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brasil

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ÍNDICE

brasil

A Revista de Negócios do Aço

6 CONJUNTURA
Nem tão bem, nem
tão mal: a indústria
automobilística brasileira
está passando por um
período de ajustes.
Foto: Divulgação Ford

36 ENTIDADES
4 Fora,
EDITORIAL 40 SUSTENTABILIDADE
baixo astral!
29 CONSTRUÇÕES METÁLICAS
Wtorre entrega ciclopassarela em SP. Estruturas 43 AUTOPEÇAS
12 PROCESSOS
A diferença entre aplainadoras,
metálicas e aços galvanizados foram utilizados
na obra.
44 OOPINIÃO
desempenadeiras e endireitadeiras custo Brasil tira a competitividade
da empresa nacional
Foto: Divulgação

METAL MECÂNICA
18 A análise de falhas: Parte 1
46 Brasil
VISÃO
em marcha à ré
ENTREVISTA
24 Tecnologia com sensibilidade 47 CLIPPING
ambiental

ARTIGO TÉCNICO 48 EVENTOS


26 Metais recuperados com eficiência
52 ESTATÍSTICAS
30 RESULTADOS
OPINIÃO
56 EMPRESAS & NEGÓCIOS
32 Grandes desafios para as empresas 58 ANUNCIANTES
MA I O/2014 SIDERUR GIA BRASIL N O 102 3
EDITORIAL

HENRIQUE ISLIKER PÁTRIA EDITOR RESPONSÁVEL

assamos por um momento particularmente mesmo período do ano passado, e os da Gerdau, também
especial na vida brasileira e nas nossas vidas no primeiro trimestre, cresceram 175%.
em particular. Não que tudo o que vivemos No entanto, há um inconsciente coletivo de negatividade
hoje seja novidade, porém há algo diferen- pairando no ar na boca de quase todas as pessoas. Está difícil
te que deve ser considerado. De um lado, se encontrar pessoas cuja resposta seja “está tudo bem!”. É notório
analisarmos matematicamente os números que a maioria dos brasileiros está totalmente desapontada com
disponíveis, veremos que a situação, de um modo geral os rumos políticos do país e com as inúmeras denúncias de si-
em quase todos os setores da economia, é pelo menos tuações e inacreditáveis valores envolvidos em desmandos,
parecida aos anos anteriores – não há nada absurdamen- desvios e corrupção. Há ainda todos os problemas de educa-
te diferente. Por exemplo, a indústria automobilística, que ção, saúde e outros que são permanentes em nosso país.
é um parâmetro forte para o Brasil, divulgou É certo também que todo cidadão de bem
seus números relativos ao período entre janei- está incomodado com esta situação, e com o
ro e abril e mostrou um recuo próximo de 5%, desejo de fazer o possível para tudo mudar.
que era perfeitamente previsível ante a retira- Não falo aqui de nomes, candidatos ou parti-
da de alguns subsídios fiscais como IPI. Mas a dos, mas da postura da sociedade civil contra
mesma Anfavea divulgou que foi o segundo tudo isso. Não adianta mudar A, B ou C, se não
melhor mês de abril em toda a história da enti- houver a criação de mecanismos totalmente
dade desde a sua criação e ela ainda mantém apartidários, que pensem primeiramente no
a expectativa de crescimento no número de Brasil e nos brasileiros, com mudanças de filo-
emplacamentos em relação ao ano passado sofia, de comportamento e de atitudes.
na casa dos 2% a 3%. Com certeza, dada à importância des- No entanto, podemos mudar já o nosso comportamen-
se setor no cenário econômico, o atual momento de difi- to e o planejamento em relação ao nosso futuro. Se quiser-
culdades e incertezas será rapidamente substituído por um mos construir um ambiente mais favorável para nossas vi-
novo período de prosperidade. das é tempo de dar um basta no pessimismo e encararmos
Já nas estatísticas do setor de distribuição de aço, os as situações como elas realmente estão, e trabalharmos
números mostram que as distribuidoras apontaram no para a melhora do quadro, dentro de nossa casa, de nossa
trimestre para um crescimento de 12,3% nas vendas em empresa, de nosso ambiente. Fora, baixo astral!
relação ao ano passado. Também nos chega a notícia de Creio que cabe a nós a construção de nossos próprios
que os resultados da CSN, no primeiro trimestre deste cenários.
ano, apresentaram um crescimento acima de 220% ante o Boa leitura!

EXPEDIENTE

Coordenador Geral: Henrique Is- Projeto Editorial: Grips Editora/ refletem necessariamente a opinião
liker Pátria/Diretora Executiva: Edição de Arte / DTP: Ana Carolina dos editores.
Maria da Glória Bernardo Isliker/ Ermel de Araujo
TI: Vicente Bernardo/Administrati- TODOS OS DIREITOS RESERVADOS
Capa: Criação: André Siqueira
vo: Supervisora: Maria Rosangela Fotos: Divimec Rua Cardeal Arcoverde 1745 – conj.
Edição 102 - ano 15 - Maio 2014 de Carvalho/Editor e Jornalista Impressão: Ipsis Gráfica e Editora 111 – São Paulo-SP – CEP 05407-
Siderurgia Brasil é uma publicação Responsável: Henrique Isliker Pá- 002 – Tel.: +55 11 3811-8822
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CONJUNTURA
Fotos: Divulgação Ford

Nem tão bem, nem tão mal


É fato que a indústria automobilística brasileira, num pós-boom de crescimento, não vive, hoje, um
dos seus melhores momentos. Mas, segundo os especialistas, isso é parte de um ciclo natural de
acomodação que, no entanto, ainda vai demorar um pouco para se fechar.

rise? Não, segura- principais montadoras do país quência dos fracos resultados de
mente esse não é de janeiro para cá – e que acen- março, obtidos por meio de uma
o caso do momen- deram a luz amarela no setor de conjunção nada virtuosa de um
to atual vivido pela siderurgia – seria “acomodação”, mercado interno retraído, aliado
indústria automo- face um quadro conjuntural de à queda de exportações em to-
bilística brasileira. estagnação de mercado. dos os segmentos de veículos:
Na verdade, o termo mais corre- Em março, a Associação Na- carros e comerciais leves, cami-
to para definir a correta motiva- cional dos Fabricantes de Veí- nhões e ônibus. No dia 9 de maio,
ção das notícias sobre cortes de culos Automotores (Anfavea) as tais quedas foram acentuadas
pessoal, programas de demissão anunciou que a produção do ainda mais com a divulgação dos
voluntária, férias coletivas e de setor teve queda de 8,4% sobre resultados de abril da indústria
subsequentes quedas de produ- o mesmo período de 2013, para automobilística feitos pela enti-
ção e vendas veiculadas pelas 789,9 mil unidades, como conse- dade, dando conta de um recuo

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de 21,4% e de 12,1% Foto: Divulgação Anfavea
tade para anunciar mente, em maio, o resultado das
na produção de au- a manutenção das vendas de tratores, colheitadeiras,
toveículos montados projeções de cres- cultivadores e retroescavadeiras
e no licenciamento cimento na venda, realizado em abril, que foi de 6.057
total de autoveículos produção e exporta- veículos”, registrou.
novos, respectiva- ção de veículos para Quanto ao nível de emprego
mente, no compara- este ano. A entidade no setor, o presidente da Anfavea
tivo entre os meses prevê, até o final de enfatizou que a queda registrada
de abril de 2014 e 2014, uma alta de no mês de abril ficou dentro do
abril de 2013. Luiz Moan Yabiku Júnior, 1,1% nos licencia- esperado. Houve redução de 0,8%
Essa leitura, que presidente da Anfavea mentos, aumento de nos postos de trabalho, na com-
poderia causar arre- 1,4% na produção de paração com março. “Em relação a
pios e ainda mais preocupação veículos e alta de 1,6% nas expor- abril de 2013, foi registrada que-
entre os fornecedores de aço e tações. Para Moan, esses números da de 1,1%. E vale lembrar que as
configurar um quadro tenden- são mais que otimistas: “As previ- reduções são reflexo de progra-
ciosamente críticos, parece mais, sões não se refazem, tendo em vis- mas de demissões voluntárias de
entretanto – como diria Albert ta a volatilidade. O exemplo mais trabalhadores aposentados ou
Einstein –, uma questão pura e clássico são as exportações, que em fase de pré-aposentadoria. O
simples de relatividade. Explican- tiveram crescimento de 61,3% em emprego no setor automotivo é
do melhor, tem a ver mais com as abril, na comparação com março”, extremamente qualificado, resul-
bases utilizadas para se fazer tais pontuou o executivo na ocasião. tado de grande investimento em
comparações. No encontro, o presidente da treinamento. As empresas da An-
Tanto é assim que na mesma Anfavea destacou também o de- favea farão de tudo para não des-
reunião com a imprensa realizada sempenho de venda de máquinas perdiçar esse investimento, usan-
no dia 9 de maio, a Anfavea en- agrícolas durante a feira Agrishow, do todos os mecanismos possíveis
controu motivos para comemorar promovida entre os dias 28 de para manter o nível de empregos”,
o crescimento de 21,8% na ven- abril e 2 de maio, em Ribeirão Pre- fez questão de sublinhar.
da de veículos novos em abril, to, interior do estado de São Paulo. No encontro com a Imprensa,
na comparação com março. Em “A mostra, que é um termômetro o presidente da Anfavea reiterou
função disso, também, Luiz Moan do mercado, foi um verdadeiro su- que o Imposto sobre Produtos In-
Yabiku Júnior, o presidente da An- cesso para o setor, e deverá contri- dustrializados (IPI) para automó-
favea, sentiu-se totalmente à von- buir para amplificar significativa- veis deve sofrer aumento a partir
CONJUNTURA

de 1º de julho. Ainda segundo alentadora para o setor. “O fatura- de impactos. “E há, também, a
ele, o setor aguarda também a mento medido é em valores no- questão da Argentina, principal
conclusão das negociações do minais, sem desconto da inflação destino das exportações brasilei-
governo brasileiro com a Argenti- ou variação cambial, em relação ras de veículos e de autopeças,
na, sobre o acordo entre os dois ao mesmo período do ano pas- que enfrenta uma séria e prolon-
países referente à exportação. “Es- sado, não significando, portanto, gada crise. Além disso, o déficit
tamos na tratativa essa questão crescimento real. Além disso, os comercial de autopeças não para
com o governo brasileiro, bem dados foram projetados no final de aumentar, o que pode signi-
como a da seletividade do crédi- de fevereiro e as circunstancias fica perda de participação de
to. O governo está negociando do ano têm variado com rapidez, mercado das autopeças nacio-
com setor bancário. Estamos tra- infelizmente para o lado nega- nais em relação às autopeças im-
balhando para que isso ocorra o tivo, significando que essa esti- portadas, cuja previsão para este
mais rápido possível”, concluiu. mativa será certamente revisada, ano é de saldo negativo de US$
considerando-se também as já 10 bilhões”, destaca Butori.
ENQUANTO ISSO, NO SE- anunciadas paradas de produção Para que tudo isso não pro-
TOR DE AUTOPEÇAS... das montadoras”, afirma Paulo voque abalos severos no nível de
A teoria da relatividade na Butori, presidente da entidade. emprego, o Sindipeças tem con-
comparação de fontes e dados Ainda segundo ele, outros fa- versado com o governo para que
ganha força, só que na di- tores desdouram a construção de seja criada maior flexibilidade
reção inversa, quando se uma visão mais otimista de futu- nas relações de trabalho, como
Foto: Companhia de Imprensa

considera o posicionamen- ro para as autopeças brasileiras, Paulo Butori exemplifica no box


to da indústria de autope- como é o caso do agravamento desta reportagem. Trata-se do
ças. Apesar de a previsão do ambiente macroeconômico modelo alemão “Kurzarbeit”, em
de faturamento deste ano brasileiro – com a redução de que sempre que um setor tem
feita pelo Sindicato Nacio- crédito, o aumento dos juros e redução drástica de vendas, em
nal da Indústria de Com- a inflação em alta –, somado ao vez de dispensar seus trabalha-
ponentes para Veículos já propalado aumento gradual dores, as empresas os mantêm
Automotores (Sindipeças) do IPI dos automóveis, ao qual o em jornada de trabalho reduzida.
indicar crescimento de Paulo Butori, presidente do mercado automobilístico inter- “Elas pagam metade do salário
5,5% em reais, a cifra não é Sindipeças no certamente não ficará imune e o governo paga um percentu-
al da outra metade. Superado o
problema, tudo volta ao normal,
com ganhos para todos”, elucida
o presidente do Sindipeças.

AUSÊNCIA DE DIÁLOGO
Verdade seja dita, o vigoroso
crescimento da indústria automo-
bilística brasileira ao longo dos
últimos anos talvez tenha sido,
realmente, a mola propulsora do
atual momento de estagnação
– ou de readequação, como titu-
lam alguns analistas econômicos
que preferem pegar mais leve
Foto: Robson Sousa

na questão – vivenciado atual-


mente pelo setor. “Na realidade,
o setor automobilístico cresceu

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preenchendo sua capa- que vinha apresentando de 2006 de ‘concessões’ e com um delay
cidade ociosa, num pro- para cá. Quando se produz 4 mi- de alguns anos”, observa.
cesso que vem desde o lhões de carros num ano, é o que Como subproduto inconve-
governo do Fernando acontece. Haverá redução das niente da demora para as obras
Henrique. Quando o vendas, sim, e até algumas de- saírem do papel, os automóveis
Lula assumiu a presidên- missões. Mas trata-se de uma si- passaram a ser considerados os

Foto: Instituto Mauá


cia, o setor operava com tuação muito longe de poder ser vilões da história. “Produzir mais
uma capacidade ociosa considerada uma tendência ou veículos e mesmo comprar um
de 30%: podia produzir de uma crise propriamente dita. carro se tornaram hábitos quase
3 milhões de veículos, Prof. Ricardo Balistiero, São anos de acomodação, só isso”, antipatrióticos, porque o consu-
e estava produzindo 2,1 Instituto Mauá de Tecnologia tranquiliza. midor não prestigia o transporte
milhões. E quando você Ainda segundo o docente público, contribui com a poluição
cresce em cima da capacidade do Instituto Mauá, o embrião do e com o excesso de trânsito nas
ociosa, volta a investir. Tanto que problema foi a ausência de uma cidades, quando, na realidade, o
hoje nossa capacidade de pro- discussão precoce e mais ampla cidadão é a parte mis fraca desse
dução é superior a 4 milhões de sobre o tema, envolvendo gover- processo. Comprar um carro é um
veículos”, ensina o Prof. Ricardo no, indústria e sociedade. De seu direito dele, assim como produzir
Balistiero, economista e coorde- lado, o governo demorou muito mais é uma prerrogativa mais do
nador do curso de Administração para despertar para a inserção do que justa da indústria automo-
do Instituto Mauá de Tecnologia, capital privado nas obras de in- bilística, até porque existe um
defensor da tese da acomodação fra-estrutura – como as de aero- grande potencial de crescimento
e da ideia de que a situação atual, portos, ferrovias e as de rodovias a ser preenchido, uma vez que a
bastante pontual, deve prevale- e de melhoramento das malhas relação habitante/veículo é ainda
cer até o final de 2015. O porquê? urbanas –, o que só aconteceu muito baixa no Brasil, no compa-
Bem, ele explica que, atualmente, em 2013, na gestão da presiden- rativo com os países desenvolvi-
o Brasil está vivendo um ciclo de ta Dilma. “Para a gestão petista, dos. Então, essa é uma discussão
apertos monetários, com altas na os conceitos de lucro e de capital central que o governo deveria fa-
taxa Selic e na inflação. “Inflação é privado parecem estar ligados ao zer, mas não faz, permanecendo
menos renda, e juro alto é menos sentido de proibição, de pecado. afastado dela”, argumenta o Prof.
crédito. Como o setor automobi- Mas a presidenta conseguiu, fe- Balistiero. Para ele, as autoridades
lístico é movido aos dois, vai ser lizmente, realizar a privatização, poderiam agir positivamente no
difícil para ele retomar a pujança ainda que com o nome bonito sentido de estimular e reeditar
CONJUNTURA

discussões parecidas àquelas das em sua trajetória e reprisando


câmaras setoriais de vinte anos ligeiras quedas em seu desem-
atrás, que conseguiram redundar penho mensal até as
até em processos de moderniza- coisas melhorarem. A
ção de frotas, mas foram abando- bem da verdade, ela
nadas porque, nesse meio tem- mesma tem uma sig-
po, o setor voltou a crescer e os nificativa parcela des-
velhos problemas pareciam ter sa responsabilidade,
evaporado. porque, desde os tem-
Em outras palavras, a impres- pos do governo de Juscelino
são que se tem é de que todas Kubitschek, desenvolveu uma
as vezes em que surge um pro- cômoda, porém perversa, de-
blema, a preocupação principal pendência do governo, a fim
é identificar culpados e tentar de que este lhe apresentar
resolvê-los de maneira muito soluções, quando, na verda-
pontual, e não por meio de um de, poderia ser mais proativa
diálogo de longo prazo no que para encontrá-las. Basta a imi-
tange a questões como a con- nência de uma saia justa, que
quista de maior eficiência, de au- o governo sai rapidamente
mento da produtividade e de se em defesa do setor. Exemplo
ter um crescimento sustentável, relativamente recente disso
sem ter que se recorrer a medi- foi dado quando o governo
das tópicas para acomodar ciclos anunciou um aumento de 30
como este que a indústria auto- pontos percentuais no IPI de
mobilística vive atualmente. carros e caminhões importados, to: ela é altamente dependente
para favorecer a venda de pro- de ações de governo para dar sal-
DEPENDÊNCIA INCÔMODA dutos fabricados nacionalmen- tos à frente. Em vez disso, talvez
Por essas e por outras, não se te pelas principais montadoras fosse interessante que esse tipo
pode imputar ao governo toda multinacionais, numa deslavada de solução partisse da indústria
a culpa pelo fato de a indústria e anacrônica demonstração de in- em conjunto com os trabalha-
automobilística brasileira estar, tervencionismo protecionista. dores, envolvendo o governo,
hoje, numa espécie de ringue de “A indústria automobilística e não simplesmente esperando
patinação, descrevendo círculos brasileira ainda falha nesse pon- que este faça alguma coisa. Seria
uma forma mais efetiva de se en-
contrar caminhos para o aumen-
to de produtividade – que atual-
mente é um mantra na economia
–, bem como para as discussões
sobre as margens de lucro, sobre
meio ambiente e sobre logística
reversa, Uma iniciativa vinda do
cerne da indústria e das centrais
dos trabalhadores, com a partici-
pação do governo, e que permiti-
ra criar, no médio e longo prazos,
um fórum para apontar soluções
mais efetivas para o setor”, finali-
za o Prof. Ricardo Balistiero.

