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Rio de Janeiro
Dezembro de 2010
FLAMBAGEM TORCIONAL DE ENRIJECEDORES EM PAINÉIS DE
NAVIOS TANQUES SUBMETIDOS À COMPRESSÃO AXIAL
Examinada por:
________________________________________________
Prof. Segen Farid Estefen, Ph.D.
________________________________________________
Prof. Júlio César Ramalho Cyrino, D.Sc.
________________________________________________
Prof. Eduardo de Miranda Batista, D.Sc.
iii
AGRADECIMENTOS
iv
Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários
para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M. Sc.)
v
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M. Sc.)
The failure mode of ship panels under to compressive loads, characterized by the
torsional buckling of longitudinal stiffeners, should be divided considered in the project, so
as to avoid an overall buckling of panels. In the ship structural projects, a hierarchy of
failure considers the plates buckling between stiffeners must precede a stiffeners buckling,
which can be given as torsional/lateral buckling (tripping). The main objective of this work
is to evaluate the influence of the failure mode by tripping on the structural behavior of a
midship section of a tanker ship when the ship bottom panels are subjected to axial
compression, caused by vertical bending moment of the hull girder in hogging condition.
Considering the influence of plate distortions, caused by the manufacturing process, in the
induction of torsional buckling of stiffeners, numerical simulations by finite element method
must considerer the geometric and material nonlinear and incorporate initial geometric
imperfections. A parametric study is presented, for the different geometrical relationship of
stiffener and plates and initial geometric imperfections. A numerical-experimental
correlation with reduced models was performed in order to adjust the numerical simulation
models, for use in the midship section. The results are compared with the project
recommendations of classification societies, to evaluate the degree of conservatism of the
existing codes.
vi
Índice
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 1
1.1. Comportamento estrutural do navio sob flexão. ....................................................... 2
1.2. Objetivos........................................................................................................................ 5
1.3. Organização da tese...................................................................................................... 6
2. Revisão Bibliográfica .......................................................................................................... 8
3. Fundamento Teórico ......................................................................................................... 14
3.1. Introdução ................................................................................................................... 14
3.2. Colapso de painéis ...................................................................................................... 15
3.3. Modos de falha de painéis enrijecidos ...................................................................... 17
3.4. Conceito básico do flambagem torcional dos reforços. ........................................... 21
3.4.1. Tensão de Tripping Elástico. ................................................................................. 22
3.4.2. Restrição rotacional da chapa. ............................................................................... 23
3.4.3. Tensão de Tripping Inelástico. .............................................................................. 26
3.4.4. Largura efetiva da chapa ....................................................................................... 27
4. Estudo Paramétrico ........................................................................................................... 30
4.1. Justificativa da variação das espessuras para o estudo paramétrico .................... 32
4.2. Características do painel como modelo base para o estudo paramétrico. ............ 33
4.3. Variação dos parâmetros individualmente .............................................................. 34
4.3.1. Variação da espessura da chapa, tp ........................................................................ 35
4.3.2. Variação da espessura da alma do reforço, tw ....................................................... 37
4.3.3. Variação da espessura do flange do reforço, tf ...................................................... 40
4.3.4. Variação da razão de aspecto, α ............................................................................ 42
4.4. Análises dos resultados da variação dos parâmetros individualmente ................. 46
4.5. Variação s parâmetros em geral. .............................................................................. 47
4.6. Análises dos resultados da variação dos parâmetros em geral. ............................. 53
4.7. Modos de falhas observados no estudo paramétrico. .............................................. 53
4.8. Parâmetros adimensionais relacionados como o modo de falha por Tripping..... 56
4.9. Modo de falha por tripping dos reforços de acordo com DNV. ............................. 65
4.10. Análises da formulação do Tripping elástico da DNV. ......................................... 67
4.11. Influência das Imperfeições Geométricas Iniciais no Modo de Falha.. ............... 73
4.11.1. Modelagem das imperfeições geométricas iniciais nos painéis. ......................... 76
vii
4.11.2. Influência do modo das imperfeições geométricas nos painéis .......................... 79
4.11.3. Influência das amplitudes das imperfeições geométricas nos painéis ................. 81
5. Modelagem Numérica dos Painéis. .................................................................................. 83
5.1 Propriedades dos materiais utilizados no painel. ..................................................... 83
5.1.1. Curva de material dos aços empregados ............................................................... 85
5.2. Aspectos da modelagem de elementos finitos........................................................... 86
