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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E


TECNOLOGIA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE
SEGURANÇA DO TRABALHO

ANÁLISE DOS RISCOS ERGONÔMICOS DO POSTO DE


TRABALHO DE UMA FÁBRICA DE TUBOS DE CONCRETO
ARMADO

MARCOS ANTÔNIO DE SOUZA

ORIENTADORA: Profª Drª MARIA APARECIDA M. GAIVA

Cuiabá / MT Setembro / 2004


Marcos Antonio de Souza

ANÁLISE DOS RISCOS ERGONÔMICOS DO POSTO


DE TRABALHO DE UMA FÁBRICA DE TUBOS DE
CONCRETO ARMADO

Monografia apresentada
ao curso de Especialização
em Engenharia de Segurança
do Trabalho, como um dos
requisitos para obtenção do
titulo de Especialista em
Engenharia de Segurança do
Trabalho.

Orientadora: Profª Drª Maria Aparecida M. Gaiva

Cuiabá, MT / Setembro 2004


AGRADECIMENTOS

• Primeiramente a Deus, por ter me dado as condições e


saúde para realizar este trabalho.

• Aos meus pais e meu irmão, que muito me compreenderam


nas horas em que não podia dar atenção a eles.

• À minha esposa Dulcilene e minhas filhas Nadinne, Kadinne


e Francinne que me deram grande força e apoio no
momento mais importante para conclusão deste trabalho.

• À minha Professora e Orientadora Drª Maria Aparecida M.


Gaiva.

• Á todos os meus parentes e amigos.

iii
RESUMO

SOUZA, Marcos Antonio. Análise dos Riscos Ergonômicos do Posto de


Trabalho de uma Fábrica de Tubos de Concreto Armado. Cuiabá, MT,
Setembro, 2004, Monografia de Especialização em Engenharia de
Segurança do Trabalho, UFMT.

O presente estudo buscou analisar os riscos ergonômicos do posto de


trabalho de uma fábrica de tubo de concreto armado e identificar os
sintomas músculos esqueléticos nos trabalhadores que participam da
fabricação de tubos de concreto armado com movimentação de cargas, da
Secretaria Municipal de Viações e Obras do Município de Cuiabá / MT. A
população foi composta por trabalhadores da fábrica de tubos que
participam do processo de fabricação e manuseio de cargas durante o
processo como função primordial. Os dados foram coletados através da
aplicação de questionário com os trabalhadores, e o registro de imagens do
processo com máquina fotográfica, para avaliar os riscos nas atividades
relacionadas ao processo de fabricação de tubos e observação direta no
local, para detectar problemas que podem influenciar nos sintomas músculos
esqueléticos. Foi utilizada a análise descritiva para organização e tratamento
das informações coletadas. A taxa de prevalência de sintomas como dor,
fadiga, dormência e câimbra foram de 100%, sendo que as regiões
anatômicas mais afetadas foram a coluna lombar/dorsal, punhos/mãos,
pescoço, ombro, tornozelo/pés e quadris/coxa. Os resultados corroboram
com estudos anteriores, estabelecendo fortes indícios entre a carga física do
trabalho e os sintomas músculos esqueléticos, decorrentes do manuseio
diário de cargas no processo de fabricação, combinado com movimentos
simultâneos de membros superiores, inferiores e flexão/inclinação da coluna
vertebral. Portanto, faz-se necessário o uso de medidas corretivas para
minimizar o risco dos sintomas músculos esqueléticos nos trabalhadores.

Palavras - Chave: Ergonomia, postura, construção civil, tubos de concreto.

iv
ABSTRACT

SOUZA, Marcos Antonio. Analyses of the Ergonomic Risks of the Work


Places of an Armed Concrete Pipes Factory. Cuiabá – MT, September,
2004, Specialization Monograph in Security of Work Engineering, UFMT.

The present study looked for analyze the Ergonomic Risks of the work places
of an armed concrete pipe factory and identify the symptoms muscles
scrawny in the workers who participate in armed concrete pipes factoring
with movimentation of load, from Municipal Secretary of Roads and Works of
Cuiabá City – MT. The population was composed by pipe factory workers
who participate of the factoring and handle of load process during the
process as main function. The information was collected through the
application of a questionnaire with the workers, and the registration of images
of the process with photograph machine, to value the risks in the activities
related to the pipe factoring process and direct observation at the place, to
detect problems which can influence in the symptoms muscles scrawny. It
was used the descriptive analyses to organization and treatment of the
collected information. The taxes of prevailing of symptoms as pain, fatigue,
numbing, cramp, were of 100%, it means that the anatomic regions more
affected were back / spinal column, fists / hands, neck, shoulder, ankle / feet,
hips / thigh. The results confirm previous studies, establishing strong signs
between the physical load of work and symptoms muscles scrawny, in
consequence of the daily handle of load in the factoring process, combined
with simultaneous movements of the superior, inferior members and push-up
/ tilting of the spinal column. Therefore, it is necessary the use of corrective
measurements to minimize the risks of symptoms muscles scrawny in the
workers.

Key-words: Ergonomy, posture, civil construction, concrete pipes

v
SUMÁRIO

LISTAS DE FIGURAS..................................................................................viii
LISTAS DE QUADROS...................................................................................x
LISTAS DE TABELAS...................................................................................xi
LISTAS DE GRAFICOS................................................................................xii
1 INTRODUÇÃO...........................................................................................01
2 OBJETIVOS...............................................................................................04
2.1 Objetivo Geral......................................................................................04
2.2 Objetivos Específicos...........................................................................04
3 REFERENCIAL TEÓRICO.........................................................................05
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA INDÚSTRIA DE FABRICAÇÃO DE
TUBOS DE CONCRETO........................................................................05
3.1.1Caracterização...................................................................................05
3.1.2 Produção de Tubos de Concreto......................................................08
3.1.2.1 Sistemas de Produção..............................................................08
3.1.2.2 Sistema Automatizado..............................................................09
3.1.2.2.1 Por Vibro-Prensagem............................................................09
3.1.2.2.2 Por Compressão Radial........................................................10
3.1.2.3 Sistema Semi-Automatizado....................................................14
3.2 AUTOMAÇÃO E O TRABALHADOR....................................................15
3.3 ERGONOMIA...................................................................................17
3.3.1 Introdução à Ergonomia..........................................................17
3.3.2 Abordagens em Ergonomia.....................................................22
3.3.2.1 Fases da Análise Ergonômica do Trabalho.........................23
3.3.2.2 Postura.................................................................................26
3.3.2.3 Ergonomia no Setor da Construção Civil no Brasil...............32
4 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO......................................................34
4.1 Tipo de Estudo.....................................................................................34
4.2 Local do Estudo..................................................................................34
4.3 Sujeito da Pesquisa............................................................................34
4.4 Coleta de Dados.................................................................................35
4.5 Aspectos éticos..................................................................................36

vi
4.6 Limitações do Trabalho.....................................................................36
5. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS.......................37
5.1 POSTO DE TRABALHO DE UMA FÁBRICA DE TUBOS DE
CONCRETO ARMADO...........................................................................37
5.2 ANÁLISE DA DEMANDA.......................................................................37
5.2.1 Objetivo da Demanda......................................................................38
5.2.2 Hipóteses Formuladas a Partir da Demanda...................................38
5.3 ANÁLISE DA TAREFA...........................................................................39
5.3.1 Descrição das Componentes do Sistema Homens-Tarefa...............39
5.4 AMBIENTE ORGANIZACIONAL...........................................................40
5.4.1 Ambiente Físico.............................................................................40
5.5 DADOS REFERENTES AOS TRABALHADORES DA
FÁBRICA DE TUBOS DE CONCRETO ARMADO...............................41
5.6 DESCRIÇÃO DA TAREFA DOS TRABALHADORES DA
FÁBRICA DE TUBOS DE CONCRETO ARMADO..............................45
5.6.1 Análise das Atividades......................................................................48
5.6.2 Descrição das Atividades de Trabalho.............................................48
5.7 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADO
PROVENIENTES DOS QUESTIONÁRIOS ENTREVISTAS.................69
6 CONCLUSÕES......................................................................................79
7 RECOMENDAÇÕES..............................................................................80
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS............................................................82
ANEXO.........................................................................................................85

vii
LISTAS DE FIGURAS

Figura 1 Fluxograma Simplificado da Cadeia da Construção Civil................07


Figura 2: Ambiente de trabalho de uma fábrica de tubos automatizada ......11
Figura 3: Silos de estocagem de agregados para preparo do concreto .......12
Figura 4: Sistemas automatizados de concretagem das fôrmas controlado
apenas por um trabalhador................................................... ........12
Figura 5: Retirada automatizada das fôrmas.................................................13
Figura 6: Transporte automatizado dos tubos de concreto após a cura.......13
Figura 7: Sistema automatizado de transporte de tubos após a cura ..........14
Figura 8: Vista lateral e frontal da coluna vertebral.......................................30
Figura 9 e 10: Vértebra e a parte óssea da coluna ......................................31
Figura 11: Mostra as tarefas executadas pelos trabalhadores da Fábrica
de Tubos de Concreto Armado.....................................................47
Figura 12: Telas armazenadas......................................................................49
Figura 13: Corte das telas para armação .....................................................50
Figura 14: Montagem da Tela........................................................................50
Figura 15: Telas armadas..............................................................................51
Figura 16: Montagem da Fôrma....................................................................51
Figura 17: Tela sendo colocada na fôrma.....................................................52
Figura 18: Enchendo a padiola com pedrisco...............................................53
Figura 19: Transporte da padiola com pedrisco até a betoneir.....................54
Figura 20: Transporte da padiola com pedrisco até a betoneira..................54
Figura 21: Preparando cimento para concreto..............................................55
Figura 22: Cimento sendo preparado para ser levado para betoneira..........55
Figura 23: Cimento sendo preparado para ser levado para betoneira..........56
Figura 24: Preparo do concreto.....................................................................56
Figura 25: Concreto pronto............................................................................57
Figura 26: Concreto pronto Levado p/ concretagem.....................................57
Figura 27: Concreto pronto sendo colocado próximo a Fôrma.....................58
Figura 28: Fôrma pronta para concretagem..................................................59
Figura 29: Concretagem da fôrma.................................................................60
Figura 30: Concretagem da fôrma.................................................................60

viii
Figura 31: Final da concretagem da fôrma....................................................61
Figura 32: Fôrma concretada........................................................................61
Figura 33: Desmontagem da fôrma concretada............................................62
Figura 34: Desmontagem da fôrma concretada............................................62
Figura 35: Montagem da fôrma.....................................................................63
Figura 36: Tela sendo colocada no anel da base da fôrma...........................63
Figura 37: Desmontagem da fôrma...............................................................64
Figura 38: Montagem da fôrma.....................................................................64
Figura 39: Fôrma pronta para concretagem..................................................65
Figura 40: Tubos desenformados na área de cura........................................66
Figura 41: Transporte dos tubos para área de estocagem............................67
Figura 42: Transporte dos tubos para área de estocagem............................67
Figura 43: Tubos na área de estocagem.......................................................68

ix
LISTAS DE QUADROS

Quadro 01: Caracterização dos trabalhadores de uma fábrica de tubos de


concreto armado........................................................................42

x
LISTAS DE TABELAS

Tabela 1: Posturas e movimentos adotados freqüentemente pelos


trabalhadores da fábrica de tubos de concreto armado durante a
jornada de trabalho........................................................................71

xi
LISTAS DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Regiões anatômicas com maior prevalência dos sintomas


descritos pelos trabalhadores.......................................................73
Gráfico 2 : Distribuição dos sintomas mais freqüentes ao final da jornada
de trabalho...................................................................................75
Gráfico 3: Condições ambientais da fábrica de tubos de concreto armado
Secretaria Municipal de Viações e Obras na percepção dos
trabalhadores...............................................................................77

xii
1

1 INTRODUÇÃO

No contexto de um mundo globalizado, as empresas estão


constantemente buscando novas tecnologias visando à melhoria dos produtos e
dos serviços prestados, e com isto garantindo a sua sobrevivência. As
inovações acontecem tanto no processo produtivo como na gestão da
organização das empresas. Mas, alguns problemas aparecem durante a
implantação destas inovações, em sua maioria no aspecto humano, em que o
homem tem que se adaptar à mudanças no processo de produção. Mudanças
estas, muitas vezes não bem recebidas pelo homem, que está diretamente
ligado ao processo produtivo.
E a Ergonomia é exatamente esta ferramenta de ligação entre homem-
máquina ou seja é uma ciência interdisciplinar. Ela compreende a fisiologia e a
psicologia do trabalho, bem como a antropometria e a sociedade no trabalho. O
objetivo prático da Ergonomia é a adaptação do posto de trabalho, dos
instrumentos, das máquinas, dos horários, do meio ambiente às exigências do
homem. A realização de tais objetivos, ao nível industrial, propicia uma
facilidade do trabalho e um rendimento do esforço humano (GRANDJEAN,
1998).
A Ergonomia tem como principais objetivos, segurança, satisfação e o
bem-estar dos trabalhadores no seu relacionamento com sistemas produtivos.
Ela surgiu com grande impacto durante a 2ª Guerra Mundial, para facilitar a
adaptação das novas tecnologias ao homem, buscando melhorar o seu
desempenho, e também na utilização destas para os processos de produção.
As mudanças feitas nos layout de produção, reprojeto de ferramentas e várias
melhorias das condições do local de trabalho, modificações nos movimentos
biomecânicos tiveram de ser realizadas durante o processo de produção para
facilitar o trabalho do ser humano.
A Ergonomia melhora as condições de trabalho aumentando a
eficiência, reduzindo o desconforto físico e os custos humanos, aumentando
com isso a produção no trabalho.
2

