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ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA-_MINISTÉRIO Df:\ EDUCAÇÃO E CULTURA

t t°1 DEPARTAMENTO E INSTITUTO DE MEDICINA PREVENTIVA


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LEVANTAMENTO DAS CONDIÇÕES DE SAÚDE DAS TRIBOS


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l .. INDÍGENAS DO ALTO XINGU. APLICAÇÃO DE MEDIDAS
MÉDICO-PRQFILÁTICAS PARA SUA PRESERVAÇÃO.

Parque Nacional do Xingu - Brasil Central


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ROBERTO G. BARUZZI

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O desenvolvimento econômico do interior do pa.Is , pr~
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1 ~ piciando o desbravamento de extensas regiões inexploradas, virá de forma
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inevitável romper o isolamento das tribos .
indigenas remanescentes. Um
1l . r- plano de proteção amplo, contando com a cooperação de estudiosos dos va
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i . rios ramos do conhecimento humano, deve ser aplicado com urgência.
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Na vanguarda dos movimentos destinados à preserva- I
t'r'v ção das tribos í nd íg en as , deverá obrigatoriamente estar presente o médico,
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prestando a assistência necessária e protegendo o indio das doênças trans-
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1 - mitidas pelo homem civilizado, para as quais apresenta escassa defesa.
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r-. ALTO XINGU

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O Parque Nacional do Xingu é uma reserva situada no

norte do Estado de Mato Grosso, Brasil Central, com uma supez-Hc ie de

22. 000 km2, estendendo-se ao longo do rio Xingu, desde seus formadores

até a cachoeira de von Martius, no limite norte. Esta área representa u-

ma zona de transição ;ntre o Brasil Central e Amazônia, com caracter(s-

ticas naturais, fauna e flora, destas duas grandes regiões brasileiras. No

Sul, avistam-se as Últimas manchas do cerrado do planalto central e o res

tante é a mata densa que, por sua exuberância e coloração, se enquadra no

tipo amazônico.

O Parque foi criado pelo govêrno brasileiro, em 1961,

o c a s i ao em que o interêsse despertado pelas terras do Brasil Central, para

a exploração agro-pecuária, punha em risco a existência das tribos ind(g~

nas localizadas em sua área. A idéia da criação do Parque Nacional do

Xingu foi defendida por pesquisadores e simpatizantes da causa í nd íg e na,

Dentre êles, os irmãos Villas Boas que, desde a fundação da entidade, Pª!.
saram a dirigi-la. Considerando que a área era ocupada por (ndios no es

tá'.gio de cultura pura, que se poderia chamar de cultura paralela, ficou e!

tabelecida a implantação de uma nova política que, apoiada na preservação

das estruturas tribais, pos si bili tas se uma melhor de~esa das populações i::

d[genas, resguardando-as de um processo abrupto de aculturação de resul


1 r, tados imprevis(veis.
r-
(""'- Em relaçãoàs caracter(sticas culturais das tribos in-
_..
f"". . digenas, situadas em seu interior, e do ponto de vista administrativo, o

Parque Nacional do Xingu divide-se em duas regiões: uma norte, tendo co

- 2 -

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O rio Culuene

Le fleuve Culuene

The Culuene River

A lagôa dos Camaiurá

Le lac des Camaiura

The Camaiura's Lake


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fi". mo centro administrativo o PÔsto do Diauarum e outra sul, tendo como cen
f'1". troo PÔsto Leonardo Villas Boas, 'orid e se situa a sede do Parque. Are
f" gião sul está compreendida na área denominada de Alto Xingu, onde são en
1""
centrados os rios Culuene, Ronuro e Batovi e seus afluentes, formadores
~
do rio Xingu. Nesta região, estão localizadas 11 tribos indígenas, atendi
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das pelo PÔsto Leonardo Villas Boas, e que pertencem às famílias lingUÍs
~
,.... ticas Tupi, Caribe e Aruaque, além dos Índios Trumai, cuja língua é elas

sificada isoladamente. Assim, dos quatro grandes troncos ou grupos lin-


f'.
' gtiÍsticos dos Índios brasileiros, estão ausentes unicamente representantes
·~
r- do grupo Jê, encontrados na parte norte do Parque (tribos Suiá e Txukarra

