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Metodologia Cient Fica
Metodologia Cient Fica
Metodologia Científica
1 – Prolegômenos
experiências feitas ao acaso, sem método, e por investigações pessoais feitas ao sabor das
circunstâncias da vida; ou então haurido no saber dos outros e nas tradições da coletividade; ou,
ainda, tirado da doutrina de uma religião positiva.
O conhecimento científico vai além do empírico: por meio dele, além do fenômeno,
conhecem-se suas causas e leis que o regem. É metódico.
“Conhecer verdadeiramente, é conhecer pelas causas”, diz Bacon. Assim, saber que um
corpo abandonado a si cai, que a água sobe num tubo em que se fez vácuo, etc., não constitui
conhecimento científico; só o será se explicar estes fenômenos, relacionando-os com a sua causa
e com sua lei.
Conhecemos uma coisa de maneira absoluta, diz Aristóteles, quando sabemos qual é a
causa que a produz e o motivo porque não pode ser de outro modo; isto é saber por
demonstração; por isso a ciência reduz-se à demonstração.
Daí as características do conhecimento científico:
1) é certo, porque sabe explicar os motivos de sua certeza, o que não ocorre com o
empírico;
2) é geral, isto é, conhece no real o que há de mais universal, válido para todos os casos
da mesma espécie. A ciência, partido do indivíduo procura o que nele há de comum
com os demais da mesma espécie;
3) é metódico, sistemático. O sábio não ignora que os seres e os fatos estão ligados entre
si por certas relações. O seu objetivo é encontrar e reproduzir este encadeamento.
Alcança-o por meio do conhecimento das leis e princípios. Por isso, toda a ciência
constitui um sistema.
Além disso, são ainda propriedades da ciência a objetividade, o desinteresse e o espírito
crítico.
Pode-se dizer que a ciência é um sistema de proposições rigorosamente demonstradas,
constantes, gerais, ligadas entre si pelas relações de subordinação relativas a seres, fatos e
fenômenos da experiência. É um conhecimento apoiado na demonstração e na experimentação. A
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ciência só aceita o que foi provado. Segue o método experimental com seus diversos processos,
desenvolvidos mais adiante.
1.2.1 - A Verdade
Todos falam, discutem e querem estar com a verdade. Nenhum mortal, porém, é o dono
da verdade. Isto porque o problema da verdade radica na finitude do homem de um lado, e na
complexidade e ocultamento do ser da realidade, de outro lado. O ser das coisas e objetos que o
homem pretende conhecer oculta-se e manifesta-se sob múltiplas formas. Aquilo que se
manifesta, que parece em dado momento, não é, certamente a totalidade do objeto, da realidade
investigada. O homem pode apoderar-se e conhecer aquele aspecto do objeto que se manifesta,
que se impõe, que se desvela e isto ainda de modo humano, isto é, imperfeito, pois não entra em
contato direto com objetos, mas apenas com sua representação e impressões que causa.
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Isto, porém, não invalida o esforço humano na busca da verdade, na procura incansável de
decifrar os enigmas do universo. O ser se desvela aqui e acolá, numa e noutra área, com mais ou
menos intensidade, mais para uns que para outros... Pode-se dizer que, em certas áreas, o homem
já entendeu bastante daquilo que o ser é e manifesta: a conquista tecnológica, as viagens espaciais
mostram quanto já foi aprendido e isto graças, certamente, aos instrumentos científicos de que o
homem se serviu para perceber e ver o que os sentidos jamais teriam visto. Mas esta é apenas
uma faceta da realidade, do ser.
O desvelamento do ser das coisas supõe, e isto é inegável, a capacidade do homem em
receber as mensagens, isto implica em atenção, bons sentidos, bons instrumentos. Inútil lembrar
que o método e os instrumentos são a alma de toda a pesquisa científica, rumo à abertura do ser, à
manifestação do ser, ao conhecimento da verdade.
O que é, pois a verdade? É o encontro do homem com o desvelamento, com o
desocultamento e com a manifestação do ser. O ser das coisas se manifesta, torna-se translúcido,
visível ao olhar, à inteligência e à compreensão do homem. Pode-se dizer que há verdade, quando
o homem (inteligência) percebe e diz o ser que se desvela, que se manifesta. Há uma certa
conformidade entre o que o homem julga e diz, e aquilo que do objeto se manifesta.
O objeto, porém, nunca se manifesta totalmente, nunca é inteiramente transparente. Por
outro lado, o homem não é capaz de perceber tudo aquilo que se manifesta e nem lhe é possível
estar de posse plena do objeto de conhecimento; quando muito, pode conhecer os objetos por
suas representações e imagens.
Muitas vezes ocorre, ainda, que o homem, levado por certas aparências e sem o auxílio de
instrumentos adequados, emite juízos precipitados que não correspondem aos fatos e à realidade:
temos então o erro. Tais erros são freqüentes através da História; temos, por exemplo, as
afirmações do geocentrismo, da geração espontânea...
1.2.2 – A Evidência
1.2.3 – A Certeza
Finalmente, a certeza é o estado de espírito que consiste na adesão firme a uma verdade,
sem temor de engano. Este estado de espírito se fundamenta na evidência, no desvelamento do
ser.
Relacionando o trinônimo, poder-se-ia concluir dizendo: havendo evidência, isto é, se o
objeto se desvela ou se manifesta com suficiente clareza, pode-se afirmar com certeza, isto é, sem
temor de engano, uma verdade.
