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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL

FEDERAL DA ____ REGIÃO.

PARTE AUTORA:
RÉU: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
OBJETO: AÇÃO RESCISÓRIA DO ACÓRDÃO PROFERIDO PELA (...) TURMA DO TRIBUNAL
REGIONAL FEDERAL DA (...) REGIÃO.
Relator:
Apelação Cível Nº (especificar).

NOME DA PARTE AUTORA e qualificação, por intermédio de seu procurador, vem,


à presença de Vossa Excelência, com fundamento no art. 966 do novo Código de Processo Civil -
CPC, propor a presente

AÇÃO RESCISÓRIA, contra

INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, situado na (endereço)


requerendo se digne Vossa Excelência a mandar distribuí-la e processá-la nos termos dos
dispositivos regimentais.

I – DOS FATOS

A parte autora é segurada do Regime Geral de Previdência Social – RGPS exercendo,


atualmente, a atividade de (descrever).

Durante a sua vida laboral urbana, a parte autora celebrou os seguintes contratos
de trabalho anotados na sua Carteira de Trabalho e Previdência Social – CTPS, cuja cópia
integral segue inclusa.

PERÍODO
LOCAL DE TRABALHO FUNÇÃO ENTRADA SAÍDA

A parte autora constatou que sempre exerceu atividade laboral em condições


prejudicais à sua saúde ou a integridade física, razão pela qual possui direito a aposentadoria
especial com 25 (vinte e cinco) anos de tempo de trabalho.
Em (data do requerimento administrativo no INSS) protocolou na Agência de
Previdência Social – APS de (cidade), pedido de aposentadoria por tempo de contribuição,
consoante se infere da cópia do processo administrativo nº (especificar) que junta à presente
ação.
Destaca-se que, o INSS após analisar o processo administrativo, indeferiu o pedido
de aposentadoria. Esta decisão e o cálculo de tempo de serviço elaborado pelo INSS
demonstram que foi desconsiderado o período de (especificar início e fim), em que a parte
autora exerceu a atividade em condições prejudicais à saúde ou a integridade física.

Destarte, a parte autora recorreu ao poder judiciário, por meio do processo nº


(especificar) ajuizado na (especificar) para reconhecer o período de atividade especial no
período de (especificar) e a consequente concessão de aposentadoria especial. Sobreveio a
sentença:

(descrever)

Não contente, o INSS interpôs recurso para o Tribunal Regional Federal da


especificar) Região visando reformar o julgamento anterior. Em (especificar) o Tribunal deu
parcial provimento ao recurso do INSS, não reconhecendo o período especial laborado de
(período), senão vejamos o acórdão:

(descrever)

Ocorre que, conforme fundamentação do v. acórdão, o período de (especificar),


somente não foi reconhecido pela ausência de início de prova material para comprovação da
do tempo especial.

II – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

1. OBJETO DA RESCISÓRIA

A presente ação tem como objeto rescindir a sentença, prolatada pelo Juiz Federal
da Vara (especificar) da Subseção Judiciária de (cidade), Seção Judiciária do Estado de
(especificar) no processo (autos nº...), mantida pelo acórdão da Egrégia ___ Turma do Tribunal
Regional Federal da ___ Região, na apelação (nº ...), já transitado em julgado, conforme
certidão de fls. ou evento (especificar) dos autos da referida ação ordinária (anexo), em que
foram litigantes as partes preambularmente qualificadas.

Na ação em referência, da qual se acosta cópia da sentença e acórdão e certidão de


trânsito em julgado, a parte autora, naquela oportunidade requereu a concessão de
aposentadoria especial. Em primeiro e em segundo grau não obteve êxito.

2. TEMPESTIVIDADE DA AÇÃO

O art. 975 do novo do Código de Processo Civil - CPC estabelece que “ O direito à
rescisão se extingue em 2 (dois) anos contados do trânsito em julgado da última decisão
proferida no processo.”
O v. Acórdão rescindendo, proferido pela Egrégia ___ Turma do Tribunal Regional
Federal da ___ Região teve trânsito em julgado no dia (data), de conformidade com a certidão
contida às fls. ou evento (especificar) daqueles autos de cópia anexa. A propositura da presente
Ação Rescisória é, portanto, tempestiva, eis que ainda não fluiu o biênio decadencial.