.i ~ mãe) •
TRIBOS LOCALIZADAS NO ALTO XI N GU
' f"",
,,... Tribo Gr u p o Linguístico

,..., Aueti Tupi

f"", Camaiurá Tupi


Iaualapiti A rua que
Meinaco A rua que
Uaurá Aruaque
Calapalo Caribe
'~ Cuicuro Caribe
Matipu Caribe

Nafuquá Caribe
Tchicão Caribe (1)
Trumai LÍngua isolada
1
1,.... A ocupação da região do Alto Xingu, segundo observa-
i
1
çoes baseadas no encontro de grandes áreas derrubadas à machado de pe- ·J

dra, ou, ainda, em vest{gios de antigas aldeias, cacos de cerâmica, etc,r~

monta há séculos.

(1) Segundo estudos recentes os índios Tchicão pertenceriam ao grupo Caribe.

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O etnólogo alemão Karl von den Steinen penetrou no Al

to Xingu, em 1884 e 1887, em duas expedições. Em seu livro "Unte r den


11
Naturvtllkern Zentral Brasiliens ( ,·,Entre os Aborigenes do Brasil Cen-

tral"), publicado em 1894, descreveu com alguns detalhes as tribos que ha

bitavam a região e com as quais teve contacto. As tribos descritas são as


1
.' f""',; mesmas encontradas em nossos dias, com exceção dos Tchicão que s ôrn err

te em 1967 passaram a. participar da comunidade xinguana. !:ste s (ndios

estavam localizados às margens do rio Jabotá e seu deslocamento para o


interior do Parque, após longo e cuidadoso trabalho de aproximação, im-

pôs- se, pois estavam destinados ao desaparecimento, dado o precário es-

tado de saúde e o isolamento em que se achavam.

O relacionamento, resultante da longa coexistência na

mesma área geográfica e a freqüência dos casamentos intertribais, levou


as tribos do Alto Xingu, com exceção dos Tchicão, recém-ingressos, a

apre sentarem grande semelhança em seus hábitos e costumes, de forma a

serem considerados possuidores de uma cultura c orrrurn , conhecida como

cultura xinguana ou do Alto Xingu.

O HABITANTE DO ALTO Xl N G U
1 r'·

As tribos que habitam a r e g íao do Alto Xingu podem

ser elas sificadas como isoladas ou semi-isoladas, pois não dependem para

sua subsistência de qualquer intercâmbio com o meio exterior. O desapa

recimento do restante da humanidade em nada alteraria a vida do homem

xinguano. Talvez, apenas se ressentisse do fato de ter de voltar ao uso

do machado de pedra.

- 4 -
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1

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A aldeia dos Meinaco

Le village des Meinaco

The Meinaco's village

A aldeia dos Camaiurá

Le village des Camaiura

The Camaiura's village


O (ndio do Alto Xingu vive habitualmente nu, usando al

guns ornamentos como brinco e colares, feitos com penas, conchas e con-

tas vegetais. Os pelos do corpo são retirados por depilação. Os homens

pintam-se de vermelho, com tinta extra{da do urucum. Possuem complei

ção atlética, estatura mediana e musculatura bem desenvolvida.

1~
As aldeias obedecem a um mesmo tipo geral, com di-

versas ocas dispostas em c(rculo em volta de um pátio extenso, no qual

são realizadas as festas e


.
c e r rm
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orn a s , e sepultados os mortos importan-

te s da tribo. As ocas são, às vêzes, bastante espaçosas, chegando a me-

dir 2".4 m de comprimento, 12 m de largura e 8 m de altura. O nÚme-

ro de habitantes de cada oca é variável, entre 1 O a 15 i nd i v(duos, r e l ac o.,


í

nadas entre si por laços de parentesco. Utilizam rêdes para dormir, que

são dispostas em grupos no interior da oca.

