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Princípios
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PRINCÍPIOS
Obs.: é importante destacar que os princípios não podem ser desobedecidos e, apesar de
serem gerais/genéricos, terão aplicação específica a depender de cada situação.
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
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O PULO DO GATO
É importante que o candidato saiba que o princípio da legalidade possui duas espécies,
conforme informado. Entretanto, é comum que em provas de concursos públicos o
examinador se refira ao princípio da estrita legalidade simplesmente como princípio da
legalidade.
Nullum crimen nulla poena sine lege (não há crime nem pena se não há lei). De acordo
com o princípio da reserva legal, é necessário que exista uma lei que comporte a previsão de
um crime para que seja aplicada uma pena a determinada pessoa.
Esse princípio encontra-se expresso no art. 5º, inciso XXXIX, da Constituição Federal
(CF) e também no art. 1º do Código Penal (CP), conforme reproduzido a seguir:
CF. Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
XXXIX – não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal.
CP. Art. 1º Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.
Obs.: observe que (ao utilizar os termos “anterior” e “prévia” para determinar que “não há
crime sem lei anterior que o define” e que “não há pena sem prévia cominação le-
gal”) o art. 1º do Código Penal abrange os dois princípios intrínsecos à legalidade:
• a reserva legal; e
• a anterioridade.
Assim, conforme o disposto, para que alguém seja responsabilizado por determinado
delito é necessário que exista uma lei. Em relação a esse aspecto, é importante ressaltar que
atos administrativos, resoluções, leis delegadas e/ou medidas provisórias, por exemplo, não
são consideradas leis em sentido formal e, portanto, não podem prever crimes.
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ANOTAÇÕES
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Obs.: em regra, mesmo que o Congresso venha a aprovar medida provisória publicada
pelo Presidente da República, convertendo-a em lei, esta não poderá tratar sobre
matéria relativa a Direito Penal por não se tratar de lei em sentido ordinário, e sim de
medida provisória convertida em lei.
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Obs.: acerca da admissão excepcional de medidas provisórias que versem sobre Direito
Penal favorável ao réu, cabe apontar como exemplo o ocorrido em relação ao Estatu-
to do Desarmamento, Lei n. 10.826/2003: a partir do ano de 2003, aquele que portas-
se/possuísse arma de fogo de maneira ilegal seria incriminado pelas condutas dos
arts. 12,14 e 16 do referido Estatuto. No entanto, o prazo para a entrega das armas
ao Estado foi prorrogado por diversas vezes através de medidas provisórias com a
concordância do STF, dado que nesse caso as medidas que adiavam a aplicação da
matéria penal da Estatuto do Desarmamento beneficiavam o réu.
ANOTAÇÕES
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O PULO DO GATO
O entendimento acerca da aceitação de medidas provisórias que versem sobre Direito
Penal favorável ao réu não é tema passivo na doutrina. Desse modo, diante de uma eventual
prova discursiva/oral, o candidato deve expor para o examinador que há o entendimento
do Supremo Tribunal Federal nesse sentido, mas que, todavia, não é algo pacífico, uma
vez que a Constituição Federal veda que medida provisória verse sobre matéria de Direito
Penal.
• É inadmissível que lei delegada verse sobre direito penal: de acordo com o art. 68,
§ 1º e inciso II, da Constituição Federal:
Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá solicitar a
delegação ao Congresso Nacional.
§ 1º Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, os
de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matérias reservada
à lei complementar, nem a legislação sobre:
(...)
I – organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus mem-
bros;
II – nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais;
III – planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos.
DIRETO DO CONCURSO
1. (CESPE/PRF/2019) Considerando esse dispositivo legal, bem como os princípios e as
repercussões jurídicas dele decorrentes, julgue o item que se segue.
O presidente da República, em caso de extrema relevância e urgência, pode editar medi-
da provisória para agravar a pena de determinado crime, desde que a aplicação da pena
agravada ocorra somente após a aprovação da medida pelo Congresso Nacional.
ANOTAÇÕES
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COMENTÁRIO
Ainda que a medida provisória publicada pelo Presidente da República venha a ser
aprovada pelo Congresso Nacional, esta não poderá versar sobre Direito Penal.
Conforme exposto até o momento, é necessário que seja editada lei ordinária ou comple-
mentar para a criação de crimes ou agravamento de penas. Nesse sentido, de acordo com a
jurisprudência, tratados internacionais também não podem criar delitos e/ou agravar penas
no ordenamento jurídico brasileiro após sua ratificação, sob pena de se ferir o princípio da
estrita legalidade. Vejamos, a seguir, um julgado sobre o tema:
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Em suma, tratados internacionais genéricos, ainda que internalizados pelo Brasil, não
podem criar delitos ou incriminar condutas no país. No entanto, há uma ressalva em relação
os tratados internacionais que versem sobre os Direitos Humanos internalizados no país
sob o quórum das Emendas Constitucionais, presente no art. 5º, § 3º da Constituição Fede-
ral (aprovação, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos
votos dos respectivos membros): estes sim poderão criar leis e/ou agravar penas.
