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ERRATA
Em 17 de Fevereiro de 2020.
Assinatura
Vistos:
________________________________________
Prof. Dr. Antonio Maria Claret de Gouveia
Orientador
________________________________________
Prof. Dr. Lucas Deleon Ferreira
Coordenador do PPGG
iv
AGRADECIMENTOS
Ao Professor Doutor Antônio Maria Claret de Gouveia, pelo extraordinário apoio e incentivo
e pelas imprescindíveis críticas no decorrer da orientação desta dissertação.
A minha esposa Ellen e filhos Sarah, Gabriel e Isabella, pela paciência e compreensão, sem a
qual esta dissertação não seria hoje uma realidade.
A minha mãe, que mesmo sozinha lutou pela minha formação e valorização profissional.
v
RESUMO
v
ABSTRACT
This work describes the methodological strategies to assess the risk management of a
tunnel implanted in an underground rock mass. To make this possible, systemic risk
management tool were used, which will be applied in the case study in question. The tool
developed will allow mapping the frequency of occurrence of a given event, defining the
probability of the risk for its implementation.
In the first part of the work, systemic risk management tools are presented, with the
objective of predicting eventual collapses and loss of human lives. Justifying, therefore, its
application in tunnel works, thus obtaining a better understanding of the behavior of the
collapse mechanisms in relation to their safety and the consequences.
In the second part, the FEMECA methodology is presented, applied to the most
representative categories of risks, thus allowing to systematize the possible flaws and risks of
each method, reaching values of the respective risk indexes. Based on these indices, and their
respective safety values, it was possible to identify and map the probable points of probability
of ruin and their relationship with the safety factor of the respective massif, and then proceed
to a joint analysis of all of them.
vi
ÍNDICE DE FIGURAS
vii
Figura 5.2 – Escavação em seções parciais – Tunel Barragem Norte, 2014........................... 52
Figura 5.3 – Desabamento de frente / topo na escavação de túneis, BASTOS, 1998 ............. 57
Figura 5.4 – Mecanismos de ruptura local e global, MAFFEI; MURAKAMI, 2011 ............. 59
Figura 5.5 – Mecanismos de rupturas globais – Caso G1, MAFFEI; MURAKAMI, 2011 .... 59
Figura 5.6 – Mecanismos de rupturas globais – Caso G2, MAFFEI; MURAKAMI, 2011 .... 61
Figura 5.7 – Mecanismos de rupturas globais – Caso G3, MAFFEI; MURAKAMI, 2011 .... 62
Figura 5.8 – Mecanismos de rupturas de solo desplacante, MAFFEI; MURAKAMI, 2011 ... 63
Figura 5.9 – Mecanismos de rupturas de solo corrediço, MAFFEI; MURAKAMI, 2011 ...... 63
Figura 5.10 – Instrumentação no interior do túnel, GOMES, D 2012 .................................... 67
Figura 5.11 – Implantação de marcos topográfico, extensômetros e inclinômetros na seção de
um túnel, GOMES, D 2012 .................................................................................................. 68
Figura 6.1 – Método de Monte-Carlo, MAIA, 2007 ............................................................. 72
Figura 8.1 – Imagem aérea do local de implantação – eixo de implantação do tunel, 2013.... 97
Figura 8.2 – Seção S1 típica, implantada em maciço classe III/IV, ENGECORPS, 2009 ...... 98
Figura 8.3 – Seção S2 típica, implantada em maciço classe II, ENGECORPS, 2009............. 99
Figura 8.4 – Vista da Sela e respectiva falha, local do embocamento do túnel, ENGECORPS,
2011 ................................................................................................................................... 101
Figura 8.5 – Geologia mapeada: 1 - Itabirito Cauê; 2 - Dolomitos ferruginosos Gandarela; 3 –
Filitos Prateados Piracicaba, ENGECORPS, 2011 .............................................................. 101
Figura 8.6 – Perfil longitudinal geológico, ENGECORPS, 2009 ........................................ 106
Figura 8.7 – Escala de índice de risco - modificado TEIXEIRA, 2009 ................................ 116
Figura 8.8 – Percentagem de valores referentes a cada área de risco ................................... 120
viii
ÍNDICE DE TABELAS
x
NOMENCLATURA E SIMBOLOGIA
xi
ÍNDICE DO TEXTO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 1
1.1 OBJETIVOS ............................................................................................................ 1
1.2 JUSTIFICATIVA DO TRABALHO ........................................................................ 1
1.3 ESTRUTUTA DO TRABALHO .............................................................................. 3
xii
5.5.4 MECANISMOS DE RUPTURAS GLOBAIS G3 ............................................. 61
5.5.5 MECANISMOS DE RUPTURA DE TETO E FRENTE DE ESCAVAÇÃO ............... 62
5.5.6 MECANISMOS DE RUPTURA POR DESLIZAMENTO .................................... 63
5.6 MONITORAMENTO E CONTROLE.................................................................... 64
5.6.1 ASPECTOS GERAIS ................................................................................ 64
5.6.2 INSTRUMENTAÇÃO................................................................................ 66
xiii
8.4.2 DEFINIÇÃO DE ESCALAS DE FMECA PARA APLICAÇÃO AO CASO DE ESTUDO
115
8.4.3 ANÁLISE DE DADOS............................................................................. 120
xiv
1 INTRODUÇÃO
1.1 OBJETIVOS
1
Neste contexto, propõe-se a utilização de uma ferramenta capaz de identificar a
probabilidade de colapsos em processos de escavações subterrâneas como túneis, em que as
diferentes fontes de incerteza são consideradas através de coeficientes parciais que afetam os
efeitos das ações, as propriedades dos materiais e as grandezas geométricas.
Nesta abordagem, deve-se efetuar uma listagem de funções que o elemento em estudo
(maciço) vai desempenhar, implementando medidas preventivas como: escavação →
“estabilidade da frente de escavação”; parede e teto → “esforços elevados no revestimento”;
maciço → “tratamento de solo/rocha”.
mínimos do índice de risco (para que um sistema não falhe dentro de um período
especificado no projeto).
2
caracterizando-as quanto a qualidade do maciço e a sua respectiva construtibilidade e
mitigação dos riscos.
Como estrutura deste trabalho, estão previstos nove capítulos, sendo tratada no
primeiro capítulo a introdução ao tema, integrando-o na situação atual e demonstrando a sua
importância na aplicação da geotecnia de túneis. Serão definidos também seus objetivos,
justificativa e sua estrutura.
3
Já o sétimo capítulo decorre sobre a aplicação da metodologia de gerenciamento de
riscos, ressaltando os conceitos geotécnicos e os sistemas construtivos em obras subterrâneas.
Finaliza-se o mesmo, com a descrição da metodologia probabilística de previsão.
4
2 REVISÃO DOS CONHECIMENTOS
Para muitos o risco é algo objetivo, com realidade própria, que será preciso “medir”.
Uma visão alternativa consistiria em admitir o risco como “uma mera construção linguística”,
quase “uma ilusão” coletiva que cada qual percebe de uma forma muito pessoal.
Numa relação entre o dano e a incerteza, podemos dizer que a incerteza é um dos
aspectos do risco. Contudo, dizemos que a diferença substancial entre eles são as
consequências negativas ligadas à noção de risco. Para tal, podemos descrever a seguinte
expressão:
Esta expressão não retrata diretamente o conceito de risco. Ela expressa que, se
dividíssemos os eventos da vida em “certos” e “incertos”, os “riscos” seriam eventos
5
1
“incertos” e “de consequências negativas” (CLARET2, 2005, apud KAPLAN e GARRICK
p.12).
Numa outra análise, entre risco e perigo, os dicionários registram o sentido popular da
palavra, ou seja, o perigo como uma fonte de danos. Já o risco seria a probabilidade de danos
ou nível da probabilidade de danos, quando se diz “pouco risco” ou “muito risco”. Neste
sentido, podemos dizer que “perigo” é a fonte de danos e “risco” é a probabilidade do dano3
(CLARET, 2005, apud KAPLAN e GARRICK p.12).
Assim, muitos tratam o risco como subjetivo, outros como uma entidade física
objetiva, com realidade própria, que será preciso “medir”. Num outro ângulo, admite-se o
risco como “uma mera construção linguística”, quase “uma ilusão” coletiva, que cada um
percebe de uma forma muito pessoal.
1
Nessa linha, poderíamos pensar no que seria um “evento certo”. Por exemplo, se você segura uma pedra com
a intenção de deixá-la cair em queda livre, é “certo” que ela cairá. Se ela cair sobre uma pessoa, há incerteza
sobre se lhe causará danos ou não (poderá ser um “risco” ou “não risco”). Se a pedra cair sobre uma fina rede,
atingir o solo será um “evento incerto” e, do mesmo modo, poderá causar danos ou não.
2
“On the quantitative definition of risk” de Stanley Kaplan e John Garrick, Risk analysis, v. 1, n. 1, 1981.
3
Deve-se registrar que é necessário certo esforço para distinguir a “fonte dos danos” da “probabilidade deles”
na linguagem comum. Da linguagem comum esse tipo de confusão migrou para a linguagem jurídica. Veja-se o
conceito de crime de perigo: “Os crimes de perigo causam um perigo de ofensa ao bem jurídico tutelado,
um perigo de dano.” LFG
6
governar os acidentes gerados pelo novo modelo de industrialização, principalmente por meio
do conhecimento. No desafio de desenvolver a mitigação dos riscos, criaram-se modelos de
decisão próprios, direcionando novas perspectivas para o sistema financeiro do século XX.
Vários autores contribuíram para o estudo das probabilidades, sendo seu surgimento
fundamentado em relatos históricos relacionados à disseminação dos jogos de azar na Idade
Média, o qual era praticado envolvendo apostas. Neste sentido, os matemáticos Gerônimo
Cardano (1501 – 1576), Galileu Galilei (1564 – 1642), Luca Pacioli (1445 – 1517) e Niccolo
Tartaglia (1499 – 1557) trabalhando no sentido de estabelecer teorias relativas as
probabilidades. Nesta busca, outros matemáticos aprofundaram no estudo de teorias
complexas, marcando o início da teoria das probabilidades como ciência. Assim, diante destas
propostas metodológicas, surge em 1950, o termo “gerenciamento de risco” na Harvard
Business Reviews.
Assim, a análise do risco varia conforme seu campo de aplicação e âmbito em que este
se insere, havendo assim, muitos modos de classifica-lo. Tratando de uma maneira cartesiana,
risco e perigo se completam, sendo seu resultado: danos materiais, rupturas sociais e
econômicas, degradação ambiental, resultante de interações entre perigos naturais e humano-
induzidos (H), condições de vulnerabilidade (V), e da falta de capacidade de moradores,
comunidades e instituições para responder (FCRes) e para recuperar-se (FCRec) de desastres.
Assim, o risco pode ser expresso por:
R=H*V*FCRes*FCRec
Alternativamente, o risco pode ser expresso por meio das equações convencionais:
8
maciço, ou na grande dispersão de resultados de ensaios, ou associada a um desvio
substancial do desempenho de campo-medida, mantendo o valor previsto.
