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Área Jurídica

EXTENSÃO EMConceitos
SEDE DE EXTRADIÇÃO
jurídicos

TEORIA DA
RETROCESSÃO AGNIÇÃO DELITOS
MUTILADOS

MUTAÇÃO
TREDESTINAÇÃO CONSTITUCIONAL

CONCEITOS JURÍDICOS, ABORDADOS


NOS CONCURSOS PÚBLICOS.

DOLO CRIME VAGO


EVENTUAL PRESENTANTE E
REPRESENTANTE

PRINCÍPIO DA
DOLO NEGATIVO
JUSTEZA

PERICULUM IN
MORA INVERSO

ERRO DE PROIBIÇÃO INVERTIDO

VOLUME II

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Conceitos jurídicos

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CULPA CONSCIENTE, COM REPRESENTAÇÃO OU EX LASCIVIA
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A culpa consciente, ou culpa com representação, culpa ex lascivia, surge
quando o sujeito é capaz de prever o resultado, mas, acredita em sua não-
produção. O agente acredita e confia, ainda que levianamente, que sua ação
conduzirá tão-somente ao resultado que pretende o que só não ocorre por
erro no cálculo ou erro na execução.

Cezar Roberto Bitencourt afirma que: "Há culpa consciente, também


chamada culpa com previsão, quando o agente, deixando de observar a
diligência a que estava obrigado, prevê um resultado, possível, mas confia
convictamente que ele não ocorra".
(BITTENCOURT, 1995, p.250).

Portanto, na culpa consciente o agente confia em suas habilidades ou


mesmo, em seus conhecimentos para evitar o resultado ou conta com
sincera confiança de que nada vai ocorrer em razão das circunstâncias
concretas do fato. Com efeito, o sujeito prevê o resultado, mas não o
deseja, não quer realizá-lo, nem mesmo assume o risco de produzi-lo.

O Código Penal equipara a culpa consciente à inconsciente, designando a


mesma pena abstrata para ambos os casos. Artigo 18, parágrafo único.

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CULPA INCONSCIENTE OU EX IGNORANTIA
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Na culpa inconsciente, também denominada culpa ex ignorantia, o
resultado, embora previsível, não é previsto pelo agente. É o caso da
negligência, imperícia e imprudência, em que não houve a previsão do
resultado por descuido, desatenção ou desinteresse do agente.

A culpa inconsciente, segundo Bitencourt, "caracteriza-se pela ausência


absoluta de nexo psicológico entre o autor e o resultado de sua ação" (não
há a imprevisibilidade, caso contrário haveria caso fortuito ou força maior)
(BITENCOURT, 1995, p.251)

No mesmo sentido é a lição do professor Luiz Flávio Gomes: "Ocorre a


culpa inconsciente quando o agente não prevê o resultado lesivo, embora
fosse previsível. O sujeito cria ou incrementa um risco proibido relevante
para o bem jurídico de forma imprudente, negligente ou imperita se,
entretanto, prever a lesão ou o perigo concreto de lesão a esse bem jurídico.

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Portanto, a culpa inconsciente diz respeito às situações em que o agente


deveria agir com previsibilidade (objetiva e subjetiva) e não o faz,
ocasionando, assim, um resultado que ele não desejava e nem previu. Em
outras palavras, ocorre nas situações em que o resultado danoso adveio de
um comportamento imprudente, imperito ou negligente do agente.

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DOLO EVENTUAL
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Haverá dolo eventual sempre que o agente, embora não querendo
diretamente a realização do tipo, o aceita como possível ou mesmo como
provável, assumindo o risco da produção do resultado. Não se requer,
entretanto, que "a previsão da causalidade ou da forma em que se produza o
resultado seja detalhada" é necessário somente que o resultado seja possível
ou provável.
(ZAFFARONI & PIERANGELI, 1997, p.487)

Portanto, em sede de dolo eventual o agente prevê que é possível causar um


determinado resultado, mas a vontade de agir é mais forte, o que o leva
preferir assumir o risco a desistir da ação. Não há uma aceitação do
resultado em si, há a sua aceitação como probabilidade, como
possibilidade.

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POSTULADO DA RESERVA CONSTITUCIONAL DE JURISDIÇÃO
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Segundo o Min. Celso de Mello no julgamento do MS 23452/RJ, "o
postulado de reserva constitucional de jurisdição importa em submeter, à
esfera única de decisão dos magistrados, a prática de determinados atos
cuja realização, por efeito de explícita determinação constante do próprio
texto da Carta Política, somente pode emanar do juiz, e não de terceiros,
inclusive daqueles a quem haja eventualmente atribuído o exercício de
poderes de investigação próprios das autoridades judiciais".

Através desse julgado conclui-se que o postulado da reserva tem como


objetivo delimitar, principalmente, os poderes instrutórios e de investigação
das CPI's, significando que a CPI não poderá praticar os atos propriamente
jurisdicionais, que são atribuídos com exclusividade aos membros do Poder
judiciário em respeito ao princípio constitucional da reserva de jurisdição.

Destacam-se as seguintes impossibilidades de prática pela CPI:

a) diligência de busca domiciliar;

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b) quebra do sigilo das comunicações telefônicas;

c) ordem de prisão, salvo no caso de flagrante delito, como por exemplo,


por crime de falso testemunho.

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FACULTATIVIDADE DE REUNIÃO DE AÇÕES PENAIS CONEXAS
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O artigo 80, do CPP, prevê: será facultativa a separação dos processos
quando as infrações tiverem sido praticadas em circunstâncias de tempo ou
de lugar diferentes, ou, quando pelo excessivo número de acusados e para
não lhes prolongar a prisão provisória, ou por outro motivo relevante, o juiz
reputar conveniente a separação. Tal artigo, somente, é aplicado em relação
às ações penais submetidas ao mesmo juízo competente.

A ausência de reunião de processos não afasta a existência da conexão ou


continência. Além disso, há um ponto a observar: no encaminhamento dos
processos ao mesmo juízo não se pode deixar de proteger das formalidades
legais consagradas pelo princípio do devido processo legal.

Guilherme de Souza Nucci ensina que "tendo em vista que a conexão e a


continência têm por finalidade garantir a união dos processos para uma
melhor apreciação da prova pelo juiz, evitando-se decisões conflituosas,
pode ocorrer a inconveniência dessa junção, seja porque torne mais difícil a
fase probatória, seja pelo fato de envolver muitos réus - uns presos e outros
soltos - e até por razões outras que somente o caso concreto pode
determinar".
(Código de Processo Penal Comentado, RT, São Paulo, 5ª ed., 2006, pág. 247).

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OPERAÇÕES DE CRÉDITO NO DIREITO FINANCEIRO
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Segundo o art. 29, III, c/c §1º desse mesmo artigo, todos da Lei de
Responsabilidade Fiscal (LC 101/00), operação de crédito é todo
compromisso financeiro assumido em razão de mútuo, abertura de crédito,
emissão e aceite de título, aquisição financiada de bens, recebimento
antecipado de valores provenientes da venda a termo de bens e serviços,
arrendamento mercantil e outras operações assemelhadas, inclusive com o
uso de derivativos financeiros, bem como a assunção, o reconhecimento ou
a confissão de dívidas pelo ente da Federação, sem prejuízo do
cumprimento das exigências dos arts. 15 e 16.

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LEI PENAL COMPLETA E LEI PENAL INCOMPLETA
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Estaremos diante de uma lei penal completa quando a mesma não depender
de nenhum complemento normativo ou valorativo. Exemplo: a lei penal
prevista no art. 121, do CP ("matar alguém"). Por não necessitar de
qualquer complemento normativo, nem valorativo, a doutrina a chama de
uma lei penal completa.

Por outro lado, lei penal incompleta é um gênero, em Direito Penal, que
compreende várias espécies, quais sejam:

a) a lei penal em branco;


b) a lei penal que faz referência à outra lei quanto à sanção (exemplo: Lei
2.889/56, que cuida do genocídio, que é denominada de lei penal em
branco ao revés ou invertida);

c) a lei que estampa requisitos normativos (exigindo do juiz um juízo de


valor - exemplo: art. 233, do CP, ato obsceno).

Ressalte-se, ainda, que a espécie mais expressiva de lei penal incompleta é,


indiscutivelmente, a lei penal em branco, que depende de um complemento
normativo para a exata compreensão do delito.

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MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL
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Significado de Mutação (mu.ta.ção) (Lat. Mutatio). s.f. 1. Ato ou efeito de
mudar. 2. Mudança, alteração, transformação, física ou moral. 3.
Inconstância, volubilidade. 4. Biol. Modificação espontânea na estrutura
dos genes que determina o surgimento de novas características em um
organismo, que serão transmitidas aos seus descendentes.

Mutação constitucional é um ato de modificação informal da Constituição,


por meio da qual a alteração ocorre somente na forma de interpretar a
norma constitucional e não em relação ao seu conteúdo, que continua o
mesmo.

Assim, entende-se por mutação constitucional o processo informal de


mudança da Constituição, por meio do qual são atribuídos novos sentidos à
letra da Lex Legum, quer por meio da interpretação, em suas diversas
modalidades e métodos, quer por intermédio da construção (construction),
bem como dos usos e costumes constitucionais.

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INFIDELIDADE PARTIDÁRIA
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A infidelidade partidária, segundo as lições de Joel Cândido, é o ato
indisciplinar mais sério, que se manifesta de dois modos:

a) oposição, por atitude ou pelo voto, a diretrizes legitimamente


estabelecidas pelo partido político;

b) apoio ostensivo ou disfarçado a candidatos de outra agremiação.

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SUBVENÇÃO NO DIREITO FINANCEIRO
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Segundo os ensinamentos do professor Regis Fernandes de Oliveira,
somente é possível falar em subvenção quando se tratar de auxílio
oferecido a entes públicos ou privados, como forma de suplementação de
recursos, nos campos especiais da assistência social, médica e educacional
ou para cobrir insuficiência de caixa de entidades estatais.

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CONFISSÃO QUALIFICADA E CONFISSÃO COMPLEXA
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Dentre as diversas classificações das defesas, ressaltamos a defesa direta de
mérito, na qual o réu não deduz fatos novos, e apesar de ser rara pode
ocorrer em duas hipóteses:

a) o réu nega todos os fatos alegados pelo autor;

b) o réu reconhece os fatos alegados pelo autor, mas nega as conseqüências


jurídicas. Essa, segundo a doutrina, é a CONFISSÃO QUALIFICADA.

Na defesa direta o ônus da prova é do autor. E como o réu não apresenta


fatos novos, não haverá réplica, ou seja, o autor não se manifestará sobre os
fatos do réu.

Já na defesa indireta de admissibilidade, o réu deduz fato novo e passa a ter


o ônus da prova daquilo que alegou e nesse caso o autor deverá ser ouvido,
isto é, terá direito a réplica.

As defesas de mérito são aquelas apresentadas contra o acolhimento do


pedido do autor. Por outro lado, as defesas de admissibilidade são contra o
processo, tem por fim impedir que o juiz examine o pedido que segundo o

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réu está com problema ou defeito, como incompetência, conexão, carência


de ação.

Não obstante as regras supra, podemos encontrar defesas indiretas que


atacam o mérito, ou seja, o réu apresenta fatos novos que impedem,
modificam ou extinguem os fatos trazidos pelo autor. É o que a doutrina
chama de CONFISSÃO COMPLEXA.

Pela regra do art. 354 do Código de Processo Civil a confissão é


indivisível, porém a confissão complexa diferentemente da qualificada, em
razão de vir acompanhada de fatos novos pode ser cindida.

Art. 354. A confissão é, de regra, indivisível, não podendo a parte, que a


quiser invocar como prova, aceitá-la no tópico que a beneficiar e rejeitá-la
no que Ihe for desfavorável. Cindir-se-á, todavia, quando o confitente Ihe
aduzir fatos novos, suscetíveis de constituir fundamento de defesa de
direito material ou de reconvenção.

A defesa direta é de mérito, já a defesa indireta poderá ser de mérito ou de


admissibilidade.

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OGMO, NO DIREITO DO TRABALHO
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OGMO - Órgão Gestor de Mão de Obra. São entidades sem fins lucrativos
que atuam na regulamentação dos trabalhadores avulsos do setor portuário.
A elas atribui-se caráter administrativo, fiscalizador e profissionalizante.

Para que melhor se compreenda o tema, é indispensável que se conceitue


trabalhador avulso.

A definição pode ser extraída da Lei 8.212/91 que, em seu artigo 12, VI
trata do trabalhador avulso como aquele que "presta, a diversas empresas,
sem vínculo empregatício, serviços de natureza urbana ou rural definidos
no regulamento".

Do que se vê, o trabalhador avulso presta serviços sem vínculo de


empregos, posto que não se subordina nem às empresas para as quais presta
serviços, nem ao sindicato.

Uma indagação se impõe: para a atuação do sindicato, exige-se que o


trabalhador avulso seja sindicalizado?

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NÃO! Não se impõe tal requisito. O que se exige, e, é indispensável é que


haja a intermediação do sindicato na colocação do trabalhador na prestação
do serviço.

Vejamos as principais características de um OGMO. São entidades sem


fins lucrativos que atuam no setor portuário, junto aos trabalhadores
avulsos. Com o advento da Lei de Modernização dos Portos - Lei 8.630/93-
, e, da Lei 9.719/98 essas entidades se tornaram responsáveis pela
administração da escala de trabalho dos portuários, pelo seu cadastramento
e registro, cabendo-lhe, igualmente, o pagamento dos encargos sociais e
previdenciários, de acordo com os recursos repassados pelas empresas
tomadoras dos serviços prestados.

Por fim, há de se destacar que, sob a responsabilidade da OGMO estão


ainda o treinamento e habilitação profissional da categoria e a organização
dos setores de Medicina Ocupacional e Segurança do Trabalho.

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JUSTO TÍTULO
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Justo título é aquele que seria hábil para transmitir o domínio e a posse se
não contivesse nenhum vício impeditivo dessa transmissão. Exemplo: uma
escritura de compra e venda, devidamente registrada, é um título hábil para
a transmissão de um imóvel. No entanto, se o vendedor não era o
verdadeiro dono ou se era um menor não assistido por seu representante
legal, a aquisição não se aperfeiçoa, podendo ser anulada. Porém, a posse
do adquirente presume ser de boa-fé, pois tem justo título.