3. RAZÕES DETERMINANTES DA DESCONSTITUIÇÃO DA DECISÃO

A presente ação rescisória vai amparada legalmente no art. 966, inciso VII do novo
CPC, admitindo-se a sua propositura quando: “obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em
julgado, prova nova cuja existência ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só,de
lhe assegurar pronunciamento favorável”.

Conforme observa-se através do processo administrativo e judicial em anexo, a


parte autora somente tomou ciência da existência de novos documentos após o transito em
julgado da sentença do pedido de aposentadoria especial.

Outrossim, registre-se que os fundamentos adotados para o não reconhecimento


de todo tempo de atividade especial consistiram na insuficiência dos elementos de prova
material.

Na demanda anterior, a parte autora tinha apresentado os seguintes documentos:

 PPP;
 Descrever os documentos (tabela elucidativa no material).

No presente processo, a parte autora busca a comprovar o período de atividade


especial, oferecendo os seguintes elementos de prova:

 Laudo técnico;
 Descrever os documentos (tabela elucidativa no material).

É certo que esses documentos não são supervenientes ao trânsito em julgado da


decisão proferida na demanda anterior, mas a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça -
STJ tem expressado que "ainda que o documento apresentado seja anterior à ação originária,
esta Corte, nos casos de trabalhadores rurais, tem adotado solução pro misero para admitir sua
análise, como novo, na rescisória" (AR 2.338/SP, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR,
TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 24/04/2013, DJe 08/05/2013). 

O conceito de documento novo tem sido compreendido em uma perspectiva ampla,


levando-se em conta a necessidade da proteção social e dos inaceitáveis efeitos reais que
emanam de uma decisão denegatória de benefício previdenciário para a pessoa que dele
necessita. O sentido amplo que se pode atribuir à interolocução "conceito novo" presta-se, com
igual justiça, a todos os casos em que novos elementos de prova revelam-se hábeis a
demonstrar a injustiça da decisão denegatória passada em julgado (In, Recurso Cível Nº
5006812-44.2012.404.7003/PR. Curitiba, 05 de junho de 2013. Rel. José Antônio Savaris).

No presente caso verifica-se que os documentos trazidos pela parte autora


constituem prova material já que todos se mostram contemporâneos ao período vindicado.
Considerando que os documentos acima asseverados não foram apresentados no
processo anterior, devem prestar como prova material e considerando que são
contemporâneos aos períodos que se pretende reconhecer  para a concessão de
aposentadoria especial (especificar), entende-se como presente um novo conjunto
probatório, de modo que a reanálise do direito à proteção social não encontraria óbice na
coisa julgada, como se passa a demonstrar.   

Assim, deve ser rescindido o referido acórdão pelas razões de direito acima
aduzidas.

4. NORMAS LEGAIS QUE REGEM A FORMA DE COMPROVAÇÃO E CONVERSÃO DA ATIVIDADE


EXERCIDA EM CONDIÇÕES PREJUDICIAIS À SAÚDE OU INTEGRIDADE FÍSICA

O beneficio de aposentadoria especial será devido ao segurado da Previdência


Social que tenha trabalhado com exposição a agentes nocivos durante quinze, vinte ou vinte e
cinco anos, conforme o caso.

O tempo de serviço especial é disciplinado pela lei vigente à época em que exercido,
passando a integrar, como direito adquirido, o patrimônio jurídico do trabalhador. Desse modo,
uma vez prestado o serviço, o segurado adquire o direito à sua contagem pela legislação então
vigente, não podendo ser prejudicado pela lei nova. Nesse sentido, aliás, é a orientação
adotada pela Terceira Seção do Egrégio Superior Tribunal de Justiça (AGRESP 493.458/RS, Rel.
Min. Gilson Dipp, 5ª Turma, DJU 23/06/2003, e REsp 491.338/RS, Rel. Min. Hamilton
Carvalhido, 6ª Turma, DJU 23/06/2003), a qual passou a ter previsão legislativa expressa com a
edição do Decreto n.º 4.827/03, que inseriu o § 1º no art. 70 do Decreto n.º 3.048/99.