A poligamia ocorre, sendo mais freqüente entre os che

fe s tribais que têm 2 a 3 espÔsas. Cada casal de {ndios, tradicionalmente,

não tinha mais de 2 ou 3 filhos, mas em nossos dias registra-se no Alto

Xingu com maior frequência a presença de proles mais numerosas. Oca

sarnento nasce por livre escolha, havendo por vêzes pressão familiar na es

colha do cônjuge para estreitar os laços de amizade entre famÚias. Ajo-

vem, com a menarca, inicia um pe r Io do de reclusão no interior da oca, em

média de dez meses, durante os quais pode ser vista unicamente pelos pa-
rentes. Casa-se, muitas vêzes, ao fim da reclusão.

,-.. A alimentação do (ndio do Alto Xingu baseia- se funda-

mentalmente na mandioca e no peixe. Não apreciam animais de caça, oc~

sionalmente comem o macaco e, entre as aves, o rrrut urn e o jacu. Figu-

ram na alimentação, de forma menos freqUente, milho, batata-doce e fru

- 5 -
tos selvagens. Desconhecem o uso do nosso sal de cozinha. As crianças

são alimentadas no seio materno até mais ou menos 3 anos de idade, com
1 ?"'\
suplemento alimentar fornecido pelo mingau de mandioca ou caldo de peixe

cozido.

1,..... Praticam agricultura itinerante, cujo principal produ-


1
1 to ~ a mandioca (Manhiot suculenta), seguida do milho e da batata-doce.
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1

ATIVIDADES MÉDICAS

A Escola Paulista de Medicina, a partir de 1965, vem

desenvolvendo um "f!lanode trabalho no Parque Nacional do Xingu cem. e,. /im


precípui, Je tsssislir a, '. popula,çã,c,. inbig.ena,.
1

De comum acôrdo com Orlando Villas Boas, Diretor do


1

Parque Nacional do: Xingu, a Escola Paulista de Medicina, através de seu


1

;- ·r' Instituto de Medici~a Preventiva, propôs-se a:


í'
i~ 1 - efetuar o levantamento da população i nd íg e na do
r: Parque Nacional do Xingu e determinar suas condi
t,.... çÕes de saúde;
i~ 1

2 - planejar as medidas médico-profiláticas destina-


das à proteção d a s tribos do Parque Nacional do

Xingu, incluindo a colaboração nos programas de


;... vacinação e na assis.tência médica;

3 - realizar, na área do Parque, pesquisas de interês

se médico-cient(ficas.
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Em apoio a êste programa de ação, a Direção do Par

que Nacional do Xingu se prontificou a fa ci l.ita r o trabalho das equipes da

Escola·Paulista de Medicina, estabelecendo suas :.~lações com a população,

colocando à sua disposição alojamentos e instalações pâr-a laboratórios, pr~

porcionando cobertura e facilidades de transporte no interior do Parque, e

participand~ dos contatos com os Órgãos oficiais, sempre que se faz neces

sário, para o transporte das equipes médicas da Escola Paulista de Medi-

cina, de São Paulo para o Xingu.

A primeira etapa do trabalho médico, aqui apresenta-

da, focaliza a população do Alto Xingu.