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REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO
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A repercussão geral é requisito de admissibilidade do recurso
extraordinário, atuando de acordo com os anseios da sociedade de
descongestionar o STF e acelerar a prestação jurisdicional e, não menos
importante, atendendo as vontades dos membros do nosso Tribunal de
cúpula. Corroboramos o entendimento do professor Arruda Alvim quando,
o insigne processualista, afirma que a expressão repercussão geral significa
praticamente a colocação de um filtro ou de um divisor de águas em
relação ao cabimento do recurso extraordinário.

O § 1◦ do art. 543 A CPC, pretende conceituar o que seja a repercussão


geral, considerando presente tal requisito quando a questão discutida

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apresente relevância do ponto de vista econômico, político, social ou


jurídico, que ultrapassem os interesses subjetivos da causa.

Ademais, o § 3◦ do mesmo artigo 543-A veicula, por sua vez, norma


bastante interessante, pois cria uma situação em que há presunção iure et de
iure da presença da repercussão geral. De acordo com esse dispositivo,
"haverá repercussão geral sempre que o recurso impugnar decisão contrária
a súmula ou jurisprudência dominante do tribunal".

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KOMPETENZ KOMPETENZ
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É o instituto pelo qual todo juiz tem competência para analisar sua própria
competência, de forma que nenhum juiz é totalmente incompetente, pois ao
verificar sua incompetência - absoluta - tem competência para reconhecê-
la.

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ATO JURÍDICO TRANSPARENTE
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Trata-se de denominação dada por Pontes de Miranda à sentença
homologatória. Segundo o autor, é "transparente" porque nada acrescenta
ao ato homologado, limitando-se a atestar a conformidade formal desde ato
com os ditames do Direito. Dessa forma, como mera certificação formal,
sem qualquer avaliação do conteúdo do ato jurídico homologado, é certo
que essa sentença propriamente não julga nada.

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PREÇO QUASE PRIVADO
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A receita pública, enquanto importância que ingressa nos cofres públicos,
pode ser dividida em receita originária e receita derivada.

Aliomar Baleeiro define receitas originárias como "as rendas provenientes


dos bens e empresas comerciais ou industriais do Estado, que os explora à
semelhança de particulares, sem exercer os seus poderes de autoridade,
nem imprimir coercitividade à exigência de pagamentos ou à utilização dos
serviços que o justificam, embora, não raro, os institua em monopólios". (In
Uma Introdução a Ciência das Finanças. Forense: 1981, p. 117)

No entanto, as receitas derivadas resultam de poder de império do Estado,


através da cobrança de tributos dos particulares, ou seja, "categoria de
classificação das receitas públicas que agrupa os rendimentos do setor
público que procedem do setor privado da economia. São devidas por
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pessoas físicas ou jurídicas de direito privado que desenvolvam atividades


econômicas, exceto as que desfrutem de imunidade ou isenção, e
correspondem aos tributos. De um lado, como sujeito ativo da relação
jurídica, estará o fisco; de outro, como sujeito passivo, o contribuinte,
pessoa física ou jurídica pertencente ao setor privado"
(Portal da Câmara dos Deputados. Disponível em http://www2.camara.gov.br/glossario/r.html)

Os preços quase privados são exemplo de receita originária decorrente de


comércio de bens, mercadorias e/ou serviços fornecidos pelo Poder
Público, mas em regime de livre concorrência com empresas privadas, daí a
denominação "quase privado".

"O valor cobrado por uma instituição financeira mantida pelo governo
(banco constituído como sociedade de economia mista) para a manutenção
de uma conta corrente é um exemplo de preço quase privado".
(Disponível em http://www.distritofederal.df.gov.br/005/00502001.asp?ttCD_CHAVE=1759)

Noutros dizeres, "preço quase privado é o que, como se fora um particular,


o Estado cobra do indivíduo por um serviço ou uma coisa dada. Esse
serviço ou essa coisa lhe poderiam ser fornecidos pelo particular ou pela
empresa privada, mas o Estado toma a si esse encargo para finalidades
remotas de utilizada para a comunidade. O interesse do Estado não é o
lucro que o serviço ou a coisa lhe vão dar, mas, muitas vezes, um interesse
remoto para comunidade".
(DEODATO, Alberto. Manual de Ciência das Finanças. 5ª edição. São Paulo: Saraiva, 1954, p. 65)

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PERÍODO SUSPEITO - E TERMO LEGAL
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Assunto abordado dentro do Direito Comercial com o advento da Lei nº
11.101/05, a Lei de Falências. Alguns autores, como Carvalho Mendonça,
afirmam que o período suspeito é sinônimo de termo legal da falência.
Porém, outros preferem afirmar que é suspeito todo o lapso, diferente do
termo legal, em quem o estado falimentar já se pronunciava.

Já o termo legal é aquele fixado pelo juiz na sentença declaratória de


falência, ou em decisão interlocutória, e sua utilidade é definir a ineficácia
de alguns atos praticados pela falida.
(COELHO, Fábio Ulhôa. Comentários à nova Lei de Falências e de recuperação de empresas. 4ed. Saraiva: 2007.
p.129)

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DESAPROPRIAÇÃO POR ZONA
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O instituto está previsto no artigo 4º do Decreto-lei 3.365/41, segundo o


qual "a desapropriação poderá abranger a área contígua necessária ao
desenvolvimento da obra a que se destina, e as zonas que se valorizarem
extraordinariamente, em conseqüência da realização do serviço. Em
qualquer caso, a declaração de utilidade pública deverá compreendê-las,
mencionando-se quais as indispensáveis à construção da obra e as que se
destinam à revenda".

A regra geral é que a desapropriação atinja o objeto certo, ou seja, o bem


que sairá do patrimônio do particular para integrar o patrimônio público.
No entanto, em casos específicos, admite-se que a desapropriação alcance
área maior que a necessária. É nessa hipótese que se fala em
desapropriação por zona, ou extensiva.

Portanto, desapropriação por zona nada mais é que a ampliação da


expropriação às áreas que se valorizem extraordinariamente em
conseqüência da obra ou do serviço público.

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ARQUIVAMENTO IMPLÍCITO
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O arquivamento implícito é fenômeno processual penal que ocorre quando
o titular da ação penal deixa de incluir na denúncia algum dos acusados. Há
divergência na doutrina sobre o assunto. Uma parte, minoritária, afirma
que, tendo ocorrido pedido tácito de arquivamento, ele se consuma quando
o juiz não se pronuncia com relação aos fatos omitidos na peça de
acusação. Ocasião na qual incide a Súmula 524 do STF, que afirma:

ARQUIVADO O INQUÉRITO POLICIAL, POR DESPACHO DO JUIZ,


A REQUERIMENTO DO PROMOTOR DE JUSTIÇA, NÃO PODE A
AÇÃO PENAL SER INICIADA, SEM NOVAS PROVAS.

Observamos que a existência de novas provas não se confunde com


notícias de provas. A notícia de provas autoriza apenas desarquivamento de
inquérito policial, já as novas provas autorizam o exercício da ação penal e
produzem verdadeira alteração dentro do quadro probatório no qual ocorreu
o arquivamento.
(Disponível em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3538)

Contudo, no Brasil, essa forma de arquivamento não é aceita pela maioria


doutrinária e jurisprudencial. Os Tribunais Superiores afirmam que todo
arquivamento deve ser feito por requerimento fundamentado. Caso haja a
omissão do MP na denúncia, o juiz deverá, então, abrir novamente vistas

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para que ocorra manifestação para oferecimento de denúncia, ou para que


peça efetivamente o arquivamento.

Cabe ressaltar que há doutrinas que afirmam que também há arquivamento


implícito quando ocorre omissão de algum fato investigado, sem expressa
manifestação ou justificação acerca do procedimento.

Assim sendo, percebe-se que há dois possíveis aspectos: o objetivo, quanto


aos fatos; e o subjetivo, quanto aos sujeitos.

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ARQUIVAMENTO INDIRETO
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O arquivamento indireto ocorre quando o MP se manifesta afirmando que o
juiz é incompetente para conhecer da matéria e requer a remessa do
inquérito ao juízo que, segundo seu entendimento, é o competente para o
julgamento.
(CUNHA, Rogério Sanches. Processo Penal Prático. Gustavo Müler Lorenzato; Maurício Lins Ferraz; Ronaldo
Batista Pinto. Salvador: JusPODIVIM, 2007. p.27)

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DESAPROPRIAÇÃO POR ZONA
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O instituto está previsto no artigo 4º do Decreto-lei 3.365/41, segundo o
qual "a desapropriação poderá abranger a área contígua necessária ao
desenvolvimento da obra a que se destina, e as zonas que se valorizarem
extraordinariamente, em conseqüência da realização do serviço. Em
qualquer caso, a declaração de utilidade pública deverá compreendê-las,
mencionando-se quais as indispensáveis à construção da obra e as que se
destinam à revenda".

A regra geral é que a desapropriação atinja o objeto certo, ou seja, o bem


que sairá do patrimônio do particular para integrar o patrimônio público.
No entanto, em casos específicos, admite-se que a desapropriação alcance
área maior que a necessária. É nessa hipótese que se fala em
desapropriação por zona, ou extensiva.

Concluindo: desapropriação por zona nada mais é que a ampliação da


expropriação às áreas que se valorizem extraordinariamente em
conseqüência da obra ou do serviço público.

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RETROCESSÃO
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Retrocessão deriva do latim retrocessus, de retrocesso, que significa


retrocedimento, recuo, regredimento, e está no sentido de voltar para trás,
retroagir, retroceder.

Também denominada reversão ou reaquisição é a devolução do domínio


expropriado, para que se integre ou regresse ao patrimônio daquele de
quem foi tirado, pelo mesmo preço da desapropriação.

A CR/88 garantiu o direito à propriedade (art. 5º, XXII), porém, assegurou


ao Estado o poder de retirá-la pela desapropriação (art. 5º, XXIV), que é o
procedimento administrativo no qual o Poder Público retira de alguém de
seu direito de propriedade compulsoriamente, adquirindo-o mediante
indenização que normalmente é prévia, justa e em dinheiro. Seus
fundamentos são o interesse público, a necessidade pública, o interesse
social, ou como pena pela não utilização do bem nos termos de sua função
social ou, ainda, em decorrência de ilícito criminal.

Contudo, se após a desapropriação a Administração não executar a obra


pretendida, desaparece o pressuposto do instituto ante ao expropriado. Ora,
vez que o bem que lhe pertencia não se mostra necessário para a satisfação
do interesse público, nada obsta que este possa reivindicá-lo.

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TREDESTINAÇÃO
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A tredestinação ocorre quando há a destinação de um bem expropriado a
finalidade diversa da que se planejou inicialmente. Divide-se em lícita e
ilícita.

A lícita ocorre quando a Administração dá destinação outra que não a


planejada quando da expropriação, porém, mantém o atendimento ao
interesse público. Assim, o motivo continua sendo o interesse público, mas,
como ensina Carvalho Filho, o "aspecto específico" dentro desse interesse
público é diferente. Logo, não se vislumbra ilicitude porque o fim especial
foi diferente, porém, o motivo que deu ensejo à expropriação (interesse
público) permanece.
(CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 12. ed. rev. ampl. atual. Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2005)

Já a ilícita é traduzida na verdadeira desistência da expropriação e dá


ensejo à retrocessão. Ou seja, quando a Administração pratica desvio de
finalidade ou, ainda, transmite o bem a terceiros (quando não é possível).
Não há a mantença do interesse público, o qual motivou a expropriação.

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Vale ressaltar que a demora na utilização do bem não significa


tredestinação
(Disponível em http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=9394&p=3)

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DELITOS MUTILADOS - DELITOS DE RESULTADO CORTADO
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São espécies de delitos de intenção (também denominados delitos de
transcendência interna). Têm, em geral, a estrutura típica de atos de
preparação ou tentados punidos como delitos consumados. Neles, é punida
a mera periculosidade da conduta, sendo desnecessária a ocorrência do
resultado efetivo, já que se consumam em momento anterior à lesão ou
perigo de lesão ao bem jurídico protegido.
(PRADO, Luiz Régis. Curso de direito penal brasileiro, vol.1: parte geral, arts. 1º a 120/ Luiz Régis Prado. - 7 ed. ver.
atual. ampl. - São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2007. p.374).

Os delitos de resultado cortado são aqueles onde o agente deseja que um


resultado externo ao tipo se produza, porém, sem sua intervenção direta.
Um exemplo é a extorsão mediante seqüestro, tipificada no artigo 159 do
CP.

Os delitos mutilados de dois atos (ou vários atos) são aqueles nos quais o
autor quer alcançar, após ter realizado o tipo, o resultado que fica fora dele
e que depende de um ato próprio, seu. Pode ser ilustrado com o exemplo do
crime de moeda falsa do artigo 289 do CP.

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NORMAS REPETIDAS
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Normas repetidas são normas trazidas da Constituição federal pelo
constituinte estadual. Subdividem-se em obrigatórias e facultativas.

As normas de repetição obrigatória, também denominadas normas de


observância obrigatória, ou de reprodução. São normas centrais, ou seja,
que instituem a verdadeira federação. Um exemplo são as normas que
dizem respeito à titularidade do poder. São, portanto, de inserção
compulsória na Constituição estadual, bastando que tenham idêntico teor
da regra da Constituição federal, não sendo necessário que o texto
legislativo seja idêntico. Cabe aqui a ressalva de que as normas não se
confundem com o texto pelo qual são expressas.

Já as normas facultativas, as quais têm, também, mais de uma denominação


como normas de imitação, são as que o Estado-membro não tem obrigação

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Conceitos jurídicos

de repetir, porém, caso o faça, deverá observar o princípio da simetria,


tratando a matéria da mesma forma prevista na Constituição Federal.

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ANATOCISMO
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O anatocismo, de acordo com o dicionário, se revela como a capitalização
dos juros de uma quantia emprestada. Em outras palavras, nada mais é que
a incidência de juros sobre os juros acrescidos ao saldo devedor em razão
de não terem sido pagos.