Para tanto, o art. 57 da Lei nº 8.213/91, em sua redação original, estabelecia as


condições em que o segurado faria “jus” ao benefício da aposentadoria especial, verbis:

Art. 57 - A aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao
segurado que tiver trabalhado durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme
a atividade profissional, sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade
física.
(...)
§ 3º - O tempo de serviço exercido alternadamente em atividade comum e em atividade
profissional sob condições especiais que sejam ou venham a ser consideradas prejudiciais à saúde
ou à integridade física será somado, após a respectiva conversão, segundo critérios de equivalência
estabelecidos pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, para efeito de qualquer
benefício.
§ 4º - O período em que o trabalhador integrante de categoria profissional enquadrada neste
artigo permanecer licenciado do emprego para exercer cargo de administração ou de
representação sindical, será contado para aposentadoria especial.

Tendo em vista a diversidade de diplomas legais que se sucederam na disciplina da


matéria, necessário definir qual a legislação aplicável ao caso concreto, ou seja, qual a
legislação vigente quando da prestação da atividade pela parte autora.

Tem-se, então, a seguinte evolução legislativa quanto ao tema sub judice:


a) no período de trabalho até 28/04/1995, quando vigente a Lei n.º 3.807/60 (Lei
Orgânica da Previdência Social) e suas alterações e, posteriormente, a Lei n.º 8.213/91 (Lei de
Benefícios), em sua redação original (arts. 57 e 58), possível o reconhecimento da especialidade
do trabalho quando houver a comprovação do exercício de atividade profissional enquadrava
como especial nos decretos regulamentadores e/ou na legislação especial ou quando
demonstrada a sujeição do segurado a agentes nocivos por qualquer meio de prova, exceto
para ruído, em que necessária sempre a aferição do nível de decibéis (dB) por meio de parecer
técnico trazido aos autos, ou simplesmente referido no formulário padrão emitido pela
empresa;

b) a partir de 29/04/1995, inclusive, foi definitivamente extinto o enquadramento


por categoria profissional, de modo que, no interregno compreendido entre esta data e
05/03/1997, em que vigentes as alterações introduzidas pela Lei n.º 9.032/95, no art. 57 da Lei
nº 8.213/91, necessária a demonstração efetiva de exposição, de forma permanente, não
ocasional nem intermitente, a agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, por qualquer
meio de prova, considerando-se suficiente, para tanto, a apresentação de formulário padrão
preenchido pela empresa, sem a exigência de embasamento em laudo técnico;

c) após 06/03/1997, quando vigente o Decreto nº 2.172/97, que regulamentou as


disposições introduzidas no art. 58 da Lei nº 8.213/91 pela Lei nº 9.528/97, passou-se a exigir,
para fins de reconhecimento de tempo de serviço especial, a comprovação da efetiva sujeição
do segurado a agentes agressivos por meio da apresentação de formulário padrão, embasado
em laudo técnico, ou por meio de perícia técnica. Sinale-se que é admitida a conversão de
tempo especial em comum após maio de 1998, consoante entendimento firmado pelo STJ, em
decisão no âmbito de recurso repetitivo, (REsp. n.º 1.151.363/MG, Rel. Min. Jorge Mussi,
Terceira Seção, julgado em 23/03/2011, DJe 05/04/2011).

Essa interpretação das sucessivas normas que regulam o tempo de serviço especial
está em conformidade com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (EDcl no REsp
415.298/SC, 5ª Turma, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJe 06/04/2009; AgRg no Ag
1053682/SP, 6ª Turma, Rel. Min. Og Fernandes, DJe 08/09/2009; REsp 956.110/SP, 5ª Turma,
Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJ 22/10/2007; AgRg no REsp 746.102/SP, 6ª Turma, Rel.
Min. Og Fernandes, DJe 07/12/2009).

