Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RIO DE JANEIRO
Março de 2018
DIFERENTES ABORDAGENS NA DETERMINAÇÃO DO FATOR DE
SEGURANÇA DE UMA ESTRUTURA EM SOLO GRAMPEADO APLICADAS A
UM CASO REAL
Examinado por:
______________________________________________
Prof. Leonardo De Bona Becker - D.Sc. (Orientador).
______________________________________________
Prof. José Bernardino Borges - M.Sc. (Coorientador)
______________________________________________
Eng. Tiago Proto da Silva - M.Sc.
______________________________________________
Prof. Marcos Barreto de Mendonça – D.Sc.
RIO DE JANEIRO
Março de 2018
i
Kingma, Gabriel Ladeira
ii
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pelo dom da vida e por colocar pessoas tão especiais em meu
caminho.
Agradeço aos meus pais Victor e Cristina pelo amor incondicional e apoio em
todos os momentos. Obrigado por me ensinarem que nós somos o legado que deixamos
por aqui. Dedico este diploma a vocês, que me fizeram acreditar que a educação é o que
nos transforma. Obrigado por nunca terem poupado esforços para me ensinar que os
nossos valores são adquiridos pelo exemplo dentro de casa.
A todos os meus irmãos (Lívia, Larissa, Paula e Breno) pelos conselhos durante
essa caminhada e pela amizade incondicional. Devo agradecer em especial ao meu
irmão Breno, que juntamente com minha cunhada Natália e o meu afilhado Miguel,
foram minha família durante essa jornada longe de casa, tornando-a muito menos difícil.
Aos meus cunhados e amigos pela parceria e amizade ilimitada durante todos
esses anos.
iii
Diferentes abordagens na determinação do fator de segurança de uma estrutura em
solo grampeado aplicadas a um caso real
Março/2018
iv
Undergraduate Project’s abstract presented to Escola Politécnica/UFRJ as part of the
requirements for obtaining the title of Civil Engineer.
Different approaches in determining the safety factor of a soil nailing structure applied
to a real case
March/2018
The determination of the safety factor in the critical section was performed using
the Spencer Method, using computational software. The analyzes were made for soil
resistance parameters in two wet conditions (flooded and natural). The unit resistance at
the soil-clamp interface (qs) was adopted from two different approaches. In the first
approach was considered qs variable according to depth, as proposed by PROTO
SILVA (2005). Already in a second, a unique and constant qs was used. By comparing
the results between the two approaches, it was found that in one case, the mode of
rupture between the different approaches were different.
This work also presents a determination of the safety factor through the German
method (STOCKER et al, 1979), in which a hypothetical section of smooth and constant
slope was analyzed. In this section, the security analysis was also verified through the
Spencer method via commercial software. The results were compared and the analyzes
yielded discrepant results between the two methods. A second hypothetical section with
vertical face was also created, and for this section, the results between the methods were
closer.
Key words: Soil nailing, Pullout Test, Slope Stability, German Method, Spencer Method
v
Sumário
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1
2.1.1.2. Definição de Fator de Segurança pelo método do equilíbrio limite (FS) ................. 7
2.2.3.6.1. Tela métalica e/ou geomanta e/ou biomanta (caso revestimento flexível) ........... 22
vi
2.3. Mecanismo de interação solo-grampo ................................................................... 23
4.2.2. Verificação da proposta de proto silva (2005) por morais (2017) .......................... 56
vii
5.1. Fator de segurança admissível ................................................................................ 63
5.2.4. Análise de estabilidade via método de spencer (1967) - (𝒒𝒔 ∗∗∗) constante -
Condição inundada.................................................................................................................. 67
6. Conclusão ................................................................................................................ 85
7. Referèncias bibliográficas........................................................................................ 86
viii
LISTA DE FIGURAS
ix
Figura 30 - Vista do local da seção crítica do talude ( Fonte : Arquivo Pessoal ) ........................ 51
Figura 31 - Planta do local (Arquivo Pessoal) .............................................................................. 52
Figura 32 - Seção A-A - Seção crítica do talude ........................................................................... 52
Figura 33 - Envoltória de resistência - condição inundada (MORAIS, 2017)............................... 53
Figura 34 - Envoltória de resistência - condição de umidade natural (MORAIS, 2017) .............. 54
Figura 35 - Esquema de montagem do ensaio de arrancamento (MORAIS,2017) ..................... 55
Figura 36 - Locação dos grampos ensaios no talude (MORAIS, 2017) ........................................ 55
Figura 37 - Seção transversal do talude (MORAIS, 2017)............................................................ 57
Figura 38 - fator de carga 𝝀𝟏 ∗∗ x tensão normal atuante no grampo (MORAIS, 2017) ............ 59
Figura 39 -Cálculo de 𝑯𝒍𝒊𝒏𝒋. , 𝒎é𝒅. - Seção crítica do talude .................................................... 61
Figura 40 - Superfície crítica de ruptura para condições parâmetros de resistência de umidade
natural e 𝒒𝒔 ∗∗ variável .............................................................................................................. 64
Figura 41 - Superfície crítica de ruptura para parâmetros de resistência inundado e 𝒒𝒔 ∗∗
variável ........................................................................................................................................ 66
Figura 42 - Superfície crítica de ruptura para condições parâmetros de resistência de umidade
natural e 𝒒𝒔 ∗∗∗ constante ......................................................................................................... 67
Figura 43 - Superfície crítica de ruptura para parâmetros de resistência inundado .................. 68
Figura 44 - Seção hipotética do talude........................................................................................ 69
Figura 45 - Seção hipotética para o cálculo de 𝑯𝒍𝒊𝒏𝒋. , 𝒎é𝒅 ..................................................... 70
Figura 46 - Parametrização do talude ......................................................................................... 72
Figura 47 - Diagrama de Forças Método Alemão........................................................................ 74
Figura 48 - Superfície de ruptura pelo método Alemão - parâmetros de resistência de umidade