Nessa linha de raciocínio, os juros obtidos por meio desta prática, são
somados ao capital e será a base para o cálculo da nova contabilização de
juros.

Trata-se de prática veemente proibida pela legislação brasileira. A vedação


sobrevém do Decreto 22626/33 que estabelece "é proibido contar juros dos
juros; esta proibição não compreende a acumulação de juros vencidos aos
saldos líquidos em conta corrente de ano a ano".

A Lei 1.521/51 que trata dos crimes contra a economia popular, em seu
artigo 4º dispõe que "constitui crime da mesma natureza a usura pecuniária
ou real, assim se considerando:
a) cobrar juros, comissões ou descontos percentuais, sobre dívidas em
dinheiro superiores à taxa permitida por lei; cobrar ágio superior à taxa
oficial de câmbio, sobre quantia permutada por moeda estrangeira; ou,
ainda, emprestar sob penhor que seja privativo de instituição oficial de
crédito;
b) obter, ou estipular, em qualquer contrato, abusando da premente
necessidade, inexperiência ou leviandade de outra parte, lucro patrimonial
que exceda o quinto do valor corrente ou justo da prestação feita ou
prometida".

Partindo desta premissa, o STF editou a súmula de n.º 121 "- é vedada a
capitalização de juros, ainda que expressamente convencionada".

Vale lembrar que a tal proibição também alcança as operações realizadas


por instituições financeiras, posto que, segundo entendimento pacífico da
doutrina e jurisprudência pátria, mesmo com a edição da súmula 596 ("as
disposições do Decreto 22.626 de 1933 não se aplicam às taxas de juros e
aos outros encargos cobrados nas operações realizadas por instituições
públicas ou privadas, que integram o sistema financeiro nacional") pela
mesma Corte, o enunciado daquela não restou prejudicado.

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Conceitos jurídicos

Por derradeiro, uma última observação: ao conceituar anatocismo como a


incidência de juros sobre os juros acrescidos ao saldo devedor em razão de
não terem sido pagos, verifica-se que o mesmo somente fica caracterizado
se, depois do vencimento da dívida ou da operação, o credor vier a cobrar
novos juros sobre aqueles já vencidos.

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ERRO DE PROIBIÇÃO INVERTIDO
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Inicialmente, falemos sobre erro de proibição.

Trata-se de erro quanto à ilicitude do fato. Ou seja, o agente acredita que


sua conduta é admissível, porém, ela é proibida. Assim, o autor sabe o que
faz, mas desconhece sua ilegalidade.

Encontra-se normatizado no artigo 21 do CP, que afirma:

"O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato,


se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuir a pena de um
sexto a um terço".

O erro de proibição recai sobre a potencial consciência da ilicitude


excluindo, portanto, a culpabilidade.

Feitas as observações necessárias, passaremos ao erro de proibição


invertido.

Também denominado delito putativo por erro de proibição, ocorre quando


o agente supõe que uma ação é ilícita quando, em verdade, é permitida.
Ilustraremos com um exemplo para melhor compreensão: imagine um pai
que mantém relações sexuais com sua própria filha (maior de idade)
mediante consentimento dela acreditando ser um crime quando, de fato, a
conduta é atípica. Aqui, o delito é putativo, imaginário.

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NEPOTISMO CRUZADO
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A Resolução n° 07 do CNJ houve a disciplina do exercício de cargos,
empregos e funções por parentes, cônjuges e companheiros de magistrados
e de servidores investidos em cargo de direção e assessoramento, no âmbito
do Poder Judiciário.

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O artigo 2°, incisos I e II, dessa resolução afirma:

"Constituem práticas de nepotismo, dentre outras:

I - o exercício de cargo de provimento em comissão ou de função


gratificada, no âmbito da jurisdição de cada Tribunal ou Juízo, por cônjuge,
companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o
terceiro grau, inclusive, dos respectivos membros ou juizes vinculados; r

II - o exercício, em Tribunais ou Juízos diversos, de cargos de provimento


em comissão, ou de funções gratificadas, por cônjuges, companheiros ou
parentes em linha reta, colateral ou por afinidade, até terceiro grau,
inclusive, de dois ou mais magistrados, ou de servidores investidos em
cargo de direção ou de assessoramento, em circunstâncias que caracterizem
ajuste para burlar a regra do inciso anterior mediante reciprocidade nas
nomeações ou designações."

No inciso I está o nepotismo, que é o beneficiamento para exercício de


cargo de provimento em comissão, ou função gratificada, por cônjuge,
companheiros ou parentes em linha reta, colateral ou por afinidade, até
terceiro grau, inclusive (filho, neto, bisneto, irmão, tio, sobrinho, sogro(a),
genro, nora, cunhado(a)), de membros de Tribunais ou dos Juízes.

Porém, é no inciso II que está o nepotismo cruzado. Trata-se do nepotismo


realizado por dois ou mais magistrados, ou por servidores investidos em
cargo de direção ou de assessoramento, em circunstâncias que caracterizem
ajuste para burlar a regra do inciso anterior (inciso I) mediante
reciprocidade nas nomeações ou designações.

Aqui está a chamada "troca de favores", onde, como exemplo, o Juiz A


nomearia o filho do Juiz B e, por conseguinte, o Juiz B, nomearia o filho do
Juiz A, caracterizando o que seria a tentativa de burla da caracterização do
nepotismo, mas que agora é o denominado nepotismo cruzado.

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DIREITOS DE PROMOÇÃO
------------------------------------------------------------------------
Tal classificação está relacionada aos direitos sociais os quais são, segundo
alguns autores, a segunda dimensão dos direitos fundamentais. Tais direitos
exigem, para sua efetivação, conduta positiva do Estado, ou seja prestação
ou promoção estatal. Assim sendo, são direitos prestacionais ou direitos de
promoção, ou seja, de concretização dos direitos sociais. Note-se que se
dividem em originários e derivados.

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Colacionamos as palavras de Clèmerson Merlin Clève, quem bem os define


afirmando que os "direitos prestacionais originários seriam aqueles que
permitem desde logo ao intérprete encontrar na disposição constitucional
uma dimensão subjetiva forte. Portanto, são direitos desde logo usufruíveis
pelo cidadão e que, por isso, podem, mesmo sem regulamentação, ser
reclamados perante o Poder Judiciário. Outros, ao contrário, são direitos
prestacionais derivados, porque no campo constitucional, produzem uma
dimensão subjetiva fraca, que demanda portanto atuação do legislador".
Clève continua sua exposição para dizer que são os previstos em
"disposições constitucionais insuscetíveis de criar imediatamente situações
jurídicas positivas de vantagem, manifestando-se inércia do Estado"
(CLÈVE, Clemerson Merlin. Desafio da efetividade dos Direitos Fundamentais Sociais. Disponível em
http://www.mundojuridico.adv.br/sis_artigos/artigos.asp?codigo=441).

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ESFERA DO NÃO-DECIDÍVEL
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A teoria do garantismo penal, antes de mais nada, se propõe a estabelecer
critérios de racionalidade e civilidade à intervenção penal, deslegitimando
qualquer modelo de controle social maniqueísta que coloca a 'defesa social'
acima dos direitos e garantias individuais. Percebido dessa forma, o modelo
garantista permite a criação de um instrumental prático-teórico idôneo à
tutela dos direitos contra a irracionalidade dos poderes, sejam públicos ou
privados. Os direitos fundamentais adquirem, pois, status de
intangibilidade, estabelecendo o que Elias Diaz e Ferrajoli denominam de
esfera do não-decidível, núcleo sobre o qual sequer a totalidade pode
decidir. Em realidade, conforma uma esfera do inegociável, cujo sacrifício
não pode ser legitimado sequer sob a justificativa da manutenção do 'bem
comum'. Os direitos fundamentais - direitos humanos constitucionalizados -
adquirem, portanto, a função de estabelecer o objeto e os limites do direito
penal nas sociedades democráticas.
(CARVALHO, Salo de; CARVALHO, Amilton Bueno de. Aplicação da pena e garantismo. Rio de Janeiro: Lumen
Juris, 2001, p. 15)

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TEORIA DA AGNIÇÃO
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A teoria da agnição nos remete ao momento em que se considera a
formação do contrato entre ausentes.

São duas as teorias existentes sobre o tema: a teoria da cognição e a teoria


da agnição.

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Cognição, do latim cognitione, significa adquirir conhecimento. Assim, na


teoria da cognição, considera-se aperfeiçoado o contrato quando o
policitante (proponente) tem conhecimento da aceitação do oblato
(destinatário da proposta).

Já na teoria da agnição, ou teoria da declaração, o contrato é considerado


formado quando o oblato aceita a proposta do policitante. Nesta teoria
existem, ainda, três subteorias:

a)declaração: quando o oblato declara sua aceitação da proposta;

b)recepção: quando o proponente recebe a aceitação do oblato;

c)expedição: quando o oblato expede a resposta para o policitante com sua


aceitação (ex: por carta, e-mail).

O Código Civil brasileiro, definitivamente, aceita a teoria da agnição. Mas


há divergências na doutrina acerca de qual subteoria seria a adotada. Para
solucionarmos essa dúvida, inicialmente, observaremos os artigos 433 e
434 do CC:

Art. 433. Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela


chegar ao proponente a retratação do aceitante.

Art. 434. Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a


aceitação é expedida, exceto:

I - no caso do artigo antecedente;

II - se o proponente se houver comprometido a esperar resposta;

III - se ela não chegar no prazo convencionado.

Seguindo a orientação de Clóvis Beviláqua, teríamos a sub-teoria da


expedição, ainda mais quando se lê o artigo 434 do CC quando diz que os
contratos "tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida". Porém,
nele estão enumeradas situações nas quais o contrato não será considerado
celebrado, entre as quais está o inciso I, que adverte sobre o artigo
antecedente, o 433 do CC.

Assim, quando observamos a redação do art. 433, concluimos que a


aceitação não será existente se antes dela ou com ela chegar ao policitante a

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retratação do oblato. Com isso, a força da expedição cai por terra para
consagrar a subteoria da recepção, tendo em vista a enorme "amplitude da
ressalva".
(GAGLIANO, Pablo Stolze. Novo curso de direito civil, volume IV: contratos, tomo 1: teoria geral / Pablo Stolze
Gagliano, Rodolfo Pamplona Filho. 4ª ed. rev. atual. São Paulo: Saraiva, 2008).

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DELITOS MUTILADOS - DELITOS DE RESULTADO CORTADO
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São espécies de delitos de intenção (também denominados delitos de
transcendência interna). Têm, em geral, a estrutura típica de atos de
preparação ou tentados punidos como delitos consumados. Neles, é punida
a mera periculosidade da conduta, sendo desnecessária a ocorrência do
resultado efetivo, já que se consumam em momento anterior à lesão ou
perigo de lesão ao bem jurídico protegido.
(PRADO, Luiz Régis. Curso de direito penal brasileiro, vol.1: parte geral, arts. 1º a 120/ Luiz Régis Prado. - 7 ed. ver.
atual. ampl. - São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2007. p.374).

Os delitos de resultado cortado são aqueles onde o agente deseja que um


resultado externo ao tipo se produza, porém, sem sua intervenção direta.
Um exemplo é a extorsão mediante seqüestro, tipificada no artigo 159 do
CP.

Os delitos mutilados de dois atos (ou vários atos) são aqueles nos quais o
autor quer alcançar, após ter realizado o tipo, o resultado que fica fora dele
e que depende de um ato próprio, seu. Pode ser ilustrado com o exemplo do
crime de moeda falsa do artigo 289 do CP.

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PRESENTANTE - E REPRESENTANTE
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A palavra presentar deriva do latim praesentare e quer significar apresentar.

O presentante não age em nome de outra pessoa, é ele próprio quem pratica
o ato.

Essa situação ocorre comumente com a pessoa jurídica que, por ser uma
entidade imaginária, pertencente ao mundo das idéias, se corporifica por
meio de seus órgãos que a presentam. Exemplificando: o presidente de uma
empresa, enquanto dono, a presenta em qualquer ocasião, isto é, o
presidente é a empresa.

Noutro falar, o órgão faz parte do presentante e o torna presente. É o


presentante quem pratica o ato e que figura como a própria pessoa jurídica
materializada.

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Esse argumento é utilizado para fundamentar a existência de capacidade


processual de uma pessoa jurídica. Ter capacidade processual, em breves
linhas, quer dizer ter o poder de praticar atos processuais por si mesmo.

Caso semelhante à esse é o do Ministério Público no qual o promotor não o


representa (MP), ao contrário, ele é a personificação do Parquet,
funcionando como seu órgão.

No entanto, caso um ato seja praticado em nome da pessoa jurídica,


estamos diante da figura do representante. Para haver um representante é
necessária a presença de duas pessoas: o representante e o representado.
Representar é estar no lugar de outrem, ou seja, é fazer às vezes de, suprir a
falta de.

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REFORMATIO INDIRETA
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Partiremos do conceito do princípio da reformatio in pejus. A pena do réu
não pode ser agravada quando apenas ele houver apelado da sentença.
Pena, aqui, significa qualquer gravame, entendimento este majoritário da
doutrina. Em contrapartida, se a parte contrária houver interposto recurso,
fica a instância superior autorizada a aumentar o gravame por haver pedido
nesse sentido.

Ademais, tal princípio não é aplicável somente ao recurso de apelação, mas


a todos os recursos previstos no CPP.

A proibição da reformatio in pejus indireta é decorrente deste princípio.


Senão, vejamos.

Quando o tribunal ad quem anula sentença proferida pelo juízo a quo, os


autos seguem para este tribunal para que seja prolatada nova sentença, sem
nulidade. A doutrina majoritária afirma que o princípio da proibição da
reformatio indireta merece acolhimento em nosso ordenamento, ou seja,
que a nova sentença não pode piorar o gravame antoriormente imposto ao
réu quando o recurso que resultou na anulação da primeira tenha sido
interposto exclusivamente pelo condenado.

