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Formação da Lua

A Terra possui somente um único satélite


natural: a Lua. É importante, sempre, di-
zer “satélite natural” ao se referir à Lua,
uma vez que, muitos pequenos “saté-
lites artificiais”, foram colocados em
órbita, em torno dela e da Terra.

A distância média Terra-Lua é de


384 400 quilômetros. Sua órbita,
em torno do nosso planeta, está in-
clinada 5,145o em relação ao pla-
no da órbita da Terra em torno do
Sol (chamado eclíptica). A órbita
da Lua é elíptica, o que faz com
que ela se aproxime e se afaste
da Terra, como vemos na figura.

Note que os tamanhos dos corpos


celestes, aqui mostrados, assim
como suas distâncias relativas,
não estão em escala.

03
A
maior aproximação da Lua em relação à
Terra (cerca de 363 104 km) é chamada de peri-
geu e seu maior afastamento (cerca de
405 696 km) é chamado de apogeu. (não confundir
com a maior aproximação da Terra em relação ao Sol, que é cha-
mada de periélio, e seu maior afastamento, chamado de afélio).

Além da inclinação da órbita da Lua, em relação à eclíptica, te-


mos que levar em consideração que o eixo de rotação da Lua
não é perpendicular ao plano de sua órbita em torno da Terra.
Esse eixo está inclinado 6,687o em relação à órbita, descrita pelo
satélite, em torno da Terra. Desse modo, o equador da Lua (ou
equivalentemente, seu eixo de rotação) está inclinado 1,543o
em relação à eclíptica.

A Lua tem uma velocidade orbital média de


1,022 km/s e leva 27 dias, 7 horas e 43,1 minutos
para dar uma volta em torno do nosso planeta.

O diâmetro médio da Lua é de 3 474,8 quilômetros, o que equi-


vale a um pouco mais que 1/4 do diâmetro da Terra (cerca de
12 742 km). Ela é considerada um satélite grande, o maior sa-
télite natural no Sistema Solar, em relação ao tamanho do pla-
neta em torno do qual ela orbita. No entanto, a Lua é o quinto
maior satélite natural do Sistema Solar, sendo superado pelos
satélites de Júpiter: Ganimedes (5 262 km), Calisto (4 800 km) e
Io (3 632 km) e por Titã (5 140 km – satélite de Saturno).

A massa da Lua é de cerca de 7,349 x 1 022 kg, somente 1/80


da massa da Terra (cerca de 5,9736 x 1 024 kg). Sua gravidade
superficial é de 1,62 m/s2, 1/6 da gravidade superficial da Terra
(que é cerca de 9,78 m/s2 no equador).

04
Atmosfera Lunar

A gravidade lunar é fraca demais para reter uma


atmosfera. Pode ser que, logo após a sua formação,
a Lua tenha expelido gases do seu interior quente ou,
então, tenha coletado um envoltório temporário de
gases a partir do impacto de cometas, criando uma
atmosfera. No entanto, esta hipotética atmosfera foi
perdida antes que ela pudesse deixar qualquer evi-
dência, reconhecível, de sua curta existência.

Hoje sabemos que a Lua possui uma atmosfera mui-


to tênue, quase desprezível, com uma massa menor
que 10 000 kg. Sua composição é pobremente co-
nhecida, mas sabemos que, na maior parte, ela é for-
mada por hélio 4 (4He), neônio 20 (20Ne), hidrogênio
(H2)e argônio 40 (40Ar) além de outros elementos em
menores proporções.

05
Existe água na Lua?
Os astrônomos acreditam não haver qualquer sinal de água na maio-
ria do solo lunar, uma vez que análises mostraram que a Lua é muito
deficiente em voláteis, ou seja, aqueles elementos e compostos que
evaporam em temperaturas relativamente baixas. Próxima à época
de sua formação, a Lua (assim como a Terra) foi intensamente bom-
bardeada por cometas e meteoroides que, certamente, adicionaram
pequenas quantidades de água à superfície lunar. No entanto, a inci-
dência da luz solar dividiu as moléculas de água em seus constituin-
tes básicos, hidrogênio e oxigênio. Como a gravidade da Lua é muito
fraca, esses elementos logo escaparam para o espaço.