Estes custos humanos para os trabalhadores aparecem na forma de


fadiga, doenças profissionais, lesões temporárias ou permanentes, mutilações,
mortes, incidentes, erros excessivos, paradas não controladas, lentidão e outros
problemas de desempenho, gerando acréscimo nos custos da produção,
desperdício de matérias-primas e baixa qualidade dos produtos executados
(MORAES, 2000).
Para se obter uma produção desejada tem que haver uma grande
interação entre o homem, sistema produtivo e a organização. Esta interação é
muito difícil de ser alcançada, pois as empresas têm limitações quanto às
questões organizacionais, com áreas inadequadas para o desenvolvimento das
tarefas, bem como ferramentas e equipamentos, que quando utilizados são
feitos de forma inadequada. Estas empresas em sua grande maioria não
utilizam os conhecimentos da ergonomia para alcançar seus objetivos.
A ergonomia é ainda hoje pouco aplicada na indústria da construção civil
e principalmente no subsetor edificações, local em que os operários são mais
exigidos do que outros setores da indústria. Neste setor, na maioria das vezes,
o processo de trabalho é com base manufatureira, executado manualmente,
utilizando ferramentas pequenas e rudimentares no desenvolvimento de suas
tarefas.
Os operários não são treinados para melhorar suas posturas no
levantamento de peso, utilização de ferramentas ou simplesmente nos
movimentos feitos durante o desenvolvimento do seu trabalho, resultando em
baixa produtividade, desconforto físico e outros agravos à saúde do trabalhador.
Atuando há vários anos como engenheiro, no poder público municipal,
na diretoria de infra-estrutura, responsável por obras de execução e
manutenção dos sistemas de águas pluviais e de esgoto, onde são utilizados os
tubos de concreto que são fabricados no próprio órgão municipal, no qual
utiliza-se para a fabricação o sistema semi-automatizado, em que a mão de
obra é indispensável no processo, me interessei em fazer uma análise dos
riscos ergonômico do posto de trabalho com relação as postura dos
3

trabalhadores da fábrica de tubos de concreto armado no desenvolvimento de


suas atividades na fabricação dos tubos.
O estudo foi realizado no setor da indústria de minerais não-metálicos,
enfocando a análise dos riscos ergonômicos do posto de trabalho dos
trabalhadores de uma fábrica de tubos de concreto semi-automatizada, em que
os trabalhadores executam as atividades fazendo uso da força física e em pé.
Este estudo contribuirá substancialmente para a aplicação dos
programas de prevenção da saúde dos trabalhadores na fabricação de tubos de
concreto armado, com isto atendendo as normas da Engenharia de Segurança
do trabalho.
4

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Analisar o posto de trabalho dos trabalhadores de uma fábrica de tubos


de concreto armado, da Secretaria Municipal de Viações e Obras de Cuiabá
/MT, identificando os fatores de risco que podem provocar os sintomas
músculos esqueléticos associados ao manuseio e transporte de cargas.

2.2 Objetivos Específicos

1. Identificar as posturas e gestos constrangedores e fatores de risco que


podem provocar os sintomas músculos esqueléticos associados ao
manuseio e transporte de cargas nos trabalhadores da fábrica de tubos
de concreto, da Secretaria Municipal de Viações e Obras do Município de
Cuiabá / MT.
2. Verificar os aspectos ergonômicos, nas atividades dos trabalhadores da
fábrica de tubos de concreto armado, da Secretaria Municipal de Viações
e Obras do Município de Cuiabá / MT.
3. Elaborar recomendações ergonômicas e medidas de seguranças para
melhorar as condições de trabalho dos trabalhadores da fábrica de tubos
de concreto, da Secretaria Municipal de Viações e Obras, visando à
redução da carga física.
5

3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 A INDÚSTRIA DE FABRICAÇÃO DE TUBOS DE CONCRETO ARMADO

3.1.1 Caracterização

Atualmente quem anda pelas ruas e praças dos grandes centros


urbanos, muitas vezes não visualiza ou até mesmo desconhece a existência de
um complexo sistema de condutores subterrâneo, que garantem a adequada
captação de águas superficiais, coleta e escoamento de esgotos sanitários,
rede de abastecimento de água, passagem de cabos e linhas de transmissão
de energia e dados, garantindo ao nível da superfície, uma agradável
paisagem.
Todos estes sistemas contribuem para o bem estar e qualidade de vida
da população. Os tubos de concreto há muito tempo contribuem para a
manutenção deste quadro, uma vez que são utilizados em obras de drenagem,
esgoto sanitário, galerias e bueiros, abastecimento de águas, entre outras
aplicações.
Atualmente os tubos de concreto são produzidos sem armadura ou
armados, para utilização principalmente em obras de drenagem de águas
pluviais e sistemas de esgoto sanitário.
Ao longo do tempo tem surgido produto alternativo, entretanto não
conseguem atender a todas as características e vantagens dos tubos de
concreto.
Os tubos de concreto se apresentam como um produto de qualidade
consolidada com relação a sua durabilidade, resistência mecânica, facilidade de
execução, manutenção e disponibilidade de fornecimento dentro das exigências
de mercado.
Estes aspectos podem ser comprovados na literatura sobre o assunto,
verificando-se que, desde a antiguidade, o concreto foi o primeiro substituto
natural da pedra e que, muitas obras executadas no início do século passado
6

encontram-se em perfeito estado de conservação até hoje e com desempenho


adequado.
Por outro lado, desde 1950 são produzidos tubos de concreto com juntas
elásticas, propiciando aos usuários a execução de obras com juntas estanques,
impedindo infiltrações e contaminações do lençol freático.
Atualmente os fabricantes nacionais dispõem de máquinas modernas e
flexíveis, capazes de produzir tubos de concreto dos mais variados diâmetros,
com controle total da qualidade do produto final. No entanto, existem ainda as
fábricas que não dispõem de altas tecnologias e fazem uso do sistema semi-
automatizado.
Devido às fábricas de tubos de concreto situarem-se próximas do local
das obras, em geral as mesmas são responsáveis pelo desenvolvimento local
através da geração de empregos e arrecadação de impostos.
Aliado às vantagens anteriores, relativas aos tubos de concreto, cabe
ressaltar que, o concreto é um material totalmente reciclável, não tóxico e não
contaminante do meio ambiente, adequando-se desta maneira a todas as
exigências do ponto de vista ambiental e propiciando uma melhor qualidade de
vida.
O setor de tubos possui representação através da Associação Brasileira
dos Fabricantes de Tubos de Concreto (ABTC), entidade que reúne em nível
nacional as principais e mais importantes empresas fabricantes de tubos e
aduelas de concreto destinado à captação de águas pluviais, esgoto sanitários
e efluentes industriais. Participam, também, fabricantes de equipamentos,
fornecedores de insumos, projetistas e representantes de órgãos consumidores,
com o objetivo de oferecer ao mercado soluções em tubos de concreto de
qualidade.
A entidade presta assessoria a fabricantes, projetistas, construtoras,
prefeituras municipais e órgãos de saneamento e abastecimento, seja nos
processos que envolvem a fabricação de tubos de concreto, elaboração de
projetos, especificação ou no controle tecnológico de obras, oferecendo
7

treinamento de inspetores, quanto às etapas de recebimentos do material na


obra, amostragem e ensaios relativos às normas brasileiras. (ABTC, 2003).
Atualmente, a entidade está apoiando o programa do Selo de Qualidade
para Tubos de Concreto, patrocinado pela Associação Brasileira de Cimento
Portland (ABCP), que tem como objetivo, servir de ferramenta nas licitações de
compra e execução de obras de drenagem e esgoto visando garantir a
obtenção de um produto com durabilidade e resistência dentro das
especificações das normas brasileiras vigentes. (ABTC, 2003).
De acordo com a Classificação Nacional de Atividades Econômicas
(CNAE) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as indústrias
de fabricação de tubos de concreto é parte integrante das indústrias de
minerais não-metálicos, que faz parte do setor de indústrias de artefatos de
cimento. Apesar de encontrar-se no início da cadeia produtiva da construção
civil, estando à montante das empresas de construção, também mantém
relações comerciais com o comércio atacadista, varejista e com o consumidor
final, Figura 01.

Figura 01: Fluxograma Simplificado da Cadeia da Construção Civil

Fonte: PEDRO, .HAO e ANA, (2002).


8

No Brasil, existem cerca de 12.589 estabelecimentos cadastrados na


RAIS, como estabelecimentos dedicados à fabricação de artefatos de concreto,
cimento, fibrocimento, gesso e estuque (PEDRO, HAO, e ANA, 2002).
O município de Cuiabá, capital do estado de Mato Grosso, atualmente
conta com 4 (quatro) fábricas de tubos de concreto, sendo 3 (três) da iniciativa
privada e 1 (uma) do poder público municipal, que é objeto de estudo deste
trabalho.

3.1.2 Produção de Tubos de Concreto

Uma vez obtidos os dados do projeto, a fabricação dos tubos de


concreto inicia pela boa escolha da matéria prima, cimento, agregados,
armaduras, aditivos, controle de recebimento e estocagem adequada da
matéria prima.
Geralmente as matérias primas utilizadas na fabricação dos tubos de
concreto são da própria região onde está instalada a fábrica, permitindo
economia de transporte, gerando empregos diretos e indiretos, arrecadação de
encargos e impostos no próprio município.

3.1.2.1 Sistemas de Produção

O sistema de produção inicia-se com a dosagem do concreto por


centrais, garantindo a homogeneidade e baixo desvio padrão. Para os tubos
armados são produzidas armaduras de telas soldadas, que é uma armadura
pré-fabricada. Portanto, preparar uma armadura para tubo de concreto
utilizando as telas, se torna uma tarefa fácil e rápida de ser executada,
necessitando apenas de um homem para realizá-la.
A operação inicia-se com a abertura do rolo de tela na posição vertical, a
medida do comprimento da armadura necessária para formar um cilindro,
considerando também o comprimento para fazer a emenda entre as
extremidades da tela, que depende do diâmetro do fio que está sendo
9

emendado. Feito a medida basta cortar a tela, fazer um cilindro e dobrar as


pontas para mantê-la fechada.
A conformação dos tubos se dá por sistemas de produção
industrializados que podem ser de dois tipos: automatizados e semi -
automatizados.
Os sistemas de produção automatizados são aqueles em que a
participação do elemento humano para a fabricação de um produto é quase
nula, ou seja, a fabricação é totalmente dependente da máquina. A função do
elemento humano restringe-se ao acompanhamento e controle dos
equipamentos automatizados.
Os processos semi - automatizados mantém a intervenção direta do
elemento humano na confecção do produto. Cabe ao trabalhador executar as
tarefas de integração, alimentação das máquinas e parte das operações de
transformação, (ABTC, 2003).

3.1.2.2 Sistema Automatizado

3.1.2.2.1 Por Vibro-Prensagem

O processo de produção de tubos de concreto é realizado em


instalações industriais, com alto grau de automatização, pessoal técnico
qualificado e com elevado controle de qualidade do produto.
As prensas vibro-compactadoras com eixo vertical e vibração interna,
utilizadas na fabricação de tubos são instaladas normalmente em fossos abaixo
do nível do piso para redução do nível de ruído e isolação das vibrações.
Após a dosagem e homogeneização na usina o concreto é transportado
em bagonetes até os silos de armazenagens e lançado nas fôrmas através de
correias transportadoras com dispositivo de alimentação, um dispositivo
vibrador interno realiza a compactação e adensamento do concreto. A
amplitude e freqüência dessa vibração são reguladas de acordo com o
diâmetro, comprimento e o tipo de tubo a ser fabricado.
10

As fôrmas são suficientemente estanques para impedir a perda de


material durante o processo e resistentes às deformações, aos esforços de
compressão de vibração e de torção gerados pela máquina.
Este sistema é capaz de produzir tubos com diâmetros de 300 mm a
3000 mm e comprimento de 2,5 m. A vantagem do processo é a alta
compressibilidade do concreto, espessura das paredes uniformes, recobrimento
total das armaduras e superfície interna dos tubos perfeitamente lisa.
Após a concretagem os tubos são cuidadosamente erguidos e
transportados até a área de pré-estocagem, onde a fôrma externa é retirada e
inicia o processo de cura das peças. (ABTC, 2003).

3.1.2.2.2 Por Compressão Radial

Após a dosagem e homogeneização na usina o concreto é transportado


em bagonetes até os silos de armazenagens e lançado nas fôrmas através de
correias transportadoras com dispositivo de alimentação.
As prensas de compressão radial são formadas por um ou dois
conjuntos de moldes externos e um êmbulo rotativo hidráulico. Este êmbulo é
dotado de rótulas que giram em alta velocidade em diferentes sentidos,
distribuindo e comprimindo o concreto contra a fôrma do moldes externos,
comprimindo o tubo. A pressão de prensagem e a velocidade de elevação do
êmbulo podem ser reguladas conforme o tipo de peça que se deseja fabricar.
As máquinas são capazes de produzir tubos com diâmetros de 300 mm a 1500
mm e comprimento de até 3,5 m.
Este processo tem a vantagem de permitir a troca rápida do
equipamento de fabricação, propiciando a mudança das peças em produção.
Além disso, suas fôrmas são articuladas, evitando a deformação do tubo após a
concretagem durante o transporte interno.
Depois de conformados, os tubos são submetidos a um processo de
cura para potencialização de suas características mecânicas, em seguida
posicionados no pátio de estocagem da fábrica. (ABTC, 2003).
11

A seguir a seqüência de figuras mostra uma fábrica que utiliza os


sistemas automatizados por vibro-prensagem e compressão radial na
fabricação de tubos de concreto armado.