A fundamentação está no fato de que o recurso foi interposto somente pela


defesa, restando o trânsito em julgado para a parte acusatória. Assim, no
mesmo sentido da proibição da reformatio in pejus, não pode ser piorada a
situação do réu.

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Porém, tal limitação não se aplica ao Tribunal do Júri por ocasião do


princípio constitucional que assegura a soberania de seus veredictos.
Contudo, a vedação da reformatio in pejus indireta se aplica ao juiz
presidente, que fica limitado à pena aplicada inicialmente quando o
segundo veredicto for igual ao primeiro.

Entretanto, no que toca à sentença inexistente, quando a primeira sentença


for prolatada por juiz constitucionalmente incompetente, a doutrina diverge
acirradamente. Abarcaremos, brevemente, apenas a majoritária, a qual
afirma que não é aplicada, nesses casos, a proibição de reformatio in pejus
indireta porque não pode o juiz competente ficar limitado a uma decisão
inexistente.
(HENRIQUE, Anne Cristiny dos Reis. Princípio da proibição da reformatio in pejus indireta. Disponível em
http://www.acmp-ce.org.br/revista/ano6/n13/artigos06.php)

Finalmente, a contrario sensu, respondendo a questão da prova oral da


magistratura objetivamente, a reformatio in pejus indireta significa que, em
casos de anulação de sentença pelo tribunal ad quem, o tribunal de primeira
instância, ao prolatar nova sentença, pode piorar o gravame antes aplicado
ao réu.

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EXCESSO INTENSIVO - EXCESSO EXTENSIVO
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Um dos requisitos para que esteja configurada a legítima defesa é a
moderação na repulsa da ação violenta. Moderação não quer dizer cálculo
matemático para a utilização da legítima defesa, até mesmo porque o
estado emocional de quem se defende de injusta agressão é permeado de
instabilidade, o que pode influenciar na reação.
(SERVIDONI, André Renato. Excesso na legítima defesa e no estado de necessidade. Disponível em
http://www.revistajuridicaunicoc.com.br/midia/arquivos/ArquivoID_53.pdf.)

Assim, excesso, de exceder, significa "ultrapassar", "passar além do que é


justo".
(Disponível em www.priberam.pt).

Logo, o excesso na legítima defesa significa passar além do que é justo na


defesa. Nesta esteira, observamos dois tipos de excessos, configurando,
assim, hipóteses de excesso intensivo, ou de excesso extensivo.

Excesso intensivo é aquele que se verifica a partir dos meios utilizados para
repelir a agressão, ou ao grau de utilização deles. Já o excesso extensivo se
configura quando a defesa se prolonga no tempo além do que dura a

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Conceitos jurídicos

atualidade da agressão, ou seja, quando a agressão já tenha cessado e não


exista mais o perigo de sua continuação.

Conclui-se, portanto, que o excesso intensivo relaciona-se com os meios, e


o extensivo com a continuidade no tempo, ambos.

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CLÁUSULA REVISIONISTA
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Trata-se da conhecida cláusula rebus sic stantibus, que vem significar
"estando as coisas assim" ou "enquanto as coisas estão assim". Tal cláusula
garante que, "alteradas as circunstâncias [desde que imprevisíveis, e em
contrato de execução futura] em que se contratou, de modo a tornar a
prestação de uma das partes injustamente onerosa, há de ser revisto o
contrato, quando não dissolvido".
(RODIÈRE apud FIÚZA, César. Aplicação da cláusula rebus sic stantibus aos contratos aleatórios. Disponível em
http://www.senado.gov.br/web/cegraf/ril/Pdf/pdf_144/r144-01.PDF)

Segundo César Fiúza, houve muitos dispositivos no Código Civil que


foram utilizados para defender a tese intrínseca à cláusula, tanto pela
doutrina, como pela jurisprudência, ademais, para "aplicar a cláusula por
razões de justiça". Porém, sua adoção explícita pela legislação ocorreu com
o Código do Consumidor, diploma de 1991, no artigo 6º:

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações


desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as
tornem excessivamente onerosas.

A teoria mais utilizada em nosso ordenamento para amparar a cláusula


revisionista é a teoria da imprevisão, o que não nos faz esquecer a
existência de outras na doutrina, sendo exemplos: teoria da pressuposição
típica, teoria da condição implícita, teoria da base negocial e a teoria
eclética. Ateremo-nos, brevemente, apenas à teoria da imprevisão vez que,
no Brasil, segundo ensinamentos de Fiúza, o legislador, com o advento do
Código do Consumidor, deu ao artigo 6º redação aberta, que trata de "fatos
supervenientes" que tornem as prestações "excessivamente onerosas", para
escapar do subjetivismo da teoria da imprevisão, sem excluí-la.

A teoria da imprevisão nasceu na França com base nos princípios da


eqüidade e da boa-fé, de modo que, estando em colisão com o princípio da
obrigatoriedade contratual, prevalecerão aqueles quando, em contrato de
execução futura, ocorressem "circunstâncias imprevisíveis que agravassem
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a situação de uma das partes". Assim, o cerne desta teoria é a


imprevisibilidade do evento futuro e incerto;
(FIÚZA, César. Aplicação da cláusula rebus sic stantibus aos contratos aleatórios. Disponível em
http://www.senado.gov.br/web/cegraf/ril/Pdf/pdf_144/r144-01.PDF).

Vale a ressalva feita pelo doutrinador quanto à sua utilização em contratos


aleatórios, ou seja, contratos onde a prestação de pelo menos uma das
partes não pode ser determinada no momento da celebração do contrato.
Adverte ele que alguns autores tiveram a impressão de que não seria
aplicada essa cláusula visto que não há como determinar, exatamente, a
prestação. Porém, não se pode olvidar que deve haver limites para estes
riscos.
(FIÚZA, César. Aplicação da cláusula rebus sic stantibus aos contratos aleatórios. Disponível em
http://www.senado.gov.br/web/cegraf/ril/Pdf/pdf_144/r144-01.PDF)

É fato que não se pode permitir que quem assumiu determinado risco
venha, depois, justamente com base nesse risco, chamar para si a revisão do
contrato. Porém, se as conseqüências do risco forem além do razoável,
tendo como princípios a equidade e a boa-fé, conclui-se que deve ser
aplicada a cláusula revisional, rebus sic stantibus.
(FIÚZA, César. Aplicação da cláusula rebus sic stantibus aos contratos aleatórios. Disponível em
http://www.senado.gov.br/web/cegraf/ril/Pdf/pdf_144/r144-01.PDF)

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GOVERNANÇA CORPORATIVA
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O tema é alvo de vários estudos, tanto no âmbito nacional como
internacional, sendo reconhecido como um dos principais fatores para o
acesso das empresas ao mercado de capitais.

Apenas a título de curiosidade, a expressão "governança corporativa" teve


origem na década de 1990 nos países mais desenvolvidos, como Estados
Unidos e na Grã-Bretanha, tendo como objetivo definir as normas gerais de
relacionamento dentro de uma companhia, principalmente aquelas
relacionadas aos interesses de acionistas controladores, acionistas
minoritários e administradores.

Nunca é de mais lembrar que toda a discussão envolvendo o assunto surgiu


no cenário das chamadas agência dos gestores, instituto resultante da
separação entre a propriedade e a gestão nas companhias. Partindo desta
premissa, o IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa) define
governança corporativa como:

Sistema que assegura aos sócios-proprietários o governo estratégico da


empresa e a efetiva monitoração da diretoria executiva. A relação entre
propriedade e gestão se dá através do conselho de administração, a
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Conceitos jurídicos

auditoria independente e o conselho fiscal, instrumentos fundamentais para


o exercício do controle. A boa Governança assegura aos sócios eqüidade,
transparência, responsabilidade pelos resultados (accountability) e
obediência às leis do país (compliance). No passado recente, nas empresas
privadas e familiares, os acionistas eram gestores, confundindo em sua
pessoa propriedade e gestão. Com a profissionalização, a privatização, a
globalização e o afastamento das famílias, a Governança Corporativa
colocou o Conselho entre a Propriedade e a Gestão".
(http://www.cvm.gov.br/port/public/publ/ie_ufrj_cvm/Felix%20_Arthur_C_Azevedo_Garcia.pdf)

Concluindo, o termo abrange o conjunto de instrumentos públicos e


privados, que estabelecem a forma como a empresa deverá ser dirigida e
administrada. Como exemplos típicos, podemos citar as leis e os atos
normativos expedidos por órgãos reguladores; os regulamentos internos das
companhias; as práticas comerciais que organizam e comandam a relação
entre os controladores e administradores de uma empresa etc.

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PRINCÍPIO DA SUFICIÊNCIA DA AÇÃO PENAL
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Trata-se de comando que se relaciona diretamente com a existência de
questão prejudicial em sede de ação penal. Para analisá-lo, uma pergunta se
impõe: diante da presença de questão desta natureza, o que ocorrerá com a
ação penal? Ela deverá ser suspensa, ou, o magistrado poderá dar-lhe
normal prosseguimento?

A melhor resposta para tal interrogativa é depende. É, exatamente, na


análise de tais hipóteses, que se aplica o princípio da suficiência da ação
penal.

De plano, cumpre-nos ponderar acerca do conceito de questão prejudicial.


Trata-se de questões que incidem sobre o processo principal, que devem ser
resolvidas antes que nesse seja prolatada decisão de mérito.

Fala-se em questão prejudicial quando o objeto é ponto relevante,


intimamente vinculado ao direito material. Não se confunde com as
chamadas questões preliminares, haja vista que estas se relacionam com
questionamentos de direito processual, mais precisamente, com pontos
ligados a vícios, cuja solução deve se dar antes da sentença.

De acordo com a doutrina, as questões prejudiciais se dividem em


obrigatórias e facultativas. As primeiras relacionam-se, necessariamente, ao
estado civil das pessoas. São assim denominadas, pois, neste caso, a ação

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Conceitos jurídicos

penal não pode prosseguir, ficando suspensa até decisão a ser proferida na
esfera cível ("Art. 92 CPP: se a decisão sobre a existência da infração
depender da solução de controvérsia, que o juiz repute séria e fundada,
sobre o estado civil das pessoas, o curso da ação penal ficará suspenso até
que no juízo cível seja a controvérsia dirimida por sentença passada em
julgado, sem prejuízo, entretanto, da inquirição das testemunhas e de outras
provas de natureza urgente").

A definição de questão prejudicial facultativa pode ser obtida por exclusão,


uma vez que são todas aquelas que não tenham como objeto o estado civil
das pessoas. Recebem este nome, pois não ocasionam obrigatoriamente a
suspensão da ação penal. É o que se extrai do artigo 93 do CPP, que
estabelece "se o reconhecimento da existência da infração penal depender
de decisão sobre questão diversa da prevista no artigo anterior, da
competência do juízo cível, e se neste houver sido proposta ação para
resolvê-la, o juiz criminal poderá, desde que essa questão seja de difícil
solução e não verse sobre direito cuja prova a lei civil limite, suspender o
curso do processo, após a inquirição das testemunhas e realização das
outras provas de natureza urgente".

É neste último caso que se aplica o princípio da suficiência da ação penal.


Quando a questão prejudicial não se relacionar com estado civil das
pessoas, o juiz tem a faculdade de suspender o processo. Assim, cabe ao
magistrado analisar, a cada caso concreto, tal necessidade, e, em
concluindo pelo prosseguimento da ação penal, ou seja, pela solução do
incidente dentro do próprio processo penal, estará reconhecendo a
incidência deste comando. Em outras palavras, a ação penal é suficiente
para solucionar a questão prejudicial não relacionada com o estado civil da
pessoa.

------------------------------------------------------------------------
PLENÁRIO VIRTUAL - EM QUE MEDIDA SE RELACIONA COM A
REPERCUSSÃO GERAL
------------------------------------------------------------------------
A Repercussão Geral é requisito de admissibilidade do recurso
extraordinário e foi instituída pela Emenda Constitucional nº45 de 2006,
sendo disciplinada pela lei 11.418/2006. Trata-se de filtro recursal para
admitir as questões constitucionais que devem ser recebidas pela Corte em
recurso extraordinário. Seu limite está na observância de relevância social,
econômica, política ou jurídica da matéria a ser apreciada. Espera-se, com
ela, reduzir o número de recursos, conferindo ao STF mais disponibilidade
para exame de questões graves, de repercussão nacional.

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Conceitos jurídicos

Ao STF cabe definir se há ou não repercussão geral, mas aos Tribunais


superiores e inferiores e Turmas Recursais de origem cabe a verificação de
existência formal da preliminar de repercussão geral, rigorosamente, para
que o requisito tenha sua finalidade atendida.

Assim, o Supremo desenvolveu a ferramenta "Plenário virtual", que é um


sistema totalmente operado pelos ministros que possibilita o exame
simultâneo de processo determinado para emissão de manifestações sobre a
existência ou não de repercussão geral. Isso aumenta a celeridade da
análise das matérias, objetivo precípuo dessas medidas, com fulcro no
devido processo legal, na celeridade e economicidade processual e, por
conseguinte, no acesso à justiça.
(Disponível em http://www.stf.gov.br/arquivo/cms/principalDestaque/anexo/relativ2007.pdf.)

------------------------------------------------------------------------
PRINCÍPIO DA RESERVA DO IMPOSSÍVEL
------------------------------------------------------------------------
O princípio da reserva do impossível se caracteriza pela impossibilidade de
se anular situação de fato decorrente de decisão política de caráter
institucional sem que ocorra violação ao princípio federativo.

A Constituição Federal no § 4º, do artigo 18, enuncia a hipótese de criação,


incorporação, fusão ou desmembramento de Municípios por meio de lei
estadual e dá outras providências:

Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do


Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
todos autônomos, nos termos desta Constituição.

(...)

§ 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de


Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por
Lei Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante
plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos
Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da
lei.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 15, de 1996)

No entanto, apesar da falta da regulamentação sobre a criação de novos


Municípios e violação ao dispositivo constitucional, o desmembramento
não é raro.

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Conceitos jurídicos

Para aceitar supracitada hipótese, embora evidentemente inconstitucional, o


STF se balizou em alguns princípios, conforme Informativo n.° 427 do
STF:

Criação de Municípios e Situação Excepcional Consolidada.