Em 9 de outubro de 2009, às 8h30m, o Satélite de Sensoriamento


e Observação de Crateras Lunares (LCROSS), da NASA, se chocou
contra a cratera Cabeus, localizada no polo sul lunar. O objetivo
desta operação é verificar a possibilidade da existência de água na
Lua.
O choque produzido pelo foguete Atlas V, que carregava LCROSS,
levantou uma nuvem de poeira e gás, cujas imagens foram
transmitidas pela LCROSS para serem analisadas. Outras imagens
também foram feitas por vários telescópios na Terra e pelo Telescópio
espacial Hubble. A sonda LCROSS também se chocou contra a
superfície da Lua.

06
Distância à Terra (média) 384 400 Km
Diâmetro 3 474,8 Km
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Massa 7,347 x 10 Km (0,0123 vez a da Terra)
Densidade 3,3 g/cm3
Gravidade superficial 1,622 m/s2 (0,165 vez a da Terra)
Velocidade de escape 2,38 km/s
Período de rotação 27,3 dias
7
Área superficial 3,793 x 10 km (0,074 vez a da Terra)
2

A temperatura lunar
Na ausência de (praticamente) qualquer atmosfera, a superfície lunar ex-
perimenta extremos de temperatura muito maiores do que a superfície do
nosso planeta, embora a Terra e a Lua estejam, virtualmente, à mesma
distância do Sol.

Próximo do meio dia local, quando o Sol está no ponto mais alto do céu, a
temperatura do escuro solo lunar, na região do seu equador, pode se elevar
a valores acima do ponto de ebulição da água, 390 K (116,85 °C). Durante
a longa noite lunar, que dura duas semanas terrestres, a temperatura no
seu equador pode cair até valores próximos a 100 K (-173,15 °C) (K signifi-
ca Kelvin, uma medida de temperatura absoluta usada em física, enquanto
que °C significa graus Celsius). Este esfriamento extremo é um resulta-
do não somente da ausência de ar, mas também da natureza porosa do
solo poeirento que existe na Lua e que esfria, mais rapidamente, do que
um solo rochoso.

A temperatura média na região do equador lunar é de 220 K (-53,15 °C).

07
Mapas da Superfície Lunar

Muitos não sabem, mas na Idade Média


os cientistas pensavam que a Lua era
um corpo celeste, com uma superfície
perfeitamente suave.

Somente em 1609, quando o cien-


tista italiano Galileo Galilei apontou,
pela primeira vez, um telescópio na di-
reção da Lua, é que detalhes de sua su-
perfície real se revelaram. A Lua não ti-
nha uma superfície suave. Ao contrário,
era bastante irregular com montanhas e Galileo Galilei
crateras. Galileo fez o primeiro desenho
da superfície lunar (mostrado abaixo).

Esse desenho foi publicado no seu livro Sidereus Nuncius (O Mensageiro


Sideral), no dia 12 de março de 1610, onde ele descrevia suas primeiras
descobertas com o telescópio.

08
A
partir da revelação de Galileu, ficamos sabendo que a Terra não
era tão diferente dos objetos celestes. A descoberta de mon-
tanhas na Lua, mostrava que o nosso satélite era parecido
com o nosso planeta e não tinha a superfície suave e esférica
que o filósofo grego, Aristóteles, exigia para os corpos celestiais
perfeitos. A Lua, de modo algum, era o globo etéreo de cristal puro
imaginado por Aristóteles.

No final do século XVII, Giovanni


Battista Riccioli e Francesco Maria
Grimaldi desenharam um mapa
da Lua no qual, davam nomes a vá-
rias crateras, costume que pas-
sou a ser adotado.

Vemos aqui o mapa lunar feito pelo as-


trônomo alemão Johannes Hevelius,
em 1647.

09
A
pesar da utilização do telescópio, os astrônomos do século
XVII continuavam sem saber muito sobre o nosso satélite. A
prova disso é que, nos recém-construídos mapas lunares, que
surgiram com profusão, as partes escuras da superfície lunar
passaram a ser chamadas de “mare” (plural “maria”), pois imaginaram que
elas fossem mares, existentes na superfície lunar. Ao mesmo tempo, as
partes claras da superfície lunar foram chamadas de “terrae”, por suporem
que se tratavam de continentes.

Mas havia um outro problema. A Lua descreve um movimento orbital em


torno da Terra, que chamamos de rotação síncrona, que a obriga a ficar com
um lado, continuamente, voltado para o nosso planeta.

O período de rotação da Lua é o mesmo que ela leva para percorrer sua
órbita em torno da Terra. Em virtude disso, ela sempre apresenta a mesma
face para nós. Dizemos então que a Lua possui uma “face oculta”, aquela
que nunca vemos no céu.