Figura 2: Ambiente de trabalho de uma fábrica de tubos automatizada


12

Figura 3: Silos de estocagem de agregados para preparo do concreto

Figura 4: Sistemas automatizados de concretagem das fõrmas controlado


apenas por um trabalhador
13

Figura 5: Retirada automatizada das fôrmas

Figura 6: Transporte automatizado dos tubos de concreto após a cura


14

Figura 7: Sistema automatizado de transporte de tubos após a cura

3.1.2.3 Sistema Semi-Automatizado

Neste sistema o concreto é dosado manualmente com o auxílio de uma


betoneira, fazendo a mistura dos agregados, areia, pedra nº 1, pedrisco, água e
o cimento.
Utilizando o processo de vibração interna, as fôrmas com o sistema de
vibro-prensagem utilizadas na fabricação dos tubos, são postas e operadas na
superfície do piso. Após a dosagem e homogeneização na betoneira, o
concreto é transportado em carrinho de mão até próximo a fôrma na superfície
do piso, sendo lançado manualmente com auxílio de pás na fôrma. Um
dispositivo vibrador interno realiza a compactação e adensamento do concreto.
As fôrmas são suficientemente estanques para impedir a perda de
material durante o processo, e resistentes às deformações, aos esforços de
compressão de vibração e de torção gerados pela máquina.
15

Este sistema é capaz de produzir tubos com diâmetros de 200 mm a


1500 mm e comprimento de 1,00 m. A vantagem do processo é a alta
compressão do concreto, espessura das paredes uniformes, recobrimento total
das armaduras e superfície interna dos tubos perfeitamente lisa.
Após a concretagem, os tubos são cuidadosamente erguidos e
transportados até a área de pré-estocagem, onde a fôrma externa é retirada
manualmente e inicia-se o processo de cura das peças.
Este processo tem a desvantagem de expor os trabalhadores da fábrica
a vários riscos, tais como: risco físico (ruído), risco químico (trabalho com
cimento), acidentes e riscos ergonômicos (trabalho em pé com levantamento de
peso).
É válido inferir que pelo fato de se terem sistemas produtivos diferentes,
pode-se também esperar que se tenham diferenças quanto à influência destes
na exposição humana a menores ou maiores fatores de risco.
A tecnologia introduz variáveis que alteram o ambiente de trabalho,
criando situações que expõe o trabalhador a sérios riscos de ter sua
capacidade de trabalho diminuída.

3.2 AUTOMAÇÃO E O TRABALHADOR

Araújo (1989) afirma que com o processo de automação nas fábricas


existe um menor risco de acidentes, invalidez e de doenças para os
trabalhadores, pois a possibilidade de uso do controle remoto, da eliminação
das tarefas mais difíceis e perigosas e redução considerável da fadiga contribui
para isso.
Porém, normalmente em locais onde existem processos de automação,
existe também uma alta intensidade de trabalho. O operário deve atuar no ritmo
da máquina automática de forma que não pare a produção, ocorrendo desgaste
emocional intenso e inclusive acidentes.
16

É muito importante que em sistemas automatizados se levem em


consideração os fatores humanos, procurando verificar os possíveis impactos
que esta automação irá ter sobre o trabalhador. Em sistemas automatizados, os
acidentes ocorrem em menor freqüência, no entanto, possui maior gravidade.
Araújo (1989); Izmerov (1992) analisaram a morbidez ocupacional de
trabalhadores de fundição em uma fábrica sem automação na Rússia durante
13 anos e constataram que todas as 27 principais formas de doenças
ocupacionais, dentre elas as causadas pela poeira (silicose e bronquite) e
vibrações locais (doenças por vibrações) foram as mais encontradas entre os
trabalhadores. A morbidez ocupacional, segundo o estudo, atinge 1,3 - 1,4
casos por 1.000 pessoas, entre trabalhadores de fundição em indústrias da
Rússia.
Os dados do estudo acima descrito mostram que a redução das doenças
ocupacionais nas indústrias de fundição se torna impossível sem a
modernização e completa automação dos processos tecnológicos. Porém, seria
preciso analisar se a diminuição de acidentes não seria substituída pela maior
gravidade destes, pois dependendo da forma como a automação for
empregada, ela pode aumentar a quantidade de acidentes de trabalhos em
alguns casos, e em outros ele pode vir a diminuir.
O importante no momento de se empregar o processo de automação é
a preocupação com o fator humano, sempre lembrando que o homem não é um
equipamento que pode acompanhar o ritmo constante das máquinas. O homem
tem o seu próprio ritmo, e deve ser respeitado no intuito de minimizar riscos
com acidentes de trabalho.
17

3.3 ERGONOMIA

Neste tópico será feita uma breve descrição da Ergonomia em geral e no


setor da Construção Civil.

3.3.1 Introdução à Ergonomia

A ergonomia surgiu junto com o homem primitivo, com a necessidade de


se proteger e sobreviver, adaptar ferramentas, armas e utensílios às suas
necessidades e características.

O homem primitivo, sem querer, começou a aplicar os princípios da


ergonomia ao fazer seus utensílios de barro para tirar água de cacimbas e
cozinhar alimentos, fazer o tacape para se defender ou abater animais.

O primeiro uso documentado da palavra ergonomia ocorreu em 1857 na


Polônia (COUTO, 1995).

No período da 1ª Guerra Mundial, forma-se na Inglaterra o Industrial


Health Research Board, com o objetivo de investigar as condições gerais de
emprego, relacionadas com a saúde dos trabalhadores e a eficiência industrial,
mas foi somente a partir do século XX que começaram a surgir estudos mais
organizados na área. Entretanto, o primeiro estágio histórico da ergonomia,
surgiu a partir da 2ª Guerra Mundial com projetos ergonômicos de estações de
trabalho industriais na Europa, Japão e Estados Unidos (COUTO, 1995).

Em 1948, com o projeto da cápsula espacial norte-americana nasce o


conceito moderno de ergonomia. Naquele momento foi necessário fazer todo
um remanejamento do tempo e de meios de se fazer uma viagem ao espaço,
pois em decorrência do desconforto por qual passaram os astronautas,
necessitou-se de todo um estudo antropométrico da cápsula, fundamentado no
fato de que se deveria procurar ao máximo adaptar as condições de trabalho ao
homem (COUTO, 1995).
18

Em 1949, surge oficialmente na Inglaterra um grupo multidisciplinar, o


The Human Research Group, e em 16/02/50 o termo Ergonomia é utilizado pela
primeira vez no conceito atual, e em 1953, desenvolve-se nos Estados Unidos
um grupo de estudos denominado Engenharia Humana ( Human Factors)
(COUTO, 1995).

Na França, essa disciplina desenvolveu-se por conta dos psicólogos; na


Alemanha foi desenvolvida prioritariamente por engenheiros e na Holanda foi a
medicina preventiva que teve papel preponderante no seu crescimento
(VOROBOW, 1998).

A ergonomia evoluiu de forma diferenciada e particular em cada nação,


projetando-se sobre suas características culturais e tecnologias presentes,
considerando-se as referidas épocas.
Contudo, inicialmente apresentou duas formas básicas de intervenção, a
ergonomia de produto e a ergonomia de produção (OLIVEIRA, 1998). Para este
autor, a ergonomia de produto analisa os objetos para o uso do homem, e para
tal torna-se fundamental o conhecimento das características e necessidades
dos usuários. Este setor emergiu na década de 60, caracterizada por uma
mudança de ênfase dos aspectos físicos e perceptuais do trabalho para a sua
natureza cognitiva.
Esta alteração refletiu-se na presença dos sistemas de informação
computadorizada influenciados pelo conhecimento de como as pessoas usam e
processam a informação.
Esta tecnologia avança rapidamente, e cada vez mais se produz
materiais e equipamentos mais adaptados às condições e necessidades do
homem (SOUZA, 1994).
No segundo caso em questão, a ergonomia de produção ou ergonomia
aplicada ao trabalho fixou-se primeiramente em analisar as situações de
trabalho existentes, na procura de elucidar possíveis relações entre as
condições de trabalho, os meios de trabalho, as atividades de trabalho
19

desenvolvidas e as conseqüências sobre a saúde e a produção (OLIVEIRA,


1998).
Neste sentido, a ergonomia criou métodos de análise com o intuito de
identificar os riscos de inadequação ergonômicos e meios para correção ou
prevenção dos agravos à saúde, sendo que existem várias metodologias
utilizadas no mundo para este fim, e cada escola se especializou em
determinados campos de estudo. Os americanos se voltaram para a aplicação
da ergonomia nos postos de trabalho e nos produtos, os alemães na
antropometria relacionada ao local de trabalho, os italianos aplicaram-na no
designer e ambiente, e os franceses em uma forma mais ampla que considera
os aspectos sociais e organizacionais que envolvem o trabalho (OLIVEIRA,
1998).
Assim, com um campo tão vasto de atuação, a ergonomia é exercida por
profissionais de várias ciências, engenheiros, arquitetos, médicos, psicólogos e
outros profissionais o que caracteriza a multidisciplinaridade desta área.
Santos e Fialho (1995) em um dos seus livros classificaram quatro
aspectos fundamentais para o campo de estudo e atuação da ergonomia, são
eles:
1. Econômicos: A conjuntura, as exigências de qualidade, a situação da
empresa em relação ao mercado, as dependências no campo dos
investimentos e no campo comercial, são elementos que se manifestam em
termos de condicionantes, de exigências ou de possibilidades ao nível dos
postos de trabalho.
2. Sociais: A mão de obra disponível e suas características, as relações de
força dentro da empresa, as políticas salariais e de seleção de pessoal,
definem uma série de aspectos, que o analista precisa estudar de forma
aprofundada, para caracterizar a situação de trabalho a ser analisada.
3. Técnicos: As exigências e os limites da tecnologia que regulam a execução
do trabalho e as decisões que foram tomadas em termos tecnológicos são
determinantes do quadro no qual se inscrevem as condições da atividade do
operador.
20

4. Organizacionais: a organização geral do sistema de produção com seus


diferentes aspectos, referentes à política de manutenção do material, as
decisões em matéria de suprimento dos postos de trabalho, da relação entre
postos (grau de dependência, rigidez, repartição das áreas e das tarefas,
organização do tempo de trabalho), os métodos, as comunicações, os
procedimentos e as prescrições, são outros aspectos que determinam as
condicionantes de execução do trabalho.
Estes aspectos reportam a amplitude de atuação da ergonomia e a
importância crescente que vem apresentando dentro das organizações, visto
que a mesma nasceu da necessidade de se investigar a condição de trabalho
insatisfatória, tendo sempre como finalidades à melhora e a conservação da
saúde dos trabalhadores, e a concepção e o funcionamento satisfatórios do
sistema técnico do ponto de vista da produção e da segurança.
Assim, a metodologia da análise ergonômica tem evoluído bastante com
o aumento da demanda e das necessidades das organizações, tanto no âmbito
da produção quanto na manutenção do trabalho sadio.
A grande vantagem do uso da metodologia na análise do trabalho é que
esta corresponde à demanda da indústria, que quer fatos, conselhos precisos,
resultados demonstráveis, sem interferir na dinâmica industrial, e de fato,
muitos ergonomistas têm agido desta forma.
Ocorre que qualquer melhoria por mais simples que seja, pode
representar um avanço significativo no processo produtivo e para a saúde do
trabalhador.
Simplesmente basta considerar os vários erros dimensionais ocorridos
na concepção das máquinas e dos produtos, os quais poderiam ser evitados
com a utilização da antropometria na construção destes.
Portanto, existe um fosso conceitual entre os ergonomistas e seus
interlocutores, sendo cômodo, mas pouco honesto para os ergonomistas fazer
com que esse fosso, levando sem restrições ao construtor às certezas simples
que ele espera (WISNER, 1994).
21

Ao longo dos últimos quinze anos a metodologia ergonômica originada


na análise do trabalho se diversificou e se solidificou com um conjunto
considerável de pesquisas e estudos. Wisner (1994) cita, em particular, os
seguintes pontos:
• Extensão da análise do ambiente, acrescentando os aspectos demográficos,
biológicos e antropológicos;
• Metodologia das análises das atividades do trabalho;
• Metodologia da elaboração das soluções, acima das recomendações;
• Extensão e aprofundamento dos critérios de êxito da intervenção.
Estas proposições formaram um novo campo para a ergonomia, ainda
mais amplo, pois se até então esta se voltava para a análise especificamente
do posto de trabalho e nas recomendações e sugestões de melhorias, utilizadas
por inúmeros profissionais, e que apresentava seu foco de atenção sobre as
estações de trabalho individuais e aspectos microergonômicos dos sistemas
trabalho, que encontravam um forte impedimento no entendimento mais amplo
do papel do trabalhador dentro das organizações, levando a uma dificuldade de
se incorporar à ergonomia dentro dos objetivos organizacionais, foram motivos
suficientes para fazer surgir uma terceira geração da ergonomia.
Este estágio está focalizado no nível macroergonômico ou na associação
entre a organização, a máquina e o homem, e seu principal papel está na
consideração do efeito das variáveis culturais sobre a transferência de
tecnologias entre as organizações (SOUZA, 1994).
A dimensão dos problemas a serem considerados quando se trata de
adaptar a tecnologia à população é tamanha que o estudo do ambiente, no que
concerne aos aspectos técnicos, econômicos, sociais, demográficos e
antropológicos, não representam mais tão somente um pré-requisito do estudo
ergonômico e sim uma parte integrante do todo (WISNER, 1994).
O interesse deste campo está na aplicação do conhecimento e da
informação que se tem a respeito das pessoas e das organizações no projeto,
implementação e uso da tecnologia (DRAY, 1985).
22

Esta concepção de análise ergonômica tem recebido diferentes


denominações como Antropotecnologia, utilizada por Wisner (1994), Santos e
Fialho (1995), ou Macroergonomia, utilizada por Dray (1985), mas que buscam
um mesmo fim, que é a segurança e saúde do trabalhador, assim como o
sucesso técnico e econômico da atividade industrial.
A questão é que com o crescimento econômico dos países em
desenvolvimento e a transferência de capitais e tecnologias dos países
desenvolvidos interessados na abertura de novos parques industriais, e
considerando-se a globalização do mercado mundial, exigindo um padrão
competitivo único, em qualquer canto do mundo, estas novas empresas terão
que trazer consigo toda sua tecnologia na fabricação de seus produtos, para
que possam sobreviver no mercado.
Sendo assim, o sistema de produção a ser implementado seguirá todo
um padrão pré–concebido e que normalmente difere da forma de produção
utilizada no país que irá receber esta nova empresa, provocando normalmente
choques culturais e econômicos, além das inadequações ergonômicas, pois os
recursos disponíveis tanto materiais como humanos são diferentes.
Estes ajustes, de extrema responsabilidade técnica e social, é que se
encontram na mão dos ergonomistas, embora eles mesmos não saibam
(WISNER, 1994). A Organização do Trabalho é causadora de uma fragilização
somática na medida em que pode bloquear os esforços dos trabalhadores para
adequar o modo operário às necessidades de sua estrutura mental.

