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Discente: Supervisor:
Azido Laurentino Salimo Cote Engo. Hélder Manjate MSc
Co-supervisor:
Engo. Marchante Olímpio Assura Ambrósio
V. Orçamento ........................................................................................................................ 21
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I. INTRODUÇÃO
1.1. Generalidades
Hoje há uma grande pressão sobre o meio ambiente e seus recursos, gerada principalmente
pelo crescimento desorganizado dos centros urbanos, uso e ocupação do solo, e por um
grande número de actividades exploratórias de alto impacto ambiental, como por exemplo,
pecuária extensiva, agricultura convencional, desmatamento, drenagem de áreas húmidas,
monoculturas em grandes áreas, entre outras (Bolf, 2004).
O gerenciamento e uso adequado do meio ambiente, voltados ora para produção de matéria-
prima, bens e serviços, ora para preservação, conservação e educação, são preceitos básicos,
que exigem dos profissionais que atuam nesta área uma procura por ferramentas e meios de
gerar informações confiáveis sobre diversos assuntos e interesses, como por exemplo,
determinação de áreas protegidas por lei, locação de estradas, talhões, glebas, áreas frágeis
sujeitas a degradação, entre outros. Hoje as geotecnologias desempenham esse papel de
ferramenta e meios de geração de informações de alta confiança (Duarte, 1991).
Segundo o autor acima citado, os resultados do uso de tal ferramenta, são mapas temáticos,
plantas de situação, e respostas a consultas ao banco de dados, entre outros, que são o
diferencial seguro para tomadas de decisões quanto ao uso adequado de determinadas áreas,
em especial, à localização das áreas de preservação permanente (APP’s) e Reserva Legal
(RL).
Deste modo, de forma integrada, o trabalho constituirá num modelo piloto, ao nível da região,
no que concerne a análise de fragilidade ambiental com técnicas de geoprocessamento e
sensoriamento remoto. No entanto, o Sensoriamento Remoto tem sido uma ferramenta muito
eficiente, que vem sendo utilizada para esse tipo de análise, por possuir vantagem de usar
imagens satélites e pelo seu baixo custo de disponibilidade e aplicabilidade (Paranhos, 2008).
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1.2. Problema e justificativa
Desastres são causados pelo impacto de um fenómeno natural de grande intensidade sobre
área ou região povoada, podendo ou não ser agravado pelas actividades antrópicas (Castro,
2003). A topografia do relevo é propensa a ocorrência de certos problemas ambientais que
conjugados com a acção antropogénica tem estado a contribuir para a degradação do meio
ambiente do Distrito, com maior ênfase nos declives (Portal Do Governo, 2018).
Segundo o Portal Do Governo (2018), a estiagem prolongada está a reduzir a massa verde de
consideráveis zonas, anteriormente produtivas, como são os casos de Munhiba, Soroco,
Mucharru, Caiave e Murotone, aliado aos fenómenos naturais que produzem impacto
negativo no ambiente, o Distrito confronta-se com o problema de desmatamento, praticado
pelos operadores florestais, que abatem as florestas para a comercialização de madeira em
toros, bem como os singulares para a produção de carvão e lenha. Ainda a situação tem sido
agudizada com os incêndios florestais que deixam nuas extensas áreas, incluindo as
produtivas no período seco.
1.3. Objectivos
1.3.1. Geral:
Identificar as áreas de fragilidade ambiental da floresta nativa de Munhiba, a partir
dos aspectos do meio físico (declividade, tipo de solo e tipo de cobertura do solo) com
o uso de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto.
1.3.2. Específicos:
Demonstrar produtos cartográficos de declividade e tipo de solos;
Aplicar imagens e técnicas de interpretação para geração de mapa do tipo de
cobertura do solo;
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Correlacionar os dados georreferenciados de tipo de solo, declividade e tipo de
cobertura do solo, para geração do mapa das áreas de maior fragilidade ambiental.
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II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Segundo Fierz (2008), equilíbrio dinâmico são as trocas de energia e matéria necessárias para
o desenvolvimento dos processos que regem o sistema natural, quando esses atingem um
estágio em que as mudanças são somente percebidas em escala de tempo geológico.