Iniciado julgamento de ação direta de inconstitucionalidade ajuizada pelo


Partido dos Trabalhadores - PT contra a Lei 7.619/2000, do Estado da
Bahia, que cria o Município de Luís Eduardo Magalhães, decorrente do
desmembramento de área do Município de Barreiras. Alega-se, na espécie,
ofensa ao art. 18, § 4º, da CF, porquanto o referido ente fora criado em ano
de eleições municipais, sem que existisse a lei complementar federal
prevista no referido texto constitucional, a qual compete definir o período
em que os municípios poderiam ser instituídos. Sustenta-se, ainda, que o
preceito da Constituição baiana que atribuíra à lei complementar estadual
os requisitos para a criação de municípios teria sido revogado com o
advento da EC 15/96 e que a lei impugnada viola o regime democrático,
uma vez que a consulta prévia constitucionalmente exigida, por meio de
plebiscito, não fora realizada com a totalidade da população envolvida no
processo de emancipação, tendo apenas determinado distrito se
manifestado. Ademais, os estudos de viabilidade municipal foram
publicados em data posterior ao citado plebiscito.

ADI 2240/BA, rel. Min. Eros Grau, 18.5.2006. (ADI-2240)

Criação de Municípios e Situação Excepcional Consolidada.

O Min. Eros Grau, relator, tendo em conta a excepcionalidade do caso,


julgou improcedente o pedido. Asseverou que o aludido Município fora
efetivamente criado a partir de uma decisão política, assumindo existência
de fato como ente federativo dotado de autonomia há mais de 6 anos e que
esta realidade não poderia ser ignorada. Afirmou, no ponto, que esse ente
assumira existência e, desta, resultaram efeitos jurídicos. Ressaltou, ainda,
que a situação existente no momento da criação do citado Município era
anormal, haja vista a não edição de lei complementar dentro de prazo
razoável. Ponderando aparente conflito de inconstitucionalidades, quais
sejam, ofensas ao § 4º do art. 18 da CF ou ao princípio federativo, entendeu
que a existência válida do Município deveria ser reconhecida, para que
afastar a ofensa à federação. Nesse sentido, considerou os princípios da
segurança jurídica e da continuidade do Estado. Salientando que, não
obstante a criação desse ente tenha implicado situação excepcional não
prevista pelo direito positivo, aduziu que a declaração de improcedência do
pedido não servirá de estímulo à criação de novos municípios

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indiscriminadamente, mas, ao contrário, servirá de apelo ao Poder


Legislativo, no sentido de suprir a omissão constitucional reiteradamente
consumada. Após, o Min. Gilmar Mendes pediu vista.

ADI 2240/BA, rel. Min. Eros Grau, 18.5.2006. (ADI-2240)

Criação de Municípios e Situação Excepcional Consolidada.

A mesma proclamação acima vale para outras duas ações diretas de


inconstitucionalidade ajuizadas pelo Procurador-Geral da República contra,
respectivamente, a Lei 6.983/98, do Estado do Mato Grosso, que cria o
Município de Santo Antônio do Leste, a partir de área desmembrada do
Município de Novo São Joaquim, e contra a Lei 12.294/2002, do Estado de
Santa Catarina, que anexa ao Município de Monte Carlo a localidade Vila
Arlete, desmembrada do Município de Campos Novos. Em ambas as ações,
também se sustenta ofensa ao art. 18, § 4º, da CF, sob a alegação de que o
desmembramento ocorrera quando ainda pendente a lei complementar
federal mencionada no texto constitucional e, quanto à última, aduz-se,
ainda, que apenas a população do Distrito de Vila Arlete manifestara-se
sobre o referido desmembramento.

ADI 3316/MT e ADI 3489/SC, rel. Min. Eros Grau, 18.5.2006. (ADI-3316)
(ADI-3489)

Dentre os princípios considerados, destaca-se o da reserva impossível,


segundo o qual, um Município criado, sem que lei complementar
regulamente, é efetivamente uma cidade por decisão política.

"No caso da ADI supracitada, a situação fática é a existência de fato (e não


de direito) do município que se derivou da criação do mesmo (decisão
política de caráter institucional). Já a agressão ao princípio federativo
ocorreria com a supressão da autonomia deste novo ente político.

Em seu voto, o Ministro Eros Grau assim explicitou o seu entendimento:

'Criado o Município, passou a existir e agir como ente da federação. Trata-


se de um fato. Não se anulam fatos. Um ente da federação assumiu
existência [plano da existência] e dessa existência resultaram efeitos
jurídicos [plano da eficácia], tal como ocorre no casamento putativo e com
as "sociedades em comum" [= sociedades de fato]. Impossível retornarmos
no tempo, para anular essa existência, sem agressão à autonomia desse
Município e, pois --- repito --- ao princípio federativo.' "
(LIMA, Victor Galeno Rodrigues. A formação de Municípios e a reserva do impossível. Disponível em
http://www.iuspedia.com.br).

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Dessa forma, a decisão do Supremo Tribunal Federal pela


inconstitucionalidade e extinção do "município putativo", ou seja, do
município criado por ato eivado de vício e que, ademais disso, produz
efeitos regularmente, poderia configurar ofensa ao princípio federativo pela
anulação de situação de fato decorrente de decisão política de caráter
institucional.

"15. - De mais a mais, a violação de uma norma é expressão não apenas de


uma conduta adversa ao que está escrito em um texto, no plano abstrato do
mundo do dever ser, mas violação de uma ordem concreta, histórica,
situada no espaço e no tempo. Estamos, no caso, diante de uma situação de
exceção, que --- embora não prevista pelo nosso direito positivo --- há de
ser decidida em coerência com a ordem concreta da qual a Constituição é a
representação mais elevada no plano do direito posto. Esta ordem concreta
é anterior ao direito posto pelo Estado. Arranca de um direito pressuposto e
expressa a visibilidade de um nomos." (ADI n.° 2.240-7, rel. Min. Eros
Grau)

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INELEGIBILIDADE REFLEXA
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Trata-se de instituto a ser analisado no contexto dos chamados "direitos
políticos negativos", que se revelam como vedações constitucionais em
relação ao direito de participar do processo político e de órgãos
governamentais.

Mais precisamente, contempla uma hipótese de inelegibilidade relativa,


qual seja aquela que se relaciona com o parentesco. Ao tratar do tema, no
artigo 14, § 7º, a Constituição Federal estabelece que "são inelegíveis, no
território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consangüíneos ou
afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de
Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de
quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo
se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição".

Do que se vê, a inelegibilidade é relativa, exatamente por se restringir ao


território onde o titular do cargo exerce a sua função. De tal forma, em se
tratando de parente de um prefeito, por exemplo, a inelegibilidade
alcançará somente a respectiva base territorial daquele município.

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Conceitos jurídicos

Fala-se em inelegibilidade reflexa, pois essa não alcança somente a pessoa


do exercente de mandado, recaindo, por vias indiretas sobre determinadas
pessoas que, com ele, mantenham vínculo de parentesco.

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SUJEITO PREJUDICADO, EM DIREITO PENAL
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O tema deve ser abordado no contexto da sujeição passiva no Direito Penal.
Conforme salientado em outra oportunidade. Sujeito passivo é aquele
previsto no tipo legal como quem pode sofrer a lesão ou perigo de lesão ao
bem jurídico. Trata-se do titular do bem jurídico protegido pela norma
penal.
(disponível em: http://www.wiki-iuspedia.com.br/article.php?story=20080415115428420)
Esse conceito não se confunde com o de vítima e, tampouco, com o de
sujeito prejudicado. Vítima é que sofre concretamente a ofensa. Do que se
vê, a conceituação como sujeito passivo tem por base a análise abstrata do
tipo penal, ao passo que o reconhecimento como vítima se relaciona
precipuamente, com uma análise concreta do caso.

Sujeito prejudicado é toda pessoa que sofre com os efeitos do crime, como,
por exemplo, a família da vítima, que deixa de contar com a presença de
um ente querido.

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SÍNDROME DA INEFETIVIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS
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O tema se relaciona diretamente com as classificações atribuídas às normas
constitucionais.

Apenas a título de recordação, as normas constitucionais podem ser


divididas em; a) de aplicabilidade plena; b) de eficácia contida; c) de
eficácia limitada. Vale lembrar que o precursor desta classificação foi José
Afonso da Silva.

Fala-se em norma constitucional de eficácia plena quando a mesma possui


aplicabilidade imediata, dispensando, assim, regulamentação
infraconstitucional. As normas de eficácia contida, num primeiro momento,
também são de aplicação imediata, mas se distinguem da primeira pelo fato
de o constituinte originário permitir que o legislador ordinário restrinja o
seu alcance. A doutrina cita como exemplo os incisos VII, VIII, XV,
XXIV, XXV, XXVII do artigo 5º, o artigo 15, IV, e, o artigo 37, I, da CF.

Por derradeiro, o foco no nosso estudo: as normas constitucionais de


eficácia limitada, cuja aplicabilidade é mediata, posto que exige a
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Conceitos jurídicos

regulamentação da matéria na ceara infraconstitucional. Salienta-se que tais


normas possuem eficácia jurídica, mas não, eficácia social, já que não
podem ser aplicadas concretamente.

Não se deve esquecer da subdivisão sofrida na classificação das tais


normas, que podem ser de princípio institutivo ou de princípio
programático. As primeiras dependem de legislação infraconstitucional
futura, ao passo que as seguintes estabelecem verdadeiros programas de
governo a serem desenvolvidos mediante amparo do legislador ordinário.

É neste cenário, que pode surgir a chamada síndrome da inefetividade das


normas constitucionais. Quando, em sede de norma constitucional de
eficácia limitada de princípio institutivo, o legislador ordinário não cumpre
o seu papel de regulamentar a norma constitucional, conferindo-lhe
aplicabilidade e efetividade social, tal preceito se torna ineficaz. Trata-se de
conceito adotado Ministro Gilmar Mendes, que corresponde fielmente ao
entendimento do STF.

No ordenamento jurídico brasileiro há dois remédios para este problema.


Reconhece-se o cabimento da ação direta de inconstitucionalidade por
omissão e do mandado de injunção. A principal diferença entre tais
institutos se relaciona com a existência ou não de um direito concreto que
deixa de ser exercido pelo indivíduo, em razão, exatamente, da ausência da
norma infraconstitucional. Na primeira hipótese, ou seja, quando o cidadão
deixa de exercer um direito em virtude da falta da norma, abre-se espaço
para o mandado de injunção. Por outro lado, quando a omissão permanece
na esfera abstrata, o remédio cabível é a ação direita de
inconstitucionalidade por omissão.

Concluindo: fala-se em síndrome da inefetividade das normas


constitucionais quando, no contexto das normas constitucionais de eficácia
limitada de princípio institutivo, não há na ordem jurídica norma
infraconstitucional que regulamente a matéria, o que perpetua a ineficácia e
a inaplicabilidade daquela.

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CRIME VAGO - CRIME OCO - CRIME COM SUJEITO PASSIVO EM MASSA
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Estamos diante de conceitos totalmente distintos. Crime vago e crime com
sujeito passivo em massa são classificações do delito, cujo fundamento é o
sujeito passivo.

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Conceitos jurídicos

De plano, cumpre-nos conceituar sujeito passivo. Trata-se de quem, pela


discrição típica, pode sofrer a lesão ou o perigo de lesão ao bem jurídico.
Em outras palavras, é o titular do bem jurídico protegido, que, pode ser
uma pessoa humana, o feto, o Estado ou a sociedade, e, por fim, pessoas
indeterminadas.

Fala-se em crime vago quando o sujeito passivo não possui personalidade


jurídica, ou seja, o crime é praticado contra a sociedade como um todo. Um
exemplo típico é a violação de sepultura, prevista no artigo 210 do CP.

Em contrapartida, crime com sujeito passivo massificado é aquele realizado


contra sujeitos indeterminados, o que evidencia que a polaridade passiva é
formada por uma massa de pessoas, que não podem ser identificadas.

Outro conceito é o de crime oco, que, em nada se relaciona com o sujeito


passivo da infração penal, sendo compreendido como sinônimo de crime
impossível. É tido como oco, pois, ou a conduta é ineficaz (ineficácia
absoluta do meio), ou o bem jurídico não existe (improbidade absoluta do
objeto), nos termos do artigo 17 do CP.

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CRIME EM CURTO-CIRCUITO
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A matéria está inserida no estudo da tipicidade, mais precisamente, na
análise da conduta, como elemento da tipicidade formal.

Para a teoria causalista, de Von Litz e Beling, a conduta se revela como


simples movimento corpóreo e voluntário, capaz de gerar alguma alteração
no mundo exterior. Por outro lado, para os adeptos da Escola Finalista,
defensora da Teoria da Ação Final, toda conduta se dirige a um
determinado fim. Na seqüência, a Teoria Social da Ação prelaciona que
conduta é a ação ou omissão dirigida a um resultado socialmente relevante.

Atualmente, a conduta é compreendida como a realização de um fazer ou


não fazer típico, totalmente dominável pela vontade humana. Para a
doutrina moderna, somente é possível cogitar a existência penal da conduta
quando houver voluntariedade, de forma que essa deve ser livre e
consciente, pois, caso contrário, não haverá relevância penal.

Partindo dessa premissa, não há como reconhecer a existência de crime


quando da ausência de conduta, posto que não atendido o primeiro
requisito da dimensão objetiva da tipicidade.

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Conceitos jurídicos

É neste contexto que a doutrina analisa o chamado crime em curto-circuito,


também conhecido como de delito explosivo, de vontade instantânea, ou,
por fim, ação de curto-circuito.

Para os estudiosos que se arriscam a tratar do tema, as ações em curto-


circuito se evidenciam como reações primitivas do ser humano. Em outras
palavras, reações momentâneas e impulsivas do indivíduo, que o levam a
praticar o crime. De acordo com a análise da sua terminologia, temos que
se trata de crime de ímpeto, manifestação súbita e violenta; impulso,
ataque.

Numa situação como essa, o indivíduo age num mecanismo de reação,


como se estivesse diante de uma anestesia momentânea do seu senso
crítico, movido, principalmente, pela emoção.