3.3.2 Abordagens em Ergonomia

As abordagens ergonômicas visam identificar, através de observações


no local de trabalho, quais os fatores que interferem nas condições de trabalho.
Pode-se classificar estas abordagens em dois tipos: Análise de Sistemas
e Análise dos Postos de Trabalho.
Wisner (1994) ao descrever como é feita a abordagem de Sistemas,
afirma que não se trata mais de fazer com que a tarefa seja descrita pela
23

direção, e sim de analisar as atividades de trabalho. Todas as atividades devem


ser observadas, sejam elas prescritas, imprevistas ou até inconscientes por
parte dos trabalhadores.
A Análise de Sistemas é a preocupação com o funcionamento global de
uma equipe de trabalho utilizando uma ou mais máquinas (IIDA, 1993).
A análise dos postos de trabalho é a abordagem ergonômica ao nível do
posto de trabalho, priorizando as análises da tarefa e da atividade, com as
posturas e os movimentos realizados, como também as exigências físicas e
psicológicas do trabalhador (IIDA, 1993).
Logo, na análise ergonômica do trabalho é estudado detalhadamente
todo o aspecto importante relacionado ao trabalho, desde os aspectos físicos,
ambientais e organizacionais do trabalho, como seus componentes no
desenvolvimento de sua atividade.

3.3.2.1 Fases da Análise Ergonômica do Trabalho

A análise ergonômica do trabalho visa conhecer o que é realmente feito


na prática, mostrando a diferença entre o trabalho real e a tarefa prescrita (o
que deve ser feito) comparando-os, e quais as causas destas diferenças.
Conforme Souza (1994), através da análise do trabalho é possível
entender a atividade dos trabalhadores (incluindo, por exemplo, posturas,
esforços, busca de informação, tomada de decisão, comunicações) como
resposta pessoal a uma série de determinantes, algumas das quais
relacionadas à empresa (projeto da estação de trabalho, organização do
trabalho formal, restrição de tempo, etc.) e outras relacionadas ao operador
(idade, características antropométricas, experiências, etc...).
Então o objetivo da análise ergonômica do trabalho é a análise das
exigências e das condições da tarefa e também a análise das atividades
realizadas pelos trabalhadores para realizarem sua função.
Segundo Santos (1999), a análise ergonômica exige: conhecimentos
científicos sobre o homem em atividade; discussão dos objetivos do estudo com
24

o conjunto das pessoas envolvidas; aceitação dos trabalhadores que ocupam o


posto a ser estudado; esclarecimento, quanto ao desenvolvimento do estudo e
da utilização dos resultados; ao final da análise deve-se propor alternativas para
melhorar os pontos críticos.
A fase da análise ergonômica se divide em: análise da demanda, análise
da tarefa, análise das atividades, diagnósticos e recomendações. Com suas
recomendações, este levantamento serve para melhorar o conhecimento da
situação de trabalho em estudo.
A análise da demanda, para Santos (1999) é a definição do problema a
ser analisado, a partir do entendimento das diversas partes envolvidas, ou seja,
dos trabalhadores ou da direção das empresas onde sugiram os problemas.
Segundo Franco (1995) nesta fase procura-se também avaliar se a
demanda é consistente e está de acordo com os princípios ergonômicos.
Na análise da tarefa segundo Santos (1999), considera o que o
trabalhador deve realizar e as condições ambientais, técnicas e organizacionais
para esta realização.
Já para Iida (1993), a análise da tarefa deve ser realizada em duas
partes, a primeira chamada de descrição da tarefa, em um nível mais global e a
segunda de descrição das ações, num nível mais detalhado.
Segundo Wisner (1997), sejam quais forem às modalidades da análise
do trabalho que foram empregadas é indispensável validar o trabalho de análise
através de discussões com os trabalhadores, ou seja, deve-se sempre verificar
com os trabalhadores se os dados levantados foram todos eles lembrados e se
algum não foi desprezado ou tenha reduzido sua importância durante estas
observações.
A descrição da tarefa engloba os aspectos gerais da tarefa, como:
objetivo, operador, características técnicas, aplicações, condições operacionais,
condições ambientais, com isso tornando esta descrição bastante detalhada.
A descrição das ações segundo Iida (1993), se concentra mais nas
características que influem no projeto da interface homem – máquina e se
classificam em informações no nível sensorial do homem e, os controles, no
25

nível motor ou das atividades musculares, ou seja são observados em detalhes


todos os movimentos empregados pelo trabalhador tanto a nível sensorial (as
informações recebidas pelos sensores ou diplays), como a nível muscular (os
controles, os membros e instrumentos movimentados durante a realização da
tarefa).
A análise das ações é também chamada de análise das atividades e
segundo Santos (1999), considera o que o trabalhador efetivamente realiza
para executar a tarefa.
Os dados são coletados momentaneamente durante o processo de
observação, onde a principal atividade do trabalhador é de controlar todas as
ações. Com isso pode-se observar que a atividade mental prepara e controla
toda atividade física do trabalhador (FRANCO, 1995).
Na elaboração dos diagnósticos são analisados os sistemas homem-
tarefa a nível fisiológicos e psicológicos. Os dados que foram levantados são
analisados, e obtidos o sintoma gerado durante o trabalho, é feito com base na
ergonomia um diagnóstico para o posto de trabalho.
Já a recomendação ergonômica é a etapa mais importante da análise
ergonômica do trabalho para que o estudo faça efeito no posto de trabalho, pois
serão mostrados as medidas que devem ser tomadas para diminuir ou eliminar
os problemas que surgiram durante o trabalho, e com estas recomendações
poder melhorar os aspectos importantes para o bom desenvolvimento do
trabalho.
26

3.3.2.2 Postura

Introdução

Com os primeiros passos dados pelo homem surgem os primeiros


problemas de coluna. Cerca de 80% da população mundial tem ou vai ter
problemas de coluna. E estes problemas trazem com eles fortes dores que
afligem os que fazem parte desta camada da população mundial. A coluna tem
um papel fundamental no funcionamento do organismo. Dela saem 32 pares de
nervos em direção a todas as partes do corpo. A uma postura inadequada, a
presença de tensão nervosa, o uso de cadeiras e colchões de má qualidade
pode levar àquelas dores terríveis. Para quem sofre destes distúrbios o uso de
medicamentos pode ser necessário. O melhor caminho para conter este
problema é a prevenção. A má postura pode ser causa de várias lesões. Cuidar
da postura no trabalho, no lazer e em casa, fazer caminhadas e alongamentos
são atitudes que promovem a saúde e ajudam a combater as lesões posturais.
Muitas pessoas são acometidas de dores no corpo, principalmente nas costas,
e somente depois de algum tempo percebem que sua postura estava errada. A
educação postural é algo que se deve perseguir desde a infância, para evitar
problemas na idade adulta. (ORQUIZA, 2004).

A postura é objeto de estudo desde muito tempo, e pode ser conceituada


como o arranjo característico que cada indivíduo encontra para sustentar o seu
corpo e utilizá-lo na vida diária (KENDALL apud MOSER, 2000). Segundo Cury
apud Moser (2000), a postura é a posição que o indivíduo assume no espaço,
em função de um equilíbrio estático ou dinâmico, usando para isso seu
arcabouço osteomusculoesquelético no desempenho de sua função. Os
músculos estáticos são responsáveis por executarem trabalho com maior
exigência energética, enquanto os músculos dinâmicos são mais sensíveis à
fadiga. Quando o corpo assume uma postura constrangedora ela ocasionará
demandas energéticas bem acima de sua capacidade muscular. Quando a
27

coluna apresenta algum desvio na postura maior força será utilizada para
realizar este equilíbrio do corpo, pois um número de fibras musculares é exigido
em intervalos mais freqüentes e a fadiga é gerada mais rapidamente (KISNER
apud MOSER, 2000).

Durante o trabalho, o homem assume duas posições básicas que é em


pé, sentado ou alternando entre estas duas posições.

A posição sentada exige atividade muscular do dorso e do ventre para


manter esta posição, e é menos cansativa que a posição em pé, além de liberar
os braços e pés, que permite grande mobilidade destes membros (IIDA,1995).
Já a posição em pé é mais recomendada para os casos em que há
freqüente deslocamento no local de trabalho ou quando é necessário ser
aplicado grandes forças para executar tarefa (DUL & WEERDMEESTER,1998).
A posição em pé parada é altamente fatigante porque é exigido bastante
da musculatura para manter esta posição.
Segundo Iida (1995), quando as pessoas executam seu trabalho em pé,
elas apresentam menos fadiga comparativamente aquelas que se mantém
estáticas ou com pouca movimentação durante o trabalho.
Na jornada de trabalho, o operário poderá assumir inúmeras
combinações de posturas, em que em cada tipo de postura, um diferente
conjunto de músculos é acionado, então estes operários podem assumir
posturas erradas e durante esta jornada causar vários transtornos, logo será
preciso observar e analisar cada postura assumida por estes trabalhadores
(IIDA, 1995).
A circulação do sangue é o mecanismo mais importante para o
funcionamento do nosso corpo, é ele que garante a nutrição celular, que nos
mantém vivos. Porém uma quantidade muito grande de variáveis pode levar a
uma deficiência desta circulação, dentre elas temos a postura.
Esquematicamente pode-se definir a postura como sendo a posição do
corpo. Esta posição pode ser estática (quando permanecemos parados) ou
28

dinâmica (quando estamos realizando movimento). Pode-se ter problemas nas


duas situações; quando permanecemos parados por um período igual ou
superior a duas horas sofremos uma forte agressão no nosso sistema
circulatório ocorrendo à degeneração, necrose e a morte de uma grande parte
das células que compunham os músculos contraídos durante esta postura. Para
evitar esta situação jamais devemos permanecer imóveis por mais de duas
horas. Para algumas pessoas este tempo é menor, pois o organismo varia de
um indivíduo para o outro, dificilmente alguém consegue permanecer estático
por duas horas, nem dormindo. Então como recomendação, não devemos
permanecer por muito tempo na mesma postura (ORQUIZA, 2004).
Já na postura dinâmica existem vários fatores a serem observados, pois
temos que levar em consideração a repetitividade, a sobrecarga, a alavanca
(motora) utilizada no movimento. Por exemplo, se pegarmos um peso do chão
fletindo o tronco ("dobrando" a coluna), o esforço realizado é de 20 vezes o
peso real, ou seja, quando pegamos 10 quilos, com a coluna fletida esta carga
será de 200 quilos para a nossa coluna (ORQUIZA, 2004).

Ainda para a autora existe algumas recomendações para uma boa


postura:

a) colocar os objetos e ou ferramentas de trabalho dentro da nossa área de


alcance correta (ou seja, não devemos utilizar a coluna ou pernas para pegar
ou manipular objetos ou ferramentas);

b) mudar a nossa posição com relação aos componentes de trabalho, evitando


sempre ficar de costas ou de lado para o ponto de atuação;

c) dotar o posto de trabalho de regulagens de altura e inclinação, procurando


sempre se manter em uma postura de menor desvio ou compressão;

d) trabalhar sempre respeitando o eixo vertical (linha imaginária que devemos


visualizar sempre, esta linha deve ser traçada em uma pessoa em pé,
29

frontalmente, partindo do centro/meio da testa, seguindo o corpo todo,


terminando no chão entre os dois tornozelos), sempre que estivermos "fora"
desta linha imaginária teremos uma postura desfavorável. A melhor postura é
aquela que necessita de um menor gasto energético para a sua manutenção.

Segundo Orquiza, (2004), algumas situações do dia-a-dia no trabalho ou


em casa, contribuem para as lesões na coluna ou discos intervertebrais:

a) o trabalhador escorrega enquanto caminha;


b) um objeto vai cair ao chão e abruptamente tenta pagá-lo;
c) o trabalhador vai pegar uma carga e o local está inacessível;
d) o trabalhador vai pegar uma carga de conformação assimétrica;
e) o trabalhador portador de desvios posturais;
f) o trabalhador que suporta peso com o corpo;
g) pegar ou manusear cargas mais pesadas com o tronco em flexão, flexão
lateral ou torção;
h) pegar ou manusear cargas longe do corpo;
i) pegar ou manusear cargas muito altas ou muito baixas.

Todos os dias cometemos alguns ou vários erros com a nossa postura,


estes erros um dia podem ser fatais, pois as doenças de um modo geral não
acontecem da noite para o dia, elas são cumulativas e progressivas.

Devemos ter em mente que ao realizar qualquer movimento por mais


simples que ele seja precisamos estar atentos à nossa coluna. Se vamos pegar
um peso precisamos encontrar a melhor forma e nunca tentarmos ser mais
fortes que somos, não fomos feitos para carregar peso, por isso que
inteligentemente os homens foram capazes de desenvolver artifícios magníficos
para tal atividade como, por exemplo: carrinhos, talhas, empilhadeiras,
guindastes, alavancas, etc.
30

De uma forma ou de outra estes recursos estão à nossa disposição e


devemos sempre pensar neles quando pensarmos em movimento e carga, ou
em movimento e postura.

Considerando que a coluna vertebral é uma das partes mais afetadas


durante as atividades manuseio e movimentação de cargas manualmente, cabe
fazermos uma breve descrição acerca da coluna.

As dores nas costas acontecem com alta incidência. Alguns autores


relatam que entre 70 a 80% da população mundial (têm, teve ou terá) algum
tipo de dor nas costas; as condições de trabalho são um dos maiores
agravantes; o manuseio, levantamento e carregamento de cargas
excessivamente pesadas são grandes coadjuvantes; a manutenção de posturas
incorretas por muito tempo; alguns fatores que ainda necessitam de maiores
estudos também contribuem para as dores nas costas uma deles é a conversão
psicossomática e por fim destacamos a fadiga da musculatura.