Quando houver evidência ou suficiente manifestação do objeto, o sujeito encontrar-se-á
em outros estados de espírito, o que deve transparecer também na expressão ou na linguagem.
São os casos da ignorância, da dúvida e da opinião.
Ignorância é um estado puramente negativo, que consiste na ausência de todo
conhecimento relativo a qualquer objeto por falta total de desvelamento. A ignorância pode ser:
1) vencível: quando pode ser superada;
2) invencível: quando não pode ser superada;
3) culpável: quando há obrigação de fazê-la desaparecer;
4) desculpável: quando não há obrigação de fazê-la desaparecer.
A dúvida universal consiste em considerar toda asserção como incerta. É a dúvida dos
céticos.
A opinião se caracteriza pelo estado de espírito que afirma com temor de se enganar. Já se
afirma, mas de tal maneira, que as razões em contrário não dão uma certeza. O valor da opinião
depende da maior ou menor probabilidade das razões que fundamentam a afirmação. A opinião
pode, às vezes, assumir as características da probabilidade matemática. Esta pode ser expressa
sob a forma de uma fração, cujo denominador exprime o número de casos possíveis e cujo
numerador expressa o de casos favoráveis. Por exemplo, havendo numa caixa 6 "tampinhas"
amarelas e 4 brancas, a probabilidade de extrair uma " tampinha" branca será, matematicamente,
4/10.
Só haverá certeza quando o numerador se igualar ao denominador.
A preocupação do cientista é chegar a verdades que possam ser afirmadas com certeza.
Como virtude intelectual ele se traduz no senso de observação, no gosto pela precisão e
pelas idéias claras, na imaginação ousada, mas regida pela necessidade da prova, na curiosidade
que leva a aprofundar os problemas, na sagacidade e poder de discernimento.
Moralmente, o espírito científico assume a atitude de humildade e de reconhecimento de
suas limitações, da possibilidade de certos erros e enganos.
É imparcial. Não torce os fatos. Respeita escrupulosamente a verdade.
O possuidor do verdadeiro espírito científico cultiva a honestidade. Evita o plágio. Não
colhe como seu o que outros plantaram.
Tem horror às acomodações. É corajoso para enfrentar os obstáculos e os perigos que uma
pesquisa possa oferecer.
Finalmente, o espírito científico não reconhece fronteiras. Não admite nenhuma
intromissão de autoridades estranhas; ou limitações em seu campo de investigação. Defende o
livre exame dos problemas.
A honestidade do cientista está relacionada, unicamente, com a verdade dos fatos que
investiga.
Aqui vale o ditado: ao pobre que bater à porta não se dá o peixe, mas a linha e o anzol. O
peixe resolve a situação presente, mas a linha e o anzol poderão resolver o problema, em
definitivo.
Por outro lado, a ciência, hoje em dia, não se resume na criatividade de um gênio isolado
que faz descobertas decisivas. A pesquisa científica se apresenta como um edifício, da dimensão
dos arranha-céus, que supõe a mobilização de um exército de técnicos e inventores, trabalhando
em equipes disciplinadas e que dispõe de orçamentos da importância de um tesouro de Estado.
Como se filiar a tal exército sem a mentalidade e o espírito que o anima?
A pesquisa investiga o mundo em que o homem vive e o próprio homem. Para esta atividade,
o investigador recorre à observação e à reflexão que faz sobre os problemas que enfrenta, e à
experiência passada e atual dos homens na solução destes problemas, a fim de munir-se dos
instrumentos mais adequados à sua ação e intervir no seu mundo para construí-lo adequado à sua
vida.
Nessa tarefa, confronta-se com todas as forças da natureza e de si próprio, arregimenta
todas as energias da sua capacidade criadora, organiza todas as possibilidades da sua ação e
seleciona as melhores técnicas e instrumentos para descobrir objetos que transformem os
horizontes da sua vida. Transformar o mundo, criar objetos e concepções, encontrar explicações e
avançar previsões, trabalhar a natureza e elaborar as suas ações e idéias, são fins subjacentes a
todo esforço de pesquisa.
Considera-se que, ao longo do tempo, a ciência estrutura um conjunto de preceitos,
noções e processos que caracterizam os procedimentos dominantes em uma comunidade
científica nacional ou internacional, em um aspecto particular da ciência durante um período de
tempo, que é revolucionado quando um ou vários pesquisadores demonstram as anomalias de
uma ciência normal e põem em crise o universo de certezas, obrigando a comunidade toda a
repensar os fatos e teorias explicativas, como se pode atestar na astronomia, com Ptolomeu,
Corpérnico, Galileu ou, na física, com Aristóteles, Newton, Einstein. O paradigma da pesquisa
dominante envolve uma concepção e esta estabelece os critério de definição e de formulação de
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2– O Método Científico
Em seu sentido mais geral, o método é a ordem que se deve impor aos diferentes
processos necessários para atingir um fim dado ou um resultado desejado. Nas ciências, entende-
se por método o conjunto de processos que o espírito humano deve empregar na investigação e
demonstração da verdade.
O método não se inventa. Depende do objeto da pesquisa. Os sábios, cujas investigações
foram coroadas de êxito, tiveram o cuidado de anotar os passos percorridos e os meios que os
levaram aos resultados. Outros, depois deles, analisaram tais processos e justificaram a eficácia
dos mesmos. Assim, tais processos, empíricos no início, transformaram-se gradativamente em
métodos verdadeiramente científicos.
Deve-se disciplinar o espírito, excluir das investigações o capricho e o acaso, adaptar o
esforço às exigências do objeto a ser estudado, selecionar os meios e processos mais adequados.
