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GRAMPEADO
Rio de Janeiro
Março de 2015
ANÁLISE DO FATOR DE SEGURANÇA DE UM MURO DE
SOLO GRAMPEADO
Examinado por:
ii
Campos, Thiago Duarte Gisbert
iii
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.
Março/2015
com “Solo grampeado”, onde são abordados os elementos que o constitui e um método
para o seu dimensionamento. A partir de uma obra de solo grampeado realizada em Juiz
iv
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of
the requirements for the degree of Civil Engineer.
March/2015
This work describes particularities of the stability technique known as “Soil Nailing”,
where are approached its elements, with a design method. From a construction of Nailed
Slope realized in Juiz de Fora, Minas Gerais, the safety factor of the project is
determined.
For the determination of soil parameters, trials in laboratory were realized, including
characterization, drained triaxial shear test and filter paper test. These trials are
v
Sumário
1. Introdução.................................................................................................................. 5
2. Revisão bibliográfica................................................................................................. 6
2.1. Solo grampeado ..................................................................................................... 6
2.1.1. Histórico............................................................................................................. 6
2.1.2. Aspectos gerais .................................................................................................. 7
2.1.3. Procedimentos de execução do solo grampeado ................................................ 9
2.1.4. Drenagem ......................................................................................................... 16
2.1.5. Grampos verticais ............................................................................................ 18
2.2. Resistência ao cisalhamento dos solos ................................................................ 19
2.3. Curva de sucção característica............................................................................. 19
2.3.1. Equação de Fredlund e Xing: ........................................................................... 21
2.3.2. Equação de Van Genuchten ............................................................................. 22
2.4. Sistema de classificação do solo.......................................................................... 23
2.5. Método de dimensionamento por equilíbrio limite ............................................. 26
2.5.1. Método do U.S. Forest Service ........................................................................ 26
2.5.2. Estabilidade externa ......................................................................................... 29
2.5.2.1. Deslizamento ................................................................................................ 30
2.5.2.2. Tombamento................................................................................................. 31
3. Ensaios de laboratório ............................................................................................. 32
3.1. Caracterização ..................................................................................................... 32
3.2. Limite de liquidez ................................................................................................ 34
3.3. Limite de Plasticidade ......................................................................................... 36
3.4. Ensaio de resistência ao cisalhamento drenado (triaxial) .................................... 37
3.5. Ensaio de Papel Filtro .......................................................................................... 40
4. Resultado dos ensaios.............................................................................................. 43
4.1. Caracterização do solo ......................................................................................... 43
4.1.1. Curva granulométrica ...................................................................................... 43
4.1.2. Limite de liquidez ............................................................................................ 44
4.1.3. Limite de plasticidade ...................................................................................... 45
4.1.4. Classificação do solo ....................................................................................... 45
4.2. Resistência ao cisalhamento (triaxial CD) .......................................................... 46
4.3. Curva característica ............................................................................................. 50
5. Estudo de caso: Analise do muro de solo grampeado ............................................. 52
5.1. Localização .......................................................................................................... 52
5.2. Características geométricas do muro ................................................................... 53
1
5.3. Verificação do fator de segurança ....................................................................... 55
5.3.1. Parâmetros geotécnicos adotados .................................................................... 55
5.3.2. Tensão horizontal ............................................................................................. 56
5.3.3. Estabilidade interna.......................................................................................... 58
5.3.3.1. Tração máxima nos grampos........................................................................ 58
5.3.3.2. Ruptura do grampo ....................................................................................... 61
5.3.4. Estabilidade externa ......................................................................................... 62
5.3.4.1. Deslizamento ................................................................................................ 62
5.3.4.2. Tombamento................................................................................................. 62
5.3.4.3. Estabilidade global do talude ....................................................................... 63
6. Conclusão ................................................................................................................ 65
7. Referências bibliográficas ....................................................................................... 66
2
Índice de figuras
4
1. Introdução
A técnica conhecida como solo grampeado consiste na cravação de grampos
uma massa de solo por meio dos grampos, de forma que o conjunto de solo afetado por
necessária.
