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34º CPSAP 1
TRABALHO EM GRUPO
Discentes:
Catarina Fache
Chijumana David
Cornélio Jecuza
David Cossa
Lucília Lourino
Mario Rafael
Percina Silva
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ÍNDICE
I - INTRODUÇÃO................................................................................................................................3
II - OBJECTIVOS.......................................................................................................................................4
III - METODOLOGIA................................................................................................................................4
IV - ENQUADRAMENTO TEÓRICO.......................................................................................................4
V - CONCLUSÃO....................................................................................................................................15
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I - INTRODUÇÃO
Assim sendo, nos finais do século XIX, a concorrência entre potências europeias levou a procura
de matéria-prima barata em África para investir mercados e transportar os seus produtos. Esta
situação culminou com a disputa de África, no entanto vastas áreas passaram a ser dominadas
por países europeus como Alemanha, Portugal, França, Inglaterra, Bélgica e Holanda.
O presente trabalho tem como tema “O Estado Moderno Colonial”, faz uma abordagem e
reflexão teórica, através da apresentação de ideias de vários autores, para caracterizar vários
processos de formação do Estado Moderno e conhecer a sua organização política administrativa,
o contexto internacional no momento da implantação do Estado, bem como as consequências
étnicas sociopolíticas, económicas e estruturais.
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II - OBJECTIVOS
III - METODOLOGIA
A metodologia que vai sustentar a elaboração do presente trabalho é de natureza qualitativa que
consiste em trabalhar com dados que não podem ser mensuráveis, tais como valores, crenças,
atitudes, etc. A pesquisa quanto ao tipo é Bibliográfica pois procura, explicar um problema a
partir de referências teóricas já publicadas em documentos, livros e material disponibilizado na
Internet.
IV - ENQUADRAMENTO TEÓRICO
Uma das fases na elaboração de trabalhos científicos é a apresentação do enquadramento Teórico
que contém abordagens de autores que elucidam sobre o tema em pesquisa. Nesta fase, os
autores discutem conceitos de forma sintética e objectiva, sobre as abordagens da origem do
Estado, com o intuito de conduzir a pesquisa em apreço.
Para Zippelius (1983), o Estado é aquela comunidade que como instância suprema, dispõe de
instrumentos de direcção normativa que tem portanto, a supremacia da competência-monopólio.
Acrescenta ainda que o poder do Estado reside no monopólio da força e aceitação, este
monopólio reside no facto de o Estado ser uma estrutura organizada de poder e acção que
desempenha a função de garantir a conveniência entre os homens.
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Durkeim (s/d), define o Estado como uma sociedade política onde encontramos por um lado os
governantes e por outros governos e instituições de poder regidos por normas de conduta.
Balandier (1980), define poder como capacidade que um individuo tem de agir sobre as coisas,
fazer com que as pessoas obedeçam através de uma gama de instrumentos que vai desde a
persuasão até a coação.
O Estado Colonial Português foi montado para servir os diversos interesses do capital
internacional. Toda a legislação publicada entre o fim do século XIX e 1930, destinou-se a
amordaçar os moçambicanos no estreito e desumano perímetro da sua condição de “ indígenas”
(política do indígena) e de trabalhadores forçados. O Estado Colonial usou mais os aparelhos
repressivos e menos os aparelhos ideológicos.
Esta conferência decidiu vários pontos dos quais menciona-se a partilha de África e a ocupação
efectiva dando lugar à dominação colonial desde continente.
A primeira etapa consistiu na ocupação militar; e a segunda foi a instalação dos aparelhos do
Estado Colonial. Em 1894 enquanto prosseguia a ocupação efectiva a potência colonizadora
encetou a publição de um corpo de leis que conduzisse não apenas à construção de
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infraestruturas, mas também, ao enraizamento da filosofia governativa e dos princípios
administrativos para servir as mais elementares necessidades do capital internacional, na
exploração dos recursos humanos e naturais quer em Moçambique como nos países vizinhos
(África do sul e Rodésia do Sul), UEM (2000).
Em 1869 foi celebrado um tratado com a África do Sul e a decisão de construir uma estrada até a
alta savana, numa época em que um dos objetivos primordiais da política portuguesa era
desenvolver Lourenço Marques como principal porto ao serviço da África Meridional.
Na segunda metade do século XIX, apesar da industrialização dos têxteis (tecidos) em Portugal e
da maior parte das exportações serem absorvidas pelas colónias, criaram de certo modo algum
êxito na economia. Na década de 1880, as indústrias têxteis foram catastroficamente afetadas
pela depressão europeia.