Tudo isso é dado pelo método. Assim, o bom método torna-se fator de segurança e economia.
Muitas vezes, um espírito medíocre guiado por um bom método faz mais progresso nas
ciências que outro mais brilhante que vai ao acaso.
Fontenelle assim exaltou o método: “A arte de descobrir a verdade é mais preciosa que a
maioria das verdades que se descobrem”.
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Existem autores que identificam a ciência com o método, entendido como um modo
sistemático de explicar um grande número de ocorrências semelhantes.
O método científico quer descobrir a realidade dos fatos, e estes, ao serem descobertos,
devem, por sua vez, guiar o uso do método. Entretanto como já foi dito, o método é apenas um
meio de acesso: só a inteligência e a reflexão descobrem o que os fatos realmente são.
O método científico segue o caminho da dúvida sistemática, metódica, que não se
confunde com a dúvida universal dos céticos, que é impossível. O cientista, sempre que lhe fata a
evidência, como arrimo, precisa questionar e interrogar a realidade.
O método científico, mesmo aplicado no campo das ciências sociais, deve ser aplicado de
modo positivo, e não de um modo normativo, isto é, a pesquisa positiva deve preocupar-se com o
que é e não com o que se pensa que deve ser.
Toda investigação nasce de um problema observado ou sentido, de tal modo que não pode
prosseguir, a menos que se faça uma seleção da matéria tratada. Esta seleção requer alguma
hipótese ou pressuposição que irá guiar e, ao mesmo tempo, delimitar o assunto a ser investigado.
Daí o conjunto de processos ou etapas de que se serve o método científico, tais como a
observação e coleta de todos os dados possíveis, a hipótese que procura explicar provisoriamente
todas as observações de maneira simples e viável, a experimentação que dá ao método científico
também o nome de método experimental, a indução da lei que fornece a explicação ou o
resultado de todo o trabalho da investigação, a teoria que insere o assunto tratado num contexto
mais amplo. O método científico aproveita ainda a análise e a síntese, os processos mentais da
dedução e indução, processos esses comuns a todo o tipo de investigação, quer experimental,
quer racional. Em suma, método científico é a lógica geral tácita ou explicitamente empregada
para apreciar os méritos de uma pesquisa.
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O método se concretiza nas diversas etapas ou passos que devem ser dados para
solucionar um problema. Esses passos são as técnicas ou processos.
Os objetivos de investigação determinam o tipo de método a ser empregado, a saber: o
experimental ou o racional. Um e outro emprega técnicas específicas como também técnicas
comuns a ambos.
Pode-se dizer que a maioria das técnicas que compõem o método científico e racional são
comuns, embora devam adaptar-se ao objeto de investigação.
Por isso, as técnicas ou processos que, a seguir, serão desenvolvidos, dizem respeito ao
método experimental e indiretamente, com as adaptações que se impõem, ao método racional.
2.3.1. Observação
A – Condições Físicas
Bons instrumentos são necessários, porque os sentidos não bastam sempre para satisfazer
o rigor da ciência. É preciso armar os cientistas de instrumentos:
1) que lhes aumentem o alcance, por exemplo, o microscópio, o telescópio, etc.;
2) que lhes aumente a precisão, e os ajudem a medir com rigor os diversos fenômenos
observados: a duração, o peso, a temperatura, etc.;
3) que supram, até certo ponto, os próprios sentidos, apontando e registrando os
fenômenos com sua intensidade variável. Tais são os aparelhos registradores, as
chapas fotográficas.
B – Condições Intelectuais
Curiosidade: “Requer-se muita filosofia, diz J.J. Rousseau, para observar o que se vê
todos os dias”.
Sagacidade: saber discernir os fatos significativos.
C – Condições Morais
Paciência, para resistir à precipitação natural que nos leva sempre a concluir antes do
tempo.
Coragem, que sabe enfrentar o perigo para colher do fato certos fenômenos raros ou
decisivos.
Imparcialidade, isto é, a libertação de toda a preocupação com o resultado, o respeito
escrupuloso e o amor apaixonado pela verdade.
D – Regras da Observação
2.3.2 – Hipótese
2.3.3 – Experimentação
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2.3.4 – Indução
Espécies de indução:
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Regras da Indução:
1) Deve-se estar seguro de que a relação que se pretende generalizar seja verdadeiramente
essencial, isto é, relação causal quando se trata de fatos, ou relação da coexistência necessária
de duas formas, quando se trata de seres ou coisas. Assim, sendo uma relação de dependência
necessária a que une o calor à dilatação., tem-se o direito de generalizar a lei segundo a qual o
calor sempre dilata os corpos.
2) É necessário que os fatos, a que se estende a relação, sejam verdadeiramente similares aos
fatos observados e, principalmente, que a causa se tome no sentido total e completo.
2.3.5 – Dedução
2.3.7 – Teoria
O emprego usual do termo teoria opõe-se ao da prática. Neste sentido a teoria refere-se
ao conhecimento (= saber, conhecer) em oposição à prática como ação (= agir, fazer).
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Aqui, entretanto, o termo teoria é empregado para significar um resultado a que tendem as
ciências. Estas não se contentam apenas com a formulação das leis. Ao contrário, determinadas as
leis, procuram interpretá-las ou explicá-las.
Assim, surgem as chamadas teorias cientificas, que reúnem determinada número de leis
particulares sob a forma de uma lei superior e mais universal.