Neste contexto, pode haver incerteza sem risco, mas não risco sem incerteza. Assim, o
estudo das variáveis incerteza, risco e probabilidade pode responder se há possibilidade de
falha em um talude. Nesta perspectiva, o risco é uma medida composta pela probabilidade de
falha e a sua relação com o período de maior impacto gerado pelo evento.
Numa visão do ciclo de vida do risco, entende-se que, na sua identificação seguida das
tratativas necessárias, o mesmo tende a reduzir.
9
Figura 2.2 – Risco e seu Ciclo de Vida, ASSIS, 2013 (modificado) p. 15.
Figura 2.3 – Risco e a integração com outras áreas, ASSIS, 2013 (modificado) p. 20.
10
Como mensurar as probabilidades?
Simulação é útil? Por quê?
Gravidade:
11
Figura 2.5 – Análise qualitativa de riscos 2D, ASSIS, 2013 (modificado) p. 30
12
2.4 A AVALIAÇÃO DO RISCO SEGUNDO A ISO 31000
Segundo a ISO 31000 (ABNT, 2009), a tomada de decisão deve ser balizada pelos
seguintes procedimentos:
Na Figura 2.7, apresenta-se o ciclo gerencial da ISO 31000, que possibilita ao gestor
delimitar cada uma das fases do risco, principalmente sua identificação, seu tratamento e seu
monitoramento. Esta tratativa é importante para estabelecer o contexto e as etapas das
tomadas de decisão.
13
Figura 2.7 – Visão Geral do Processo de Gerenciamento de Riscos, AS/NZS 4360: 2004 –
Risk Management (modificado)
Como ferramenta adicional à gestão de risco da ISO 31000, Amaral e Silva (2001)
propuseram uma metodologia adotada pela Fundação Instituto Geotécnica do Município do
Rio de Janeiro (GEO-RIO), que usa os Índices Quantitativos de Risco (IQR) para antecipar os
problemas gerados pelos escorregamentos de encostas. Esses IQR, agregados aos trabalhos de
cartografia, permitem conhecer rapidamente a área investigada. Os IQR são expressos pela
seguinte equação:
IQR = P x C x Fi
14
Segundo o Guia PMBOK®, o processo de análise de riscos envolve diretivas
relacionadas à identificação, análise, planejamento de respostas, monitoramento e controle de
riscos. O resultado é, após a sua identificação, o tratamento dos riscos visando minimizar a
exposição aos eventos negativos. De maneira contínua, é necessária a definição de um período
para a revisão da estrutura definida.
15
2.5 GESTÃO DE RISCOS E O APOIO A DECISÃO
Deve-se entender que, quando os riscos não são priorizados, consequentemente tem-se
um dano. Assim, ao avaliar e ao tratar riscos admissíveis, criam-se situações em que se pode
trabalhar para minimizá-los. Porém, deve estar claro que conferir todos os processos
associados à análise e mitigação de riscos podem gerar transtornos na organização, devido as
dificuldades estruturais para seu início ou, se iniciados, poderão não conseguir concluí-los.
Em relação aos pilares dos sistemas gerados, há necessidade de que os valores sejam
protegidos, e fazendo parte de todos os processos organizacionais e das tomadas de decisão.
Já os referidos riscos intangíveis não considerados por alguns modelos de gestão,
principalmente pela falta de percepção do seu comportamento. Como exemplos de riscos
intangíveis temos:
16
Figura 2.9 – Processo de Gerenciamento de Riscos, ASSIS, A. 2013
(modificado)
Os resultados refletidos nesta tomada de decisão refletem na sua avaliação final dos
riscos e o momento de agir definitivamente. Desta maneira, o processo usado para modificar o
risco irá considerar a probabilidade e as consequências ligadas as estratégias como: mitigar,
prevenir, eliminar, etc
17
3 CENÁRIOS DE RISCOS NA IMPLANTAÇÃO DE TÚNEIS
4
(ITIG) - Grupo internacional de seguros de túneis, ligado a International Tunnelling Association (ITA).
18
Assim, as práticas constantes neste código, visam gerar premissas importantes para
minimizar as séries de eventos inerentes aos processos geológico-geotécnicos.
As obras subterrâneas sempre apresentam risco mais elevado do que obras a céu
aberto, por se lidar com materiais geológicos que, por mais detalhada que seja a investigação
prévia de campo e laboratório, sempre podem apresentar alguma característica não prevista
inicialmente, e que só será detectada na construção. O risco geológico é sempre presente em
obras subterrânea, (PASTORE 2009).
19
O risco gerado pelo processo de escavação em túneis é crítico, pois os maciços
subterrâneos trazem consigo grandes incertezas geológicas e geotécnicas. Na categoria de
riscos na operação, há diversos tipos de acidentes que podem ocorrer, e o mais comum (e
possivelmente também o mais perigoso) é a ocorrência de incêndios, com grande potencial de
vítimas.
1) O que é risco para esta obra subterrânea específica? Ex., um túnel não urbano pode
gerar recalques elevados sem nenhuma consequência, e esta mesma característica em
obra urbana não é aceitável pela interferência com as edificações e utilidades
subterrâneas ao longo do traçado.
2) Como percebo que existem riscos? Os riscos são inevitáveis, não são bons nem maus,
são simplesmente parte de qualquer empreendimento de engenharia. Devem ser
gerenciados: identificados, reduzidos, e se possível eliminados.
3) Quais riscos devo aceitar? Quais devo rejeitar? A definição de um nível de risco
máximo cabe às entidades envolvidas no empreendimento (proprietário, construtor,
comunidades afetadas e usuários), lembrando que a noção de risco é subjetiva, tanto o
nível de risco aceitável como os riscos que precisam ser rejeitados, é algo que deve ser
definido por um colegiado.
4) Como fazer para não ficar inconsciente dos riscos? A monitoração, acompanhamento e
supervisão técnica, e avaliação constante do projeto e construção fazem parte dos
procedimentos de gerenciamento e minimização de riscos.
20
O risco, em qualquer empreendimento de engenharia, é composto de três elementos:
probabilidade de ocorrência, escolha e consequência. Controles são políticas, procedimentos,
práticas ou estruturas organizacionais projetados e implantados de forma a prover uma
garantia razoável de que os objetivos do empreendimento serão atingidos, e que eventos
indesejáveis serão identificados e corrigidos, em tempo hábil.
21
Figura 3.1 – Atividades do Plano de Gerenciamento de Riscos de Obras
Subterrâneas, KOCHEN, 2009
Neste sentido, após o acidente de Heathrow, o Health and Safety Executive5, analisou
casos históricos recentes de ruptura ou colapso de túneis. O HSE (1996) analisou 39 acidentes
de 1973 a 1994, que foram classificados em cinco causas principais de ruptura: (1) causas
geológicas não prognosticadas (esta causa é diferente de imprevisível, ou seja, trata-se de uma
causa geológica para o acidente que poderia ter sido prevista, mas não o foi, por algum
motivo); (2) erros de projeto, especificação e planejamento; (3) erros numéricos ou de
cálculo; (4) erros de construção; (5) erros de controle e gerenciamento.
5
(HSE) - Health and Safety Executive - Órgão do Ministério do Trabalho da Inglaterra.
22
O procedimento de detecção de risco e ação corretiva é ilustrado pela figura 3.2, e
mostra que, ocorrendo o evento adverso ou desfavorável na construção do túnel, deve ser
avaliado e tratado com medidas mitigadoras o mais rapidamente possível, antes que o risco
cresça e saia do controle (causando um acidente, colapso etc.).
23
A execução de obras subterrâneas, sejam em “cut and cover”, em poços ou túneis
NATM, não é uma tecnologia isenta de riscos, em que pesem os avanços tecnológicos dos
últimos anos. É necessário um acompanhamento diário das condições geológicas e
geotécnicas encontradas na escavação, para adaptação a condições alteradas em relação às
previstas inicialmente, ou na hipótese de serem encontradas condições anômalas.
Segundo KOCHEN (2009), os pontos chaves para mitigação dos riscos na implantação
de túneis são: (1) identificar os riscos antecipadamente; (2) reconhecer os riscos de imediato,
assim que seus sinais se manifestarem; (3) gerenciar os riscos através de um Plano de
Gerenciamento de Riscos (PGR), através de uma metodologia transparente e efetiva, que
deverá ser adotada nos estágios iniciais de projeto e construção, minimizando a ocorrência de
riscos e/ou mitigando suas consequências.
Desta maneira, o PGR6 típico para uma obra de escavação subterrânea urbana engloba
os seguintes aspectos: identificação de riscos; avaliação, qualificação e quantificação de
riscos; mitigação de riscos (definição das respostas aos riscos identificados, incluindo
escolhas corretas de projeto e construção); avaliação de riscos residuais (após medidas de
mitigação); pré-projeto de contra medidas para a gestão de riscos residuais durante a
construção.
6
(PGR) – Plano de Gerenciamento de Riscos
24
Além disto, o plano de gerenciamento de riscos deve ser dinâmico, ou seja, continuamente
revisado e atualizado (no caso de túneis, com frequência diária).
Uma obra subterrânea é uma atividade interativa que deve observar, entre outros
aspectos relevantes: a comparação entre o previsto e o observado (revelado pela escavação e
seu acompanhamento/monitoração diários); modificação e ajuste do projeto inicial para a
realidade observada, que evolui com a obra e suas escavações, através de um processo
dinâmico e continuo (implementação do projeto inicial, monitoração da escavação,
acompanhamento de obra, e otimização do projeto), até o termino da obra.
25
Em consequência, a escavação e seu controle devem ser parte integral do seu processo
construtivo para minimizar riscos. De maneira a mitigar os riscos geológicos, antes de se
iniciar o projeto e construção de um túnel, deve-se, como primeiro passo, identificar riscos
potenciais relacionados ao processo de escavação (geologia & geotecnia, projeto e método
construtivo), e avaliar a probabilidade de sua ocorrência, bem como as consequências
potenciais (impactos, danos). Como segundo passo, deve-se decidir se o nível de risco
identificado requer a aplicação de medidas de mitigação/redução de riscos. Se necessário, o
terceiro passo consiste na definição e pré-projeto destas medidas de mitigação/redução de
riscos, para eventual ativação e uso durante a construção.
FREQUÊNCIA/PROBABILIDADE
26
O escopo de um plano de gerenciamento de riscos (PGR) para esta obra é identificar
principais riscos a serem mitigados, e eventuais contingenciamentos/provisionamentos de
verba, para fazer frente a estes riscos, caso a obra conte (ou não) com seguros para cobrir os
riscos identificados. Para isso, é necessário elaborar procedimentos técnicos, de modo a
resultar um projeto otimizado das obras subterrâneas, que serão instrumentais para gerenciar
riscos residuais durante a construção. O PGR específico para cada obra deve ser desenvolvido
com a cooperação de todas as entidades envolvidas na mesma, inclusive a projetista e
consultora especializada, atuando como promotora e facilitadora do processo. Mais
especificamente, o enfoque técnico para atingir com sucesso a mitigação dos riscos, com
integração entre as várias entidades atuantes na obra, deve obedecer aos seguintes quesitos:
27
Para este escopo, é necessário disponibilizar equipe altamente qualificada de
engenheiros geotécnicos especializados e consultor. Devem ser realizadas visitas periódicas
ao local das obras, para integração com a equipe da construtora e seus contratados, e para
compreensão dos requisitos do projeto e necessidades específicas da construção. A atuação da
consultoria deve se dar de forma integrada e cooperativa com as diretrizes da construtora do
proprietário.