Datada por volta da década de 70, quando se iniciou esse método, o mecanismo
estudo de obra realizada com essa técnica, onde será avaliado o fator de segurança
ensaios de laboratório.
feitos ensaios triaxiais drenados, ensaio de papel filtro e caracterização das amostras
5
2. Revisão bibliográfica
2.1.1.Histórico
O solo grampeado tem origem na técnica de escavação de túneis NATM (New
Austrian Tunneling Method), onde para obter a estabilização da galeria suas paredes
6
Em 1979 aconteceu em Paris o primeiro simpósio sobre solo grampeado, o que
permitiu a troca de ideias e atualização dos estudos que estavam sendo desenvolvidos.
a realização de obras de contenção, que são largamente descritas em ZIRLIS & PITTA
2.1.2.Aspectos gerais
Solo grampeado é uma solução de estabilização para taludes naturais, artificiais
podendo ser feito de forma rígida, com concreto, ou apenas com o intuito de proteção,
modo que ocorra a formação de uma região plástica, que é contida pelos reforços
7
externa. Diferem dos tirantes, conforme descrito na ABNT NBR 5629, por não
utilizam reforços metálicos, como é o caso da terra armada. O princípio da terra armada
a) Taludes naturais
8
Figura 3 - Aplicação de solo grampeado em taludes de corte (SILVA,2010)
c) Escavações
formas diversas de execução. Para o caso de corte no talude natural, que é o caso de
Figura 5.
9
a) Escavação por faceamento de uma pequena altura do talude final.
b) Abertura de furos
Após a perfuração, o furo é lavado para a retirada de material solto, o que pode
ser feita com água, ar ou lama betonítica. Dispensa-se a lavagem caso o furo seja feito
betonítica para evitar o rompimento do furo pode ser adotada, mas cuidados devem ser
tomados para que a lama não interfira no atrito entre o solo e o sistema de grampos.
Normalmente, a lavagem da cavidade com calda de cimento evita esse efeito, mas é
10
Figura 6 – Abertura de um furo para introdução dos grampos
A próxima etapa é a instalação das barras metálicas, que são tratadas contra a
das barras no furo são utilizados dispositivos ao longo da barra conhecidos como
Esse processo não pode ser interrompido no meio e a calda de cimento deve preencher
todo o furo. Antes de iniciado esse processo, as barras metálicas já devem estar prontas
para, assim que finalize a introdução da calda, elas possam ser posicionadas.
diâmetro que são utilizadas para outra aplicação de calda de cimento, desta vez
não é vista como obrigatória, mas certamente é recomendada, segundo HACHICH et al.
(2002), pois é uma técnica que garante um melhor preenchimento do furo e melhor
11
adesão com o solo. São introduzidas mangueiras com válvulas de injeção espaçadas de
práticas)
chumbador.
- Mede-se a pressão necessária para injeção daquele volume. Mesmo não sendo
- Observa-se que as pressões poderão ser muito baixas ou até nulas. Neste caso,
poderão ser necessárias mais fases de injeção, portanto uma nova montagem das
12
- Executor e projetista analisam os dados e definem a continuidade ou ajuste
deste procedimento.
e) Aplicação de revestimento
projetado. Porém, nada impede utilizar revestimentos menos rígidos como telas
obra. As tensões mobilizadas ao longo dos grampos são variadas ao longo de sua
extensão, e a carga na sua cabeça se apresenta muito pequena ou até mesmo nula. Por
isso, é aplicado um revestimento com uma rigidez baixa quando comparamos com o
13
A aplicação de um revestimento menos rígido é explicada também pelo princípio
ruptura da parede.
O concreto projetado pode ser executado pela via úmida ou pela seca, onde essa
última é a mais usual segundo HACHICH et al. (2002). O concreto projetado pela via
seca recebe esse nome, pois a mistura de agregados e cimento recebe a adição de água
para a cura somente no bico de projeção, enquanto que na via úmida o concreto é
Figura 9 – Arranjo de concreto projetado por via seca (HACHICH et al. ,2002)
(2002), para “armar” a parede. As fibras são adicionadas junto à betoneira e podem ser
compostas por metal ou material sintético. “A presença das fibras produz concreto
extremamente tenaz com baixa permeabilidade” (HACHICH et al., 2002). Como mostra
a Figura 10.