- LEVANTAMENTO DA POPULAÇÃO

Em rna r ço dêste ano, foi completado o levantamento

dos (ndios do Alto Xingu, realizado por equipes periódicas da Escola Pau-

lista de Medicina, formadas por professÔres e estudantes. Pôde-se, as-


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s irri , conhecer a distribuição da população ind(gena por aldeia, sexo e gr~
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po e tar"' . o,
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Distribuição da população do Alto Xingu, por aldeia

Aueti 41 (ndios
Calapalo 85 (ndio.s
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Camaiurá 128 (ndios


í Cuicuro 161 {ndios
r r. Iaualapiti 47 {ndios .·. -'
60 {ndios ~~ ~;
Li~· Matipu-Nafuquá
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Meinaco 63 {ndios ·, ~
i1. .,.... Tchicão 51 {ndios
l Trumai 24 {ndios
~"~ Uaura "' 95 (ndios
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To ta 1 - 755 {ndios e/

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Foram, ainda, examinados 51 (ndios das tribos Suiá e


Txukarramãe (grupo Jê) e Caiabi (grupo Tupi), que habitam a parte norte
do Parque, e que estavam de passagem pelo PÔsto Leonardo Villas Boas
por ocasião da presença das caravanas médicas, ou que ali se fixaram.

Em resumo:

Aldeias do Alto Xingu 755 (ndios

PÔsto Leonardo Villas Boas 51 (ndios


Total 806 (ndios

Distribuição da população do Alto Xingu, por sexo e idade ( *)

(Dados de março de 1970)

Idade (anos) Homens Mulheres T .o ta 1

o - 4 59 52 111

5 - 9 69 68 137

10 - 19 97 68 165

20 - 29 87 82 169

30 - 39 50 44 94

40 - 49 34 23 57

50 e mais 13 9 22

To ta 1 409 346 755

.r (*) a idade foi avaliada de forma aproximada, pelo aspecto f(sico e exa-
f-', -me d errta r i o ,

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li - DETERMINAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE SAÚDE

Para a determinação das condições de saúde do {ndio,

utilizou- se uma ficha-padrão, contendo elementos de identificação, dados

familiares e registros do exame f{sico geral e dos diferentes aparelhos, in

cluindo a ficha odontológica. Paralelamente, foram realizados estudos he

. matolÓgicos e inquéritos sorolÓgicos e parasitários.

Foi investigada a distribuição de anticorpos para di-

versas viroses e pa r a s i to s e s , entre estas í nc l uíd as a Doença de Chagas, !e_..!.

shmaniose cutânea e visceral, esquistos somos e mansÔnica, toxoplasmose

e malária. Pesquisas parasitolÓgicas permitiram conhecer-se a pr-e va.l en

eia da malária e das parasitoses intestinais entre os (ndios do Alto Xingu.

De grande importância foi a instalação de urri laborat.§

rio no PÔsto Leonardo Villas Boas, contendo geladeira, microscópio, c en -

trÚuga, etc , , possibilitando a realização de alguns exames, e que foi aos

poucos montado em colaboração com Orlando Villas Boas, Serviço de He-


1 f"\,
matologia e Departamentos de Parasitologia e Medicina Preventiva da Esco

,-.. la Paulista de Medicina.

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' Um Banco de Sôro do fndio foi organizado pelo Depar-
n
f;
tamento de Medicina Preventiva, para a preservação das amostras de -
so-
1
ro, colhidas por ocasião do exame fisico.
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Um importante material de es-
'' ,......, tudo estará assim conservado, permitindo a realização de novas pesquisas.

A determinação das condições de saúde permitiu a fi-

xaçao das prioridades médicas para a população do Alto Xingu.

- 9 -
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Número:
Tribo:
Reside:
r, Local do exame:
Data:

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dado pelo pai:
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Polegar direito
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FICHA DENTÁRIA
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t» e = cariado P = perdido O = Obturado A = Ausente

EXAME FISICO

Pubo-plantar:
r: Pêso: Altura: Envergadura:
Bi-Acromial: Bi-Trocanter:
·t" Pele:
.,... Mucosas: Olhos: Icter{cia: Temp.
Gânglios:
Orofaringe: Tosse:
Tiroide: Pulso:
Aparêlho respiratório:
Bulhas cardí'acas: Pressão arterial:
Abdomen:
F{gado: Índic'e esplênico:
Outros elementos:

Vacinas aplicadas:

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Ili - IMUNIZAÇÃO

Procedeu-se à aplicação da vacina tr(plice em tÔda a


; ,,....,. população ind íg e na do Alto Xingu. Para a imunização contra o sarampo,
.. ,...... empregou-se a .va.c iria com virus atenuado, aplicada no grupo etário· de 1 a
' .,,-. 14 anos, de conformidade com os resultados obtidos no inquérito sorolÓgi-
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co previamente realizado. Em março Último, foi dada a primeira dose da
·r, vacina SABIN, para crianças e adultos. A imunização com o BCG tem si-
·r, do feita pelo Dr. Noel Nutels, Diretor das Unidades Sanitárias Aér~as do
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Serviço Nacional de Tuberculose.
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Os indios compareciam ao Io c a.Ldo exame médico a-
'·r.
! companhados da espÔsa e filhos, insistindo para que todos fÔssem atendi-

dos. As vacinas foram apl í.cada.s nas aldeias e, salvo a natural resistên-

eia das crianças menores, não tivemos· qualquer recusa por parte dos de-

mais.

IV - ASSISTÊNCIAMÉDICA E HOSPITALAR
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1

: .,-.. A assistência médica prestada pela Escola Paulista de


: ._,,,.....
Medicina (EPM) se desenvolve:
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a) através de equipes médicas, diretamente no Par- 1
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que Nacional do Xingu, em caravanas periódicas ou quando solicitadas na

vigência de surtos epidêmicos;


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b) à distância, através de orientação clinica transmi-

tidas por rádio, de São Paulo ao Xingu;

e) através de internações hospi_talares, no Hospital

'f-, São Paulo da Escola Paulista de Medicina,· dos indios que necessitam tra-

; . ,-., tamente clinico especializado ou cirúrgico. O acompanhamento subseqile.::

te ; feito nos serviços de arnbulat~rio.

- 1O -

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Durante as caravanas médicas, desenvolve-se, conco


mitantemente, a assistência odontológica.

Em 1968, um total de 309 leitos-dia do Hospital São

Paulo foram ocupados por (ndios do Parque Nacional do Xingu, para trata

menta cl(nico ou cirúrgico, sendo realizadas 5 intervenções cirúrgicas.

r~
Em 1969, foi de 550 o número de leitos-dia do Hospi-
"{'.
tal São Paulo, ocupados por (ndios do Parque Nacional do Xingu, e 9 as
r-
. '/""",
intervenções cirúrgicas .

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(" As internações hospitalares e intervenções cirúrgicas

foram feitas sem qualquer Ônus para o P~rque Nacional do Xingu.

1 ,-.,

V - TRABALHOS DE PESQUISA

Diversos trabalhos cient(ficos foram realizados, foca-


lizando o Parque Nacional do Xingu, principalmente a partir de 1965, qua~

do, de forma s i stern átl ca , se iniciou o estudo· das condições de saúde dos

ir< (ndios do Alto Xingu. No trabalho de campo e, a seguir, no processame~


,.. to laboratorial e e s tat.Is tí c o do material obtido, houve a participação de di-

t t"; ferentes setores da Escola Paulista de Medicina e de outras entidades cien


l f"' t(ficas da cidade de São Paulo. Nas fÔlhas 13, 14, 15 e 16 estão relaciona

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dos os trabalhos

em vias de publicação.
apresentados em Congressos e Revistas especializadas ou

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O trabalho médico.

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Le travai! médica!.

The medical work.