natural ......................................................................................................................................... 76
Figura 49 - Superfície de ruptura pelo método Alemão - parâmetros de resistência inundado 77
Figura 50 - Superfície crítica - Seção hipotética - parâmetros de resistência de umidade natural
..................................................................................................................................................... 78
Figura 51 - Superfície crítica - Seção hipotética - parâmetros de resistência inundado ............. 78
Figura 52 - Superfície de ruptura pelo método "alemão" - parâmetros de resistência inundado -
2ª seção hipotética - face vertical ............................................................................................... 81
Figura 53 - Superfície de ruptura pelo método "alemão" - parâmetros de resistência de
umidade natural - 2ª seção hipotética - face vertical ................................................................. 83
Figura 54 - Superfície de ruptura pelo método de método de Spencer - parâmetros de
resistência de umidade natural - 2ª seção hipotética - face vertical .......................................... 83
Figura 55 - Superfície de ruptura pelo método "alemão" - parâmetros de resistência inundado -
2ª seção hipotética - face vertical ............................................................................................... 84
x
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Fatores de segurança mínimos para deslizamentos (NBR 11682, 2009) ..................... 9
Tabela 2 - Nível segurança contra perda de vidas humanas (NBR 11682, 2009).......................... 9
Tabela 3 - Nível segurança contra danos materiais e ambientais. (NBR 11682, 2009) ................ 9
Tabela 4 - Premissa dos diferentes métodos de cálculo em solo grampeado (adaptado de
ORTIGÃO et al, 2003) .................................................................................................................. 40
Tabela 5 - Relação dos resultados dos ensaios realizados (MORAIS, 2017) ............................... 56
Tabela 6 - Resultados da estimativa de grampos do Grupo 1 (MORAIS, 2017) .......................... 58
Tabela 7 - Resultados da estimativa de grampos do Grupo 2 (MORAIS, 2017) .......................... 58
Tabela 8 - Resultados da estimativa de grampos do Grupo 3 (MORAIS, 2017) .......................... 58
Tabela 9 - Estimativa de 𝒒𝒔 ∗∗ pela proposta de PROTO SILVA (2005) para condição de
parâmetros de resistência de umidade natural .......................................................................... 62
Tabela 10 - Estimativa de 𝒒𝒔 ∗∗ pela proposta de PROTO SILVA (2005) para parâmetros de
resistência inundado ................................................................................................................... 62
Tabela 11 - Determinação de 𝒒𝒔 ∗∗ para a seção hipotética - parâmetros de resistência de
umidade natural .......................................................................................................................... 70
Tabela 12 - Determinação de 𝒒𝒔 ∗∗ para a seção hipotética - parâmetros de resistência
inundado ..................................................................................................................................... 70
Tabela 13 - Dados de entrada e saída para parâmetros de resistência de umidade natural -
Método "Alemão" ....................................................................................................................... 76
Tabela 14 - Dados de entrada e saída para parâmetros de resistência inundado - Método
Alemão ........................................................................................................................................ 77
Tabela 15 - Tabela de comparação - Seção hipotética - Método Alemão x Spencer.................. 79
Tabela 16 - Dados de entrada e saída para parâmetros de resistência de umidade natural -
Método "Alemão" - 2ª seção hipotética - face vertical e revestimento rígido ........................... 81
Tabela 17 - Dados de entrada e saída para parâmetros de resistência de inundado - Método
"Alemão" - 2ª seção hipotética - face vertical e revestimento rígido ......................................... 82
Tabela 18 - Tabela de comparação - 2ª Seção hipotética - Método Alemão x Spencer - Face
Vertical ........................................................................................................................................ 84
xi
1. INTRODUÇÃO
Talude pode ser conceituado como uma superfície de terreno que faz um dado
ângulo com a horizontal. Os taludes podem ser classificados de acordo com a sua
origem, podendo ser naturais ou originários de corte e/ou aterro. Como o talude possui
um desnível, está sujeito a escorregamentos.
1
No Brasil, a técnica de solo grampeado começou a ganhar notoriedade a partir
da década de 80, mas há relatos da utilização da técnica desde o início da década de 70.
O baixo custo comparado a outras técnicas de estabilização, boa adaptabilidade a
diversos tipos de geometria e de solos, elevada produtividade e o uso de equipamentos
de pequeno porte difundiu o seu uso pelo país (ORTIGÃO et al., 1993).
2
direto, buscou determinar os parâmetros de resistência do solo e, assim, avaliar a
proposta de PROTO SILVA (2005) que estima a resistência unitária na interface solo-
grampo (qs) através dos parâmetros de resistência do solo e das tensões normais
atuantes no grampo.
Este trabalho ainda tem como objetivo realizar uma comparação dos resultados
gerados pelo método de Spencer via software comercial e um método analítico de
dimensionamento de solo grampeado (Método Alemão). Para isso, foram criadas duas
seções hipotéticas. A primeira seção hipotética apresenta inclinação suave e constante,
já a segunda seção hipotética apresenta face vertical. Os principais resultados e as
principais diferenças entre os métodos serão comparadas e discutidas.
1.4. METODOLOGIA
3
estabilidade externa, pode-se considerar a estrutura de solo grampeado como um muro
de peso, aplicando as Teorias de Rankine e Coulomb.
4
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
5
serviço (ELS), que faz com que a estrutura seja comprometida em algum aspecto
funcional.
6
Figura 1 - Tensões cisalhantes mobilizadas e resistentes em uma massa de solo (GERSCOVICH,
2012)
Assim,
FS = res (1)
mob
Onde:
A tensão cisalhante resistente do solo, em termos de tensão efetiva, pode ser escrita pelo
método de Mohr-Coulomb como:
Onde:
7
u: Poropressão;
′ = − u (4)
c′ + ′ x tan ’
𝐹𝑆 = (5)
mob
Onde:
8
Tabela 1 - Fatores de segurança mínimos para deslizamentos (NBR 11682, 2009)
Tabela 2 - Nível segurança contra perda de vidas humanas (NBR 11682, 2009)
Tabela 3 - Nível segurança contra danos materiais e ambientais. (NBR 11682, 2009)
Solo heterogêneo;
Superfície irregular;
Distribuições de poropressões.