Na maioria das vezes, após a prática do delito, o criminoso é arrebatado por


um sentimento de arrependimento, vez que possue desenvolvimento
normal. Do que se vê, o agente de ímpeto sabe o que está fazendo, tem
plena consciência do seu ato, e, do caráter criminoso do mesmo, mas, como
não consegue se controlar, acaba praticando a infração penal.

O que se discute é se tal comportamento pode ser considerado conduta


voluntária, de forma a ensejar o reconhecimento da prática de crime.
Parcela majoritária d adoutrina entende que sim. O principal fundamento
apontado é a teoria da actio libera in causa (ação livre na causa). Salienta-
se que as reações impulsivas e explosivas não possuem o condão de afastar
a voluntariedade, posto que é possível verificar, em tais situações, a
existência de um querer prévio, que dá ensejo à prática da conduta.

No caso da menina Isabella, a mídia, amparada em especulações, já cogita


da possibilidade de se falar que a madrasta da vítima, que, possivelmente já
sofreu agressões por parte de seu pai (há dois Boletins de Ocorrência
registrados) teria cometido o crime numa reação de curto-circuito. Trata-se
de hipótese, até o momento, não ventilada pelos advogados de defesa, mas,
que se for cogitada, deverá ser devidamente comprovada, com os exames
pertinentes. Ainda que seja esse o caso, conforme exposto anteriormente, a
doutrina é firme no sentido de que o indivíduo, nestas condições, possui
discernimento da sua conduta, o que deixa incólume a voluntariedade,
exigida para a caracterização da infração penal.

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EXTENSÃO EM SEDE DE EXTRADIÇÃO
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Descubra com a gente se o pedido de extensão, em sede de extradição, é


aceito em nosso ordenamento jurídico.

A extradição é a entrega de pessoa a outro país, quando solicitada por ele.


Seu deferimento cabe ao STF e deve ser concretizado pelo Presidente da
República. Como afirma Hidelbrando Accioly, "é o ato pelo qual um
Estado entrega um indivíduo acusado de um delito ou já condenado como
criminoso, à justiça do outro, que o reclama, e que é competente para julgá-
lo e puni-lo".
(ACCIOLY, Hidelbrando. apud MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 23ª ed. São Paulo: Atlas, 2008.).

Regra geral, consoante ao princípio da especialidade, pessoa extraditada


não será detida, julgada nem condenada, no território do Estado Parte
requerente, por outro delito que não seja o objeto do pedido de extradição,
ou seja, aquele no qual se fundou o pedido de extradição. Veja o artigo 91,
I, da Lei 6815/80, que fundamenta a regra:

Art. 91. Não será efetivada a entrega sem que o Estado requerente assuma o
compromisso:

I - de não ser o extraditando preso nem processado por fatos anteriores ao


pedido.

Porém, tal regramento não é absoluto. O STF permite o chamado "pedido


de extensão", que "consiste na permissão, solicitada pelo país estrangeiro,
de processar a pessoa já extraditada por qualquer delito praticado antes da
extradição e diverso daquele que motivou o pedido extradicional, desde que
o Estado requerido expressamente autorize".
(MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 23ª ed. São Paulo: Atlas, 2008.).

Sobre a discussão doutrinária quanto ao pedido de extensão ferir o


princípio da especialidade, o ministro Eros Grau leciona que o "princípio
da especialidade (artigo 91, I, da Lei n. 6.815/80) não é obstáculo ao
deferimento do pedido de extensão. A regra que se extrai do texto
normativo visa a impedir, em benefício do extraditando, que o Estado
requerente instaure contra ele - sem o controle de legalidade pelo Supremo
Tribunal Federal - ação penal ou execute pena por condenação referente a
fatos anteriores àqueles pelos quais foi deferido o pleito extradicional".
(Disponível em http://www.stf.gov.br/arquivo/informativo/documento/informativo424.htm)

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FRAUDE À LEI - RELACÃO COM A FRAUDE PAULIANA
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Quando a doutrina fala em fraude, dada a extensão de significados, é


importante elaborar distinções essenciais. Acompanhe conosco algumas
considerações.

Derivado do latim fraus, fraudis, significa engano, má-fé, logro. No


Aurélio quer dizer logro, abuso de confiança; ação praticada de má-fé,
entre outros significados correlatos. Assim, a fraude tem em si o sentido de
engano.
(FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário da língua portuguesa. 2. ed. São Paulo: Nova Fronteira,
1998. p. 810.).

Dessa feita, fraude, em sentido amplo, é a tentativa de mascarar a prática de


condutas ilícitas, com o escopo de se evadir de deveres, obrigações e
conseqüências jurídicas.
(PINHEIRO, Frederico Garcia. Disponível em http://jus2.uol.com.br/Doutrina/texto.asp?id=8162).

Assim, configura termo genérico que comporta diferentes ramificações.


Observaremos, inicialmente, a fraude à lei e a fraude comum.

Na fraude à lei, o ato em si é ilícito tendo em vista que o ordenamento


jurídico proíbe sua prática, independentemente dos efeitos que possa
produzir. Trata-se da prática de ato cuja vedação é de ordem pública e que
atinge toda a coletividade.

O ministro Moreira Alves afirma, sobre a fraude à lei ensina que nela,
"observa-se a letra da lei, mas para se alcançar um fim contrário ao espírito
da lei. Emprego a palavra lei no sentido amplo, para traduzir norma
jurídica, pois, embora sejam raros os exemplos, é possível inclusive ocorrer
fraude ao costume.Quando o ato vai contra as palavras e o espírito da lei, é
ele contra legem, contrário à lei, em que há a violação direta da lei. Já
quando o ato preserva a letra da lei, mas ofende o espírito dela, o ato é de
fraude à lei". Exemplo levantado pelo Ministro é o do funcionário público,
que "não pode comprar em leilão bem público, então um amigo dele
compra em leilão não para ficar com ele, mas com a finalidade posterior de
revender esse bem para aquele funcionário público. Conseqüentemente, as
palavras da lei foram observadas: ele não comprou em leilão, e sim, de
terceiro, mas o espírito da lei foi violado. Assim, temos aqui um complexo
de negócios jurídicos que em si mesmos são válidos, mas pela sua reunião
passa a ser em fraude à lei. Observam os verba legis, mas ferem a mens
legis ou a sententia legis".
(MOREIRA ALVES apud FRANCO, Marcus Vinícius Lima. Disponível em
http://www.escola.agu.gov.br/revista/Ano_VII_outubro_2007/FraudeaLei_MarcusVinicius.pdf.)

Enfatizamos, porém, que a fraude a lei não deve ser confundida com a
simulação. Nesta, leciona Marcus Vinícius, há a "falta de correspondência
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Conceitos jurídicos

entre o negócio que as partes realmente estão praticando e aquele que elas
formalizam. As partes querem, por exemplo, realizar uma compra e venda,
mas formalizam (simulam) uma doação. (...) O negócio jurídico simulado é
aquele que cria uma aparência desejada pelas partes. É uma aparência que
se cria, com a finalidade de apenas criá-la, sem se querer ocultar algo que
realmente se deseja (simulação absoluta), ou então se cria essa aparência
para ocultar o que realmente se deseja (simulação relativa)".
(FRANCO, Marcus Vinícius Lima. Disponível em
http://www.escola.agu.gov.br/revista/Ano_VII_outubro_2007/FraudeaLei_MarcusVinicius.pdf)

Já na fraude comum, o ato, de per si, não apresenta vícios. Porém, estes
estão na finalidade do ato. Francisco Pinheiro afirma que a "finalidade
precípua do ato é adquirir vantagens, em detrimento de interesses de
terceiros, mediante a prática de um ato aparentemente lícito". Complementa
sua afirmação ensinando que "a ilegalidade não está no ato em si,
formalmente considerado, mas, sim, na finalidade colimada com o ato".
(PINHEIRO, Frederico Garcia. Disponível em http://jus2.uol.com.br/Doutrina/texto.asp?id=8162)

Quanto à fraude comum, observada à luz dos ditames civis, e por algumas
doutrinas denominada fraude contra credores lato sensu, cabe, ainda, fazer
algumas distinções.

Tradicionalmente, é classificada em três espécies quais sejam: fraude


contra credores stricto sensu (fraude pauliana), fraude à execução e a
fraude à penhora. Porém, ainda há doutrinadores que identificam uma
quarta espécie, mais recente e específica: a fraude por abuso da
personalidade jurídica, onde o objetivo de prejudicar terceiro não se limita
aos credores, mas qualquer sujeito de direitos que tenha seus interesses
jurídicos prejudicados.
(PINHEIRO, Frederico Garcia. Disponível em http://jus2.uol.com.br/Doutrina/texto.asp?id=8162)

É mister destacar que existem construções doutrinárias que informam


outras diferentes espécies, porém, esse estudo não visa esgotar o rol.
Assim, após breve diferenciação entre as três tradicionais, nos ateremos
apenas à caracterização da fraude pauliana, bem como da fraude à
execução.

Alexandre Freitas Câmara, acerca das três espécies tradicionais de fraude


afirma, inclusive, existir um escalonamento de situações quanto à
gravidade. Ensina Câmara que a menos grave é a fraude pauliana, que
exige a insolvência do devedor como elemento objetivo, e o elemento
subjetivo da fraude. Em seguida, encontramos a fraude de execução onde
apenas o "elemento objetivo, insolvência do devedor, é exigido". E,
finalmente, a mais gravosa consistente na "alienação de bem penhorado,

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Conceitos jurídicos

onde nem mesmo a insolvência do devedor é requisito da fraude". (CÂMARA


apud PINHEIRO, Frederico Garcia. Disponível em http://jus2.uol.com.br/Doutrina/texto.asp?id=8162)

Feitas essas considerações, passaremos à breve distinção entre a fraude


pauliana e a fraude à execução, para fins didáticos.

A fraude pauliana, ou fraude contra credores stricto sensu, é instituto de


direito material onde há a prática de ato negocial que diminui o patrimônio
do devedor insolvente em prejuízo de credor preexistente, com escopo de
escusar-se do pagamento devido. Ocorre antes do ajuizamento de qualquer
ação pelo credor.

Segundo a doutrina, há que se "observar o elemento objetivo, qual seja, o


eventus damni, consistente na diminuição ou esvaziamento do patrimônio
do devedor já insolvente, ou pelo negócio jurídico reduzido à insolvência; e
o elemento subjetivo, ou consilium fraudis, que se caracteriza pela ma-fé,
pelo intuito fraudulento".
(PEREIRA, Marcelo Aguiar. Disponível em http://www.juspodivm.com.br/i/a/%7B39050F8B-D6BC-4870-8ABF-
FEB4DCA94866%7D_1.pdf)

Ressalte-se que para o ramo doutrinário mais moderno, o elemento


subjetivo é presumido.

Já a fraude à execução, seguindo Giovanni Comodaro Ferreira, é "instituto


de natureza processual regulado pelos arts. 592, V, e 593 do Código de
Processo Civil (...) pressupõe um processo instaurado. Portanto, só pode
ocorrer no curso da ação judicial intentada contra o alienante, e não
depende do seu eventual estado de insolvência. Sua ocorrência determina a
ineficácia do ato de disposição dos bens. Ademais, além de prejudicar o
credor, também afeta a função jurisdicional, por criar-lhe sérias
dificuldades de atuação".
(FERREIRA, Giovanni Comodaro. Disponível em http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2456)

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operalidade e realizabilidade
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São princípios norteadores do novo Código Civil (2002), preocupado em
dar um sentido mais operacional que conceitual ao Direito.
(TOMASZEWSKI, Wesley. A crise do positivismo diante de uma sociedade globalizada e digitalizada.
http://www.conpedi.org/manaus/arquivos/anais/manaus/a_crise_posit_wesley_tomaszewski.pdf)

Isso significa dizer que o código não está preso ao "academicismo


puramente teórico", e sim com a vida prática, vez que as leis têm por
escopo servir à pessoa humana, e nunca o contrário. Ora, a lei não é um fim
em si mesmo.
(CASTRO, José de Ribamar. Código Civil: Eticidade, Sociabilidade, Operalidade, Conceitos Legais Indeterminados
e Cláusulas Gerais. http://familiarizando.blogspot.com/2007_10_01_archive.html)

Fonte dos temas: www.jusbrasil.com.br 37 | P á g i n a


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Assim, na esteira do pensamento de Jhering, o Direito é feito para ser


realizado, operado.
(http://www.alexandremagno.com/read.php?n_id=81.)

O princípio da operabilidade entende que é da essência do Direito a sua


"realizabilidade". Realizabilidade, proveniente de realizar, que vem
significar pôr em prática, tornar real, executar, efetuar.
(Disponível em http://www.priberam.pt)

Ou seja, "a norma deixa de ser um modelo esquemático ou tão-somente


uma moldura para a realidade, passando a ser um modelo funcional, ou
seja, com vistas a uma realizabilidade".
(COAN, Emerson Ike. Princípios orientadores do novo Código Civil.
http://www.epm.sp.gov.br/SiteEPM/Artigos/Artigo+92.htm)

Portanto, a operalidade deriva e, para alguns autores, se confunde com a


realizabilidade.

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PERICULUM IN MORA INVERSO
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O periculum in mora é expressão latina que quer significar perigo da
demora (na prestação da tutela jurisdicional). Noutro falar, é "locução
latina que designa uma situação de fato, caracterizada pela iminência de um
dano, em face da demora de uma providência que o impeça".
(Disponível em http://www.dji.com.br/latim/periculum_in_mora.htm.

O perigo da demora é pressuposto autorizador da concessão da antecipação


da tutela juntamente com o fumus boni iuris (fumaça do bom direito), cuja
previsão legal encontra-se no artigo 273 do Código de Processo Civil:

Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou


parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que,
existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e:
(Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou


(Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

II - fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto


propósito protelatório do réu. (Incluído pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994)

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Conceitos jurídicos

O periculum in mora significa o fundado temor de que, enquanto se


aguarda a tutela definitiva, venham a ocorrer fatos que prejudiquem a
apreciação da ação principal ou frustrem sua execução.
(CDROM nº 3, Editado por Revista Jurídica Legislação, Jurisprudência e Doutrina - Out/99. Trabalho de Márcio
Louzada Carpena - Medidas liminares do processo cautelar)

A prova inequívoca para a concessão da tutela antecipada é aquela prova


que se compara à prova do direito líquido e certo para a concessão do
mandamus, ou seja, aquela que não admite margem de dúvidas em exame
preliminar.