14
Figura 10 – Comparativo entre a tenacidade do concreto com fibra e sem fibra
irregular do corte.
concreto devido a sua deformação irão aparecer. Essas rachaduras não representam um
largura. A profundidade não precisa ser a espessura total do concreto, podendo variar
entre 3 a 6 centímetros. O espaçamento horizontal das juntas pode variar entre duas a
15
Figura 11 – Exemplo de junta vertical (HACHICH et al. ,2002)
forem instalados, o processo é repetido para a linha seguinte até que se alcance a
2.1.4.Drenagem
O sistema de drenagem tem como objetivo captar e direcionar o fluxo de água
que vai de encontro ao muro, de forma a evitar que ela exerça pressão excessiva na
que atuam para evitar erosões na superfície do muro, e que possam provocar defeitos na
de PVC furado ou com ranhuras ao longo do seu comprimento, que capta a água do
lençol freático e a conduz para fora da parede do muro, como mostra a Figura 12.
Quando o DHP é formado por furos, é preciso que telas ou mantas de geotêxtil sejam
16
que tornaria o dreno inoperante. Se o DHP for composto de ranhuras não é necessário o
Outro dispositivo muito utilizado que alivia a pressão imposta pela água na
parede do muro é o dreno curto, mais conhecido como barbacã. Esse tipo de dreno é
composto por um tubo curto de PVC, revestido com geotêxtil, que é preenchido com
solo granular para evitar o seu entupimento por material mais fino.
o lençol freático não está presente junto ao muro. Isso porque existe sempre a
17
possibilidade de ocorrer vazamento em redes de esgoto ou água, o que é muito comum,
(2002), para que esse dispositivo mantenha a sua funcionalidade e deve ser realizada
anualmente. Ela é feita por meio de um êmbolo que deve possuir quase o mesmo
diâmetro do tubo do DHP. Após o êmbolo chegar ao fundo do dreno é bombeado água
para dentro dele. Então, ele é removido, mantendo a injeção de água constante e
2.1.5.Grampos verticais
Uma das principais vantagens do solo grampeado, segundo HACHICH et al.
grampos, é preciso que cuidados sejam tomados. O recomendado seria fazer uma berma
a cada linha de grampos, mas isso resultaria em uma extensão maior da obra e uma
18
2.2. Resistência ao cisalhamento dos solos
= + ′ × tan ∅′
Onde:
τ – Resistência ao cisalhamento
σ’ – Tensão efetiva
Essa equação proposta por Terzaghi foi idealizada para solos saturados e obteve
gerando pressões negativas nos mesmos. A relação entre a água nos poros e a sucção
gerada no solo é definida como curva característica. Onde a quantidade de água nos
parâmetros:
= /
= /
19
Onde:
ma – Massa de água
Va – Volume de água
Vs – Volume de solo
relaciona teor de umidade volumétrica com sucção. Devido aos altos valores de sucção
sucção matricial esta relacionada com o arranjo estrutural das partículas de solo, e seu
valor é igual à diferença entre a pressão na água contida nos vazios e a pressão do ar.
solo. Este parâmetro é difícil de determinar, e por muitas vezes é considerado para
A pressão negativa no solo faz com que surjam meniscos capilares entre suas
(PINTO, 2002)
20
Existem várias proposições para a determinação da equação que descreve a
particularidade de cada solo, não existe uma teoria que represente corretamente essa
(1980).
Onde:
Ψ – Sucção matricial
a, m e n – Parâmetros de ajustes
equações abaixo:
ln 1 +
"
() = 1 −
1000000
ln #1 + " %
= "
21
∙ ()
= 3,67 × ln ( )
+
1,31-.