A coluna vertebral possui algumas


curvaturas que são fisiológicas. O aumento,
acentuação ou diminuição destas curvaturas
representam patologia e precisam ser
tratadas. As curvaturas fisiológicas são
quatro: lordose cervical, cifose torácica,
lordose lombar e cifose coccígea (sacro e
cóccix) estas curvaturas podem ser
encontradas em vista lateral, já numa vista
posterior não existem curvaturas fisiológicas,
Fonte: ORQUIZA, 2004.
caso as encontrarmos temos uma patologia
Figura 8
chamada de escoliose.
31

A coluna vertebral é formada por um número variável de vértebras entre


33 e 34 ossos (vértebras), que são separadas uma das outras por um disco
intervertebral. Este disco é responsável pela mobilidade da coluna.
Esta parte da anatomia pode ser visualizada nas figuras a seguir.

Figura 9 Figura 10

Fonte: ORQUIZA, 2004.

Acima podemos ver a vértebra que é a parte óssea da coluna, os


orifícios de conjugação que é o espaço por onde passam os nervos (existem
dois tipos de nervos um responsável pelas sensações e outro responsável
pelos movimentos).

Entre as vértebras vemos o disco intervertebral e mais ao centro do disco


encontramos o núcleo pulposo. Quando nos movimentamos para frente, para
traz ou para os lados o núcleo pulposo se movimenta também, porém em
sentido contrário, ou seja, quando fletimos o tronco para frente o núcleo vai
para traz em direção ao nervo. O núcleo pulposo é muito mais rígido do que o
disco e têm a tendência de tentar fugir. E quem impede esta fuga são os anéis
fibrosos, quando estes anéis são danificados o núcleo fica instável e pode
conseguir a fuga, a saída do núcleo é chamada de hérnia de disco. A hérnia de
32

disco pode acontecer entre qualquer uma das vértebras, porém a maior
incidência se dá na região lombar (ORQUIZA, 2004).

Os nervos são divididos em troncos. O tronco cervical inerva


principalmente os membros superiores (braços) e o tronco lombar inerva
principalmente os membros inferiores (pernas).

Existem alguns fatores que podem ser considerados como


determinantes na postura, dentre elas estão:
• exigência de forças para realização de determinada tarefa;
• a duração da tarefa, já que uma postura inadequada é suportável por
um tempo curto;
• o trabalho em pé, apesar da vantagem de permitir maior mobilidade e
maior força, tem como desvantagem o aumento do gasto energético e
fadiga dos membros inferiores;
• a exigência visual;
• a precisão de movimentos e dimensão do espaço de trabalho, são
dentre outras situações que tem influência direta sobre a postura.
Em ergonomia, procura-se encontrar as posturas neutras, que impõem
menor carga sobre as articulações e sistema musculoesquelético, evitando,
dessa forma, os distúrbios e até a incapacidade laboral e gastos previdenciários
com os trabalhadores.

3.3.2.3 Ergonomia no Setor da Construção Civil no Brasil

A preocupação em melhorar a maneira de realizar o trabalho na


construção civil foi iniciada com os precursores da ergonomia, Frank B.
Gilbreth, ainda no início do século XX em seus estudos de movimentos sobre o
assentamento de tijolos pelos pedreiros de alvenaria (FRANCO 1995).
A construção civil constitui um setor com grande campo de atuação e de
grande importância econômica para o desenvolvimento da sociedade.
33

Este setor possui diferenças, tanto no que diz respeito aos serviços
desenvolvidos por ela, como também em função do porte das empresas que
atuam neste importante setor econômico.
A construção civil é dividida em áreas de atuação: construção pesada,
construção predial e prestadora de serviços nos diversos segmentos de obras.
As empresas que atuam neste setor também são divididas em:
empresas de grande porte, médio porte e microempresas.
O subsetor edificações caracteriza-se por ser um dos segmentos que
envolvem um maior número de empresas atuante no setor da indústria da
construção.
O setor da construção civil constitui um vasto campo de atuação para a
economia e para o desenvolvimento do país. Com aplicação da ergonomia na
construção civil podemos verificar os vários fatores que causam danos à saúde
dos operários; os fatores que interferem no melhor desenvolvimento da
atividade produtiva dos trabalhadores, elevando sua produção, sem prejuízo à
sua capacidade de trabalho.
34

4 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO

4.1 Tipo de Estudo

Este é um estudo de caso que utilizou a metodologia da análise


ergonômica do trabalho com relação às posturas de trabalhadores em uma
fábrica de tubos de concreto armado.
O estudo de caso analisa profundamente uma unidade dentro de uma
situação mais ampla. O caso se constitui como uma representação singular da
realidade. Os estudos de caso procuram retratar a realidade de forma profunda
e completa, contradizendo a complexidade das situações, inter-relações de
seus componentes e a multiplicidade de dimensões do objeto (LUDKE e
ANDRÉ, 1986).

4.2 Local de Estudo

O presente estudo foi feito em uma fábrica de tubos de concreto armado


da Secretaria Municipal de Viações e Obras do Município de Cuiabá, capital do
Estado de Mato Grosso, órgão responsável pela infra-estrutura da capital,
composta por cento e cinqüenta e cinco (155) funcionários, sendo que na
fábrica de tubos de concreto trabalham seis (6) funcionários para a confecção
dos tubos que serão futuramente utilizados nas obras de infra-estrutura da
secretaria.

4.3 Sujeito da pesquisa

Participaram da pesquisa os seis (6) trabalhadores que atuam na fábrica


de tubos de concreto.
35

4.4 Coleta dos Dados

A metodologia utilizada no estudo do posto de trabalho foi a análise


ergonômica do trabalho, de acordo com a análise da demanda, análise da
tarefa e análise das atividades. A coleta de dados foi realizada em 2 (duas)
etapas, durante o mês de março de 2004.
Na 1ª etapa foi realizada observação sistemática do posto de trabalho,
analise da tarefa e das atividades, as posturas e movimentos dos trabalhadores
e os ambientes físicos e organizacionais do trabalho. Segundo Gil (1995), a
observação sistemática ocorre em situações de campo, e é aquela em que o
pesquisador define o que observar antes da entrada no campo e elabora um
plano para executá-la. Nesta etapa foi também realizada entrevistas informais
com as pessoas diretamente envolvidas com o posto de trabalho (os
trabalhadores) e o chefe encarregado dos trabalhadores, com a finalidade de
melhor caracterizar a situação real de trabalho. A entrevista informal tem com
objetivo fornecer um panorama geral do problema a ser investigado e deve ser
feito com informantes chaves (GIL, 1995).
Na segunda etapa foi realizada observação com a utilização de máquina
fotográfica, para captar as posturas assumidas pelos trabalhadores, além de
entrevista estruturada com os trabalhadores (Anexo I), para uma melhor
caracterização da população de trabalhadores envolvidos no ambiente de
trabalho.
Entrevista estruturada é aquela coletada diretamente com o sujeito
pesquisado. Utiliza-se de um instrumento (formulário) contendo perguntas
abertas ou fechadas, sendo que todos os sujeitos respondem as mesmas
questões, na mesma ordem e com as mesmas opções de respostas (GIL,
1995).
As entrevistas foram realizadas pelo pesquisador, em horário escolhido
pelos sujeitos investigados, durante o turno de trabalho dos pesquisados.
36

4.5 Aspectos éticos

Foram respeitados os princípios da pesquisa com seres humanos,


conforme a Resolução 196/96 (BRASIL 1996), de forma a preservar os sujeitos
e manter o seu anonimato, sendo que os dados só foram colhidos após a
autorização do responsável pelo setor e do consentimento dos entrevistados.
As fotos registradas na pesquisa foram feitas pelo pesquisador após o
consentimento do Secretario da pasta.
Para manter o anonimato dos sujeitos envolvidos no estudo, os
trabalhadores entrevistados foram identificados pela letra T, seguida por
número.

4.6 Limitações do Trabalho

As análises ergonômicas, desenvolvidas neste trabalho, leva em


consideração os fatores de risco referentes aos aspectos posturais que podem
influenciar para o aparecimento dos sintomas músculos esqueléticos nos
trabalhadores de uma fábrica de tubos de concreto armado na realização de
suas atividades, fundamentalmente relacionados aos fatores biomecânicos sem
incluir outros fatores como os riscos físicos, químicos, biológicos, acidentes em
geral ou riscos psicofisiológicos a que estão expostos estes trabalhadores.
37

5. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

5.1 POSTO DE TRABALHO DE UMA FÁBRICA DE TUBOS DE CONCRETO


ARMADO

Posto é uma palavra oriunda da linguagem militar; indica um local onde


alguém é colocado para realizar uma determinada tarefa ou função;
Normalmente, o posto de trabalho é uma localização situada dentro de um
sistema de produção.
O posto de trabalho corresponde, então, a um papel definido, que
comporta instruções e procedimentos (o que fazer, quando fazer e como fazer)
e meios (onde fazer, com que fazer), a ser ocupado por um determinado sujeito.
Posto de trabalho é constituído pelo ambiente físico onde a pessoa
trabalha e pelos seus componentes, que inclui mobiliário, maquinas,
ferramentas, acessórios, materiais, etc, (RIOS; PIRES, 2001).
O posto de trabalho analisado é o de uma fábrica que utiliza o processo
semi-automatizado na fabricação de tubos de concreto armado.
Os trabalhadores em uma fábrica de tubos de concreto armado estão
incluídos em umas das etapas construtivas do setor da constrição civil, que é a
infra-estrutura (Drenagem de Águas Pluviais, Esgotamento Sanitário e Bueiros).
Seu trabalho é utilizado na fabricação de Tubos de Concreto Armado, em que
estes operários são bastante exigidos para desenvolver suas atividades.

5.2 ANÁLISE DA DEMANDA

A demanda do estudo do posto de trabalho foi originada pela


importância que os tubos de concreto armado têm no processo da construção
civil no setor da infra-estrutura (drenagem, esgoto e abastecimento de água),
em que os profissionais que trabalham na fabricação destes tubos tem grande
atuação, sendo responsáveis pelo transporte, corte, montagem e colocação
das armaduras nas fôrmas para moldagem dos tubos, preparação do concreto,
38

concretagem, desfôrma e transporte após a cura para empilhamento dos tubos,


onde ficarão aguardando o deslocamento para as obras.
Com isso, eles assumem diversas posições inconvenientes no
desenvolvimento de suas atividades.

5.2.1 Objetivos da Demanda

O principal objetivo da demanda é analisar as condições de trabalho dos


trabalhadores em uma fábrica de tubos de concreto armado, e identificar por
meio da análise ergonômica do posto de trabalho as posições de risco que
podem provocar sintomas músculos esqueléticos que causam
constrangimentos aos trabalhadores, possibilitando o diagnóstico e as
recomendações ergonômicas necessárias para melhoria das situações de
trabalho na atividade dos trabalhadores da fábrica de tubo de concreto armado.

5.2.2 Hipóteses formuladas a partir da demanda

Tendo como parâmetro o objetivo da demanda, e também se levando em


conta as observações feitas no posto dos trabalhadores da fábrica de tubos de
concreto armado, surgiram algumas hipóteses que foram formuladas, e
descritas a seguir:
• As posturas assumidas durante a execução das tarefas dos trabalhadores
(corte, dobragem e armação das telas, preparação de concreto,
concretagem das fôrmas, retirada das fôrmas, montagem das fôrmas, e
estocagem dos tubos), é um dos fatores responsáveis pela carga física de
trabalho.
• As condições físicas do local de trabalho dos trabalhadores interferem nas
posturas assumidas durante as suas atividades.
39

5.3 ANÁLISE DA TAREFA

A tarefa pode ser descrita da seguinte maneira: o encarregado recebe


as informações do Engenheiro responsável pelo setor, da quantidade dos tubos
e seus respectivos diâmetros a serem confeccionados na fábrica e comunica
aos responsáveis pela confecção dos tubos da tarefa recebida.
Então o objetivo da tarefa é confeccionar os tubos e estocá-los para
serem usados nas obras de infra-estrutura do município.

5.3.1 Descrição dos componentes do sistema Homens-tarefa

Dados Referentes às Entradas

No desenvolvimento da tarefa, o encarregado é responsável pelo


recebimento, conferência dos materiais para confecção dos tubos, ou seja, os
agregados (areia, pedrisco), cimento, telas pré-fabricadas e armazenamento em
local apropriado.

Dados Referentes às Informações

O encarregado recebe as informações do Engenheiro, que com base nas


plantas dos projetos das obras de infra-estrutura a serem executadas, define
repassando a quantidade e os respectivos diâmetros das tubulações a serem
confeccionadas. O encarregado que coordena as tarefas de corte das telas
para armações dos tubos, preparo do concreto, concretagem e armazenagem
dos tubos, repassa para sua equipe as atividades a serem executadas.
40

Dados Referentes às Ações

As ações tomadas pelo encarregado são relacionadas às ordens


recebidas do Engenheiro responsável pela fábrica, e repassa para a equipe as
tarefas a serem executadas.

Dados Referentes às Saídas

Será resultado da atividade da equipe da fábrica de tubos. Os tubos


concretados são desinformados e transportados para área de estocagem, onde
completa o período de cura, para posteriormente serem utilizados nas obras de
infra-estrutura.

5.4 AMBIENTE ORGANIZACIONAL

Na organização do trabalho, foi constatado que as tarefas entre os


trabalhadores são de acordo com diâmetro e quantidade dos tubos a serem
fabricados, conforme orientação passada pelo Engenheiro ao encarregado da
fábrica. Sendo utilizado também, o rodízio dos trabalhadores no
desenvolvimento das diversas atividades na fabricação dos tubos.

