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Atualizações

Científicas do
Power House
[Livro Atualizado 2020]

Power
House

Janaína Cintas
Power
House

Antes de iniciar a leitura deste e-book,


preciso que preste atenção no recado abaixo:

1º Semana de Atualizações Científicas


do Power House

22 e 23 de junho | 20h

Irei ministrar 2 aulas AO VIVO exclusivamente


para aprofundar e demonstrar na prática os novos
conceitos acerca da Estabilização Segmentar e do
Power House de forma GRATUITA.

Para participar, clique no botão abaixo e se inscreva:


Janaina Cintas
Eu sou Janaína Cintas, criadora dos Cursos Biomecânica do Pilates,
Avaliação Postural, Cadeias Musculares, ABC da Fáscia e Método
Abdominal Hipopressivo.

Sou Fisioterapeuta graduada há 26 anos pela Universidade da Cidade


de São Paulo e há mais de 20 anos estudo temas como Biomecânica,
Avaliação Postural, Cadeias Musculares e Pilates. Tenho formação em
Cadeias Fisiológicas do Método Busquet, Reeducação Postural Global
(RPG) de Philippe Souchard, Método Pilates e Pilates Aéreo na Escola
Internacional de Madrid, na Espanha.

Criei este material para que você entenda os coneitos da Estabilização


Segmentar e do Power House, tão enraizado no Método Pilates - qual
é o "link perdido" entre eles e o que dizem os estudos científicos mais
recentes sobre a ativação e a geração de troncos rígidos.

Gostaria de te parabenizar por ter chego até aqui e


te desejo uma excelente leitura!
Atualizações Científicas
sobre a Estabilização Segmentar
e o Power House
A Estabilização Segmentar e o Power House sempre foram muito intrigantes para
mim e, portanto, durante muito tempo, foi algo que aprofundei bastante meus
estudos para melhor compreendê-los.

O início dos estudos a despeito da estabilidade da coluna vertebral surgiu em 1989,


Anders Bergmark (professor de mecânica na Universidade de Lund na Suécia),
estudou de forma a tentar conceituar a estabilidade no sistema musculoesquelético.

Apesar de Bergmark ser engenheiro mecânico – e aqui faço um adendo: até pouco
tempo os estudos sobre mecânica acabavam por ser propostos por engenheiros,
fato este que se repetiu, com a Estabilização Segmentar – o estudo sobre o conceito
da estabilidade, pesquisado primeiramente por Bergmark, foi baseado em um
modelo elasto (muscular) estático (rigidez articular) da coluna, onde dentro do
sistema mecânico, o elasto seria os músculos do tronco que através de sua rigidez
estabilizariam a Coluna Vertebral (estático).

Porém, nossa coluna não é estática, tão pouco os músculos rígidos, o que, ao meu
ponto de vista, é o grande problema dos estudos realizados por engenheiros, quando
tentam, comparar a engenharia mecânica com a biomecânica complexa do sistema
corporal, que possui capacidades de comandos e controles que vão muito além de
uma máquina, por mais complexa que esta seja.

Contudo, foi um começo.

Vou deixar aqui o nome do artigo em questão, que vale a leitura, se esse assunto
ainda te suscitar muitas dúvidas.

Artigo: “Stability of the lumbar spine – Anders Bergmark”

Mesmo sabendo que nossa coluna não tem essa característica estática, ter a
capacidade de se mover em três planos de movimento, possuir suas forças internas
(viscerais), componentes passivos celulares (fasciais), além de nossas complexas
emoções.

Em 1992, 3 anos depois, Panjabi (também engenheiro) aprimorou o modelo de

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Bergmark, e o complementou, adicionando a esse modelo 3 subsistemas:

1. Coluna Vertebral;
2. Músculos da Coluna Vertebral;
3. Uma Unidade de Controle Neural.

Panjabi, em seu estudo, entendeu que precisávamos de uma coluna flexível, com
músculos fortes que seguem os mandatos de um complexo sistema de controle
neuromuscular.

Ainda pouco elucubrado em seu estudo, Panjabi propôs que, quanto maior fosse
a oscilação do corpo, maior seria a probabilidade do aparecimento da dor lombar,
indicando um sistema de controle neuromuscular menos eficiente, e, portanto, mais
lento, com menor capacidade de proporcionar a estabilidade espinhal necessária.