9
Figura 2 - Método das fatias (Notas de aula de Geotecnia Ambiental - Poli USP)
10
Os símbolos apresentados na Figura 4 representam:
Wi : Peso da fatia
i : Inclinação da base :
Conforme citado anteriormente, a base de cada fatia será representada por uma
reta em vez de uma curva, assim, a resultante da resistência ao cisalhamento mobilizada
ao longo da base de cada fatia será igual a:
𝑇𝑖 = τ x Δli (6)
11
Substituindo-se (6) em (5)
Como a resultante das tensões normais efetivas atuantes na base da fatia é igual a:
Ni = ′ Δli (8)
Logo:
c′ Δli + Ni x tan ’
𝑇𝑖 = (9)
FS
12
normais entre as fatias. Dentre esses métodos citados, os métodos de SPENCER (1967)
e MORGENSTERN & PRICE (1965) são considerados rigorosos, pois incluem em seus
cálculos todas as forças entre as fatias e satisfazem todas as equações de equilíbrio
estático.
Figura 4 - Forças Atuantes em uma Fatia no método de Spencer. (Adaptado de LAMBE &
WHITMAN, 1969)
Onde:
Wi : Peso da fatia
13
Ni : Resultante das tensões normais efetivas atuantes na base da fatia
i : Inclinação da base:
∑Fy = 0:
∑Fx = 0:
c ′Δli +tan Ø′
[ x ( Wi .cos 𝑖 −𝑈 𝑖 )−Wi .sen𝑖 ]
𝐹𝑆
𝑄𝑖 = tan Ø′
(17)
cos(𝑖 − ) x [1+ x tan(𝑖 − )]
𝐹𝑆
14
Entretanto, a força entre as fatias são forças internas da massa de solo (corpo rígido) e
se não houver forças externas ao talude, para garantir o equilíbrio global, assume-se
que:
∑𝑄𝑖 = 0
Além disso, supõe-se que Ni, Ui e Wi tem direções que passam pelo centro da
base. Como o somatório destas forças mais 𝑄𝑖 vale zero, então a direção de 𝑄𝑖 também
tem que passar pelo centro da base para que se tenha ΣM=0 na fatia. Como a massa
potencialmente instável é um corpo rígido, o momento das forças 𝑄𝑖 em relação a
origem deve ser nulo (se não houver forças externas), ou seja:
Arbitra-se
15
FS
FSm
FSf
Pode-se afirmar, então, que uma escavação de solo grampeado está para a
execução de túneis com revestimento flexível da mesma forma que a solução
convencional de túneis se compara a uma cortina ancorada (ORTIGÃO & SAYÃO,
2000).
16
brandas e posteriormente em solos com o nome de solo pregado ou solo grampeado
(“soil nailing”, em inglês; “clouage du sol”, em francês).
Figura 6 - Técnicas de execução de túneis com revestimento rígido (a) e flexível (b) (ORTIGÃO &
SAYÃO, 2000)
Solo grampeado é uma técnica que visa a reforçar o maciço através da inserção
de elementos semirrígidos resistentes a esforço de tração, cisalhamento e momento
fletor. A técnica é bastante eficaz no que diz respeito ao reforço do solo “in situ",
podendo ser aplicada em taludes naturais ou resultantes de processo de escavação,
conforme pode ser visto na Figura 7.
17
Figura 7 - (a) - Estabilização de taludes naturais e (b) - escavações (Georio, 2014)
Os grampos, em sua maioria, são feitos de aço com diâmetro variando entre 15 e
32mm e sua incorporação à face da estrutura pode ser feita de formas diversas,
conforme observado na Figura 8. Esses elementos de reforço são posicionados
horizontalmente ou sub-horizontalmente no maciço, de forma a introduzir esforços
resistentes de tração, cisalhamento e momentos fletores. Os grampos podem ser
inseridos no solo através de cravação ou executando pré-furos previamente a sua
montagem. (ORTIGÃO et al., 1993)
18
Figura 8 - Tipos de cabeças para grampos: (a) embutida na face por meio de dobra no aço; (b)
fixada por placa metálica, rosca e porca; (c) feixe de barras embutido na face por dobra (DIAS et
al., 2006) e (d) sem ancoragem (EHRLICH, 2003).
19
Figura 9 - Execução do solo grampeado por meio de escavação em bancadas e nichos alternados
(LAZARTE et al., 2003)
Liberação formal da(s) área(s) onde serão instalados os grampos no tocante à sua
locação e cotas, de acordo com o projeto;
2.2.3.3. PERFURAÇÃO
Posicionamento da perfuratriz;
20
Verificação da verticalidade e/ou ângulo de inclinação de acordo com as
condições de projeto;
A limpeza do furo pode ser realizada com água através de bombas hidráulicas ou
ar com a utilização de compressores.
2.2.3.4. ARMAÇÃO/MONTAGEM
2.2.3.5. INJEÇÃO
Proceder à injeção de baixo para cima até que a calda seja expulsa pela boca do
furo, formando a bainha.
21
1,5m da boca do furo. Para cada fase de injeção, deve-se considerar um tubo
perdido. (SPRINGER, 2006)
RÍGIDO)
Instalação de drenos curtos tipo barbacã para drenar a água entre a face do talude
e a parede de concreto projetado
22
Figura 11 - Execução de faceamento em concreto projetado ( Fonte : Arquivo Pessoal)
23
Figura 12 - Mecanismos de interação solo-reforço na estrutura de solo grampeado (Adaptado de
SHEAHAN & ALVARADO, 1996)
LIMA et al. (2003) verificaram que essa afirmativa só é válida para o caso de
grampos com ambas as extremidades livres, sem fixação à parede (grampos livres).
SPRINGER (2001) também concluiu que a distribuição das tensões no grampo varia
conforme a forma de fixação dos grampos à face. Nos grampos fixos, o ponto de tração
máxima fica próximo a face, já nos grampos livres, esse ponto é localizado no interior
do maciço.
24
Figura 13 - Mecanismos de estabilização do solo grampeado (EHRLICH & BECKER, 2009)
25
Figura 14: Arranjo geral de um ensaio de arrancamento (Adaptado de LAZART et al, 2003).
𝐹𝑚𝑎𝑥
𝑞𝑠 =
𝜋. 𝐷𝑓𝑢𝑟𝑜 . 𝐿𝑖𝑛𝑗.
onde,
26
Segundo o projeto CLOUTERRE (1991), os padrões utilizados para os ensaios
de arrancamento podem ser executados com deslocamento controlado (velocidade
constante) ou com força controlada.