5.2.1. Elementos de casca ................................................................................................ 87
5.2.2. Tipo de elemento de casca..................................................................................... 87
5.2.3. Seleção do tipo de Elemento ................................................................................. 89
5.2.4. Sensibilidade de malha .......................................................................................... 90
5.2.5. Estudo da razão de aspecto da malha. ................................................................... 93
5.2.6. Condições de contorno e de carga ......................................................................... 96
5.2.7. Solução Numérica de problemas não-lineares ...................................................... 98
6. Correlação Numérico-Experimental ............................................................................. 102
6.1. Características geométricas dos modelos reduzidos ............................................. 102
6.2. Processo de fabricação dos modelos reduzidos ...................................................... 103
6.3. Medição das imperfeições geométricas iniciais nos modelos reduzidos. ............. 106
6.4. Teste experimental ................................................................................................... 110
6.4.1 Instrumentação dos modelos e dados de aquisição. ............................................. 111
6.5. Modelação numérica dos modelos reduzidos. ....................................................... 112
6.6. Resultados da correlação numérico-experimental dos modelos reduzidos ......... 115
6.6.1. Resultados do primeiro modelo ........................................................................... 115
6.6.2. Resultados do segundo modelo ........................................................................... 117
6.6.3. Resultados do terceiro modelo ............................................................................ 119
7. Análises numérica da resistência limite do navio ......................................................... 123
7.1. Navio particular ....................................................................................................... 124
7.2. Localização do porão................................................................................................ 125
7.3. Modelagem geométrica do navio............................................................................. 126
7.4. Análise numérica do modelo ................................................................................... 128
7.4.1. Material do modelo do Navio .............................................................................. 129
7.4.2. Aplicação da carga e acoplamento da borda de carga ......................................... 131
7.4.3. Condições de contorno do modelo ..................................................................... 133
7.4.4. Método de Solução Numérica ............................................................................. 134
7.4.5. Geração da malha para o modelo do navio ......................................................... 135
viii
7.5. Imperfeições Geométricas Iniciais no Modelo do Porão do Navio. ..................... 137
7.6. Definição dos casos a analisar. ................................................................................ 138
8. Análise dos Resultados .................................................................................................... 139
8.1. Momento versus Curvatura. ................................................................................... 139
8.2. Seqüência de falha .................................................................................................... 145
8.2.1. Resultados do Caso 1 .......................................................................................... 145
8.2.2. Resultados do Caso 2 .......................................................................................... 148
8.2.3. Resultados do Caso 3 .......................................................................................... 149
8.2.4. Resultados do Caso 4 .......................................................................................... 151
9. Considerações finais ........................................................................................................ 153
9.1. Conclusões ................................................................................................................. 153
9.2. Recomendações para trabalhos futuros ................................................................. 153
10. Referências Bibliográficas ............................................................................................ 157
ix
1. INTRODUÇÃO
1
Os componentes principais de um navio de grande porte do tipo Suezmax, e de
qualquer estrutura marinha em geral, tem arranjo estrutural constituídos de painéis
enrijecidos longitudinalmente de seção aberta, que são consideravelmente utilizados no
convés e no casco do navio. Os painéis são caracterizados por serem componentes
estruturais constituídos por elementos de paredes finas, com uma alta relação de resistência
e peso, sendo o seu uso vantajoso pela sua facilidade no processo de construção e o seu
custo de fabricação relativamente baixo,
2
do empuxo varia ao longo de seu comprimento, dependendo da sua configuração,
originando-se flexão vertical.
3
Mas as cargas de compressão e tensão não são os únicos tipos de carregamentos que
atuam sob o painel enrijecido em um navio em serviço que sejam associados ao colapso do
painel, temos também momentos fletores causados por cargas excêntricas, que podem
manter a placa em tensão e parte do reforço em compressão, e vice-versa; e os momentos
fletores causados pela carga lateral que pode ser devido à diferença de pressões hidrostática
de carregamento que transporta e o empuxo, muitas vezes apresentados como cargas locais
produzidas por máquinas, cargas, etc.; mas nesta pesquisa serão consideradas unicamente as
cargas de compressão uniaxial.