5. RUÍDO

Especificamente quanto ao agente nocivo ruído, a comprovação da especialidade da


atividade laboral pressupõe a existência de laudo técnico atestando a exposição do segurado a
níveis de pressão sonora superiores a 80 decibéis, até 05/03/1997 (item 1.1.5 do Anexo I do
Decreto n.º 83.080/79 e item 1.1.6 do Anexo ao Decreto n.º 53.831/64), e a 85 decibéis a partir
de então (aplicação retroativa a 06/03/1997, por força de entendimento jurisprudencial, do
item 2.1.0 do Anexo IV do Decreto n.º 3.048/99, com redação dada pelo Decreto n.º 4.882/03).
 
Período trabalhado Enquadramento Limites de tolerância
1. Anexo do Decreto nº 53.831/64; 2. Anexo I do 1. Superior a 80 dB; 2. Superior a
Até 05/03/1997
Decreto nº 83.080/79; 90 dB.    
De 06/03/1997 a 06/05/1999 Anexo IV do Decreto nº 2.172/97 Superior a 90 dB.
De 07/05/1999 a 18/11/2003 Anexo IV do Decreto nº 3.048/99, na redação original Superior a 90 dB.    
Anexo IV do Decreto nº 3.048/99, com a alteração
A partir de 19/11/2003 Superior a 85 dB.    
introduzida pelo Decreto nº 4.882/2003

 
Em resumo, é admitida como especial a atividade em que o segurado ficou
exposto a ruídos superiores a 80 decibéis até 05/03/1997 e, a partir de então, acima de 85
decibéis, desde que aferidos esses níveis de pressão sonora por meio de parecer técnico trazido
aos autos, ou simplesmente referido no formulário padrão emitido pela empresa, sem
impugnação do INSS1.

Tal entendimento ocorre em virtude do caráter social do direito previdenciário que


oportuniza a aplicação retroativa da disposição regulamentar mais beneficia. Nesse sentido:
TRF4: APELREEX 2001.71.08.006056-8, Rel. Artur César de Souza. D.E. 23-06-2009.

6. PERÍODO DE ATIVIDADE ESPECIAL LABORADO PELA PARTE AUTORA

Elaboração desse tópico com base em caso real para melhor elucidar o modelo da petição

Os períodos laborados pela parte autora na empresa Perdigão Agroindustrial S/A,


devem ser reconhecidos como prestados em condições prejudiciais à sua saúde, face a
comprovação dessas condições pelas informações prestadas pela empregadora no Perfil
Profissiográfico Previdenciário – PPP e no Laudo Técnico Pericial, conforme se demonstra a
seguir:

a) Atividades exercidas pela parte autora sob condições especiais nas funções de
“gerente de rações” e “chefe do departamento de nutrição”:

A parte autora, nas funções de gerente de rações (01/11/1982 a 30/09/1983) e


chefe do departamento de nutrição (01/10/1983 a 30/06/ 1986) da fábrica de rações da
empresa Perdigão Agroindustrial S/A, exerceu as seguintes atividades laborais:

O funcionário efetuava a formulação dos premixes e rações que continham micro minerais, macro
minerais, aditivos e antibióticos e acompanhamento da elaboração destes produtos. Efetuava a
Supen/lsao da Fabrica de rações, além de ser O responsável técnico pelas fábricas de rações do
grupo.

A empregadora informa que a parte autora esteve em contato com agentes


químicos decorrentes dos aditivos e antibióticos encontrados na formulação dos premixes e
rações; a poeiras decorrentes da peneiração e mistura dos cereais utilizados no preparo de
concentrados e ao ruído proveniente das máquinas e equipamentos existentes na fábrica, em
níveis que oscilavam entre 81 a 90 dB.