O trecho livre deve ser executado de forma que não haja nenhuma aderência
entre a barra de aço e a calda de cimento, visto que a força de compressão que o
macaco exercerá sobre o paramento poderá causar efeitos de contorno
indesejáveis. A fundação GEO-RIO (2014) recomenda trecho livre de
aproximadamente 1m e trecho ancorado com 3m.
SOLO
27
em ensaios de campos. BUSTAMANTE E DOIX (1985) propuseram uma correlação de
𝑞𝑠 com a pressão limite do pressiômetro de Ménard. ORTIGÃO E PALMEIRA (1997)
apresentaram a correlação de 𝑞𝑠 e o número de golpes do ensaio SPT. PROTO SILVA
(2005) desenvolveu uma correlação semiempírica para obtenção de 𝑞𝑠 em função dos
parâmetros de resistência do solo, da interface solo/nata de cimento e da tensão normal
atuante no grampo.
𝑞𝑠 = 𝜏 = 𝜆1 . (𝑐 ′ 𝑎 + 𝜎𝑛 . 𝑡𝑔𝛿 ′ )
onde:
𝜏 – resistência ao cisalhamento;
𝜆1 – fator de carga;
𝑐 ′ 𝑎 – adesão da interface;
A equação anterior pode também ser escrita em função dos parâmetros de resistência do
solo (PROTO SILVA, 2005):
28
𝑞𝑠 = 𝜆1 . 𝛼. (𝑐′ + 𝜎𝑛 . 𝑡𝑔′)
onde:
𝜆1 – fator de carga;
𝛼 – coeficiente de interface;
𝑐′ – coesão do solo;
PROTO SILVA (2005) também apresenta um fator de carga (𝜆1 ) que depende de um
conjunto de condicionantes, tais como:
Fator de escala;
29
Figura 16: Fator de carga λ1 em função da tensão normal para o solo residual jovem de gnaisse
(PROTO SILVA, 2005).
PROTO SILVA (2005) realizou os ensaios em dois tipos de solo diferentes: solo
residual jovem e solo residual maduro. A Figura 16 apresenta a relação do fator de carga
com a tensão normal para o solo residual jovem de gnaisse. Em seu trabalho o autor
também realizou ensaio em solo residual maduro de gnaisse. A Figura 17 apresenta o
resultado do fator de carga (λ1∗ ) incorporando os resultados em solo residual maduro e
solo residual jovem em função da tensão normal.
Figura 17: Fator de carga λ1* em função da tensão normal para o solo residual de gnaisse,
incorporando os resultados do solo residual maduro e solo residual jovem (PROTO SILVA, 2005).
30
Para se expressar os parâmetros de resistência da interface em função dos
parâmetros de resistência do solo (c’ e ’), o autor utilizou um coeficiente de interface
(α) que pode ser definido como:
𝑐𝑎′ + 𝜎𝑛 𝑡𝑔𝛿 ′
𝛼= ′
𝑐 + 𝜎𝑛 𝑡𝑔′
Onde:
𝛼 – coeficiente de interface;
𝑐′ – coesão do solo;
Figura 18: Relação entre o coeficiente de interface (α) e a tensão normal. (PROTO SILVA, 2005).
31
Então, determina-se o fator de carga para solo residual de gnaisse (𝜆1∗ ) e o
coeficiente de interface (α). Em função desses parâmetros e dos parâmetros de
resistência do solo (𝑐 ′ , ′ ), é possível escrever a equação semiempírica de avaliação da
resistência do grampo ao arrancamento (𝑞𝑠 ) em função destes. (PROTO SILVA, 2005):
Onde:
𝛼 – coeficiente de interface;
𝑐′ – coesão do solo;
Como os grampos estudados pelo autor foram inseridos no talude como uma
determinada inclinação em relação ao plano horizontal, PROTO SILVA (2005)
determinou as tensões normais aos grampos através da utilização do círculo de Mohr,
que é a representação gráfica do estado de tensões atuantes em todos os planos passando
por um ponto (Figura 19)
De posse dos valores das tensões principais (σ1 e σ3) e tensões normal e de
cisalhamento nos planos vertical e horizontal, para cada metro de grampo, PROTO
SILVA (2005) traçou o círculo de MOHR para cada um desses pontos (Figura 19).
32
Figura 19 – Círculo de MOHR por PROTO SILVA (2005)
Sabe-se que todos os planos que passam pelo pólo interceptam o circulo de
Mohr no ponto correspondente à tensão normal e cisalhante que age sobre este mesmo
plano. Assim, passando-se um plano de inclinação igual a do grampo pelo pólo, pode-se
determinar as tensões normal e cisalhante atuantes sobre o grampo. (PROTO SILVA,
2005)
33
grampos em função da tensão atuante. Por fim, o autor determinou o valor da tensão
normal atuante no grampo como a média ponderada entre os valores de tensão normal a
cada metro de grampo.
Alguns outros autores, como FEIJÓ (2007), pontuam que a realização do pré-
furo provoca um alívio da tensão normal atuante nas paredes do furo. Desta forma, a
tensão normal atuante no grampo não seria dependente da profundidade. Segundo o
autor, as tensões normais atuantes nos grampos ensaiados são fortemente influenciadas
pelo efeito de ("interlocking"), em que há uma tendência de expansão promovida pela
mobilização do cisalhamento entre solo-grampo. Assim, essa tensão normal é de difícil
avaliação e não corresponde simplesmente a tensão geostática.
34
Figura 20 - Tipos de ruptura em uma estrutura de solo grampeado (SILVA, 2009).
35
Figura 21 - Ruptura interna por flexão e/ou cisalhamento dos reforços (ELIAS et al., 1993)
Figura 22 - Ruptura interna por esforços de tração nos reforços (ELIAS et al., 1993)
36
Sobrecarga posicionada no topo do muro, quando este não está dimensionado
para suportá-la. Esse tipo de ruptura foi verificado em um muro de solo
grampeado construído na Alemanha (STOCKER et al., 1979);
Figura 23 - Ruptura interna por falta de aderência na interface solo-reforço (ELIAS et al., 1993)
37
estrutura à condição de ruptura, os avanços da frente de escavação foram realizados com
alturas crescentes, conforme apresentado na Figura 24.
