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um goledecultura

Com Sergio Telles

UMA DEFINIÇÃO

Amor é uma luz à noite, atravessando o nevoeiro.


Amor é uma tampinha de cerveja pisada no caminho do banheiro.
Amor é a chave perdida da sua porta quando você está bêbado.
Amor é o que acontece uma vez a cada dez anos
Amor é um gato esmagado.

Amor é o velho jornaleiro na esquina, que desistiu.


Amor é o que você acha que a outra pessoa destruiu.
Amor é o que desapareceu junto com a era dos navios encouraçados.
Amor é o telefone tocando, a mesma voz, ou uma outra voz, mas, nunca, a voz
correta.
Amor é traição.

Amor é o incêndio dos sem-teto num beco.


Amor é aço.
Amor é barata.
Amor é uma caixa de correio.
Amor é a chuva sobre o telhado de um velho hotel em Los Angeles.

Amor é o seu pai num caixão (aquele que te odiava).


Amor é um cavalo com a perna quebrada tentando se levantar enquanto 45.000
pessoas observam.
Amor é o jeito que nós fervemos a lagosta.
Amor é tudo que nós dissemos que não era.
Amor é a pulga que você não consegue encontrar. E o amor é um mosquito.

Amor são 50 lançadores de granada.


Amor é um pinico vazio.
Amor é uma rebelião em Sam Quentin
Amor é um hospício.
Amor é um burro parado numa rua de moscas.

Amor é um banco de bar vazio.


Amor é um filme do Hindenburg se retorcendo. Um momento que ainda grita.
Amor é Dostoiévski na roleta.
Amor é o que se arrasta pelo chão.
Amor é a sua mulher dançando colada com um estranho.
Amor é uma senhora roubando um pedaço de pão.

E o amor é uma palavra usada muitas vezes.


E, muitas vezes, cedo demais.

Charles Bukowski

contatos: sergiorptelles@hotmail.com / (21) 9 .79 9 3- 9 149

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