Os eventos de risco são apresentados abaixo, em forma de duas tabelas: tabela 3.2 e o
3.3. A tabela 3.2, apresenta as categorias de risco mais comuns em obras subterrâneas, como
túneis NATM. Nessa tabela, expõem-se as características principais de cada evento e a
avaliação do risco é dividida em três fatores principais: probabilidade de ocorrência;
consequência ou impacto; risco inicial.
Estes eventos podem resultar em danos relevantes e graves, e até mesmo no colapso
parcial do empreendimento. Estes quadros são exemplificativos e hipotéticos, devendo ser
adequados à especificidade de cada obra subterrânea, para aplicação em situações reais.
28
Tabela 3.2 – Categorias de risco – Túnel NATM
29
Tabela 3.3 – Medidas de detecção de riscos – Túnel NATM
30
Em face da complexidade geológica e desafios técnicos deste tipo de obra, verifica-se
a necessidade de medidas de segurança e cautela adicionais, em relação a obras
convencionais, tais como elaboração e implementação de planos de gestão de risco, análise
crítica e validação de projetos, acompanhamento técnico de obra, monitoração, e outros
procedimentos de mitigação de risco. Para reduzir ou eliminar riscos inerentes ao projeto e
execução de obras subterrâneas, usualmente executadas em regiões geologicamente
complexas, recomenda-se observar o Código de Prática para o Gerenciamento de Riscos em
Obras de Túneis, proposto pelo (ITIG) 7.
7
(ITIG) – The International Tunnelling Insurance Group
31
4 COLAPSOS MAIS IMPORTANTES EM TÚNEIS
32
correta execução, tornando a avaliação de riscos muito importante. Uma obra subterrânea,
tanto em meio industrial como em meio urbano, deve ser projetada e construída de forma que
seja possível controlar e manter em níveis aceitáveis a construção e o impacto ambiental a
curto, médio e longo prazo.
Contudo deve-se observar que, mesmo em projetos de boa qualidade, por mais que se
controle os níveis de risco, procurando mantê-los aceitáveis, a possibilidade de
comportamento inadequado, e de ocorrência de rupturas ou acidentes irá sempre existir. Não
existe obra subterrânea com risco de ruptura nulo, embora a nossa meta deva ser sempre
reduzir a probabilidade de ruptura para o menor valor possível (HACHICH, 1978).
PELLIZZA (1996) e PELIZZA; GRASSO (1998) resumiram muito bem o estado atual
do conhecimento em relação a acidentes durante a implantação de túneis e que, na realidade, é
a somatória das várias conclusões obtidas através de informações de fontes do Reino Unido,
alemãs, japonesas, russas, tchecas de casos históricos de rupturas de túneis já publicados.
33
A maioria dos acidentes geológicos são causados pelo não reconhecimento antecipado
de situações hidrogeológicas e/ou geotécnicas desfavoráveis. Este ponto é apoiado
pelas seguintes observações relativas à insuficiência dos estudos geológicos:
o estudo é dificultado por complexidades geológicas e pela profundidade
do túnel;
o cliente impõe um limite no orçamento de investigação, sem avaliar o
potencial de riscos geológicos residuais;
o plano de investigação geológica é estabelecido, independentemente do
método de escavação de túneis a ser aplicado;
o plano de investigação geológica é geralmente executado em uma única
etapa, e uma investigação com mais etapas seria mais informativa;
o mapeamento geológico-geotécnico na face de escavação e paredes do
túnel, durante o trabalho de construção; são frequentemente escassos e os
resultados nem sempre são interpretados corretamente e prontamente;
a tarefa do empreiteiro é produzir escavando tão rapidamente quanto
possível; para fazer isto, o empreiteiro está pronto para correr riscos, e isto
geralmente conduz a uma subestimação dos aspectos de segurança da
situação geotécnica e hidrogeológica real; e
desta maneira, é importante conscientizar o proprietário de manter os ritos
necessários à esta implantação, permitindo ao empreiteiro não correr riscos,
reservando-lhe o direito da tomada de decisão, assumindo assim as
consequências. Assim, é responsabilidade do proprietário assegurar, com a
ajuda do projetista, que a construção não ocorra em condições de risco.
Sendo assim, o projeto não pode por esta razão ser determinista, mas deve ser
desenvolvido considerando-se critérios probabilísticos, levando em conta as incertezas das
variáveis relativas aos aspectos geológicos e geotécnicos, as técnicas de construção e as
34
repercussões externas e ambientais. Esta avaliação nos permitirá adquirir um conhecimento
que considera a média de ambos, ou as condições prevalecentes em que o túnel será escavado
e as condições extremas, assim como, a probabilidade da sua ocorrência. Somente deste modo
será possível aperfeiçoar o projeto final, identificando e quantificando os riscos e definindo o
gerenciamento técnico e administrativo dos riscos.
Assumindo-se que todos os esforços tenham sido feitos para reduzir os riscos antes do
início da construção do túnel, o fator mais importante para manter o nível de risco o mais
baixo possível, durante a construção, são os mecanismos “Discovery” e “Recovery”, que
foram traduzidos para este trabalho como mecanismos de “Detecção do Risco” e “Ação
Corretiva”, respectivamente.
35
crucial para providenciar tempo suficiente para que seja possível o início de uma ação
corretiva, a fim de retornar os níveis de risco para valores aceitáveis.
Areia
Solo
Saprolito
Rocha
Areia
Solo
Saprolito
Rocha
36
drenagem de água, evitando-se a instabilidade de cavidades e carreamento de solo;
consolidação do desmoronamento de solo, a fim de garantir a estabilidade da nova
face de escavação;
melhoria das características geotécnicas do material do desmoronamento e da massa
de solo ou rocha ao redor do túnel;
uso de técnicas de intervenção de eficiência e eficácia comprovadas; e reforço do
revestimento durante a escavação imediatamente atrás da face.
37
4.4.1.1 Falhas
38
Figura 4.4 – Aspectos geomorfológicos de uma escarpa de recuo de falha,
UNB/GEOTECNIA, 2004
Esta anomalia, favorece a percolação de água, devido aos muitos vazios preenchidos
pelas as águas superficiais ou pelas linhas freáticas subterrâneas. Os maciços nesta condição,
sofrem devido à alta permeabilidade gerada pelo material fraturado, trazendo menor
competência ao maciço utilizado para a implantação de túneis. Assim, a posição das falhas em
relação ao eixo do túnel, gera uma condição crítica de potencial colapso. Como segurança,
deve-se privilegiar a orientação das falhas, sempre perpendicular ao eixo de implantação do
respectivo túnel.
A condição crítica que as falhas trazem para o processo de escavação, levam a serem
estudadas novas opções de traçado para o túnel, reduzindo assim os potenciais riscos de
colapsos. Assim, o conhecimento antecipado desta anomalia, reduz substancialmente os riscos
inerentes a este processo de escavação. As metodologias executivas utilizadas para tratar
maciços com a presença de falhas são injeções de consolidação, enfilagens, jet-grouting,
DHPs, etc.
39
4.4.1.2 Dobras
(a) Sinclinal: dobra com convexidade para baixo, quando conhecidas suas relações
estratigráficas, ou seja, rochas mais novas encontram-se no seu núcleo.
(b) Anticlinal: dobra com convexidade para cima, quando conhecidas suas relações
estratigráficas, ou seja, rochas mais antigas encontram-se no seu núcleo.
40
O posicionamento de túneis em maciços com a presença de dobras anticlinal, passam
por alta influência de condições permeáveis, devido as altas cargas cisalhantes existentes. Já
numa condição sinclinal, o maciço sofre pela interrupção das condições permeáveis e não
permeáveis, originando o posicionamento de bolsões de água. Assim, verifica-se forte
influência das tensões locais, o que pressupõe um alto estado de fraturação dos materiais
resistentes, GOMES, D. (2012).
41
4.4.1.3 Juntas
Juntas são fraturas que durante a sua formação, não se movimentaram. Seu início está
ligado ao processo de formação do maciço, apresentando esforços adiastróficos (primários),
ou seja, não tectônicos (juntas de resfriamento), quanto diatróficos (secundários) juntas de
origens tectônica, originada de uma estrutura regional bem definida. De maneira abrangente,
em sua aplicação na implantação de túneis, as juntas definem o estado de fragmentação do
maciço rochoso. Para isso, é importante a definição de domínios homogêneos, ou seja, a área
na qual um elemento se apresenta contínuo e sem variações significativas.
Assim, quando da escavação para implantação de túneis, é importante o levantamento
sistemático de cada domínio, definindo as famílias presentes e a posição do bloco unitário e
sua orientação.
42
Figura 4.7 – Influência das juntas nas escavações subterrâneas - GOMES, D. 2012
Figura 4.8 – Influência das dobras nas escavações subterrâneas - GOMES, D. 2012
Nos Quadros 4.2 e 4.3, apresentam a ação da inclinação das juntas, como influência
direta na geometria de escavação de túneis e sua relação com a estabilidade, quer de teto e
paredes laterais, para as diversas inclinações.
43
Tabela 4.2 – Ação das juntas na geometria de túneis (paralelo e oblíquo)
44
Assim, visando combater a instabilidade em processos de escavações em túneis,
encontramos metodologias recentes para o controle das convergências de maciços rochosos,
sujeitas a anomalias críticas de movimentação (juntas/fraturas), devido ao elevado campo de
tensões do maciço.
45
Figura 4.10 – Frente de escavação paralizada, devido percolação elevada pelas fraturas,
Túnel Laranjeiras, 2014
A estimativa de certos parâmetros é difícil de ser realizada, não pela falta de pessoal
técnico, equipamento ou procedimentos qualificados, mas, sobretudo, pelas condicionantes
técnicas impostas pelo fator de escala dos ensaios diante do maciço rochoso. Essas
dificuldades são decorrentes das dimensões e do volume de equipamentos necessários para
que uma campanha de ensaios de campo apresente resultados satisfatórios e representativos
do maciço rochoso.
46
Entre o vasto número de critérios de ruptura, destaca-se o critério generalizado de
Hoek-Brown (1981), que tem evoluído gradualmente (HOEK, 1981), (HOEK, 1994), (HOEK,
1999), (HOEK, 2001), principalmente em função das necessidades dos projetistas e
construtores. Tem sido aplicado a diversos casos não contemplados pela versão original
(HOEK; BROWN, 1980). Assim, a aplicabilidade das equações empíricas e semiempíricas
dos vários critérios de ruptura apresenta resultados bastante satisfatórios, quando respeitadas
as restrições conceituais impostas por seus autores.