Na ocasião, para uma frente de escavação com altura de 3m, observou-se que o
efeito do arqueamento foi destruído, e a ruptura local propagou-se até o nível da
superfície. Assim, recomenda-se que as frentes de escavação devem ter altura inferior à
altura critica de escavação. (CLOUTERRE, 1991)
A ruptura externa de uma estrutura de solo grampeado faz com que este se
comporte como um bloco monolítico, que pode se romper ao longo de superfície de
ruptura (Figura 25a) ou deslizar através de sua base (Figura 25b). Esse tipo de ruptura
geralmente está associado a uma baixa capacidade do solo de fundação ou a um
comprimento insuficiente dos reforços na zona resistente (zona de ancoragem).
Outro tipo de ruptura que pode ser ocasionado é o processo por ruptura mista,
em que há uma falha interna e externa da estrutura (Figura 25-c). De forma análoga as
rupturas individuais, esse tipo de ruptura também está relacionado a um comprimento
insuficiente do reforço na zona resistente (zona de ancoragem) ou a uma baixa
resistência à tração do reforço. (SILVA, 2009).
38
Figura 25 - Diferentes tipos de ruptura em uma estrutura de solo grampeado (ELIAS et al., 2003)
39
Tabela 4 - Premissa dos diferentes métodos de cálculo em solo grampeado (adaptado de ORTIGÃO
et al, 2003)
MULTICRITÉRIO
40
A maioria dos métodos pressupõe uma superfície de ruptura dividida em uma
zona ativa e uma zona resistente. A linha que separa essas duas regiões é definida pelo
ponto de máxima força axial em cada grampo. Essa força é desenvolvida a partir do
deslocamento do solo, causado pela descompressão lateral. As análises de estabilidade
global são feitas considerando-se os esforços estabilizantes dos reforços atuando nessa
cunha ativa. Entretanto, os métodos de cálculo diferem entre si quanto à forma da
superfície de ruptura, ao método de cálculo do equilíbrio das forças atuantes e à
natureza das forças. (Zirlis et al., 2010).
41
2.7.1.1. SUPERFÍCIE DE RUPTURA
Figura 26 - Divisão dos blocos instáveis e suas respectivas forças, segundo o processo das cunhas
(CAMARGO, 2005)
Onde:
𝑾𝟏 : Peso da cunha 1
𝑾𝟐 : Peso da cunha 2
42
𝑻𝟏 = 𝑻 : Resultante da resistência dos grampos
K tan T
N1 = (W1+ Q1 + FS12 + N12 ) cos 1 − N12 sen 1 + sen (1 + ) (19)
C FS FST
K tan
N2 = (W2+ Q2 − FS12 − N12 ) cos 2 + N12 sen 2 (20)
C FS
43
K2 tan K tan
+ N2 = (W2+ Q2 − FS12 − N12 ) sen 2 − N12 cos 2 (21)
FSC FS C FS
K1 tan T K tan
FSC
+ N1 FS
+ FST
cos (1 + ) = (W1+ Q1 + FS12 + N12 FS
) sen 1 + N12 cos 1 (22)
C
Nas equações acima, percebe-se que há um único FSC e um único FS para as
duas cunhas, pois o método pressupõe que o solo é homogêneo. Já o FST é a razão entre
a tração mobilizável nos grampos e a tração necessária ao equilíbrio do sistema.
Carga de escoamento da barra (𝑇𝑒𝑠𝑐 , Equação 23) e força de arrancamento ou pull out
(𝑇𝑝𝑜 , Equação 24).
As . fy
𝑇𝑒𝑠𝑐 = (23)
sh
44
𝑞𝑠 . . 𝐷 . 𝑙𝑧𝑟
𝑇𝑝𝑜 (24)
sh
Onde:
D: Diâmetro do furo
Assim,
O valor total da tração total mobilizada pelos grampos será a soma da tração máxima de
cada grampo.
Tg = ∑n∗
1 tg (26)
Onde:
Adotar que a resistência à tração dos grampos será totalmente mobilizada, com
FST = 1. Já para a resistência do solo, considerar os dois fatores de segurança
parciais como sendo iguais (FSC = FS ).
45
2.7.2. DIMENSIONAMENTO VIA SOFTWARE DE ESTABILIDADE DE TALUDES
46
grampo (𝑙𝑧𝑟 ) atravessar ou se será distribuída ao longo de todas as fatias que a porção
resistente do grampo (𝑙𝑧𝑟 ) atravessar
𝐶𝑎𝑝𝑎𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑎 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎
𝑇𝑒𝑠𝑐 = (27)
sh 𝑥 𝑅𝑅𝐹
𝑞𝑠 . . 𝐷 . 𝑙𝑧𝑟 ∗
𝑇𝑝𝑜 (28)
sh 𝑥 𝑅𝐹
Onde:
47
sh : Espaçamento horizontal dos grampos
Assim,
O valor total da tração total mobilizada pelos grampos será a soma da tração máxima de
cada grampo.
Tg = ∑n1 t g (30)
Onde:
48
O software representa o comportamento dos grampos de forma gráfica. Para esta
superfície de ruptura representada na Figura 28, os diversos comportamentos de cada
grampo mostrados pelo software são listados abaixo.
5º grampo – Grampo representado por uma linha preta contínua e o trecho além
da superfície de ruptura é envolto por uma linha contínua vermelha. Para esta superfície
de ruptura, essa consideração significa que o comprimento de ancoragem na zona
resistente foi insuficiente e o grampo rompeu por arrancamento, não atingindo a
capacidade da barra(carga de escoamento).
6º grampo – Grampo representado por uma linha preta tracejada e uma porção
do trecho além da superfície de ruptura é envolto por uma linha contínua vermelha. A
ruptura do grampo foi por escoamento da barra e a linha contínua vermelha indica qual
o comprimento de ancoragem na zona resistente foi suficiente para mobilizar a carga de
escoamento da barra.
Para esse caso, como o Trecho 1 foi menor do que o Trecho 2, a força de
arrancamento no comprimento embutido na região ativa é menor do que aquele que
corresponde ao comprimento da região resistente. Dessa forma, a resistência mobilizada
pelo grampo com sentido contrário ao da movimentação da massa de solo foi a
proveniente do Trecho 1.