Fazem prova dessa condição o Perfil Profissiográfico Previdenciário - PPP, o qual


não informa o fornecimento de equipamentos de proteção coletiva e/ou individua e o Laudo
Técnico Pericial, em anexo.

1
TNU: Súmula 32. O tempo de trabalho laborado com exposição a ruído é considerado especial, para fins de
conversão em comum, nos seguintes níveis: superior a 80 decibéis, na vigência do Decreto n. 53.831/64 e, a contar
de 5 de março de 1997, superior a 85 decibéis, por força da edição do Decreto n. 4.882, de 18 de novembro de
2003, quando a Administração Pública reconheceu e declarou a nocividade à saúde de tal índice de ruído.
b) Atividades exercidas pela parte autora sob condições especiais nas funções de "chefe do
departamento de nutrição" e "técnico em nutrição animal":

A parte autora, nas funções de chefe do departamento de nutrição (01.07.86 a


31.12.86) e técnico em nutrição animal (01.01.87 a 28.05.98) da empresa Perdigão
Agroindustrial S/A, exerceu as seguintes atividades laborais:

O funcionário efetuava a formulação dos premixes e rações que continham micro minerais, macro
minerais, aditivos e antibióticos. Efetuava também visitas técnicas (orientação, necropsia e
veriñcação da qualidade da alimentação fornecida) junto as granjas da empresa e de integrados
do grupo Perdigão (aves e suínos)

A empregadora informa que a parte autora esteve em contato com agentes


químicos decorrentes dos aditivos e antibióticos encontrados na formulação dos premixes e
rações, a poeiras decorrentes das camas de aviários e da peneiração e mistura dos cereais
utilizados no preparo de rações e ao ruído proveniente das máquinas e equipamentos
existentes na fábrica de rações, cujos níveis eram superiores aos limites de tolerância
estabelecidos pela legislação.

Embora a empregadora não tenha informado no formulário PPP, a parte autora


também esteve exposto a agentes biológicos provenientes do contato com aves e suínos
durante a realização de necropsias e visitas técnicas junto às granjas da empresa Perdigão
Agroindustrial S/A e dos parceiros criadores de aves e suínos vinculados à mesma.

Fazem prova dessa condição o Perfil Profissiográfico Previdenciário - PPP, o qual


não informa o fornecimento de equipamentos de proteção coletiva e/ou individual e o Laudo
Técnico Pericial, em anexo.

Os agentes causadores de doenças infectocontagiosas a que a parte autora esteve


sujeita ao contato durante a realização de necropsias estão descritos no Quadro Anexo ao
Decreto n° 53.831/64, Anexo 1 do Decreto n° 83.080/79 e Anexo 1V do Decreto n° 2.172/97,
que descrevem os seguintes agentes nocivos:

CAMPO DE APLICAÇÃO ANEXO CÓDIGO DISPOSIÇÃO LEGAL


AFAEÚNCULO, ERUCELA E TÉTANO(Operações industriais com 1.3.1 Dec. nº 53.831/64
animais ou produtos oriundos de animais infectados).
AFAEÚNCULO, ERUCELA E TÉTANO (Operações industriais com I 1.3.1 Dec. nº 83.080/79
animais ou produtos oriundos de animais infectados).
ANIMAIS DOENTES E MATERIAIS infecto-CONTAGIANTES I 1.3.2 Dec. nº 83.080/79
Preparação de soros, vacinas e outros produtos (trabalho I 1.3.3 Dec. nº 83.080/79
permanentes em laboratórios com animais destinados ao
preparo de soro, vacinas e outros produtos)
Microrganismos e parasitas infecciosos vivos e suas toxinas IV 3.0.1 Dec. nº 2.172/97

Cumpre mencionar que a especialidade do trabalho com exposição a agentes


biológicos não provém do desgaste à saúde em virtude da exposição aos elementos
prejudiciais, mas sim em razão do risco a que é submetido o trabalhador quando na execução
de suas atividades.
Durante todos os períodos laborados na empresa Perdigão Agroindustrial S/A, a
parte autora esteve exposto à associação de agentes nocivos a sua saúde, porque inafastáveis e
inerentes a execução das tarefas de sua responsabilidade.