,= ∙ 3,72 ∙ 0 ∗
∙ ()
0 +
0∗ = −
1,31 ∙ ( − ) ∙ ln (1 + 1000000)
+ " "
parâmetros
1
= 1−
,
− "
=
− "
22
Onde:
Ψ – Sucção
ϴ – Umidade volumétrica
tratado.
Muitos criticam as classificações, pois os solos costumam ter uma variedade muito
Sobre essas críticas é preciso destacar que a classificação é apenas um guia para
o seu comportamento, e que para que esse comportamento possa ser descrito
classificação usual.
23
Figura 16 – Sistema unificado de classificação (CASAGRANDE)
das partículas maiores, criando um melhor entrosamento entre elas, o que resulta em
560
34 =
510
5306
=
510 ∙ 560
Onde:
24
Quando o CNU do solo granular for maior que 6 para areia e 4 para pedregulho
o solo é considerado bem-graduado, mas para isso ocorrer o seu CC deve se situar entre
Já os solos finos podem ser divididos entre argila (C), silte (M) ou solo orgânico
(O). Os solos são diferenciados não mais apenas pela sua predominância em massa, mas
sim pelo seu comportamento, que pode ser identificado pelos índices de consistência
argila e material orgânico o solo pode ser classificado com alta compressibilidade (H) e
25
2.5. Método de dimensionamento por equilíbrio limite
conhecidas
superfície de ruptura
potencial de ruptura com uma inclinação de 45+ϕ/2 dividindo o maciço em uma zona
′7 = 8 ∙ 9 ∙ :
Onde:
26
σ'x – Tensão horizontal efetiva
K – Coeficiente de empuxo
z – Profundidade considerada
Para determinar a tração máxima nos grampos considera-se que a força de tração
espaçamento vertical e horizontal. Desta forma, obtemos a seguinte fórmula para cada
Onde:
Methods for the Reinforcement of Highway Slopes by Reinforced Soil and Soil Nailing
Techniques.
Onde:
27
c’ – Coesão efetiva do solo
H
= (1 + 8G ) ×
2
1 + 8
8G =
2
seguinte relação:
;A<
?0 =
;<
J
∆: = [L + sin L ∙ cos(L + 2 ∙ Q)
B
Onde:
28
Figura 18 – Solução de Boussinesq para carga distribuída
tensão máxima no grampo. O Valor recomendado para esse fator de segurança é de 1,5.
S ∙ TU<
?. 0. =
′7 ∙ 0= ∙ 0>
Onde:
2.5.2.Estabilidade externa
No projeto de solo grampeado também deve ser verificado a estabilidade externa
29
A Tabela 1 resume os fatores de segurança para estabilidade externa proposto
(ELIAS,2001)
2.5.2.1. Deslizamento
Nesta verificação é considerado o equilíbrio de forças horizontais no muro para
3′ ∙ tan V
?0< =
W ∙ cos Q
Onde:
Φ – Ângulo de atrito
30
2.5.2.2. Tombamento
A verificação quanto ao tombamento é feito com o equilíbrio de momentos a
partir do pé do muro.
Y∙
?0X =
W ∙ ∙ sin Q + W ∙ Z ∙ cos Q
Onde:
31
3. Ensaios de laboratório
3.1. Caracterização
colhida no local da obra. O ensaio tem como objetivo estimar o comportamento do solo
quebra dos grãos. O material destorroado foi passado na peneira de 2,0mm. A peneira
foi lavada para remover o material mais fino aderente. O material retido na peneira foi
posto na estufa até que seu peso fosse regularizado, e em seguida foi colocado em um
de 250cm3 e adicionado defloculante. O béquer foi agitado até que todo o material
contido ficasse imerso, e então foi posto em repouso por 24horas. Após o repouso, o
minutos.
32
Figura 21 – Aparelho dispersor
O material, então, foi posto em uma proveta que foi completada com água
foi colocado o densímetro dentro da proveta para a medição que foi realizada nos
as leituras mais espaçadas o densímetro foi removido para evitar a sedimentação em sua
borda.