Da concessão da tutela antecipatória poderá originar o periculum in mora


inverso quando houver dano irreparável à parte contrária, ou seja, quando o
dano resultante da concessão da medida for superior ao que se deseja
evitar.

Nesse sentido, Humberto Theodoro Júnior é taxativo:

"(...) a parte deverá demonstrar fundado temor de que, enquanto aguarda a


tutela definitiva, venham a faltar as circunstâncias de fato favoráveis à
própria tutela. E isto pode ocorrer quando haja risco de perecimento,
destruição, desvio, deterioração ou de qualquer mutação das pessoas, bens
ou provas necessários para perfeita e eficaz atuação do provimento final do
processo principal (...)"
(In Processo Cautelar. Ed. Universitária do Direito, 4ª edição, p. 77)

O periculum in mora inverso possui previsão no artigo 273, § 2º, do Código


de Processo Civil, in verbis:

§ 2° Não se concederá a antecipação da tutela quando houver perigo de


irreversibilidade do provimento antecipado. (Incluído pela Lei nº 8.952, de
13.12.1994)

Assim, dentre os requisitos expressamente exigidos para a concessão da


antecipação dos efeitos da tutela, encontra-se a possibilidade de reversão da
medida, como condição inarredável, como ensina o Humberto Theodoro
Júnior.
(in Curso de Direito Processual Civil, Forense, 24ª edição, 1998, p. 370):

"O texto do dispositivo legal em questão prevê que a tutela antecipada, que
poderá ser total ou parcial em relação ao pedido formulado na inicial,
dependerá dos seguintes requisitos:
a) requerimento da parte;
b) produção de prova inequívoca dos fatos arrolados na inicial;

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Conceitos jurídicos

c) convencimento do juiz em torno da verossimilhança da alegação da


parte;
d) fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou
e) caracterização de abuso de direito de defesa ou manifesto propósito
protelatório do réu; e
f) possibilidade de reverter a medida antecipada, caso o resultado da ação
venha a ser contrário à pretensão da parte que requereu a antecipação
satisfativa."

A denegação da antecipação da tutela é sempre obrigatória quando


irreversíveis os efeitos do deferimento ou quando os efeitos sejam nefastos
para quem sofre a antecipação da tutela. Isto quer dizer que não será
possível restabelecer a situação anterior, caso a decisão antecipada seja
reformada.

Por fim, consta no informativo n° 473 do STF menção à referida expressão:

Fabricante de Cigarros: Decreto-lei 1.593/77 e Cancelamento de Registro


Especial.

O Tribunal, por maioria, indeferiu medida cautelar em ação cautelar


proposta contra a União por empresa fabricante de cigarros, na qual visava
à atribuição de efeito suspensivo a recurso extraordinário por ela interposto
em face de acórdão proferido pelo TRF da 2ª Região que, ao dar
provimento à apelação da União, declarara a constitucionalidade do art. 2º,
II, do Decreto-lei 1.593/77, com a redação dada pela Lei 9.822/99, que
autoriza a Secretaria da Receita Federal a cancelar, a qualquer tempo, o
registro especial para o exercício, por empresa do setor tabagista, de
atividade de fabricação e comercialização de produtos do tabaco, ante o
descumprimento de obrigação tributária. Tendo em conta a singularidade
factual e normativa do caso, entendeu-se faltar razoabilidade jurídica ao
pedido, salientando-se que poderia haver periculum in mora inverso,
consistente na exposição dos consumidores, da sociedade em geral e, em
particular, da condição objetiva da livre concorrência, ao risco da
continuidade do funcionamento de empresa para tanto inabilitada.
(AC 1657 MC/RJ, rel. orig. Min. Joaquim Barbosa, rel. p/ o acórdão Min. Cezar Peluso, 27.6.2007).

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MARKETING VIRAL
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O marketing viral ou publicidade viral pode ser compreendido como
técnica de marketing que tem como objetivo principal explorar redes
sociais pré-existentes, de forma a aumentar o conhecimento de marca.

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Conceitos jurídicos

Na sua origem, a expressão foi utilizada para descrever a prática de


serviços livres de e-mail. A sua definição foi usada originalmente para
descrever a prática de serviços livres de e-mail, os chamados "span", por
meio do qual uma empresa adiciona sua publicidade ao e-mail que sai de
seus usuários.

Em outras palavras, e, de forma mais genérica, o termo "publicidade viral"


tem como base a idéia de que as pessoas passarão e compartilharão
conteúdos divertidos, mas, na verdade, o que se transfere é a publicidade de
um determinado produto. A título de exemplo, os anúncios virais, na
meioria das vezes, assumem a forma de divertidos videos, jogos interativos,
imagens.

Atualmente, outra técnica passou a ser adotada pelas empresas, que


contratam atores para, se fingindo de cidadãos comuns, atingirem,
diretamente, a população com o novo produto. O problema é que essa
veiculação não é explícita, ou seja, o destinatário (possíveis consumidores)
não sabem que estão sendo alvos de uma publicidade. Pelo contrário,
acreditam que estão apenas conversando com uma pessoa que já adquiriu o
produto.

Vários casos foram registrados nos Estados Unidos nos últimos anos. Lá,
grande parte destas "vítimas" ingressaram com ações indenizatórias contra
as respectivas empresas, por se sentirem enganadas em tais situações.

É neste contexto que a questão deve ser analisada. Não há no ordenamento


jurídico brasileiro, norma específica que regulamente a matéria. No
entanto, é possível e cabível a aplicação do CDC (Código de Defesa do
Consumidor), que, na Seção III do Título I (Direitos do Consumidor) prevê
as regras a serem seguidas na difusão da publicidade.

O artigo 36 do aludido diploma estabelece que "a publicidade deve ser


veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e imediatamente, a
identifique como tal".

Trata-se do princípio da identificação da publicidade, que impõe ao


fornecedor a obrigação de, ao veicular a publicidade de seus produtos e
serviços fazê-lo de forma clara, certa e inteligível, possibilitando ao
consumidor compreender que está sendo alvo de anúncio publicitário.

O que se busca coibir com tal princípio é evitar as chamadas "publicidades


ocultas" ou "subliminares".

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A doutrina esclarece que, quando a publicidade não é de fácil e imediata


identificação, a possibilidade de engodo não alcança somente o
consumidor, sendo possível identificar, na maioria dos casos, hipótese de
fraude à lei, posto que a ausência de identificação abre espaço para a
transgressão de regras consideradas de observância obrigatória na
veiculação de qualquer publicidade.

A questão está em saber se o marketing viral pode ser considerado


publicidade enganosa ou abusiva. Ambos os conceitos estão no artigo 37
do CDC, que estabelece, in verbis:

Art. 37 - É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.

§ 1º - É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de


caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro
modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a
respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades,
origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços.

§ 2º - É abusiva, dentre outras, a publicidade discriminatória de qualquer


natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se
aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita
valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se
comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança.

§ 3º - Para os efeitos deste Código, a publicidade é enganosa por omissão


quando deixar de informar sobre dado essencial do produto ou serviço.

Segundo nosso ver, não seria possível falar em publicidade abusiva, vez
que não há regra geral, cunho discriminatório na técnica de marketing em
estudo. Talvez pudéssemos falar em publicidade enganosa, em razão da
omissão de uma importante informação, qual seja o fato de se tratar de
publicidade. O risco de adotar esse entendimento é ampliar o conceito de
publicidade enganosa.

No entanto, uma coisa é certa. Sem dúvidas, estamos diante de infração às


normas de defesa do consumidor, e, sendo assim, é possível a aplicação das
sanções administrativas previstas no artigo 56 do CDC.

Não há como negar a natureza infracional do marketing viral, que ofende


diretamente o princípio da identificação da publicidade.

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REGRESSÃO CAUTELAR
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Ao lado da progressão de regimes está a regressão. O artigo 33, § 2º do CP
traz, como regra geral, o cumprimento da pena de forma progressiva, de
acordo com o mérito do condenado.

A progressão de regimes deve ser compreendida como medida de política


criminal cujo objetivo principal é incentivar o condenado durante o
cumprimento da pena que lhe fora imposta.

De outro lado, está a regressão de regimes, instituto regulado pela LEP (Lei
de Execução Penal), em seu artigo 118, in verbis:

Art. 118 - A execução da pena privativa de liberdade ficará sujeita à forma


regressiva, com a transferência para qualquer dos regimes mais rigorosos,
quando o condenado:

I - praticar fato definido como crime doloso ou falta grave;

II - sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da


pena em execução, torne incabível o regime (Art. 111).

§ 1º - O condenado será transferido do regime aberto se, além das hipóteses


referidas nos incisos anteriores, frustrar os fins da execução ou não pagar,
podendo, a multa cumulativamente imposta.

§ 2º - Nas hipóteses do inciso I e do parágrafo anterior, deverá ser ouvido,


previamente, o condenado.

Há de se compreender que o regime de cumprimento da pena é fixado na


sentença penal condenatória, sendo admitida, pelo ordenamento jurídico
brasileiro a transferência do condenado a regime mais severo. No entanto, é
indispensável que a ele se confira o direito de defesa. Note-se que a defesa
técnica não é suficiente, sendo indispensável a sua prévia audição, nos
termos do § 2º da norma supracitada.

Sendo assim, não há como falar em regressão cautelar, cabendo ao


magistrado ouvir o condenado antes de determinar a sua regressão para o
regime mais gravoso.

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Conceitos jurídicos

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CONSTITUIÇÃO CESARISTA
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A constituição se classifica, dentre vários elementos que a caracterizam,
quanto a sua origem ou processo de positivação. Neste caso, a constituição
será promulgada, criada através de um órgão constituinte composto de
representantes do povo, eleitos para o fim de elaborá-la, ou outorgada, isto
é, originada através de ato de força, imposta.

A Constituição Cesarista (ou Mistificada) não se enquadra em nenhuma das


subclassificações de uma constituição quanto à sua origem, retratando um
modelo de origem particular. Isto porque esta constituição é formada por
plebiscito popular sobre um projeto elaborado por um Imperador, ex.
plebiscitos napoleônicos ou por um ditador, ex. plebiscito de Pinochet, no
Chile. A participação popular, nesses casos, não é democrática, pois visa
somente ratificar a vontade do detentor do poder, sendo assim pode ser
considerado um tipo de outorga (são impostas e ratificada pelo povo por
meio de plebiscito para dar aparência de legítima).
(Disponível em http://civilex.vilabol.uol.com.br/pagina51.htm)

Noutro falar, a constituição cesarista é "eleita" pelo povo, por meio de um


plebiscito ou de um referendum, no qual um ditador monopoliza o aparelho
estatal, manipulando a votação com vista a legitimar o seu poder e
apresentar aos seus súditos uma constituição unilateralmente elaborada,
imposta, caracterizada como outorgada, mas em vestes de constituição
promulgada.

A denominação cesarista quer significar "a forma de exercício do poder


político na qual o governante busca perpetuar-se no poder sem infringir a
lei, mas burlando-a. A palavra cesarismo vem, evidentemente, de César. O
governo cesarista nem sempre é mau; o que o torna irregular é a ânsia da
perpetuidade em fraude à lei, a exemplo da aesymnetia grega, também
denominada tirania. Quando o cesarismo enseja o favorecimento de
poucos, em detrimento dacoletividade, temos o nepotismo (de nepote,
parente)".
(Disponível em http://www.dji.com.br/dicionario/ditadura.htm)

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PRINCÍPIO DO FAVOR REI
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No Direito Penal o instituto do "favor rei" (em favor do acusado) quer
significar que, na dúvida, decide-se em favor dele:

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Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva,


desde que reconheça:

I - estar provada a inexistência do fato;

II - não haver prova da existência do fato;

III - não constituir o fato infração penal;

IV - não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal;

V - existir circunstância que exclua o crime ou isente o réu de pena (arts.


17, 18, 19, 22 e 24, § 1o, do Código Penal);

VI - não existir prova suficiente para a condenação.

Fernando da Costa Tourinho Filho, citado por Mirabete, explica que pelo
princípio do favor rei (ou favor inocentiae, ou favor libertatis), num
conflito entre o jus puniendi do Estado e o jus libertatis do acusado, deve a
balança inclinar-se a favor deste último.
(TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo Penal. São Paulo: Javoli, 1980, v. 1, p. 69)

Isso significa que, na dúvida, sempre prevalece o interesse do acusado


(indubio pro reo). Por isso a própria lei prevê a absolvição por insuficiência
de prova; a proibição da reformatio in pejus; os recursos privativos da
defesa, como o protesto por novo júri, os embargos infringentes ou de
nulidade, a revisão criminal, o princípio do estado de inocência etc.
(MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo Penal. 18ª edição. São Paulo: Atlas, 2008, p. 31)

Como ensina o mestre italiano Giuseppe Bettiol, "numa determinada


óptica, o princípio do favor rei é o princípio base de toda a legislação
processual penal de um Estado inspirado, na sua vida política e no seu
ordenamento jurídico, por um critério superior de liberdade. Não há,
efectivamente, Estado autenticamente livre e democrático em que tal
princípio não encontre acolhimento. (...) No conflito entre o jus puniendi do
Estado por um lado e o jus libertatis do argüido por outro, a balança deve
inclinar-se a favor deste último se se quer assistir ao triunfo da liberdade."
(Instituições de Direito e Processo Penal. Tradução de Manuel da Costa Andrade. Coimbra: Editora LDA., 1974, p.
295)

Portanto, por meio de tal princípio, havendo conflito entre o direito de


punir do Estado e o direito de liberdade do acusado, prevalecerá este
último, pois a dúvida sempre beneficia o acusado (in dubio pro reo).