A Figura 1.3 mostra o painel enrijecido do fundo do casco do navio, como uma
componente estrutural básica conformado pelas chapas e os reforços longitudinais, limitados
transversalmente pelas cavernas, com um carregamento axial compressivo que age sob o
painel devido ao momento fletor vertical atuante na viga-navio.
4
forem devidamente projetados. Na Figura 1.4 mostra-se um caso de colapso global de um
navio na condição de alquebramento devido ao colapso de seus elementos estruturais do
fundo.
1.2. Objetivos
5
- Obter uma correlação numérico-experimental, com modelos reduzidos de painéis
com as dimensões características do fundo do navio tanque, testados a compressão; que
possibilite a validação dos modelos numéricos.
- Revisar e avaliar as atuais guias de desenho através de uma comparação com nossos
resultados.
No capítulo 3 procura-se dar uma teoria geral sobre os diversos modos de flambagem
de painéis enrijecidos submetido a carregamento axial, prestando maior interes ao modo de
falha por tripping nos reforços, por ser o tema de estudo. Descrevem-se as diversas
expressões analíticas para o cálculo das tensões por tripping, utilizadas também pelas
sociedades classificadoras.
No capítulo 4 é dada uma visão global dos principais tópicos de interesses nas
pesquisas propostas por diversos autores, como são os parâmetros geométricos mais
influentes no modo de falha estudada. É realizado um estudo paramétrico reduzindo as
variáveis em função das variações das espessuras dos elementos estruturais, para a
determinação das características e fatores que governam o comportamento dos painéis, que
serviram de base para o desenvolvimento de nosso estudo.
6
No capítulo 6 apresenta-se um estudo da correlação numérico-experimental, com a
finalidade de aferir os modelos numéricos com dos painéis enrijecidos reduzidos a escala de
um painel típico do fundo do navio testado a compressão uniaxial. Neste capítulo se faz um
relato do processo de fabricação dos modelos, descrevendo as características geométricas do
painel, a realização do teste de compressão, os aparelhos utilizados no ensaio, e por último,
a instrumentação requerida para a aquisição dos dados de tensões e deformações.
7
2. Revisão Bibliográfica
Muitos pesquisadores fizeram estudos analíticos, experimentais e numéricos
relacionados ao modo de flambagem por tripping. Os primeiros trabalhos que usaram a
teoria clássica de barras de paredes finas foram resumidos, expandidas e serviram de base
para as posteriores investigações. Aqui uma breve revisão bibliográfica dos trabalhos feitos
em ordem cronológicos.
Bleich (1951) [1], igual que Timoshennko e Gere (1961) [2], deram equações
diferenciais para a instabilidade dos reforços por torção e flexão, e também proveram de
várias soluções das equações para diversos casos de carregamento e condições de contorno.
Estes estudos foram base para trabalhos posteriores como são os seguintes.
Faulkner (1973) [3] faz um estudo analítico na qual por meio do método de energia
obtém a carga de flambagem crítica para painéis com reforços tipo T e barra, para a faixa
elástica e extende-o para o rango inelástico através da formulação de Ostenfeld-Bleich.
Além, considera-se o efeito da restrição rotacional fornecida ao reforço por parte da placa e
as tensões residuais.
Smith (1975) [4] conduz vários testes à escala real de painéis soldados. Uma
plataforma de prova foi construída para carregar os painéis com tensão axial compressiva e
pressão lateral, com a qual fazem uma extensiva contribuição para o desenho da tensão
última para painéis reforçados sob carga combinada, devido à faixa ampla da geometria dos
reforços que foram testados. Uma análise estatística de medidas reais de magnitude e
distribuição de distorções pós-soldagem e tensões residuais foram conduzidas nos testes.
Murray (1978) [5], também faz testes experimentais à escala real de multi-painéis
enrijecidos, sob carga combinada de compressão e flexão, onde foram observados dois tipos
de falha: flambagem na placa e tripping do reforço. Todos os bordos foram simplesmente
apoiados de tal modo que permite o movimento longitudinal e restringe o movimento
vertical. As tensões residuais e as imperfeições residuais não foram reportadas nestes testes.