33
3.2. Limite de liquidez
Após uma secagem prévia, a amostra foi colocada em uma cápsula de porcelana e
umidade, amassando e revolvendo com auxílio de uma espátula até obter uma
Como a amostra é bem argilosa foi necessário aguardar cerca de 30 minutos para
Com a homogeneização, parte da amostra foi transferida para a concha onde foi
moldada, de forma que a espessura na parte central da concha fosse da ordem de 10mm
(Figura 24). Foi tomado o cuidado de não permitir que bolhas de ar permanecessem na
amostra.
34
Figura 24 – Concha com material centralizado
Com a amostra dentro da concha foi feito uma ranhura na parte central com o
auxilio de um cinzel que foi deslocado perpendicular à superfície da concha. Com uma
frequência de dois golpes por segundos foi observado quantos golpes eram necessários
13mm. Imediatamente após essa etapa a amostra foi coletada e transferida para um
O procedimento acima foi repetido para se obter cinco pontos da curva com golpes
girando em torno de 50, 40, 30, 20 e 10 golpes. O limite de liquidez é determinado pela
interpolação de uma reta que relaciona o número de golpes com a umidade. A umidade
35
3.3. Limite de Plasticidade
A amostra, contendo material fino passante na peneira #200, foi colocada em uma
formar uma pasta homogênea. Após obter uma consistência plástica foram tomadas
cerca de 10g da amostra e, formando com ela uma pequena bola com a palma da mão,
Essa pequena bola é rolada sobre a placa de vidro com o objetivo de obter uma
100mm, que foi verificada com o auxilio de um gabarito, ela foi transferida para um
recipiente para a determinação de sua umidade. Esse processo foi repetido para se obter
média.
36
3.4. Ensaio de resistência ao cisalhamento drenado
(triaxial)
foi removido do Shelby curto um “paralelepípedo” de solo que foi posto em um torno
de moldagem para facilitar o processo (Figura 26). Não houve problemas na moldagem
da amostra, pois ela era bem homogênea e apresentava uma característica plástica que
cada moldagem, os corpos de prova eram pesados e tiradas suas medidas com o auxílio
de um paquímetro.
37
Figura 27 – Corpo de prova moldado
posicionar o corpo de prova em cima desse conjunto, outro papel filtro foi adicionado
no topo e, em cima dele, o top-cap. Por fim, foi adicionado um papel filtro radial. Em
seguida, uma camisa de látex foi colocada ao redor do conjunto e fechada com auxílio
de elásticos para se evitar a entrada de água pelo topo e pela base. Ao colocar com
cuidado o copo de acrílico da câmara triaxial para encaixar o pistão com o top-cap, o
Figura 28 – Conjunto levado para a câmara do triaxial; Pedra porosa e papel filtro(1);
38
Para garantir a saturação do corpo de prova foi utilizado a técnica de
poros e na pressão confinante, permitindo que não ocorresse uma variação volumétrica
a tensão confinante para cada ensaio (25, 50, 100 e 200kPa) e feita as medições da
tempo, foi considerado como fim do adensamento. Para todas as amostras esse tempo
39
O cisalhamento dos corpos de prova só foi interrompido com sua ruptura. Em
todos os quatro corpos de prova a ruptura se deu por tipo plástico, formando uma
“barriga” no centro.
Para se obter a curva característica de sucção foi realizado o ensaio de papel filtro.
Foram coletados 6 amostras indeformadas, por meio de anéis metálicos, com 5cm de
O método do papel filtro seguiu a norma técnica ASTM D5298 (2003). Primeiro,
todas as amostras foram saturadas, pois decidiu-se traçar a curva pela via úmida onde as
amostras são saturadas e depois postas para secar, e assim determinar os pontos da
curva.
40
Figura 31 – Corpos de prova colocados em uma bandeja para saturação
Depois que todas as amostras estavam saturadas foram colocadas uma a uma para
secar. Para evitar que o processo de secagem não fosse homogêneo, as amostras foram
postas na vertical, de forma que elas tivessem contato com ar pelas duas faces.