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A proteção do emprego
Por Paulo Butori*

uitos festejam a baixa suspensão do contrato de trabalho. A empregados. Para as empresas,


taxa de desemprego maioria, porém, não terá condições de porque retêm o seu mais pre-
do Brasil. De fato, se a arcar com as despesas que envolvem cioso capital – o pessoal bem
compararmos com a essa medida nem poderão superar os treinado. Para o governo, por-
de países avançados, seus entraves burocráticos. Para tais que deixa de gastar com se-
onde supera 10%, os empresas, não restará alternativa que guro-desemprego, muito mais
4,5% do Brasil nos faz parecer um não a demissão de empregados. caro do que o subsídio salarial
verdadeiro oásis. Entretanto, analistas Isso é péssimo para todos. Para os mencionado.
do mercado de trabalho alertam para trabalhadores, o desemprego traz per- De volta ao Brasil, a referida
um importante aspecto na interpre- da de renda, insegurança em relação missão fez vários estudos para
tação desse quadro: a taxa de desem- ao futuro e abalos na sua dignidade. eventual adaptação do sistema
prego decorre também da baixa pro- Para as empresas, a dispensa signifi- em nosso país. Tais estudos fo-
cura por emprego, e não apenas da ca perder pessoal treinado e de difícil ram encaminhados ao governo,
geração de postos de trabalho. contratação na hora da retomada. Para que acenou com a possibilida-
A criação de empregos vem se o governo, o desligamento provoca de de aprovar um projeto de
desacelerando ano após ano. O to- aumentos expressivos nas despesas lei nesse sentido. Até hoje, não
tal de empregos gerados em 2013 com o seguro-desemprego. se viu nada de concreto nes-
somou 1,11 milhão – 14% abaixo do Não resta dúvida que todos per- se campo. Se 2012 foi um ano
que foi criado em 2012 (1,3 milhão). dem com o desemprego. Isso levou de fartura de empregos, 2014
Foi o pior resultado desde 2003, mui- muitos países a aprovar medidas de pode ser bem diferente, como
to distante do recorde histórico de proteção ao emprego nas horas difí- já indicam os primeiros dados
2,54 milhões apurado em 2010. ceis. Na Alemanha, sempre que de- do Cadastro Geral de Emprega-
No setor automotivo, as preocu- terminado setor tem redução drástica dos e Desempregados (Caged),
pações vêm em dobro. A crise da Ar- de vendas, em lugar de as empresas índice do Ministério do Traba-
gentina afeta seriamente a exporta- despedirem os seus empregados, lho e Emprego.
ção de veículos para aquele país, um elas os retêm com a jornada de traba- A persistir o esfriamento atual
dos principais destinos dos nossos lho reduzida. Nesse caso, as empresas da demanda por veículos, muitas
produtos. Já a redução dos estímulos pagam metade do salário dos seus empresas terão de partir para a
– Imposto sobre Produtos Industriali- empregados e o governo paga 80% dispensa coletiva. Será uma lásti-
zados (IPI) e crédito – retraem o con- da outra metade. Com isso, os em- ma. Por isso, é da maior urgência
sumo interno. Se não há para quem pregados preservam parte dos seus a aprovação de um mecanismo
vender, não há por que produzir. salários enquanto houver queda nas de proteção do emprego para as
Os dados do primeiro bimestre de vendas. Superado o problema, tudo horas de dificuldade.
2014 refletem esse quadro. A produ- volta ao normal. *Paulo Butori, 63, é presidente
ção total de veículos em janeiro e feve- Em 2012, uma missão de técni- do Sindicato Nacional da Indústria
reiro foi de 518,7 mil unidades – 2,7% cos, representantes dos sindicatos de Componentes para Veículos
abaixo do registrado no mesmo perí- laborais e empresariais e do próprio Automotores (Sindipeças) e da As-
odo de 2013. A continuar nessa mar- governo estudou in loco o funcio- sociação Brasileira da Indústria de
cha, o setor enfrentará dificuldades namento do sistema na Alemanha. Autopeças (Abipeças). Este artigo
para reter o pessoal ocupado, o prin- A conclusão foi de que a medida é foi originalmente publicado no dia
cipal ativo de nossas empresas. Muitas boa para todos. Para os trabalhado- 19/03/2014, na seção Tendências/
fábricas serão forçadas a recorrer à res, obviamente, porque continuam Debates da Folha de S. Paulo.

MA I O/2014 SIDERUR GIA BRASIL N O 102 11


PROCESSOS

A diferença entre aplainadoras,


desempenadeiras e endireitadeiras
O mercado de corte e conformação de metais se torna cada vez mais exigente em função dos
procedimentos finais dos processos de usuários do corte e solda a laser, plasma e prensas mais rápidas,
que requerem produtos finais de melhor qualidade.
Claudio Flor*

ste pequeno com- O oposto pode também ocorrer


pêndio é dedicado ou, ainda, quando houver o corte
às pessoas – líderes longitudinal e posterior processo
e profissionais – que de endireitamento, teremos dife-
desejam ter um co- rença de espessura nas bordas.
nhecimento básico
de como funciona o processo de a. Forma espiralada (coil set) Defeito usualmente encontra-
endireitar metais planos passando do em bobinas laminadas a quente
através de uma endireitadeira de e oriundo das diferentes tensões
rolos cilíndricos. Ao elaborar este in- ou temperaturas quando do enro-
formativo sucinto, rendo minha ho- lamento no processo de produção
menagem às pessoas que dominam da bobina.
a técnica de endireitamento a frio de
metais planos através de rolos. Este é o defeito normal de uma a. Tira torcida (twisted strip)
bobina resultante do processo de
1. Defeitos curvamento durante o enrolamen-
Para definir um tipo de equipa- to no processo final de produção
mento a ser usado, devemos primei- de bobina.
ro ter noções básicas dos defeitos
normais que os materiais apresen- a. Arqueamento transversal
tam quando partimos da forma de (cross-bow) Este é o defeito mais raro de ser
bobina. Relacionamos abaixo uma encontrado, que geralmente ad-
lista dos defeitos mais comumente vém da laminação.
encontrados e sua provável origem:
a. Bolhas centrais (loose center
a. Tira abaulada (crowned strip) buckles) ou bolhas esparsas
(quanter buckles)
Este é outro defeito de uma bo-
bina que também resulta do curva-
Foto: www.freeimages.com

mento durante o enrolamento no


processo final de produção.

Geralmente o centro da tira tem a. Pequenas quebras superfi-


espessura maior do que as laterais. ciais (minor coil breaks) Bobina

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www.siderurgiabrasil.com.br

Defeito oriundo do processo de b. Marcas superficiais (chatter)


laminação. Defeito do processo de laminação.

Blank a. Enflechamento (camber or


sweep)
Defeito oriundo do processo
de laminação, geralmente ocorrido
por falha durante o processo final
de produção.
Bobina 2. Definições
a. Bordas onduladas (loose or Para esclarecer, os termos
wavy edges) aplainadora (flattener), desem-
penadeira (straightener) ou
endireitadeira (leveler), que se
Bobina confundem, mas têm diferentes
finalidades de aliviar ou retirar as

Foto: www.freeimages.com
Blank tensões de memória do material
provocados durante o enrola-
Defeito advindo do processo mento na laminação. Isso aconte-
Blank
de laminação conjugado com o ce em todas as bobinas durante o
rolamento. enrolamento, porque a superfície

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PROCESSOS

t Usada tipicamente para mate-


riais de espessura grossa ou finos
quando sofreram uma estam-
pagem muito grande. Quando
usado para materiais duros, in-
duzem ondulações laterais.

2.2 Desempenadeira
(straightener)
interna da bobina é submetida a t Relativamente, de grandes diâ- Características:
uma tensão de compressão, en- metros para suportar a flexão. Figura 1: t Os rolos de trabalho são peque-
quanto a externa, a uma peque- t Capacidade de 10% a 20% Removendo e nos e suportados por vários ro-
orientando as
na tensão de tração. do escoamento plástico do los mancalizados ao longo de
tensões internas
material. sua superfície transversal.
2.1 Aplainadora (flattener) Figura 2: Forma t O espaçamento entre rolos
Características técnicas: Características operacionais: construtiva e são diminutos.
possibilidades de
t Rolos de trabalho mancali- t Possuem somente a capaci- ajustes
t O número de rolos é relati-
zados na extremidade por dade de remover a memória vamente maior (9 . . . 21).
rolamentos. do material (coil-set) e, talvez, t Capacidade de 50% a 70%
t Número de rolos pequenos reduzir o abaulamento trans- do escoamento plástico do
(3 a 7). versal (cross-bow). material.
t Normalmente designados
para larguras estreitas (me-
nor do que 900 mm), entre-
tanto também usam-se em
maiores largura.
t Este equipamento (straighte-
ner) possui maior precisão do
que a aplainadora (flattener).

Características operacionais:
t Remove a memória do mate-
rial (coil-set), o abaulamento
transversal (cross-bow) e talvez
um pouco das ondulações la-
terais (edge wave) e a flamba-
gem central (center buckle).
t Os rolos permanecem para-
lelos durante o trabalho de
materiais próximo do limite
do equipamento.
t Designado para uso em ma-
teriais finos, entretanto tam-
Foto: www.freeimages.com

bém tem-se aplicado nos


mais grossos.
Figura 3: Forma
construtiva e t Este equipamento requer
possibilidades de um operador com experiên-
ajustes cia diferenciada.

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PROCESSOS

2.3 Endireitadeira (leveler) Figura 4: Garantia com a espessura de trabalho (9 . t São equipamentos construí-
Características técnicas: de eliminação de . . 21+) com espaçamento defini- dos com diâmetro de rolos de
tensões residuais
t Os rolos de trabalho são peque- do em função das características trabalho específicos para um
nos e suportados por vários ro- do material processado. range determinado de espes-
los mancalizados ao longo de t Capacidade de 50 a 80% do sura de diferentes materiais.
sua superfície transversal. escoamento plástico do mate-
t Os rolos de apoio (backup-rolls) rial processado. 3. Tension Leveler – Informati-
superiores são ajustáveis verti- t Normalmente designados para vo extra
calmente e individualmente larguras maiores de materiais. Características técnicas:
para provocar o abaulamento t São equipamentos com caracterís- t Os rolos de trabalho são peque-
ou curvamento dos rolos de ticas construtivas de alta precisão. nos e suportados por vários ro-
trabalho (work-rolls). los mancalizados ao longo de
t Normalmente, os superiores Características operacionais: sua superfície transversal.
são ajustáveis manualmente t Remove a memória do mate- t Normalmente rolos interme-
e os inferiores, através de um rial (coil-set), o abaulamento diários são montados.
sistema eletromecânico ou Figura 5: Índice de transversal (cross-bow), on- t Uma grande amplitude de
planicidade I Units
eletrohidráulico com monito- conforme as normas:
dulações laterais (edge wave), distância entre rolos, com
ramento digital de precisão. ASTM A-578 ou EM flambagem central (center bu- poucos rolos de trabalho (ti-
t O número de rolos é compatível 485-3 e 4: 2000 ckle) e combinações. picamente cinco).

L = comprimento da onda - mm (pol)


h=
Altura da
203,2 228,6 254,0 279,4 304,8 330,2 355,6 381 406,4 431,8 457,2 482,6 508 533,4 558,8 584,2 609,6
Onda
mm (pol)
(8”) (9”) (10”) (11”) (12”) (13”) (14”) (15”) (16”) (17”) (18”) (19”) (20”) (21”) (22”) (23”) (24”)
0,79375
4 3 2 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0
(1/32”)
1,5875
15 12 10 8 7 6 5 4 4 3 3 3 2 2 2 2 2
(1/16”)
3,175
60 48 39 32 27 23 20 17 15 13 12 11 10 9 8 7 7
(1/8”)
4,7625
Onda senoidal 136 107 87 72 60 51 44 39 34 30 27 24 22 20 18 16 15
(3,16)
6,35
241 190 154 127 107 91 9 69 60 53 48 43 39 35 32 29 27
(1/4”)

Índice de Planicidade “I Units” conforme as Normas: ASTM A -578 ou EM 485 -3 e 4: 2000

Espessura I Unit Ø Rolo da Endireitadeira *


0,3 . . . 2,0 5 . . . 10 36 . . . 45mm
0,8 . . . 4,0 8 . . . 15 52 . . . 65mm
2 . . . 8,0 15 . . . 25 70 . . .80mm
Foto: www.freeimages.com

4 . . . 13,0 30 . . . 50 110 . . . 130mm


6 . . . 16,0 40 . . . 80 145. . . 160mm
8 . . . 20,0 60 . . . 120 160 . . . 180mm
12 . . . 25,4 100 . . . 160 180 . . . 220mm

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t Uma secção de tensionamen- 4. Medição de planicidade o qual as chances de atingir


to constituída de rolos (bridd- Para melhor entender um de- os Índice de Planicidade in-
le-rolls) antes e depois da endi- feito de planicidade, inicialmente dicados e com menor chan-
reitadeira imprime uma tensão precisamos entender como me- ce de defeitos internos já
elevada no material próximo dir, e para isto foi estabelecido mencionados.
ao limite de escoamento. um Índice de Planicidade (Flat-
t São ajustáveis manualmente ness Index). 5. Sistema de medição de
e os inferiores, através de um I Unit = 247.000 (h / l)² planicidade
sistema eletromecânico ou h = altura da onda (wave) Resume-se aqui o grande pro-
eletrohidráulico, com monito- L = comprimento do ciclo “cycle blema, ou seja, como o usuário
ramento digital de precisão. length” pode medir e controlar o Índice
t Este equipamento tem um in- Exemplo: uma chapa de 3 mm de Planicidade. O método con-
vestimento elevado e somen- de espessura, com tolerância de 12 vencional é muito moroso e os
te é usado para materiais que I Unit significa em um comprimen- medidores óticos com câmera in-
podem agregar este benefício to de onda (L) de 457,2 mm (18”) terligados a um computador são
de qualidade plena e por gran- não pode ultrapassar uma altura os mais usuais, embora também
des empresas. de onda (empeno) de no máximo os sistemas com “laser” estão se
3,175 mm (1/8”). (Figura 5) viabilizando.
Características operacionais: Observo que, embora os blanks Embora os custos vão crescer
t Remove todos os defeitos do estejam dentro de uma tolerân- um pouco, a fixação do coil shape
material: a memória do ma- cia usual de Índice de Planicidade problem com exames dos defei-
terial (coil-set), o abaulamen- (I Unit), as deformidades internas tos aumentaram a qualidade e
to transversal (cross-bow), podem estar presentes e somente os usuários irão aprender que no
ondulações laterais (edge aparecerão após o corte, punciona- seu processo eles necessitam de
wave), flambagem central mento, tratamentos térmicos ou de uma planicidade melhor através
(center buckle) e suas combi- superfícies, ou ainda outros proces- do controle das especificações
nações, tensões internas (in- sos de beneficiamento. de aquisição dos produtos finais
ternal stress)e também pode Para dar uma orientação, segue blanks ou dos equipamentos de
remover o enflechamento abaixo uma tabela dos Índices de linhas de corte transversais.
(camber). Planicidade usuais e aceitos em di-
t São aplicados somente para ferentes mercados.
materiais de fina espessura. t Os diâmetros dos rolos indi-
t Normalmente não requer um cados são os usuais dos fa-
operador com muita experiência. bricantes referenciados, com
Foto: Divulgação

*Claudio
*Cl di Flor Fl é engenheiroh i me-
cânico e diretor presidente da Divimec
Tecnologia Industrial S. A., fabricante
de máquinas e equipamentos para o
beneficiamento de metais a partir de
bobinas, localizada no município de
Glorinha (RS).
www.divimec.com.br

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METAL MECÂNICA

A análise de falhas: Parte 1


Fundamentos das falhas,
fratura e o papel do aço
Orientação técnica para detectar o problema e identificar a melhor forma para corrigi-lo.
Willy Ank de Morais
Marcus Vinícius de Oliveira Gonçalves
André Varvello Nunes
Celso Sacchetta Filho*

1. INTRODUÇÃO c. Apresenta um uso inseguro de- to ou estrutura(s) existente(s);


Este artigo é o primeiro de uma vido a uma séria deterioração. 4. Separar amostras e executar
série de trabalhos de revisão do uma sequência de testes para
processo de Análise de Falhas em Para determinar e descrever os caracterizar e registrar as condi-
componentes metálicos, particular- fatores responsáveis para a falha de ções de operação e o desem-
mente feitos em aço. Cada trabalho um componente é recomendável a penho reais da parte falhada,
explora um contexto da análise de realização de uma análise de falhas, prioridade deve ser dada aos
falhas, revisando informações bási- cujos resultados são agregados ao ensaios não destrutivos antes
cas da metalurgia e de ferramentas conhecimento histórico técnico em- dos ensaios destrutivos;
de análise de materiais, correlacio- pregado no projeto, produção e uso 5. Formular hipóteses com
nando-as com a experiência e a de componentes e estruturas iguais base nas observações a aná-
técnica profissional, a fim de solu- ou similares[1]. Uma análise de falhas lises feitas do componente
cionar questões práticas de falhas é essencialmente um processo de falhado e validá-las através
na aplicação dos metais em com- investigação científica e, como tal, dos dados obtidos dos testes
ponentes e estruturas. Neste pri- deve ser executado seguindo uma (ensaios) realizados;
meiro trabalho serão apresentados metodologia científica. Existem vá- 6. Obter as causas da falha, listar
e discutidos alguns aspectos sobre rios procedimentos descritos na as causas-raiz e indicar, ou ao
falha e fratura, os fundamentos da literatura[1-4], porém, de uma forma menos subsidiar, a definição
fratura dos materiais e o papel do geral, esta análise é realizada através de métodos para bloqueio.
aço neste cenário. das seguintes etapas:
1. Verificar o histórico e o desem- Genericamente as causas para
2. FALHAS penho prévio existentes do a falha da maioria das estruturas/
É muito comum associar falha componente e/ou estrutura, componentes estão relacionadas
a uma fratura, geralmente frágil ou ou ao menos de seus similares; as duas situações[2]:
oriunda de fadiga ou ainda corro- 2. Estudar o funcionamento 1. Desvios na fase de projeto,
são. Mas o conceito de falha é mais do equipamento ou da es- construção ou operação da
abrangente e genericamente uma trutura onde ocorreu a falha, estrutura ou componente.
estrutura ou componente pode ser assim como de particularida- 2. Aplicação de um novo proje-
Foto: www.freeimages.com

considerado falhado quando este: des presentes ou eventuais; to ou material.