Tabela 4.4- Influência das condições estruturais do maciço rochoso e do estado de tensão no
modo de ruptura (adaptado)
Ocorrência de ruptura
Ruptura localizada ao redor da Ruptura localizada ao redor da localizada e desagregação da
escavação escavação e movimento de blocos parede
Elevado nível de
tensões
Ruptura generalizada ao
Ruptura generalizada ao redor Desenvolvimento do
redor da escavação e
da escavação processo de “squeezing”
movimento de blocos
47
5 MECANISMOS DE RUPTURAS EM MACIÇOS ROCHOSOS
Como a natureza das características do maciço difere de local para local, função da
história geológica da região considerada, é necessário evidenciar os atributos do meio rochoso
que, isolada ou conjuntamente, condicionam o seu comportamento ante as solicitações
impostas pela obra em questão. Tal procedimento denomina-se caracterização geológico-
geotécnica ou geológico-geomecânica do maciço rochoso. A caracterização objetiva,
portanto, a priorização das características de uma realidade local para sua posterior
classificação.
Durante anos, vários autores têm desenvolvido critérios de classificação dos maciços
rochosos em função da sua escavabilidade. Estes critérios baseiam-se em diversos parâmetros
de avaliação, existindo alguns de concepção simples e outros que incorporam um largo
conjunto de características dos materiais e de equipamentos propostos (BASTOS, 1998).
Segundo BASTOS9 (1997 apud LÓPEZ e DÍAZ, 1997), os critérios mais utilizados e
importantes são: o método de Franklin et al (1971), o método de Weaver (1975), o método de
Atkinson (1977), o método de Romana (1981), o método de Kirsten (1982), o método de
Abdullatif e Cruden (1983), o método de Scoble e Muftuoglu (1984), o método de
Hadjigiorgiou e Scoble (1988) e o método de Singh et al (1989).
9
LÓPEZ, C. e DÍAZ , B. (1997). “Classificación de los terrenos según su excavabilidad”. Manual de
túneles y obras subterráneas. Ed. C. López Jimeno. Entorno Grafico, S. L. Madrid. pp. 183-210.
49
Tabela 5.1 – Principais critérios de escavabilidade e parâmetros associados
50
A escavabilidade dos maciços, classificada segundo qualquer dos critérios expostos,
baseia-se na capacidade e potência dos equipamentos existentes e sua eficiência no período de
elaboração do critério. Desta forma, a não execução dos serviços dentro do cronograma
definido pode tornar obsoleta a respectiva metodologia, devido às evoluções tecnológicas.
Os métodos de escavação, tanto por explosivos como mecânicos, podem ser faseados
de acordo com as características da obra e do maciço rochoso. Em túneis de grande seção, é
geralmente utilizada a técnica de desmonte sucessivo de seções parciais, de forma a minorar a
instabilidade das frentes, dos tetos e das paredes, bem como reduzir as convergências no
túnel. Este método é preferencialmente utilizado em túneis em maciços rochosos muito
brandos (ou maciços terrosos), com pequeno recobrimento.
51
Em relação aos métodos de escavação, em seção parcial, podemos observar os
seguintes métodos mais importantes:
52
A escolha do método de escavação apropriado reflete sempre na qualidade da obra,
mitigação dos riscos e na metodologia executiva inerente à sua realização.
Nestes casos, as medidas a adotar passam pela drenagem e/ou revestimento do túnel de
forma a reduzir a pressão e reencaminhar o fluxo de água. A presença de dois ou mais dos
fenômenos acima descritos, aliados às condicionantes geológicas e de serviço do túnel, pode
motivar da parte dos técnicos envolvidos, a adoção de soluções de compromisso, com vista a
53
integrar todos os aspectos identificados, inclusivamente os aspectos intangíveis, (HOEK e
BROWN 1980).
Nos estudos de estabilidade local e global, para maciços rochosos, as propriedades dos
materiais do são de grande variabilidade natural. Desta maneira, podem-se considerar outras
variáveis na análise do maciço e respectiva obra subterrânea, como a geometria da escavação,
as cargas aplicadas e os níveis freáticos.
54
Tabela 5.2 – Tipos de ruptura que ocorrem em diferentes maciços rochosos sob
ROCHA
MACIÇA
Maciço rochoso com tensão in situ elevada. Nos limites
Maciço rochoso com tensão in situ baixa.
da abertura, em pontos de concentração de tensões,
Resposta linear elástica praticamente sem
iniciam-se fenómenos de lascamento, desplacamento e
rotura
esmagamento que se propagam ao maciço circundante.
ROCHA
FRATURADA
Maciço rochoso fraturado com tensão in situ
Maciço rochoso fraturado com tensão in situ elevada. A
baixa. Os blocos ou cunhas formadas pela
ruptura ocorre como resultado do deslizamento segundo
interseção de diaclases com diferentes
as superfícies das diaclases e pelo esmagamento e
orientações, soltam-se e escorregam devido à
fendilhamento dos blocos rochosos.
ação da gravidade.
ROCHA MUITO
FRATURADA Maciço rochoso muito fraturado com tensão
Maciço rochoso muito fraturado com tensão in situ
in situ baixa. A superfície da abertura rompe
elevada. O maciço circundante à abertura rompe por
como resultado do emaranhado de pequenos
deslizamento nas superfícies das descontinuidades e por
blocos ou cunhas, formados pela quantidade
esmagamento de pequenos blocos de rocha. Este tipo de
de descontinuidades que o maciço apresenta.
ruptura tende a provocar o levantamento da soleira e
A ruptura pode propagar-se facilmente, se
forte convergência das paredes laterais.
não for controlada.
55
Tabela 5.3 – Problemas, parâmetros, métodos de análise e critérios de
revestimento ou revestidos em concreto. resistência é excedida pelas tensões de cunhas ou blocos definidos pela
TÍPICOS
56
Assim, os sistemas de suporte a utilizar têm de possuir características de forma e
resistência adequadas para o tipo de maciço existente e para as condições geomecânicas do
local. A partir do mapeamento das frentes de escavação, são aplicados imediatamente e no
menor espaço de tempo possível, os sistemas de suporte. O objetivo deste tipo de suporte é
garantir a estabilidade da cavidade escavada, propiciando a segurança de trabalhos futuros e a
geometria projetada.
57
5.5 TIPOS DE RUPTURAS NA ESCAVAÇÃO DE TÚNEIS
Nos mecanismos locais a estabilidade depende apenas das tensões do maciço nas
proximidades da frente de escavação. São mecanismos que ocorrem devidos apenas à ação do
peso do solo da porção central do maciço. Em muitos casos, podem ser estabilizados logo no
início da ruptura, através da implantação de enfilagens, tirantes e/ou concreto projetado ou de
aterros, (MAFFEI; MURAKAMI, 2011).
58
Na Figura abaixo, verifica-se, idealizadamente, a diferença entre mecanismo global e local.
A Figura 5.5 apresenta exemplos típicos de mecanismos globais, chamados aqui como
Mecanismos do tipo G1.
Figura 5.5 – Mecanismos de rupturas globais – Caso G1, MAFFEI; MURAKAMI, 2011
59
Segundo MAFFEI; MURAKAMI, (2011), os mecanismos de ruptura Tipo G1
ocorrem quando se executa um túnel com pequena cobertura de solo competente sob um
maciço de solo mole de pouca capacidade de arqueamento e pouco competente ao
cisalhamento, geralmente devido a não detecção da perda de cobertura.
O mecanismo G2C é similar ao G1C, onde o solo frágil desliza e o solo de bolsões ou
estratificações invade o túnel. Em maciços estratificados, como aqueles com lentes de areia, o
60
efeito do arqueamento é prejudicado. As camadas argilosas rijas trabalham como lajes à
flexão sob a ação da carga das lentes de areia. O caso G2D ocorre quando o maciço tem uma
certa resistência inicial, porém, quando exposto por muito tempo após a escavação se degrada,
passando a se comportar como solo desplacante rápido ou fluente, devido aos efeitos da água,
(MAFFEI; MURAKAMI, 2011).
Figura 5.6 – Mecanismos de rupturas globais – Caso G2, MAFFEI; MURAKAMI, 2011
61
Figura 5.7 – Mecanismos de rupturas globais – Caso G3, MAFFEI; MURAKAMI, 2011
62
Figura 5.8 – Mecanismos de rupturas de teto e frente de escavação, MAFFEI;
MURAKAMI, 2011
Definido também como ruptura local, este mecanismo é representado pelo caso L5.
Nesta anomalia, a instabilização ocorre quando a escavação intercepta um material menos
competente, com ângulo de atrito 0 a 18º, causando assim o deslizamento do material
escavado. Prova disto é o tamanho do núcleo de areia necessário para equilibrar o mecanismo
que independe da altura da cobertura, mostrando que as tensões distantes da face não a
influenciam (MAFFEI; MURAKAMI, 2011).
63
5.6 MONITORAMENTO E CONTROLE
64
planejamento geral dos trabalhos, minimizando os atrasos na construção. Deste
modo, é possível obter mais segurança e adequabilidade dos sistemas de
suporte, compensando os eventuais atrasos devidos à observação.
10 HOEK, E. e BROWN, E. (1980a). Empirical Strength Criterion for Rock Masses. Journal of the Geotechnical
Engineering Division, ASCE, 106(GT9): 1013–1035. HOEK, E. e BROWN, E.T. (1980b). Underground
Excavation in Rock. Institution of Mining and Metallurgy, London, UK, 527
65
• Diminuição da observação por limitações orçamentais: a tentativa de redução
de custos implica uma restrição do número de observações nos equipamentos
existentes, não instalação de outros instrumentos e deficiências na análise e
tratamento dos dados.
5.6.2 INSTRUMENTAÇÃO
66
• Medidores de convergências: implantados nas paredes e teto do túnel, medem
a variação da medida entre as cordas instaladas em pontos fixos no interior do
túnel (Figura 5.10 por C12, C13, C23, C14, C15 e C45);
• Extensômetros: implantados nas paredes e teto do interior do túnel, medem o
recalque através da diferença de níveis dos pinos instalados no contorno
interior do túnel (Figura 5.10 por EM1, EM2, EM3, EM4 e EM5);
67
Figura 5.11 – Implantação de marcos topográfico, extensômetros e inclinômetros na
seção de um túnel, GOMES, D. 2012
68
6 FERRAMENTAS SISTÊMICAS DE GERENCIAMENTO DE RISCOS
Embora não haja ainda uma cultura de aplicação destas técnicas às obras subterrâneas,
entende-se a relevância destas ferramentas, principalmente na avaliação da segurança destes
empreendimentos. Por causa de sua base matemática, os engenheiros tentam explicar o risco
por meio de equações, mas nenhuma delas é uma expressão funcional de parâmetros
dependentes de risco, como perigo, vulnerabilidade e capacidade de resposta. Portanto não se
destinam a calcular e expressar o risco por uma medida numérica.
69
6.2 ANÁLISE DE ÁRVORES DE EVENTOS
Métodos de cálculo exato para o primeiro caso são, em geral, limitados pela
complexidade da árvore (HEGER et al., 1995) ou requerem algoritmos complexos que podem
comprometer a eficiência computacional ou dedutiva durante sua aplicação. Assim, com o
intuito de simplificar os cálculos, são adotados métodos de aproximação, tais como o do
evento raro (MODARRES et al., 1999), cuja deficiência está na possibilidade de inferências
distantes do valor exato.