Esses 3 subsistemas para Panjabi deveriam atuar em sinergia. A ativação muscular é


especialmente importante para controlar a mecânica articular e impedir uma lesão.

Notem que Panjabi se refere a ativação muscular – não força – portanto esses
indivíduos teriam dificuldades para recrutar os músculos estabilizadores da coluna, que
muitas vezes vem combinada com a fraqueza da musculatura profunda.

É claro que o subsistema neural não deixa o corpo parar de se mover por conta disso.
Assim, ocorre um processo de substituição compensatória, substituição dos músculos
por gordura.

Além disso, o movimento passa a ser realizado por musculaturas que não tinham essa
função a princípio, a musculatura superficial.

Porém, no corpo humano a conta não é tão matemática. Contudo, foi o início de uma
longa busca cientifica e louvável para achar-se a solução para o dor lombar crônica
inespecífica.

Paul Hodges, baseado nos estudos de Panjabi, propõe que a estratégia mais eficiente
para a estabilização da coluna vertebral é frequentemente o movimento, em oposição
à rigidez.

A perturbação (perturbação diante de qualquer força aplicada num corpo) é menor


quando a preparação para o movimento envolve um ajuste da posição da coluna
vertebral.

Assim a estabilidade (capacidade do corpo voltar a posição inicial após a perturbação


sofrida) não é somente o impedimento do movimento que, na maioria das vezes,
envolve pequenos movimentos sutis feitos no momento certo e na quantidade de força
certa, sendo esse fato não observado em pessoas com dor crônica lombar, pois elas
possuíam um atraso nessa ativação.
Em resumo, o conceito da estabilização segmentar baseia-se no fato
do músculo Transverso do Abdômen funcionar como um estabilizador
preparatório (por contrair-se 5 milissegundos antes de qualquer
movimento do corpo) para estabilizar a coluna, que é gerido pelo aumento da
Pressão Intra-Abdominal.

Este, por, sua vez, gerará uma ativação dos fusos musculares do músculo transverso
do abdômen, ativando uma alavanca flexora no tronco, pré-compensada por uma
alavanca extensora, e consequentemente, promovendo o aumento da estabilidade
dos segmentos vertebrais através da tensão horizontal, gerando uma faixa de tensão
na região, o que estabilizaria a mesma, por compressão.

Os indivíduos com dor lombar crônica inespecífica teriam seus movimentos


comprometidos, gerados por atraso da ativação do transverso através de alterações
no córtex, prejudicando o que Hodges deu o nome de optimal stability.

Em meados dos nos 90, surge o Conceito da Estabilização Segmentar,


sendo este conceito completamente diferente do Power House ou Casa
de Forca proposto para o Método Pilates.

Estes conceitos foram completamente confundidos, e trazidos como um dos


conceitos do Método Pilates, que foi implementado pelas escolas modernas de
Pilates. Por isso, é muito importante que desfaçamos esta confusão.

A musculatura da estabilização segmentar atua no controle da pressão na cavidade


abdominal, aumentando a rigidez para a estabilidade das vértebras, além do
tensionamento da fáscia toraco-lombar e aponeurose dos retos do abdômen.

O TrA também atua na vocalização, respiração, defecação, vômitos, etc. (Misuri et al.,
1997).

Logo, surge assim a instabilidade lombo pélvica como a “grande vilã”


causadora da dor lombar.

Instabilidade Lombo Pélvica


Nem todos os indivíduos possuem a habilidade de ativar musculaturas profundas da
coluna para sua estabilização.

Isso acontece especialmente no segmento lombar da articulação, gerando


instabilidade, lesão e dor.

Precisamos ficar atentos a um detalhe da estabilidade lombar: ela é realizada por


musculaturas profundas da coluna.

Portanto, dificilmente conseguimos falar para um aluno “ative os multífideos” e obter


resultado vindo desse comando.

Em primeiro lugar, imagino que seu aluno sequer sabe que musculatura é essa, onde
está localizada e sua função. Em segundo lugar, o corpo não trabalha com a ativação
muscular isolada.