a. Fica completamente inutilizado; 3. Analisar visualmente como a
b. Ainda pode ser utilizado, mas falha se manifestou, inclusive Na maioria das análises de
não desempenha sua função verificando a relação desta falha falhas, uma pessoa treinada, ou
de forma satisfatória; com o restante do equipamen- um time de pessoas, conseguem

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3. RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS


A resistência mecânica dos me-
tais é, em última análise, definida
pela presença (tipo, quantidade e
distribuição) dos inúmeros defeitos
presentes em sua estrutura cristali-
na, defeitos estes esquematizados
Figura 1.
na Figura 1.
Exemplificação dos
Destes defeitos, as discordân-
defeitos presentes
cias possuem papel de destaque
nas estruturas
nas propriedades mecânicas. Sua
cristalinas dos
movimentação é o principal me-
metais a partir da
canismo pelo qual os átomos se
representação dos
deslizam uns sobre os outros den-
defeitos presentes
tro da estrutura dos metais que é
na estrutura de um
basicamente deformação plástica.
rebite de aço[5].
Sendo assim, quando a resistência
resolver a maioria dos casos ape- que se compreenda os mecanis- mecânica dos metais é aumentada,
nas através de observação e aná- mos de falha nos produtos meta- normalmente ocorre uma redução
lise com emprego de recursos lúrgicos, dos quais a fratura é um na capacidade de movimentação
simples. Para isso é fundamental dos principais. de suas discordâncias[8] e, conse-

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METAL MECÂNICA

quentemente, uma restrição na entre uma boa resistência mecânica Figura 2. formas, mas na maioria dos casos,
plasticidade (ductilidade) do metal. e uma razoável capacidade de de- Efeito na curva a origem destas está vinculada a
tensão versus
Podem ser empregados mecanis- formação plástica. Mesmo assim, es- concentradores de tensão.
deformação de um
mos especiais de controle micro- truturas e componentes metálicos aço HSLA (0,08%C; Concentradores de tensão pro-
estrutural para se minimizar os efei- falham, fraturando-se em várias si- 0,65%Mn; movem um aumento localizado da
tos da perda da ductilidade com o tuações o que incita em um estudo 0,030%Nb) pela tensão aplicada no componente.
aumento da resistência mecânica. mais profundo dos mecanismos de introdução de um A máxima tensão (σmáx.) que surge
concentrador de
Tais técnicas implicam na obtenção fratura, abordado nos dias de hoje pela presença de um concentra-
tensões (entalhe
de metais com diferentes níveis de pela Mecânica de Fratura. mecânico com dor de tensão pode ser relacionada
tenacidade já que esta propriedade O conceito básico emprega- raio de 0,30mm) à tensão aplicada externamente
depende, simultaneamente, da re- do na Mecânica de Fratura é que em corpos de (σ0) por meio de medições experi-
prova de tração
sistência e da plasticidade[6 e 7]. o material apresenta concentra- mentais de tensão (extensometria
prismáticos.
dores de tensão severos (trincas), ou outros), por análises numéri-
Figura 3.
4. MECÂNICA DE FRATURA cuja propagação é definida por cas (elementos finitos) ou através
Os três possíveis
A grande aplicabilidade dos me- um balanço entre a energia libe- modos de abertura de ábacos. De uma forma geral,
tais é oriunda dos seus altos valores rada pelo carregamento mecânico de uma trinca. empregam-se valores do fator de
de tenacidade, os maiores dentre os e a energia absorvida na deforma- Figura 4. concentração de tensão (Kt) para
materiais de engenharia. Esta maior ção plástica ao redor da trinca. As Interpretação do descrever a amplificação da tensão
tenacidade é oriunda da conciliação trincas podem se originar de várias campo de tensões pelo concentrador:
ao redor de um
concentrador de (Eq. 1)
tensões carregado
no modo de Onde: σmáx. representa a máxima
abertura I (Figura tensão presente na região do con-
4) conforme centrador de tensão; Kt é o fator de
descrito pela
concentração de tensões e σ0 a ten-
Equação 2. A ponta
do concentrador são aplicada no componente (fora
de tensões (trinca) do concentrador de tensões).
σx σy está situada O efeito de um concentrador de
sempre no meio da tensões intenso pode ser observa-
lateral esquerda
das figuras. As
do pela curva tensão-deformação
cores vermelhas mostrada na Figura 2. Apesar do
Foto:: www.freeimages.com

indicam valores aumento da resistência mecânica


mais elevados de obtida (+15%), houve uma queda
tensão, as cores
muito acentuada na capacidade
azuis valores mais
w

baixos e as laranjas de deformação plástica (-87%) o


Foto

σxy σVON MISES intermediários. que implicou, para este caso, em


F

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los eventos de fratura da maioria


das condições práticas. Consi-
derando este cenário, é possível
considerar a inclusão do valor
do fator de intensidade de ten-
sões no modo de abertura I (K I)
no critério de balanço de energia
considerando um campo de ten-
sões elásticas e obter uma equa-
ção elegantemente simples, mas
uma redução da tenacidade para de intensidade de tensões, r e θ Figura 5. Um muito útil no estudo da maioria
menos de 20% da apresentada as coordenadas polares do ponto CP de CTOD já das falhas com fratura:
pelo CP liso. considerado à frente da trinca. aberto ilustrando
a geometria e (Eq. 3)
As trincas podem ser carrega- Considerando o critério de Von posição da região
dos em três modos de abertura: I, Mises como forma de quantificar o plástica na ponta Onde: σ representa a tensão
II ou III ou em combinações destes, efeito plástico do campo de ten- da trinca. aplicada no componente, Y é um
conforme ilustrado pela Figura 3. sões gerado na ponta da trinca fator geométrico (disponível na
Um campo de tensões elásticas é é possível fazer uma interpreta- literatura, mensurável ou obtido
gerado ao redor da trinca, confor- ção gráfica do campo de tensões através de cálculos numéricos), a é
me exemplificado para o modo I descrito pela Equação 2, apresen- o tamanho da trinca e KI o fator de
pela Equação 2. Nesta equação as- tada na Figura 4. Na Figura 5 está intensidade de tensões. A unidade
socia a intensidade deste campo de ilustrado um CP de dobramento de medida para KI é tensão x raiz
tensões a uma constante conheci- com uma trinca, empregado em quadrada de comprimento (exem-
da como fator de intensidade de ensaios da Mecânica de Fratura. plo: MPa×m½).
tensões (KI, KII ou KIII). O CP foi preparado de tal forma a Neste caso, ocorrerá propaga-
evidenciar a deformação plástica ção de uma trinca (falha do ma-
(Eq. 2) na ponta da trinca, conforme indi- terial) quando a intensidade de
cada na Figura 5. tensões atuante na ponta da trin-
Como o modo de abertura I é ca (KI) for superior a um valor ca-
Onde: σ representa os com- o mais comum, é normal consi- racterístico do material (KIc). Des-
ponentes de tensões normais, τ o derar apenas este modo de aber- ta forma o parâmetro KIc passa a
componente cisalhante, KI o fator tura como sendo responsável pe- representar uma forma de quanti-

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METAL MECÂNICA

Tenacidade a Fratura KIc (MPa×m½)


METAIS Desv.
Mín. Méd. Máx.
Pad.

Aço Alta 31,6 97,7 42 165

Ligas Ti 13,5 68,6 28 148

Aço Méd. 34,0 66,2 27 110

Ligas Al 12,0 38,9 26 136

Outros Ñ
6,0 15,2 5 27
ferrosos

ficar a tenacidade do material na muitos deles substitutos dos aços. Figura 6. 6. CONCLUSÕES
presença de um concentrador de Adicionalmente, surgiram aplica- Correlação Falhas são eventos que ocor-
entre os níveis
tensões intenso (trinca). A esta ca- ções novas e cada vez mais sofisti- rem devido as mais diversas ori-
de plasticidade
racterística dos materiais, dá-se o cadas, exigindo um maior nível de (%Alongamento) gens, mas muitas associadas pela
nome de tenacidade a fratura e os confiabilidade na aplicação dos e resistência conciliação de condições mecâni-
valores de KIc tornaram a forma materiais. Apesar de não terem (Limite de cas e metalúrgicas adversas. É de
mais popular de quantifica-la. contribuição exclusiva, estes dois Resistência) primordial importância a compre-
de diversas
cenários estiveram e ainda estão ensão dos mecanismos básicos
categorias de
5. O PAPEL DO AÇO intimamente ligados às duas prin- metais e valores para a ocorrência de uma falha e
A amplitude de resistência cipais causas de falhas em com- de tenacidade neste sentido a Mecânica de Fra-
mecânica que o aço pode apre- ponentes e/ou estruturas: a fratura KIc turas é essencial, pois através dela
para diferentes
sentar varia entre os valores de 1. Desvios na fase de projeto, é possível correlacionar defeito
categorias de
um material polimérico (plástico) construção ou operação da metais[8]. (trinca), carregamento mecânico
até de um material cerâmico (de estrutura ou componente. (tensão) e propriedade do material
100 a 2.000MPa). Nenhum outro Um material de alta tenaci- (tenacidade à fratura) para esboçar
material, além do aço, apresenta dade à fratura apresenta me- o cenário onde a falha ocorreu. O
uma amplitude tão grande desta nor probabilidade de falhar desafio torna-se maior especial-
propriedade. Além disso, o aço é o mesmo quando ocorrem al- mente quando novas aplicações e
material de engenharia que apre- terações na configuração ini- novos materiais surgem.
senta o maior valor de tenacidade cial da sua aplicação, como o
à fratura entre todos os materiais surgimento de trincas. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1]
existentes (de 30 a 300 MPa×m½), 2. Aplicação de um novo pro- – COLANGELO, V.J.; HEISER,
apresentando uma combina- jeto ou material. Em muitas F.A., Analysis of metallurgical fail-
ção entre resistência mecânica e aplicações a tenacidade e ures, Wiley, London, 1987.
[2]
plasticidade superior aos demais a tenacidade à fratura são – WULPI, D.J., Understanding
metais, como mostra o gráfico da características muito impor- how components fail. ASM Inter-
Figura 6. tantes à aplicação, mas nem national, Materials Park, 3rd Edition,
Entretanto este tipo de com- sempre são consideradas ou 2013.
Foto: www.freeimages.com

[3]
portamento não era tão óbvio quantificadas de maneira – MORAIS, W.A.; A Condução
ao longo do século 20, período a refletir a real necessidade de uma Análise de Falhas. In: GODE-
durante o qual houve muitos de- que a aplicação requer por- FROID, L.B.; CANDIDO, L.C.; MORAIS,
senvolvimentos e aplicações dos que simplesmente não fo- W.A.; Análise de Falhas, ABM, São
novos materiais de engenharia, ram percebidas como tal. Paulo. Cap. 9, 2012.

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23
www.siderurgiabrasil.com.br

[4] [8]
– SACHS, N.W.; Pratical plant – MATWEB – Material Proper- Sabesp, técnico da Superintendên-
failure analysis - A guide to under- ty Data. Disponível em http://www. cia de Gestão do Programa de Re-
standing machinery deterioration matweb.com/search/PropertySear- cuperação Ambiental da Baixada
and improving equipment reliabil- ch.aspx Acesso em: 26/02/2014. Santista (TBT). e-mail: mvogoncal-
ity. CRC - Taylor & Francis, Boca Ra- ves@sabesp.com.br
ton, 2007. 8. AUTORES
[5]
– ENGEL, L.; KLINGELE, H.; An Willy Ank de Morais André Varvello Nunes
atlas of Metal Damage. Wolfe Scien- Mestre e doutorando em enge- Engenheiro mecânico e mes-
ce Books,1981. nharia metalúrgica e de materiais, trando em engenharia mecâni-
[6]
– MAGNABOSCO, A.S.; Resis- engenheiro metalurgista, técnico ca pela Unisanta. Engenheiro da
tência Mecânica × Conformabilida- em metalurgia. Professor adjunto Transpetro. e-mail: andre.varvello@
de. Módulo 5, Cap.3 p. 481-500. In: na Faculdade de Engenharia da gmail.com e andre.varvello@petro-
MORAIS, W.A.; MAGNABOSCO, A.S; Unisanta e consultor técnico na Ins- bras.com.br
NETTO, E.B.M.; Metalurgia física e pebras. e-mail: willyank@unisanta.
mecânica aplicada. 2a Edição. São br e willyank@inspebras.com.br Celso Sacchetta Filho
Paulo: ABM, 2009. Engenheiro industrial mecânico
[7]
– MORAIS, W.A.; Análise das Marcus Vinícius de Oliveira e mestrando em engenharia me-
relações entre as características dos Gonçalves cânica pela Unisanta. Gerente de
aços e sua tenacidade. 65o Con- Engenheiro civil e mestrando operação na Bohler Técnica de Sol-
gresso Anual da ABM, Rio de Janei- em engenharia mecânica pela Uni- dagem. e-mail: Celso.Sacchetta@
ro, jul. 2010. santa. Engenheiro de projetos na voestalpine.com

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ENTREVISTA

Tecnologia com
sensibilidade ambiental
O engenheiro Carlos Zuleta, responsável pela área de pesquisas & desenvolvimentos da empresa SCP –
Serviços e Comércio Ambiental, explica as etapas e vantagens da extração dos metais (ferro- zinco) pelo
processo de extração por solvente (SX) com o reuso do acido clorídrico do banho de decapagem.

iderurgia Brasil – com menor quantidade de ferro, de que, certos reagentes químicos
Em que consiste esse que volta para a decapagem. Na orgânicos (extratantes) possuem
processo? etapa de reextração, a solução or- um alto grau de afinidade seletiva
Eng. Zuleta – Em gânica carregada com ferro (RFe) se com determinados íons metálicos,
geral, as soluções de mistura com outra solução aquosa com os quais formam compostos
decapagem são con- (RFe+H2O), que reextrai o ferro dei- organometálicos.
sideradas exauridas quando o áci- xando o orgânico limpo, que volta
do clorídrico diminui sua concen- para a etapa de extração (HR), e SB – Qual é o principio da reação?
tração em 75-85%, e o conteúdo de assim sucessivamente. A solução Eng. Zuleta – A extração
metais aumenta até 150-250 g /l. O aquosa de reextração vai se con- do ferro de soluções clorídricas
conteúdo de metais na solução de centrando nas sucessivas etapas usando um solvente seletivo (HR),
decapagem exaurida depende do de reextração (Fe+H2O) até 20-25%, extraindo o composto organome-
método de origem da planta e da sendo utilizada como coagulante tálico RFe. A extração do metal se
decapagem aplicada. Nas soluções no tratamento de água e efluentes. dá pela substituição da camada
de decapagem exaurida de aço, o de hidratação da espécie metáli-
banho contém zinco, ferro, traços SB – Como funciona o processo ca neutra presente na fase aquo-
de chumbo, cromo, outros metais de extração por solvente (SX)? sa, ocorrendo a seguinte reação
pesados (max. 500 mg/l) e ácido Eng. Zuleta – A extração por FeCl3 + HR = RFe + H + 3 Cl. Por
clorídrico. O processo consiste ba- solvente (SX) é um dos processos essa se demonstra que a extração
sicamente em extrair os metais por mais efetivos e econômicos para e transferência do ferro do aquoso
extração por solvente, mantendo purificar, concentrar e separar os (banho) para o orgânico implica
sempre uma concentração ade- metais com valor agregado que uma regeneração estequiométrica
quada segundo os conceitos de se encontram em solução. Fun- do acido clorídrico, que é recircu-
operação de cada empresa e a volta damentalmente, a SX é uma ope- lado para o banho de decapagem.
do ácido clorídrico sucessivamente ração de transferência de massas
ao sistema. Na etapa de extração, num sistema de duas fases líquidas. SB – Quais são as características e
temos uma solução orgânica (HR) Também é chamado de troca iôni- vantagens do sistema de extração do
que será misturada com a solu- ca líquida e se baseia no princípio ferro por extração por solvente com
ção aquosa acida. Após a mistura, pelo qual um soluto (íon metálico) regeneração do acido clorídrico?
as fases se separam pela diferença pode distribuir-se em certa propor- Eng. Zuleta – 1) Atende aos
de densidades, ficando na parte ção entre dois solventes imiscíveis, preceitos de produção mais limpa,
superior a solução orgânica (RFe) um dos quais é usualmente água norteadora dos processos indus-
contendo o ferro/zinco extraído e, e o outro, um solvente orgânico triais no século XXI, uma vez que
na parte inferior, a solução aquosa, que seja imiscível (não solúvel) na reduz drasticamente o volume de
agora com o ácido regenerado e água. Isso é possível devido ao fato efluentes e resíduos gerados no

