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Duas crônicas
No material anterior, definimos ainda que de maneira genérica o conceito de crônica e devemos
repeti-lo, aqui:
A crônica é, em geral, um texto curto, muitas vezes publicado em jornal, em que o autor consegue
transformar em literatura (em reflexão criativa) um dado simples do cotidiano. Às vezes, o cronista
consegue fazer uma verdadeira obra-prima a partir de um fato corriqueiro noticiado no jornal ou
que tenha percebido em seu dia a dia.
Com o intuito de estimular alguma leitura, a seguir apresentaremos duas crônicas cujas leituras
invariavelmente produzem uma reflexão muito enriquecedora acerca da condição humana. A primei-
ra, de Mário Prata, leva-nos a questionar o quanto o ser humano muitas vezes age em função das
aparências, deixando de lado o afeto e a sinceridade na relação com o outro.
A segunda, mais antiga é de Fernando Sabino, um dos maiores cronistas brasileiros de todos
os tempos. Seu texto reflete sobre o valor essencial da simplicidade humana muitas vezes presente
no universo das pessoas que habitam o nosso cotidiano.
Importante: os dois textos são acompanhados de questões. Procure formular, ainda que de
maneira imaginária, as respostas que você daria – e caso não tenha como respondê-las, não há
problema. Falaremos sobre, quando voltarmos às nossas aulas presenciais.
O COELHO E O CACHORRO
De vez em quando surgem umas histórias que todos que contam
juram ser verdade e até dizem que têm um primo que conheceu a vi-
zinha da sobrinha da pessoa com a qual aconteceu. A mais célebre é
aquela do sapatinho vermelho da sogra que desliza debaixo do banco
do carro. Lembrou?
Agora pintou uma nova. Simplesmente genial. Quem me contou
garante que aconteceu na Granja Viana, bairro de classe média alta
em São Paulo, na semana passada.
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Perguntas-estímulo
Era normal ver o coelho no quintal do cachorro e vice--versa. As crian-
ças, felizes. Eis que o dono do coelho foi passar o final de semana na praia 1. Quais são os elementos presen-
com a família e o coelho ficou sozinho. Isso na sexta-feira. No domingo, de tes em “O Coelho e o Cachorro” que
tardinha, o dono do cachorro e a família tomavam um lanche, quando entra permitem identifi car o texto como
o pastor alemão na cozinha. Pasmo. uma crônica?
Trazia o coelho entre os dentes, todo imundo, arrebentado, sujo de terra
e, é claro, morto. Quase mataram o cachorro.
- O vizinho estava certo... E agora, meu Deus?
- E agora?
A primeira providência foi bater no cachorro, escorraçar o animal, para
ver se ele aprendia um mínimo de civilidade e boa vizinhança. Claro, só 2. Quase ao final da crônica, o
podia dar nisso. narrador afirma: “O personagem que
Mais algumas horas e os vizinhos iam chegar. E agora? Todos se olha- mais me cativa nesta história toda, o
vam. O cachorro rosnando lá fora, lambendo as pancadas. protagonista da história, é o cachor-
- Já pensaram como vão ficar as crianças? ro”.
- Cala a boca!
Se o cachorro é o protagonista da
Não se sabe exatamente de quem foi a ideia, mas era infalível. Vamos
história, quem é o antagonista, ou
dar um banho no coelho, deixar ele bem limpinho, depois a gente seca com
seja, o vilão? Justifique sua resposta
o secador da sua mãe e coloca na casinha dele no quintal. com frase(s) completa(s).
Como o coelho não estava muito estraçalhado, assim fizeram. Até per-
fume colocaram no falecido. Ficou lindo, parecia vivo, diziam as crianças. E lá
foi colocado, com as perninhas cruzadas, como convém a um coelho cardíaco.
Umas três horas depois eles ouvem a vizinhança chegar. Notam o
alarido e os gritos das crianças. Descobriram! Não deram cinco minutos e 3. O texto de Mario Prata nos
o dono do coelho veio bater à porta. Branco, lívido, assustado. Parecia que conta uma história em tom de fábula.
tinha visto um fantasma. Nas fábulas, costuma haver um final
- O que foi? Que cara é essa? moralizante, ou seja, uma moral da
- O coelho... O coelho... história.