5.4.1 Ambiente Físico

Os trabalhos na fábrica de tubos de concreto armado se


desenvolvem nos seguintes ambientes: o armador de tela pré-fabricadas e os
trabalhadores que preparam o concreto para concretagem das fôrmas
desenvolvem suas atividades em um ambiente sem cobertura, portanto
submetido a influência dos agentes físico-ambientais. Os agentes físico-
ambientais que mais influenciam as condições do ambiente são os raios
solares, as chuvas e conseqüentemente a temperatura ambiente, normalmente
41

superior a 30 ºC, atingindo em determinados períodos do ano temperaturas


superior à 40 ºC, gerando desconforto térmico para os trabalhadores.
A concretagem das fôrmas se desenvolve em uma área coberta, livre da
ação dos raios solares, mas o calor do ambiente é elevado, e também o ruído
provocado pela vibração mecânica da fôrma de concretagem dos tubos, fator
físico que interfere no desenvolvimento das atividades.
Além do ruído há presença de poeira de cimento, variáveis que apesar
de sua importância não estaremos discutindo nesse momento.
Devido a estas condições o ritmo de trabalho pode ser prejudicado em
sua capacidade normal.

5.5 DADOS REFERENTES AOS TRBALHADORES DA


FÁBRICA DE TUBOS DE CONCRETO ARMADO

Os dados apresentados foram obtidos através de entrevistas, conforme o


roteiro (Anexo I). A população envolvida é constituída essencialmente pelo sexo
masculino, tendo um total de 6 (seis) operários neste posto de trabalho, sendo 1
(um) encarregado, 1 (um) armador de tela, 1 (um) pedreiro e 3 (três) serventes
de pedreiro.
42

Quadro 01: Caracterização dos trabalhadores de uma fábrica de tubos de


concreto armado, Cuiabá, 2004.

Identifica-
ção T1 T2 T3 T4 T5 T6 Média

Idade: 42 anos 57anos 40 anos 61 anos 45 anos 46 anos 48,5


anos
4ªsérie 3º ano 4ª série 3ª série 1ª série
Instrução E. E E. E. E. Analf. ____
fund. médio fund. Fund. fund.
Tempo de
Serviço/ 22 anos 36 anos 25 anos 41 anos 30 anos 27anos 30,1
anos anos
Tempo na
Empresa/ 20 anos 25 anos 23anos 31 anos 20 anos 23 anos 23,6
anos anos
Hora de
Trabalho / 8horas 8 horas 8 horas 8 horas 8 horas 8 horas 8horas
dia

E. Civil Casado Casado Casado Casado Casado Casado ____

Peso/Kg 58 Kg 65 Kg 61 Kg 58 Kg 72 Kg 58 Kg 60 kg

Altura 1,68 m 1,64 m 1,69m 1,5 m 1,48 m 1,70 m 1,62 m

Salário 1,8 Sal. 1,9 Sal. 2,0 Sal. 2,4 Sal. 1,7 Sal. 1,9 Sal. 2 Sal.
Min. Min. Min. Min. Min. Min. Min.
43

Faixa Etária

A faixa etária dos operários está entre 40 a 61 anos, sendo que os


trabalhadores têm uma média de idade de 48,5 anos. Merino; Hildebrandt et al.,
apud Nunes, (2002) analisando a idade dos trabalhadores que manuseiam
cargas, verificaram que o maior número destes trabalhadores encontra-se na
faixa etária entre 30 e 40 anos, ao contrário dos encontrados nesta pesquisa,
fato este se justificado por se tratar de um órgão publico em que os funcionários
têm estabilidade no emprego.

Escolaridade

O nível de escolaridade dos entrevistados é baixo, somente o pedreiro


concluiu o ensino médio, os demais não concluíram o ensino fundamental,
sendo que um servente nunca freqüentou escola.

Procedência
Os trabalhadores entrevistados são todos do município de Cuiabá/MT.

Forma que iniciou a Profissão

Todos começaram a profissão como serventes de pedreiro. O pedreiro e


o armador aprenderam a profissão com o passar do tempo. Todos aprenderam
a atividade de fabricação de tubos de concreto armado na fábrica instalada na
Secretaria Municipal de Viações e Obras de Cuiabá/MT.

Tempo de serviço no Setor

Consultados quanto ao tempo de serviço nesta atividade, constatou-se


que a maioria dos trabalhadores atua há mais de 20 anos, tendo a média de
23,6 anos no setor, portanto, apresentam uma ampla experiência no
44

desempenho de suas atividades, todavia, não estão isentos dos riscos


músculoesqueléticos.

Jornada de Trabalho

O horário de trabalho cumprido pelos operários é das 7:30 às 11:30 e


das 13:30 às 17:30 horas, de segunda à sexta-feira com intervalo de 2 horas
para o almoço. Perfazendo uma jornada de 8 horas diárias de trabalho. Esta
jornada é considerada longa para a realização de uma atividade que necessita
de um grande esforço físico.

Estabilidade

Todos têm estabilidade por se tratar de órgão público municipal,


garantido pela Constituição de 1988, já que a partir deste ano todos passaram a
ser estatutário, adquirindo estabilidade no emprego.

Remuneração

Em se tratando de órgão público, a remuneração depende do tempo de


serviço, de direitos adquiridos e das funções gratificadas incorporadas. No caso
dos trabalhadores da fábrica de concreto armado analisada, a média é de dois
salários mínimos, estando, portanto acima da média da remuneração
estabelecida pelo sindicato da construção civil do estado, que hoje é de 1,62
salários mínimos para uma jornada de 40 horas semanais (Sindicato da
Industria da Construção – SINDUSCON – MT).

Alimentação

A alimentação dos Operadores é oferecida pela secretaria, o


fornecimento é feito por um restaurante contratado, sendo que as refeições são
45

acondicionadas em marmitex e oferecidas no próprio local de trabalho, em


condições adversas, já que não existe espaço apropriado para tal.
são acondicionadas em marmitex e oferecidas no próprio local de trabalho, em
condições adversas, já que não existe espaço apropriado para tal.

5.6 DESCRIÇÃO DA TAREFA DOS TRABALHADORES DA


FÁBRICA DE TUBOS DE CONCRETO ARMADO

A tarefa dos operadores da fábrica de tubos de concreto vai desde o


recebimento dos materiais até o armazenamento dos tubos, executada da
seguinte forma:
1 - Recebimento dos materiais, telas pré-moldadas, cimento e agregados;
2 - Armazenamento do cimento no almoxarifado e das telas recebida no local
onde será feito o corte e armação e dos agregados próximos ao local de
preparo do concreto;
3 - Corte das telas em tamanho correto, de acordo com o tamanho e o
diâmetros dos tubos a serem fabricados;
4 - Armação das telas formando um cilindro dobrando individualmente cada
peça;
5 - Montagem das fôrmas para confeccionar os tubos;
6 - Transporte das telas armadas para o local onde estão montadas as fôrmas;
7 - Colocar as telas na posição correta nas fôrmas;
8 - Preparação do concreto, começando pela medida dos traços dos agregado
e cimento, colocando-os em uma betoneira onde será feita a mistura até atingir
o ponto de umidade no concreto;
9 - Transporte do concreto até próximo das fôrmas deixando-o no piso;
10 - Colocação manual do concreto dentro das fôrmas;
11 - Retirada dos tubos das fôrmas;
12 - Transporte dos tubos para área de cura;
13 - Armazenamento dos tubos após a cura;
46

Quanto às ferramentas que são utilizadas para e confecção dos tubos


pode-se citar:
• Turquês – Ferramenta manual metálica em forma de alicate, que
serve para amarrar prender o arame que segura a armadura na
posição correta;
• Tesoura – Ferramenta manual metálica em forma de alicate, utilizada
para cortes de ferro e telas utilizadas como armação na confecção de
tubos de concreto armado.
• Pás – Ferramenta manual utilizada no preparo do concreto e
concretagem da fôrma na confecção dos tubos.
• Marreta pequena – Ferramenta manual, utilizada para auxiliar na
retirada do anel metálico da base do tubo, após o período de cura.
• Enxada – ferramenta manual utilizada para auxiliar na concretagem
dos tubos.

Os equipamentos utilizados para execução das tarefas são:


• Betoneira – Equipamento eletromecânico alimentado manualmente,
utilizado no preparo do concreto.
• Fôrma tipo vibro-prenssagem – Equipamento alimentado
manualmente utilizado na moldagem dos tubos, para diâmetros de
200 mm a 1200 mm e comprimento de 1 m.
• Talha eletromecânico – Equipamento de controle manual utilizado
para auxiliar na montagem e desmontagem das fôrmas, estocagem
dos tubos, carga e descarga na fabrica de tubos.
• Carrinho de mão – Utilizado no transporte do concreto pronto até as
proximidade das fôrmas.
Quanto a utilização dos EPI”s:
Os EPI’s não são utilizados com freqüência devido a não
exigência, e também pela falta dos mesmos no setor, pois não são adquiridos
com freqüência pela instituição.
47

A seguir a figura 11 mostra as tarefas executadas pelos


trabalhadores da Fábrica de Tubos de Concreto Armado. Cuiabá, 2004.

Fábrica de Tubos
de Concreto
armado

Depósito de Depósito de Depósito de Depósito de Depósito de Tela


Cimento Areia Pedra nº 1 Ferramentas Pré-moldada

Corte das Telas

Betoneira para Montagerm da


Preparar Fôrma com Sistema
Concreto de Vibro-prensagem
e Armação
Armação das
Telas

Concretagem da
Concreto Pronto Fôrma com Telas
Sistema de Vibro- Amadas
prensagem

Retirada da Forma
e do Vibrador

Tubo Concretado
na Área de Cura

Figura 11 Tubo
Estocado
48

5.6.1 Análise das Atividades

As atividades são realizadas conforme a quantidade e diâmetro dos


tubos a serem confeccionados, normalmente as equipes são divididas em três
(3), uma para fazer corte das telas e fazer a armadura, outra para preparar o
concreto e outra para montagem, concretagem manual e desmontagem da
fôrma.
Depois desta etapa os tubos permanecem na área de cura por um
período de 48 horas, após este período a equipe se prepara para fazer a
estocagem dos tubos, com o auxílio da talha eletromecânica.
No transporte para as obras normalmente é utilizado um caminhão para
levar até o ponto mais próximo dos locais onde serão instalados.

5.6.2 Descrição das Atividades de Trabalho

As atividades se desenvolvem em equipe, tendo em vista que todos têm


conhecimento das atividades no setor, com isto a equipe inicia as atividades e
no decorrer do processo as posições se alternam, tornando-se as atividades no
setor mais dinâmicas, mas seguindo uma rotina de trabalho. Pode-se descrever
as atividades do setor da seguinte maneira;
1. A equipe seleciona suas ferramentas, equipamentos (fôrma), conforme o
diâmetro dos tubos a serem confeccionados.
2. O responsável pela armação das telas desenrola as telas colocando-as
na posição de corte e com o auxílio de uma tesoura para corte de ferro
procede-se o corte das telas conforme o diâmetro dos tubos a serem
confeccionados e com uma torquês e arame recozido amarram-se às
telas. Nesta operação utiliza-se apenas um operário, que para execução
desta atividade faz uso de uma tesoura para o corte da tela. Esta
atividade é desenvolvida na posição em pé, com inclinação do tronco
para frente, e com as duas mãos segura a tesoura, procedendo-se o
corte da tela. Após o corte de uma quantidade de tela, o operário com o
49

auxilio da torquês, amarra-se as telas com arame recozido. Esta


atividade é desenvolvida na posição em pé, com inclinação do tronco
para frente, e com as duas mãos executa a atividade. A tela armada e
levada até o local onde é montada a fôrma, fotos 12 á 17.

Figura 12: Telas armazenadas


50

Figura 13: Corte das telas para armação

Figura 14: Montagem da Tela


51

Figura 15:Telas armadas

Figura 16: Montagem da Fôrma


52

Figura 17: Tela sendo colocada na fôrma


53

3. No preparo do concreto utiliza-se, 3 (três) operários alternando entre si


no desenvolvimento das atividades, que é descrita da seguinte maneira:
1 (hum) operário com auxilio de uma pá, enche a padiola com os
agregados, um de cada vez (areia, pedrisco e cimento). Esta atividade é
desenvolvida na posição em pé, com inclinação do tronco para frente, e
com as duas mãos segura a pá, e com movimento repetitivo enche-se a
padiola, outros 2 (dois) operários pegam um de cada lado da padiola e
passam os agregados para a betoneira, até completar um traço. Esta
atividade é desenvolvida na posição em pé, com inclinação do tronco
para frente, e com as duas mãos segura um de cada lado da padiola,
completada a mistura o concreto é retirado da betoneira e passa para um
carrinho de mão que é transportado por um dos operário até próximo da
fôrma, Figuras 18 a 27.

Figura 18: Enchendo a padiola com pedrisco


54

Figura 19: Transporte da padiola com pedrisco até a betoneira

Figura 20: Transporte da padiola com pedrisco até a betoneira


55

Figura 21: Preparando cimento para concreto

Figura 22: Cimento sendo preparado para ser levado para betoneira
56

Figura 23: Cimento sendo preparado para ser levado para betoneira

Figura 24: Preparo do concreto


57

Figura 25: Concreto pronto

Figura 26: Concreto pronto Levado p/ concretagem


58

Figura 27: Concreto pronto sendo colocado próximo a Fôrma

Pode-se observar pelas figuras (acima) uma das tarefas desenvolvida


pelos trabalhadores é de natureza rudimentar, e emprega grande dispêndio de
energia.
59

4. Na concretagem manual da fôrma participam 2 (dois) operários, que com o


auxílio de pás procedem o enchimento da fôrma. Esta atividade é
desenvolvida na posição em pé, com inclinação do tronco para frente, e com
as duas mãos segura a pá, e com movimento repetitivo enche-se a fôrma.
Após a concretagem a fôrma é desmontada e montada novamente pelos
mesmos operários, iniciando-se novamente o processo, fotos 28 á 39.