Adaptou a teoria plástica rígida para o cálculo da tensão crítica do modo de falha por
tripping do reforço, o qual predito com sucesso a rápida descarga associada a este modo de
falha e fez uma correlação como os resultados de seus testes experimentais, obtendo uma
8
boa aproximação para reforços com esbelteza meia foi ligeiramente conservadora para
reforços mais robustos.
Carlsen (1980) [6], no seu estudo paramétrico de painéis reforçados com reforços de
tipo T sob carregamento uniaxial, cobriu uma ampla faixa de parâmetros usando o método
das diferencias finitas. Os modos de flambagem estudados foram a flambagem induzida pela
placa, o reforço e a falha por tripping do reforço. Também realizou estudos dos modos de
flambagem considerando as tensões residuais e as imperfeições iniciais, observando uma
forma típica "hungry horse" da imperfeição inicial ao longo do painel e uma média onda ao
longo da largura do painel, que afetam na tensão da placa reforçada, como também o modo
de falha.
Ostapenko (1986) [7] realizou seus estudos de tripping para painéis enrijecidos com
reforços simétricos e assimétricos sob compressão axial. Por meio de uma análise, usando
equações diferenciais ou a formulação de energia, determina a tensões críticas para cada tipo
de reforço, onde as funções de distorção na seção transversal, imperfeições iniciais e
flambagem da placa foram consideradas, mas não foi considerado o efeito das tensões
residuais, tudo aquilo para os três casos diferentes de carga: carga axial, a combinação de
carga axial com carga lateral na placa e com carga lateral no reforço. Obtendo uma boa
aproximação, mas o erro é apreciável só quando se considera grandes graus de restrição
rotacional.
9
Hu (1993) [10] fez uma análise de elementos finitos, com um modelo de material
elástico perfeitamente plástico, considerando grandes deslocamentos para modelos de
painéis reforçados sob diferentes tipos de carga e condições de contorno. Além disso,
analisou modelos com tensões residuais e imperfeições, definidas por Smith (1991). Hu não
estudou o efeito de interação entre a placa e o reforço.
Hughes e Ma (1996) [15], numa primeira parte, fazem um estudo analítico usando o
método de energia para determinar o comportamento do flambagem lateral torcional
10
(tripping) para reforços assimétricos, sujeitos a compressão axial, momento fletor, pressão
lateral e as combinações deles. Analisou os casos de alma rígida e alma flexível, assim
como o efeito das restrições rotacionais fornecidas da placa ao reforço, e verificou suas
formulações com programa de elementos finitos. Numa segunda parte [16], estendeu seu
modelo para a zona inelástica, onde incorpora os efeitos de distorções transversais, a largura
efetiva, plasticidade e o comportamento pós-colapso. Por último ele faz uma comparação de
seus resultados com os dados experimentais feitas por Smith, Faulkner e os valores obtidos
com o método de Adamchack.
Hughes (1996) [17], num capítulo do livro, apresenta expressões para o cálculo das
tensões críticas para os diferentes modos de flambagem, onde considera uma relação de
esbelteza real, é dizer, toma em conta o efeito que ocorre para grandes valores de aspecto do
painel e, além disso, considera o efeito de largura efetiva. Faz menção que o tripping e o
flambagem da placa interatuam, mas ocorre se não é um o outro, dependendo das
proporções da chapa e o reforço.
11
Hu, Chen e Sun (2000) [21], formularam uma equação diferencial para a flambagem
torcional para painéis reforçados sob carga combinada de compressão axial e pressão lateral,
resolvendo o problema de autovalores com o método de Galerking. Na sua formulação toma
em conta a restrição rotacional fornecida pela placa. Faz uma comparação com e sem flexão
da alma para o reforço tipo T para as distintas pressões laterais. Propõe uma estimação da
tensão crítica para o tripping considerando o efeito da carga lateral.
Scott A. Patten (2006) [24], na sua tese realizou uma análise de falha por tripping de
painéis reforçados considerando excentricidade inicial transversal do flange do reforço.
Utilizou dois métodos atuais para determinar a tensão crítica por tripping: a primeira foi
utilizando o programa de análise por elementos finitos, ABAQUS; e o segundo foi pelo
programa de tensão última de forma fechada, ULSAP. Por último, utiliza o método de viga-
coluna inelástica para calcular a tensão última dos painéis reforçados, por médio do
ULTBEAM, que é um programa sensível às deflexões iniciais.