49
3. DESCRIÇÃO DO CASO ESTUDADO
Figura 29 - Vista do local mostrando seção crítica e região estudada por MORAIS (2017)
50
Figura 30 - Vista do local da seção crítica do talude ( Fonte : Arquivo Pessoal )
O croqui da seção crítica foi obtido com o auxílio do software comercial Civil
3D, na qual foi utilizada uma planta topográfica do local (Figura 31). A sobrecarga
resultante da edificação de três andares foi estimada como 30kPa através da fórmula
preliminar de 10kPa por pavimento.
51
Escala- 1:600
52
4. PARÂMETROS DE RESISTÊNCIA
120
100
Tensão cisalhante (kPa)
y = 0,5411x + 11,579
80 R² = 0,9989
60
40
20
0
0 20 40 60 80 100 120 140
Tensão normal (kPa)
53
160
140
y = 0,6767x + 28,682
R² = 0,989
120
80
60
40
20
0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
Tensão normal (kPa)
54
Figura 35 - Esquema de montagem do ensaio de arrancamento (MORAIS,2017)
55
𝐹𝑟𝑢𝑝
𝑞𝑠 =
𝜋. 𝐷𝑓𝑢𝑟𝑜 . 𝐿𝑖𝑛𝑗.
Onde,=:
Força axial
Grampo Linj. (m) qs (kPa) Tipo
máx. (kN)
01 3,0 66,5 94,1 R
02 3,0 66,5 94,1 L
03 3,0 61,4 86,9 A
04 3,0 92,1 130,3 R
05 3,0 76,8 108,6 L
06 3,0 107,5 152,1 L
07 3,0 138,2 195,5 R
08 3,0 87,0 123,1 L
09 3,0 76,8 108,6 A
10 3,0 102,4 144,9 A
(2017)
Onde:
56
𝑞𝑠∗ – resistência unitária na interface solo grampo estimada pela proposta do autor;
𝛼 – coeficiente de interface;
𝑐 – coesão do solo;
57
por PROTO SILVA (2005) não tiveram fase de reinjeção. Dessa forma, MORAIS
(2017) apresentou um resumo das resistências unitárias na interface solo-grampo
(qs(SRJ)σn,méd*) obtidas pela proposta de PROTO SILVA (2005), comparadas com as
resistências unitárias na interface solo-grampo obtidas em campo (𝑞𝑠 ), que são
apresentadas a seguir nas Tabelas 6, 7 e 8.
58
carga 𝜆1∗∗ e uma nova relação fator de carga 𝜆1∗∗ x tensão normal atuante no grampo, que
é apresentada na Figura 38.
GRAMPO (𝐪𝐬 )
Como pode ser observado na Figura 29, a seção do talude considerada crítica por
este trabalho apresenta uma sobrecarga resultante de uma edificação de três andares,
diferente da seção estuda por MORAIS (2017), que não apresentava sobrecarga. Assim,
pela proposta de PROTO SILVA (2005), considera-se que a resistência unitária na
interface solo-grampo (𝑞𝑠 ) será maior na seção crítica, já que as tensões normais
atuante nos grampos são maiores.
59
Em uma segunda abordagem, será considerado um valor de 𝑞𝑠 único,
independente da profundidade do grampo, conforme defendido por CARTIER &
GIGAN (1983) e MITCHELL & VILLET (1987). Como o objetivo é realizar uma
comparação entre as duas abordagens, busca-se um 𝑞𝑠 único que traduza em uma
mesma soma das forças de arrancamento de cada grampo ( ∑n1 t g ) obtida na primeira
abordagem. Dessa forma, poder-se-ia avaliar com mais exatidão a influência da
consideração de 𝑞𝑠 único ou variável. Uma forma de conseguir este 𝑞𝑠 único seria
calcular a média ponderada de 𝑞𝑠 com os comprimentos dos trechos resistentes dos
grampos (𝑙𝑧𝑟 ). Todavia, essa consideração seria complexa e de difícil aplicação. Assim,
de maneira a simplificar o problema, será considerada uma média aritmética dos 𝑞𝑠∗∗
utilizados na primeira abordagem.
∑n ∗∗
1 𝑞𝑠
𝑞𝑠∗∗∗ = 𝑛∗∗
Onde:
60
onde:
61
Tabela 9 - Estimativa de 𝒒𝒔 ∗∗ pela proposta de PROTO SILVA (2005) para condição de
parâmetros de resistência de umidade natural
62
5. ANÁLISE DE ESTABILIDADE DO TALUDE
63
Dessa forma, para uma barra de aço CA-50 de diâmetro 16mm, chega-se a uma
capacidade de carga da barra de 87,4 kN, que deve ser dividida pelo espaçamento
horizontal dos grampos, de forma a obter um valor de carga por metro de obra.
Destaca-se que, para esta superfície, ocorreu uma ruptura do tipo mista,
apresentando modos de ruptura diferentes. Considerando a linha de grampo superior
como a 1ª, as quatro primeiras linhas de grampo não contribuíram com qualquer tipo de
resistência, tendo em vista que não atravessam a superfície de ruptura. Já as três últimas
64
linhas apresentam três formas de ruptura distintas, conforme pode ser observado na
Figura 40.
65
Figura 41 - Superfície crítica de ruptura para parâmetros de resistência inundado e 𝒒𝒔 ∗∗ variável
66
Figura 42 - Superfície crítica de ruptura para condições parâmetros de resistência de umidade
natural e 𝒒𝒔 ∗∗∗ constante
67
O fator de segurança (FS) encontrado nesse caso foi próximo ao da 1ª
abordagem. Todavia, o modo de ruptura desta abordagem foi diferente do modo de
ruptura da abordagem com (𝑞𝑠∗∗ ) variável. Como a primeira abordagem propõe que o
𝑞𝑠∗∗ é proporcional a tensão normal atuante no grampo, o seu valor aumenta com a
profundidade. Assim, o valor de 𝑞𝑠 para as quatro últimas linhas são maiores na
primeira abordagem. Dessa forma, nessa segunda abordagem, uma menor resistência
unitária na interface solo-grampo na 6ª linha de grampo fez com que esta mobilizasse a
força de arrancamento na zona ativa antes do escoamento da barra, diferente do que
ocorreu com esta linha de grampo na 1ª abordagem. Outra diferença foi que a superfície
crítica aproximou-se da face, atingindo a 3ª linha de grampo, diferente da 1ª abordagem
quando esta ficou contida na zona ativa. Ressalta-se que, nesse talude específico, a
alteração do modo de ruptura destes grampos não apresentou mudanças significativas
no fator de segurança (FS), entretanto, em outras geometrias de talude, os resultados
poderiam apresentar diferenças mais acentuadas.
