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UNIDADE 03

ACIDENTES
DO TRABALHO

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Caro aluno,

Iniciamos a Unidade 3.
Nesta unidade de estudo você terá acesso às bases
estatísticas recentes para acidentes do trabalho no Brasil
e quais os custos são gerados. Estas informações visam
conscientizar o futuro profissional sobre o impacto dos
acidentes de trabalho e a importância em conhecer, de-
senvolver e implementar medidas de controle que pos-
sam modificar estas estatísticas.

Conteúdos da Unidade

O conteúdo apresentado engloba os dados oficiais


divulgados pelo Ministério da Previdência Social e as fun-
ções estatísticas aplicadas à Segurança do Trabalho que
são Taxa de Frequência e Taxa de Gravidade, conforme
NBR 14280 - Cadastro de acidente do trabalho - Procedi-
mento e classificação. Você ainda poderá verificar como
calcular o custo efetivo de um acidente, conforme reco-
mendação da Fundacentro.
Atenção, anotações e cálculos auxiliarão no entendi-
mento deste conteúdo, com certeza!
Bons estudos!

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3.1. Análise das estatísticas e
custos de acidentes

3.1.1 Estatísticas de acidentes

Segundo a Lei n.° 8.213, de 24 de julho de 1991,


art.19, segue a definição de acidente do trabalho:

Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício


do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do
trabalho dos segurados, provocando lesão corporal ou
perturbação funcional que cause a morte ou a perda
ou redução, permanente ou temporária, da capacidade
para o trabalho.