10
S
omente em 1959, com a sonda espacial Luna 3, da (extinta) União
Soviética, é que foi fotografada a “face oculta” da Lua. As imagens
não eram de grande qualidade, mas serviram para nos dar uma
ideia de como era o lado, nunca observado, do nosso satélite na-
tural. Essas imagens são mostradas abaixo.

Hoje conhecemos bem mais a “face oculta” da Lua, como mostra a imagem
abaixo.

11
C
om a melhoria da qualidade dos telescópios e, mais tarde, com
o lançamento de sondas espaciais, foi possível mapear toda a
superfície lunar. Em particular, isso foi feito pela sonda espacial
(militar) norte-americana, Clementine (em 1994) e, principal-
mente, pela sonda espacial Lunar, Prospector (em 1998), ambas da NASA,
Estados Unidos.

Mostramos abaixo um mapa lunar moderno, embora bastante simples.

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Face Visível

Face Oculta

Polo Norte

Polo Sul

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Girando a Lua

Vejamos agora uma sequência de ima-


gens que mostram toda a superfície do nos-
so satélite natural. Comecemos com a face
da Lua que sempre vemos no céu, conside-
rando essa posição com sendo 0°.

Agora vamos girar a Lua 90° de modo que já


vemos uma porção da sua face oculta.

Continuando a girar a Lua, estamos agora


em uma posição 180°, em relação à face
que está sempre voltada para nós. Estamos,
portanto, vendo a face oculta da Lua.

Girando até alcançarmos 270°, vemos ainda


parte da face oculta, mas já começamos a
ver, de novo, a conhecida face que está sem-
pre voltada para nós.

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Ao olharmos para a Lua, claramente notamos que sua superfície é

Paisagem Lunar
marcada por crateras de impacto, pelo material ejetado como resul-
tado desses impactos (chamado “ejecta”), alguns vulcões (extintos),
colinas, fluxos de lava (já esfriados) e depressões de terreno preen-
chidas por magma (já esfriado).

Vejamos alguns detalhes da paisagem lunar.

• As “terrae”
A maior parte da superfície da Lua, cerca de 83%, está coberta por
muitas crateras (dizemos que a superfície é fortemente craterizada) e
consiste de rochas silicatos, ligeiramente coloridas, chamadas anor-
tositos. Estas regiões são conhecidas como “terrae” ou “highlands”,
palavra inglesa que significa “regiões montanhosas”.

Com idades de mais de 4 bilhões de anos, as “terrae” formam a parte


mais velha, que sobreviveu, da crosta lunar.

As “terrae” representam material que solidificou na crosta da Lua,


enquanto ela esfriava no espaço.

Por terem se formado tão cedo na história lunar, as “terrae” são tam-
bém muito fortemente craterizadas, apresentando as cicatrizes, de
bilhões de anos, de impactos produzidos por fragmentos de corpos
interplanetários.

• As “maria”
As características lunares mais proeminentes são os chamados
“mare”, palavra latina que quer dizer “mar” (seu plural é “maria”).
No entanto, hoje sabemos que as “maria” não são, de modo algum,
bacias oceânicas. Certamente, o nome “mare” não representa o que
realmente existe na superfície da Lua, mas, por razões históricas, é
utilizado até hoje.

As maria, planícies arredondadas e escuras que são muito menos cra-


terizadas do que as terrae, cobrem cerca de 17% da superfície lunar,
principalmente no lado que está sempre voltado para a Terra.

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E
las são planícies vulcânicas, depósitos de material lançado por
erupções, que ocorreram há bilhões de anos, e que parcialmente
preencheram enormes depressões chamadas “bacias de impac-
to”. Estas bacias foram produzidas por colisões de grandes peda-
ços de corpos interplanetários (asteroides ou cometas) com a Lua, em uma
época relativamente inicial da sua história.

As maria lunares são todas formadas por basalto, muito similares,


em composição, à crosta oceânica da Terra ou às lavas, lançadas
por vários vulcões terrestres.

Uma série de grandes erupções vulcânicas ocorreu na Lua, no


período entre 3,3 e 3,8 bilhões de anos atrás. Elas puderam ser
datadas a partir de medições, feitas em laboratórios, nas amos-
tras de material lunar, trazidas pelos astronautas norte-america-
nos, das missões Apollo. Estas erupções geraram fluxos suaves,
tipicamente com alguns metros de espessura, que se estenderam
por distâncias de centenas de quilômetros na superfície lunar.

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• Crateras
Ao olharmos para a Lua, usando telescópio, vemos que sua superfície está
coberta por crateras de impacto de todos os tipos.