Há cerca de 15 anos, Jospt, um periódico ortopédico, já descrevia a ativação do


transverso do abdômen como sendo assimétrica – e, se analisarmos bem sua anatomia,
veremos que o Transverso do Abdômen acaba por ser um músculo profundo, que
possui duas aponeuroses o entrecortando (aponeurose dos retos do abdômen, e a
fáscia toraco-lombar), sendo, portanto, uma região de transmissão de força importante
para o tronco, para a coordenação dos membros inferiores e superiores, que por esse
motivo, não deve ser estabilizada, visto que sua função é justamente transmitir as
forças que chegam na faixa abdominal e na região lombar, e não as paralisar.

Como, por muito tempo, acreditamos que o transverso poderia ser ativado
isoladamente e de forma simétrica, eis aqui um paradigma que devemos descontruir.

Treinemos movimentos e não músculos isolados – isso não é possível, impossível fazer
um exercício isolado para o obliquo externo, tão logo para o transverso.

A faixa abdominal é constituída pelos músculos: transverso do abdômen, obliquo


interno, obliquo externo e retos do abdômen, que são ativados de forma conjunta
para realizar movimentos no tronco, cada qual tendo seu tempo de maior ou menor
ativação, ou seja, de forma, assimétrica.
Power
House

Gostaria de aprofundar um pouco mais este assunto


tão fascinante, e entendê-lo melhor na prática?
Então preste atenção neste convite:

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Os músculos retos abdominais são dois e localizam-se na frente do tronco, compõem
a camada muscular superficial dos músculos abdominais.

Suas fibras são predominantemente do tipo I, porém, entrecortadas por áreas não
contráteis fasciais. O músculo reto abdominal está recoberto por uma bainha, a
bainha do reto do abdômen. Essa bainha mantém o músculo em sua posição e é
formada pelas fáscias dos músculos oblíquo externo, oblíquo interno e transverso do
abdômen.

O músculo reto abdominal é longo e aplanado, recobre toda a face anterior do


abdômen. Ele é intercedido por faixas fibrotendinosas chamadas interseções
tendíneas.

Os números dessas interseções variam de pessoa para pessoa, tendo sua origem da

5a à 7a cartilagens costais, processo xifoide e ligamento costoxifoide, e sua inserção


no púbis, ligamento inguinal e sínfise púbica.

Sua inervação é dada pelos sete últimos nervos intercostais e possuem a função de
flexionar o tronco, comprimir o abdômen e auxiliar na expiração forçada.

Os retos abdominais são os responsáveis pelo enrolamento da unidade tronco,


elevando o púbis em direção ao umbigo e abaixando o esterno em direção ao
umbigo, também, o que nos parece ser uma zona de convergências de forças
importantes.

Com esse enrolamento, indiretamente mobilizaremos a coluna vertebral de forma


cifótica em sua região torácica baixa e retificadora na região lombar.

O excesso de tensão nos retos abdominais que participam da cadeia de flexão


do tronco, pode por falta de flexibilidade, ser importante músculo inibitório do
movimento de extensão do tronco. Ao contrair-se, o reto abdominal empurra
as vísceras abdominais para dentro, aumentando a pressão intracavitária quando
competente.

São chamados de músculos largos aqueles que se encontram nas laterais do tronco e
em sua forma estão em oposição ao longilíneo reto abdominal.

São três músculos largos que estão dispostos em camadas e são eles:

1. Transverso abdominal;
2. Oblíquo interno;
3. Oblíquo externo.

Todos os músculos largos são envolvidos por duas fáscias, ao todo seis fáscias, duas
para cada músculo. Elas saem unidas e em seguida são redistribuídas para envolver o
reto abdominal, unindo-se novamente na linha alba. Essa distribuição é bem complexa.

Nos dois terços superiores do abdômen, as aponeuroses que passam à frente do reto
são: as duas fáscias do oblíquo externo e a fáscia superficial do oblíquo interno.

E as fáscias que passam posteriormente ao reto do abdômen são: as duas do


transverso e a profunda do oblíquo interno.

Já no terço inferior do abdômen todas as fáscias dos músculos largos estão situadas à
frente do reto do abdômen.

Essa disposição fascial não se dá por acaso. Na parte infra umbilical (terço inferior
do abdome) temos a influência da convergência de forças da contração do músculo
diafragmático, que é para baixo e para a frente.