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VI - CONSIDERAÇÕES FINAIS
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1;~ O presente trabalho demonstra que é e xe qíífve l a apli-

ti
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cação
de grupos

será
de um plano

poss{vel,
ind(genas.
médico

a partir
integral,

A sua extensão

do momento
preventivo

para outras

em que se estabelecer
e cur atí vo , para

tribos do interior

estreita
a proteção

do pa(s

colabo

t~
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1
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ração entre todos aquêles que se interessam pela preservação do {ndio.

e . Um programa eficaz de medicina preventiva deve, de


·~
f;~ in{cio,

siderando
estabelecer

os diferentes
as prioridades

graus
médicas

de isolamento
para cada

ou integração.
grupo i nd íg e na , c orr-

~n Assim, o pl~

t~ , I
no poderá fixar como medida prioritária em determinada área, a aplicação
~ '
1;.,n de um esquema de imunização básica e, em outra, o tratamento da tuber-

t--r. culose.

:·r Paralelamente, um plano médico-assistencial satisfa

J r» tório não pode prescindir da possibilidade de internações em hospitais d i-


~ ,-:., .,.
versos, para o atendimento das necessidades cl(nicas e cirúrgicas do 1n-

~~ dia.

A participação da Universidade, no planejamento e apg_

cação das medidas destinadas à defesa do índio, constitui uma necessidade

i:r imperiosa, além de proporcionar a aquisição de importante material para


~ (°' estudos e pesquisas.

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Trabalhos cientfficos publicados ou em vias de publicação

1 - "ACUIDADE VISUAL PARA LONGE E FREQU~NCIA DE DISCROMA


TOPSIA EM fNDIOS BRASILEIROS. DESCRIÇÃO DE ALGUNS AS-
,-...
PECTOS OFTALMOLÓGICOS NOS ÍNDIOS EXAMINADOS" (Tese) Ru-
Ir
bens Be Ifo r t Mattos, Professor Adjunto do Departamento de Oftalmo
~ ("'\,
l ogi a _da Escola Paulista de Medicina, 1958.
f r-
'r> 2 - "SER UM~·LIPID IN A BRASILIAN INDIAN POPULATION". Pazzanese
'r, e c-i. Lan~et,· 615-617, 1964.
,...
3 - 11DETERMINAÇÃO DOS GRUPOS SANGufNEOS E DOS ANTÍGENOS A.
B. e Rh - ENTRE ÍNDIOS DO PARQUE NACIONAL DO XINGU''. Mar
celo Pio da Silva e Col., Revista "Hospital", 1966 •
. ,.
'•'t'"""I
4 - "OCORRl!:NCIA DE BLASTOMICOSE QUELOIDEANA ENTRE ÍNDIOS
CAIABI". (I) Roberto G. Baruzzi, Carlos d1Andretta Jr. , Sílvio Car-
valhal, Oswaldo Luiz Ramos e Paulo Lima Pontes. Rev. Inst. Med.
Trop. São Paulo, 9 : 135-142, 1967.

5 - "ESTUDO DA HIPERLIPEMIA PRANDIAL EM INDIVfDUOS NORMAIS,


NEFRÓTICOS, ATEROSCLERÓTICOS E ÍNDIOS''. Duilio Ramos Sus
toví ch, Rev. Bras. Med. 24 n<? 7, 1967.

6 - "DETERMINA TION DE L1ETAT DE SANTÉ D1UN GROUPE D'INDIENS


ISOLÉS ET DESMESURES PROPHYLACTIQUES NECESSAIRES A
LEUR PRESER VATION". Roberto G. Baruzzi. Trabalho a.oresenta
. -
do ao Instituto de Medicina "Prince Leopold" de Antuérpia, Bélgica,
como participante do Curso Internacional de Saúde PÚblica·, 1967.

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7 - "CONTRIBUIÇÃO PARA O ESTUDO DO SANGUE PERIFÉRICO E DA
MEDULA ÓSSEA EM ÍNDIOS DO ALTO XINGU" (Tese) Marcelo Pio eh
Silva. Professor de Hematologia da Escola Paulista de Medicina,
: V'>
1 ' 1967.
j:'~
r:r. 8 - IJCÁRIE DENTAL. DOENÇAS PERI-ODONTAIS E HIGIENE ORAL EM
i' 'r'""\ ÍNDIOS BRASILEIROS11• Tumang e Piedade. Bol. Ofic. Sanit. Pana-
~- .
i
}'.(~ mer. 64: 103-109, 1968.