Entretanto, nenhuma destas crateras ou outras características topográficas


são suficientementes grandes para serem vistas sem a ajuda óptica de
um binóculo ou telescópio. Isso é mostrado na figura que se segue.
Note como uma região, praticamente “suave” (imagem da es-
querda) se transforma em cratera e montanhas nas imagens
seguintes, vistas com maior ampliação.
Copernicus

Eddington

Reinhold

Reinhold Ejecta

Crateras de impacto são formadas quando um corpo sólido, por exemplo,


um asteroide ou cometa, em alta velocidade, colide com uma superfície.

No caso da Lua, essa velocidade seria, em média, cerca de 17 km/s. A


energia liberada nesse evento, cria uma onda de choque que se irradia a
partir do local de impacto. Certa quantidade de material, que pode ser ou
não em grande quantidade, dependendo do tamanho do corpo colisor, é
ejetado para fora do local de impacto. Esse material é chamado de “ejecta”
e se localiza próximo à cratera formada pela colisão. Se o corpo incidente
for grande, pode ocorrer que o ejecta inclua grandes blocos, de material lu-
nar, que são lançados para cima e voltam a colidir com a superfície da Lua,
formando crateras de impacto secundárias.

17
T
ambém pode ocorrer que o corpo
que impacta seja fragmentado,
antes de atingir o solo lunar. Neste
caso, a colisão sucessiva de seus
fragmentos irá formar uma cadeia de crateras,
que é conhecida como “catena”.

Como os processos de erosão na superfície


da Lua são mínimos (uma vez que não exis-
te atmosfera e, portanto, não possui ventos,
não possui vulcões ativos, etc.), as crateras de
impacto permanecem praticamente intactas
até hoje. Mostramos abaixo o Mare Imbrium e
a cratera Copernicus.

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Encontramos na superfície lunar crateras de impacto de todos os tamanhos.

Polo Sul-Aitken 2500 Km


Mare Imbrium 1100 Km
Mare Tranquilitatis 870 Km
Mare Serenitatis 700 Km
Mare Nubium 700 Km
Hertzsprung 590 Km
Apollo 540 Km
Korolev 430 Km
Mare Orientale *350 Km
*considerando os anéis a sua volta, seu diâmetro é de 930 km.

A camada superior da superfície lunar é porosa. Ela está coberta por uma
camada de poeira bastante solta, formada por grãos finos, que são peque-
níssimos fragmentos de rochas despedaçadas. Essa poeira basáltica es-
cura, que vemos nas maria lunares, foi levantada em cada passo dado pe-
los astronautas norte-americanos, que pisaram em solo lunar. Suas botas
afundavam vários centímetros nessa poeira. Ela impregnou e voltou para a
Terra em todos os equipamentos trazidos por esses astronautas.

Essa poeira lunar foi produzida pelos inúmeros impactos, ocorridos ao lon-
go de sua história. Cada evento que levou à formação de uma cratera, gran-
de ou pequena, fragmentou as rochas da superfície lunar e espalhou estes
fragmentos em torno da região de impacto. Bilhões de anos de impacto fize-
ram com que a camada superficial da Lua fosse reduzida à partículas com,
aproximadamente, o tamanho de poeira ou areia que conhecemos na Terra.

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Rima Hyginus

Com 220 quilômetros de com-


primento, Rima Hyginus tem
este nome em homenagem a
Caius Julius Hyginus (século I,
depois de Cristo), pesquisador
que descreveu as constela-
ções e a mitologia associada
a elas.

Langrenus

Com 132 quilômetros de


diâmetro, Langrenus tem
este nome em homena-
gem ao matemático belga,
Michel Florent van Langren
(1600-1675).

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Gassendi

Com 110 quilômetros de


diâmetro, Gassendi é uma
homenagem ao teólogo e
astrônomo francês Pierre
Gassendi (1592-1655), o pri-
meiro a observar, em 1631,
um trânsito de Mercúrio ao
longo do disco solar, fenôme-
no que havia sido previsto
pelo grande astrônomo ale-
mão Johannes Kepler.

A imagem ao lado é outro as-


pecto da cratera Gassendi.

21
Schiller

A cratera Schiller é uma


homenagem ao frade ale-
mão, Julius Schiller, autor
de um atlas cristão do céu,
publicado em 1627. A cra-
tera Schiller tem uma forma
alongada, medindo 179 km
de comprimento por 71 km
de largura. Acredita-se que
ela foi produzida por um im-
pacto de raspão, na super-
fície da Lua.