A contração do diafragma traciona os órgãos da pelve menor à frente, e as fáscias


fornecem maior proteção aos órgãos e vísceras do peritônio a essa variação constante
da pressão realizada pela respiração.

Logo, fica fácil entendermos esse reforço fascial à frente dos retos abdominais e
acreditarmos que a lordose lombar pode ser um meio de proteção dos órgãos da
pelve menor e as constantes diferenças de pressão respiratória.

Já nos dois terços superiores ou região supra umbilical não temos esse reforço fascial
tão potente, o que torna a linha alba mais frouxa, facilitando o aparecimento de
diástases. Essa frouxidão é importante para o conforto das vísceras, como vimos na
região supra umbilical, e bem reforçada na região infra umbilical, a fim de proteger os
órgãos da pelve menor das diferenças de pressões abdominais, empurrando as vísceras
para baixo.

Então as vísceras, que são prioridades, encontram nessa folga supra umbilical o
conforto de acordo com suas necessidades ante as variações pressóricas.

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Portanto, as diástases não são fraquezas dos músculos da parede abdominal, mas sim
uma adaptação corporal importante ante as variações pressóricas (Torsten Lien 2017).

Controle Motor
Em nosso dia a dia, realizamos diversos movimentos com tanta facilidade que não
nos damos conta de que para executá-los necessita uma integração entre mente e
corpo, como também considerarmos que o movimento é fundamental para a vida.

Nesse capítulo, vamos falar a importância de conhecer melhor o controle motor


e a necessidade de profissionais do movimento o estudarem para, então, traçar
a conduta mais adequada para seu cliente – afinal, sabemos que a intervenção
terapêutica é direcionada a modificar ou aumentar a capacidade do indivíduo se
mover, devolvendo a função, temos que pensar na Classificação Internacional de
Função, a CIF.

Antes de falarmos de controle motor, devemos compreender a natureza de como


o movimento é realizado, e estarmos cientes que o movimento voluntário é
influenciado pela posição do membro antes do início do movimento, devido ao efeito
da combinação de músculos envolvidos na determinada ação e a qual eles serão
ativados, como citado no artigo de Kuniyoshi Shimura Uma ET AL em 2002.

Para o movimento ser executado precisa da interação de três fatores, são eles:
Indivíduo, Tarefa e Meio Ambiente.

Vamos falar como eles influenciam e, de hoje em diante, pensarmos dessa forma para
melhor reabilitação de nossos clientes.

Pressão Intra-Abdominal
Aqui devo lembrar que o aumento da pressão intra-abdominal se faz importante para
a estabilização da coluna vertebral (Teoria descrita por Paul Hodges).

Porém, se esse aumento for mantido, o indivíduo perdera a eficácia da contração dos
músculos extensores profundos do tronco.

Gerando uma estratégia de compensação para manter a estabilidade, que neste caso
específico será realizado pelos músculos superficiais.

O pesquisador egípcio Shafik, em suas pesquisas, observou que a pressão intra-


abdominal também possui estreita relação com a pressão do fechamento do esfíncter
gastresofágico (Reflexo de Esforço Gastresofágico).
Nessa mesma pesquisa, ele observou que o aumento da pressão intra-abdominal
transitória aumenta a eficácia e competência deste reflexo.

Porém, se esse aumento da pressão intra-abdominal for crônico, o diafragma crural


entende esse estímulo excessivo. Ele o interpretara de forma paradoxal, ou seja, o
diafragma se relaxará em consequência do esforço.

Isso nos traduz que um aumento da pressão intra-abdominal transitório não é maléfico.
Ela pode ser aumentada em até 30 mmhg durante alguns segundos de esforço sem
nenhum dano ao indivíduo, com exceção aos hipertensos.

Porém, se esse aumento da pressão intra-abdominal se tornar crônico, o diafragma


crural perde sua função, passando a se relaxar.

O diafragma crural tem ritmo respiratório. Ou seja, age em sincronia respiratória,


porém não é um músculo respiratório, mas possui uma atividade eletromiográfica de
repouso.

Ou seja, o músculo diafragma crural tem uma atividade tônica de base, contribuindo na
barreira gastresofágica, tendo sua maior atividade elétrica na fase inspiratória.