12
Grondin, Wang e Elwi (2006) [25], como uma segunda parte do trabalho anterior,
fazem testes experimentais de quatro painéis com reforço tipo T a escala real, de acordo com
os parâmetros geométricos adimensionais, com o objetivo de obter um estudo da interação
de flambagem, considerando cargas excêntricas, imperfeições iniciais e tensões residuais.
Para validar suas análises numéricas com modelos de elementos finitos, foram comparados
com os testes.
13
3. Fundamento Teórico
3.1. Introdução
15
Figura 3.2 Comportamento do colapso de uma placa sob carregamento axial
compressivo. [26]
16
3.3. Modos de falha de painéis enrijecidos
- Falha global induzida pela placa. É caracterizada por ser uma flambagem
simultânea do reforço e da placa, este modo de falha é similar à de uma coluna elástica
devido a sua esbeltez excessiva. Diz-se que é falha induzida pela placa quando acontece
com o reforço no lado convexo da placa. Figura 3.3.a.
17
Figura 3.3. Principais modos de falhas de um painel enrijecido. (a) Falha global
induzida pela placa. b) Falha global induzida pelo reforço. (c) Falha da placa. (d) Tripping
dos reforços. [22]
O modo de falha induzido pelo reforço é critico para chapas robustas e reforços com
distorções severas enquanto, é dizer são mais sensíveis às distorções no reforço; enquanto o
modo de falha induzido pela chapa é critico para chapas esbeltas e pequenas deformações no
reforço.
Paik [27] faz menção que o tripping surge da falha induzida pelo reforço, quando a
relação altura da alma do reforço com a espessura é grande, e/o quando o tipo de flange do
reforço é inadequado para permanecer reto assim que a alma do reforço flamba ou torciona-
se.
18
Os principais modos de falha de painéis enrijecidos foram mostrados, embora é
possível, que alguns modos de falha poderiam interatuar entre eles e de forma
simultaneamente. Comumente, o modo de falha de tripping dos reforços ocorre depois do
modo de falha da placa, como um modo de falha secundário. Embora, isto não é sempre o
caso, o tripping pode tomar lugar como modo de falha primário a qual pode ser pernicioso.
Os pioneiros em estudar a iteração entre eles são Grondin et al. [22].
Outros autores, como Paik [26], quem faz a diferença entre o tripping e o flambagem
local da alma do reforço, considerando o mesmo conceito unicamente no caso quando o tipo
de reforço é de barra, como se ilustra na Figura 3.4.
Figura 3.4. Modo de falha por tripping dos reforços de tipo barra.
19
- Falha local da alma do reforço. A alma do reforço num painel enrijecido pode
flambar localmente, como é mostrado na Figura 3.5. Tais ocorrências algumas vezes pode
ser um fenômeno repentino resultando uma queda do painel enrijecido, particularmente com
o uso de reforços do tipo barra. A flambagem local da alma do reforço e a flambagem da
chapa entre os reforços normalmente interatuam, ao igual do que modo de falha por
tripping, eles podem tomar lugar em qualquer ordem, dependendo das dimensões das chapas
e dos reforços.
Paik et al. [28] mostra uma equação empírica que poderia ser utilizada para predizer a
tensão de flambagem da alma do reforço em função da rigidez torcionais da chapa e do
flange.
Pelo exposto anteriormente, neste trabalho a flambagem local da alma do reforço vai
ser considerada como tripping do reforço, já que ao flambar a alma será considerada que o
reforço todo flambou.
20
3.4. Conceito básico do flambagem torcional dos reforços.
Figura 3.6. Curvas características de tensão versus deformação dos distintos tipos de
modos de falha de painéis enrijecidos. [22]
21
Na Figura 3.6 são mostradas as curvas características de tensão versus deformação
normalizada dos distintos tipos dos modos de falha de painéis, observando-se que o tripping
dos reforços, em relação a outros modos de falha, tem a característica de ter uma queda
brusca logo de atingir a sua capacidade máxima.