As amostras foram secas por períodos de tempo diferentes, com o intuito de traçar a
curva característica com valores de umidade diferentes. Após a secagem, 3 papéis filtro
amostras. Somente o papel filtro do meio foi utilizado para obter o valor da sucção. Os
outros dois têm o objetivo de proteger o papel do meio contra o contato direto com a
amostra e com o plástico que a envolve. O manuseio do papel filtro foi feito sempre
com a utilização de luvas e uma pinça para garantir que a oleosidade da pele não fosse
transmitida ao papel.
Após o posicionamento dos papéis filtro, a amostra foi envolta com várias camadas
de papel filme e por fim, com duas camadas de papel alumínio e vedada com fita
adesiva. Em seguida, a amostra foi levada para a câmara úmida, onde permaneceu por
41
meio, e pesado com uma balança de alta precisão (0,1 mg). Depois de tomado o seu
peso o papel foi posto em uma estufa de 105ºC por um dia e novamente pesado. O
plástico zipado também foi pesado para descontar na tara da balança. Quando retirado
da estufa o papel filtro era posto novamente no plástico zipado, imediatamente após sua
retirada. Desta forma, foi obtido o peso do papel filtro seco e úmido e, por
consequência, o peso de água contido no papel. Esse peso dividido pelo peso do papel
Y[ = Y\ − Y<
Y[
]^ =
Y<
Onde:
Pw – Peso de água
O papel filtro utilizado no ensaio foi o Whatman® nº 42. CHANDLER et al. (1992)
Onde:
Ψ – Sucção
GENUCHTEN (1980).
42
4. Resultado dos ensaios
4.1.1.Curva granulométrica
A obtenção da curva granulométrica foi realizada como descrito no item 3.1. A
composição granulométrica.
43
4.1.2.Limite de liquidez
Número de golpes 51 39 28 22 9
Número da cápsula 631 769 661 797 841 663 637 520 653 501
Peso total umido 15,26 15,20 14,86 14,01 15,78 15,25 15,21 14,65 15,22 14,62
Peso total seco 14,44 14,61 14,16 13,56 14,87 14,61 14,43 13,98 14,32 14,01
Tara 12,57 13,23 12,51 12,51 12,92 13,23 12,85 12,60 12,67 12,90
Peso total agua 0,82 0,59 0,70 0,45 0,91 0,64 0,78 0,67 0,90 0,61
Solo seco 1,87 1,38 1,65 1,05 1,95 1,38 1,58 1,38 1,65 1,11
Umidade(%) 44 43 42 43 47 46 49 49 55 55
Media umidade(%) 43 43 47 49 55
44
4.1.3.Limite de plasticidade
O limite de plasticidade foi obtido como descreve o item 3.3. Os resultados se
jY = EE − EY = 49 − 21 = 28
4.1.4.Classificação do solo
Como mostrado pela curva granulométrica no item 4.1.1, o solo estudado é
composto em sua maior parte por material mais fino (passante na peneira #200), e
portanto deve ser classificada de acordo com a “carta de plastificação”, como mostra a
Figura 34 .
45
Figura 34 – Classificação por meio da carta de plastificação
como CL-CH. Ele recebe essa classificação dupla porque o seu ponto na carta está
muito próximo da “Linha B”. Devido a grande presença de material siltoso, a melhor
Os índices físicos dos corpos de prova que foram submetidos no ensaio triaxial CD
se encontram na Tabela 5.