Durante uma atividade física ocorre o aumento da atividade elétrica do diafragma


crural somada ao aumento da pressão manométrica da barreira gastresofágica em
sincronia.

Portanto, a função do diafragma crural é realizar o fechamento da barreira


gastresofágica. Seu objetivo é evitar o refluxo durante a atividade física.

Contudo, o esforço prolongado leva a ineficácia do Reflexo de Esforço Gastresofágico.

Também ocorre o declínio da ativação do diafragma crural, pois o diafragma crural é


um músculo esquelético de fibras estriadas. Portanto, ele se fadiga perante ao esforço
mantido por longo período.

O diafragma crural tem função de aproximadamente 44% de atuação na barreira


gastro-esofágica. Esse dado é de extrema importância, pois existem publicações
comprovando que indivíduos que fazem Ioga, Pilates, ou exercícios respiratórios
melhoram a funcionalidade do músculo diafragma.

Também sendo observado uma melhora da barreira gastro-esofágica em


aproximadamente 45%, desde que os exercícios respiratórios não exijam a contração
da estabilização segmentar.

Já sabemos que a exigência constante da estabilização segmentar aumentará a pressão


intra-abdominal.
A variação da pressão intra-abdominal é um mecanismo ao qual o nosso corpo
recorre de forma automática, para assegurar diversas funções: respiração, postura,
estabilidade do tronco e da cintura pélvica, mobilidade visceral, retorno venoso,
barreira antirrefluxo, mas também se faz importante durante: tosse, riso, choro, fala,
canto, micção, defecação, parto, vômito dentre outras.

Tudo isto se faz por intermédio do aumento da pressão abdominal, que na hora certa
produz a força necessária para que estas funções ocorram.

Quem trabalha com postura e exercício físico, mas também com fonação (fala,
canto e respiração) não pode desconhecer os mecanismos que regem as variações
da pressão intra-abdominal, porque é destes mecanismos que vai se servir nas suas
atividades e, se não os conhecer, pode acabar usando-os de forma equivocada,
podendo prejudicar a saúde do aluno/paciente ou tornar menos eficaz seu trabalho.

O abdômen é uma cavidade cheia e sua pressão interna depende da proporção entre
o “recipiente” e o seu conteúdo.

O “recipiente” são as paredes que formam a cavidade abdominal: anteriormente,


posteriormente, superiormente e inferiormente.

O conteúdo é representado pelas vísceras abdominais, seus vasos sanguíneos,


linfáticos, os ductos, os nervos e as estruturas neurológicas (gânglios) que servem as
vísceras.

Sendo o abdômen uma cavidade fechada e não podendo as vísceras saírem dele,
qualquer variação no volume do “recipiente”, sem variação do conteúdo, faz a
pressão interna mudar.

Da mesma forma, no corpo humano, se os músculos abdominais que constituem


as paredes laterais da cavidade abdominal se contraem, reduzindo o espaço ao
redor dela, caso as outras paredes não se acomodarem, cedendo (por exemplo, se
o diafragma não subir, aumentando o volume da cavidade em direção cefálica), a
pressão interna vai aumentar.

O diafragma mecanicamente desce durante a inspiração e sobe durante a expiração.

Na fase expiratória o ar sai dos pulmões, que reduzem seu volume, mas se
fechamos a glotes e não deixarmos o ar sair, os pulmões não podem ser esvaziados
e o diafragma não vai ter espaço para subir; se, conjuntamente, efetuamos uma
contração abdominal, reduzimos o espaço interno produzindo um aumento da
pressão.
Novas teorias do Controle Motor
Iniciaremos falando do indivíduo. Quando pensamos nele, vamos raciocinar que o
movimento será realizado por estruturas e processos cerebrais, necessitando também
da interação de processos múltiplos que são:

• Percepção
• Cognição
• Ação

Para entender o controle da ação para realizarmos o movimento, precisamos


compreender a eferência motora que ocorre no sistema nervoso para os sistemas
efetores do corpo, pois o corpo se caracteriza por muitas estruturas articulares e
músculos, que são estimulados dentro de um processo neural (que falaremos daqui a
pouco) para executar os movimentos e fazermos nossas atividades, sejam elas diárias
ou profissionais.

Outro ponto importante que pode interferir no indivíduo é a percepção, pois o sistema
sensorial –perceptual fornece informações sobre o estado do corpo, como, por
exemplo, sabermos a posição do nosso corpo no espaço.