Figura 28: Fôrma pronta para concretagem


60

Figura29: Concretagem da fôrma

Figura 30: Concretagem da fôrma


61

Figura 31: Final da concretagem da fôrma

Figura 32: Fôrma concretada


62

Figura 33: Desmontagem da fôrma concretada

Figura 34: Desmontagem da fôrma concretada


63

Figura 35: Montagem da fôrma

Figura 36: Tela sendo colocada no anel da base da fôrma


64

Figura 37: Desmontagem da fôrma

Figura 38: Montagem da fôrma


65

Figura 39: Fôrma pronta para concretagem

Nas figuras pode-se observar a seqüência da tarefa, exigindo do


trabalhador o manejo de cargas e adoção de posturas que exigem grande
emprego de massa muscular.
66

5. Após a concretagem os tubos permanecem na área de cura por 48 horas;


após este período a equipe da fabrica transporta os tubos com o auxilio de
uma talha eletromecânica até a área de estocagem. Esta atividade é
desenvolvida na posição em pé, e com movimentos dinâmicos de tronco,
braços e pernas, Figuras 40 a 43.

Figura 40: Tubos desenformados na área de cura


67

Figura 41: Transporte dos tubos para área de estocagem

Figura 42: Transporte dos tubos para área de estocagem


68

Figura 43: Tubos na área de estocagem


69

5.7 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS


PROVENIENTES DOS QUESTIONÁRIOS E ENTREVISTAS

Em relação à oferta de treinamento por parte da instituição na qual


estão empregados, verificou-se através das respostas que 100%, dos
trabalhadores não recebeu treinamento ou orientação em segurança do
trabalho, no exercício da atividade.
Levando-se em consideração o tempo de serviço na atividade, e os
resultados da observação in loco que permitiram analisar as condições em que
tais atividades são realizadas, pode-se inferir dos riscos aos quais estão
expostos estes trabalhadores, haja vista que os mesmos não possuem
treinamento prévio nem avaliação do limite de sobrecarga física à qual se
expõem no decorrer da jornada de trabalho. Para Knoplich (1996); Wisner
(1994), os sintomas músculo esqueléticos podem estar vinculados aos aspectos
específicos de certos grupos de atividades exercidas, e com o passar dos anos,
apesar de terem melhores conhecimentos nas suas atividades, precisam
adaptar-se a um ritmo mais lento e mais adequado.
A norma regulamentadora NR-17 Ergonomia (17.2.3) expõe que, todo
trabalhador que desenvolve atividade com levantamento de carga que não as
leves, deve receber treinamentos ou instruções satisfatórias quanto aos
métodos de trabalho que deverá utilizar, tendo em vista salvaguardar a saúde e
prevenir acidentes.(BRASIL, 2002)
Verificou-se através dos questionários que na opinião de 100% dos
participantes da pesquisa há rodízios de tarefas, sendo que este rodízio é feito
no próprio posto de trabalho, portanto não diminuindo a sobrecarga física dos
trabalhadores. Comentando a respeito do rodízio de tarefas, Maeno; Pereira,
apud Nunes (2002), apontam a importância do mesmo para a melhoria
ergonômica das condições de trabalho, possibilitando a diminuição na duração
da exposição aos fatores de risco impostos pela atividade exercida.
Observa-se através dos dados obtidos no questionário que 100% dos
trabalhadores confirmam a existência de pausas. Estas estão relacionadas ao
70

intervalo de duas horas para o almoço das 11:00 horas as 13:00 horas Todavia,
relatam que esta pausa é insuficiente para o descanso. De acordo com a
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), as pausas são concedidas para
períodos de descanso para os trabalhos contínuos de mais de seis horas e
devem ser utilizados para as refeições e descanso. A duração das pausas não
está adequada, pois segundo a NR-17 nas atividades que exigem sobrecarga
muscular estática ou dinâmica do pescoço, ombros, dorso e membros
superiores devem ser incluídas pausas extras para o descanso, o que não foi
constatado através dos questionários nem tampouco mediante as observações.
Couto (1995), afirma que as pausas têm a função de equilibrar a
biomecânica do organismo, permitindo aos tendões adequada lubrificação pelo
líquido sinovial. Estas são necessárias quando não houver possibilidades de se
fazer rodízios de tarefas. Quando houver rodízios de tarefas, mas as outras
tarefas apresentarem o mesmo padrão biomecânico, neste caso não haverá
vantagem biomecânica do rodízio.
No item relativo ao cansaço físico no final da jornada de trabalho, os
dados obtidos através dos questionários evidenciam que 100% sentem-se
cansados. O cansaço relatado pela maioria destes trabalhadores está atrelado
a grande sobrecarga física durante o desenvolvimento de suas atividades.
Para Rio & Pires, (2001), o cansaço é um mecanismo de proteção contra
cargas de atividade acima de certos limites. Tem uma função biológica de
preservação, assim como a fome e a sede, além disso, a sensação subjetiva de
cansaço é o principal sintoma da fadiga que pode inibir as atividades ou até
mesmo paralisá-las.
71

Tabela 1. Posturas e movimentos adotados freqüentemente pelos trabalhadores


da fábrica de tubos de concreto armado durante a jornada de trabalho. Cuiabá,
2004.

Carregar peso entre 18 kg e 50 Kg 100,0


Puxar ou empurrar pesos com mais de 50 Kg 100,0
Erguer pesos com o tronco torcido 100,0
Erguer pesos acima do peito 100,0
Ficar de pé por longo tempo 100,0
Curvar-se bruscamente com a coluna 100,0
Virar-se bruscamente com a coluna 100,0
Virar-se e curvar-se com a coluna 100,0
Trabalhar com postura curvada e torcida por tempo prolongado 100,0
Exercer forças com suas mãos ou braços 100,0
Curva os seus punhos 100,0
Fazer sempre os mesmos movimentos com seu tronco 100,0
Fazer sempre os mesmos movimentos com seus braços 100,0
Fazer sempre os mesmos movimentos com seus punhos 100,0

Os dados apresentados na Tabela 1 apresentam a distribuição dos


movimentos e posturas realizadas e identificadas com movimento de carga,
obtidos através da entrevista e das observações feitas in loco na fábrica de
tubos de concreto armado da Secretaria Municipal de Viações e Obras de
Cuiabá/MT, (2004), como responsáveis pelo aumento da sintomatologia à
medida que estão associados à sobrecarga dinâmica e têm relação com a força
e repetitividade dos movimentos, que segundo indicação da Organização
Internacional do Trabalho (OIT), Genebra (1969), recomenda para adultos
homens em trabalhos eventuais peso equivalente a 50 kg e trabalhos
freqüentes que é o caso em questão peso equivalente a 18 kg, GRANDJEAN
(1998).
72

Vale frisar que a manutenção da postura em flexão do tronco, curvada


para frente, aumenta excessivamente a pressão intradiscal exigindo grande
esforço muscular de sustentação contra a ação da gravidade, e, ao se adotar
esta postura diariamente, e por períodos prolongados pode provocar um
processo de dor lombar. As sobrecargas por movimentos repetidos de torção ou
rotação da coluna provocam distensões e rompimentos nas fibras do disco
vertebral favorecendo os processos de herniação. Para Caillet apud Nunes
(2002), nas situações rotineiras de levantamentos de peso, movimentos de
torção, estiramentos ou traumatismos, podem ocorrer processos degenerativos
nas estruturas articulares da coluna.
Pela dinâmica do trabalho observada, acredita-se que as diferentes
posturas e movimentos adotados freqüentemente pelos trabalhadores durante o
trabalho como evidenciado na tabela 1 pode romper com o equilíbrio músculo
esquelético, gerando processos dolorosos devido a grande sobrecarga física.
Knoplich (1996) ressalta que, com a continuidade do processo de
agressão, podem surgir reações inflamatórias e, tardiamente calcificações,
culminando num quadro de artrose (processo degenerativo). Ainda relata o
autor que a severidade deste quadro vai depender da continuidade com que os
traumas se processam ao nível da coluna vertebral.
De acordo com Granata & Marras apud Nunes (2002), os fatores
biomecânicos como a força e posturas inadequadas equivalem,
aproximadamente a 57% das incidências de lombalgias.
O gráfico 1 apresenta as regiões anatômicas com maior prevalência de
queixas de dor pelos trabalhadores.
73

Gráfico 1. Regiões anatômicas com maior prevalência dos sintomas


descritos pelos trabalhadores, Cuiabá 2004.

Regiões anatomicas com miores indices de


sintomas

120,00%
sim,direita
100,00%
sim, esquerda
80,00% sim, ambos
60,00% sem dor
40,00%
20,00%
0,00%

ho
o

al
lo

a
ba
br

ox
rs
ve

el
m
om

do

/c

jo
to

lo

ri s
co

na

na

ad
lu

lu

qu
co

co

Constata-se que o esforço físico com carga, atribuída como causa,


possui dados significativos, visto que a maioria dos trabalhadores pesquisados
afirma sentir dor em algum local do corpo, tendo como maior predominância a
coluna lombar em segundo aparece a coluna dorsal e punhos/mãos.
Na coluna lombar, a percepção do sintoma da dor, revela-se em 83%
dos trabalhadores pesquisados, na seqüência a coluna dorsal 67% e
punhos/mãos 67%. Tais dados condizem com o estudo de Burdorf apud Nunes
(2002), ao enfocar que o trabalho físico pesado mostra-se claramente
relacionado com a dor nas costas.
Wisner (1994) relata que, cerca de 80% das pessoas expostas por longo
tempo numa atividade, têm ou tiveram um problema de dor relacionado com a
coluna. Isso sucede porque os trabalhadores, de uma maneira geral, passaram
a trabalhar em posições incorretas, levantando peso de modo inadequado ou
produzindo torções no tronco durante o expediente de trabalho muitas horas por
dia, por muitas semanas, meses e anos causando um desgaste maior na
coluna.
74

Vogt apud Nunes (2002), ao estudar indivíduos que trabalhavam há mais


de 10 anos numa mesma atividade, ressalta que estes relataram mais dor na
região lombar do que os demais trabalhadores. Tais dados condizem com os
dados obtidos através dos questionários, em que os trabalhadores confirmam a
presença de sintomas músculos esqueléticos como dor, fadiga, desconforto,
cãibra e dormência.
Também, os autores Miezejewski & Kumar (1997); Grandjean (1998);
Hoozemans et al., (1998); Marras apud Nunes (2002), evidenciam a associação
das lombalgias relacionadas aos movimentos corporais executados pelos
trabalhadores que manuseiam cargas, principalmente flexão do tronco para
pegar o peso do chão, giros com o corpo, erguer pesos longe do corpo,
carregar pesos com os braços acima da cabeça, transportar pesos nos ombros,
empurrar e puxar. Estas posturas e movimentos condizem com a atividade
desenvolvida pelos trabalhadores na fabricação dos tubos de concreto armado
e a correlação com a prevalência da lombalgias em 83%, conforme evidenciado
nos questionários deste estudo.
Referente à procura de profissional especializado após o acometimento
do sintoma dor ou desconforto, os dados do questionário evidenciam que 100%
nunca procuraram um médico para o tratamento e nem outro tipo de tratamento
como fisioterapia. Este ponto merece muita atenção, já que neste tipo de
atividade, os aspectos da saúde são relevantes para um bom desempenho.
É importante a afirmação de Ranney apud Nunes (2002), ao indicar o
repouso como forma de recuperação dos sintomas músculos esqueléticos. Para
o autor, o repouso combina, algumas vezes, com o uso de antiinflamatórios,
fisioterapia, terapia ocupacional ou o uso de aparelhos ortopédicos. Entretanto,
nenhum desses tratamentos será eficaz se o indivíduo continuar a trabalhar
sem modificação ergonômica apropriada do posto de trabalho, ferramentas e
equipamentos.
O Gráfico 2 destaca os sintomas mais freqüentes ao final da jornada de
trabalho relatados pelos trabalhadores da fabrica de tubos de concreto armado
da Secretaria Municipal de Viações e Obras.
75

Gráfico 2 . Distribuição dos sintomas mais freqüentes ao final da jornada


de trabalho. Cuiabá, 2004.

Distribuição dos sintomas mais frequencia

120%

100%
80%

60% sim

40%

20%
0%
rto

ga
r
do

fo

di
fa
on
sc
de

Este Gráfico mostra que todos os trabalhadores referiram problemas de


saúde como a dor, fadiga, dormência e câimbra ao final de um dia de trabalho.
É possível que vários fatores possam estar concorrendo para os
elevados percentuais destes sintomas nos trabalhadores que manuseiam
cargas. Estes dados podem estar atrelados a alguns aspectos observados
como a idade, a falta de tratamentos fisioterápicos, anos de serviço
trabalhados, posturas e movimentos inadequados adotados freqüentemente
pelos trabalhadores que movimentam cargas. Nesta mesma direção é
importante citar a elevada incidência do sintoma músculo esquelético em
trabalhadores que executam atividades com carga em relação às variáveis
citadas.
A falta de força, também, apesar da baixa incidência, pode instalar-se
por meio de sobrecargas derivadas de trabalho físico pesado.
Apesar dos sintomas relatados pelos trabalhadores, verifica-se que não
há manifestações de alterações por parte da maioria no hábito de trabalho. É
provável que, se a instituição oferecesse treinamento a estes trabalhadores, os
sintomas músculos esqueléticos seriam minimizados.
76

Segundo Rio & Pires (2001), o treinamento em princípios ergonômicos é


fundamental para que os trabalhadores possam romper com hábitos
encontrados na prática. Para os autores, o treinamento básico volta-se para
questões como: posturas e movimentos, uso de componentes do posto de
trabalho, organização do trabalho e conforto ambiental. A partir deste tipo de
treinamento, as pessoas podem, não apenas trabalhar de forma mais adequada
às suas características orgânicas, como também colaborar para o
aprimoramento ergonômico das situações de trabalho.
Comentando a respeito do treinamento para o trabalho de manuseio de
cargas, Merino (1996), tece importantes considerações. Para o autor, este tipo
de trabalho consiste, basicamente, em conhecer os métodos adequados de
trabalho. Assim, faz-se necessário desenvolver a consciência tanto dos
trabalhadores como dos administradores das instituições, dos sérios riscos que
os trabalhadores que movimentam cargas estão expostos.
Alguns fatores de risco como sobrecarga física sem limites e posturas
inadequadas, que levam a desordens na região lombar, acarretando dor, estão
associados à má postura advinda de hábitos considerados inadequados às
atividades laborais exercidas, como também foi evidenciado nesta pesquisa.
A seguir o Gráfico 3 mostra as condições do ambiente de trabalho na perspectiva
dos trabalhadores da fábrica de tubos de concreto armado da Secretaria Municipal de
Viações e Obras de Cuiabá /MT.
77

Gráfico 3. Condições ambientais da fábrica de tubos de concreto armado


da Secretaria Municipal de Viações e Obras na percepção dos
trabalhadores, Cuiabá/MT, 2004.