Em 1890, houve uma crise que obrigou o governo português a encetar manobras financeiras que
implicaram na desvalorização da unidade monetária e um reajustamento unilateral da dívida
externa. A crise financeira deu-se numa altura em que Portugal assumiu novas responsabilidades
coloniais, havendo necessidade de criar formas de administração que afastasse os predadores
Ingleses e Alemães. Devido a esta crise Portugal foi forçada a levar as colonias a pagarem por si
e a encontrarem formas de contribuírem para os problemas extremos da economia metropolitana.
Estes aspectos acima mencionados levaram Portugal a adoptar as políticas de 1890, introduzindo
a tarifa, que tinha como objectivos: proteger as exportações para as colónias; ajudar os
fabricantes de têxteis e também os expedidores de vinho; auxiliar a expedição portuguesa através
de vantagens aduaneiras, tanto para os importadores portugueses como os estrangeiros que
usassem os navios portugueses; canalizar um maior comércio colonial através de Lisboa, que
consistia nas re-exportações que podia trazer intercâmbio estrangeiro, salvando assim Portugal
da bancarrota.
Além das tarifas, o mais importante para Moçambique ao longo da década de 1890 os
administradores coloniais deram prioridade a procura de meios menos dispendiosos e mais
directos; desbravamento do interior aumentando assim as zonas de produção rural para o
mercado, com objectivo de atrair mais investimentos para além de estimular o comércio.
Em 1890, o regime colonial português fez promulgar por António Enes, uma lei, com objectivo
de reestruturar os prazos para conseguir a pacificação e a administração da Zambézia e fornecer
capital e mão-de-obra que levassem ao desenvolvimento económico, dando origem as
companhias.
Nos finais do século XVIII, a Zambézia foi dividida em três capitais, nomeadamente Sena, Tete,
e Quelimane, todas responsáveis pelo Tenente Geral dos Rios. A capital dos Rios, passara de
Sena para Tete em 1762, e em 1817 a capital de Sena fora abolida, sendo o governo dos Rios
dividido em dois, ficando um em Quelimane e outro em Tete, incluindo Sena, (Newitt,
1997:337).
Na década de 1870, inserido nos planos de Andrade Corvo para melhorar o comércio e as
comunicações, houve a necessidade de formação de distrito autónomo e com o andar do tempo
foram criados mais dois distritos administrativos para fazer face as reivindicações portuguesas de
territórios de Manica e Sofala em 1874, Zumbo em 1889.
Em 1891/2, o António Enes, responsável pela nova lei dos prazos de 1890, foi enviado para
Moçambique a fim de recomendar as mudanças administrativas.
Em face dos tratados com a Grã-Bretanha, a jurisdição dos vários presídios teve de ser
reorganizada, Moçambique passou a ter duas províncias separadas pelo Zambeze, chamadas
Moçambique e Lourenço Marques.
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Na província de Moçambique, os distritos eram, Cabo Delgado que coincidia com a concessão
da companhia do Niassa, Moçambique passou a abranger o distrito de Angoche em 1893 e
Zambeze incluindo os dois antigos distritos de Tete e Zumbo.
À medida que havia cada vez mais territórios "pacificados", reconheceu-se a necessidade de uma
estrutura administrativa mais formal; dai que em Dezembro de 1895 Enes, dividira o território do
distrito de Lourenço Marques em cinco circunscrições, cada uma com seu administrador e assim,
se criou o esquema para o desenvolvimento administrativo de todo o país, que viria a ser
abrangido pala Lei da Reforma Colonial de 1907.
Outra mudança significativa foi a designação de Lourenço Marques como capital em 1902. Dado
ao desenvolvimento das ligações económico com a África do sul, a Ilha de Moçambique perdera
a sua relevância económica e geograficamente encontrava-se demasiado afastado de todas as
regiões meridionais mais importantes.
No ano de 1899 António Enes, criou a legislação laboral de várias reformas no estatuto do
indígena, nomeadamente: classes indígenas e não-indígenas.
Os não-indígenas gozavam dos direitos da cidadania dos portugueses e viviam ao abrigo da lei
metropolitana. Enquanto os indígenas eram administrados pelo direito africano e pelas leis
específicas de cada colónia (Newitt, 1997).
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Em 1858, aboliu-se s escravatura, sendo substituído pelo estatuto de liberto e consequentemente
pelo operário contratado.
A Zona Sul do País foi administrada pelos portugueses e serviu como reserva de mão-de-obra
para as plantações de cana-de-açúcar e exploração mineira na vizinha África do Sul. Em 1902,
Lourenço Marques foi designada de capital e dividida em circunscrições que eram zonas rurais e
estavam dívidas em postos administrativos sob a gestão de um Chefe do Posto.
A cidade de Lourenço Marques ligou-se a Africa de Sul, fazendo a rede ferroviária e comercial
que integrava no circuito do consumo sul-Africano.