3
Amostra σ0(kPa) h(%) e0 γd(kN/m ) S0(%)
CP1 25 23,50 0,69 15,62 92
CP2 50 25,78 0,70 15,55 99
CP3 100 25,17 0,65 16,01 104
CP4 200 25,24 0,70 15,55 97
Onde:
h – Umidade da amostra
46
e0 - Índice de vazios
S0 – Grau de saturação
47
Figura 36 – Deformação volumétrica versus deformação específica
deformações para todas as tensões confinantes. Na tensão confinante de 200 kPa o solo
48
A partir das curvas de tensão de desvio e deformação específica é possível plotar o
caminho de tensões das amostras ensaiadas, como mostra a Figura 37, onde p e q são
< + 2 o
n=
2
<
J
2
Onde,
σd – Tensão de desvio
σc – Tensão confinante
Mohr dos quatro ensaios realizados na situação de ruptura, quando a tensão de desvio
49
atinge seu valor máximo. A curva de resistência ao cisalhamento é mostrada na Figura
38 e, por meio dela, obtemos através da equação proposta por Terzaghi os parâmetros
O resultado do ensaio de papel filtro pelo processo de secagem dos corpos de prova,
que foi realizado como descrito no item 3.5, encontram-se na Tabela 6. A curva
50
Tabela 6- Resultados do ensaio de papel filtro
Peso do
Peso do
Papel Peso do Peso do ωp -
Tara do Peso do papel Peso do Umidade
Nº de Úmido + Papel papel Umidade ψ -
Plástico Papel seco + papel volumétrica
Controle Plástico Úmido - seco - do Papel Sucção
Zipado (g) Úmido (g) Plástico seco (g) - θ(%)
Zipado Média (g) Média (g) filtro (%)
Zipado(g)
(g)
1 0,8521 0,7052 0,1469 0,1459
0,7802 0,0750
0,0769 89,7853 16,0713 37,97
1´ 0,8500 0,7052 0,1448 0,7839 0,0787
3 0,9601 0,8304 0,1297 0,9041 0,0737
0,1316 0,0751 75,28314 24,87652 38,66
3´ 0,8622 0,7288 0,1334 0,8052 0,0764
4 0,8280 0,7130 0,115 0,1150 0,7835 0,0705 0,0705 63,12057 38,51024 35,05
5 0,8834 0,7948 0,0886 0,0886 0,8717 0,0769 0,0769 15,21456 7828,059 13,59
6 1,0305 0,8380 0,1925 0,1910
0,9171 0,0791
0,0790 141,9253 5,162878 43,87
6´ 1,0275 0,8380 0,1895 0,9168 0,0788
51
5. Estudo de caso: Análise do muro de solo grampeado
Neste capitulo o projeto de contenção por solo grampeado será abordado, assim
5.1. Localização
Franco, que é uma das avenidas mais importantes e movimentadas de Juiz de Fora- MG.
Região de
realização
das obras
A contenção foi realizada em um aterro que havia sido executado para a construção
freático não foi alcançado durante a realização da obra e, portanto, será desprezado a
sua presença como possível sobrecarga na parede do muro. Mesmo sem a presença do
52
5.2. Características geométricas do muro
O muro de contenção é composto por três seções principais. A primeira, possui duas
banquetas separando o muro em três partes, sendo duas de 2,88 m de altura e outra com
uma altura máxima de 7,90 m, totalizando 13,66 metros na região mais crítica (onde o
muro alcança a maior altura). Na segunda seção, existe uma banqueta separando o muro
em duas partes com 4,93 e 5,76 metros de altura. Na última seção, a altura máxima do
espaçamento vertical varia entre 1,37 e 1,14 metros. Os comprimentos dos grampos
para instalação dos grampos possui inclinação de 10º com a horizontal, e diâmetro de
75mm.
Os desenhos das três seções principais, assim como o desenho do perfil transversal,
53
Figura 42 – Corte A-A
54
Figura 44 – Corte C-C
55
5.3.2.Tensão horizontal
Utilizando a teoria de Rankine, para descrever a tensão horizontal do solo no estado
seguintes coeficientes:
q
8 = tan(45 − )6 = 0,30
6
8` = 1 − sin(V) = 0,46
Onde:
ϕ – Ângulo de atrito
Para analisar as tensões nos muros após as banquetas, o solo que se encontra atrás é
\ = 2 ∙ ∙ √s
Onde:
c – Coesão do solo
linha de grampo:
56
Tabela 8- Empuxo horizontal nos grampos – Corte A-A; Muro 1
57
Tabela 12- Empuxo horizontal nos grampos – Corte B-B; Muro 2
5.3.3.Estabilidade interna
estado ativo é calculada com o ângulo de 29º(45-ϕ/2) com a vertical, como mostra as
comprimento total do grampo que se encontra dentro da zona indicada como “Zona
resistente”.