Ou conforme Lahr: “Um conjunto de leis particulares, mais ou menos certas, ligadas por
uma explicação comum, toma o nome de sistema ou teoria, por exemplo o sistema de Laplace, a
teoria da evolução...”
Ou ainda segundo Luís Washington Vita: “O sentido primário do vocábulo teoria é
contemplação, sendo então a teoria definida como uma visão inteligível ou uma contemplação
racional.
Atualmente, porém, teoria designa uma construção intelectual que aparece como
resultado do trabalho filosófico ou científico ( ou ambos). A teoria não pode ser reduzida, como
alguns pretendem, à hipótese, mas é certo que as hipóteses – enquanto supostos fundamentais –
não podem ficar excluídas da construção teorética”.
A teoria se distingue da hipótese, porquanto esta é verificável experimentalmente,
enquanto aquela não. Todas as proposições da teoria se integram no mundo do discurso
(conhecimento), enquanto a hipótese comprova a sua validade, submetendo-se ao teste da
experiência.
A teoria é interpretativa, enquanto a hipótese resulta em explicação através de leis
naturais.
A teoria formula necessariamente hipóteses, ao passo que estas subsistem
independentemente dos enunciados teoréticos.
Função das teorias:
- coordenam e unificam o saber científico;
- são instrumentos preciosos do sábio, sugerindo-lhe analogias até então ignoradas e
possibilitando-lhe, assim, novas descobertas.
Valor das Teorias:
- Até meados do século XIX, os cientistas, de um modo geral, admitiam que as teorias não
só explicavam os fatos, mais ainda eram uma apreensão da própria natureza ontológica
(última) da realidade.
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- A partir dos meados do século XIX para cá, restringiram o valor explicativo da teoria.
Assim:
E. Mach: as teorias apenas orientam o sábio com economia de pensamento.
Henri Poincaré: as teorias não são verdadeiras nem falsas, são cômodas.
Pierre Duhem: as teorias servem apenas para classificar os fatos e as leis
- Atualmente, a tendência é assumir uma posição intermediária entre os dois extremos.
Segundo o realismo moderado (explicação filosófica), as teorias científicas são
explicativas, isto é, expressam a essência da natureza sensível, visto que toda ciência tem por
objetivo o que as coisas são ou suas essências. Contudo, não expressam a essência nela mesma
(como pretende a filosofia), e sim em seus sinais observáveis e experimentais.
2.3.8 – Doutrina
A ciência visa explicar os fenômenos. Para isto observa, analisa, levanta hipóteses e as
verifica em confronto com os fatos pela experimentação, induz a lei, colocando-a num contexto
mais amplo, através de teorias.
São operações que se desenvolvem num ambiente de objetividade, de indiferença e de
neutralidade.
A doutrina, porém, propõe diretrizes para a ação. É a priori que o autor fixa o fim que
espera atingir e, para elaborar a doutrina ajustada a esse fim, vai buscar seus argumentos nas mais
variadas fontes. Numa doutrina há idéias morais, posições filosóficas e políticas e atitudes
psicológicas. Há também, subjacentes, interesses individuais, interesses de classes ou nações.
A doutrina é, assim, um encadeamento de correntes, de pensamentos que não se limitam a
constatar e a explicar os fenômenos, mas apreciam-nos em função de determinadas concepções
éticas e, à luz destes juízos, preconizam certas medidas e proíbem outras.
A doutrina situa-se na linha divisória dos problemas do espírito e dos fatos (teoria =
ciência x ação) e, porque largamente assentada nesses dois domínios, permite perceber a síntese.
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Van Dalen e Meyer lembram que “o trabalho de pesquisa não é de natureza mecânica,
mas requer imaginação criadora e iniciativa individual”. E acrescentam: “entretanto, a pesquisa
não é uma atividade feita ao acaso, porque todo o trabalho criativo pede o emprego de
procedimentos e disciplinas determinadas”,
Talvez uma das maiores dificuldades, de quem se inicia na pesquisa científica, seja a de
imaginar que basta um roteiro minucioso, detalhado, para seguir e logo a pesquisa estará
realizada. Na verdade, o roteiro existe: são as diversas fases do método. Entretanto, uma pesquisa
devidamente planejada, realizada e concluída, não é um simples resultado automático de normas
cumpridas ou roteiros seguidos. Mas deve ser considerada como obra de criatividade, que nasce
da intuição do pesquisador e recebe a marca de sua originalidade, tanto no modo de empreendê-la
como no de comunicá-la. As fases do método podem ser vistas como indicadoras de um caminho,
dando, porém, a cada um a oportunidade de manifestar sua iniciativa e seu modo próprio de
expressar-se.
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Fazer uma pesquisa científica não é fácil. Além da iniciativa e originalidade de que já
falamos, exige do pesquisador persistência, dedicação ao trabalho, esforço contínuo e paciente,
qualidades que tomam sua feição específica e são reconhecidas por cada um em si mesmo,
quando alguém vivencia a sua própria experiência de pesquisador. E, no entanto, é uma das
atividades mais enriquecedoras para o ser humano e, de modo geral, para a ciência.
Embora enfatizando o valor da criatividade, convém lembrar que a pesquisa científica não
pode ser fruto apenas da espontaneidade e intuição do indivíduo, mas exige submissão tanto aos
procedimentos do método como aos recursos da técnica. O método é o caminho a ser percorrido,
demarcado, do começo ao fim, por fases ou etapas. E como a pesquisa tem por objetivos um
problema a ser resolvido, o método serve de guia para o estudo sistemático do enunciando,
compreensão e busca de solução do referido problema. Examinando mais atentamente, o método
da pesquisa científica não é outra coisa do que a elaboração, consciente e organizada, dos
diversos procedimentos que nos orientam para realizar o ato reflexivo, isto é, a operação
discursiva de nossa mente.