As grandes companhias foram autorizadas a explorar as terras a seu domínio e a conceder terras
a pequenas companhias (concessionárias), praticar o monopólio do comércio, fazer concessões
mineiras e de pesca costeira, colectar taxas e impostos de palhota e de capitação e exploração de
mão-de-obra para os países vizinhos explorar e construir vias de comunicação, estradas, pontes,
caminhos-de-ferro e emitir moedas e selos.
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4.1.3 Resistência Anti-colonial
O processo de implantação do estado colonial português sofreu forte resistência de populações
nativas de Moçambique, os considerados indígenas pelos colonizadores. Na zona Sul a
resistência manifestou-se da seguinte forma: a recusa ao pagamento de impostos. Por exemplo o
imposto de palhota e os ataques dos guerreiros locais aos postos militar portugueses.
Na zona Norte, o destaque vai para os chefes de grupos militares que travaram batalhas violentas
e sucessivas, tendo se notabilizado o Mocutu-Munu e Ibrahimi, Farlahi de Angoche,Mataca de
Niassa e Mussa-quanto em Nampula. Importa realçar que Farlahi foi preso em 1910 e deportado
para a Guiné, onde veio a morrer em 1912 (Nhampulo, Bila 2013).
O regime fascista permitiu que uma burguesia fraca, aliança com a classe de proprietário de
terras, se consolidasse através de um rápido processo de concentração e centralização de capital e
consequente rápido do desenvolvimento da indústria (têxtil) (Wuyts, 1980).
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O Estado português tomou medidas para abolir os poderes político-administrativos que estas
companhias possuíam nos respetivos territórios, fazendo com que elas passassem a contar apenas
com a sua base produtiva. Assim, neste campo a actividade do Capital estrangeiro ficou
restringida a economia de plantações, que continuou como dominante na região central.
O governo fascista de Salazar centralizou todo o poder sobre as colonias nas mãos do Estado
Português e não permitiu qualquer forma de governo autónomo.
A burguesia portuguesa consolidou as suas posições e tentou colocar as colonias ao serviço das
suas próprias necessidades de acumulação. A burguesia portuguesa e dos colonos só podiam
assegurar a sua posição através da expansão, racionalização e institucionalização do sistema de
trabalho forçado intensificado através do cultivo obrigatório de culturas (algodão), de
rendimentos, num sistema que se tornou a base do capitalismo Colonial.
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4.5 CONSEQUÊNCIAS ÉTNICAS, SOCIO-POLITICAS, ECONÓMICAS E ESTRUTURAIS
De um modo geral, na etnia, houve a negação do homem africano, onde a raça e a segregação
passaram a estar latente na prática colonial, nas leis para os indígenas (assimilação). Não
obstante, o colonizador impediu o desenvolvimento de muitas manifestações culturais e o
desabrochar de outras.
V - CONCLUSÃO
Após a elaboração do trabalho, conclui-se que o estado moderno colonial foi implantado em
Moçambique para fazer face aos diversos interesses do capital internacional, após as decisões
emanadas da conferência do Berlim em 1885. Este processo iniciou com a ocupação militar e de
seguida instalou-se os aparelhos do estado colonial usando os mecanismos repressivos e com
reduzida intervenção ideológica.
Outrossim, o modelo actual do estado Moçambicano apresenta similaridades com o modelo do
estado moderno colonial nas seguintes vertentes:
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A Divisão administrativa emanada da conferência de Berlim equipara a actual divisão
territorial de Moçambique;
A construção de vias de acesso, nomeadamente: ferro portuário, rodoviárias para o
escoamento de matérias-primas do interior para a costa equiparada a actual situação dos
corredores de desenvolvimento do país;
O pagamento do imposto equiparado ao pagamento do Imposto sobre Rendimento de
Pessoas Singulares; e o imposto de palhota equiparada ao Imposto predial; Estes
impostos serviam para a manutenção do estado;
O modelo de serviço militar obrigatório do estado colonial equipara-se ao actual;
As fontes de financiamento do orçamento do estado moderno colonial dependiam do
financiamento externo equiparado à situação actual do Orçamento Geral do Estado
moçambicano que depende de financiamentos externos;
A Agricultura era a fonte principal de captação de rendimento do estado colonial
equiparada a agricultura que é a base do desenvolvimento económico actual;
Os departamentos administrativos criados para tratarem assuntos da educação; obras
públicas; pesca; turismo; agriculturas equiparam-se aos actuais Ministérios;
A designação de Lourenço Marques como capital.
Estes são os aspectos principais identificados como herança no processo da elaboração da
implantação do estado moderno colonial.
BIBLIOGRAFIA
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NEWITT, Marlyn. (1997). Moçambique e o Estado Novo. In: História de Moçambique. Lisboa.
Publicações Europa-América.
ZIPPELIUS, Reinhold. (1994). Teoria Geral do Estado, 12ªEd, Fundação Calouste Gulbenkian.
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