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ASSOCIAÇÃO CATARINENSE DE ENSINO - ACE

FACULDADE GUILHERME GUIMBALA - FGG

TRABALHO NÚMERO 1 – 3° BIMESTRE

Disciplina: Introdução ao Estudo do Direito Docente: Prof. Rangel Trindade

Aluno; Anderson Correa

1º ano A

Instruções: este trabalho pontua para a média bimestral ao todo em 2,0 pontos, podendo
ser realizado em dupla ou individualmente. Entrega até 30/08 (domingo) com extrema
preferência pelo Google Classroom. (problemas favor reportar ao e-mail)

>ambos os alunos postam o mesmo trabalho, se realizado em dupla.

* O trecho a seguir foi escrito pelo autor de nossa bibliografia Prof Dr Ricardo Soares, e trata
de Princípios e Regras Jurídicas, em esboço de diferenciação entre os institutos que é base
de trabalho de qualquer jurista:

“(6) O vocábulo princípio significa, numa acepção vulgar, início, começo ou origem das
coisas. Transpondo o vocábulo para o plano gnoseológico, os princípios figuram como os
pressupostos necessários de um sistema particular de conhecimento, servindo como a
condição de validade das demais proposições que integram um dado campo do saber,
inclusive, no plano do conhecimento jurídico.

Como ressalta Humberto Ávila (2005, p.15), em virtude da constante utilização dos
princípios na atualidade, chega-se mesmo a afirmar que a comunidade jurídica presencia
um verdadeiro Estado Principiológico. Este é o motivo pelo qual a doutrina e a
jurisprudência têm utilizado, cade vez com maior freqüencia, os princípios jurídicos na
resolução de problemas concretos, tornando absolutamente necessário ao intérprete dos
direitos fundamentais compreender estas proposições. Gradativamente, a doutrina vem
assinalado o papel prescritivo da principiologia jurídica, visto que, com o advento do
paradigma pós-positivista, os princípios foram inseridos no campo da normatividade
jurídica. Como normas jurídicas de inegável densidade valorativa e teleológica que
consubstanciam direitos fundamentais dos cidadãos, os princípios jurídicos adquiriram
enorme importância nas sociedades contemporâneas, reclamando dos juristas todo
esforço para emprestar-lhes aplicabilidade e efetividade. Eis a razão pela qual a ciência
do direito tem procurado explicitar a morfologia e estrutura dos princípios jurídicos, na
busca de seus elementos autênticos, para diferenciá-los das regras jurídicas.

Conforme assinala Ruy Espíndola (1999, p.65), a diferenciação entre regras e princípios
jurídicos pode ser guiada pelos seguintes critérios: a) O grau de abstração: os princípios
são normas com um grau de abstração relativamente elevado; de modo diverso, as
regras possuem uma abstração relativamente reduzida; b) Grau de determinabilidade na
aplicação do caso concreto: os princípios, por serem vagos e indeterminados, carecem
de mediações concretizadoras (do legislador, julgador ou administrador), enquanto as
regras são susceptíveis de aplicação direta; c) Caráter de fundamentalidade no sistema
de fontes de direito: os princípios são normas de natureza ou com um papel fundamental
no ordenamento jurídico devido à sua posição hierárquica no sistema das fontes (ex:
princípios constitucionais) ou à sua importância estruturante dentro do sistema jurídico
(ex: princípio do Estado de Direito); d) Proximidade da idéia de direito: os princípios são
standards juridicamente vinculantes radicados nas exigências de justiça (Dworkin) ou na
idéia de direito (Larenz); as regras podem ser normas vinculantes com um conteúdo
meramente formal; e) Natureza normogenética: os princípios são fundamento de regras,
isto é, são normas que estão na base ou constituem a ratio de regras jurídicas,
desempenhando, por isso, uma função normogenética fundamentante.

Sendo assim, as regras disciplinam uma situação jurídica determinada, para exigir,
proibir ou facultar uma conduta em termos definitivos. Os princípios, por sua vez,
expressam uma orientação axiológica, sem regular situação jurídica específica, nem se
reportar a um fato particular, prescrevendo o agir humano em conformidade com os
valores jurídicos. Diante do maior grau de abstração, irradiam-se os princípios jurídicos
pelos diferentes setores da ordem jurídica, embasando a compreensão unitária e
harmônica da totalidade do sistema normativo. Deste modo, a ofensa um princípio
jurídico é algo mais grave do que a transgressão de uma regra jurídica. A inobservância
de um princípio ofende não apenas um específico mandamento obrigatório, mas a todo
um plexo de comandos normativos. Trata-se, pois, da mais grave forma de invalidade,
visto que representa insurgência contra todo o sistema jurídico, ferindo os valores
fundantes do Direito. Não basta, contudo, ao operador do direito conhecer as
características dos princípios, sendo fundamental, outrossim, saber para que eles
servem no plano do conhecimento jurídico. É necessário, assim, compreender qual a
função dos princípios constitucionais para que sejam aplicados corretamente.