58
Figura 45 – Corte A-A, cunha de deslizamento
os grampos.
Total
Linha de Elevação
Le(m) Sv(m) Sh(m) Td(kN) TRd(kN) FS
grampos (m) σh(kN/m )
2
Total
Linha de Elevação
Le(m) Sv(m) Sh(m) Td(kN) TRd(kN) FS
grampos (m) σh(kN/m )
2
Total
Linha de Elevação
Le(m) Sv(m) Sh(m) Td(kN) TRd(kN) FS
grampos (m) σh(kN/m )
2
60
Tabela 18-Fator de segurança global– Corte B-B; Muro 2
Total
Linha de Elevação
Le(m) Sv(m) Sh(m) Td(kN) TRd(kN) FS
grampos (m) σh(kN/m )
2
Total
Linha de Elevação
Le(m) Sv(m) Sh(m) Td(kN) TRd(kN) FS
grampos (m) σh(kN/m )
2
e que as barras são compostos por aço CA50 com 16 mm de diâmetro, obtemos o
61
5.3.4.Estabilidade externa
5.3.4.1. Deslizamento
A verificação quanto ao deslizamento foi realizada como descrito no item 2.5.2.1. A
Tabela 20 apresenta o fator de segurança para cada trecho das três seções críticas.
Deslizamento
Muro Altura(m)
N(kN) tan(φ) E(kN) FSd
A-A;muro1 7.9 1062 0.64 73 9.29
A-A;muro2 2.88 221 0.64 133 1.06
A-A;muro3 2.88 221 0.64 49 2.91
B-B;muro1 4.93 663 0.64 13 31.62
B-B;muro2 5.76 442 0.64 187 1.52
C-C 7.64 1027 0.64 66 9.98
5.3.4.2. Tombamento
A verificação quanto ao tombamento foi realizada como descrito no item 2.5.2.2. A
tabela abaixo apresenta o fator de segurança para cada trecho das três seções críticas.
Tombamento
Muro Altura(m)
P(kN) E(kN) a b FSt
A-A;muro1 7.9 1062 73 3.45 2.63 19.02
A-A;muro2 2.88 221 133 3.45 0.96 5.96
A-A;muro3 2.88 221 49 3.45 0.96 16.32
B-B;muro1 4.93 663 13 3.45 1.64 103.71
B-B;muro2 5.76 442 187 3.45 1.92 4.25
C-C 7.64 1027 66 3.45 2.55 21.13
62
5.3.4.3. Estabilidade global do talude
A estabilidade global do muro de contenção foi verificada utilizando o programa
grampos na estabilidade do talude foi criado, na região onde existe sua presença, um
“bloco” de solo com coesão muito alta, para impedir que a superfície de ruptura
Spencer:
63
Figura 49 – Fator de Segurança; Corte B-B: 1,794
64
6. Conclusão
Este trabalho apresentou a verificação dos fatores de segurança em uma obra real de
solo grampeado. Nele, podemos observar, que nem todos os fatores de segurança
A” se encontra muito próximo do valor unitário, ou seja, o muro estaria operando sem
65
7. Referências bibliográficas
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT):
NBR 6457, 1986 – Amostras de solo, preparação para ensaios de compactação e ensaios
de caracterização
ASTM Standards. D5298-03, Standard Test method for Measurement of Soil Potential
(Suction) Using Filter Paper, West Conshohocken, USA, 2003.
EHRLICH, M., BECKER, L., de B., 2009, Muros e Taludes de Solo Reforçado: Projeto
e Execução, Oficina de Textos.
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ORTIGÃO, J. A. R. & PALMEIRA, E. M., 1992, ―Solo Grampeado: técnica para
estabilização de encostas e escavaçõesǁ, In: Anais da I Conferência Brasileira sobre
Estabilidade de Encostas (COBRAE), ABMS.
ORTIGÃO, J.A.R., ZIRLIS, A. & PALMEIRA, E. M., 1993, ―Experiência com solo
grampeado no Brasil - 1970-1993ǁ. Revista Solos e Rochas, ABMS.
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