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processo e, também, pode elevar de decapagem ou, no momento ção por volume tratado com bom-
significativamente o retorno eco- de pegar a amostra, saber quantas bas, solvente etc.?
nômico do processo; 2) Os banhos horas o banho trabalhou. Desta Eng. Zuleta – Os custos com
de decapagem não serão descarta- forma podemos dimensionar o manutenção são baixos e depen-
dos, adicionando apenas a reposi- sistema para uma extração pro- dem da manutenção preditiva e
ção de ácido clorídrico perdido por porcional da quantidade de ferro preventiva do sistema. No processo
arraste mecânico e evaporação; 3) que deve sair por hora, de forma contínuo, as bombas e agitadores
O fato anterior também significará a manter a concentração de ferro teriam um consumo de energia de
a não adição de inibidor nem aditi- sempre no nível aceitável segundo aproximadamente 25 kW/hora/m3
vo; 4) Sem descarte de banho, não critério da empresa e assim realizar e, no processo batelada, de 18,75
haverá tratamento na ETE; 5) Sem o balanço de massa. kW/hora/m3. O consumo do sol-
tratamento, não ocorrerá o pro- vente é apenas uma reposição por
cesso de operação e geração de SB – Quais são as opções de perda no arraste mecânico, que na
lodo; 6) Sem geração de lodo, não tamanho? prática estaria entre 0,01 e 0,02 l/
haverá descarte de lodo classe I tó- Eng. Zuleta – As opções de ta- m3. O consumo de Cl para oxidar
xico; 7) Sem descarte de lodo, não manho são: um grama de Fe (II) para Fe (III) é de
haverá custo de frete e disposição Batelada cíclica: Modelos SX- 0,63 g de Cl.
final em um aterro industrial; 8) É Fe-B100 e SX-Fe-B200 – A batelada
sabido que, mesmo sendo envia- cíclica completa de troca iônica SB – Em resumo, qual seria a rela-
do para um aterro industrial, o ge- liquido-liquido de extração de fer- ção custo-benefício final do processo?
rador continua sendo responsável ro do banho de decapagem, com Eng. Zuleta – A relação custo-
pelo resíduo gerado; 9) Na retirada recuperação do acido clorídrico. benefício resulta das seguintes van-
do ferro do banho de decapagem, Estes modelos estão dimensiona- tagens: 1) Rápido retorno de inves-
haverá um produto com valor agre- dos para tratar 100 e 200 l/hora, timento; 2) Redução significativa
gado, o cloreto férrico, que pode montado em skid, plataforma em no consumo de ácido; 3) Redução
ser usado na própria ETE ou em ou- PP para controle elétrico, vazamen- total do consumo de neutralizantes
tras unidades, e também pode ser tos e transporte. A área aproximada (soda) no tratamento de efluente;
vendido para terceiros (preço por necessária para implantação do sis- 4) Design compacto integrando-se
kg entre R$ 0,50 e R$ 2,00); 10) No tema é de 2 m x 2 m. nas instalações existentes (aproxi-
caso de se terceirizar o tratamento Continuo automático: Modelo madamente 2 m x 4 m); 5) Elimina-
e o descarte, o custo aumentaria SX - Fe–C – O contínuo automático, ção dos tanques de estocagem; 6)
por ter que pagar o serviço, perder com vazões de 100 ate 1.000 litros/ Balanceamento permanentemente
o subproduto recuperado (cloreto hora, inclui um controlador lógico na parte química; 7) Produção de
férrico) e, principalmente, por ter programável (CLP), com entradas e cloreto férrico para transformá-lo
que continuar comprando ácido; saídas digitais, que gerenciará todo num produto de valor agregado,
11) No conjunto, a implantação do o funcionamento do processo ex- muito usado no tratamento de
sistema ocorrer dentro do conceito tração, reextração, oxidação, circu- efluentes; 8) Menor consumo de
e princípios de uma busca contínua lação. Inclui também a utilização água; e 9) Não gera lodo.
de tecnologias de menor impacto de uma interface homem-máquina
ambiental com viabilidade técnica (IHM) operacional, com mensagens
e econômica. de falhas, alarmes e ainda seleção
de acionamentos manuais. A área
SB – Como saber qual é o tama- necessária para implantação do
nho do equipamento que um de- modelo SX-Fe-C1000 ou 1.000 l/
Foto: www.freeimages.com

terminado tratamento precisa? hora é de 4 m x 8 m.


Foto: Divulgação

Eng. Zuleta – Fazendo um


levantamento da quantidade de SB – Quais são os custos de
ferro que entra por hora no tanque operação e manutenção da instala-

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ARTIGO TÉCNICO

Metais recuperados com


eficiência
A Extração por Solvente (SX) é uma alternativa limpa, econômica e eficiente na recuperação e
reciclagem de metais de resíduos e minérios.

uando as necessida- institutos de pesquisa e – por Extração líquido a líquido (SX)


des de consumo de que não? – projetos individuais A Extração por Solvente (SX)
metais no mundo de pesquisa terceirizados. é um dos processos mais efetivos
aumentam, o grau A técnica de extração por sol- e econômicos para purificar, con-
de minérios decres- vente ou líquido-líquido, que se- centrar e separar os metais que
ce e os resíduos se para, concentra e purifica as espé- se encontram em soluções, pro-
acumulam. Imediatamente surge cies tratadas, cuja aplicação surge venientes de concentrados, ba-
a necessidade de encontrar pro- como uma alternativa certa para nhos exauridos, lixiviação, efluen-
cessos mais efetivos e métodos a solução dos problemas do dia a tes etc. Fundamentalmente, a SX
mais eficientes. Hoje, a tecnologia dia começou no mundo em 1942, é uma operação de transferência
é estratégica para o crescimento usando éter para purificar urânio e, de massas num sistema de duas
e sucesso das empresas de todos no Brasil, em 1981, com a Níquel fases líquidas. Também é chama-
os portes. Quando o atendimen- Tocantins, na separação e concen- do de troca iônica líquida, e se
to a essas necessidades se torna tração de Ni-Co e, em 2007, com baseia no princípio pelo qual um
difícil, novas tecnologias, como Figura 1: o cobre, com a Empresa Minera- soluto (íon metálico) pode distri-
a recuperação e a reciclagem, Recuperação ção Caraíba. Em geral é aplicada buir-se em certa proporção entre
e reciclagem
aparecem como uma grande es- de cromo (VI) na indústria do petróleo, química, dois solventes imiscíveis, um dos
perança. E quando se fala nessas de efluentes alimento, farmacêutica, metálica, quais é usualmente água e o ou-
novas tecnologias, pensa-se em galvânicos e nuclear, meio ambiente, em ativi- tro um solvente orgânico, como
curtumes através
pesquisa e desenvolvimento. Mas dades como desenvolvimento e benzeno, querosene ou qualquer
do processo
esses processos são caros e de extração otimização de processos, inertiza- outro que seja imiscível na água.
competência das universidades, solvente (SX) ção, recuperação, reciclagem etc. Isso é possível devido ao fato de
Foto: www.freeimages.com

Extração Reextração Concentração Cristalização

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que certos reagentes químicos Quando separar? – Quando, cial e, assim, ser eximido de
orgânicos (extratantes) possuem de todos os elementos presentes, responsabilidade ambiental
um alto grau de afinidade seleti- só alguns são de interesse. como geradora deste resíduo.
va com determinados íons metá- Quando recuperar? Quando Assim, um determinado ma-
licos, com os quais formam com- reciclar? – A recuperação e a re- terial só será recuperado se o seu
postos organometálicos. ciclagem de resíduos ou de seus preço de venda puder ser me-
Por este motivo, a principal constituintes que apresentam al- nor ou igual ao preço de merca-
aplicação da Extração por Sol- gum valor econômico são as for- do ou, então, se for mais barato
ventes se encontra na separação mas mais atraentes de solução dos recuperá-lo que transportá-lo ou
seletiva de metais e na posterior problemas de tratamentos e dis- dispô-lo adequadamente.
obtenção destes, por intermédio posição final, tanto para os empre-
de um processo adequado. sários como para os órgãos oficiais. Algumas aplicações:
Quando concentrar? – Quan- Em termos práticos, a recuperação t Separação cobalto-níquel
do se precisa recuperar metais de ou reciclagem de um resíduo de- t Extração de zinco
minerais, resíduos etc. de baixa pende de três condições: t Separação do cobalto de
concentração, ou seja, pobres do t Disponibilidade do produto manganês
elemento de interesse. no mercado. t Recuperação de ácidos car-
Quando purificar? – Quando t Custos de transporte, trata- boxílicos fenol e etanol
a pureza implica um melhor pre- mento e/ou disposição. t Separação do nióbio do tântalo
ço e a utilização do metal cresce t Passar o resíduo de passivo t Extração de ácidos minerais.
significativamente. ambiental a produto comer- t Recuperação de estanho

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ARTIGO TÉCNICO

t Remoção de arsênio Figura 2: Cu, Co e Ni de resíduos se- Separação de fases: depois


t Recuperação de acido acéti- Extração de ferro cundários metálicos em pó, de realizada a primeira reextração,
do decapante
co de efluentes aquosos cavaco etc. na parte superior, fica a solução
galvânico com
t Recuperação seletiva da prata circulação t Concentração e purificação orgânica e, após reextrair o ferro,
t Separação do paládio da constante do ácido de molibdênio de resíduos, na parte inferior, fica a solução
platina pelo processo catalisadores e molibdenita. aquosa de circulação, concen-
extração solvente
t Extração de ouro t Recuperação, purificação e trando o ferro reextraído como
(SX)
t Extração de mercúrio concentração de cromo he- cloreto férrico, usado em ETEs
t Extração de ferro, cobre xavalente de efluentes e ba- como floculante-coagulante.
cálcio, magnésio, alumínio, nhos exauridos. A SCP – Serviços e Comércio Am-
manganês, vanádio t Extração de ferro da solu- biental vem desenvolvendo, nos úl-
t Extração de cromo hexava- ção decapagem reciclando timos anos, uma série de trabalhos
lente, trivalente em óxidos e o ácido. dedicados à busca de processos
hidróxidos. O processo de extração por alternativos, limpos, econômicos e
É este processo alternativo solvente apresentado mostra-se eficientes de extração, tratamento,
que se deseja colocar ao serviço eficaz no tratamento de resíduos recuperação e reciclagem de me-
das empresas interessadas em co- sólidos e líquidos gerados pelos tais de minérios e resíduos. Após es-
nhecer a relação custo–benefício descartes de ETE do tipo anodi- tudar vários métodos não conven-
das soluções técnicas que a SCP zação de alumínio, cromagem cionais, como oxidação, redução,
oferece. Para o efeito, a SCP conta decorativa, zincagem, tratamen- neutralização, precipitação, troca
com uma planta piloto e de um la- tos de superfície mistos (zinca- iônica, flotação, adsorção, osmose
boratório de controle e pesquisas gem, cromagem, cobreagem, reversa, eletrodiálise, ultrafiltração,
em Guarulhos (SP). Encontram- latonagem etc.) Assim como de dedicou-se à pesquisa e desenvol-
se à disposição das empresas os baterias tipo Ni-Cd-Co. vimento da técnica de extração por
seguintes projetos, incluindo as solvente ou líquido-líquido.
etapas de lixiviação-extração por Referência: no funil e na cé- *Artigo elaborado pela área téc-
solvente-cristalização, já desen- lula de separação de fases, depois nica da SCP – Serviços e Comércio
volvidos e implantados no Brasil. de realizada a primeira extração Ambiental, empresa de assessoria
t Cobre de minérios e solu- do ferro, na parte superior fica a técnica, dimensionamentos de sis-
Foto: www.freeimages.com

ções de descarte. solução orgânica com o ferro ex- temas tratamento de efluentes, reu-
t Cobre, níquel e cromo de re- traído e, na parte inferior, a solu- so de água e recuperação de me-
síduos em estação de trata- ção aquosa ácida com menos ou tais, pelos processos eletroquímicos
mento de esgotos (ETE). nenhum ferro para ser reciclado e extração por solvente.
t Separação e recuperação de (ácido limpo). www.scpambiental.com.br

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CONSTRUÇÕES METÁLICAS www.siderurgiabrasil.com.br

Wtorre entrega
ciclopassarela em SP
O projeto proporciona maior mobilidade e segurança aos ciclistas que circulam pela
região do Parque do Povo, em São Paulo.

o final de abril, a Segundo dados da CPTM, durante construção do complexo WTorre


WTorre entregou à a semana a ciclovia recebe 600 ci- Plaza, composto por quatro torres
cidade de São Paulo clistas e, nos finais de semana, esse comerciais, um shopping center e
a última obra de con- número sobe para 4.000. um teatro no quadrilátero formado
trapartida do Com- Para a conclusão do projeto, pela JK, avenida Chedid Jafet e Mar-
plexo WTorre JK, a a WTorre apostou na inovação e ginal. Além da ciclopassarela, foram
ciclopassarela ligando o Parque do optou por um método construtivo realizadas outras intervenções na
Povo à ciclovia na margem do rio de viga pré-moldada, que permi- região, como a construção de no-
Pinheiros, passando sobre a Margi- te maior eficiência na instalação e vas faixas de rolamento na Marginal
nal e os trilhos da CPTM. A ciclopas- montagem, diminuindo os transtor- Pinheiros, a entrega de uma ciclovia
sarela vai proporcionar maior mobi- nos na interdição do trânsito tanto de 4,8 km de extensão e a constru-
lidade para os ciclistas que circulam na Marginal quanto na linha férrea. ção do viaduto para direcionar o
pela região. Com a possibilidade de A ciclopassarela tem 180 metros de fluxo de veículos que vem do bair-
sair no Parque do Povo por meio do extensão, com estrutura metálica, ro, ligando a Avenida Juscelino Ku-
novo acesso, os ciclistas que vivem laje em concreto e guarda-corpo bitschek à pista central da Marginal
ou trabalham nos bairros como em aço galvanizado. O projeto do rio Pinheiros. Ao todo, as obras
Alto de Pinheiros, Pinheiros, Itaim original é da empresa alemã SSF de contrapartida exigiram um in-
e Vila Olímpia poderão usar a ciclo- Ingenieure, escolhida por ser uma vestimento de R$ 97 milhões.
via como meio de transporte no das principais projetistas de pontes www.wtorre.com.br
dia a dia ou no lazer aos finais de e viadutos do mundo, e foi conce-
semana. Atualmente, quem entra bido prevendo sua integração à ar-
na ciclovia em Pinheiros, na altura quitetura do entorno.
da USP, e vai em direção à zona sul, A obra de contrapartida entre-
tem poucos pontos para deixá-la. gue pela WTorre está vinculada à
Foto: Divulgação

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RESULTADOS

Trimestre positivo
para as siderúrgicas
Usiminas, CSN e Gerdau anunciaram resultados favoráveis no primeiro trimestre de 2014,
em comparação com períodos passados.

SIMINAS 2013. Os resultados se devem 2013. Já o volume total de


A Usiminas regis- ao crescimento do desempe- vendas decresceu 10% e foi
trou um lucro líquido nho de todas as unidades de 1,437 milhão de toneladas,
de R$ 222 milhões no negócio da companhia, aliado em função da redução das ex-
primeiro trimestre de ao processo de melhoria da eficiên- portações. No primeiro trimestre de
2014, revertendo o cia operacional e controle de custos. 2014, a produção de aço bruto das
prejuízo de R$ 123 milhões no mes- Como resultado da estratégia de usinas de Ipatinga e de Cubatão foi
mo período do ano passado. Já o Ebi- priorizar uma maior integração com de 1,652 milhão de toneladas, pro-
tda – lucro antes de juros, impostos, os clientes do mercado interno, as dução estável quando comparada
depreciação e amortização – atingiu vendas domésticas da Usiminas fo- ao mesmo período do ano passado.
o maior patamar desde o terceiro ram de 1,268 milhão de toneladas
trimestre de 2010: R$ 655 milhões, o no primeiro trimestre de 2014 (88% CSN
que significou um aumento de 109% do total de vendas), aumento de 3% No primeiro trimestre deste ano,
em relação ao primeiro trimestre de em relação ao primeiro trimestre de a CSN teve um lucro líquido de R$ 52
Fotos: Divulgação e www.freeimages.com

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cro líquido de R$ 440 milhões, evo-


luindo 175% em relação ao mes-
mo trimestre do ano passado. Já
em relação ao último trimestre de
2013, houve uma queda de 10,6%.
O lucro líquido consolidado nos
três primeiros meses cresceu, prin-
cipalmente, por causa do melhor
desempenho operacional.
O Ebitda atingiu R$ 1,196 bi-
lhão, valor 48,6% mais elevado
em relação ao primeiro trimestre
milhões, o que representa uma trimestre e no último trimestre do ano passado. Já em relação ao
recuperação em relação ao do ano passado. trimestre anterior, o Ebitda caiu
quarto trimestre do ano pas- A receita líquida consolidada 12,7%. A margem Ebitda subiu de
sado, quando a companhia totalizou R$ 4,371 bilhões no pri- 8,8% para 11,3% entre o primeiro
apresentou um prejuízo de meiro trimestre deste ano, valor trimestre de 2013 e igual intervalo
R$ 487 milhões devido a adesão ao 20% superior ao do mesmo trimestre deste ano. No trimestre, a receita
Refis. Entre janeiro e março, o Ebitda de 2013, devido principalmente aos líquida atingiu R$ 10,554 bilhões,
ajustado no período foi de R$ 1,440 resultados dos segmentos de mine- crescendo 15,1% em relação ao
bilhão, o que significou um aumento ração e siderurgia. Em relação ao tri- trimestre anterior. Essa expansão
de 60% quando comparado aos R$ mestre anterior, houve uma queda se deve – segundo a Gerdau – à
902 milhões verificados em igual pe- de 12%, devido principalmente à re- maior receita líquida por tonelada
ríodo do ano passado, basicamente ceita da mineração. vendida e melhor mix de mercado
pelas contribuições dos segmentos – maiores vendas no mercado in-
de mineração e siderurgia. A mar- GERDAU terno e menos exportações –, que
gem Ebitda atingiu 30% ante 22% e No primeiro trimestre deste compensaram a redução dos volu-
32%, respectivamente, no primeiro ano, a Gerdau contabilizou um lu- mes vendidos.