De outra sorte, o Perfil Profissiográfico Previdenciário - PPP emitido pela


empregadora afirma que o contato da parte autora com agentes químicos e a exposição a
poeiras e ao ruído ocorria de modo habitual e intermitente.

Tal informação, no entanto, não pode servir de motivo para afastar o


reconhecimento da especialidade e a consequente conversão para comum do trabalho
prestado pela parte autora na referida empresa.

Aliás, os Tribunais Federais vêm consagrando o entendimento de que deve ser


reconhecida a especialidade no caso de exposição habitual e intermitente, eis que a
intermitência não retira a habitualidade no contato com os agentes nocivos, nem torna a
atividade nociva indene de riscos à saúde do trabalhador.

Este foi o entendimento adotado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região,


conforme se depreende do seguinte julgado:

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL. ATIVIDADE INSALUBRE. AUXILIAR DE MECÃNICO


DE TINTURARIA. PROVA PERICIAL. ENQUADRAMENTO NO DECRETO N° 83.080/79, ANEXO l,
CÓDIGOS 1.2.11 E 1.1.5.
1. Constatada pela perícia a exposição do obreiro aos produtos químicos utilizados na indústria
têxtil e a ruído Superior a 90 db, há de se fazer o enquadramento no Decreto n° 83.080/79, Anexo I,
Códigos 1.2.11 e 1.1.5, computando-se o tempo de serviço exercido como especial.
2. O fato de o contato com os agentes nocivos ser intermitente e não permanente não retira a
habitualidade pois a exposição era diuturna inerente às funções habituais que o autor exercia na
empresa Cotidianamente" (AC da 6ª T do TRF da 4ª R — AC 174095 — Rel. Juiz Luiz Carlos Lugon
— J 02/05/2000 - DJU 07/06/2000, pág. 416).

Dessa forma, considerando-se a legislação vigente à época em que o serviço foi


prestado, não se pode exigir a comprovação da exposição aos agentes nocivos, de forma
permanente, não ocasional e nem intermitente para o labor desenvolvido até 28.04.95.
Por outro lado, a parte autora possui Laudo Técnico Pericial relativo aos períodos
laborados na empresa Perdigão Agroindustrial S/A.

É importante referir que a legislação previdenciária considera a exposição ao ruído


acima de 80 decibéis como fator agressivo nos labores exercidos anteriormente a vigência do
Decreto n° 2.172, de 05 de março de 1997. E, posteriormente, o Decreto n° 4.882, de 18 de
novembro de 2003, modificou o código 2.0.1 do Anexo lV do Decreto n° 2.172/97, reduzindo de
90 decibéis para 85 decibéis os limites de tolerância ao ruído.

Portanto, é admitida como especial a atividade em que o segurado ficou exposto a


ruídos superiores a 80 decibéis até 05.03.97 e, a partir de então, acima de 85 decibéis, tendo
em vista o caráter social do direito previdenciário, que possibilita a aplicação retroativa da
disposição regulamentar mais benéfica.

Além da exposição ao ruído, a parte autora também esteve exposto a poeiras


decorrentes da peneiração e mistura dos cereais utilizados no preparo de concentrados. A
inalação de poeira de cereais, decorrente principalmente dos pelos e fungos existentes na
superfície dos grãos utilizados na fabricação de ração animal provocava tosse irritativa, espirro,
sensação de contrição torácica e sujeitava a parte autora ao risco de contrair dermatoses e
graves doenças pulmonares, como a pneumoconiose (doença decorrente da inalação habitual
de poeira de cereais).