9 - ''CONTRIBUIÇÃO PARA O ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DA TOXO-


PLASMOSE. LEVANTAMENTO SOROLÓGICO EM ÍNDIOS DO ALTO
XINGU, BRASIL CENTRAL". (Tese) Roberto G. Baruzzi - Profes-
ser-assistente do Departamento de Medicina Preventiva da Escola

''i:,h Paulista de Medicina - 1968. Rev. Inst. Med. Trop. São Paulo, 12:
l· 1

93 - 104, 1970, (em inglês).

i}·-... DE LEUCÓCITOS
10 - "COMPORTAMENTO EM CULTURA" in vitro 11
DO
j';h
SANGUE PERIFÉRICO DE ÍNDIOS DO PARQUE NACIONAL DO XIN-
)r G U". (Tese). Jos; Kerbauy, do Serviço de Hematologia da Escola

1 :f"""<
Paulista de Medicina - 1969 .
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11
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!,:~ 11 - "INQUÉRITO DE !:NTERO-PARASITOSES DOS ÍNDIOS DO PARQUE


i '
f1il- NACIONAL DO XINGU". Carlos d'Andretta Jr., I. Kameyama, H.
l,

'l-
i Penteado Jr. e L. C. Souza Dias. Rev. Soe. Bras. Me d, T'r op, III,
h
1 138, 1969 (resumo).
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'j: 12 - "ESTUDO DA PREVAL!:NCIA DA MALÁRIA EM ÍNDIOS DO PARQUE
l •1 .......,..

' . NACIONAL DO XINGU. DETERMINAÇÃO DOS ÍNDICES PARASITÁ-
Í:'i-
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RIO E ESPL!:NICO''. C. d t.And r et ta Jr., R. G. Baruzzi, M. F. Sar-
··t~ mento, I. Kameyama, L. C. Souza Dias e H. Penteado Jr. Rev.Bras.
Med. Trop. III, 1, 12. 1969 (resumo).

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il:

13 - "ENCONTRO DE MANZONELA OZZARDI EM ÍNDIOS DO ALTO XIN-


GU". Carlos d1Andretta Jr. e Marcelo Pio da Silva. Rev. Bras.Med.
Trop. - III, 1, 11. 1969 (resumo).

11:
14 - 11 DETERMINAÇÃO DA PREVALÍ!:NCIA DE ANTICÓRPOS NEUTRAL].
ZANTES CONTRA O VIR US DO SARAMPO EM ÍNDIOS DO ALTO XIN
GU, BRASIL CENTRAL'1• R. G. Baruzzi, M. C. Rodrigues, R. P. S. -
Carvalho e L. C .. Souza Dias. Rev. Bras. Me d , Trop. III, 1, 14, 1969
(resumo).
1
:i 15 - 1'CONTRIBUIÇÃO PARA o ESTUDO DOS ENTERO-VIRUS EM ÍNDIOS

:Ih ;
! 1...-...
DO ALTO
CORPOS
Faculdade
XINGU (BRASIL
NEUTRALIZANTES".
de Medicina
CENTRAL)
(Tese)
da Universidade
PELA
Maria
PESQUISA
da Conceição
de São Paulo,
EM ANTI-
Rodrigues.
Departamento
..;
1
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1ib
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16 -
de Microbiologia,

11 ESPLENOMEGALIA
1969.

EM ÍNDIOS DO ALTO XINGU. I - PREVAL-1!:N-

1f~ CIA E ALGUMAS INVESTIGAÇÕES SOROLÓGICAS". R. G. Baruzzi,


M. C. Camargo, I. Kameyama, S. Hoshino, C. Rebonato e C. d1 An-

,t~: .
:r rc. dretta
pical,
Jr.
PÔrto
Apresentado
Alegre,
no VI Congresso
fevereiro de 1970 (em
Brasileiro
publicação).
de Medicina Tro

