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A nova partícula quark e o Prof

Wagner Bertolini: Depois da


‘partícula de Deus’, cientistas
descobrem o pentaquark

Uma ilustração de uma configuração possível de quarks em uma


partícula pentaquark

Cientistas que trabalham no Grande Colisor de Hádrons (LHC, na sigla em


inglês) – um acelerador de partículas gigantesco que fica na fronteira entre a
França e a Suíça – anunciaram a descoberta de uma nova partícula, batizada
de pentaquark.

A primeira previsão da existência do pentaquark foi feita na década de 1960,


mas, assim como o Bóson de Higgs (ou “partícula de Deus”), os cientistas
não conseguiram detectar o pentaquark durante décadas.

Em 1964, dois físicos, Murray Gell-Mann e George Zweig, propuseram,


separadamente, a existência de partículas subatômicas conhecidas como
quarks.
As teorias deles afirmavam que as propriedades mais importantes de
partículas conhecidas como bárions e mésons poderiam ser melhor
explicadas se, na verdade, elas fossem formadas por partículas ainda
menores. Zweig chamou estas partículas menores de “ases”, um nome que
não ficou muito popular.

Gell-Mann as chamou de “quark”, o nome pelo qual elas são conhecidas


hoje.

O modelo proposto pelos cientistas também permitiu a descoberta de outros


estados dos quarks, como o pentaquark. Esta partícula – antes puramente
teórica – é composta de quatro quarks e um antiquark (o equivalente em
antimatéria de um quark comum).

O anúncio é o equivalente à descoberta de uma nova forma de matéria e foi


divulgado na revista especializada Physical Review Letters.

Descobertas

Durante a primeira década dos anos 2000, várias equipes de cientistas


alegaram ter detectado os pentaquarks, mas estas descobertas foram
questionadas por outros experimentos.

“Existe uma história e tanto com os pentaquarks, por isso estamos sendo
muito cuidadosos ao apresentar esta pesquisa”, afirmou à BBC Patrick
Koppenburg, físico coordenador do LHC no Cern, o laboratório europeu de
pesquisas nucleares, na fronteira franco-suíça.

“É só a palavra ‘pentaquark’, que parece ser amaldiçoada de alguma forma,


pois foram feitas muitas descobertas que, em seguida, foram superadas por
novos resultados que mostravam que as anteriores eram, na verdade,
flutuações, e não sinais verdadeiros (da existência da partícula)”,
acrescentou.
Os físicos estudaram a forma como uma partícula subatômica, a Lambda b,
se transformou em outras três partículas dentro do Grande Colisor de
Hádrons. A análise revelou que estados intermediários estavam envolvidos,
em algumas ocasiões, na produção das três partículas.

Estes estados intermediários foram chamados de Pc (4450)+ e Pc (4380)+.

“Examinamos todas as possibilidades para estes sinais e concluímos que eles


só podem ser explicados (pela existência) dos estados (de matéria)
pentaquark”, afirmou o físico do LHC Tomasz Skwarnicki, da Universidade
de Syracuse, nos Estados Unidos.

Experiências anteriores tinham medido apenas a chamada distribuição de


massa, na qual um pico estatístico pode aparecer contra o ruído de fundo,
um possível sinal da existência de uma nova partícula.

Mas, o colisor permitiu que os pesquisadores analisassem os dados de outras


perspectivas, principalmente os quatro ângulos definidos pelas direções
diferentes das trajetórias das partículas dentro do LHC.

“Estamos transformando este problema de (um problema) de uma dimensão


em um de cinco dimensões… conseguimos descrever tudo o que acontece na
transformação (da partícula Lambda b)”, afirmou Koppenburg, que
identificou os primeiros sinais em 2012.

“Não tem como o que vimos ser devido a qualquer outra coisa que não a
adição de uma nova partícula que não tinha sido observada antes.”

“O pentaquark não é apenas uma nova partícula qualquer… Representa uma


forma de agregar quarks, os principais componentes dos prótons e nêutrons
comuns, em um padrão que nunca foi observado antes em mais de 50 anos
de buscas experimentais”, afirmou Guy Wilkinson, porta-voz do LHC.
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quark-depois-da-particula-de-deus-cientistas-descobrem-o-pentaquark/

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