Nenhum movimento é realizado sem que haja a intenção de querer fazê-lo. Nesse
ponto, a cognição é extremamente importante e essencial para o controle motor.

Inclui-se atenção, motivação e aspectos emocionais do controle motor que


fundamentam a intenção ou objetivo da ação a ser realizada.

Um bom exemplo: poderíamos citar alguém que está há anos com dor e o outro seria
um atleta que pretende ganhar as Olimpíadas. Ambos têm um objetivo comum, que
seria realizar um movimento para executar e alcançar um objetivo.

Nas nossas atividades diárias, realizamos uma variedade de tarefas que todas requerem
o movimento, não é verdade?

Quando se pensa em controle motor, podemos dividir essas tarefas em categorias


funcionais.

Como citado no livro de Anne Cook, Controle Motor, geralmente dividem as tarefas
de mobilidade (mudanças de posição de cama), transferência (transferir-se da cadeira
para a cama) e da vida diária (vestir-se). Dessa forma, fica mais fácil e didático para
compreendermos e até traçar condutas.

Essas tarefas são realizadas numa grande variedade de ambientes, e eles também
influenciam. Interessante, não acham?

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A fim de ser funcional, o movimento o sistema nervoso central leva em consideração
o meio para definir a melhor forma de realizar o movimento

Problemas gerados pelo aumento


crônico da Pressão Intra Abdominal
O aumento crónico da pressão abdominal reduz a perfusão celular, provoca estresse
oxidativo, aumenta os fatores inflamatórios, favorece a transmigração bacteriana com
aumento de concentração sanguínea de endotoxinas.

Estudos feitos em animais mostram que existe uma correlação positiva entre o valor
pressórico e tais efeitos. Todavia, o fator temporal resultou determinante, não sendo
necessário um aumento importante do valor basal da pressão intra-abdominal, mas
sendo sua duração a variável que mais impacta negativamente a homeostasia.

O’Sullivan e Beales demonstraram em duas diferentes pesquisas que pessoas com


dor crônica na articulação sacroilíaca, quando realizam um levantamento ativo da
perna em decúbito dorsal, manifestam um aumento do valor basal da pressão
abdominal acima do normal, mas apenas quando levantam a perna do lado da dor.

Este aumento está associado a uma modificação da mecânica respiratória,


com aumento da frequência e diminuição do volume ventilatório, translocação
diafragmática em direção cefálica, descida dos órgãos pélvicos abaixo da línea pubis-
coccix e modificação da modalidade de contração dos músculos escalenos que, de
fásica, passa a ser tônica.

Nós, profissionais do movimento, precisamos dominar as questões pressóricas, já que


não é infrequente encontrar pessoas com aumento crônico da pressão abdominal, e
que tal aumento pode ter sua origem em vários fatores, como aderências peritoneais
e problemas musculoesqueléticos, mas também outros, como por exemplo:

• Transtornos vestibulares
• Ativação de mecanorreceptores músculo tendíneos
• Déficits do córtex cerebral
• E demais problemas, já que a série muscular que controla as pressões
intracavitárias pode ser ativada por inúmeras variáveis.

Toda atividade que se concentra na estabilização postural é baseada no controle


do Core, e isto se faz por intermédio da contração dos músculos que aumentam a
pressão abdominal.

Aplicar certos exercícios em pessoas com uma pressão basicamente já aumentada


pode levar a uma cascata de eventos que, conforme falado até agora, podem se
resumir em:

• Compressão crônica da coluna vertebral e dos seus elementos articulares


• Perda da função da barreira antirrefluxo gastresofágico
• Ptose visceral
• Incontinência urinária e fecal
• Redução da perfusão sanguínea das vísceras intra e extra abdominais e do sistema
nervoso central
• Transmigração de bactérias intra-abdominais para outras regiões do corpo
• Aumento da concentração de endotoxinas bacterianas no sangue
• Aumento dos fatores inflamatórios

E tantos outros.

A Fáscia
Vários fatores regulam a biotensegridade, tais como: fatores ambientais, epigenética,
estresse mecânico e emocional, nossas crenças e pensamentos, bioenergética, entre
outros.