De acordo com art. 21 da Lei n.° 8.213 (BRASIL,


1991), são também equiparadas ao acidente de traba-
lho as seguintes situações: o acidente ligado ao trabalho,
embora não sendo causa única, tenha contribuído di-
retamente para a lesão; acidentes que tenham ocorrido
com o segurado no local e horário de trabalho; a doença
do empregado em virtude de contaminação acidental
ocorrida no exercício de sua atividade e os acidentes
de trajeto, aqueles sofridos pelo empregado quando do
deslocamento de sua residência para o local de trabalho
ou vice-versa.
Vamos apresentar dados estatísticos extraídos
de relatórios emitidos pelo Ministério da Previdência
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Social referentes aos anos de 2011 e 2012. Os dados a
serem apresentados são relativos aos acidentes típicos,
questão aqueles que ocorrem em virtude da caracterís-
tica da atividade realizada pelo acidentado; acidentes
de trajeto, que são caracterizados pelos acidentes que
ocorrem no percurso entre a residência do segurado e o
local de trabalho e no sentido inverso e as doenças ocu-
pacionais, que são moléstias adquiridas por exposição a
riscos existentes no ambiente de trabalho.
No ano de 2011, segundo AEPS 2011 (MPS, 2012),
houve 711.164 acidentes e doenças do trabalho com
trabalhadores assegurados pela Previdência Social. Os
benefícios devidos pelo INSS no ano de 2011 relativos
aos acidentes e doenças ocupacionais acrescidos aos
pagamentos de aposentadorias especiais devidos pelas
condições ambientais de trabalho corresponderam a R$
15,9 bilhões/ano. Somando-se a esses valores as despe-
sas operacionais do INSS, as despesas na área da saúde
e área relacionadas, o custo total atingiu o valor prelimi-
nar divulgado pelo relatório de R$ 63,30 bilhões.
Do total de acidentes ocorridos no período de
2011 e registrados com CAT foram 538.480 acidentes.
Destas ocorrências, os acidentes típicos corresponde-
ram a 78,6% do total, os de trajeto a 18,6% e as doenças
ocupacionais representaram 2,8% dos registros. Os aci-
dentes sem CAT registrada somaram 172.684.
Em conformidade com o Ministério da Previdên-
cia Social, os acidentes de trabalho que não são registra-
dos com CAT junto ao INSS são identificados por ou-
tros meios como: Nexo Técnico Profissional/Trabalho,
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Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário – NTEP
ou Nexo Técnico por Doença Equiparada a Acidente
do Trabalho (MPS, 2011).
No ano de 2011, conforme relatório AEPS 2011
(MPS, 2012), os subgrupos da CBO, com maior fre-
quência de acidentes, foram “Trabalhadores de fun-
ções transversais” e “Trabalhadores dos serviços”,
com 14,4% cada subgrupo. Para os casos de acidentes
de trajeto, a maior ocorrência aconteceu no subgrupo
“Trabalhadores dos serviços”, com 18,6% do total, e
nas doenças ocupacionais o subgrupo que apresentou
mais ocorrências foi “Trabalhadores de funções trans-
versais”, com 14,2% do total.
Com base no relatório AEPS 2011 (MPS, 2012),
a ocorrência de acidentes registrados com CAT apre-
sentou a seguinte distribuição: “Agropecuária”, com
4,0%; “Indústria”, com 47,1% e “Serviços”, com
48,3% do total. Para estas informações foram exclu-
ídos os dados relativos à atividade “ignorada”. Nos
acidentes típicos, os subsetores que apresentaram
maior frequência de acidentes foram “Comércio e
reparação de veículos automotores” e “Saúde e ser-
viços sociais”, com 12,4% e 10,9% do total, respecti-
vamente. Os acidentes de trajeto apresentaram maior
incidência nos subsetores “Comércio e reparação de
veículos automotores”, com 18,9% e “Serviços pres-
tados principalmente à empresa”, com 13,8% do to-
tal. E, ainda, para os casos de doenças ocupacionais
a maior frequência aconteceu nos subsetores “Ativi-
dades financeiras”, com 13,0% do total e “Comércio
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e reparação de veículos automotores”, com 11,1% do
total de casos.
Apresentando, ainda, os principais dados do re-
latório AEPS 2011 do Ministério da Previdência So-
cial (2012), os códigos da Classificação Internacional
de Doenças – CID, composta por 50 códigos, para os
quais foram registrados maior incidência de acidentes
do trabalho: ferimento do punho e da mão (S61), com
10,1% do total; fratura ao nível do punho ou da mão
(S62), com 7,1% e dorsalgia (M54), com 5,4% do total.
Para as doenças ocupacionais, os CID mais frequentes
foram: lesões no ombro (M75), com 20,2%; sinovite
e tenossinovite (M65), com 14,2% e dorsalgia (M54),
com 7,7% do total de ocorrências.
Continuando, nos acidentes típicos, as partes do
corpo para as quais houve maior frequência de aciden-
tes foram: dedo, com 30,5%; mão (exceto punho ou
dedos), com 8,7% e pé (exceto artelhos), com 7,6%
do total. Nos acidentes de trajeto, a maior incidência
de partes do corpo atingidas foi: Partes Múltiplas, com
11,6% do total das ocorrências; joelho, com 8,7% e
pé (exceto artelhos), com 8,6% dos casos. Nas doen-
ças ocupacionais foram efetuados mais registros para
as seguintes partes do corpo: ombro; dorso (inclusive
músculos dorsais, coluna e medula espinhal) e mem-
bros superiores, não informado, com 17,8%, 13,3% e
9,8% do total, nesta ordem.
No ano de 2011 foram ainda liquidados 730,6 mil
acidentes de trabalho. Acidentes liquidados correspon-
dem à quantidade de acidentes que tiveram seus pro-
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cessos encerrados administrativamente pelo INSS, após
o tratamento ter sido completado e as sequelas inde-
nizadas. Como principais consequências dos acidentes
liquidados foram registrados incapacidades temporárias
com menos de 15 dias, com 42,4% do total e incapaci-
dades temporárias com mais de 15 dias com 41,3% do
total. Neste período foram registrados 2.884 óbitos.
Segue o conceito de incapacidade temporária:
é aquela que corresponde ao fato dos segurados que,
em virtude de acidente ou doença do trabalho, ficaram