70
Para o traçado da árvore de eventos, são seguidas as seguintes etapas básicas
(GOMES, D. 2012):
71
Segundo MAIA (2007), o método de Monte-Carlo basicamente utiliza as distribuições
estatísticas de variáveis, ditas estatísticas, para a obtenção da distribuição probabilística de
uma variável, dita probabilística, dependente dessas variáveis estatísticas. A obtenção da
distribuição probabilística é feita a partir de numerosas combinações de valores, sorteados
aleatoriamente, das distribuições de probabilidade das variáveis estatísticas, como visto na
Figura 6.1, os quais inseridos em uma equação ou função resultarão na distribuição
probabilística desejada, cuja forma é desconhecida.
72
c) Calcular o resultado determinístico substituindo as incertezas pelos valores gerados
obtendo, assim, uma observação do problema. Repetir os passos b e c até se obter uma
amostra com o tamanho desejado de realizações;
d) Agregar e manipular os resultados da amostra de forma a obter uma estimativa da
solução do problema.
Diariamente tomamos decisões que envolvem riscos, os quais muitas vezes são
admitidos como não relevantes por apresentarem uma baixa probabilidade de acontecer. No
entanto, por mais baixa que seja a probabilidade é necessário identificá-los e preveni-los para
que as tarefas sejam desempenhadas de forma segura e eficiente. Uma das formas de fazê-lo
passa pela utilização/aplicação de técnicas que permitam diagnosticar potenciais falhas logo
na fase de projeto, tais como o FMEA e/ou o FMECA.
Mais tarde, foi utilizado na indústria aeroespacial pela NASA (National Aeronautics
and Space Administration), no desenvolvimento do programa espacial Apollo, com o objetivo
de eliminar falhas em equipamentos que ficariam impossibilitados de ser reparados após
lançamento (FMEA, 2009).
73
A indústria automobilística foi também uma precursora deste método, implementado
no final da década de setenta pela Ford Motor Company, onde serviu para quantificar e
ordenar os defeitos potenciais ainda na fase de projeto, impedindo que essas falhas chegassem
ao cliente final (FMEA, 2009).
Esta dimensão da qualidade e confiabilidade tem se tornado cada vez mais importante
para os empreendedores, pois, a falha em uma obra, mesmo que prontamente reparada pelo
serviço de acompanhamento técnico e totalmente coberta por termos de garantia, causa, no
mínimo, uma insatisfação ao cliente ao acarretar alteração de prazos e custos. Além disso,
cada vez mais são lançados empreendimentos em que determinados tipos de falhas podem ter
consequências drásticas para o mesmo.
Como aplicação em obras geotécnicas, podemos dizer que esta ferramenta consistirá
na identificação dos modos de falhas (rupturas) e de seus efeitos. Neste sentido, o método
prevê uma análise em que se considera, além da matriz de criticidade, a sequência dos modos
de ruptura, com suas causas iniciadoras, assim como efeitos imediatos, próximos e finais,
(ESPÓSITO, 2009).
Segundo TEIXEIRA (2009), existem diversos tipos de FMEA, dos quais se destacam:
a) FMEA de Sistema
O FMEA de Sistema, também denominado FMEA, tem por objetivo avaliar falhas em
sistemas e subsistemas nas fases iniciais de definição do conceito e do projeto. O FMEA de
Sistema tem por base a identificação das potenciais falhas do sistema em relação à execução
das funcionalidades, procurando atender às necessidades e percepção dos clientes em relação
ao sistema.
74
b) FMEA de Produto ou DFMEA (Design Failure Mode and Effects Analysis)
O FMEA de Produto tem por base avaliar as possíveis falhas em produtos antes da sua
introdução no processo de fabricação, devendo o produto ser analisado durante toda a sua vida
útil. Este tipo de FMEA focaliza-se na análise das falhas potenciais do projeto, em relação ao
cumprimento dos objetivos definidos para cada uma das suas características, encontrando-se
diretamente ligado à capacidade do projeto em atender os objetivos definidos.
O FMEA de Processo tem por base avaliar falhas em processos antes da introdução do
produto para produção em série. Este tipo de FMEA centra-se na identificação das falhas
potenciais do processo em relação ao cumprimento dos objetivos definidos para cada uma de
suas características, encontrando-se diretamente ligada à capacidade do processo em cumprir
os objetivos definidos para o mesmo.
d) FMEA de Serviço
75
7 APLICAÇÃO DA METODOLOGIA DE GERENCIAMENTO DE RISCOS
7.1 CONCEITOS
Ferramentas de
Conceitos Teóricos Caso-Estudo
Gerenciamento de Riscos
Metodologia probabilística
de previsão
76
Desta maneira acredita-se que será compreendida a importância dos projetistas e
executores estarem familiarizados com os conceitos que abrangem os mecanismos de ruptura
em meio rochoso, bem como os métodos e ferramentas necessárias para mitigar os riscos
gerados em sua implantação.
Contudo, a estimativa de tais parâmetros é ainda difícil de ser realizada, não pela falta
de pessoal técnico, equipamento ou procedimentos qualificados, mas sobretudo, devido às
condicionantes técnicas impostas pelo fator de escala dos ensaios frente ao maciço rochoso.
Estas dificuldades são decorrentes das dimensões e do volume de equipamentos necessários
para que uma campanha de ensaios de campo apresente resultados satisfatórios e
representativo do maciço rochoso.
Dentre o vasto número de critérios de ruptura, pode ser dado especial destaque ao
critério de ruptura generalizado de Hoek-Brown (Hoek & Brown, 1980a e Hoek & Brown,
1980b). Neste sentido, o critério de ruptura de Hoek-Brown tem gradualmente evoluído
(Hoek 1983; Hoek 1994; Hoek & Brown 1997; Hoek et al. 2002; entre outros) em função das
necessidades dos projetistas e construtores, que o tem aplicado a diversos casos não
contemplados pela versão original de 1980.
77
Assim, a aplicabilidade das equações empíricas e semi-empíricas dos vários critérios
de ruptura existentes apresenta resultados bastante satisfatórios, quando respeitadas as
restrições conceituais impostas por seus autores. Igualmente importante, o módulo de
deformabilidade se encontra entre os parâmetros que melhor descrevem o comportamento
mecânico de fragmentos de rocha e do maciço rochoso, sendo fundamental nas análises de
obras subterrâneas. Razão pela qual a maioria das análises de elementos finitos e elementos de
contorno, para o estudo de tensões e deslocamentos ao redor das escavações subterrâneas,
serem baseadas nesse parâmetro.
Graças a esses esforços, diversos autores (Hoek 1981, Hoek et al 1995 e outros)
convergem para um mesmo pensamento, no qual os projetos das obras subterrâneas devem
frequentemente considerar dois modos de ruptura. O primeiro originado dos processos de
instabilidades estruturalmente controladas por descontinuidades. O segundo decorrente do
estado de tensões induzido pela escavação da estrutura subterrânea, cujas tensões poderão
igualar a própria resistência do maciço rochoso.
78
Finalmente, todas as obras subterrâneas de forma e tamanho qualquer, predispostas ao
surgimento dos problemas de instabilidade, irão apresentar três estágios evolutivos do
processo de instabilidade:
Os dados abaixo visam dar uma ideia das dimensões das maiores obras subterrâneas
e suas respectivas utilizações:
79
• Túnel Hidroviário - túnel Rove no canal de Marselha, França, com 7,1 km de
extensão e seção transversal de 22 x 11 m2 (operação desde 1927, interrompida
por acidente em 1963).
• Túnel para Adução de Água - túnel Nova Iorque / Delaware, com 169 km de
extensão e 4,1 m de diâmetro (construção de 1937 a 1944). Também vale
incluir o túnel mais longo sem suporte, túnel Three Rivers em Atlanta, EUA,
com 9,4 km de extensão e 3,2 m de diâmetro (construção de 1980 a 1982).
• Túnel Hidrelétrico - túnel dos Rios Orange e Fish, na África do Sul, com 82,9
km de extensão e 5,4 m de diâmetro (construção de 1967 a 1973 e custo de
US$ 96 milhões). Existe também um projeto no Peru, a barragem de Majes,
que envolverá 98 km de túneis para fins hidrelétricos de suprimento de água.
• Túnel para Adução de Esgoto - o sistema de esgoto de Chicago, EUA, quando
completo, terá 211 km de túneis. Hoje existem já 121 km em operação e 29 km
em construção, com diâmetros variando de 2,7 a 10,0 m. O sistema também
inclui para uma segunda fase cavernas para controle de poluição e cheias. O
custo estimado do projeto é de US$ 3,6 bilhões.
• Cavernas para Armazenamento de Resíduos - caverna Henriksdal, em
Estocolmo, Suécia, com 1 milhão de m3 de volume (construção de 1941 a 1971
e no momento em expansão).
Como na maioria das vezes, trabalha-se com conhecimento limitado das áreas em
estudo, optando pela alternativa dos sistemas de classificação geomecânica, que nos permite
relacionar a situação atual com as situações encontradas por outros, ou seja, as classificações
geomecânicas são uma forma sistemática de catalogar experiências obtidas em outros lugares
e relacioná-las com a situação ora encontrada.
80
Neste caso, optou-se por uma das classificações mais usadas, a de Bieniawski (1973,
1976 e 1989) com o índice RMR (Rock Mass Rating) ou índices do Maciço Rochoso sem
desmerecer outras classificações que foram esquecidas ou não tiveram grande demanda de
uso, mas que serviram como fundamento no processo de melhor compreensão do
comportamento do maciço rochoso.
Em casos de rocha muito dura onde o comportamento está dominado pelas cunhas
instáveis, o tempo de auto sustentação é nulo e o suporte terá que ser colocado logo após a
escavação, ou antes de liberar a cunha em sua totalidade.
81
7.1.3.1 Sistema de Classificação RMR
O sistema RMR é apresentado através de tabelas, que atribui pesos para os seis
parâmetros acima listados. Estes valores são somados para obter o valor de RMR (máximo de
100 pontos).
Os parâmetros do sistema são simples e claros, podendo ser obtidos rapidamente com
um custo relativamente baixo e englobando características de abertura, persistência,
rugosidade e alteração das paredes das descontinuidades. O espaçamento é individualizado
em um dos seis parâmetros e a orientação das descontinuidades é considerada à parte, como
um parâmetro de ajuste que depende da orientação das descontinuidades em relação à
escavação e ao tipo de obra.
82
Nas Tabelas 7.3 e 7.4 são apresentados os pontos referentes a cada parâmetro do
sistema RMR. A classificação do maciço é obtida com a somatória dos pontos dos parâmetros
selecionados variando de acordo com o maciço estudado.