Além disso, o código 1.2.10 do Quadro a que se refere o art. 2° do Decreto n°


53.831 /64 arrola tipos de poeiras cuja nocividade a saúde humana são semelhantes àquelas a
que a parte autora ficava exposto:

CÓDIGO CAMPO DE APLICAÇÃO SERVIÇOS E ATIVIDADES PROFISSIONAIS


I – trabalhos permanentes do subsolo em operações de corte,
Poeiras minerais nocivas furação, desmonte e carregamento nas frentes de trabalho.
Operações industriais com II – trabalhos permanentes em locais de subsolo afastados das
desprendimento de poeiras frentes de trabalho, galerias, rampas, poção, depósitos, etc.
1.2.10 capazes de fazerem mal à saúde – III – trabalhos permanentes a céu aberto – corte, furação
sílica, carvão, cimento, asbestos e desmonte e carregamento, britagem, classificação, carga e
talco. descarga de silos, transportadores de correias e teleférreos,
moagem, calcinação, ensacamento e outra.

Assim, pode ser aplicado o critério da presunção legal por sujeição a agentes
nocivos previstos nos decretos regulamentares para a caracterização do labor exercido pela
parte autora sob condições especiais.

Portanto, a prova técnica carreada aos autos demonstra plenamente o direito da


parte autora ao reconhecimento da especialidade dos períodos laborados sob condições
especiais na empresa Perdigão Agroindustrial S/A, seja pela efetiva comprovação de sua
exposição a agentes nocivos, seja pela presunção do exercício de atividade regularmente
prevista.

III – DO PEDIDO

Diante do exposto, requer a Vossa Excelência:

1. Conhecer do presente feito determinando as diligências necessárias;

2. A citação do INSS, na pessoa de seu representante legal (Procurador Autárquico),


o qual pode ser encontrado (endereço), para, querendo, contestar a presente ação, sob pena
de revelia e confissão;

3. Deferir a produção de provas elencadas no art. 212 do Código Civil, notadamente


a prova pericial para comprovar a exposição da parte autora a agentes prejudicais a saúde ou a
integridade física no período (especificar) na empresa (especificar). Para tanto, a parte autora
impugna os laudos ambientais (PPP e laudo técnico – especificar) posto que não refletem as
reais condições de trabalho.

4. Julgar procedente a presente ação rescisória, para o fim de rescindir o v. acórdão


hostilizado e proceder a reforma de seu resultado, para:
I – DECLARAR, suficientemente comprovado o exercício de atividade (especificar)
como tempo especial, assegurando o direito ao recebimento da aposentadoria especial;

II – CONDENAR, por consequência, o INSS a conceder a parte autora o benefício de


aposentadoria especial e com início na data da postulação administrativa (data);

5. Condenar o INSS a pagar a parte autora as prestações vencidas (data) e as


vincendas, corrigidos monetariamente, desde o vencimento de cada parcela até a data de sua
efetiva liquidação;

6. Pagar à parte autora os valores atrasados via RPV, respeitada a prescrição


quinquenal, com a correção monetária pelo IPCA desde o vencimento de cada parcela,
acrescida do índice integral da poupança (TR e juros), a contar da citação, conforme decidido
pela Primeira Seção do STJ, em julgamento submetido ao rito dos recursos repetitivos (Resp n.
1.270.439 - DJE 01-08-2013);

7. A condenação do INSS no pagamento das custas processuais e honorários


advocatícios no valor de 30% (trinta por cento) da condenação, em face das peculiaridades do
presente caso, sua complexidade e trabalho despendido pelos advogados que subscrevem a
presente;

8. A concessão do benefício JUSTIÇA GRATUITA, por  não ter a parte autora como
arcar com as custas processuais e honorários advocatícios sem prejuízo de seu sustento;

9. Requer-se, com base no art. 22, § 4º da Lei n.º 8.906/94, que, ao final da
presente demanda, caso sejam encontradas diferenças em favor da parte autora, quando da
expedição da RPV ou do precatório, os valores referentes aos honorários contratuais (contrato
de honorário em anexo) sejam expedidos em nome do presente procurador, assim como os
eventuais honorários de sucumbência;

Dá-se à causa o valor de (art. 292, §1º e 2 do novo CPC).

Pede deferimento.

Data....

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