Os princípios figuram como normas jurídicas, mas exercem um papel diferente daquele
desempenhado pelas regras jurídicas. Estas, por descreverem fatos hipotéticos,
possuem a nítida função de disciplinar as relações intersubjetivas que se enquadrem nas
molduras típicas. O mesmo não se processa com os princípios, em face das
peculiaridades já demonstradas. ( )” (Extraído de https://bityli.com/14nUw)

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1) Com base na leitura e na possível busca de mais fontes, assinale V para VERDADEIRO
e F para FALSO, devendo eliminar 1(uma) das questões marcando “X” (valor 0,2 cada):

(F) Os princípios eram considerados fontes secundárias do Direito. No entanto, chegaram


aos Códigos através de Regras que tinham como essência a positivação daqueles.
(X) Pode-se dizer que a concepção principal do Direito, no que se refere aos princípios, se
deve ao fato do salto qualitativo dado por eles ao se fazerem presentes na Constituição
Federal.
( v) Atualmente, os princípios passaram a ser tratados como normas jurídicas, concepção
segundo o qual é colocada como espécies do gênero norma, convivendo com as regras,
também espécies dessas mesmas normas.
( f) Um elemento interessante de distinção entre princípios e as regras, é a possibilidade de
entrarem em choque ou em rota de colisão, tendo em conta que convivem em verdadeiro
estado de tensão conflitiva.
(v ) Uma das espécies do gênero Norma, é a Regra Jurídica. Nesse contexto, a sua
conceituação não pode ser entendida como um padrão de comportamento, muito menos
como um guia da vida social. Pois, na verdade, são os princípios que geram a base de
fundamentação de pretensões ou exercício de poderes.
(v) Não é possível que em um mesmo sistema jurídico constitucional tenhamos princípios
que se encontrem em rota de colisão com outros.
____________

2) Segue a Ementa extraída de um acórdão de Jurisprudência:

APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZAÇÃO POR


DANOS MORAIS – PEDIDO DE TRANSFERÊNCIA DE ESTUDANTE
UNIVERSITÁRIA, BENEFICIÁRIA DO FIES, PARA OUTRA INSTITUIÇÃO
PRIVADA DE ENSINO – ATRASO NO PAGAMENTO DAS MENSALIDADES EM
RAZÃO DE ENTRAVES ADMINISTRATIVOS PARA TRANSFERÊNCIA DO
BENEFÍCIO – ALUNA RETIRADA DA SALA DE AULA E IMPEDIDA DE REALIZAR
PROVAS E PARTICIPAR DAS ATIVIDADES ACADÊMICAS – ATO ILÍCITO –
CONSTRANGIMENTO ILEGAL - RESPONSABILIDADE CIIVL CONFIGURADA –
DANO MORAL - OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR – RECURSO PROVIDO. 1- É
vedado ao estabelecimento de ensino expor o aluno à situação vexatória, por conta
do não pagamento de mensalidade escolar, mormente quando é beneficiário do
FIES e o repasse não ocorreu por entraves administrativos. Tal atitude viola normas
do Código de Defesa do Consumidor, o artigo 6º da Lei nº. 9.870/99 e a
Constituição Federal. 2- Impedir o aluno de realizar prova e, consequentemente,
obrigá-lo a sair de sala de aula no dia de avaliação, por conta de mora ou
inadimplência, configura penalidade administrativa em flagrante violação aos
princípios e regras que regem o serviço de prestação de ensino educacional, além
de afrontar à lei. Tal conduta é definida como ato ilícito, ferindo a dignidade do
aluno e repercutindo no seu estado anímico, circunstâncias que se amoldam na
definição de dano moral. 3- Na fixação do valor da compensação pelo abalo moral,
devem ser observados os princípios da razoabilidade, da proporcionalidade e as
peculiaridades da demanda, com observância ainda à finalidade pedagógica da
indenização, sem contudo patrocinar o enriquecimento sem causa do ofendido
(TJMS, Apelação Cível n. 0053630-41.2012.8.12.0001, de Campo Grande, Rel.
Des. Fernando Mauro Moreira Marinho, 3ª Câmara Cível. j. em 24-1-2017).

O julgado informa que existem princípios e regras que regem o serviço de


prestação de ensino educacional (no Brasil). Utilizando os seus conhecimentos,
pesquise e cite brevemente alguns exemplos jurídicos. (valor 1,0)
R:
Art. 6º da CF: “São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a
moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade
e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.”

Art. 205 da CF: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação
para o trabalho.”

Art. 206 da CF “O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber;

III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições


públicas e privadas de ensino;
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;

V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de


carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das
redes públicas;

VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei;

VII - garantia de padrão de qualidade.

VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública,
nos termos de lei federal.”

Art. 208 da CF “O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:

I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade,
assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na
idade própria;

II - progressiva universalização do ensino médio gratuito;

III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente


na rede regular de ensino;

IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade;

V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo
a capacidade de cada um;

VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;

VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de


programas suplementares de material didático escolar, transporte, alimentação e assistência
à saúde.

§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo.

§ 2º O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, ou sua oferta irregular,


importa responsabilidade da autoridade competente.

§ 3º Compete ao Poder Público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes


a chamada e zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à escola.”

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