A Biotensegridade é a tensão dinâmica do tecido conjuntivo. Entenderemos agora


como é feito esse complexo controle.

O tônus miofascial de repouso é o somatório das forças ativas (músculos) mais as forças
passivas (tecido fascial), que geram uma pré-tensão no corpo para manter a postura.

A estabilidade passiva de qualquer articulação, portanto, depende do tecido peri-


articular, que corresponde em pelo menos 70% da manutenção da postura estática
(sistema fascial).

Quando temos um sistema de estabilização passivo articular, temos a enorme


vantagem de economizar energia durante a estática – que na verdade, não é estática,
pois está em constante remodelagem.

Como se dá esse controle postural passivo?

Esse controle é mantido via intercelular.

O tecido conjuntivo é composto por células e uma matriz extracelular, que estarão
presentes em todos tecidos corporais.

O que mantém esta tensão e a manutenção da Biotensegridade é a dinâmica dos


fluidos (linfático, arterial e venoso).
As primeiras contestações cientificas da estabilização
central

Eyal Ledeman foi o primeiro a reexaminar o princípio da estabilidade de núcleo em


um artigo extremamente importante de 2009.

Como vimos, há 20 anos atrás a estabilização segmentar já foi questionada por


Ledeman, que se utilizou de diversas pesquisas de variados autores sobre a proposta,
visando plausíveis explicações para tal questão, reexaminando os princípios da:

• Estabilidade Segmentar Central


• Estabilização da Coluna Vertebral

Com os seguintes questionamentos:

Mas, quão essencial é o Transverso do abdômen para a


Estabilização da Coluna Vertebral?

Uma maneira de avaliarmos a ineficácia da ativação da estabilização, segundo


o artigo, seria de observarmos as condições onde o músculo está danificado ou
submetido a um estresse mecânico anormal.

Isso fragilizaria o sistema de estabilização submetendo o indivíduo ao


desenvolvimento da dor lombar.

A gravidez é uma situação fisiológica que nos levaria a fragilidade da estabilização,


já que o músculo Transverso do abdômen, além de todos os músculos da faixa
abdominal estarão:

1. Com seu alongamento muito além da curva de comprimento x tensão


2. Com perdas de força e incapacidade para estabilizar a pelve contra resistência

Em estudo de 2006, os efeitos de uma abordagem cognitivo-comportamental foram


comparados com fisioterapia clássica na dor pélvica e lombar, o estudo foi realizado
imediatamente após o parto.

Estudo esse realizado por Bastiaenen et al., onde 869 mulheres grávidas participariam
da pesquisa.

No entanto, 635 mulheres foram excluídas, pois mais da metade da amostra obteve
sua recuperação espontânea e sem qualquer tipo de intervenção após o parto para a
dor lombar.

A recuperação dessas mulheres aconteceu em um período em que os músculos


abdominais estavam fora da sua curva de comprimento e tensão, ou seja, com pouca
capacidade de contração e, portanto, sem estabilização (Gilleard e Brown, 1996). No
entanto, esse foi um período em que a dor lombar foi absurdamente reduzida, sem
nenhuma intervenção.

Como pode a dor lombar e pélvica ter melhorado durante um período de profunda
ineficiência muscular abdominal?

Por que a coluna vertebral não colapsou nessas mulheres?

A relação entre os músculos abdominais e a estabilidade da coluna foi superestimada?

A partir de então, o Core passou a ser massacrado pela ciência, o que fez o próprio
pesquisador Paul Hodges revisar seu conceito e admitir que sim, a estabilização
segmentar foi superestimada, e em países como o Brasil ainda o é.

E o Power House?
O Ah, o Método Pilates desenvolvido pelo genial Joseph Pilates durante a Primeira
Guerra Mundial, e a proposta de estabilização segmentar foi trazida por Hodges.

Será que Joseph chegou a conhecer Hodges? Chegou a estudar seus artigos
científicos?

Como Joseph Pilates não se encontra mais vivo, cada discípulo de 1ª geração falou sua
língua e transmitiu seu conhecimento, e só temos Lolita San Miguel viva.

Essa questão do Power House de Joseph tornou-se uma questão de telefone sem fio,
sem nenhuma evidência científica. Tão pouco uma citação de Joseph em seus livros…

Estamos falando de ciência, e quero deixar claro aqui que reverencio todos os mestres
do maravilhoso Método Pilates, que tanto amamos.