83
Tabela 7.2 - Sistema de classificação geomecânica RMR
84
Tabela 7.3 - Correções e guias auxiliares para o sistema de classificação RMR
85
Após ter sido feita a classificação do maciço rochoso, é então recomendada à solução
de suporte recomendada. Bieniawski (1989) publicou na sua classificação uma série de guias
de escolha do suporte para túneis em rocha conforme o valor de RMR (Tabela 7.5), a qual foi
desenvolvida para túneis cuja geometria era em forma de ferradura, escavados a fogo, num
maciço sujeito a tensão vertical maior a 25 MPa (profundidade aproximada de 900 m).
Tabela 7.4 - Guia para escavação e suporte para túneis com 10 m de largura de acordo com o
sistema RMR
Tipo de Maciço Método de escavação Tirantes (diâmetro de Concreto projetado Cambotas metálicas
Rochoso 20 mm, com calda de
cimento)
I Excelente Face completa, avanço de Geralmente não precisa suporte exceto tirantes localizados curtos.
RMR: 81-100 3 m.
II Bom Face completa, avanço de Tirantes localizados Espessura de 50 mm Nulo
RMR: 61-80 1 a 1,5 m, e suporte pronto no teto de 3 m de no teto, onde
a 20 m da face. comprimento e necessitar.
espaçados 2,5 m,
malha de aço
opcional.
III Regular Frente de escavação em Tirantes espaçados Espessura de 50 a Nulo
RMR: 41-60 bancadas (berma), avanço 1,5 a 2 m, de 4 m de 100 mm no teto e 30
de 1,5 a 3 m na calota, comprimento, no teto mm nas paredes.
instalação do suporte após e paredes, com malha
cada escavação a fogo, e de aço no teto.
suporte pronto a 10 m da
face.
IV Ruim Frente de escavações em Tirantes espaçados 1 Espessura de 100 a Cambotas metálicas
RMR: 21-41 camadas, avanço da calota a 1,5 m, de 4 a 5 m 150 mm no teto e 100 leves a médias,
de 1 a 1,5 m, instalação do de comprimento, teto mm nas paredes. espaçadas de 1,5 m,
suporte paralelo com a e paredes, com malha onde precisar.
escavação, a 10 m da de aço.
frente.
V Péssimo Múltiplas frentes, avanço Tirantes espaçados 1 Espessura de 150 a Cambotas metálicas
RMR: < 20 da calota de 0,5 a 1,5 m, a 1,5 m, de 5 a 6 m 200 mm no teto e 150 médias a pesadas,
instalação do suporte de comprimento teto mm nas paredes, e 50 espaçadas de 0,75 m,
paralelo com a escavação, e paredes com malha mm na face. com aduelas de aço, e
e concreto projetado logo de aço, e arco arco invertido.
que possível após a invertido atirantado.
escavação fogo.
86
7.1.3.2 Sistema GSI
Para o cálculo de GSI padronizou-se o uso do RMR, versão 1976, ou o RMR de 1989
menos 5 pontos. O índice GSI é calculado em função de RMR, mas considerando o maciço
seco e não fazendo a correção devido à orientação da descontinuidade, já que a pressão de
água e a orientação de descontinuidade são considerados no projeto, e portanto não devem
afetar os parâmetros do maciço. Assim para RMR76 > 18 ou RMR89 > 23, tem-se que:
GSI RMR76
GSI RMR89 5
Quando os valores de RMR forem inferiores a 18 (versão 76) ou 23 (versão 89), deve-
se utilizar o sistema Q de Barton. Para a utilização do sistema de Barton não se considerará
SRF nem o efeito da água subterrânea Jw na determinação do critério de ruptura, já que estes
fatores são considerados no projeto. Então o valor modificado de Barton será:
87
RQD Jr
Q'
Jn Ja
GSI 9 ln Q '44
Em função dos valores de GSI, HOEK (1995 e 2002) apresenta correlações para
estimar parâmetros de resistência e deformabilidade do maciço rochoso, como será visto nos
respectivos capítulos.
Atualmente o GSI é calculado fazendo uso de ábacos, sendo este valor determinado
conforme as avaliações visuais das condições do maciço rochoso.
88
Tabela 7.5 - Ábacos do GSI em maciços rochosos homogeneamente fraturados
Condições da Superfície da
MUITO POBRE:
Uma superfície estimada entre moderada e muito pobre
MODERADA:
MUITO BOA:
será depreciada na presença de água, ou seja, uma
preenchimentos.
superfície moderada será classificada como pobre.
Análises de tensão efetiva serão realizadas quando a
POBRE:
poropressão se fizer presente.
alterada.
BOA:
Estrutura Diminuição na Qualidade da Superfície
INTACTA ou MACIÇA:
Corpos de prova de rocha intacta ou maciça "in
90 Não
situ" com poucas descontinuidades amplamente
espaçadas. Aplicável
Diminuição no Travamento entre Blocos de Rocha 80
FRATURADA:
Maciço rochoso não-perturbado com estrutura
bem intertravada, que consiste de blocos cúbicos
70
formados por um conjunto de três famílias de
descontinuidades.
60
MUITO FRATURADA:
Maciço parcialmente perturbado com blocos
angulares formados por um conjunto de quatro 50
ou mais famílias de descontinuidades.
40
FRATURADA/PERTUBADA/POBRE:
Dobrada com blocos angulares formado pela
múltipla interseção de várias descontinuidades.
Persistência de planos de acamamento ou
xistosidade. 30
DESINTEGRADA:
Pobremente intertravada, maciço rochosos
pesadamente fraturado com intrusão de 20
partículas rochosas angulares e arredondadas.
LAMINADA ou CISALHADA: 10
Ausência de blocos decorrente do pequeno Não
espaçamento entre planos de cisalhamento ou
fracas xistosidade. Aplicável
89
GSI para Maciços Rochosos Heterogêneos (tipo "Flysch").
A estimativa do GSI se dará pela avaliação visual de características das descontinuidades: litológia,
estrutura e condições da superfície. Essa estimativa deve ser precisa, ou seja, um valor entre 33 e
37 será mais realista do que 35. Este ábaco não se aplica aos casos controlados estruturalmente,
onde os planos de fraqueza em relação a escavação dominarem a estabilidade da obra. A
resistência ao cisalhamento de rochas sujeita ao intemperismo químico será reduzida na presença
de água. Uma superfície estimada entre moderada e muito pobre será depreciada na presença de
água, ou seja, uma superfície moderada será classificada como pobre. Análises de tensão efetiva
serão realizadas quando a poropressão se fizer presente.
Composição e Estrutura
: A OB OTI U M
: A DARE DO M
. s ot ne mi hc neer p uo
: ERB OP OTI U M
. s er al ugna s ot ne mgarf
90
60
ad ei cí f r e p uS ad s e õçi d no C
B: C: D: E:
Arenito com Arenito e siltitos Siltitos ou Fracos siltitos ou
finas lentes de em iguais folhelho siltoso folhelho argiloso B C D E
siltitos. quantidades. com camadas de com camadas de
. a dazi r e p met ni et ne me vel , as ogu R
et ne matl a uo a dil op, e mr ofi nu oti u M
arenito. arenito.
r op s a di hc neer p uo s at ca p moc s a da mac
el o mali gr a e d s a da mac moc a dazi r e p met ni
C, D, E e G: F: 50
. ) a dazi r e p met ni - oã n( as ogur oti u me et nece R
G: H:
Folhelho argiloso ou silte indeformada com, Silte ou argila marinha tectonicamente deformada Não G H
ou sem, poucas e finas camadas de arenito. formando uma estrutura caótica com bolsas de
argila. Finas camadas de arenito são Aplicável
transformadas em pequenos fragmentos de rocha. 20 10
* : Este símbolo representa deformação após perturbação tectônica (ver quadro).
Tabela 7.6 - Ábaco para estimar o valor do GSI em maciços rochosos heterogêneos (MARINOS & HOEK, 2000)
7.1.4 MACIÇO COMO ELEMENTO ESTRUTURAL
91
Quando os deslocamentos durante a escavação forem julgados excessivos, pode-se
proceder à melhoria da qualidade do maciço. Esta é obtida através de medidas de ordem
estrutural, tais como enfilagem, injeção de nata de cimento ou resina, grauteamento etc.
92
• Tempo de instalação, que na verdade constitui o tempo de fechamento do anel;
• Rigidez e resistência tal que o sistema de suporte funcione como um cilindro de paredes
finas, minimizando cortantes e momentos;
• Na necessidade de um suporte de alta capacidade, que teria paredes grossas, é preferível
manter as paredes finas e reforçar com tirantes.
Além da rigidez e da resistência, o sistema de suporte deverá ser instalado num tempo
ótimo, menor que o tempo de auto-sustentação, com o intuito de interceptar a curva
característica do maciço num certo deslocamento admissível.
7.1.6 MONITORAMENTO
93
7.2 METODOLOGIA PROBABILÍSTICA DE PREVISÃO
Conforme MAIA (2007), esse fato pode ser exemplificado por meio da metodologia
de trabalho proposta por Peck em 1969, conhecida como método observacional, que prevê
ajustes dos processos construtivos das obras subterrâneas durante sua escavação, isso em
função de variações no comportamento da escavação. No entanto, quando não é possível
aguardar até a execução para tais decisões, o projeto deverá assumir certo nível de risco. Isso
é usualmente feito de forma arbitrária por meio da incorporação de um valor conhecido, ou
seja, por meio da incorporação de um fator de segurança. Neste sentido, para estudos onde
exista uma variabilidade natural em seus dados, tais como a observado na área em estudo e
transcrita na Tabela 7.8, os métodos estatísticos e probabilísticos se apresentam como uma
alternativa sistemática de incorporação dessa variabilidade natural ao projeto e então calcular
seu risco de ruptura e sua confiabilidade.
94
Tabela 7.7 – Parâmetros dos materiais modelo
(kN/ m³) 26 24 22 20 19 17 17
E = Módulo de Elasticidade
= Coeficiente de Poisson
= Peso Especifico
c = Coesão
Ø = Ângulo de Atrito
95
8 APLICAÇÃO DO MÉTODO A UM CASO DE ESTUDO
Porém, cada túnel demanda uma análise diferente, de modo a sanar uma expectativa
operacional distinta, pois, nenhum túnel é igual ao outro. Para o estudo de obras subterrâneas,
optou-se pelos túneis executados em “New Austrian Tunnelling Method” (NATM), pois os
mesmos requerem o desenvolvimento de considerável habilidade e cuidado em sua
investigação, planejamento, projeto, construção e monitoração para serem implantados com
segurança.
96
As razões que levaram à seleção do local, bem como do empreendimento a ser
avaliado, prendem-se a critérios da aplicabilidade dos risco gerados ao mesmo, neste caso por
razões de caráter estrutural, como a existência de apoio técnico e logístico.
Figura 8.1 – Imagem aérea do local de implantação – eixo de implantação do tunel, 2013
97
8.2 ARRANJO GERAL DO TÚNEL
Figura 8.2 – Seção S1 típica, implantada em maciço classe III/IV, ENGECORPS, 2009
98
Figura 8.3 – Seção S2 típica, implantada em maciço classe II, ENGECORPS, 2009
Entre as seções S1 e S2 existe uma zona de transição em que não há mais necessidade
de enfilagens, portanto, a seção deverá ser escavada como a seção S2, sem necessidade de
enfilagens e com espessura de 15cm com aplicação de tirantes. Orientados pela fiscalização
de campo, foi proposto um pequeno ajuste da geometria para se passar da seção S1 para a
seção S2, (ENGECORPS, 2011).