ANOTAÇÕES
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Obs.: ainda no que se refere ao tema dos tratados internacionais, é importante destacar
que o STF entende que os tratados internacionais internalizados pelo Brasil que
versem sobre os Direitos Humanos, mas que não tenham sido aprovados sob o
quórum das Emendas Constitucionais, têm caráter de supralegalidade, de modo que
também podem incriminar condutas e agravar penas.
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DIRETO DO CONCURSO
COMENTÁRIO
a. A lex praevia refere-se à anterioridade consonante ao princípio da reserva legal: é preciso
que haja uma lei prévia para que se possa aplicar uma pena.
b. De acordo com o instituto da lex stricta, somente por meio de lei é que pode haver a
aplicação de penas ou a criação de delitos. Logo, fica proibido o uso de analogias para a
criação de leis.
ANOTAÇÕES
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c. Em conformidade com o princípio da reserva legal, a lex scripta diz respeito à necessidade
do estabelecimento de lei formal, isto é, de lei escrita/positivada para a criação de crimes
e/ou aplicação de penas, de modo que se torna proibido que os costumes criem delitos.
d. A taxatividade da lei penal, ou seja, a lex certa, configura um dos desdobramentos do
princípio da reserva legal. De acordo com esse instituto, a conduta tipificada como crime
deve ser específica, de maneira que o legislador não pode criar previsões genéricas que
possam ofertar ao aplicador do direito várias opções em relação a uma mesma conduta.
e. A ultima ratio é uma decorrência do princípio da intervenção mínima, e não da reserva
legal.
COMENTÁRIO
De fato, princípio da reserva legal aplica-se, de forma absoluta, às normas penais
incriminadoras, excluindo-se de sua incidência as normas penais não incriminadoras,
posto que só há crime se houver previsão legal.
Ainda no que se refere ao princípio da reserva legal, cabe destacar dois aspectos impor-
tantes da legalidade:
• Legalidade formal: corresponde à obediência ao devido processo legislativo, que
engloba, dentre outras, as etapas de iniciação do projeto de lei, quórum de aprovação,
sanção, veto, promulgação etc. Quando o processo legislativo é devidamente obede-
cido fica caracterizada a legalidade formal da lei.
• Legalidade material: refere-se ao respeito aos direitos e garantias do cidadão, às
normas constitucionais e aos tratados internacionais de direitos humanos. Nesse
sentido, caso uma lei obedeça ao processo legislativo, mas desrespeite os direitos e
garantias do cidadão, por exemplo, esta será considerada materialmente ilegal.
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DIRETO DO CONCURSO
4. (PC-SE/2018) Julgue o item seguinte, relativo aos direitos e deveres individuais e coleti-
vos e às garantias constitucionais.
Em razão do princípio da legalidade penal, a tipificação de conduta como crime deve
ser feita por meio de lei em sentido material, não se exigindo, em regra, a lei em sentido
formal.
COMENTÁRIO
De fato, em razão do princípio da legalidade penal, a tipificação de conduta como crime
deve ser feita por meio de lei em sentido material. No entanto, diferentemente do que é
expresso pelo item, exige-se a lei em sentido formal.
PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE
CF. Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
XXXIX – não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal.
CP. Art. 1º Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.
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hoje e amanhã entre em vigor uma lei que puna a conduta praticada – que até então não era
considerada crime –, essa lei não poderá ser aplicada ao fato ocorrido no dia anterior, isto
é, não poderá ser aplicada em relação a uma conduta que ocorreu antes da sua entrada em
vigor. Essa característica corresponde a um direito fundamental de 1ª geração (dimensão)
do cidadão, configurando-se em uma limitação do poder punitivo do Estado, de modo que
assim como princípio da reserva legal também consiste em cláusula pétrea, conforme dispõe
o art. 60, § 4º, da CF:
ATENÇÃO
ANOTAÇÕES
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PRINCÍPIO DA PERSONALIDADE OU DA INTRANSCENDÊNCIA
Art. 5º (...)
XLV – nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano
e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra
eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido.
DIRETO DO CONCURSO
5. (PC-SE/2018) Julgue o item seguinte, relativo aos direitos e deveres individuais e coleti-
vos e às garantias constitucionais.
O princípio da individualização da pena determina que nenhuma pena passará da pessoa
do condenado, razão pela qual as sanções relativas à restrição de liberdade não alcança-
rão parentes do autor do delito.
ANOTAÇÕES
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COMENTÁRIO
Fique atento(a): é o princípio da personalidade ou da intranscendência, e não o princípio
da individualização da pena, que determina que nenhuma pena passará da pessoa do
condenado, razão pela qual as sanções relativas à restrição de liberdade não alcançarão
parentes do autor do delito.
GABARITO
1. E
2. e
3. C
4. E
5. E
�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Erico de Barros Palazzo.
ANOTAÇÕES
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