Aristóteles e Eudoxus

A cratera Aristóteles (à di-


reita) tem 87 quilômetros
de diâmetro e recebeu este
nome em homenagem ao
filósofo grego, Aristóteles,
que viveu entre 384-322
a.C. Eudoxus tem 67 quilô-
metros de diâmetro e rece-
beu este nome em homena-
gem ao astrônomo grego,
Eudoxus, que viveu entre
400 e 347 antes de Cristo.

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Albategnius,
Alphonsus e
Arzachel

Cassini, Aristillus,
Autolycus e
Archimedes

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Rima Hyginus e
Triesnecker

Rima Marius, Aristarchus, Cabeça de Cobra,


Vale Schroter e o Wood’s Spot
Esta imagem mostra a cor do
solo lunar, na região chamada
Wood’s Spot. Podemos ver os
250 quilômetros de compri-
mento do sinuoso vale, longo
e muito estreito (que é chama-
do em inglês de “rille”), Rima
Marius, no canto esquerdo su-
perior da imagem. A parte de
baixo desse vale tem 2 km de
largura e se estreita até 1 km.
Ele termina com apenas 500
metros de largura (no ponto mais acima desta imagem). Também é mostrado
que a superfície lunar está pontilhada por várias crateras pequenas.
24
Copernicus

Copernicus, com 93 quilô-


metros de diâmetro, rece-
beu este nome em homena-
gem ao astrônomo polonês,
Nicolau Copernicus, que vi-
veu entre 1473 e 1543.

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Aristarchus

Tem 40 quilômetros de diâ-


metro e recebeu este nome
em homenagem ao astrô-
nomo grego, Aristarchus,
que viveu por volta de
310 a 230 a.C. A cratera é
tão brilhante que pode ser
vista no lado noturno da Lua.
O vale Schroter tem 160 qui-
lômetros de comprimento e
atinge cerca de 1 000 metros
de profundidade. Ele recebeu
este nome em homenagem ao selenógrafo alemão, Schroter.

Aristarchus, Vale Schroter e a


Cabeça de Cobra
Esta imagem mostra, cla-
ramente, a “Cabeça de
Cobra” que é formada por
uma cratera com 6 quilô-
metros de diâmetro (onde
o Vale Schroter começa),
que se alarga até atingir
10 quilômetros.

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Aristarchus e
Herodotus

J. Herschel

J. Herschel é uma planí-


cie, com 156 quilômetros
de diâmetro, que recebeu
este nome em homenagem
ao astrônomo inglês, John
Herschel (1792-1871).

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Kepler

Com 32 quilômetros de di-


âmetro, a cratera Kepler
tem este nome em homena-
gem ao astrônomo alemão,
Johannes Kepler (1571-
1630). Ela é o centro de
um sistema de raios, muito
brilhantes, mostrados na
imagem.

Dedalus
Essa cratera está localizada
na face oculta da Lua.

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A Estrutura Interna da Lua

Comparemos a estrutura interna da Lua com a Terra.

29
A formação da Lua

A Lua sempre existiu?

_ Essa é uma pergunta que sempre intrigou os as-


trônomos... Se isso é verdade, ela se formou há
4,54 bilhões de anos, ao mesmo tempo que a Terra?
Se isso não aconteceu, então como a Lua se formou?

Muitas teorias sobre a formação da Lua pontilharam


a astronomia, em anos passados. George Darwin,
propôs que a Lua havia se formado quando uma par-
te da massa da Terra foi expelida, devido à rotação
acelerada que nosso planeta tinha logo após a sua
formação. Os cientistas, que aceitavam essa teo-
ria, diziam que a região onde se encontra o Oceano
Pacífico, seria o local de onde parte do nosso pla-
neta foi lançada ao espaço e formou a Lua. Essa
hipótese foi descartada quando estudos geológicos
mostraram que a crosta da Terra, que forma o fundo
do Oceano Pacífico (ou seja, a crosta oceânica desta
região), tinha apenas cerca de 200 milhões de anos
(ou menos que isso), sendo, portanto, muito jovem
em comparação com a Lua.

Outra hipótese sobre a origem da Lua, dizia que ela


era um corpo perfeitamente formado, que vagava
George Darwin, filho pelo espaço e foi capturado pelo campo gravita-
do grande naturalista cional da Terra. Essa hipótese foi descartada
inglês, Charles Darwin, quando estudos mostraram que um encontro
um dos criadores da tão próximo, entre a Terra e um corpo com
teoria da evolução das
as dimensões da Lua, teria provocado uma
espécies.
violenta colisão, entre eles ou, então, um
definitivo afastamento da Lua em relação
ao nosso planeta.