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OPINIÃO
Foto: www.rgbstock.com

Grandes desafios
para as empresas
José Osvaldo Bozzo*

ano começou e a ção de nº 12.846/2013. É, certa- volvidas, sendo que os dirigentes


lição de casa está mente, um grande avanço para e executivos somente serão res-
aí por fazer. O que as empresas evitem ponsabilizados por atos ilícitos na
novo manual Leis são ferramentas operações fraudulentas medida da sua infração.
do sistema tri- e o descumprimento de Tal lei contra a corrupção tra-
butário já foi que levam a normas legais, o que tem rá mais investimentos em termos
instituído. Agora é a vez de refletir sobre uma afetado, principalmente, de controle preventivo interno
começarmos a pensar no multinacionais e empre- e, para isso, terá que se adaptar
IFRS para as empresas que verdadeira visão sas de capital aberto. por meio de sistemas mais avan-
ainda não se adequaram, e contábil e financeira Existe nesta Lei, sem çados, a fim de que seja possível
que terão de fazê-lo. dúvida alguma, a respon- processar dados mais precisos,
Para complementar ain-
das empresas sabilidade material admi- chamando atenção em caso de
da mais a transparência nistrativa das sociedades, alguma movimentação e/ou
nos negócios praticados pelas materializada involuntariamente anormalidades funcionais. So-
empresas, entra em vigor em ja- da responsabilização particular mado a isso, temos o IFRS que,
neiro deste ano a Lei Anticorrup- das pessoas correspondentes en- como se sabe, é uma sigla em

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inglês que significa: International que a empresa deverá passar a bui para que, se não apropriado
Financial Reporting Standards. apropriar seus registros de for- de forma correta, os mesmos não
Traduzido para o português quer ma a apresentar, por exemplo, os estarão refletindo fidedignamen-
dizer Normas e Padrões Interna- custos atuais, de acordo com a te aquilo que deveria. Já o IFRS
cionais de Contabilidade. manutenção do seu capital físico, mantém o capital em unidades
Na realidade, o IFRS veio tra- em todos os níveis de inflação e de poder de compra constante,
zer à contabilidade uma maior deflação, bem como a manuten- motivando a equalização dos re-
transparência nas demonstra- ção de capital em unidades de cursos investidos na sociedade.
ções financeiras. Ou seja, com- poder de compra constante. Quando – Tais práticas muda-
provar a evolução e incremento Essa demonstração irá contri- ram a partir de janeiro de 2010.
dos negócios das companhias. É buir para que a manutenção do Desde então, os critérios contá-
uma ferramenta que faz refletir capital financeiro em unidades beis brasileiros devem convergir
uma verdadeira visão contábil/ monetárias nominais possa refle- para as IFRS, normas e padrões
financeira das empresas. tir exatamente o seu poder aqui- internacionais de contabilida-
Transparência – Um dos pres- sitivo. Um exemplo disso são os de a ser aplicadas para todas as
supostos importantes para a ado- custos dos empréstimos, os juros companhias que estão sujeitas
ção do IFRS é mostrar ao público pagos ou recebidos, inúmeras às normas regulamentadas por
alvo a forma como os registros outras despesas ou receitas que lei federal no Brasil. Isso, porque
contábeis foram efetuados e se afetam diretamente a conta de a Lei nº 6.404/76 (Lei das S/A) foi
os mesmos atendem às normas resultado e, consequentemente, alterada pelas Leis nº 11.638/07 e
internacionais. Isso implica dizer as patrimoniais. Tudo isso contri- nº 11.941/09. O Conselho Federal

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OPINIÃO

às empresas a aplicação e, portan-


to, a obrigatoriedade pela adoção
Foto: www.freeimages.com

destas novas regras.


Resumindo, a chegada do IFRS
e da Lei Anticorrupção tende a
ser bastante positiva e aparenta
ser extremamente promissora so-
bre inúmeros aspectos. Vejamos:
maior qualidade e confiabilidade
das demonstrações financeiras,
redução do custo de capital pró-
prio, possibilidade de elucidar
todas as transações contábeis
ocorridas anteriormente à sua
aplicação, informações preventi-
vas, precisas, transparentes e fide-
dignas, e o mais importante, “em
tempo real”. Isso levará ao admi-
nistrador a possibilidade de tomar
decisões coerentes, assim como,
de Contabilidade (CFC), sendo o Contabilidade, o Ibracon e a Comis- se necessário, buscar elementos
órgão responsável pela regula- são de Valores Mobiliários, dos quais que possam contribuir com o de-
mentação das práticas e princí- resultou uma cadeia de medidas re- sempenho presente e futuro do
pios contábeis no Brasil, é quem gulamentadoras já em andamento. seu negócio. Esse cenário expõe
emite as Normas Brasileiras de Desafio – Agora vem a grande fatores fundamentais e, ao mes-
Contabilidade (NBC), que, por questão. O desafio dos profissionais mo tempo, necessários para que
sua vez, tem força de lei federal. capazes de integrar todas essas re- haja reais avanços técnicos fren-
Com a abertura da economia gras (IFRS e Lei Anticorrupção), par- te à necessidade de se buscar a
brasileira frente ao exterior tornou- tindo do pressuposto que o nosso compreensão do negócio, o cres-
se indispensável a implementação capital intelectual é escasso nesse cimento profissional e contínuo
de critérios contábeis que pudes- segmento. Portanto, a qualificação na qualificação da mão de obra
se refletir verdadeiramente a nossa da mão de obra para aplicar as no- administrativa como um todo.
moeda frente a outros países. Isso vas normas, considerando sua in-
acaba nos colocando em evidên- terpretação e os seus impactos nas
cia e em contato direto com outras demonstrações financeiras, será o
economias mais avançadas, inclu- principal desafio. Certamente, para
sive, economias que mantém títu- atender à essas demandas, as em-
los negociados nas bolsas de maior presas terão que investir maciça-
Foto: Divulgação

movimento como as da Europa e mente na qualificação profissional


dos Estados Unidos, além de que de seus colaboradores.
temos a grande possibilidade de As empresas que se abdicarem
atrairmos investidores, com sede de adotar o IFRS, a meu ver, com o
em outros países, para o Brasil. passar do tempo, talvez sofram al- *José
J é Osvaldo
O ld Bozzo.
B Consultor,
C lt
Nota-se, inclusive, que a harmo- gum tipo de represália, tais como a tributarista e sócio da MJC Consulto-
nização dessas novas práticas já pas- sua exclusão por parte do mercado, res. Formado em Direito, foi também
sou a fazer parte das preocupações independentemente do tipo de pú- sócio da BDO e da KPMG e professor
dos principais órgãos envolvidos, blico alvo. Imagino que em breve de planejamento tributário na USP -
tais como o Conselho Federal de haverá alguma norma imputando MBA de Ribeirão Preto.

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ENTIDADES

A reindustrialização exige
uma visão de cadeia
O Brasil só conseguirá ter uma indústria forte e competitiva se, além de ter uma taxa
de cambio de equilíbrio, desenvolver uma visão de cadeia produtiva.
Daniele Pestelli*

á um certo consenso se que mais 100 milhões de tonela- fornecedor local e nem cliente para
entre os principais das de capacidade deverão entrar comprar o seu produto. A importa-
economistas brasi- em operação nos próximos anos. ção de um produto do seu cliente é
leiros de que, sem Para termos uma ideia da magnitude tão perniciosa quanto a importação
uma taxa de câmbio deste desequilíbrio, o excedente do produto que a sua empresa fabri-
de equilíbrio, dificil- é mais de doze vezes a capa- ca. A importação do primeiro apenas
mente o Brasil conseguirá escapar cidade instalada do parque demora mais para ser percebido.
do aprofundamento do processo siderúrgico brasileiro. Os países asiáticos, que nos úl-
de desindustrialização que já esta A competitividade da siderurgia timos 40 anos se tornaram o gran-
em curso tem alguns anos. A taxa de brasileira é a base para a competiti- de sucesso industrial, têm uma
câmbio mais competitiva, mais de- vidade da nossa cadeia metal-mecâ- visão e uma atuação equilibrada
preciada, é condição imprescindível nica. Nós só teremos uma indústria da cadeia produtiva, buscando
para a competitividade da indústria, metal-mecânica competitiva se tiver- sempre a produção e exportação
mas não é condição suficiente para mos uma siderurgia competitiva – e de maior valor agregado. Esse mo-
tornar a indústria brasileira nova- vice-versa. Uma cadeia produtiva só delo começou na década de1970
mente competitiva. A apreciação do é competitiva se todos os elos dessa com os japoneses, que foram su-
real por longos períodos foi a maior cadeia forem competitivos. A robustez cedidos pelos coreanos e, mais
responsável pela crise da nossa in- de uma cadeia é como uma corrente recentemente, pelos chineses. Na
dústria, mas não foi a única. A crise de aço: ela é determinada pelo elo era japonesa, eram as grandes tra-
de 2008 colocou um freio no pro- mais fraco da corrente. Não adianta ders japonesas que coordenavam
cesso de crescimento das principais termos muitos elos fortes e poderosos a atuação das suas cadeias produ-
economias do mundo e provocou se na mesma cadeia tivermos alguns tivas: vendiam e financiavam tanto
um enorme desequilíbrio entre a elos fracos. A corrente irá se romper os produtores japoneses quanto
capacidade de produção mundial, e a cadeia não irá capturar toda a sua os seus clientes pelo mundo afora.
que vinha em expansão e tem certa potencialidade de negócios. Os coreanos se desenvolveram
inércia de ajuste e a demanda por O setor empresarial brasileiro não industrialmente e internacionalmen-
esses produtos, que sofreu uma fre- tem uma visão muito clara da im- te com forte participação de seus
ada brusca e ainda hoje ensaia uma portância da cadeia produtiva e, se conglomerados, os chaebols, que
recuperação tímida. tem, não a pratica. Cada um está pre- permeavam toda a cadeia produtiva
Atualmente, o mundo tem ca- ocupado com o seu elo (produto), com empresas próprias ou com parti-
pacidade ociosa para a quase tota- seu mercado, sua rentabilidade, sua cipações acionárias ao longo de toda
lidade dos produtos, se analisarmos proteção tarifária etc., não se preocu- a cadeia e, com isso, coordenavam e
Fotos: www.rgbstock.com

a economia global. No segmento de pando e não se solidarizando com os controlavam as cadeias produtivas.
produção de aço, hoje existe uma seus fornecedores e seus clientes. No A China é a máquina de produ-
capacidade excedente de mais de curto prazo, pode fazer sentido, mas ção do mundo atual, que além de
580 milhões de toneladas e estima- no longo prazo, ele poderá não ter toda a expertise absorvida de seus

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vizinhos, tem uma forte interferên- 16%), trefilarias (12% a 14%),


cia estatal e um enorme contingen- relaminação (12% a 14%) e
te de mão de obra a ser absorvido estamparia (14% a 18%).
pelo setor industrial, com uma mo- t Autopeças: peças, conjun-
eda mantida desvalorizada e uma tos, subconjuntos e siste-
política agressiva de exportação, mas (14% a 18%).
focada na agregação de valor ao t Montadoras: veículos (35%).
longo da cadeia produtiva. Os fa- A estrutura acima mostra que
mosos “rebates” na exportação va- a maior proteção está no início e
riam de acordo com a agregação no final da cadeia, uma proteção
de valor ao produto ao longo da desproporcionalmente menor nas
cadeia: quanto maior o valor agre- etapas intermediarias da cadeia e,
gado, maior é o rebate. coincidentemente, o elo inicial e o
Enquanto as empresas do mun- elo final são os mais oligopolizados
do ocidental são avaliadas apenas e com maior poder de impor pre-
pelo seu Ebitda e pela criação de va- ços. Entre o aço – matéria-prima
lor para os seus acionistas no curto para fabricação de peças e compo-
prazo, as empresas orientais, além nentes do automóvel – e as peças
desses objetivos, valorizam tam- e componentes fornecidos às mon-
bém a solidez dos seus parceiros tadoras, há seis pontos percentuais
na cadeia produtiva – fornecedores de acréscimo no Imposto de Impor-
e clientes – no longo prazo. Para o tação, e entre as peças e o veiculo
governo chinês, é mais importante montado, há um acréscimo de 17
a geração de riqueza e de emprego pontos percentuais nesse imposto.
para sua população do que o lucro
em um determinado elo da cadeia.
Além desta distorção, o pro-
grama Inovar-Auto prevê um be- Balança para Pesagem
O que se procura maximizar é a
somatória dos ganhos da cadeia e
nefício de mais 30 pontos percen-
tuais de proteção para os veículos
em Pontes Rolantes
Modelo BGB Modelo BGE
não o ganho de alguns elos. nacionais contra os concorrentes de 2.000 até 10.000kg de 500 até 50.000kg

Qualquer política de defesa co- importados. Ou seja, um acréscimo


mercial da indústria de transformação no custo de importação travestido
deve pressupor uma proteção equili- de IPI. A exigência de conteúdo lo-
brada ao longo da cadeia produtiva. cal prevista no programa obriga a
O Imposto de Importação deve ter compra de parte das peças e com-
acréscimos compatíveis com a agre- ponentes da indústria nacional. É
gação de valor de cada elo. Quanto importante e muito bemvinda, mas Veja no site mais opções
de acabamento para
mais valor agregado, maior o per- essa proteção deve ser melhor dis- proteção de
centual do Imposto de Importação. tribuída para que a indústria inter- altas temperaturas Controle
e impactos remoto padrão
O Imposto de Importação da cadeia mediária tenha uma rentabilidade Controle
remoto
metal mecânica ligada à indústria au- adequada e uma geração de caixa
tomotiva tem a seguinte estrutura: que permita que ela faça os inves-
t Insumos básicos: minério de timentos necessários para atender
ferro (2%) e carvão (zero) o aumento da demanda e dos ga- Várias opções de Kit troca rápida
impressoras para etiquetas de bateria
t Fabricantes de aço: aços pla- nhos de eficiência e produtividade
PRECISÃO E CONFIABILIDADE NO CONTROLE E TRANSMISSÃO DOS DADOS DE PESAGEM
nos e longos, laminados a frio do programa, sem depender tanto ELETRÔNICA, ROBUSTA E CONFIÁVEL COM A MELHOR RELAÇÃO CUSTO X BENEFÍCIO
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ENTIDADES

lorizada em torno de 30%, coinci- de críticas de consultores ligados e, com isso, agregam mais valor e
dentemente o mesmo percentual ao setor financeiro e de parte da mais emprego.
da proteção adicional concedida às imprensa especializada. Podemos Temos que ter em mente que
montadoras pelo programa Inovar- discutir se a capitalização foi feita os recursos são limitados. Pode ser
Auto. Ou seja, só as montadoras da forma adequada, se deveria ter muito simpático dizer que as deso-
estão trabalhando com uma taxa sido feita de outra maneira, mas nerações deveriam ser horizontais ou
de câmbio de equilíbrio. Além do não deveríamos abrir mão de que gerais, mas temos que ter em mente
seu produto ter a proteção de uma o BNDES tenha recursos suficientes que a ciência econômica só existe
taxa 30% maior, o seu Imposto de para financiar as cadeias produti- porque existe escassez e, por isso, de-
Importação é o dobro do imposto vas e com o menor custo possível. veríamos priorizar os produtos que
das suas matériasprimas. Conceder crédito subsidiado num sofrem concorrência dos produtos
A proteção desequilibrada dos país onde as taxas de juros são es- importados. Desonerar produtos que
elos de uma cadeia produtiva pode- corchantes pode não interessar aos não sofrem concorrência dos impor-
rá se mostrar inútil como defesa da banqueiros nacionais, mas é es- tados só vai gerar aumento do lucro
indústria brasileira e, simplesmente, sencial para o setor industrial, pois, para a empresa produtora, porque,
deslocar as importações de um elo apesar de subsidiado, o custo no num mercado de preço livre e sem
para outro. Traduzindo, reduzimos a Brasil é ainda muito maior do que concorrência, o preço máximo é o
importação de automóveis, mas au- no exterior. Devríamos discutir as que o mercado está disposto a pagar
mentamos as importações de peças prioridades de tal crédito. Entende- – não tem nada a ver com o custo ou
e de transformados de aço. Em ou- mos que ao invés de escolher cam- com o nível de imposto.
tras palavras, aumentamos os custos peões, deveríamos direcionar estes Enfim, as políticas de defesa co-
para os consumidores de automó- créditos para as cadeias produtivas mercial e de crédito, e as desonerações
veis e os lucros das montadoras, que o país pretende fortalecer. fiscais devem ser concebidas dentro
mas não defendemos a indústria de O mesmo raciocínio deveria ser do conceito de cadeia produtiva, e
transformação como um todo. feito para as desonerações fiscais devem permear toda essa cadeia. O
Os acréscimos do imposto impor- que foram executadas de maneira Brasil não pode ter a pretensão de
tação deveriam ser melhor distribuí- pouco discutida ao longo dos últi- achar que pode ter uma indústria tão
dos ao longo da cadeia, respeitando mos anos, mas que são importantes diversificada num ambiente de eco-
os limites da OMC, entre os 12% do para a competitividade da indústria nomia mais aberta. Devemos analisar
aço e os 35% do automóvel, para os nacional. Deveríamos concentrar as quais cadeias podem ter diferenciais
elos da cadeia entre as siderúrgicas e desonerações nos produtos trada- competitivos, para garantir que elas
as montadoras. Os setores intermedi- bles e, mais especificamente, em tenham condições isonômicas com
ários só vão fazer novos investimen- produtos das cadeias produtivas os concorrentes internacionais.
tos em aumento de produção, ga- que têm potencial de competiti-
nhos de eficiência e em inovação se vidade internacional, que o Brasil
esse capital novo a ser investido tiver quer defender e desenvolver.
uma remuneração adequada. Caso O Reintegra, programa de in-
contrário, ele vai explorar ao máximo centivo às exportações, está tem-
o investimento antigo, mas não vai porariamente suspenso e, no nos-
Foto: Divulgação

colocar dinheiro novo no seu negó- so entender, deveria ser reativado,


cio, seja dele próprio ou de terceiros. mas dentro de uma visão de cadeia
Outro ponto importante para o produtiva: quanto maior o valor
fortalecimento da indústria nacio- agregado, maior o percentual de
nal é o custo dos financiamentos reembolso. Não tem sentido dar o *Daniele P t llllii é presidente
D i l Pestelli id t dod
Fotos: www.rgbstock.com

para investimentos que, no Brasil, mesmo percentual para exporta- Sicetel, presidente da Fitas Indústria e
é muito mais elevado que no ex- ções de produtos primários e para Tecnologia S/A e do Sindicato Nacio-
terior, apesar do crédito subsidiado exportação de produtos que so- nal da Indústria de Trefilação e Lami-
pelo BNDES, que vem sendo alvo frem maior processamento no país nação de Metais Ferrosos (Sicetel).