1I~
:f![r....,1 .
17 - "PEDICULIDAE" ENCONTRADOS NO fNDIO E EM MACACOS DO PAR
. ))-i
.11· QUE NACIONAL DO XINGU, MATO GROSSO, COM DESCRIÇÃO DE
i 1 ,-,,
' '
NOVAS ESPÉCIES. J. O. Coutinho, C. d1Andretta Jr. e I. Kameya-
:j~
ma, (em publicação).
:: lr-
'I··[~ 18 - "MALÁRIA SIMIANA NO BRASIL CENTRAL: ENCONTRO DO PLAS-
'li~
:[
MODIUM BRASILIANUM EM GUARIBA DO ESTADO DE MATO GROS
'!' ,,.-... SO". L. M. De ane , C. d'Andretta Jr. e I. Kameyama. Re v, Inst.Med.
,,......,
Trop. São Paulo - 12: 144-148, 1970.
1

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1 k ,
19 - "OCURRENCE OF JORGE LOBO'S BLASTOMYCOSIS AMONG "CAIA
1:
:
1 BI" BRASILIAN INDIANS11 (II). R. G. Baruzzi, R. M. Castro, C. d1 An
! 1~'
1 1
dretta Jr., S. Carvalhal, O. L. Ramos e P. L. Pontes. Apresentado
11,-- no 2nd. World Congress of the International Society of Tropical Der-
11 11.
11 matology. August, 1969, Kyoto, Japan.
1
20 - 11ESTUDO OFTALMOLÓGICO DOS ÍNDIOS DO MÉDIO XINGU'1• Ru-
bens BelfortMattos. Ar q. Eras. Oftalmologia, vol. 31, 2: 33-34
1970.

i
21 - INQUÉRITO PARA TOXOPLASMOSE EM ANIMAIS DO ALTO XINGU

I' BRASIL CENTRAL''.
Penteado Jr.
R. G. Baruzzi,
e E. C. Guimarães.
M. P. De ane , I. Kameyama,
Apresentado em sessão de 4/5/70
H.

1 do De p. Hig. e Med. Trop., Associação Paulista de ·Medicina.

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1·. .
22 - ''PESQUISA DE ANTICORPOS CONTRA OS VIRUS DA INFLUENZA
i: .: EM ÍNDIOS DO ALTO XINGU, BRASIL CENTRAL". Hélio Geli Pe

11' reira e cal.


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O plano de trabalho desenvolvido contou com o apoio da


h Força Aérea Brasileira, em especial da 4a. Zona Aérea,

que tem possibilitado o transporte das equipes médicas e


a remoção dos índios que necessitam de cuidados médi-

c o s especializados.

As vacinas aplicadas têm sido cedidas pela Secretaria da

Saúde do Estado de São Paulo •


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Colaboração na montagem fotográfica:
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0 ESC'OLA PAULISTA DE MEDICINA
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DEPARTAMENTO E INSTITUTO DE
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0 Diretor: Prof. Dr. .MAGID /UNES


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0 Coordenador das atividades da Escola Paulista de .Medicina no


Parque Nacional do Xingu: i
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Prof. Dr. ROBERTO G. BARUZZI
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Co-Participação do:
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r- DEPARTAMENTO DE PARASITOLOGIA

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r,, Prof. Dr. CARLOS D'ANDRETTA r-.
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0 SERVIÇO DE HEMATOLOGIA

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Prof. Dr. .MARCELO PIO DA SILVA 1
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ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA - Departamento de Medicina Preventiva
.,·0 Rua Botucatu, 720 -
São Paulo - Brasil
Caixa Postal, '7144

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