incapacitados para o trabalho. Pelo período de 15 dias
imediatamente após o afastamento da atividade, a em-
presa deve pagar ao empregado o seu salário integral,
depois deste período, o segurado deve ser encaminhado
à perícia médica da Previdência Social para requerer o
auxílio-doença acidentário (MPS, 2011).
No ano de 2012, de acordo com Anuário Esta-
tístico da Previdência Social 2012- AEPS 2012 (MPS,
2013), ocorreram 705.239 acidentes do trabalho. Segun-
do esta fonte, com CAT registrada no INSS, ocorreram
541.286 acidentes. Destes, os acidentes típicos compu-
seram 78,32% do total, os acidentes de trajeto 18,92% e
as doenças do trabalho 2,76%. Os acidentes sem CAT
registrada totalizaram 163.953.
Ainda com base no AEPS 2012 (MPS, 2013), os
acidentes registrados com CAT tiveram a seguinte inci-
dência por setor de atividade econômica: setor “Agro-
pecuária”, com 4% do total; o setor “Indústria” parti-
cipou com 46% e o setor “Serviços” participou com
50%, sendo que para estes dados não foram conside-
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rados os dados de atividade “ignorada”. Dos acidentes
típicos, participaram com maior incidência os aciden-
tes nos subsetores “Comércio e reparação de veículos
automotores, com 12,1% do total e “Saúde e serviços
sociais”, com 11,6% do total. Para os casos de doenças
ocupacionais, as maiores incidências foram nos subse-
tores “Atividades financeiras” e “Fabricação de veículos
e equipamentos de transporte”, que participaram com
17,9% e 12,6% do total, respectivamente. Para os casos
de acidentes de trajeto, as participações foram: “Comér-
cio e reparação de veículos automotores” com 18,4%
e “Serviços prestados principalmente a empresa” com
14,0% do total.
Continuando a apresentar os dados registrados
pela Previdência Social com relação ao ano de 2012 em
seu relatório AEPS 2012 (MPS, 2013), os códigos de
CID (50 códigos) que ocorreram com maior frequência
nos acidentes de trabalho foram: ferimento de punho e
mão (S61), com 9,84%; fratura ao nível do punho ou da
mão (S62), com 6,99% e dorsalgia (M54), com 5,02%
do total. Para as doenças do trabalho, ocorreram com
maior frequência os seguintes CID: lesões no ombro
(M75), com 21,08%; sinoviye e tenossinovite (M65),
com 13,85% e dorsalgia (M54) com 6,93% do total.
Integrando ainda o mesmo levantamento estatísti-
co (MPS, 2013), para os acidentes típicos, as partes do
corpo para as quais a incidência de acidentes foi maior
foram: dedo, com 30,05% do total das ocorrências; mão
(exceto punho ou dedos), com 8,62% e pé (exceto arte-
lhos), com 7,68% dos casos. Para os acidentes de traje-
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to, as partes do corpo que foram mais frequentemente
atingidas foram: partes múltiplas, reunindo 11,45% dos
casos; joelho, com 8,56% e pé (exceto artelhos), com
8,53% do total. Quanto às doenças do trabalho, as par-
tes do corpo que apresentaram maior incidência foram:
ombro, com 18,16%; dorso (inclusive músculos dorsais,
coluna e medula espinhal), com 11,91% e membros su-
periores, com 10,98% do total das ocorrências.
Cabe ainda relatar, que conforme o Ministério da
Previdência Social, em seu relatório AEPS 2012 (2013),
no ano de 2012 houve 724,2 mil acidentes de trabalho
liquidados. Com relação aos acidentes de trabalho li-
quidados, as principais consequências foram: incapaci-
dades temporárias com menos de 15 dias, totalizando
43,5% dos casos e com mais de 15 dias, com 39,1% do
total. Neste período, o número de óbitos foi de 2.731.
Para o ano de 2012, a quantidade total de aciden-
tes do trabalho identificada pela Previdência Social foi
de 705.239 casos e, portanto, menor que a quantida-
de identificada para o ano de 2011, quando ocorreram
711.164 casos. Esta constatação demonstra que, por
várias razões, estão sendo empreendidas medidas que
estão refletindo-se na diminuição da quantidade de aci-
dentes de trabalho.
Com relação aos dados levantados para o ano de
2011, segundo o relatório da Previdência Social AEPS
2011, foram efetuados pagamentos relativos aos aciden-
tes de trabalho, doenças ocupacionais e aposentadorias
especiais na ordem de R$15,9 bilhões/ano. Este valor já
impressiona por sua vultuosidade, no entanto, confor-
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me Previdência Social, estes valores devem ter atingido
R$ 63,30 bilhões, considerando despesas operacionais
do INSS, despesas na área da saúde e demais áreas re-
lacionadas. Estes dados estão destacando os aspectos
financeiros envolvidos nos acidentes. Nesta informa-
ção não estão considerados o sofrimento do segurado
acidentado, os reflexos do acidente junto aos familiares
do acidentado, as dificuldades enfrentadas pelo aciden-
tado durante sua recuperação e até posteriormente a
este período, pois pode haver sequelas. E, ainda, como
resultado dos acidentes de trabalho ou situações a eles
equiparados, podem ocorrer os óbitos, perdas irrepará-
veis para os familiares.
Dos dados estatísticos apresentados foram re-
latados acidentes sem CAT registradas. Esta situação
reuniu 172.684 ocorrências no ano de 2011 e 163.953
ocorrências no ano de 2012. Embora sem o registro
da CAT os acidentes puderam ser classificados como
de trabalho, conforme exposto pela Previdência Social,
pois foram caracterizados por meio de Nexo Técnico
Profissional/Trabalho, Nexo Técnico Epidemiológico
Previdenciário – NTEP ou Nexo Técnico por Doença
Equiparada a Acidente do Trabalho.
Sobre Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciá-
rio (NTEP), conforme apresentado pelo Ministério da
Previdência Social (2011) – é instrumento utilizado pela
perícia médica do INSS que auxilia na análise e conclu-
são a respeito de incapacidade para o trabalho. A perícia
médica deve seguir três etapas, em conformidade com
a hierarquia abaixo apresentada para identificar e carac-
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terizar a natureza da incapacidade, se acidentária ou não
acidentária (previdenciária):

