A improvisação ocupa um espaço central em minha vivência musical,
sendo ela a prática que mais me trouxe motivação e prazer na minha relação com a música. Estou ansioso pelo conteúdo do semestre apesar da situação de distanciamento da prática coletiva com a qual sempre estive acostumado. Mesmo assim, tem sido um momento para lapidar minhas habilidades musicais e desenvolver novos recursos não só para a improvisação, mas para a música como um todo.
A improvisação sempre foi um experiência de grupo para mim, pois
sempre foi uma forma de conexão e entrosamento com outros músicos. Minhas primeiras experiências com meu instrumento sempre tiveram a prática improvisada como um dos pontos de partida. Com o tempo, fui buscando me aprofundar mais nessa área e cada vez mais tenho pensado na improvisação como composição, buscando dar um sentido discursivo e dinâmico para a criatividade. Ultimamente tenho buscado conhecer os diversos idiomas musicais e respeitar seus respectivos vocabulários rítmicos, melódicos e harmônicos, buscando ter mais discernimento entre as semelhanças e diferenças entre os gêneros musicais que pratico e controle sobre quando usar ou não determinado recurso musical.
Atualmente, principalmente nesse período de quarentena e isolamento
social, tenho buscado aumentar meu repertório e me voltado muito mais para a composição, para os arranjos e para uma prática musical “planejada” do que improvisada (embora a improvisação sempre esteja presente de uma forma ou de outra). Ao meu ver, é o repertório um dos fundamentos que constitui um “músico completo”, sendo essencial tanto para o desenvolvimento individual quanto coletivo. O repertório é o cânone que define um determinado gênero musical, seu vocabulário e seus conceitos, além de funcionar como um ponto de partida para a prática musical de grupo e para a própria improvisação.\
Durante nosso semestre emergencial, tenho muito interesse e trabalhar
com o estudo do vocabulário fraseológico do jazz, do choro e da música brasileira improvisada como um todo, abordando as várias vertentes de cada gênero, suas semelhanças e diferenças. A improvisação livre também é uma experiência valiosa para soltar a criatividade e desenvolver ideias novas de expressividade e individuação musical, voltando para o idiomatismo com outros pontos de vista e com mais liberdade. Com certeza a disciplina será uma grande motivação!