Whitney nos recorda que costumamos utilizar o processo reflexivo quando nos
encontramos diante de uma situação, que consideramos problema e sentimos a exigência de
resolvê-lo. Em atos mais simples, como o de amarrarmos os cordões do sapato, barbearmo-nos,
procedermos diante de amigos, estranhos ou inimigos, o nosso procedimento é espontâneo e
reagimos sem reflexão ou quase sem reflexão. Estes mesmos atos, hoje tão fáceis e familiares,
foram considerados por nós, em outros tempos, como problemas mais ou menos complexos, que
tivemos de resolver.
3.2.1– Conceito
Define-se a pesquisa como uma atividade voltada para a solução de problemas. Seu
objetivo consiste em descobrir respostas para perguntas, através do emprego de processos
científicos.
Convém distinguir, quanto à natureza da pesquisa, o trabalho científico original, chamado
também “memória científica original”, do resumo de assunto.
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Entende-se por trabalho científico original aquela pesquisa, cujos resultados venham
representar novas conquistas para a ciência respectiva.
Trata-se, portanto, de uma pesquisa sobre um determinado assunto levada a efeito, em
parte ou em conjunto, pela primeira vez. São Trabalhos desta natureza que, finalmente,
concorrem para o progresso das ciências com novas descobertas.
A memória científica será redigida de tal maneira que, a partir das indicações do texto, um
pesquisador qualificado possa:
1) reproduzir as experiências e obter os resultados descritos no trabalho com igual ou menor
número de erros;
2) repetir as observações e formar opinião sobre as conclusões do autor;
3) verificar a exatidão das análises, induções e deduções, nas quais estão baseadas as
descobertas do autor, usando como fonte as informações dadas no trabalho.
Entende-se por resumo de assunto aquele texto que reúne, analisa e discute conhecimento
e informações já publicadas.
O resumo de assunto não é um trabalho original, mas exige de seu autor a aplicação dos
mesmos métodos científicos utilizados no trabalho científico original.
A maior parte dos trabalhos elaborados durante os cursos de formação (nível de licença)
são, quanto a sua natureza, um resumo de assunto e, dificilmente, um trabalho científico original.
Uma das desvantagens que justificam a elaboração de resumos de assunto resulta do fato
de ser ele um meio apto a fornecer aos alunos a bagagem de conhecimentos e o treinamento
científico que os habilitem a lançarem-se em trabalhos originais de pesquisa.
Podem-se chamar técnicas aqueles procedimentos específicos utilizados por uma ciência
determinada, no quadro das pesquisas próprias desta ciência.
Assim, há técnicas associadas ao uso de certos testes em laboratório, ao levantamento de
opiniões de massa, à coleta de dados estatísticos; há técnicas para conduzir uma entrevista, para
determinar a idade em função do carbono, para decifrar inscrições desconhecidas, etc.
As técnicas em uma ciência são os meios corretos de executar as operações de interesse de
tal ciência. O treinamento científico reside, em grande parte, no domínio destas técnicas.
Ocorre, entretanto, que certas técnicas são utilizadas por inúmeras ciências ou, ainda, por
todas elas.
O conjunto destas técnicas gerais constitui o método. Método são, portanto, técnicas
suficientemente gerais para se tornarem procedimentos comuns a uma área das ciências ou a
todas as ciências.
Existe, pois, um método fundamentalmente idêntico para todas as ciências. Compreende
um certo número de procedimentos ou operações cientificas levadas a efeito, em qualquer tipo de
pesquisa. Estes procedimentos foram descritos anteriormente, no parágrafo intitulado “Processos
do método científico” (item 2.3). Podem ser resumidos da seguinte maneira:
a) formular questões ou propor problemas e levantar hipóteses;
b) efetuar observações e medidas;
c) registrar tão cuidadosamente quanto possível, os dados observados com o intuito de responder
às perguntas formuladas ou comprovar a hipótese levantada;
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d) elaborar explicações ou rever conclusões, idéias ou opiniões que estejam em desacordo com
as observações ou com as respostas resultantes;
e) generalizar, isto é, estender as conclusões, obtidas a todos os casos que envolvem condições
similares; a generalização é tarefa do processo chamado indução;
f) prever ou predizer, isto é, antecipar que, dadas certas condições, é de se esperar que surjam
certas relações.
É lícito distinguir as três áreas seguintes, onde classificar-se-iam os respectivos métodos:
1) Pesquisa Bibliográfica
2) Pesquisa de campo
3) Pesquisa de laboratório
Buscar-se-á, pois, descrever e analisar estes métodos, realçando sua utilidade.
Desde que se tenha em vista uma pesquisa qualquer, deve-se pensar antes de tudo em
elaborar um projeto que possa garantir sua viabilidade.
Muitas pesquisas importantes, tanto para as ciências como para a pessoa do pesquisador,
viram-se fadadas ao fracasso por não se ter feito um projeto das mesmas.