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NULIDADE VIRTUAL
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Primeiramente, cabe-nos partir de uma premissa: as invalidades, sejam elas
nulidades absolutas ou relativas, em geral, pressupõem texto de lei. Aqui
estão compreendidas as nulidades textuais, clássicas do ordenamento
jurídico brasileiro.

Porém, a doutrina defende a existência da nulidade virtual quando a própria


norma não traz sanção expressa ao seu descumprimento. O professor
Orlando Gomes afirma que nulidade virtual é "implícita, decorrente da
função da norma jurídica e não do texto sancionatório expresso".
(GOMES, Orlando. Introdução ao direito civil. 12ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1996. p. 473.).

Nos dizeres de Venosa, é a nulidade "implícita no ordenamento,


depreendendo-se da função da norma na falta de sanção expressa". Porém,
o mestre completa seu pensamento advertindo que a "determinação das
nulidades virtuais é custosa, pois não existe critério seguro, de ordem geral,
a autorizar sua conclusão".
(VENOSA, Sílvio de Salvo. Disponível em http://xoomer.alice.it/direitousp/curso/civil39.htm)

Fecharemos com a didática explicação do professor Marcos Bernardes de


Mello, para quem a nulidade virtual "resulta da violação de norma jurídica
cogente, proibitiva ou impositiva, que seja silente quanto à sanção da
nulidade e que não defina outra espécie de sanção para o caso de ser
transgredida".
(BERNARDES DE MELLO, Marcos. Teoria do fato jurídico: plano da validade. 6ª ed. São Paulo: Saraiva, 2004,
p.93).

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REDUÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO
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Trata-se de forma de aproveitamento do ato ou negócio jurídico, onde o
juiz deve extirpar, sempre que possível, a cláusula inválida, mantendo as
demais.

Encontra-se previsto em nosso ordenamento no artigo 184 do Código Civil,


que informa: "Respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um
negócio jurídico não o prejudicará na parte válida, se esta for separável; a
invalidade da obrigação principal implica a das obrigações acessórias, mas
a destas não induz a da obrigação principal".

Advém do princípio da conservação, o qual orienta o magistrado a, sempre


que possível, aproveitar, manter, ou seja, conservar o negócio portador de
invalidades, via aplicação de medidas sanatórias. Visa à proteção da
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Conceitos jurídicos

expectativa das partes diante da impossibilidade de produção de efeitos do


ato ou negócio jurídico.

O princípio da conservação, como salienta Antônio Junqueira de Azevedo:


"consiste, pois, em se procurar salvar tudo que é possível num negócio
jurídico concreto, tanto no plano da existência, quanto da validade, quanto
da eficácia. Seu fundamento prende-se à própria razão de ser do negócio
jurídico; sendo este uma espécie de fato jurídico, de tipo peculiar, isto é,
uma declaração de vontade (manifestação de vontade a que o ordenamento
jurídico imputa os efeitos manifestados como queridos), é evidente que,
para o sistema jurídico, a autonomia da vontade produzindo auto-
regramentos de vontade, isto é, a declaração produzindo efeitos, representa
algo juridicamente útil".
(AZEVEDO, Antonio Junqueira de. Negócio Jurídico - Existência, validade e eficácia. 4ª ed. Rio de Janeiro: Saraiva,
2002, p. 66).

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COISA JULGADA PROGRESSIVA
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Discussão capitaneada pelo mestre Barbosa Moreira que, seguido por
Humberto Theodoro Júnior defende a existência da coisa julgada
progressiva. De forma simples, trata-se da coisa julgada que se forma ao
longo do processo, em razão de existência de recursos parciais.

Partindo desta premissa, entende-se possível surgirem, no transcorrer do


processo, várias coisas julgadas, cada qual, relacionada a um capítulo da
sentença, o que, via de conseqüência, autorizaria o ajuizamento de ações
rescisórias sucessivas. Em outras palavras, em razão da resolução parcial
do mérito, a coisa julgada se formaria ao longo do processo,
progressivamente.

Exemplificando. Suponhamos que, no caso de procedência parcial do


pedido do autor, esse não recorra, mas o réu o faça, visando reverter a parte
da decisão que lhe fora desfavorável. Nessa hipótese, para grande parte da
doutrina, o trânsito em julgado de cada um destes capítulos da sentença
ocorrerá em momentos distintos, o que revela a coisa julgada progressiva.

Embora já pacificado na doutrina, o tema ainda causa divergência nos


tribunais pátrios. De acordo com o entendimento firmado pelo STJ, em
havendo um único processo e uma única sentença, não há de se falar em
coisa julgada material progressiva, posto que a imutabilidade dela
decorrente apenas se caracteriza quando do trânsito em julgado da última
decisão (REsp 415.586/DF, 2ª Turma, DJ 09.12.2002).

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Conceitos jurídicos

Diante da aceitação do instituto, uma nova polêmica o envolve: quando se


inicia o prazo para a propositura da ação rescisória?

A doutrina e a jurisprudência, mais uma vez, não entram em acordo.

Para a doutrina, como são varias coisas julgadas, deve-se reconhecer a


existência de vários prazos para a rescisória. O TST (Tribunal Superior do
Trabalho) se filia a esta posição, considerando que a contagem do prazo se
dá separadamente, conforme se verifica a ocorrência de cada coisa julgada,
o que pode ocorrer em momentos e Tribunais diferentes.

Tal entendimento está consubstanciado na Súmula 100, II do TST:


"Havendo recurso parcial no processo principal, o trânsito em julgado dá-se
em momentos e em tribunais diferentes, contando-se o prazo decadencial
para a ação rescisória do trânsito em julgado de cada decisão, salvo se o
recurso tratar de preliminar ou prejudicial que possa tornar insubsistente a
decisão recorrida, hipótese em que flui a decadência a partir do trânsito em
julgado da decisão que julgar o recurso parcial".

Em contrapartida, o STJ entende que o prazo deve ser único, contando-se a


partir do trânsito em julgado da decisão final.

Realmente, um tema bastante delicado, que merece toda a nossa atenção.

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PRINCÍPIO DA JUSTEZA
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Inicialmente, trabalharemos com o significado da palavra Justeza. Na
língua portuguesa, é a qualidade do que é justo, exato, preciso, certo
(www.workpedia.com.br). Na física, significa a propriedade de uma
balança analítica que permanece equilibrada quando são colocados pesos
iguais em seus pratos.
(http://www.fcfrp.usp.br).

No Direito Constitucional, o Princípio da Conformidade Funcional, ou


Princípio da Justeza, como cita Canotilho, afirma que cada Poder deve agir
conforme a função que lhe foi atribuída.
(CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional. 6ª ed. Coimbra: Almedina, 1996).

Trata-se de princípio hermenêutico da Constituição que foi criado com o


intuito de evitar que órgãos encarregados da interpretação constitucional
subvertam o esquema organizatório-funcional estabelecido pela
constituição. Ou seja, em sede de concretização da constituição, impede a
alteração da repartição de funções constitucionalmente estabelecidas.

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Conceitos jurídicos

(CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição. 4ª ed. Coimbra: Almedina,
2000).

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REVOGAÇÃO POR NORMAÇÃO GERAL
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Revogar significa retirar a validade de uma norma, por meio de uma outra
norma. Partindo desta premissa, vê-se que a norma revogada deixa de
integrar a ordem jurídica, perdendo, assim, sua vigência.

São várias as modalidades de revogação. Dentre elas, destacam-se:


a) revogação expressa, que se caracteriza quando a nova lei indica
expressamente o que será revogado;
b) revogação tácita, que se dá quando a norma revogadora é implícita e a
revogação se revela como resultado da incompatibilidade entre ela e a
anterior;
c) revogação de fato, que se verfica quando a norma cai em desuso.

Fala-se, ainda, em revogação global ou ab-rogação, isto é, a lei posterior


revoga todo o diploma anterior. Por fim, a revogação parcial (derrogação),
ou seja, aquela em que a norma posterior revoga parcialmente a anterior.

Em qual destas hipóteses é possível falar em revogação por normação


geral?

Trata-se de espécie de revogação tácita. Assim, fala-se em revogação por


normação geral na hipótese de a norma posterior regular inteiramente a
matéria tratada na anterior.

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TEORIA DA VERIFICAÇÃO IN STATU ASSERTIONIS
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A palavra latina assertionis significa afirmação, alegação, argumentação.
Nesse sentido, a expressão in sutatus assertionis, quer dizer à luz da
afirmação. A Teoria da Verificação in status assertionis pode também ser
denominada Teoria da Prospettazione (prospecção) ou, ainda, Teoria da
Asserção, tratada no Direito Processual Civil.

Para melhor entendimento, faz-se necessária uma breve explanação acerca


das teorias aplicadas ao Direito de Ação. Destacam-se quatro correntes
doutrinárias, a saber: Teorias Concretista, Abstrativista, Mista ou Eclética e
a Teoria da Asserção.

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Conceitos jurídicos

Na Teoria Concretista, acredita-se que o direito de ação pertence a quem é


o possuidor do direito material. Ou seja, "a ação seria o direito de se obter
em juízo uma sentença favorável".
(CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2004, Vol. I, 10ª ed.,
p. 115).

Aqui, falar em condições da ação significa tratar das condições a um


julgamento favorável, logo, traduzem questões de mérito, relativas ao
acolhimento ou não do pedido.

A Teoria Abstrativista defende que o direito de ação é o direito ao


processo, ao provimento jurisdicional, independentemente do resultado da
causa. Neste sentido, os defensores desta corrente não falam em condições
da ação.

Já para a Teoria Eclética, adotada pelo Código de Processo Civil vigente e


desenvolvida por Liebman, o direito de ação representa o direito a um
julgamento de mérito, seja ele favorável ou não. Nesse diapasão, o direito
de ação fica restrito ao atendimento das condições da ação, sem as quais
não se faz possível o exame de mérito.

Essa doutrina defende que a análise dessas condições pode ser realizada a
qualquer tempo, podendo, inclusive, serem preenchidas em momento
superveniente ao da propositura da ação. Ademais, há uma grande
dificuldade em diferenciar as condições da ação de seu próprio mérito, até
mesmo possibilitando a necessidade de produção de prova para sua análise
(DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil. Bahia: jusPodivm, 2008, Vol.1, 9ª ed., p.172).

Na tentativa de solucionar os problemas decorrentes da simples leitura do


texto normativo, foi criada uma nova teoria, na esteira dos ensinamentos de
Liebman, mas que dá nova interpretação ao Código de Processo Civil. Para
seus doutrinadores, as condições da ação devem ser aferidas pelo
magistrado apenas da simples leitura da exordial, sem adentrar na análise
do caso, sob pena de apreciação meritória. Aqui, "o que importa é a
afirmação do autor, e não a correspondência entre a afirmação e a
realidade, que já seria problema de mérito"
(MARINONI, Luiz Guilherme. Novas linhas do processo civil. São Paulo: Malheiros, 1999, 3ª ed., p.212).

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DOLO NEGATIVO
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A palavra dolo significa ação praticada com a intenção de violar direito
alheio.
(Dicionário Melhoramentos da Língua Portuguesa. Melhoramentos: São
Paulo, 1994, p. 345).
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Conceitos jurídicos

Noutro falar, o dolo consiste em artimanha, artifício, encenação, astúcia,


com o intuito de induzir alguém a realizar algo em seu proveito.

Em Direito Civil, dolo é uma espécie de vício de consentimento,


caracterizada na intenção de prejudicar ou fraudar um outro. É o erro
induzido, ou proposital. Má-fé.

(...)

Em Direito Penal, por sua vez, dolo é um elemento subjetivo dos tipos,
caracterizado pela vontade livre e conciente de praticar uma conduta
descrita em uma norma penal incriminadora. Uma ação dolosa, por si só,
não pressupõe a existência de um crime, pois faz-se necessária a constação
de que a conduta era ilícita (não estar amparada em nenhuma excludente de
ilicitude/anti-juridicidade), e o agente culpável (inexistir qualquer eximente
de culpabilidade).

Segundo a redação do Código Penal (artigo 18, inciso I), é dolosa uma ação
quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo.
(Wikipédia. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Dolo.)

O dolo negativo ou omissivo consiste no silêncio ou na preterição de


informação, ou seja, é a ausência proposital de ação para incutir falsa idéia
a alguém. O silêncio intencional de uma das partes sobre fato relevante ao
negócio também constitui dolo (RT 634/130).

O artigo 147 do Código Civil assim dispõe sobre o dolo negativo:

Art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma


das partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado,
constitui omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria
celebrado.

O silêncio intencional de um dos contraentes sobre a circunstância de se


achar insolúvel, e, portanto, em situação absoluta impossibilidade de
cumprir a obrigação de pagar o preço, vicia o consentimento de outro
contratante, que não teria realizado o negócio se estivesse ciência do fato,
configurando omissão dolosa, que torna o contrato passível de anulação
(RT 545/198).

Esse instituto jurídico apresenta como requisitos a intenção de levar o outro


contratante a se desviar de sua real vontade, induzindo-o a erro; o silêncio

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Área Jurídica
Conceitos jurídicos

sobre uma circunstância ignorada pela outra parte; a relação de causalidade


entre omissão intencional e a declaração volitiva; e, ser a omissão do
próprio contraente e não de terceiro.

Ademais, essa espécie de dolo se assemelha à dissimulação. Segundo


Nelson Hungria, a dissimulação "é a ocultação da intenção hostil, para
acometer a vítima de surpresa. O criminoso age com falsas mostras de
amizade, ou de tal modo que a vítima, iludida, não tem motivo para
desconfiar do ataque e é apanhada desatenta e indefesa".
(Disponível em http://www.soleis.adv.br/sentencapronunciahomicidiotorpedissimulacao.htm)

Em suma, o dolo negativo ou dolo de consciência é uma manobra astuciosa


que constitui uma omissão dolosa ou reticente para induzir um dos
contratantes a realizar o negócio. Ocorre quando uma das partes oculta algo
que a outra deveria saber e, se sabedora, não teria efetivado o ato negocial.
Esse tipo de dolo acarretará anulação do ato se o dolo for principal,
acatando-se o princípio da boa-fé objetiva.
(Disponível em http://www.tudodireito.com.br/cesmac/codigocivilcomenta2.doc)

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