1 – identificar a ocorrência de Nexo Técnico Profis-


sional ou do Trabalho, que é a verificação de ligação
entre os fatos “agravos e exposição” ou “exposição e
agravos”, conforme legislação vigente;
2 – identificar a ocorrência de Nexo Técnico Epide-
miológico Previdenciário – NTEP, confirmando infor-
mações o cruzamento do código da CNAE com código
da CID-10 e a existência na matriz da NTEP, de acordo
com legislação vigente;
3 – identificar a ocorrência de Nexo Técnico por Do-
ença Equiparada a Acidente do Trabalho, que envolve
análise individual do caso, considerando todos os ele-
mentos da situação que gerou incapacidade e a anamne-
se e levados ao conhecimento do médico-perito.

De acordo com Ministério da Previdência Social,


a CAT deve ser emitida pelo empregador no primeiro
dia útil após a ocorrência do acidente, na data cor-
respondente à conclusão de diagnóstico de doença
ocupacional ou imediatamente à ocorrência de morte.
Esta comunicação por parte do empregador visa in-
formar às autoridades que um empregado sofreu um
acidente ou adquiriu doença relacionada ao trabalho.
Se a empresa não emite este documento, estará prati-
cando ilícito administrativo passível de multa (CAIRO
JÚNIOR, 2013, p. 173).
As estatísticas têm a característica de registrar o
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que já ocorreu, podendo, portanto, fornecer subsídios
importantes à avaliação dos riscos, no que diz respeito
aos riscos existentes no ambiente de trabalho.

3.1.2 Taxa de frequência e Taxa de Gravidade

Dentre os vários indicadores de avaliação de aci-


dentes destacam-se a Taxa de Frequência de Acidentes
(Fa) e Taxa de Gravidade (G), de acordo com a NBR
n.° 14.280 de 02/2001; Cadastro de acidentes do tra-
balho – procedimento e classificação.
A Taxa de frequência de acidentes (Fa) deve ser
expressa com aproximação de centésimos, sendo cal-
culada pela expressão:

N x 1.000.000
Fa=
H

N – número de acidentes
1.000.000 – constante da fórmula
H – horas-homem de exposição ao risco: correspon-
dem à soma das horas que os empregados estiveram
à disposição do empregador num dado período. Esta
informação deve ser obtida das folhas de registro de
ponto ou folhas de pagamento, devendo ser também
consideradas as horas extraordinárias. Havendo horas
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