Segundo Santos (2010), Tricart em sua teoria considera as unidades ecodinâmicas instáveis e
estáveis como sendo essencialmente relacionadas à intensidade de processos morfogenéticos
e pedogenéticos. Quando houver a predominância da pedogenese a tendência é de maior
estabilidade e, no caso de a morfogênese ser predominante, configuraria uma tendência a
menor estabilidade.
Para a classificação de uma área quanto a seu grau de fragilidade ambiental, o factor da
modificação antrópica deve ser considerado. No caso da fragilidade ambiental potencial, a
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análise feita é por meio da integração das características naturais, como por exemplo, relevo e
solos. Para obter resultados quanto à fragilidade emergente, basta considerar a relação entre a
fragilidade potencial e os diferentes tipos de cobertura do solo (Maganhotto et al., 2011).
Spörl (2007), expõe que a fragilidade potencial pode ser encontrada em áreas onde a
interferência humana não alterou a situação de equilíbrio do meio, predominando somente os
agentes naturais de modificação, como o intemperismo físico-químico. Já emergente, é a
própria característica de uso da terra, que gera situações de desestabilização do equilíbrio
dinâmico da paisagem.
Para declividade e topografia do terreno, Ross (1994) propõe uma classificação de acordo
com a influência desta na fragilidade ambiental do local, como apresentado na Tabela 1.
Segundo Spörl (2004), quanto maior a declividade, maior é o nível de fragilidade. Estes
valores são justificados pelo autor por terem sido baseados em “intervalos consagrados nos
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estudos de Capacidade de Uso/Aptidão Agrícola associados aos valores já conhecidos de
limites críticos de geotecnia” e são “indicativos respectivamente do vigor dos processos
erosivos, dos riscos de escorregamentos/deslizamentos e inundações frequentes”.
A classificação utilizada por Ross (1994) quanto aos tipos de solo, correlacionando-os com o
nível de fragilidade ambiental em relação à sua erodibilidade, está disposta na Tabela 2.
Os níveis de fragilidade para os diferentes tipos de solos foram determinados por meio da
consideração de características como “textura, estrutura, plasticidade, grau de coesão das
partículas e profundidade/espessura dos horizontes superficiais e subsuperficiais” (Ross,
1994).
O autor acima citado, ainda considera o parâmetro do tipo de cobertura vegetal como factor
de influência na determinação da fragilidade ambiental (Tabela 4).
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Tabela 4: Classificação do tipo de Cobertura vegetal e classe de fragilidade ambiental.
De acordo com Spörl (2004), a identificação dos ambientes naturais e das fragilidades
potenciais e emergentes “proporcionam uma melhor definição das directrizes e acções a
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serem implementadas no espaço físico-territorial, servido de base para o zoneamento e
fornecendo subsídios à gestão do território”.
2.2. Geoprocessamento
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Geoprocessamento, conforme Nascimento (2009), é uma área do conhecimento onde diversos
tipos de informações geográficas são processadas por meio de técnicas matemáticas e
computacionais. Lima (2011) define que esse conjunto de técnicas manipulam bases
analógicas e digitais para a elaboração de mapas-base digitais em programas especialistas. É
importante também considerar os diferentes tipos de dados utilizados no geoprocessamento
(Camâra; Davis; Medeiros, 2001):
Dados temáticos: são dados que descrevem a distribuição espacial de uma grandeza
geográfica qualitativamente. Esse tipo de dado pode ser obtido por levantamento em
campo ou inseridos no sistema por digitalização ou por classificação de imagens.
Dados cadastrais: cada um dos seus elementos é um objecto geográfico possuindo
atributos que podem estar associados a várias representações geográficas.
Redes: são dados que estão associados a serviços de utilidade pública, como água, luz
e telefone; a rede de drenagem (como as bacias hidrográficas) e rodovias.
Modelos Numéricos de Terreno (MNT): usado para denotar quantitativamente uma
grandeza de variação contínua no espaço. Esse tipo de dado é normalmente associado
à altimetria, mas também pode modelar unidades geológicas, como teor de minerais
ou aeromagnetismo do solo. Pode ser definido como um modelo matemático que
reproduz uma superfície real por meio de conjuntos de pontos de localização (x,y),
com características denotadas em um terceiro eixo, como por exemplo o eixo z para
altimetria.