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Para que a Lua pudesse permanecer em órbita em tor-
no da Terra, seria necessário que nosso planeta pos-
suísse, na época desse encontro, uma enorme atmos-
fera, extensa pelo espaço, tal que pudesse frear a Lua,
de modo a fazê-la entrar em órbita em torno da Terra,
nem colidindo e nem escapando definitivamente para
o espaço. Hoje sabemos que a atmosfera da Terra foi
formada depois da formação da Lua.

Alguns cientistas passaram a acreditar que a Lua e a


Terra haviam se formado ao mesmo tempo, como se
fosse um sistema duplo, a partir da nebulosa primor-
dial que deu origem ao Sol e a todos os corpos que
formam o Sistema Solar. Isso foi descartado a partir
do momento que se verificou que a Lua tinha muito
menos ferro na sua composição, do que a Terra (se as
duas haviam sido formadas ao mesmo tempo, deve-
riam ter a mesma composição). Além disso, essa hipó-
tese não conseguia explicar diversas questões envol-
vendo o movimento do sistema Terra-Lua.

Em meados dos anos de 1970, surgiu uma nova hipó-


tese, baseada em detalhadas análises do solo lunar,
de suas propriedades físicas e até mesmo de como
ela se move, em torno do planeta.

Hoje os astrônomos acreditam que a Lua pare-


ce ter sido, em algum momento, uma parte da
Terra. Há alguns bilhões de anos nosso planeta
deve ter sofrido uma colisão catastrófica com
outro corpo celeste, possivelmente do tama-
nho do planeta Marte, que alguns chamam
de “Theia”.

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Enormes quantidades de matéria teriam sido arrancadas do nosso planeta
devido a essa colisão. Esse material ficou circulando em torno do nosso
planeta e, aos poucos, devido à ação da força gravitacional, foi se aglutinan-
do até formar um novo corpo celeste em órbita em torno da Terra, ao qual
damos o nome de Lua. Desse modo, a maior parte do material que forma a
Lua teria sido arrancado do nosso planeta por essa poderosa colisão.

32
Esta sequência de imagens nos mostra como isto pode ter acontecido.

Um corpo do tamanho de Marte,


metade do raio da Terra, mas
com cerca de 10% da massa do
nosso planeta, colide tangen-
cialmente com o nosso planeta.
Apesar da intensidade da coli-
são, a Terra não se fragmenta.

Uma grande quantidade de ma-


téria é arrancada do nosso plane-
ta. Trilhões de toneladas teriam
sido vaporizadas e derretidas.
Em partes do nosso planeta,
a temperatura teria alcançado
10 000°C. Parte dessa matéria
é lançada no espaço enquanto
que parte do material do corpo
colisor, é incorporada à Terra.

Parte do material terrestre, lan-


çado ao espaço, escapa do cam-
po gravitacional da Terra e se
perde no espaço interplanetário.
Outra parte do material ejetado,
acompanha a trajetória do nosso
planeta.

33
A estrutura da Terra começa
a se recompor. Parte do mate-
rial ejetado começa a se agluti-
nar devido à atração gravita-
cional, produzida pelas partí-
culas de matéria que estão no
espaço.

O material lançado ao espa-


ço continua a circular em torno
da Terra e, cada vez mais, se
aglutina.

Devido à força gravitacional, o


material, que havia sido lançado
ao espaço, agora forma uma es-
fera que gira em torno da Terra.
Essa é a Lua primitiva que come-
çou a orbitar a Terra, cerca de
30 a 50 milhões de anos após
a formação do Sistema Solar
(há 4,5 bilhões de anos).

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Essa descrição é, sem dúvida, interessante. No entanto, até que
ponto podemos confiar nela? Análises da composição da Lua
mostraram aos cientistas que nosso satélite possui carência de
ferro. A Lua possui uma pequena região central de ferro que tem,
aproximadamente, 25% do tamanho do seu raio. No entanto, a
Terra possui uma grande região central de ferro que tem cerca de
50% do seu raio. Além disso, a composição da Lua é quase idên-
tica àquela apresentada pela crosta terrestre, embora apresente
uma grande carência de materiais voláteis. Isso se explica pela
energia envolvida em um processo de colisão como esses.