68
5.3. SEÇÃO HIPOTÉTICA - ANÁLISE DE ESTABILIDADE VIA MÉTODO ALEMÃO
Para fins de contribuição científica, será feito uma análise da segurança contra a
ruptura do talude objeto deste estudo via método Alemão (Stocker et al., 1979). Os
resultados serão posteriormente comparados com os gerados método de Spencer (1967)
via software comercial.
69
Figura 45 - Seção hipotética para o cálculo de 𝑯𝒍𝒊𝒏𝒋.,𝒎é𝒅
Os valores de 𝑞𝑠∗∗ para cada linha de grampo são apresentados nas Tabelas 11 e
12 a seguir. Da mesma forma do item anterior, as análises serão feitas para os
parâmetros de resistência do solo em condições de umidade natural e inundado.
natural
70
5.3.1. SEÇÃO HIPOTÉTICA - ANÁLISE DE ESTABILIDADE VIA MÉTODO
71
LSUPERIOR CUNHA 1
𝐵
CUNHA 2 12
ZAB
2
CUNHA 1
A
1
LINFERIOR CUNHA 1
2
Q12 = K a x [ (0,5 . solo . ZAB ) + (ZAB . q )]
Onde:
72
q : Sobrecarga atuante no topo da cunha 2.
𝑠𝑒𝑛² (90 + )
K a : Coeficiente de empuxo ativo: =
𝑠𝑒𝑛(2) 𝑥 𝑠𝑒𝑛()
𝑠𝑒𝑛 (90 − ) 𝑥 [ 1 + √ ]²
𝑠𝑒𝑛(90 − )
11 - Calcula-se a resistência disponível por grampo, que será o menor valor entre as
seguintes equações, conforme detalhado no capítulo 2 e que serão reapresentadas a
seguir. A carga de escoamento do aço será minorada utilizando o coeficiente de
segurança típico do aço ( s ).
As . fy
sh .s
𝑞𝑠 . .𝐷 . 𝑙𝑧𝑟
sh
Onde:
D: Diâmetro do furo
Assim,
As .fy 𝑞𝑠 . .𝐷 . 𝑙𝑧𝑟
t g = menor ( s , ) (25)
h .s sh
O valor total da tração total mobilizada pelos grampos será a soma da tração máxima de
cada grampo.
Tg = ∑ t g
73
Figura 47 - Diagrama de Forças Método Alemão
Onde:
Q12 : Empuxo ativo atuante da cunha 1 sobre a cunha 2 (Direção igual ao ângulo de
atrito do solo )
74
14 - Após o diagrama estar completo, é possível calcular os módulos das forças N1 e
TMOB de forma gráfica, já que estas forças estão parametrizadas como retas. De posse
desses dados, o fator de segurança é calculado através dos seguintes passos:
75
Tabela 13 - Dados de entrada e saída para parâmetros de resistência de umidade natural - Método
"Alemão"
76
Tabela 14 - Dados de entrada e saída para parâmetros de resistência inundado - Método Alemão
77
premissas que foram utilizadas na 1ª abordagem para a seção considerada crítica. Dessa
forma, os resultados poderão ser discutidos e comparados em uma mesma base, já que
terão a mesma geometria e condicionantes. As superfícies críticas geradas pelo software
seguem abaixo nas Figuras 50 e Figura 51.
78
Os resultados de ambos os métodos são comparados através da Tabela 15.
Percebe-se que os resultados deram uma diferença elevada, chegando a uma diferença
de valores de FS 276,65% para o caso de parâmetros de resistência inundados e
190,18% para o caso de parâmetros de resistência de umidade natural.
79
força de arrancamento ser mobilizada no trecho do grampo entre o faceamento e a
superfície de ruptura. Este modo poderia ser crítico no caso em que o comprimento do
trecho embutido na cunha é menor do que aquele trecho que corresponde ao
comprimento inserido na região resistente. Essa condição é prevista pelo software
comercial, pois para o cálculo da força de arrancamento, é utilizado o comprimento do
menor dos dois trechos. Esse caso foi observado no 7º grampo da superfície de ruptura
para a condição de parâmetros de resistência inundado (Figura 51).
Visando a aferir se o método alemão traz resultados mais confiáveis para estas
condições, será analisada uma 2ª seção hipotética, com o solo considerado homogêneo,
H=8,3m , =90, =15º, grampos com 6m de comprimento e estrutura com face rígida.
Através dessa 2ª seção, serão gerados resultados através dos dois métodos (Spencer e
"Alemão"). Assim como na 1ª seção hipotética, as análises serão feitas para condições
de parâmetro de resistência de umidade natural e inundado, mantendo-se todas as outras
considerações do item anterior.
80
Tabela 16 - Dados de entrada e saída para parâmetros de resistência de umidade natural - Método
"Alemão" - 2ª seção hipotética - face vertical e revestimento rígido
81
Os dados de entrada do programa e os resultados pelo método alemão para as
condições de parâmetro de resistência inundado seguem na Tabela 17.
82
Figura 53 - Superfície de ruptura pelo método "alemão" - parâmetros de resistência de umidade
natural - 2ª seção hipotética - face vertical
83
Figura 55 - Superfície de ruptura pelo método "alemão" - parâmetros de resistência inundado - 2ª
seção hipotética - face vertical
Tabela 18 - Tabela de comparação - 2ª Seção hipotética - Método Alemão x Spencer - Face Vertical
84
6. CONCLUSÃO
Outro objetivo deste trabalho foi avaliar a diferença entre os resultados gerados
por um método de dimensionamento analítico de solo grampeado e um método
computacional. Dessa forma, os resultados do método analítico alemão (STOCKER et
al, 1979) foram comparados com os gerados por um software comercial via método de
Spencer (1967). As análises mostraram que, para este caso específico, os resultados
foram bem discrepantes, sendo os resultados gerados pelo método Alemão contra a
segurança. Em outra análise, verificou-se que um talude hipotético de face vertical
apresentou uma diferença muito menor entre os resultados do software computacional e
os do método Alemão. Dessa forma, sugere-se que não se deve utilizar o método alemão
para taludes que não apresentem face vertical ou subvertical.