99
• Seção S2: corresponde ao trecho entre estacas (14+17,40 e 22+19,85), com
tratamento do maciço através de tirantes radiais instalados na abóbada. O
revestimento interno será executado em concreto, de espessura mínima de
0,15m na abóbada e nas paredes. O piso da seção será plano e revestido em
concreto com 0,20m de espessura.
• Seção S3 (túnel falso): corresponde ao trecho de pior qualidade (colúvio),
situado entre as estacas (29+10,45 e 30+12,80), com o tratamento do maciço
através de enfilagens injetadas, a serem instaladas ao redor da abóbada e com
invert no fundo da seção escavada do túnel. Instalação de cambotas externas
no túnel falso com perfil H W200 x 35,9 : o revestimento primário, em
concreto moldado “in loco” com aplicação de forma e telas de aço externa e
interna Q785 , com espessura mínima de 0,40m na abóbada e nas paredes, e
uma sapata de apoio com 1,34m de largura. O invert será executado com
espessura de 0,4m de espessura, com drenagem interna inferior,
(ENGECORPS, 2011).
O traçado do túnel de adução de rejeito situa-se na sua parte montante, sobre formação
ferrífera, atravessando as partes de itabiritos duros e moles até atingir na sua porção de jusante
a zona de contato entre estes e os gnaisses do embasamento. Neste trecho, o túnel atravessa
uma mistura tectônica dúctil de litotipos que pode incluir xistos, quartzitos, gnaisses e
itabiritos. A espessura desta mistura é irregular ao longo da serra, mas pode atingir dezenas de
metros ou mais.
É possível notar uma vertente de alta declividade, que apresenta inclinação média da
ordem de 70º na porção norte do vale e mais suave na porção sul, voltada para mina, com
inclinação média em torno de 20º. As vertentes encontram-se encobertas por uma mata com
representantes da vegetação de cerrado. Ocorrem desde os tipos inferiores até matas pouco
100
densas, com árvores de pequeno a médio porte, esparsamente de grande porte, conforme foto
8.4.
3 2
101
Os afloramentos encontrados na linha do eixo são basicamente de Itabiritos da
Formação Cauê que podem estar capeados por um depósito terciário de argilas arenosas muito
laterizadas. Nas imediações do emboque de montante foi localizado o contato das Formações
Cauê e Gandarela e do Grupo Piracicaba. Verifica-se, ainda, que o traçado do túnel está muito
próximo de uma sela topográfica que se relaciona com uma persistente zona de fratura de alto
ângulo de mergulho.
Foram realizados 9 furos de sondagens mistas com ensaio SPT em solo e recuperação
de testemunhos em rocha, além de ensaios de infiltração (EI) e ensaios de perda d’água sob
pressão (EPA). Os furos de SM-01A a SM-04A foram efetuados entre maio e junho de 2008,
e os demais, entre março e abril de 2009. Os ensaios de infiltração foram executados em
trechos de 1 m a cada 3 m, e os ensaios de perda d’água em trechos de 3 m consecutivos,
(ENGECORPS, 2011).
102
Tabela 8.1 – Relação das sondagens executadas e os respectivos quantitativos das perfurações e
dos ensaios executados
103
O itabirito (rocha bandada, com níveis milimétricos a centimétricos de hematita
alternados com níveis de quartzo) apresentou-se como uma rocha muito susceptível aos
agentes ambientais e, com isso, desenvolve perfis profundos de intemperismo. Seu produto de
alteração é uma areia fina, composta essencialmente por especularita (hematita lamelar) e,
subordinadamente, quartzo. Já o clorita-muscovita xisto ou seu equivalente de granulação
mais grossa e mais fina (gnaisse e filito, respectivamente) apresenta maior resistência à
alteração, sustentando o relevo e, consequentemente, o topo rochoso, de forma mais eficiente
que o itabirito. Seu produto de alteração é um material areno-siltoso, cuja baixa coesão é
indicada pela total desagregação à pressão manual, (ENGECORPS, 2011).
A escarpa de montante apresenta morfologia de relevo mais suave. Com isso, seu
depósito superficial associado é uma camada de colúvio com até 6 metros de espessura, que
se adelgaça da parte alta para a parte baixa do morro. A composição tanto do colúvio quanto
do tálus, caracterizada a partir das sondagens, consiste em fragmentos de rocha envoltos em
matriz argilosa e com consistência plástica, sendo que no tálus os fragmentos são mais
angulosos do que no colúvio. A resistência do colúvio e do tálus, dada pelo índice SPT, é de
10 a 15 golpes, enquanto o solo saprolítico, independentemente do litotipo que gerou este
horizonte, apresenta SPT entre 10 e 30 golpes, predominando entre 15 e 25 golpes,
(ENGECORPS, 2011).
104
com 80% de recuperação mínima, desde que haja a continuidade de alguns metros deste
material. A foliação apresenta orientação WNW-ESE e mergulho moderado (45º) para SW.
Ao longo da foliação se desenvolve o principal sistema de fraturamento. Além disso, ocorrem
fraturas sub-verticais e com 60º de inclinação subordinadas.
Nos testemunhos de sondagem, estas fraturas subverticais, bem como alguns trechos
de rocha em fragmentos, podem ser correlacionadas à zona de fratura coincidente com o
traçado do túnel, sugerido no mapeamento geológico-geotécnico. Apesar disso, sua pequena
expressividade no relevo e nos testemunhos de sondagem indica que este lineamento não é tão
significativo. Assim, a cela topográfica presente no local da SM-05A, identificada como
potencial para problemas geotécnicos, não deve apresentar condições desfavoráveis à
escavação, (ENGECORPS, 2011).
105
Figura 8.6 – Perfil longitudinal geológico, ENGECORPS, 2009
106
8.3.3 MODELO GEOMECÂNICO
107
Tabela 8.2 – Sistema de classificação de maciços rochosos
108
Para as litologias mais importantes e que ocupam maior extensão do túnel,
respectivamente, o saprolito de filito e o xisto pouco alterado, foram verificadas a
classificação geomecânica segundo as tabelas de Bieniawski e as tabelas do software
RockLab de Hoek–Brown, (ENGECORPS, 2011).
Saprolito de filito:
Critério Bieniawski:
− resistência à compressão = 1 a 5 MPa 1 pto
Critério Hoek–Brown:
− sigci ............................................................................................................. 3 MPa
− GSI .................................................................................................................... 23
− mi ........................................................................................................................ 7
− D ...................................................................................................................... 0,0
− MR .................................................................................................................. 400
Resulta em:
109
Xisto pouco alterado:
Critério Bieniawski:
− resistência à compressão = 10 a 50 MPa .............................................. 7 a 12 ptos
Critério Hoek–Brown:
− sigci .......................................................................................................... 70 MPa
− GSI ................................................................................................................... 65
− mi ....................................................................................................................... 8
− D ..................................................................................................................... 0,2
− MR ................................................................................................................. 700
Resulta em:
− ângulo de atrito = 54º
Para as demais litologias, de menor expressão no traçado do túnel, foi calculado apenas o
índice da tabela Bieniawski.
110
Itabirito:
Critério Bieniawski:
− resistência à compressão = 50 a 100 MPa .................................................... 7 ptos
Saprolito de itabirito:
Critério Bieniawski:
− resistência à compressão = 1 a 5 MPa .......................................................... 1 ptos
111
Quartzito:
Critério Bieniawski:
− resistência à compressão = 50 a 100 MPa .................................................... 7 ptos
Quando da execução da obra, verificou-se que, pela foliação das rochas metamórficas
e pelo caimento do túnel de montante para jusante, o avanço do túnel a partir do desemboque
será bem mais favorável, tanto pela maior estabilidade dada pelo mergulho da foliação para
montante como pelo escoamento das águas de infiltração.
112
Para a realização de uma análise através do FMECA, é necessário proceder às
seguintes fases adicionais (SILVA et al, 2006)
8. Estimar a gravidade do modo de falha em estudo (S);
9. Estimar a probabilidade de ocorrência do modo de falha (O);
10. Estimar a probabilidade de detecção do modo de falha (D);
11. Análise de criticidade.
Na construção do respectivo modo de falha, apresenta-se uma descrição das várias fases
(SILVA et al, 2006):
b) Análise funcional
Nesta fase, deve-se efetuar uma listagem de funções que o elemento em estudo vai
desempenhar, tendo em atenção as exigências e expectativas do cliente, de forma a definir e
implementar medidas preventivas.
113
e) Métodos de detecção e prevenção
Em cada modo de falha é importante entender como estas são detectadas e com que meios se
obtém essa detecção. O método de detecção também deve agir como um sistema que
minimize a ocorrência dos modos de falha.
g) Determinação da ocorrência - O
O índice de ocorrência (O) define a frequência ou probabilidade com que pode ocorrer um
determinado modo de falha e a respectiva causa.
i) Análise de criticidade
A determinação quantitativa da criticidade consiste no cálculo do índice de risco de cada
modo de falha (IR) também denominado criticidade (C).
Segundo MOHR (1994), a diferença entre FMEA e FMECA da seguinte maneira:
FMECA = FMEA + C, onde:
114
A descrição do modo como os efeitos de uma componente básica é propagada a outras
componentes de outros subsistemas de níveis inferiores têm uma importância significativa,
uma vez que o FMEA/FMECA inclui na análise as medidas de detecção e de controle dos
modos de ruptura, combinado a sua probabilidade de ocorrência.
115
Figura 8.7 – Escala de índice de risco - modificado TEIXEIRA, 2009
116
Tabela 8.3 – Escala de gravidade, referente ao Dano (Si)
117
Apesar de não se encontrarem estudos probabilísticos relativos à metodologia
aplicada, bem como à fiabilidade das escalas que constam na bibliografia especializada em
túneis, baseou-se o estudo de caso em questão, nas experiências construtivas em dois túneis:
Túnel Laranjeiras, na Mina de Brucutu ( concluído em 30/08/14) e Túnel Forquilha IV
(concluído em 30/04/14), na Mina de Fábrica.
118
Tabela 8.6 – Aplicação da Ferramenta FMEA/FMECA no caso em estudo
119
8.4.3 ANÁLISE DE DADOS
120
Tabela 8.7 – Análise de dados de valores máximos e mínimos de índice de risco
A partir dos ranges, definidos para este trabalho, conclui-se que pelo fato da maior
percentagem de riscos se encontrar na zona de risco elevado, significa que os riscos são
preocupantes.
O método apresenta índices de risco num range de valores entre 12 (valor mínimo) e
80 (valor máximo). Referente à zona de risco médio/baixo, os valores variam entre 12 (valor
mínimo) e 16 (valor máximo). Estes valores indicam que as falhas subjacentes a estes riscos
são consideradas aceitáveis, no entanto devem manter-se as ações preventivas e a eficácia das
medidas de controle, recorrendo a verificações permanentes.