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Edições Especiais no
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brasileiro
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Junho 2014 Expointer – Esteio – RS
Agosto 2014 Fenasucro – Sertãozinho – SP

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SUSTENTABILIDADE

Painel completo da
sucata ferrosa
Um estudo da FGV apresenta informações inéditas sobre o comércio
atacadista de sucata ferrosa no Brasil.

s empresas de co- elaborado pelo Grupo de Econo- da a 1,5 milhão de pessoas, desde
mércio de sucata fer- mia da Infraestrutura e Soluções a coleta, seleção, preparação, até
rosa vendem men- Ambientais da Fundação Getúlio a distribuição de materiais metáli-
salmente cerca de Vargas (FGV), a pedido do Institu- cos. Desse grupo, de 600 mil a 800
300 mil toneladas do to Nacional das Empresas de Su- mil são catadores, independentes
produto, comprado cata Ferro e Aço (Inesfa). ou reunidos em cooperativas e
das indústrias, ferros-velhos e coo- Segundo o economista Gesner associações. Pouco mais de 5.000
perativas de catadores. Esse volume Oliveira, ex-presidente do Conse- empresas realizam o comércio da
é negociado quase totalmente no lho Administrativo e Defesa Eco- matéria-prima.
mercado interno. Cerca de 57% das nômica (Cade), professor da FGV e Os associados do Inesfa são
empresas comercializam apenas no um dos autores do levantamento, responsáveis por 47% de toda a
mercado nacional e 43% delas tan- ainda existe “muito desconheci- sucata preparada no país. Desse
to internamente como no exterior. mento sobre a importância do total, perto de 10% das empresas
Esses dados fazem parte do estu- segmento de sucata para a econo- analisadas respondem por cerca
do inédito Painel de Indicadores mia do país”. O setor garante ren- de 65% do total das receitas do
Setoriais para o Comércio Ataca- setor. Em valores brutos, essa
dista de Sucata Ferrosa, receita é de R$ 1,34
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

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bilhão por ano. A pesquisa apon- é tratada como commodity, com O uso da sucata apresenta
ta a insatisfação das empresas cotação internacional, e é nego- inequívocas vantagens ambien-
com os preços: 52% das associa- ciada com valores de 30% a 40% tais em pelo menos cinco di-
das afirmaram não estar satisfei- mais altos do que no Brasil. Con- mensões. Em primeiro lugar, sua
tas, já que os valores em geral forme o Inesfa, o país exporta atu- utilização nos fornos da siderur-
são inferiores àqueles pagos pelo almente apenas 3,5% do volume gia acarreta menor consumo de
mercado internacional. Um dado da sucata consumida no mercado energia e combustível. Em se-
que chama a atenção no estudo interno. As exportações de sucata gundo, gera menores emissões
é a consolidação do setor nos úl- do Brasil representam menos de de gás carbônico, óxidos de en-
timos anos. “Há um processo de 0,01% do total mundial. xofre e nitrogênio, monóxido de
concentração do setor, com em- Entre os incentivos governa- carbono e material particulado.
presas de maior porte adquirindo mentais disponíveis hoje estão os Em terceiro, diminui a geração
empresas menores. A consolida- leilões de veículos antigos, uma de resíduos, como escória e re-
ção permite mais escala e maior fonte importante de sucata ferro- fratário, devido ao menor des-
capacidade de investimento”, diz sa para o setor. Segundo o estu- gaste de refratário. Em quarto,
Gesner Oliveira. do, 52% das empresas ouvidas na a reciclagem de sucata ferrosa
No Brasil, a participação da pesquisa acreditam que os leilões gera economia do espaço em
sucata na produção de aço bruto de veículos fortalecem o setor, aterros, o que aumenta sua vida
oscila hoje entre 26% e 28%, bem garantem o abastecimento, além útil, em linha com a Política Na-
abaixo da média mundial, de cer- de proporcionarem benefícios à cional de Resíduos Sólidos.
ca de 45%. No exterior a sucata sociedade, de forma geral. www.inesfa.org.br

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SUSTENTABILIDADE

Latas de aço auxiliam na


preservação da saúde
Fabricantes de pescados enlatados investem em produtos com menos sódio, atendendo
à crescente procura por alimentos saudáveis.
er uma boa alimen- sólido ao natural ou em óleo, cuja tes por doenças como a hipertensão,
tação é sinônimo de quantidade de sódio é reduzida que só no Brasil atinge cerca de 30
vida saudável. Esco- em até 80%, ou até mesmo atum milhões de cidadãos, de acordo com
lher bem os ingre- sólido conservado em água mi- o Ministério da Saúde.
dientes é fundamen- neral, sem adição de sal. “Os fa- Além de ter teor reduzido ou
tal para melhorar a bricantes de pescados enlatados zerado de sódio, os pescados em
qualidade de vida e um dos fatores identificaram que a procura por lata de aço levam vantagem em
que ajudam a evitar o desenvolvi- alimentos saudáveis é uma ten- relação aos peixes frescos, pois são
mento de doenças. E as empresas dência, e que baixo teor de sódio muito mais práticos, já vêm limpos e
estão cada vez mais conscientes da é uma das características mais prontos para comer. Apesar de am-
necessidade de oferecer ao consu- procuradas pelos consumidores”, bos possuírem o mesmo ômega 3,
midor produtos que contribuem explica Thais Fagury, engenheira gordura essencial para o bom fun-
para uma alimentação saudável e de alimentos e gerente executiva cionamento do organismo, os enla-
equilibrada, como no caso dos fa- da Associação Brasileira de Emba- tados estão muito mais protegidos
bricantes de enlatados, que vêm lagem de Aço (Abeaço). contra a ação de microorganismos
desenvolvendo produtos com re- O sódio é um nutriente essencial por conta da embalagem de aço e
dução de sódio. para o organismo, pois regula a quan- permanecem conservados por mui-
Um exemplo deste tipo de tidade de líquidos que ficam dentro e to mais tempo sem a presença de
alimento é o atum fora das células e atua na condução conservantes químicos. “Como no
de estímulos nervosos e na contra- processo de produção os pescados
ção muscular. No entanto, o excesso são levados a altas temperaturas e o
do nutriente no sangue pode alte- cozimento é rápido, não é necessá-
rar o equilíbrio dos flui- ria a adição de produtos químicos,
dos internos do uma vez que esse procedimento já
corpo, sobre- protege os alimentos dos microor-
carregando o ganismos”, comenta Thais Fagury.
Foto: Divulgação

coração e os Segundo o ministério da Saú-


rins, resultan- de, para manter uma alimentação
do em hiper- saudável, é importante comer pes-
tensão e ou- cado pelo menos duas vezes por
tras doenças. semana. O peixe é um alimento
A Organização que não pode faltar em uma dieta
Mundial da Saúde balanceada, pois previne doenças
(OMS) recomenda o cardiovasculares, diminui o nível
consumo máximo de 2 de colesterol e a ansiedade, e ati-
g de sódio por pessoa ao dia, o que va a memória.
equivale a 5 g de sal. A iniciativa da twitter.com/latadeaco
OMS visa a reduzir o número de mor- www.facebook.com/AbeacoBrasil

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AUTOPEÇAS www.siderurgiabrasil.com.br

Foto: Imprensa Ford


Um veículo para cada cinco habitantes
Em 2013, a frota brasileira de veículos cresceu 5,7%, ultrapassando o patamar
de 40 milhões de unidades.
e acordo com o levan- 2013. Aproximadamente 43% da que mais ocorrem acidentes de
tamento do Sindicato frota têm até cinco anos de idade; trânsito, muitas vezes provocados
Nacional da Indústria 39%, entre seis e quinze anos; e por falhas mecânicas”, afirma Elias
de Componentes para 4%, mais de vinte anos. Segun- Mufarej, conselheiro da entidade.
Veículos Automotores do o Sindipeças, a renovação O Sindipeças realiza esse le-
(Sindipeças), em 2013, é lenta porque, apesar dos vantamento há mais de vin-
a frota circulante de automóveis, co- veículos novos que entram te anos e se baseia na ven-
merciais leves, caminhões e ônibus na frota anualmente, a da de veículos no mercado
do Brasil ultrapassou 40 milhões de base em circulação é interno desde 1957. São
unidades, e cresceu 5,7% em relação grande. “Os veículos feitos cálculos por modelo,
a 2012. O crescimento registrado em mais velhos só deixarão considerando-se um índice
2012 sobre 2011 foi de quase 9%. de circular quando houver médio de mortalidade de
Apenas cinco estados concentram um programa de reno- ção 1,5% ao ano para a linha leve
ulga
s: Div
72% da frota nacional: São Paulo, vação de frota que Foto e 1% para a pesada. O estudo mos-
com 37%; Minas Gerais, 10%; Rio de resulte de uma par- tra também que, em 2013, o Brasil
Janeiro, 9%; e Rio Grande do Sul e Pa- ceria entre setor pri- tinha 659 mil tratores, tendo au-
raná, cada um com 8%. vado e governo federal, com mentado 6,7% em relação a 2012;
A idade média total passou de forte ênfase na segurança veicular. e 13 milhões de motocicletas, 5,1%
oito anos e sete meses, em 2012, O Brasil precisa eliminar a terrível mais que no ano anterior.
para oito anos e cinco meses, em marca de ser um dos países em www.sindipecas.org.br

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OPINIÃO

O custo Brasil tira a competitividade


da empresa nacional
Enio Feijó*

implicações do cus- têm sido bastante acanhadas no Na esteira dos impostos vem a
to Brasil são muitas, sentido de reduzir carga tributária. burocracia fiscal – fruto de uma le-
mas sua raiz é basica- Recentemente, o senado aprovou gislação fiscal complexa e ultrapas-
mente um conjunto uma medida provisória que visava sada, com mais de 3.200 normas
bem conhecido à desoneração da folha de tributárias que exigem do setor
de fatores que Na esteira dos pagamento de alguns seto- privado uma estrutura descomu-
atrapalham a competitivida- res. Na prática, entretanto, a nal. No ano passado, um estudo
impostos vem
de das empresas e emperram medida gerou uma redução do Banco Mundial identificou que
o desenvolvimento do país. a burocracia de apenas 0,5%, em média, no Brasil uma empresa chega a
Entre eles, os mais impactan- fiscal – fruto de no preço final de produtos e gastar 2.600 horas por ano no pro-
tes parecem ser a exagerada serviços. Isso indica que não cessamento de tributos. Em países
carga tributária, a legislação uma legislação se deve esperar do governo desenvolvidos, o tempo gasto é de
fiscal complexa e ultrapassada, fiscal complexa e muito mais do que redu- apenas 179 horas. Mais um detalhe:
a excessiva burocracia admi- ções pontuais, como do IPI são necessários cerca de 200 fun-
nistrativa e tributária, além da ultrapassada para determinados setores. cionários para atender às normas
precária infraestrutura logística A propósito, essas medidas fiscais no Brasil, enquanto empresas
em todo o país. Podemos somar a se mostram protecionistas para as norte-americanas de mesmo porte
isso o alto custo do dinheiro (taxa empresas de tais segmentos. É o re- necessitam de apenas quatro. Em
de juros e spread bancário), infla- conhecimento, pelo estado, de que estudo recente, a Fiesp revela que
ção em alta e mão de obra pouco esses setores não conseguem com- essa carga tributária e a excessiva
qualificada. Como resultado, temos petir com os importados devido à burocracia fiscal são responsáveis
o custo-Brasil” – que nada mais ineficiência sistêmica. por metade do custo Brasil. Con-
é senão o custo extremamente Não é difícil compreender a fal- tribuindo um pouco menos – sem
elevado de produtos domésticos, ta de vontade política do governo deixar de ser importante – surge a
quando comparados com similares para uma ampla reforma tributária, ineficiência da infraestrutura, que
importados vendidos aqui, ou mes- já que esses recursos são usados penaliza todos os setores da econo-
mo com produtos nossos quando para manter a máquina do gover- mia – do industrial ao agronegócio
colocados em outros países. Em es- no e financiar projetos – alguns, é e o setor extrativista. Com pouco
tudo recente, a Fiesp identifica esse certo, importantes para melhorar investimento, capacidade deficien-
custo como sendo 38% a mais em a competitividade do país e outros te de gestão, e foco no curto prazo,
relação a países emergentes e 30% tantos mais populistas, visando é difícil imaginar que os problemas
a mais quando comparado a países manter a governabilidade e a elegi- de infraestrutura possam ser resol-
desenvolvidos. bilidade. Infelizmente, o que sobra vidos dentro de cinco, seis, ou oito
Um dos fatores que mais im- é mal direcionado e mal gerido. anos. Geralmente, são projetos com
pactam o custo Brasil e o ambiente Escândalos de superfaturamento cerca de dez anos de maturação
de negócios é a alta carga tributária estão por toda parte, assim como e que, por isso, acabam saindo do
Foto: www.freeimages.com

– uma das mais vultosas do mun- casos e mais casos de nepotismo foco do governo.
do, que penaliza tanto as empresas e de funcionários fantasmas que Pode-se concluir que os princi-
como os consumidores. Pode-se constam da folha de pagamento pais fatores que compõem o custo-
dizer que as ações do governo sem nunca terem atuado na pasta. Brasil são sistêmicos e dependem

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quase que totalmente de ações e ria – que, aliás, ainda é um ‘mantra’


projetos governamentais. É possível nas empresas japonesas, indepen-
chegar também à conclusão de que dentemente do nível de compe-
as chances de o governo adotar uma titividade em que se encontram.
abordagem mais assertiva sobre es- Embora a História mostre que, em
ses fatores são quase nulas – pelo países como Japão, Taiwan, Coreia

Foto: Divulgação
menos no curto prazo. Portanto, do Sul e China, essas virtudes foram
sobra para empresas e empresários fomentadas, coordenadas ou in-
brasileiros a missão de atuar sobre centivadas pelo governo, podemos
fatores que estão a seu alcance, no inventar um novo modelo em que
sentido de reduzir custos e aumen- o principal fator de competitivida-
tar a competitividade. Vale a ressalva: de está nas empresas e na capaci- *Enio Feijó é consultor e especia-
por mais que se tenha alta eficiência dade individual. Na opinião de Mi- lista em melhoria contínua, instrutor
operacional, sempre é possível atu- chael Porter, consultor e professor do Six Sigma Academy & Company
ar em variáveis internas e descobrir da Harvard Business School, a pros- (USA), professor de gestão da quali-
processos que podem nos dar um peridade de um país é criada, não dade do CEA (Centro de Estudos Au-
pouco mais de eficiência e nos tor- herdada. Ela não deriva das rique- tomotivos), da FEI e FGV. Atuou como
nar mais competitivos. zas naturais, do número de traba- diretor de qualidade e implementa-
Focar na capacitação e no de- lhadores ou do valor de sua moeda. ção de Six Sigma na Ford América
senvolvimento dos colaboradores Outrossim, é função da capacidade do Sul e foi diretor e fundador do Six
é uma forma de fomentar a melho- de inovar de suas empresas. Sigma Institute (Brasil).

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VISÃO

Brasil em marcha à ré
Há uma clara percepção de involução no tocante a aspectos que envolvem civilidade,
instituições públicas e gestão governamental.
Marcos Cintra*

ão é apenas na econo- 10 mil para o contribuinte brasileiro mais relevante para o governo? Arris-
mia que o Brasil está e esse dinheiro tem como destino o co a afirmar, categoricamente, que o
andando para trás. Isso país de Fidel e Raul Castro. O que efeti- tal “rolezinho” é apenas uma das con-
ocorre também na vamente cada médico cubano recebe sequências da indecente educação
gestão pública, onde equivale a US$ 1.245 por mês. pública no Brasil. Há também as gan-
o aparelhamento e o A educação também é outra ver- gues denominadas “black blocs”, que
uso político patrocinado pelo gover- gonha. O país ficou entre os últimos imitam iniciativas parecidas em outros
no arrebentaram com a Petrobras, colocados no Pisa, o programa que países e que, de modo selvagem, des-
empresa que já foi um ícone nacional. avalia a qualidade de ensino em várias troem veículos, lojas e bens públicos
O país está importando gasolina mais nações. Além disso, ainda há mais de em nome de algo que eles mesmos
cara no exterior e não ajusta o preço 30 milhões de brasileiros em situação não sabem definir exatamente.
internamente. Esse desalinhamento de analfabetismo funcional e, em 12 Seria lamentável se o país estives-
gera perdas que limitam a capacidade anos, o número de jovens com idade se patinando em relação aos pontos
de investimento da estatal, que tecni- entre 15 e 17 anos fora do ensino mé- citados. Mas, a situação é ainda mais
camente está falida. Além disso, há a dio saltou de 7,2% para 16,2%. grave e preocupante porque há uma
nebulosa negociação de uma refina- Na ética, o retrocesso tem a ver percepção de involução no tocan-
ria em Pasadena, nos EUA, que gerou com o julgamento envolvendo os te a aspectos envolvendo civilidade,
um prejuízo de mais de US$ 1 bilhão ‘mensaleiros’. Parte do Superior Tribu- instituições públicas e gestão gover-
para a petroleira. nal Federal (STF) livrou da prisão po- namental. O Brasil está andando em
Na saúde, a situação também é líticos corruptos da cúpula petista. A marcha à ré.
de penúria. O SUS repassa valores irri- condenação em regime fechado, no *Marcos Cintra é doutor em Eco-
sórios por procedimentos médicos e, ano passado, foi um marco na histó- nomia pela Universidade Harvard
segundo o Conselho Federal de Me- ria do país e indicou que algo pode- (EUA) e professor titular de Economia
dicina, entre 2005 e 2012, foram redu- ria começar a mudar no Brasil, mas, a na Fundação Getulio Vargas (FGV). Foi
zidos quase 42 mil leitos hospitalares nomeação de novos membros da- deputado federal (1999-2003) e autor
na esfera pública brasileira. Em relação quela instituição pela presidência da do projeto do Imposto Único. É tam-
aos médicos, a impressão popular é república fez imperar novamente a bém subsecretário de Ciência e Tecno-
que há falta deles, mas o país tem mais impunidade que tanto macula a so- logia do Estado de São Paulo.
médicos que o mínimo recomendado ciedade brasileira. www.facebook.com/marcoscin-
pela Organização Mundial da Saúde Em termos de ordem pública, há traalbuquerque
(OMS). O problema é sua má distribui- a vergonhosa baderna promovida
ção, situação que o governo, dema- por grupos de desocupados que se
gogicamente, quer resolver trazendo acham no direito de agredir pesso-
profissionais de Cuba, cujo idioma os as e promover furtos e roubos em
pacientes não entendem, para atuar shopping centers e em parques públi-
em unidades de saúde onde faltam cos. Soou como deboche saber que
Foto: www.freeimages.com

Foto: Divulgação

equipamentos e materiais básicos de a presidente da república convocou


primeiros socorros. Vale lembrar que, uma reunião para debater “rolezinho”
cada profissional cubano custa R$ com o ministro da Justiça. Não há tema