O projeto de pesquisa deve conter informações sobre diversos aspectos do trabalho, tais
como:
- justificativa: envolvendo a delimitação do problema, a análise da situação que o projeto
pretende modificar e uma demonstração de como modificará a situação analisada;
- objetivos: indicam o que se pretende alcançar com o projeto;
- metas: detalhamento, qualificação e localização dos objetivos no tempo;
- revisão da literatura referente à questão;
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Metodologia Científica
Escolha de Assunto
Estudos Exploratórios
A PESQUISA
Estrutura do Trabalho
b) Comunicação
Redação
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Apresentação
É o primeiro passo da pesquisa, mas não o mais fácil. Não faltam, evidentemente, assuntos
para pesquisas: a dificuldade está em decidir-se por um deles. Para muitos pesquisadores, a
decisão final é precedida por momentos de verdadeira angústia, mormente quando se trata de
pesquisas decisivas para a carreira do investigador.
Um assunto de pesquisa pode nascer de leituras, de reflexões pessoais, de problemas
reconhecidos, da atividade profissional, de fontes de informações, etc.
Quando alguém decide investigar um assunto determinado, sua escolha, em geral, é feita em
função de um interesse atual, da intuição e reflexão, da formação antecedente, de meios
exeqüíveis (tempo, recursos financeiros e humanos, equipamentos, etc.) de informações
documentadas, etc.
Sugerem-se certas operações que podem facilitar a escolha: são técnicas especiais, operações
particulares a serem executadas neste primeiro passo da pesquisa.
4.1.1– Seleção
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Selecionar um assunto eqüivale a eliminar aqueles que, por uma razão plausível, devem ser
evitados e fixar-se naquele que merece prioridade. Não pode haver seleção sem critérios de
seleção: convém, portanto, definir os critérios que o investigador tomará em consideração,
quando tiver que proceder à escolha de um assunto. Tais critérios desempenham a função de guia
metodológico, orientando o investigador em direção do assunto prioritário.
O assunto de uma pesquisa é qualquer tema que necessita melhores definições, melhor
precisão e clareza do que já existe sobre o mesmo.
A primeira escolha deve ser feita com relação a um campo delimitado, dentro da respectiva
ciência de que trata o trabalho científico.
As razões que podem levar o pesquisador a formular questões de pesquisa são de dois tipos:
intelectuais, baseadas simplesmente no desejo de conhecer ou compreender; práticas, baseadas no
desejo de conhecer para realizar algo melhor ou de maneira mais eficiente. Não há contradição ou
exclusão mútua das pesquisas a que conduzem estes dois tipos de questões. Observa-se que,
historicamente, a pesquisa científica tanto se interessou pelo conhecimento em si mesmo, quanto
pelo conhecimento aplicado aos interesses práticos.
O assunto pode surgir de um interesse particular ou profissional, de algum estudo ou leitura.
As vezes, o professor indica o assunto, outras vezes cabe ao aluno escolher o mesmo.
Teórico ou prático, o assunto deve corresponder ao gosto do pesquisador, além de
proporcionar-lhe experiências de valor e contribuir para o progresso das ciências. Evitem-se
assuntos fáceis e sem interesse, que não compensam o esforço exigido.
O assunto será, naturalmente, adequado à capacidade e à formação do pesquisador,
corresponderá a suas possibilidades, quando ao tempo e aos recursos econômicos.
Na escolha do assunto, deve-se, igualmente levar em conta material bibliográfico: este deve
ser suficiente e estar disponível.
Evite-se, finalmente, fixar a escolha sobre assuntos a respeito dos quais já existem estudos
exaustivos: a quantidade de assuntos novos à espera de pesquisadores torna injustificável a
duplicação de estudos.
4.1.2- Delimitação
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Convém superar a tendência muito comum de escolher temas que, por sua extensão e
complexidade, não permitam a profundidade. Feita, portanto, a escolha do assunto, passa-se a
fixar a extensão do mesmo.
Delimitar o assunto é selecionar um tópico ou parte a ser focalizada.
Para facilitar esta operação, pode-se recorrer, por um lado, à divisão do assunto em partes
constitutivas e, por outro, à definição da compreensão dos termos.
A decomposição do assunto eqüivale ao desdobramento do mesmo em partes, enquanto a
definição dos termos implica na enumeração dos elementos constitutivos ou explicativos que os
conceitos envolvem. Nem todos os assuntos poderão ser delimitados com auxílio destas técnicas
especiais. De acordo com a natureza do assunto selecionado, recorrer-se-á a uma outra técnica de
delimitação.
Assim, para delimitar o assunto, pode-se ainda fixar circunstâncias, sobretudo de tempo e
espaço: trata-se de indicar o quadro histórico e geográfico, em cujos limites se localiza o assunto.
Além disso, o pesquisador pode indicar sob que ponto de vista vai focalizar o assunto. Um
mesmo assunto pode receber diversos tratamentos, tais como psicológico, sociológico, histórico,
filosófico, estatístico etc. Estes tratamentos correspondem à luz sob a qual o assunto será
focalizado.
Os objetivos que se têm em vista definem, muitas vezes, a natureza do trabalho, o tipo de
problemas a ser selecionado, o material a coletar, etc.
Desde Einstein, acredita-se que é mais importante para o desenvolvimento da ciência saber
formular problemas do que encontrar soluções.
Uma vez formulado o problema, as etapas seguintes, nas fases da pesquisa, devem ser
previstas, a fim de que se tenha certeza da viabilidade da mesma, através das técnicas existentes.
Elabora-se, pois um plano provisório do assunto. Este servirá de guia, embora venha a adaptar-se
posteriormente, à marcha da pesquisa, modificando-se ou transformando-se em razão dos
resultados parciais ou definitivos.
- proceder de forma a iniciar-se pelas publicações gerais antes das obras específicas, ou
de artigos de revista ou resumos de pesquisa.