Quanto à zona de risco elevado, os valores variam entre 24 (valor mínimo) e 48 (valor
máximo). Estes valores encontram-se num patamar intermédiário entre a probabilidade de
ocorrência e a gravidade. Desta forma verifica-se que dentro desta área de risco elevado,
predominam riscos que são prováveis de acontecer e com falhas com ocorrência possível. As
falhas que proporcionam estes riscos devem ser reduzidas quer ao nível da probabilidade quer
da gravidade, sendo implementadas medidas para reduzir o risco num período determinado.
Na área de risco muito elevado, os valores variam entre 75 (valor mínimo) e 80 (valor
máximo). Estes valores encontram-se num patamar de gravidade muito elevada e
probabilidade de ocorrência média-baixa. Desta forma, verifica-se que dentro desta área de
risco muito elevado, predominam riscos prováveis de acontecer e que implicam uma ou várias
mortes.
121
As falhas que causam estes riscos devem ser totalmente eliminadas. Não se deve
iniciar ou continuar o trabalho até que se tenha reduzido o nível de risco. Verifica-se que na
execução desta operação, as tarefas que apresentam índices de risco mais elevados são:
alteração do passo de avano da cambota e/ou bancada; alteração do espaçamento entre
cambotas; falta de definição do processo executivo de tratamento do maciço e falta de
instrução / treinamento nos procedimentos de riscos do projeto.
122
9 SÍNTESE, CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS FUTURAS
Neste sentido, foi elaborada tabela de avaliação de riscos, com base no método de
Análise dos Modos de Falha, Efeitos e Criticidade - FMECA, aplicada às categorias mais
representativas de riscos, permitindo assim sistematizar as possíveis falhas e riscos de cada
método, de forma a chegar aos valores dos respectivos índices de risco.
Com base nestes índices, foi possível identificar e mapear os respectivos riscos, e
seguidamente proceder uma análise conjunta de todos eles. Com isso, propõe-se uma possível
hierarquização dos vários riscos relativamente à segurança.
123
9.2 IMPORTÂNCIA DO TRABALHO
Com isso, foi possível expor as características principais de cada evento, contemplando
os potenciais causadores de não conformidades e geradores de riscos. Foi mostrado, ainda,
que estes eventos podem resultar em danos relevantes e graves, e até mesmo em colapsos
parciais do empreendimento. Ressalta-se, também, que a respectiva caracterização é
hipotética, devendo ser adequada à especificidade de cada obra subterrânea, para aplicação
em situações reais.
Contudo, a execução de uma avaliação de riscos, implica uma análise muito detalhada
do tema a tratar, sendo necessário um estudo aprofundado das ferramentas de análise de riscos
e seu impacto no empreendimento.
A hierarquização dos métodos foi dificultada pela semelhança dos modos de falha
existentes entre os métodos de reforço e estabilização estudados, e consequente semelhança
dos níveis de risco atribuídos. Não obstante, analisando de forma global os índices de riscos,
verifica-se que é possível efetuar uma hierarquização das várias metodologias de redução dos
riscos, trazendo ambientes cada vez mais seguros.
124
Com este trabalho conclui-se que a execução de um túnel é um dos desafios mais
complexos no campo da engenharia, mostrando operações que aplicam diversas tecnologias
com níveis de risco elevados. Associada à complexidade e diversidade das operações que este
tipo de obra engloba, a garantia de níveis de segurança elevados é prioritária.
Sendo este um primeiro estudo, tomaram-se alguns pressupostos que poderão ser
questionáveis e algumas questões que ficarão sem respostas.
125
Nesta premissa, pode-se avaliar os procedimentos necessários para o gerenciamento
dos riscos gerados na implantação do túnel Laranjeiras, procedendo assim como uma primeira
aproximação a esta complexa questão.
Finalmente, acredita-se que este trabalho tenha sido um passo no longo caminho de se
dotar o país de instrumentos que orientem no gerenciamento de riscos geotécnicos na
implantação destes empreendimentos, conferindo assim, maior legitimidade a elas.
Com este trabalho conclui-se que a implantação de um túnel é um dos desafios mais
complexos no campo da engenharia, mostrando operações que aplicam diversas tecnologias
com níveis de risco elevados. Associada à complexidade e diversidade das operações que este
tipo de obra engloba, a garantia de níveis de segurança elevados é prioritária.
126
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sequence diagram framework”. Reliability Engineering and System Safety, 65, 103-118
132
ANEXO I – FOTOS DOS TESTEMUNHOS
SM-01A - CAIXAS 1 E 2
SM-02A - CAIXAS 1 E 2
133
SM-02A - CAIXAS 3 E 4
SM-02A - CAIXAS 1 E 2
134
SM-02A - CAIXAS 3 E 4
SM-02A - CAIXAS 5 E 6
135
SM-04A - CAIXAS 1 E 2
136
SM-04A - CAIXAS 3 E 4
SM-04A - CAIXAS 5 E 6
137
SM-04A - CAIXAS 7 E 8
SM-04A - CAIXAS 9 E 10
138
SM-04A - CAIXAS 11 E 12
SM-04A - CAIXAS 13 E 14
139
SM-04A - CAIXAS 15 E 16
SM-04A - CAIXAS 17 E 18
140
SM-04A - CAIXAS 19 E 20
SM-04A - CAIXAS 21 E 22
141
SM-04A - CAIXAS 23 E 24
SM-04A - CAIXAS 25 E 26
142
SM-04B - CAIXAS 23 E 24
SM-04B - CAIXAS 25 E 26
143
ANEXO II – TABELA FMECA
144
FMEA/FMECA 17/07/2014 - Tunel Laranjeiras - Mina de Brucutu
AÇÕES PREVENTIVAS
FUNÇÃO ELEMENTO
CONSEQUÊNCIAS (Oi)
PROBABILIDADE (Si)
MODOS DE FALHA /
CONSEQUÊNCIAS
RECOMENDADAS
CONTROLE (Di)
Segurança Pessoal
ELEMENTO
ESTRUTURA
EFEITOS/
PERIGOS
Operacional
CAUSA(S)
EFEITO
CODIGO
Financeiro
RISCOS
RPNi
Social
Colapso da frente de avanço com
Alteração do passo de avano da cambota Recalques elevados, proporcionando Danos pessoais, incluindo esmagamento,
E1
restabelecer o nível de segurança anômalas/elevadas, caracterizadas por falta deslocamento da massa escorregada sem 5 3 1 1 1 2 30
equipamentos, etc.
adequado a obra. de estabilização do maciço. obstrução da escavação.
Colapso da frente de avanço com
Deformações no revestimento, trincas,
PT1
ESFORÇOS ELEVADOS NO Danos pessoais, incluindo esmagamento, verificação e controle de qualidade dos tratamentos
PAREDE E TETO elevados no revestimento e suas fibras metálicas, na armação do concreto metálicas, causando recalques excessivos deslocamento do maciço, trincas e 2 2 1 1 1 4 16
REVESTIMENTO entalamento sem morte de solo implementados, verificando passo de
ligações. projetado de revestimento. nos pés das mesmas. obstrução da escavação.
avanço da cambota e da bancada, etc.
Leituras de instrumentação
Instabilidades locais com potencial de
PT3
145
execução, causando trincas e causando desplacamentos sem obstrução 5 4 1 5 2 3 75
de tratamento do maciço. entalamento e morte
desplacamento do mesmo. da escavação.
Processo executivo dos processos de tratamento de
Tratamento de solo com problemas de Falha no monitoramento da execução e da Colapso da frente de avanço com
Movimentação do maciço, causando o Danos pessoais, incluindo esmagamento, solo devidamente verificado e aprovado;
M2
execução, levando a eventos de análise do desempenho dos processos de deslocamento da massa escorregada com 3 4 3 5 3 3 45
MACIÇO TRATAMENTO DE SOLO/ROCHA colapso do mesmo. entalamento sem morte monitoramento da execução e análise do
infiltração de água, instabilização da face tratamento. obstrução da escavação. desempenho dos tratamento de solos previstos,
com recalques excessivos.
etc.
Instabilidades locais com potencial de
Falta de ensaios de controle e qualidade na Processo executivo de tratamento, não Danos materiais, incluindo ferramentas,
M2
Equipe insuficiente e inexperiente para Erros de execução do projeto executivo, Danos pessoais, incluindo esmagamento,
monitoramento e acompanhamento de 4 4 1 3 1 3 48
monitoramento / acompanhamento técnico. causando a instabilidade do maciço. entalamento e morte
obras.
Túneis em NATM requerem Procedimentos adequados de monitoração e
AO2
acompanhamento da construção e Falta de procedimentos de verificação e Procedimentos inadequados ao Instabilidade do maciço, incluindo o Danos pessoais, incluindo esmagamento, acompanhamento de obras, procedimentos de verif
3 2 1 2 1 3 18
ACOMPANHAMENTO E monitoramento da instrumentação diária, aderência ao projeto executivo. monitoramento / acompanhamento diário. colapso da estrutura de sustentação. entalamento sem morte icação e aderência ao projeto executivo,
ANDAMENTO DA OBRA
MONITORAMENTO DE MÃO DE OBRA para avaliação da conformidade dos treinamento adequado dos responsáveis pelo
métodos construtivos e adequação da Falta de treinamento adequado dos Equipe não treinada ou inexperiente em Instabilidade da frente de avanço, acompanhamento e monitoração da obra, avaliação
segurança da escavação. e adequação dos procedimentos.
AO3
responsáveis pelo acompanhamento e obras subterrâneas e plano de gestão de causando desplacamentos , quedas de Danos materiais,incluindo ferramentas,
4 3 1 2 1 3 36
monitoramento da obra, com avaliação e riscos não-conforme para as características concreto projetado, causando danos equipamentos, etc.
adequação dos procedimentos. da obra. materiais e pessoais.
EX1
Falta de instrução / treinamento nos Equipe inexperiente para identificação dos Erros de execução do projeto executivo, Danos pessoais, incluindo esmagamento,
5 4 1 4 1 4 80
Na construção de túneis em NATM, é procedimentos de riscos do projeto. riscos inerentes a obras subterrâneas. causando danos materiais. entalamento e morte Treinamento nos procedimentos e especificação
necessário elevado grau de previstas tratativas em riscos do projeto. Previsão
especialização e experiência, para evitar de sistemas de supervisão e controle, atuando
EX2
Não previsão de sistemas de supervisão e Acompanhamento inadequado ao processo Erros de execução do projeto executivo, Danos pessoais, incluindo esmagamento,
erros operacionais. Erros e acidentes 3 2 1 1 1 4 24 durante toda a obra. Validação de procedimentos e
EXECUÇÃO DA OBRA ERRO HUMANO controle durante a execução da obra. executivo de obras subterrâneas. causando danos pessoais. entalamento sem morte
ocorrem quando a organização da obra é atividades por empresa especializada em obras
deficiente, o equipamento não é subterrâneas. Sistemas de controle e
apropriado, e pressões de custo/ Falha na validação dos procedimentos e Inconsistências na execução da obra, bem Instabilidade da frente de avanço, monitoramento on line, verificando e validando os
EX3