meu Bicho
Papão particular”. Com base nesse comentário, que tipo de histórias você imagina
que a cozinheira contava?
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

04)Por que, em sua opinião, aquele Bicho Papão aparecia em noites de tempestade?
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

05)Para você, quer características tem um Bicho Papão?


____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

06)Copie pelo menos 5 verbos no passado.


____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

07)“Fiquei sem saber se era meu pai, ou se era o Bicho Papão.” Em sua opinião, quem
era, o pai ou o Bicho Papão.
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

08)E agora é a sua vez!! Faça um breve relato sobre seus medos diante do que estamos
vivendo, quais suas expectativas? Se você fosse enfrentar seus medos, que armas
utilizaria?

Você também pode gostar