Outra sugestão para pesquisas futuras seria uma normatização dos métodos de
dimensionamento de solo grampeado, bem como a padronização dos ensaios de
arrancamento.
85
7. REFERÈNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BISHOP, A. W., 1955, The Use of the Slip Circle in the Stability Analysis of Earth
Slopes, Geotéchnique, vol. 5, n.1, pp. 7-17.
BUSTAMANTE, M., DOIX, B. 1985, Une Méthode Pour le Calcul dês Tirants et
dês Micropieux Injectées, Boletim de Laboratório de Pontes e Estradas, Paris, França.
CARTIER, G.; GIGAN J. P., 1983, Experiments and observations on soil nailing
structures. Proceedings of the 8th European Conf. on S.M.F.E, Helsinki, Vol. 2, p. 473-
476.
CRISTOPHER, B., GILL, S., GIROUD, J., et al., 1988, Reinforced Soil Strucutures
Volume 2. 1 ed. Departament of Transportation Federal Highway Administration
(FHWA).
DUNCAN, J. M., WRIGHT, G.S., 2005, Soil Strength and Slope Stability. 1 ed. John
Wiley & Sons, Inc.
EHRLICH, M., BECKER, L.B. 2009, Muros e Taludes de Solo Reforçado. 1 ed.
Oficina de Textos.
86
EHRLICH, M., 2003, Solos grampeados – comportamento e procedimentos de
análise. In: Anais do Workshop sobre Solo Grampeado – Projeto, Execução,
Instrumentação e Comportamento, pp. 127-137, São Paulo, Outubro.
ELIAS, V; LAZAERT, C.A & ESPINOZA, D., 2003, Soil Nail Walls. In: Geotechnical
Engineering Circular-7, Departament of Transportation Federal Highway
Administration (FHWA), 460p.
FELLENIUS, W., 1936, Calculation of the Stability of Earth Dams, Trans. 2nd
Congress on Large Dams (Washington), 4, pp.445.
GÄSSLER, G.; GUDEHUS, G., 1981, Soil nailing – some aspects of a new
technique. In: International Conference on Soil Mechanics and Foundation
Engineering, 10., Estocolmo, 1981. Anais. Estocolmo: ISSMFE, 1981. p. 665-670.
JANBU, N., 1973, Slope stability computations. 1ed. Casa grande memorial,
LAMBE, T. W., WHITMAN, R. V., 1969. Soil Mechanics. 1 ed. John Wiley & Sons
Inc.
LAZARTE, C. A., ELIAS, V., ESPINOZA, R. D., SABATINI, P. J., 2003, Soil nail
walls. Departament of Transportation Federal Highway Administration (FHWA).
87
LIMA, A. P.; GERSCOVICH D. M. S.; SAYÃO, A. S. F. J., 2003, Deformability
Analysis of Nailed Soil Slopes, 12th Panamerican Conference for Soil Mechanics and
Geotechnical Engineering, ISSMGE, Boston, USA, Session 4.4, pp. 2127- 2132.
MORGENSTERN, N.R., PRICE, V.E. 1965. The Analysis of the Stability of General
Slip Surfaces. Géotechnique, 15, pp.79–93.
ORTIGÃO, J. A. R.; PALMEIRA, E. M.; ZIRLIS, A., 1997, Optimised design for soil
nailed walls. Proceedings of 3rd lnt. Conf. on Ground lmprovement Geosystems,
London, T Telford, pp. 368-374..
ORTIGÃO, J.A.R., ZIRLIS, A. & PALMEIRA, E. M., 1993, Experiência com solo
grampeado no Brasil 1970-1993. Revista Solos e Rochas, ABMS, v. 16, n. 4, pp. 291-
304, Dezembro.
PITTA, C. A.; SOUZA, G. J. T.; ZIRLIS, A. C., 2003, Solo grampeado: alguns
detalhes executivos – ensaios – casos de obras. In: solo grampeado – projeto,
execução, intrumentação e comportamento. São Paulo, 2003. São Paulo: ABMS, 2003.
p. 1-20.
88
PROTO SILVA, T., 2005, Resistência ao Arrancamento de Grampos em Solo
Residual de Gnaisse. Tese de M.Sc., DEC/PUC-Rio
SCHLOSSER, F.; UNTERREINER, P., 1990, Soil nailing in France – Research and
Practice, Proceeding of first international seminar on soil mechanics and
foundation engineering of Iran, Iranian Geothecnical Society, 1990. Iran, v. 2, pp.
436-468.
SHEAHAN, T.C. & ALVARADO, I., 1996, A New Experimental Device for
Determining Reinforcement Mechanisms in Soil Nails. In: International Symposium
on Earth Reinforcement, Proceedings, p. 145-150.
SILVA, J. C. da; VARGAS JR., E. A.; VAZ, L. E., 2001, Anais do Simpósio de
Informática em Geotecnia, INFOGEO 2001, Associação Brasileira de Mecânica dos
Solos, 2001. CD-ROM.
STOCKER, M. F.; KORBER, G.W.; GASSLER, G.; GUDEHUS, G., 1979, Soil
nailing: loutage du sol. In: Proceedings of the International Conference on Soil
Reinforcement: reinforced earth and other techniques, Ecole des Ponts et Chaussées, v.
2, pp. 463-474, Paris, France.
89
UNTERREINER, P.; SCHLOSSER F.; BENHAMIDA B., 1995, Calculation of the
displacements of a full scale experimental soil nailed wall. French National Research
Project Clouterre, The Practice of Soil Reinforcing in Europe: a symposium held under
the auspices of the IGS at the Institution of Civil Engineers, 18th. 1995, 20p.
90