35
36
O
s pesquisadores decidiram fazer simulações em supercom-
putadores. Simulando a colisão de um corpo, semelhante a
Marte, com a Terra, os cientistas obtiveram uma descrição
que mostra a viabilidade de que esta teoria seja correta, como
vemos abaixo. Esses cálculos mostraram que a colisão foi de raspão, o que
fez com que uma pequena porção do corpo colisor formasse um grande bra-
ço de material no espaço. Como consequência da colisão, a Terra ficou com
uma forma não mais esférica e sim assimétrica. Isso fez com que o material
lançado ao espaço se estabelecesse em uma órbita em torno do corpo de
maior massa (no caso, a Terra).

A teoria de que a Lua se formou a partir de uma grande colisão de um


corpo celeste com a Terra, embora criada em meados dos anos de 1970,
só passou a ser seriamente acreditada a partir de 1984. Apesar de ser a
teoria mais aceita no momento, ela tem alguns problemas, uma vez que não
consegue explicar por que os elementos voláteis não foram eliminados, no
nível exigido, por uma colisão que gera tão intensa energia.

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A interação Terra - Lua
Quando a Lua foi formada, sua órbita a colocava a cerca de um décimo da
distância que hoje ela tem em relação ao nosso planeta. Lentamente, ela
foi se afastando de nós. Por causa da interação de maré, que existe entre a
Terra e a Lua, nosso satélite natural se afasta da Terra a uma taxa de, apro-
ximadamente, 38 milímetros por ano. Isso retarda a rotação da Terra em
cerca de 2 milissegundos por século. A cada 60 000 anos o dia na Terra fica
um segundo maior, a cada 4 milhões de anos ele fica um minuto maior e, a
cada bilhão de anos aumenta 4 horas. Vemos, portanto, que ao longo de mi-
lhões de anos, essas pequeníssimas modificações na distância terra-Lua e
o aumento do dia terrestre por cerca de 23 microssegundos a cada ano, se
somarão, resultando em mudanças significantes. Por exemplo, pesquisas
atuais indicam que, há cerca de 900 milhões de anos, o ano terrestre tinha
481 dias e 18 horas e, há cerca de 410 milhões de anos (durante o chama-
do período Devoniano da Terra), o ano possuía 400 dias e cada dia durava
21,8 horas. Na época em que os dinossauros dominavam a Terra, há cerca
de 65 milhões de anos, o dia tinha apenas 23 horas!

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Esse afastamento lunar também causará o fim dos eclipses. Vista da Terra,
a Lua está suficientemente afastada para ter quase o mesmo disco apa-
rente que o Sol. O tamanho angular (ou ângulo sólido) desses dois corpos
coincide porque, embora o diâmetro do Sol seja cerca de 400 vezes maior
que o da Lua, o Sol está cerca de 400 vezes mais distante de nós, do que
a Lua. Esses fatores permitem a ocorrência de eclipses totais e anulares
na Terra. À medida que a Lua se afastar de nós, esta relação de tamanhos
aparentes será rompida.

Os cálculos mostram que a Lua continuará se afastando da Terra, ocupan-


do, continuamente, órbitas cada vez mais afastadas de nós, durante os pró-
ximos 5 bilhões de anos. Nessa época, a Terra e a Lua ficarão em uma situ-
ação na qual nosso satélite girará em torno da Terra uma vez a cada 47 dias
aproximadamente (hoje a Lua descreve essa órbita em cerca de 27 dias
7 horas e 43,1 minutos). Após esse intervalo de tempo, a Terra e a Lua gira-
rão em torno de seus eixos no mesmo intervalo de tempo, o que quer dizer
que uma estará voltada para a outra, sempre com o mesmo lado. Após,
5 bilhões de anos, não sabemos o que acontecerá, mas pode ser que nem
a Terra nem a Lua existam mais, devido ao processo de evolução do Sol.

A confusão com os supostos


“outros satélites” da Terra.
Por definição, um satélite é um corpo que circula em torno de outro corpo
celeste. Consequentemente, a
Terra possui um único satélite,
que se chama Lua.

No entanto, existem alguns as-


teroides, que possuem uma re-
lação orbital complicada, com o
nosso planeta. São os asteroi-
des (3753) Cruithne (cerca de 5
km de diâmetro), (54509) 2000
PH5, (85770) 1998 UP1 e (2002)
AA29 (cerca de 60 metros de di-
âmetro). A imagem assinala o pe-
queno asteroide (3753) Cruithne.
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Esses asteroides percorrem uma órbita em torno do Sol e não em torno da
Terra. Isso é suficiente para que não os consideremos como sendo satélites
do nosso planeta.