Imagens: são obtidas por satélites, fotografias aéreas ou “scanners”
aerotransportados. As imagens representam uma captura direta da informação
espacial. São armazenadas como matrizes e cada elemento (o “pixel”) tem um valor
proporcional à energia eletromagnética reflectida ou emitida pela área da superfície
terrestre. Para que os objectos contidos na imagem sejam identificados são necessárias
técnicas de interpretação de imagens e classificação.
A execução do geoprocessamento é viabilizada por meio da utilização de ferramentas
computacionais, denominadas de Sistema de Informações Geográficas - SIG (Aguiar, 2005).
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georreferenciados, isto é, devem estar associados a um sistema de coordenadas, e se
subdividem em dois grandes grupos: vectorial ou matricial (Davis e Rocha, 2012).
Segundo Câmara et al. (2001), há pelo menos três grandes maneiras de usar o SIG: como
ferramenta para produzir mapas, como suporte para análise de fenómenos e como banco de
dados geográficos, com funções de armazenamento e recuperação de informação espacial.
Têm-se como exemplos de SIG os desenvolvidos pela Esri (ArcGis), pela Clark University
(Idrisi), e desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisa Espacial, INPE (SPRING).
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2.4.1. Processamento digital de imagens e análise dos dados de sensoriamento
remoto
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III. MATERIAL E MÉTODOS
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O clima do distrito, segundo a classificação climática de Thorntwaite, é do tipo sub-húmido
(sub-tropical), sendo influenciado pela Zona de Convergencia Inter-Tropical, determinando o
padrão de precipitação, com a estação chuvosa de Dezembro a Fevereiro, associado a outras
depressões que condicionam o estado do tempo nas duas estações, chuvosa e seca. Resulta de
Novembro a Fevereiro um tempo quente e húmido e de Marco a Outubro um tempo seco e
fresco, por vezes com precipitações irregulares (MAE, 2014).
Após a organização e manipulação desses dados por meio da comparação dos valores de
fragilidade ambiental de cada uma das variáveis ambientais analisadas, vai dar-se início ao
uso da Linguagem de Programação LEGAL no SPRING para a análise multicritérios.
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A análise multicritérios será feita pelo uso da lógica booleana e da lógica fuzzy, resultando na
geração de mapas síntese da área de fragilidade ambiental. Para validação do resultado
obtido, serão comparados os pontos da área de estudo.
Será realizada o download de duas imagens para garantir a total cobertura da área da floresta
em estudo, sendo essas correspondentes aos dias 21 de Março de 2014 e 21 de Março de
2019.
Será realizado inicialmente o registro das imagens, ou seja, transformações polinomiais que
fazem o vínculo entre as coordenadas do sistema de referência (geográfica ou de projecção) e
as coordenadas da imagem (Câmara et al., 2001). Como referência para este procedimento
foram utilizadas imagens já georreferenciadas, disponibilizadas pelo Projecto Mosaico
Geocover (NASA, 2010).
Por meio das bandas da imagem do satélite LANDSAT 5, será realizada a composição
colorida (3B4G5R) com o objectivo de proporcionar uma melhor identificação dos pontos de
controle que seriam adquiridos no processo de registro.
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Serão escolhidos dez pontos de controle para cada uma das imagens, totalizando 20 pontos de
controle. O procedimento de registro será feito para os dois PIs (um para cada imagem), e
posteriormente um terceiro PI será criado com o propósito de agrupar as duas imagens
registradas.
A união das imagens registradas em um terceiro PI será feita com o uso da função “mosaico”,
que tem por finalidade juntar duas (ou mais) imagens (georreferenciadas ou registradas) para
gerar uma imagem maior, promovendo uma visão completa da cena de interesse (Bagli,
2005). O procedimento do registro e do mosaico será feito para as seis bandas das imagens
originais.
Para que os objectos contidos na imagem forem visualizados de forma mais nítida, será
realizado a aplicação do contraste nas bandas 3, 4 e 5. A aplicação do contraste tem por
objectivo modificar os níveis de cinza de uma imagem, de forma que algumas informações
espectrais sejam destacadas (Santos et al., 2010), não aumentando a quantidade de
informação, mas melhorando a sua percepção (Antunes, 2011).