Concluímos através de vários estudos científicos, e de uma entrevista do próprio Paul


Hodges, pesquisador responsável pelo desenvolvimento da estabilização do núcleo
(CS), conhecido pelos profissionais do movimento como Estabilização Segmentar,
de que a ativação do centro de força acabou por se tornar obsoleta, apesar de estar
fortemente enraizada no Método Pilates e no Treinamento Funcional.

Posso afirmar que a proposta de Joseph, conhecida como Power House, nada tem de
comum com a Estabilização Segmentar.

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Comecemos entendendo que Joseph ou Clara Pilates nunca utilizaram esse comando
no seu método original. Foi Paul Hodges que trouxe esse conceito para nossas aulas
e, atualmente, ele mesmo admite que sua teoria não foi muito bem interpretada.

A pesquisa de Paul Hodges sobre o reflexo antecipatório postural ficou conhecida e


recebeu poucas críticas.

Ele mostrou que o transverso abdominal se contrai cerca de 5 milissegundos antes de


outras atividades musculares.

Portanto, imaginava que seria necessário fortalecer todas as musculaturas que


realizam suporte da coluna para protegê-la.

Como parte das musculaturas de suporte da coluna, o assoalho pélvico precisaria de


um trabalho de fortalecimento nas aulas de Pilates. Essas musculaturas só conseguem
ficar contraídas por cerca de 6 segundos, talvez até menos na maioria dos indivíduos.

Passado esse tempo, elas ficam fadigadas e tencionam se, deixando que as vísceras e
o aumento da PIA desabem sobre o assoalho pélvico.

Assim, sua contração por tempo elevado só causa mais carga, o que pode levar a
incontinência urinária de esforço.

Para conseguir uma boa estimulação do MAP, precisamos ativar e tonificar as fibras
do tipo I. Não é tão simples conseguir essa estabilização segmentar sugerida por Paul
Hodges, e, se ela for feita da forma errada, pode trazer problemas sérios.
Percebam que a estabilização segmentar é um tema mais profundo que o proposto por Paul
Hodges, sendo que o próprio já assumiu que seu conceito de estabilização acaba por gerar
troncos rígidos.

Quanto maior a rigidez de um tronco, menor a funcionalidade que o corpo terá.

Outro fator esquecido de ser avaliado na ativação da estabilização segmentar proposta por Paul
Hodges, através da compressão vertebral, é que nosso corpo é viscerado, e esse aumento da
pressão intra-abdominal, pode trazer custos altos a nosso corpo, caso o indivíduo já possua a
pressão intra-abdominal aumentada cronicamente.

A estabilização segmentar é formada por grupos musculares com predominância de fibras de


contração lenta. Logo, a melhor solicitação é a contração suave e de longa duração, precedida
pelo trabalho de ganho de mobilidade e conscientização de bom posicionamento corporal,
sobretudo pélvico. É auxiliado por uma força de suspensão visceral, de forma a não aumentar a
pressão intra-abdominal.

Mas como solicitar expiração com fechamento das costelas e acionamento de toda cadeia
cinética de fechamento do tronco sem aumentar a pressão intra-abdominal?

Essa questão foi meu objeto de estudo durante longos anos.

Não para desmoralizar o método que


acredito ser até hoje o melhor já criado.
Simplesmente para melhorá-lo, entende-lo o
mais próximo de sua criação, pautado pela
ciência mais atualizada.

Em minha busca incansável, tive o privilégio


de ouvir de Kathy Corey que Joseph Pilates
nunca pronunciou a palavra Power House. A
teoria da estabilização segmentar surgiu de
Paul Hodges, o que tornou o método Pilates
hiperpressórico.

A primeira a usar esse termo (Power House) foi Romana Kryzanowska, sua discípula direta.

Mas quero que entendam que a estabilização segmentar não existe na proposta clássica de
Joseph Pilates.

A força de centro, na qual ele se referia, era uma força que partisse do centro corporal da
pessoa, que nossos alunos fossem capazes de, extremamente concentrados, entender a essência
do Método, que pede a compreensão corporal, partindo do centro do seu corpo.
Power
House

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Janaína Cintas

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