Como a Lua influencia a nossa vida?


A presença da Lua afetou de modo de milhões de anos. Isso poderia
dramático o desenvolvimento da criar diferenças sazonais extremas,
vida no nosso planeta. Ela é um resultando em condições climáti-
dos fatores que moderam o clima cas extremamente severas, capa-
da Terra. Nosso planeta está incli- zes, até mesmo, de não permitir a
nado, cerca de 23,5° em relação ao existência de vida.
plano de sua órbita em torno do Sol
(o chamado plano da eclíptica). É importante salientar que a
Essa inclinação é estabilizada Lua não exerce qualquer
pelas interações (chamadas outro tipo de ação sobre
de “interações de maré”) o ser humano. Melhor di-
existentes entre a Terra e a zendo, a Lua não provoca
Lua. Alguns cientistas acredi- loucura, não ajuda ninguém
tam que, se não houvesse essa a se transformar em lobi-
estabilização contra os torques somem, não faz nascer ver-
aplicados pelo Sol e pelos planetas ruga na ponta do dedo, nem
ao bojo equatorial da Terra, o eixo arranja namorada/o. Não podemos
de rotação do nosso planeta pode- aceitar que, em pleno século XXI,
ria ser, caoticamente, instável, exi- pessoas ainda considerem esses
bindo variações caóticas, ao longo mitos como sendo verdades.

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Apêndice
O primeiro alvo das missões espaciais foi o nosso satélite natural, a Lua.
Inicialmente, foram apenas satélites artificiais, não tripulados, que visi-
taram a Lua.

Dois países realizaram as primeiras explorações do nosso satélite natu-


ral: a (extinta) União Soviética e os Estados Unidos. Os primeiros suces-
sos, em relação ao conhecimento da Lua, vieram com a série de satéli-
tes artificiais Luna lançados pela (extinta) União Soviética. Vejamos um
resumo desses sucessos.

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Os voos tripulados da missão Apollo à Lua
Em 1969, os Estados Unidos realizaram um grande sonho da humanidade:
a primeira viagem do ser humano à Lua. Essa foi a série de missões Apollo,
enviadas pelos Estados Unidos à Lua, que culminaram com o pouso de uma
espaçonave na superfície do nosso satélite natural. Pela primeira vez um
ser humano desembarcava em outro corpo celeste.

O programa espacial Apollo deixou, para os cientistas, um grande legado,


tanto em termos de material lunar como de dados científicos colhidos pe-
los astronautas. Seis tripulações, de dois astronautas cada, totalizando
12 homens (nenhuma mulher), pisaram e exploraram o solo da Lua, no perí-
odo entre 1969 e 1972. Eles trouxeram para a Terra uma grande coleção de
pedras e pedaços de solo da Lua, num total de 382 quilogramas, separados
em mais de 2 000 amostras distintas.

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Armstrong e Aldrin pousaram o módulo
lunar “Eagle” ,sobre a superfície da Lua,
no Mare Tranquilitatis, no dia 21 de julho
de 1969. Às 2:56 UTC, Armstrong pisou o
solo da Lua deixando a primeira pegada
de um ser humano, sobre a superfície do
nosso satélite natural.

Armstrong e Aldrin exploraram a superfí-


cie da Lua, durante 2 horas e 31 minutos.
As três imagens abaixo mostram o astro-
nauta Aldrin realizando tarefas na super-
fície lunar. Preste atenção no tipo de solo
da região de pouso do módulo “Eagle”!
É uma superfície empoeirada, formada
por partículas muito finas que aderiam
facilmente à roupa dos astronautas. Veja
a nitidez das pegadas no solo.

O terceiro membro da tripulação,


Michael Collins, permaneceu em
órbita, em torno da Lua, no mó-
dulo de comando. Os astronau-
tas trouxeram para a Terra 35
quilogramas de pedras lunares.

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Além desses feitos, outros também se destacam, realizados tanto pelos
Estados Unidos como pela União Soviética. Entre eles citamos:

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No entanto, foi levado pelos Estados Unidos o primeiro veículo, não controla-
do remotamente, capaz de se locomover na superfície lunar. Isso aconteceu
pela primeira vez na missão Apollo 15. Veículos desse tipo foram utilizados
por todas as missões Apollo posteriores.

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Desafio
Tente identificar os vários acidentes lunares mostrados nesta imagem
da Lua.
Como ajuda, use o mapa lunar mostrado anteriormente nesse livrinho.

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Solução do desafio.

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