A partir da imagem registrada será realizada a classificação supervisionada. Para tornar mais
fácil a identificação dos elementos presentes na paisagem durante a etapa de colecta de
amostras (treinamento), será utilizada a composição colorida 3B4G5R.
Por ser uma classificação supervisionada, as classes serão representadas por no mínimo dez
amostras (dez amostras no modo de aquisição e mais dez para teste), sendo todas elas
escolhidas em regiões bem homogêneas para evitar erros de classificação. O método utilizado
será de máxima verossimilhança, por pixel, com limiar de 100%. O limiar indica “a
percentagem de pixels da distribuição de probabilidade de uma classe que será classificada
como pertencente a esta classe (Santos et al., 2010)”.
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Finalizado o processo de classificação supervisionada, será realizada a etapa de análise das
amostras para averiguar a acurácia da classificação, a partir do cálculo e verificação de alguns
índices, sendo esses de exactidão do produtor e usuário, exactidão global, os erros de omissão
e inclusão, e o índice Kappa.
12 a 20 3 LVAd5 1
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parâmetros declividade e tipo de solo foram baseados nos estudos de Ross (1994), enquanto
os valores para o tipo de cobertura do solo foram análogos ao estudo realizado por Rocha e
Cabral (2011), excepto o valor estipulado para a classe “área urbana”, pois no trabalho
desenvolvido por esses autores, as classes “área urbana” e “solo exposto” são classificados
em um mesmo nível de fragilidade ambiental.
Entretanto, a classe “solo exposto” está muito mais vulnerável a sofrer processos erosivos do
que a classe “área urbana”, e por esta razão ao verificar estudo realizado por Gonçalves et al.
(2009), a classe “área urbana” teve seu nível de fragilidade alterado para 2 (baixa).
Após a obtenção do mapa pelo modelo booleano, será utilizada a ferramenta “medidas de
classe” para verificar a área resultante de cada classe de fragilidade. Para o mapa obtido pela
lógica fuzzy, será realizada a análise de seu histograma para identificação da maior
concentração de área dos níveis de fragilidade ambiental.
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IV. Cronograma de Actividades
ACTIVIDADES Ano 2020
Maio Junho Julho Agosto
Escolha e aquisição
das imagens
Pré-processamento
das imagens
Determinação Da
Fragilidade Ambiental
Análise das áreas de
fragilidade ambiental
Análise dos resultados
Redacção do relatório
Entrega do relatório
Divulgação dos
resultados
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V. Orçamento
Item Quantidade P/U (MT) Valor (MT)
Transporte/combustível 10L 75 750
Modem 1 1 000 1 000
Crédito 4 500 2 000
Total 3 750
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VI. Referencias Bibliográficas
CASTRO, A.L.C. (2003). Manual de desastres: desastres naturais. Brasília: MIN. 174 p.
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planícies costeiras. Tese (Doutorado em Geografia) – Programa de Pós-Graduação em
Geografia Física. 394 f. Universidade de São Paulo. São Paulo.
FITZ, P. R. (2008). Geoprocessamento sem complicação. São Paulo - SP: Oficina de Textos.
p. 160
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apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geografia e Geociências) - Área de
Concentração: Análise Ambiental e Dinâmica Espacial para o título de Mestre em Geografia.
UFSM, Santa Maria, RS.
NOVO, E.M.L.M. (2008). Sensoriamento Remoto: Princípios e Aplicações. 3 ed. São Paulo:
Blucher.
ROSS, J. L.S. (1994). Análise empírica da fragilidade dos ambientes naturais antropizados.
Revista do Departamento de Geografia, n.8, p.63-74.
SANTOS, A.R. PELUZIO, T.M.de O.; SAITO, N.S. (2010). SPRING 5.1.2: passo a passo –
Aplicações Práticas. 153 p. Alegre, Espírito Santo: CAUFES.
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SPÖRL, C. (2007). Metodologia para elaboração de modelos de fragilidade ambiental
utilizando redes neurais. 185 f. Tese (Doutorado em Geografia) – Programa de Pós-
Graduação em Geografia. Universidade de São Paulo, São Paulo.
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