46
CLIPPING www.siderurgiabrasil.com.br

CONCURSO CBCA 2014 PARA ESTUDANTES DE ARQUITETURA


Estão abertas as inscrições para a 7ª edição do Concurso CBCA, destinado a alunos de arquitetura, que contarão com o suporte de um
professor orientador. As equipes participantes terão de criar um projeto de edifício destinado à habitação social. O vencedor será anun-
ciado no dia 6 de outubro, através do site do CBCA. Além dos prêmios, que incluem valor em dinheiro, material técnico e publicações, a
equipe vencedora representará o Brasil no 7º Concurso Alacero de Diseño en Acero para Estudiantes de Arquictetura 2014, organizado
pela Alacero – Associação Latino-Americana do Aço, em que irá concorrer com equipes dos países membros da associação. Um aluno
representante da equipe e seu professor orientador ganharão uma viagem para a Cidade do México, onde participarão da cerimônia de
premiação, que ocorrerá durante o Congresso Latino-Americano do Aço.
www.cbca-acobrasil.org.br

INCENTIVOS FISCAIS PARA CARROS VOLVO INVESTE R$ 1,2


ELÉTRICOS BILHÃO NO PARANÁ
Em fevereiro, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automo- A Volvo do Brasil pretende investir R$ 1,2 bilhão até
tores (Anfavea) anunciou que o país receberá incentivos para a difusão 2015 na ampliação de sua unidade industrial na Ci-
dos veículos elétricos ainda neste primeiro semestre. Entre os principais dade Industrial de Curitiba, onde vai produzir novos
pontos está a redução do IPI, a nacionalização de componentes e o início veículos, entre eles a nova linha de caminhões VM,
da produção desses veículos no país. Esse deverá ser o principal destaque lançada pela montadora no ano passado. Desde o
do Salão Latino Americano de Veículos Elétricos, Componentes e Novas início da ampliação, em 2010, a montadora já gerou
Tecnologias, que será realizado de 4 e 6 de setembro, no Expo Center Nor- 1.100 empregos diretos. Primeira empresa automobi-
te, em São Paulo. É o principal ambiente de negócios na América Latina lística a se instalar no Paraná, ainda nos anos 1970,
para o fomento da inovação no campo dos veículos elétricos, e trará, nos a fábrica da Volvo emprega hoje mais de 4,1 mil pes-
três dias de evento, as principais novidades do setor, como carros, ônibus, soas diretamente e propicia outros 2,8 mil empregos
motos, bicicletas, patinetes, cadeiras de rodas, empresas de tecnologia, indiretos. No Paraná, a empresa produz cerca de 28
equipamentos e peças. mil veículos por ano, entre ônibus e caminhões.
www.velatinoamericano.com.br www.volvo.com.br

visao.indd 47 14/05/2014 02:14:04


EVENTOS

Evento Período Local Organização Telefone site

Mecânica Reed Exhibitions


20/05 a 24/05/14 São Paulo/SP (11) 3060-5000 www.mecanica.com.br
Internacional Alcantara Machado

Expoforest 21/05 a 25/05/14 Mogi-Guaçu/SP Malinovski Eventos (41) 3079-1088 www.expoforest.com.br

Bahia Farm Luiz Eduardo Aiba - Assoc. de


27/05 a 31/05/14 (77) 3613-8000 www.bahiafarmshow.com.br
Show Magalhães/BA Agricultores - BA

M & T Peças e
03/06 a 06/06/14 São Paulo/SP Sobratema (11) 3259-6688 www.mtps.com.br
Serviços

Fispal
03/06 a 06/06/14 São Paulo/SP BTS Informa (11) 3598-7878 www.fispaltecnologia.com.br
Tecnologia

3rd Sugar & Londres/


05/07/14 Datagro (11) 4133-3944 www.datagroconferences.com.br
Ethanol Summit Inglaterra

Enersolar 16/07 a 18/07/14 São Paulo/SP Cipa Fieras Milano (11) 5585-4355 www.enersolarbrasil.com.br

Mec Show 22/07 a 25/07/14 Serra/ES Milanez & Milaneze (27) 3434-0619 www.mecshow.com.br

13º Congresso Abag - Ass.


Brasileiro do 04/08/14 São Paulo/SP Brasileira do (11) 3285-3100 www.abag.com.br
Agronegócio Agronegócio

Congresso
12/04 e 13/08/14 São Paulo/SP Instituto Aço Brasil (21) 3445-6307 www.acobrasil.org.br
Brasileiro do Aço

Reed Exhibitions
Fenasucro 26/08 a 29/08/14 Sertãozinho/SP (16) 2132-8911 www.fenasucro.com.br
Alcantara Machado

Expointer 30/08 a 07/09/14 Esteio/RS Seapa (51) 3288-6225 www.expointer.rs.gov.br

Construmetal 02/09 a 04/09/14 São Paulo/SP Abcem (11) 3816-6597 www.abcem.org.br

IBP - Instituto
Rio Oil & Gas 15/09 a 18/09/14 Rio de Janeiro/RJ Brasileiro de www.riooilgas.com.br
Petroleo

Messe Brasil Feiras


Metalurgia 16/09 a 19/09/14 Joinville/SC (47) 3451-3000 www.metalurgia.com.br
e Promoções

Diretriz Feiras e
Expomac 24/09 a 27/09/14 Curitiba/PR (41) 3075-1102 www.expomac.com.br
Eventos

Hannover Fairs
Mercopar 30/09 a 03/10/14 Caxias do Sul/RS (11) 3521-8000 www.mercopar.com.br
Sulamérica

Reed Exhibitions
Fimmepe 21/10 a 24/10/14 Recife/PE (11) 3060-5035 www.mecanicanordeste.org.br
Alcantara Machado

Reed Exhibitions
Sucroeste 28/10 a 31/10/14 Goiânia/GO (11) 3060-5035 www.ffatia.com.br/Sucroeste/Home
Alcantara Machado

BioTech Fair 29/10 a 31/10/14 São Paulo/SP Cipa Fieras Milano (11) 5585-4355 www.bioenergia.net.br

Belo Horizonte/ Minasplan Feiras &


Mec Minas 04 a 07/11/14 (31) 3371-3377 www.mecminas2014.com.br
MG Congressos

Feiras Delfim
Feipetro 11/11 a 14/11/14 Salvador/BA Marketing e (71) 3014-2054 www.multifeirascongressos.com.br
Congressos Ltda.

48 S IDERUR GIA BRAS IL N O 102 MA I O/2014

eventos.indd 48 14/05/2014 02:19:13


49

Feira de mineração
com bons resultados
O volume de negócios fechados nos estandes,
ou a partir dos contatos feitos, entusiasma os expositores da
Sul Metal & Mineração 2014.

s fornecedores dos tos. Na próxima edição, preten-


setores metalmecâ- demos participar com a própria
nico, de mineração marca”, afirmou Nicoletti.
e construção civil Preparando-se para abrir
que expuseram seus uma empresa na região sul de
produtos, tecnolo- Santa Catarina, no segundo
gias e serviços na Sul Metal& Mi- semestre deste ano, o empre-
neração 2014, realizada no perío- sário italiano Mauro Pegoraro
do de 6 a 9 de maio, em Criciúma aproveitou a feira para encon-
(SC), estão entusiasmados com as trar fornecedores qualificados.
perspectivas de negócios que se- “Achei a feira bem estruturada
rão gerados a partir dos contatos e com muita inovação e tec-
realizados na feria. A expectativa nologia. Consegui captar con-
da Criciúma Feiras e Promoções tatos de vários fornecedores
Ltda., promotora do evento, é que e, na próxima edição da feira,
esses negócios atinjam R$ 200 pretendo participar com a mi-
milhões. Durante os quatro dias nha empresa como expositora”,
de feira, cerca de 25 mil visitantes declarou Pegoraro.
passaram pelo pavilhão de expo- A Rodada de Negócios, pro-
sições José Ijair Conti. movida pelo Sebrae/SC no pri-
Visitantes que vieram pela pri- meiro dia da feira, foi outro des-
meira vez à Sul Metal & Minera- taque da Sul Metal & Mineração
ção mostraram-se impressionados 2014, gerando negócios avalia-
com a qualidade da estrutura dos dos em R$ 1,7 milhão. “Todas as
estandes e marcas presentes no empresas que participaram da
evento. O empresário Marcelo Ni- Rodada efetivaram alguma ne-
coletti, da Kennametal, foi de São gociação. Percebemos que os
Paulo para visitar o estande de um clientes saíram bem satisfeitos e
distribuidor da marca na região poderão fechar ainda outros ne-
sul catarinense. “Fiquei surpreso gócios após o evento, pois ago-
com o profissionalismo da feira e ra eles tiveram contatos bem
também percebi que o público é direcionados com fornecedores
bastante qualificado. Os visitantes qualificados”, avaliou Claudia
vieram em busca de informações Gelosa Bittencourt, consultora
técnicas e querem levar material e externa do Sebrae/SC.
informações dos produtos expos- www.sulmetalmineracao.com.br

MA I O/2014 SIDERUR GIA BRASIL N O 102 49


EVENTOS
Fotos: Acervo Grips

A presença do aço no agronegócio


A Agrishow 2014, evento consolidado no calendário de feiras de negócios do Brasil, reuniu as principais
autoridades do agronegócio brasileiro.

ntre os dias 28 de primeiro mundo”. Fez críticas a Em sua fala o governador pau-
abril de 2 de maio ausência de um projeto político lista Geraldo Alckimin ressaltou
e patrocinada pelas consistente voltado para o agro- a importância do evento para o
principais entidades negócio e que esta medida deve Brasil e as novas iniciativas de seu
ligadas ao agrone- ser tomada imediatamente. governo em favor do setor.
gócio, realizou-se na A cerimônia de abertura con-
cidade de Ribeirão Preto a 21ª tou com a presença do ministro da BALANÇO FINAL
edição da Agrishow. Segundo agricultura  Neri Geller, represen- No encerramento da feira,
destaque do presidente da feira, tando a presidente Dilma Roussef, Maurilio Biagi Filho, que está se
Maurilio Biagi Filho, na sessão de inúmeras autoridades políticas e despedindo da presidência da
abertura “Se outros setores tives- empresariais entre os quais mi- feira neste ano, anunciou que
sem o mesmo desempenho da nistros de estado, deputados, o o público visitante ultrapassou
agricultura, teríamos já superado governador do estado do Mato 160 mil pessoas e os negócios
as desigualdades e poderíamos Grosso e o ministro do desenvolvi- devem ter atingido a casa dos
ser considerados um país de mento agrícola do Zimbábue. R$ 2,7 bilhões. Não tinha ainda

50 S IDERUR GIA BRASIL N O 102 MAI O/2014


51

datos nas próximas


eleições estiveram
prestigiando a fei-
ra com sua visita
deste ano.
Por fim, ressal-
tou que considera
que um dos ga-
nhos para o agro-
negócio brasileiro
foi o lançamento
durante a noite
os números definitivos. Segun- de gala Agrishow, no domingo
do Biagi, mesmo com todas as o Prêmio Brasil Agrociência que
adversidades por que passa o vai incentivar cientistas e pes-
setor sucroenergético, os pro- quisadores a desenvolver estu-
blemas climáticos que causa- dos e pesquisas que sejam de
ram enormes prejuízos à safra e rápida aplicação e visem princi-
as incertezas políticas por conta palmente o aumento de produ-
das eleições, o número de má- tividade nacional nas áreas de
quinas vendidas com mais tec- fitotecnia, zootecnia, engenha-
nologia e maior valor agregado, ria rural, economia rural e sus-
possibilitaram o aumento de tentabilidade com a primeira
faturamento neste ano. concessão sendo entregue na
Destacou ainda que esta foi feira de 2015.
uma feira com um ótimo poten- A Grips Editora, com suas
cial político, pois vários candida- revistas Agrimotor e Siderur-
tos a cargos eletivos como presi- gia Brasil, foram novamente
dência da republica e a governo uma das mídias oficiais do
do estado, além de políticos de evento e participaram durante
todos os partidos, muitos candi- todo o seu transcorrer.

MA I O/2014 SIDERUR GIA BRASIL N O 102 51


ESTATÍSTICAS

Produção de aço cresce 4,5% no


primeiro trimestre
Segundo o IABr, a perda de competitividade dificulta as exportações e aumenta as
importações de produtos siderúrgicos.
manutenção das assi- edificações. Já a produção de lamina- tos planos neste período foi impac-
metrias competitivas, dos planos, por sua vez, mostrou uma tada principalmente pela elevação
como a cumulativida- queda de 2,4% nos primeiros três me- de 22,9% das importações de planos,
de dos impostos, alta ses de 2014, tendo sido impactada so- uma vez que as vendas destes produ-
carga tributária, eleva- bretudo pela queda das exportações, tos apresentaram um modesto cresci-
do custo de energia e que se reduziram em 27,3%. mento de 2,3% no mesmo período.
câmbio ainda valorizado, resultaram Vendas e consumo – Quanto às Balança comercial – Em março,
no primeiro trimestre deste ano em vendas internas, o resultado de março as exportações de produtos siderúrgi-
um forte incremento das importações de 2014 foi de 1,9 milhão de toneladas cos atingiram 563 mil toneladas e US$
de aço e queda significativa nas suas de produtos, o que significou uma 422 milhões. Com esse resultado, no
exportações. Segundo o IABr, esse é queda de 0,9% em relação a março de primeiro trimestre de 2014, as expor-
um claro indicador de que o cenário 2013. No primeiro trimestre, as vendas tações totalizaram 2 milhões de tone-
internacional continua difícil, com um atingiram 5,5 milhões de toneladas, ladas e US$ 1,5 bilhão, representando
excedente de capacidade de produ- evoluindo 1,8% em relação ao mesmo declínios de 19,1% em volume e de 6,9
ção de cerca de 600 milhões de tone- período do ano anterior. O consumo % em valor, quando comparados ao
ladas de aço – segundo a previsão da aparente de produtos siderúrgicos mesmo período do ano anterior. No
World Steel Association –, tornando a totalizou 6,3 milhões de toneladas no que se refere às importações, em mar-
competição ainda mais acirrada. período de janeiro a março de 2014, ço o volume registrado foi de 315 mil
Produção – Em março de 2014, o que representou uma elevação de toneladas, equivalente a US$ 343 mi-
a produção brasileira de aço bruto foi 2,5% em relação ao mesmo período lhões, totalizando desse modo 877 mil
de 3 milhões de toneladas, crescendo de 2013, com destaque para os pro- de toneladas de produtos siderúrgicos
4,5% quando comparada com o mes- dutos planos, cujo consumo cresceu importados no ano, volume 3,9% su-
mo mês em 2013. Em relação aos la- 4,6%. Cabe ressaltar, entretanto, que a perior ao do mesmo período de 2013.
minados, a produção de março atingiu alta no consumo aparente de produ- www.acobrasil.org.br
2,3 milhões de toneladas, evoluindo
3% sobre março do ano passado. Com PRODUÇÃO SIDERÚRGICA BRASILEIRA (Unid.: 103t)
esses resultados, a produção acumu- JAN/MAR 14/13 JAN FEV MARÇO 14/13 ÚLTIMOS
PRODUTOS
lada em 2014 atingiu 8,3 milhões de 2014(*) 2013 (%) 2014 2014 2014(*) 2013 (%) 12 MESES
toneladas de aço bruto e 6,3 milhões AÇO BRUTO 8.323,4 8.202,8 1,5 2.738,0 2.609,0 2.976,4 2.848,1 4,5 34.283,1
de toneladas de laminados, evoluindo LAMINADOS 6.307,3 6.188,7 1,9 2.055,0 1.985,5 2.266,8 2.200,1 3,0 26.381,7
1,5% e 1,9%, respectivamente, sobre o PLANOS 3.521,7 3.608,2 ( 2,4) 1.170,6 1.085,0 1.266,1 1.267,4 ( 0,1) 14.927,0
mesmo período de 2013. O destaque LONGOS 2.785,6 2.580,5 7,9 884,4 900,5 1.000,7 932,7 7,3 11.454,7
foi a produção de laminados longos, SEMI-ACABADOS P/VENDAS 1.295,4 1.496,6 (13,4) 382,1 460,0 453,3 546,9 (17,1) 5.420,7
que apresentou um crescimento de PLACAS 1.187,9 1.242,4 ( 4,4) 359,6 401,6 426,7 431,6 ( 1,1) 4.548,6
7,9% no período, devido principalmen- LINGOTES, BLOCOS E
107,5 254,2 (57,7) 22,5 58,4 26,6 115,3 (76,9) 872,1
te à retomada do setor de construção TARUGOS
civil. Caso a construção industrializada FERRO-GUSA (Usinas
6.250,3 6.335,1 ( 1,3) 2.084,3 1.936,5 2.229,5 2.157,5 3,3 26.115,4
fosse mais disseminada no Brasil, o Integradas)

consumo de aço seria ainda maior nas (*) Dados Preliminares. Fonte: Aço Brasil

52 S IDERUR GIA BRA S I L N O 102 MA IO/2014

estatisticas.indd 52 14/05/2014 02:25:48


53
www.siderurgiabrasil.com.br

Trimestre positivo nas vendas


de aços planos
As vendas da rede de distribuição de aços planos registraram uma alta de 12,3% no primeiro trimestre
deste ano, em relação ao mesmo período de 2013.

enda e compras – Importações e esto- 2013, com volume total de


De acordo com le- ques – De acordo com o 430,8 mil toneladas.
vantamento do Sin- Sindisider, as importações Os estoques de março
dicato Nacional das de aços planos comuns encer-
er- recuaram
r 0,8% em relação a fe-
Empresas Distribui- raram o mês de março com um vereiro, atingindo o volume de 968,2
doras de Produtos total de 181 mil toneladas, volu- mil toneladas. Sobre março do ano
Siderúrgicos (Sindisider) junto aos mes 46,2% superior ao do mês an- anterior, os estoques caíram 3,1%. O
distribuidores associados ao Ins- terior e 100,8% também superior giro de estoques ficou em 2,6 meses.
tituto Nacional dos Distribuidores às 90,1 mil toneladas importadas Projeções – De acordo com as
de Aço (Inda), em março de 2014, em marços de 2013. No acumula- projeções do Inda para o mês de
as vendas de aços planos atingiram do do ano, as importações conta- abril, as compras da rede de distribui-
372,3 mil toneladas, o que signi- bilizaram uma elevação de 43,5% ção devem se manter estáveis, mas
ficou uma queda de 4,7% sobre o em relação ao mesmo período de as vendas devem se retrair 7,5%.
mês anterior, mas uma
elevação de 4,4% sobre
março de 2013, quando
foram vendidas 356,5 mil SÓ UM " "ÎPT 'BWPSJU BVNFOUPV B ÈSFB
EF BSNB[FOBHFN FN N¤ F
toneladas. No acumulado
do ano, as vendas tota- GRANDE ESTOQUE BHPSB UPUBMJ[B N¤ OP #SBTJM
FN VNB estrutura inteiramente
lizaram 1,171 milhão de GARANTE O MELHOR construída em aço QBSB FTUPDBS
B TVB MJOIB EF QSPEVUPT F HBSBOUJS
toneladas, volumes 12,3% ATENDIMENTO. NBJTBHJMJEBEFOBTFOUSFHBT
superior ao do mesmo pe-
ríodo de 2013.
NOSSOS PRODUTOS:
As compras realiza- t"ÎPT$POTUSVÎÍP.FDÉOJDB t5VCPT.FDÉOJDPT t5SFýMBEFCJUPMBT
t"ÎPT'FSSBNFOUB t7JHBT&TUSVUVSBJT FTQFDJBJTEFSPMPQBSB
das em março totalizaram t"ÎPT*OPYJEÈWFJT t"ÎPT$PNFSDJBJT CBSSBFCBSSBQBSBCBSSB
364,9 mil toneladas, evo- t"ÎPT3FTTVMGVSBEPT t'FSSP'VOEJEP

luindo 4,3% sobre o mês


anterior, mas caindo 5,2%
em relação às 358 mil to-
neladas registradas em
março de 2013. Já no acu-
mulado primeiro do pri- t.BUSJ[$BDIPFJSJOIB34 
 t$VSJUJCB13 

meiro trimestre de 2014, as t*UVQFWB41 
 t$BYJBTEP4VM34 


compras da rede associada


contabilizaram uma queda
de 0,9% em relação a 2013,
com um volume total de
www.favorit.com.br
1,088 milhão de toneladas.