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Perguntas-estímulo
A ÚLTIMA CRÔNICA
1. Com que finalidade do autor entra
no botequim?
A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café junto
ao balcão. Na realidade estou adiando o momento de escrever. A perspectiva me
2. De acordo com o texto, identifi-
assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca
que:
do pitoresco ou do irrisório no cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher
da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano, fruto da convivência, que a faz a) O foco narrativo, ou seja, o nar-
mais digna de ser vivida. Visava ao circunstancial, ao episódico. rador narra em primeira ou em
terceira pessoa?
Nesta perseguição do acidental, quer num flagrante de esquina, quer nas
palavras de uma criança ou num incidente doméstico, torno-me simples espectador
b) Cenário:
e perco a noção do essencial. Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo
meu café, enquanto o verso do poeta se repete na lembrança: “assim eu quereria o
c) Personagens principais:
meu último poema”. Não sou poeta e estou sem assunto.
Lanço então um último olhar fora de mim, onde vivem os assuntos que mere-
d) Tempo:
cem uma crônica.
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Exercícios de Vocabulário
Os exercícios a seguir têm o intuito básico de fazer ver ao aluno que o falante da língua
possui um vocabulário mais amplo do que costuma pensar e usar no seu cotidiano — e
certamente você só tem a ganhar quando passa a valorizar o aprendizado das palavras.
Boa parte dos exercícios, embora simples, depende do seguinte aspecto teórico.
Hipônimos e hiperônimos
Veja:
HIPERÔNIMO HIPÔNIMO
b) Nada disso vai fazê-los mudar de carro. O pequeno automóvel parece suprir todas
as necessidades deles.
Importante:
Aqui, a palavra “automóvel” evita que se repita a palavra “carro”.
Boa parte dos exercícios pro-
postos foram retirados de Texto
a) O ciúme, que finge ter por objeto a pessoa amada, só demonstra, mais que nenhum do material.
outro __________________, que só amamamos a nós mesmos.
b) As cegonhas ficaram mais despereocupadas e felizes depois que a ciência descobriu
não terem essas _______________ nada a ver com o nascimento dos bebês.
c) O cristianismo tem sido pregado por ignorantes e acreditado por sábios, nisso ele Respostas ao final
não se assemelha a nenhum ______________ conhecido.
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2. Substitua a palavra COISA nas frases a seguir por outra de valor mais espe-
cífico:
a) Embriagar-se é uma coisa reprovável:
b) Esfregar o chão é uma coisa chatíssima.
c) Não foi ao jogo por uma série de coisas.
d) Trouxe da Europa muitas coisas para todos.
e) A humildade é coisa rara.
f) Guardava suas coisas numa velha mala.
g) O jornal publicava muitas coisas sem autorização.
h) O autor deixou algumas coisas sem publicar.
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Respostas sugeridas
Atenção: você pode encontrar outras soluções que não e) Característica (comportamento)
as constantes deste gabarito. f) Objetos
g) Matérias (notícias, reportagens)
h) Obra
Exercício 1
a) Sentimento
b) Aves Exercício 3
c) Credo (crença, religião)
a) Bugigangas, tralha
d) Obras (produções, obras artísticas)
b) Gororoba, lavagem
e) Regime (governo, poder)
f) Autoridades c) Birosca, bodega, vendinha.
g) Imagens (lembranças)
h) Remédio
i) Barulho (ruído) Exercício 4
j) Cidade 1. a) desidratadas
k) Capital (cidade) b) árido
l) Monumento c) ríspida
m) Solitário (assim)
2. a) suave
n) informais (comerciantes informais, camelôs)
b) sedosos
c) úmido
Exercício 2
3. a) nublado
a) Atitude
b) confusa
b) Tarefa
b) turvas
c) Motivos (razões)
d) Lembranças