Condições ambientais
120%
100% não
80% sim
60%
40%
20%
0%

Quanto ao item condições ambientais o Gráfico 3 demonstra que, 100%


dos trabalhadores consideram a temperatura do seu ambiente de trabalho
desagradável; 100% relatam que a umidade do ar é inaceitável; 100%
concordam que a circulação do ar ocorre de forma suficiente; 100% afirmam
que a iluminação é suficiente; e ainda para 100% o nível do ruído é
insuportável. Com relação às condições do piso no posto de trabalho, 100% dos
trabalhadores o consideram bom. Há uma preocupação com relação ao pó do
cimento que é manuseado no local, já que 100% dos trabalhadores se
queixaram da presença do pó no local de trabalho. Esses dados são
compatíveis com as condições ambientais observada durante o trabalho de
campo, descritas na caracterização do ambiente organizacional.
Quanto ao item, uso de equipamento de proteção individual, (EPI)
verificou-se através dos questionários que 100% não utilizam. O argumento da
78

maioria condiz com as observações feitas no local de trabalho em que foi


possível constatar a não existência e não uso de equipamento específico para
proteção individual, como se pode bem ver nas fotos.
Verificou-se, assim, que a instituição não adota critérios relativos ao uso
de EPI. Foi constatado também a inexistência de programas de prevenção de
acidentes de trabalho, saúde do trabalhador e ambiente de trabalho.
Quanto à existência de acidentes, verificou-se através dos questionários
que 100% afirma não ter vivenciado qualquer tipo de acidentes.
79

6 CONCLUSÕES

O objetivo desse trabalho foi analisar o posto de trabalho de uma fábrica


de tubos de concreto armado, da Secretaria Municipal de Viações e Obras de
Cuiabá /MT, identificando os fatores de risco que podem provocar os sintomas
músculos esqueléticos associados ao manuseio e transporte de cargas
relacionados com a atividade de trabalho.
A região muscular referida pelos trabalhadores como de maior
acometimento dos sintomas foi à coluna lombar com 83%, seguida pela coluna
dorsal e punhos/mãos com 67%.
Observou-se que a atividade dos trabalhadores da fábrica de tubos de
concreto predispõe a riscos decorrentes dos fatores biomecânicos, excesso de
força, posturas inadequadas e das questões organizacionais que quando
utilizados de forma inadequada repercutem na saúde dos trabalhadores e na
produção. Dentre eles destacam-se as pausas insuficientes para o descanso, à
falta de treinamentos e o uso de EPI’s, para o desenvolvimento da atividade de
fabricação de tubos de concreto armado que, são pontos importantes e
relevantes em qualquer avaliação da atividade de trabalho, dando origem aos
sintomas músculos esqueléticos.
Os sintomas músculos esqueléticos encontrados neste estudo
apresentam forte indício de relação com a atividade dos profissionais,
caracterizando-se pelo esforço físico diário a que estão expostos e, muitas
vezes, acima dos limites aceitáveis, além da grande freqüência de movimentos
com o corpo e posturas inadequadas que constituem riscos para a saúde.
As observações do posto de trabalho dos trabalhadores na fabricação
dos tubos de concreto armado, apontam para a necessidade de melhorias das
condições de trabalho nas atividades desenvolvidas, assim como em outras
atividades nas quais o sacrifício e o esforço humano são uma constante.
80

7 RECOMENDAÇÕES PARA MELHORIAS, ELIMINAÇÃO OU REDUÇÃO


DOS RISCOS ERGONÔMICOS NO AMBIENTE DE TRABALHO NA
FÁBRICA DE TUBOS DE CONCRETO ARMADO

Propõe-se medidas que contribuam para eliminação ou redução dos


riscos, na fábrica de tubos de concreto armado semi-automatisada da
Secretaria Municipal de Viações e Obras de Cuiabá /MT, levando-se em
consideração os seguintes aspectos:

1 - Realizar um estudo que permita determinar pausas adequadas à atividade,


através de períodos de descanso apropriados, de forma que a exposição aos
riscos ergonômicos por parte dos trabalhadores seja reduzida, diminuindo o
tempo de manipulação através de rotação de tarefas com outras atividades de
menor esforço físico. Para isso deverá aumentar o número de trabalhadores na
fabricação de tubos em no mínimo 50%. A rotação de tarefas é muito
interessante, já que reduz a exposição do trabalhador (sempre que as restantes
tarefas não impliquem em grande atividade física dos mesmos grupos
musculares e articulações).

2 - Proposta de treinamentos e capacitação por parte da instituição para que os


trabalhadores possam se adequar a um método de trabalho compatível com as
suas necessidades laborais. Assim, os trabalhadores poderão conscientizar-se
dos problemas que o excesso de esforços físicos e as posturas inadequadas
acarretam à saúde.

3 - Tendo verificado a ocorrência elevada dos sintomas (dor, desconforto,


fadiga, falta de força, dormência, câimbra), em algumas regiões anatômicas,
levando a ocorrência de sintomas músculos esqueléticos, propõe-se a
substituição de parte dos trabalhadores tendo em vista a idade avançada para a
atividade desenvolvida, ou seja, acima de 42 anos, o que para alguns
estudiosos como, Merino (1996); Hildebrandt et al., apud Nunes (2002), a idade
81

dos trabalhadores que manuseiam cargas, deve estar entre 30 e 40 anos, não
condizendo com os dados encontrados nesta pesquisa.

4 - Tornar-se obrigatório o uso de EPI’s adequados para à atividade


desenvolvida (botinas, luva de raspa, máscaras, capacete, protetor auricular e
vestimenta), contribuindo para uma maior proteção aos trabalhadores,
prevenindo-os dos acidentes e doenças ocupacionais causada pelo pó
proveniente da manipulação do cimento e agregados na preparação do
concreto.

5 - Cobertura da área de corte e armação das telas, e a área de preparo do


concreto que atualmente encontra-se descoberta expondo os trabalhadores às
ações do tempo.

6 - Elaboração e implantação dos programas de proteção e prevenção da


saúde do trabalhador, tais como, Programa de prevenção de riscos ambientais
(PPRA); Programa de Condições e meio Ambiente de Trabalho (PCMAT);
Programa de controle médico de saúde ocupacional (PCMSO) e criação da
Comissão interna de Prevenção de Acidentes (CIPA). Por se tratar de uma
instituição pública, atualmente não tem implantado nenhum destes programas.

7 – Que, futuramente substitua o sistema semi-automatizado que está em


funcionamento atualmente, para o sistema automatizado.
82

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WISNER, A. A inteligência no trabalho: textos selecionados de ergonomia.


São Paulo: Fundacentro, 1994.
85

ANEXO
86

QUESTIONÁRIO

Senhor trabalhador:

Este questionário tem como objetivo levantar dados sobre a


prevalência dos sintomas músculos esqueléticos em trabalhadores na
fabricação de tubos de concreto armado semi-automatizada, e será utilizado
exclusivamente para fins científicos.

Grato!

Marcos Antonio de Souza- Engº Sanitarista, Especializando em Engenharia


de Segurança do Trabalho - UFMT.

A - Dados demográficos

Sexo: Masc Fem

Idade: _____anos

Altura: _____m______cm

Peso: _____Kg

B - Variáveis ocupacionais/organizacionais

Obs - Na seqüência, para as perguntas onde houver como resposta o Sim

e/ou Não, basta marcar apenas com um X.


01 - Há quanto tempo você trabalha na fabricação de tubos de concreto
armado?

Até 01 ano De 01 a 05 anos De 06 a 10 anos


87

De 11 a 15 anos Mais de 16 anos

2 - Recebeu algum treinamento de como manusear cargas?

Sim Não

Se a resposta for sim, que tipo de treinamento?_________________

03 - Este treinamento ajudou no seu trabalho?

Sim Não

04 - Quantas horas você trabalha por dia nesta

atividade?______________

05 - Há rodízio (revezamento) nas Tarefas?

Sim Não

06 - Existem pausas durante a jornada de Trabalho?

Sim Não

07 - Quantas pausas ocorrem durante a jornada de trabalho?

Uma Pausa Duas Pausas Mais de duas Pausas

08 - Quantos minutos duram cada pausa?___________

09 - No final da jornada de trabalho, fisicamente você se sente:

Bem Cansado Muito cansado

10 - Você exerce alguma outra atividade profissional?

Sim Não
88

Se a resposta for sim, qual a atividade?_______________

11 - Quanto tempo você dedica a esta atividade? ________

12 - Qual (is) deste(s) movimento(s) ocorre(m) com freqüência na sua


atividade de

trabalho na fabricação de tubos movimentando cargas?

Identificar a resposta Sim ou Não com um X, podendo marcar quantas


forem necessárias.

No seu Trabalho, você freqüentemente tem que:


Sim Não

1- Pegar peso com menos de 25 Kg?

2- Puxar ou empurrar pesos com mais de 25 Kg?

3- Carregar pesos com mais de 25 Kg?

4- Erguer pesos com a mercadoria distante do corpo?

5- Erguer pesos com o tronco torcido?

6- Erguer pesos acima do peito?

7- Erguer pesos difícil de segurar?

8- Erguer algo muito pesado, com mais de 50 Kg?

9- Ficar de pé por longo tempo?

10- Caminhar por longo tempo?

11- Curva-se por longo tempo?

12- Curvar-se bruscamente com a coluna?


89

13- Virar-se bruscamente com a coluna?

14- Virar-se e curvar-se com a Coluna ?

15- Trabalhar com postura curvada e torcida por tempo


prolongado?

16- Alcançar volumes com carga com suas mãos e


braços?

17- Manter os seus braços no nível ou acima dos


ombros?

18- Exercer forças com suas mãos ou braços?

19- Curvar os seus punhos?

20- Manter seus punhos curvados por tempo prolongado?

21- Manter seus punhos torcidos por tempo prolongado?

22- Trabalhar em postura desconfortável?

23- Trabalhar nas mesmas posturas?

24- Fazer sempre os mesmos movimentos com seu


tronco?

25- Fazer sempre os mesmos movimentos com seus


braços?

26- Fazer sempre os mesmos movimentos com seus


punhos?

27- Fazer movimentos repetitivos e inesperados?

28- Dificuldades em executar força suficiente devido


postura desconfortável?
90

29- Às vezes você escorrega ou cai durante seu trabalho?

30- Transferir peso para uma só perna?

31- Agachar para pegar volume com carga?

32- Subir escadas?

33- Transportar volumes nos ombros?

34- Carregar volumes com carga só com um braço, com o


cotovelo e punho em flexão?

35- Carregar volumes com carga sobre a cabeça?

C - Referindo-se aos sintomas; dor, desconforto, dormência ou falta de


força (distúrbio músculo-esquelético).

01 - Você tem ou teve algum desses sintomas do tipo desconforto, dor,


dormência ou falta de força (distúrbio músculo-esquelético), nos últimos
seis meses? Em qual parte do corpo. foi (foram) afetado(s)?
Obs:- Favor marcar quantas alternativas forem necessárias.

Pescoço: Sim Não

Ombros: Sim, no ombro direito Não

Sim, no ombro esquerdo.

Sim, nos dois ombros.

Cotovelo: Sim, direito. Não

Sim, esquerdo.

Sim, nos dois cotovelos.


91

Punhos/Mãos: Sim, no punho / mão direito. Não

Sim, no punho / mão esquerda.

Sim, nos dois punhos / mãos.

Coluna dorsal: (Região superior das costas)

Sim Não

Coluna lombar: (Região inferior das costas)

Sim Não

Quadris/Coxas: Sim, direita Não

Sim, esquerda.

Sim, nos dois.

Joelhos: Sim, direito. Não

Sim, esquerdo.

Sim, nos dois.

Tornozelos/ Pés: Sim, direito Não

Sim, esquerdo.

Sim, nos dois.

02 - Após sentir este desconforto ou dor você procurou o médico?

Sim Não

03 - Você fez algum tratamento medicamentoso?


92

Sim Não

04 - Você fez algum tratamento Fisioterapêutico?

Sim Não

05 - Depois dos tratamentos (médico e/ou fisioterapêutico) você se


recuperou totalmente?

Sim Não

06 - Qual destes sintomas (dor, desconforto, fadiga, falta de força,


dormência, câimbra), ocorrem com freqüência durante ou no final da
jornada de trabalho?

__________________

07 - Quanto tempo faz que você vem sentindo estes sintomas?

________dias/mês/ano

08 - Depois que você retornou ao trabalho, estes sintomas voltaram?

Sim Não

09 - O problema fez você alterar seus hábitos no trabalho?

Sim Não

10 - Qual foi esta alteração?____________________________

D - Avaliação das condições ambientais

01 - A temperatura do ambiente é agradável?

Sim Não

02 - A umidade relativa do ar é aceitável?


93

Sim Não

03 - A circulação do ar ocorre de forma suficiente?

Sim Não

04 – A iluminação é suficiente?

Sim Não

05 - O nível de ruído é suportável?

Sim Não

06 - O piso (chão) no local do trabalho é escorregadio?

Sim Não
07 - Fazem uso de Equipamento de Proteção Individual?

Sim Não

08 - Que tipo de equipamento de proteção você usa?

Bota Capacete Luva

09 - Com freqüência ocorrem acidentes no trabalho?

Sim Não
10 - Que tipo de acidentes?

Queda Escorregão Entorse

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