O contato com pessoas-fonte ou pessoas que se especializaram em um tema pode auxiliar na
orientação da literatura mais atualizada e na definição mais precisa do problema.
A elaboração escrita da revisão bibliográfica, reunido as informações atuais sobre o problema,
é útil para o pesquisador definir com precisão a sua pesquisa e pode ser indispensável para
apresentar o objetivo da investigação e a contribuição nova que traz.
O pesquisador deve estar informado dos principais dados que já foram recolhidos sobre o
problema que aborda. A assimilação de resultados já alcançados por outros pesquisadores evita
repetições desnecessárias, situa a pesquisa no contexto dos trabalhos científicos e auxilia a
formulação da própria problemática. Permite, ainda, identificar como os problemas foram postos
e conceitualizados, dá acesso às teorias e modelos explicativos que foram propostos e leva a
conhecer os paradigmas experimentais que foram utilizados. A elaboração escrita da revisão
bibliográfica deve indicar ao menos a situação atual do problema, os avanços e limites, os
resultados alcançados e as posições divergentes.
4.3.1.1 – Documentação
1)Fontes
42
Todo livro que chega a uma biblioteca é registrado com as informações a ele
referentes, classificado e agrupado segundo o assunto de que trata e, finalmente, incluído no
catálogo que deve conter todas as publicações de que dispõe a biblioteca.
Vê-se, portanto, que, numa pesquisa bibliográfica, um bom apontamento deve ser feito em
duas etapas:
a) Num primeiro momento, registrem-se os dados sobre folhas de papel, com o cuidado de
colocar no alto de cada folha as referências bibliográficas da obra consultada, à margem
esquerda as páginas respectivas e, no verso, as idéias pessoais que surgirem durante a leitura.
A ordem da leitura dos apontamentos é simplesmente cronológica: os dados são registrados à
medida que a leitura avança.
b) Num segundo momento, registrem-se os dados sobre fichas. O tipo ou modelo da ficha é
questão de preferência pessoal. A experiência mostra que entre os pesquisadores existe
grande liberdade neste particular. O que todos observam, entretanto, é o seguinte: as fichas
são organizadas em função dos assuntos. A ordem dos apontamentos registrados sobre as
fichas não é mais uma ordem cronológica, mas lógica. O cabeçalho da ficha deve identificar,
através de um termo ou dois, o conteúdo da mesma. Em geral esses cabeçalhos correspondem
ao sumário do trabalho. Devem figurar sobre uma ficha outros elementos indispensáveis: as
referências bibliográficas e a respectiva página da obra de onde se extraiu o apontamento.
Aquele que tiver a suficiente paciência para realizar estas tarefas cansativas com esmero,
terá a grande satisfação de constatar que seu esforço será compensado ante a facilidade com que
poderá proceder à redação de seu trabalho: basta dispor todas as fichas referentes a um mesmo
assunto sobre a mesa.
1) EXPERIMENTAL OU CIENTÍFICA
(QUANTITATIVA)
Tipos de Pesquisa
2) QUALITATIVA
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As pesquisas têm sido caracterizadas pelo tipo de dados coletados e pela análise
que se fará desses dados:
A coleta de dados é a etapa da pesquisa que exige um grande volume de tempo e trabalho
para se reunir as informações indispensáveis à comprovação da hipótese. Pressupõe a
organização criteriosa da técnica e a confecção de instrumentos adequados de registro e leitura
dos dados colhidos em campo.
A coleta de dados comporta algumas normas que dependem e se ajustam ao tipo de pesquisa
que se empreende. A definição da técnica e a elaboração do instrumento mais adequado à
pesquisa não são arbitrárias. Estão conexas com as hipóteses que se quer comprovar, com os
pressupostos que são assumidos e com a análise que se fará do material coligido. As técnicas e os
instrumentos decorrem, pois, de decisões que são tomadas no início da pesquisa, com a
formulação do problema a ser investigado.
As pesquisas experimentais se apoiam em instrumentos adequados aos seus fins
mensurativos. As principais técnicas que usam instrumentos sistematizados de coleta de
informações mensuráveis são:
- observação sistemática ou estruturada;
- questionários fechado ou semi-aberto;
- entrevista diretiva ou estruturada.
4.4.1.2.2 – Questionário
. O pesquisador saiba:
Claramente as informações que busca, objetivo da pesquisa e de cada uma das questões, o
que e como pretende medir ou confirmar suas hipóteses. É uma tarefa que exige critérios e
planejamento para exaurir todos os aspectos dos dados que se quer obter, sem negligenciar os
aspectos essenciais da pesquisa;
. O informante compreenda:
Claramente as questões que lhe são propostas, sem dúvidas de conteúdo com termos
compatíveis com seu nível de informações, com sua condição e com suas reações pessoais.
50
. O questionário contenha:
Estrutura lógica: seja progressivo ( parta do simples e vá para o complexo), seja preciso
( uma questão por vez) e coerentemente articulado ( as questões centrais ou “filtros” eliminem as
questões derivadas), e que questões e subquestões componham um todo lógico e ordenado
(unidade das partes), linguagem com palavras simples, usuais, exatas e facilmente inteligíveis,
sem termos técnicos especializados ou eruditos. O sentido preciso deve evitar ambigüidades,
dúvidas ou incompreensões, recusas e “não sei”, e produzir respostas curtas, rápidas e objetivas.
psicoterapêutica. Nesse caso, o tema é previsto, mas seu conteúdo e as palavras do diálogo são
escolhidos livremente durante a entrevista.