MA I O/2014 S IDERUR G IA BRASIL N O 102 53

estatisticas.indd 53 14/05/2014 02:25:49


ESTATÍSTICAS

Anfavea mantém previsões


para 2014
Em abril, o mercado, a produção e as exportações de veículos cresceram sobre março, mas os resultados
acumulados no primeiro quadrimestre são inferiores ao do mesmo período de 2013.

ercado – De acor- los, o que re-


1.068.809 autoveículos, sobre as 52
52.771 unidades exportadas
do com o levanta- presentou uma reduçãoção de 12% so- em abril
ab de 2013. No acumula-
mento mensal da bre o volume produzido ido no mesmo do do
d primeiro quadrimestre,
Associação Nacional período de 2013. houve
houv uma redução de 31,9%
dos Fabricantes de A produção nacional
onal de máqui- no volume
vo de autoveículos ex-
Veículos Automoto- nas agrícolas automotrizes
motrizes portados,
portad em comparação com
res (Anfavea), no mês de abril de e rodoviárias atingiu 7.057 o mesmo
mesm período de 2013. As ex-
2014, foram licenciados 293.240 unidades em abril, o que portações
portaç de máquinas agrícolas
autoveículos (veículos leves, ônibus representou uma eleva-eva- atingiram
ating 1.175 unidades em
e caminhões), nacionais e importa- ção de 1% sobre a pro- abril,
abril volume 8,9% superior ao
dos, o que significou um aumento dução do mês anteriorerior do mês
m anterior, mas 24,7%%
de 21,8% em relação aos 240.808 e uma redução de 22,4%2,4% menor
meno que o de abril de 2013.
autoveículos licenciados no mês sobre abril de 2013. No No acumulado do primeiro
anterior e uma redução de 12,1% primeiro quadrimestre, a quadrimestre, as montado-
sobre abril de 2013. No primeiro indústria nacional produ- ras nacionais exportaram 3.935
quadrimestre deste ano, foram li- ziu 26.930 unidades, volume 14,6% máquinas agrícolas e rodoviárias, vo-
cenciados 1.105.994 autoveículos, inferior ao produzido no mesmo lume 12,8% inferior ao exportado no
volume 5% inferior ao do mesmo período de 2013. mesmo período de 2013.
período de 2013. Exportação – Em abril de 2014, Emprego – Em abril deste ano,
As vendas internas de máquinas o valor total das exportações de au- o setor automotivo empregou
agrícolas e rodoviárias atingiram toveículos e máquinas agrícolas au- 154.224 trabalhadores, volume
6.057 unidades em abril, volume tomotrizes e rodoviária atingiu US$ 0,8% menor do que o do mês an-
9,6% maior do que o do mês ante- 1.139.190 milhões, o que significou terior e 1,1% também menor que o
rior, mas 17,7% menor que o de abril uma elevação de 17,1% sobre o mês de abril de 2013.
de 2013. Em todo o primeiro quadri- anterior e uma redução de 24,4% Segundo o presidente da An-
mestre de 2014, foram comercializa- sobre abril de 2013. No acumulado favea, Luiz Moan Yabiku Júnior, por
das 20.957 unidades, o que repre- do quadrimestre deste ano, o valor enquanto, a entidade mantém as
sentou uma redução de 20,3% em das exportações atingiu US$ 4,028 projeções de crescimento na venda,
relação ao mesmo período de 2013. bilhões, valor 18,4% inferior ao do produção e exportação de veículos
Produção – Em abril de 2014, a primeiro quadrimestre de 2013. este ano, que só devem ser revisa-
indústria nacional produziu 277.091 Em volume, as exportações de das no fim do primeiro semestres.
autoveículos, o que significou uma autoveículos encerraram abril com Prevê elevações de 1,1% nos licen-
elevação de 1,6% em relação, mas 36.735 unidades, o que significou ciamentos, de 1,4% na produção de
também uma redução 21,4% so- uma elevação de 55,7% sobre as veículos e de 1,6% nas exportações
bre abril de 2013. No primeiro 28.844 unidades exportadas no até o final de 2014.
quadrimestre, a produção atingiu mês anterior e uma queda de 30,4% www.anfavea.com.br

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RESULTADOS

Indústria de máquinas
não acha seu caminho
Com quedas significativas no consumo aparente e na produção, a indústria nacional de
máquinas e equipamentos prevê um ano com desempenho inferior ao de 2013.

aturamento – Em valor 5,4% superior ao do mesmo perí- tações impediram uma queda ainda
março de 2014, o odo de 2013. Eliminando o efeito cam- maior no faturamento do setor.
faturamento da in- bial, ou seja, considerando o câmbio No mês de março, o mercado
dústria de máquinas médio do primeiro trimestre de 2013, nacional importou US$ 2,339 bilhões
e equipamentos foi esse resultado passa a ser 14% inferior. em máquinas e equipamentos, o que
de R$ 5,699 bilhões, A média anual da participação significou um crescimento de 6% so-
o que significou uma elevação de das importações no consumo na- bre o mês anterior e uma redução
5,8% sobre o mês anterior. Em rela- cional de máquinas e equipamen- de 10,2% sobre março de 2013. No
ção a março de 2013, o faturamento tos saltou de 48% em 2008 para período de janeiro a março, as impor-
caiu 16,5%. O faturamento acumula- 76% em março de 2014. tações totalizaram US$ 7,544 bilhões,
do do primeiro trimestre de 2014 foi Balança comercial – Em março, valor 3,3% menor que o do primeiro
de R$ 16,319 bilhões, valor 9,5% infe- as exportações do setor atingiram US$ trimestre de 2013, o que confirma a
rior ao do mesmo período de 2013. 1,013 bilhão, valor 35% inferior ao do redução do ritmo dos investimentos
Consumo aparente – Em março, mês anterior, mas 5,9% ao de março industriais no Brasil.
o consumo aparente de máquinas e de 2013. Os principais destinos das Em março, o déficit da balança
equipamentos no mercado interno exportações brasileiras de máquinas e comercial de máquinas e equipa-
(produção menos exportações mais equipamentos em março de 2014 fo- mentos atingiu US$ 1,326 bilhão,
importações) foi de R$ 8,809 bilhões, ram, por ordem de importância, Amé- valor 14,5% superior ao do mês ante-
valor 6,5% superior ao do mês anterior, rica Latina (32,2%), Estados Unidos rior. No entanto, esse valor foi 19,6%
mas 12% inferior ao de março de 2013. (27,3%) e Europa (20,6%). Segundo a menor do que o déficit registrado em
No período de janeiro a março, o con- Abimaq, apesar da queda registrada março de 2013.
sumo aparente foi de R$ 27,275 bilhões, em março sobre fevereiro, as expor- www.abimaq.org.br
EMPRESAS E NEGÓCIOS

ARCELORMITTAL E BEKAERT
INVESTEM NA AMÉRICA LATINA
A ARCELORMITTAL AÇOS LONGOS e a BEKAERT investem em uma fábrica
de produtos trefilados para a produção de Dramix® na Costa Rica que faz parte
do acordo anunciado em dezembro de 2013 entre as duas empresas. Parceiras
na região desde 1975, as empresas concluem o acordo neste mês, que esta-
belece troca de participações nos respectivos negócios, no Brasil, no Equador
e na Costa Rica, sem envolver recursos financeiros. As fibras de aço Dramix®
são produzidas a partir de aço trefilado, tendo como matéria-prima o fio-máquina, e são usadas para reforçar o concreto, subs-
tituindo completamente a armadura tradicional em pisos e pavimentos industriais, radiers, revestimentos de taludes e túneis.
Também podem ser empregadas em capas de compressão de lajes pré-fabricadas.
Na Costa Rica, onde a ArcelorMittal produz anualmente 370 mil toneladas de aços longos para as indústrias de construção civil,
manufatura e agropecuária, o acordo envolve apenas os negócios da área de trefilados. Exclui, portanto, a produção de aço,
100% sob o controle da ArcelorMittal. Os lotes iniciais serão beneficiados a partir de fio-máquina produzido pela ArcelorMittal
Monlevade, em Minas Gerais (Brasil), e posteriormente pela ArcelorMittal Point Lisas, situada em Trinidade & Tobago. No Equa-
dor, a ArcelorMittal terá 27% de participação na Ideal Alambrec, trefilaria sob o controle da Bekaert.
www.arcelor.com.br

AÇO FEITO DE SUCATA USA


MENOS ÁGUA E ENERGIA
O processo de reciclagem da sucata reduz o consumo de energia pelas usinas siderúrgicas em cerca de 64% em comparação
ao uso de outras matérias-primas, como o minério de ferro, por exemplo. “Boa parte dos metais contidos na sucata já se en-
contra em forma metálica, requerendo pequena quantidade de energia para a fabricação de aço,. Cada tonelada de material
reciclado poupa 1.140 kg de minério de ferro e 154 kg de carvão”,
afirma Marcos Fonseca, presidente do Instituto Nacional das Empre-
sas de Sucata Ferrosa (Inesfa). “Redução similar acontece em relação
à água. A maior parte da água utilizada nas usinas para o processo
de reciclagem passa por sistemas fechados de resfriamento, sendo
recirculada e reaproveitada. Com a reciclagem, há uma redução de
70% no consumo de água.”
Foto: Divulgação

Essa vantagem competitiva da sucata de ferro é uma das razões que


tem levado o setor a defender junto ao governo incentivos à recicla-
gem do insumo. O Inesfa sugere maior participação do segmento no
programa de renovação da frota nacional de veículos automotores
em desuso. Atualmente, apenas 1,5% de toda a frota é reciclada no
país. Outro ponto importante é a desoneração dos tributos incidentes na folha de pagamento, que influenciam diretamente
na empregabilidade do setor. As empresas recicladoras empregam de forma direta e indireta mais de 1,5 milhão de pessoas.
O Inesfa também defende que as empresas tenham acesso a linhas de créditos mais baratas para aquisição de novas máqui-
nas e equipamentos, com recursos do BNDES.
www.inesfa.org.br

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www.siderurgiabrasil.com.br

LIVRO SOBRE LIGAS


NÃO FERROSAS
As ligas de metais não ferrosos – aquelas com menos de 50% de ferro na composição – possibilitam
aplicações especiais e produtos industriais de altíssimo valor agregado, como turbinas e implantes orto-
pédicos de alta resistência. O conhecimento sobre os fundamentos dessas ligas metálicas no Brasil, por
sua vez, só contava com o suporte didático em língua portuguesa de publicações esgotadas e com mais
de vinte anos. Para suprir essa lacuna, o pesquisador Cássio Barbosa, tecnologista da área de Ensaios em
Materiais e Produtos do Instituto Nacional de Tecnologia (INT/MCTI), elaborou durante seis anos o livro
Metais não Ferrosos e suas Ligas – Microestrutura, Propriedades e Aplicações.
Mestre e doutor em engenharia metalúrgica e de materiais, Cássio Barbosa acumula mais de 25 anos de
experiência profissional e de pesquisa no tema. Desde 2002 é tecnologista do INT e, em 2012, recebeu

Foto: Divulgação
o Prêmio Aperam South America 2012, pelo trabalho de análise comparativa para desenvolvimento de
aços especiais usados para produção de petróleo em águas profundas, elaborado em conjunto com a
equipe do INT, incluindo pesquisadores dos laboratórios de Ensaios de H2S, CO2 e corrosividade (LaH2S)
e de Caracterização de Propriedades Mecânicas e Microestruturais (LCPM).
www.int.gov.br

QUALIDADE DA SINDIPEÇAS E APEX


EXTRETEC CONQUISTA BRASIL ESTIMULAM
CERTIFICAÇÃO EXPORTAÇÕES
Durante dois dias, 32 fabricantes brasileiros de autopeças e 20 impor-
Comprometida a ofe- tadores estrangeiros realizaram 442 reuniões de negócios. Esse é o re-
recer soluções em tu- sultado da sexta edição do Projeto Comprador, iniciativa do Sindicato
bos trefilados de alta Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sin-
precisão, a Extretec dipeças), em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exporta-
conquistou recen- ções e Investimentos (Apex-Brasil), que trouxe ao Brasil distribuidores de
temente a Certifica- autopeças de África do Sul, Argentina, Chile, Colômbia, Equador, Grécia,
ção da Norma ISO Israel, Paraguai, Peru e Uruguai. O evento é tradicionalmente realizado
9001:2008. Segundo durante a Automec, feira do setor de autopeças para linha leve (em anos
seu diretor, Antonio ímpares) e pesada (anos pares). Este ano, a 4ª edição da Automec Pesa-
Foto: Divulgação

Luiz Remondini, foi dos & Comerciais ocorreu no período de 1º a 5 de abril, em São Paulo.
uma grande conquis- Em 2013, as exportações brasileiras de autopeças totalizaram US$ 9,85
ta para a empresa bilhões, 6,9% inferiores às registradas no ano anterior. As importações,
que sempre se preo- por outro lado, cresceram 18,3% e chegaram a US$ 19,75 bilhões. O
cupou com o bem-estar de seus colaboradores e, prin- déficit, de US$ 9,89 bilhões, foi 61,9% superior ao de 2012. As previsões
cipalmente, em oferecer produtos e serviços de acordo do Sindipeças para este ano são de um saldo negativo
com o padrão de qualidade exigido, buscando sempre de US$ 10,02 bilhões, 1,3% superior ao registrado
a satisfação de seus clientes. “É o reconhecimento da nos doze meses anteriores. “Ações como o Projeto
qualidade da atuação da Extretec, que vai garantir, atra- Comprador podem ajudar o país a reverter o da-
vés do monitoramento dos seus processos, a melhoria noso déficit na balança comercial de autopeças”,
contínua do nosso Sistema de Gestão da Qualidade”, afirma Antônio Carlos Bento, conselheiro do Sindi-
afirma Remondini. peças responsável pela área de feiras e eventos.
www.extretec.com.br www.sindipecas.org.br

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ANUNCIANTES

Açokorte Indústria Metalúrgica e Comércio Ltda. ...........................................................................................................................................................2ª capa

Aços Favorit Distribuidora Ltda. ..............................................................................................................................................................................................................53

Açoservice Ind. Com. Ferro Aço Ltda. ...................................................................................................................................................................................................37

Balanças Navarro Ltda. ..................................................................................................................................................................................................................................37

Bardella S/A Indústrias Mecânicas ............................................................................................................................................................................................................5

Binzel do Brasil Ltda. .......................................................................................................................................................................................................................................51

Cedisa Central de Aço S.A. ..............................................................................................................................................................................................................4ª capa

Centrasa Centro de Serviços do Aço Ltda. .......................................................................................................................................................................................13

Comercial Parinox Ltda. ...................................................................................................................................................................................................................................7

Dagan Ind. e Com. de Produtos Siderúrgicos Ltda. ....................................................................................................................................................................27

Divimec Tecnologia Industrial Ltda. ......................................................................................................................................................................................................33

Extretec Indústria e Comércio de Trefilados Ltda. ........................................................................................................................................................................45

Felifer Embalagens Indústria e Comércio Ltda. .............................................................................................................................................................................21

Fitas de Aço MCM Ltda. ................................................................................................................................................................................................................................23

Grips Editora ............................................................................................................................................................................................................................................3ª capa

Haenke Tubos Flexíveis Ltda. .....................................................................................................................................................................................................................47

Hidromecânica Germek Ltda. ...................................................................................................................................................................................................................31

Inbras-Eriez Equipamentos Magnéticos e Vibratórios Ltda. .....................................................................................................................................................9

Instituto Aço Brasil ...........................................................................................................................................................................................................................................41

Locofer Com. e Serv. de Equipamentos Ferroviários S.A. ........................................................................................................................................................55

Metalurgia 2014 ................................................................................................................................................................................................................................................35

Regional Telhas ..................................................................................................................................................................................................................................................19

Revista Agrimotor..............................................................................................................................................................................................................................................39

Tekno S/A Indústria e Comércio...............................................................................................................................................................................................................49

Thermacut do Brasil Prod. Tec. Solda e Corte Ltda. .....................................................................................................................................................................51

Tubotech 2015 ...................................................................................................................................................................................................................................................15

Van Der Hoeven Ind. e Com. de Estufas Agr. Ltda. ......................................................................................................................................................................53

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Sabe por quê?

 Porque nossa revista chega nas mãos


de quem decide no setor

 Porque é a publicação do setor mais


lida em todo o Brasil, tanto nas versões
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 Porque participa de todas as feiras em que


o setor esteja envolvido

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3TKÛ-ESAKÛ-IMEQAĚėNÛÛ Û23
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