O diálogo interpessoal e a relação interindividual dos interlocutores na entrevista podem
provocar situações e reações emotivas, viés e erros, decorrentes da personalidade do pesquisador
no curso da entrevista ( oportunidade das questões, clareza na formulação das perguntas,
manifestações pessoais de surpresa, agrado ou desaprovação às respostas).
Alguns riscos de erro podem ser minimizados com a explicação prévia dos objetivos e
fins que se almeja com a entrevista, com a escolha de um local e horário convenientes ao
entrevistado e com a escolha de um local e horário conveniente ao entrevistado e com a criação
de um clima de colaboração e confiança.
A transcrição das informações pode ser feita por meio de notas manuscritas, respeitando-
se o vocabulário, o estilo das respostas e as eventuais contradições da fala, ou por meio de
gravador ou vídeo, se não houver reticências do entrevistado. Todas as informações transcritas
devem ser passíveis de codificações para serem transformadas em indicadores e índices objetivos
de variáveis que se pretende explorar.
A análise dos dados em pesquisa experimental supõe a quantificação dos eventos para
submetê-lo à classificação, mensuração e análise. Seu objetivo é propor uma explicação do
conjunto de dados reunidos a partir de uma conceitualização da realidade percebida ou
observada.
Para essa análise, utiliza-se de análises estatísticas ou sistêmicas. Pode-se recorrer também
a análises comparativas, históricas, genéticas etc.
Usa-se a análise estatística para mostrar a relação entre variáveis por gráficos,
classificados por categorias e medidos por cálculos de parâmetros característicos (média,
mediana e quartis, etc.) ou para mostrar a relação entre variáveis. Os processos de análise
estatística, com o auxílio do computador, abreviaram muito a ordenação explanatória dos dados e
os meios de correlacionar variáveis, ampliando as possibilidades de correlação, comparação e
análise dos dados.
52
descrevendo suas ações no contexto natural dos atores. A atitude participante pode estar
caracterizada por uma partilha completa, duradoura e intensiva da vida e da atividade dos
participantes, identificando-se com eles, como igual entre pares, vivenciando todos os aspectos
possíveis da sua vida, das suas ações e dos seus significados. Neste caso, o observador participa
em interação constante em todas as situações, espontâneas e formais, acompanhando as ações
cotidianas e habituais, as circunstâncias e sentido dessas ações, e interrogando sobre as razões e
significados dos seus atos.
Os resumos descritivos das observações feitas descrevem as formas de participação do
pesquisador (intensidade, freqüência etc.), as circunstâncias da participação (tensões, mudanças e
decisões) e os diversos instrumentos (fotografia, filmagem, anotações de campo) que deverão ser
reduzidas ao registro das observações. Este deve conter todas as informações sobre as técnicas, os
dados, o desenrolar do cotidiano da pesquisa, as reflexões de campo e as situações vividas
(percepções, hesitações, interferências, conflitos, empatias, etc.) que correram no curso da
pesquisa.
uma trama de acontecimentos aos quais atribui uma significação pessoal e diante dos quais
assume uma posição particular. A psicobiografia reúne informações tanto sobre fatos quanto
sobre o significado de acontecimentos vividos que forjaram os comportamentos, a compreensão
da vida e do mundo da pessoa. Outras formas de comunicar o conteúdo vivido na relação com o
contexto da vida tem sido criado com a contribuição de várias ciências: psicologia, lingüística,
filosofia, sociologia, etc.
no contexto cultural em que produzem a informação ou, enfim, verificando a influência desse
contexto no estilo, na forma e no conteúdo da comunicação.
A seleção e delimitação do caso são decisivas para a análise da situação estudada. O caso
deve ser uma referência significativa para merecer a investigação e, por comparações
aproximativas, apto para fazer generalização a situações similares ou autorizar inferências em
relação ao contexto da situação analisada.
A delimitação deve precisar os aspectos e os limites do trabalho a fim de reunir informações
sobre um campo específico e fazer análise sobre objetos definidos a partir dos quais se possa
compreender uma determinada situação. Quando se toma um conjunto de casos, a coleção deles
deve cobrir uma escala de variáveis que explicite diferentes aspectos do problema.
b) o trabalho de campo
5 - Referências Bibliográficas
AZEVEDO, Amilcar G. e CAMPOS, Paulo Henrique. Estatística Básica. 5. ed. Rio de Janeiro:
Livros Técnicos e Científicos, 1987. 263 p.
AZEVEDO, Israel Belo de. O Prazer da Produção Científica. 7. Ed. São Paulo: UNIMEP,
1999. 208 p.
BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. 1. ed. Lisboa: Edições 70, 1977. 232 p.
CERVO, Amado L. e BERVIAN, Pedro A. Metodologia Científica. 2. ed. São Paulo: McGraw-
Hill do Brasil, 1978. 144 p.
CHIZZOTTI, Antônio. Pesquisa em Ciências Humanas e Sociais. 2. ed. São Paulo: Cortez,
1995. 164 p.
POPPER, Karl. A Lógica da Pesquisa Científica. 9. ed. São Paulo: Cultrix, 1993. 568 p.
RUDIO, Frans Victor. Introdução ao Projeto de Pesquisa Científica. 11. ed. Petrópolis: Vozes,
1986. 121 p.
SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. 21. ed. São Paulo: Cortez,
2000. 278 p.
SOUZA, Maria Cecília et alli. Pesquisa Social. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 1994. 80 p.