Outra característica do tripping é mostrada na Figura 3.7, que para reforços simétricos
(tipo T), o modo de distorção optado é do tipo U, onde a direção da rotação dos reforços é
de forma alterna, porque envolve menor energia de deformação elástica na chapa, que
poderia rotar um pouco para o reforço se acomodar.
22
deformação do balanço torcional, da flexão lateral e warping, e pela deformação rotacional
da mola, obtendo a seguinte formulação para a tensão de tripping elástico:
𝐺𝐽 𝑚2 𝜋2 𝐸𝑇𝑝 𝐶𝑠 𝐿2
𝜎𝐸𝑇 = + + (3.1)
𝐼𝑝 𝐿2 𝐼𝑝 𝐼𝑝 𝑚2 𝜋2
𝑇𝑝 = 𝐼𝑧 . 𝑧 2 + Γ (3.2)
23
Na Equação (3.1), o Cs, a rigidez rotacional da mola por unidade de comprimento,
poderia ser derivada como:
2
𝐸𝑡𝑝 3 𝑚.𝑏𝑝 2
𝐶𝑠 = [1 + ( ) ] (3.3)
2.73𝑏𝑝 𝐿
𝐸𝑡𝑝 3
𝐶𝑠 = (3.4)
3𝑏𝑝
Faulkner propõe que a restrição rotacional poderia ser aproximada por uma iteração
linear baseada na análise do comportamento dinâmico de painéis de navios:
𝐶 𝜎 𝜎
+ = 1 para ≤ 2 (3.5)
𝐶𝑠 𝜎𝑐𝑟 𝜎𝑐𝑟
2 2
𝜋2 𝑡𝑝 𝑚𝑜 𝑏𝑝 𝐿
𝜎𝑐𝑟 = 𝐸( ) [ + ] (3.6)
12(1−𝜈2 ) 𝑏𝑝 𝐿 𝑚𝑜 𝑏𝑝
𝑚2 𝜋2 𝐸𝑇𝑝 𝐶𝑠 𝐿2 𝐶𝑠 𝐿2
𝜎𝐸𝑇 = (𝐺𝐽 + + )⁄(𝐼𝑝 + 𝑘) (3.7)
𝐿2 𝑚2 𝜋 2 𝑚2 𝜋2 𝜎𝑐𝑟
24
O coeficiente k é uma tentativa para incluir a iteração entre a placa e o reforço tendo
sido recomendado os valores de 1, 0, 0,5 e 0 para mo/m = 1, 2, 3 e superior, respectivamente.
(3.8)
1
𝐶𝑟 = ℎ 𝑡𝑝 3
(3.9)
1 + 0.4( 𝑤 )( )
𝑏𝑝 𝑡𝑤
Paik [26] apresenta uma equação fechada para o cálculo da tensão de tripping elástico,
que considerada a alma do reforço rígido sem a restrição rotacional da chapa, aplicando o
principio da mínima energia potencial, justificando que se a chapa flamba antes do tripping
ocorrer, a chapa forneceria uma restrição rotacional bastante pequena a qual pode ser
desprezada. A equação obtida para o cálculo da tensão do tripping elástico é a seguinte:
𝑀𝑖𝑛𝑖𝑚𝑜 𝐺𝐽 𝐸𝐼𝑧 ℎ𝑤 2 𝑚2 𝜋2
𝜎𝐸𝑇 = { + } (3.10)
𝑚 = 1, 2, … 𝐼𝑝 𝐼𝑝 𝐿2
25
Hu e al. [21] mostraram que o efeito da flexão da alma pode ser ignorado para as
relações de hw/tw pequenos, mas o efeito do seu desprezamento da alma rígida pode resultar
superestimado na tensão elástica de tripping para relações de hw/tw maiores. Sociedades
classificadoras como a DNV [29] têm adotado esta equação para o cálculo de tensões de
tripping elástico, fazendo uma correção por plasticidade que será mostrada a seguir.
1 1+𝜇 1 1+𝜇 2 1
𝜎𝐼𝑇 ) − √4 (1 +
= { 2 (1 + 𝜆2𝑒 𝜆2𝑒
) − 𝜆2𝑒
𝑠𝑒 𝜆𝑒 > 0.6
𝜎𝑜
1.0 𝑠𝑒 𝜆𝑒 ≤ 0.6
(3.12)
26
onde μ e λe , são chamados de parâmetro geométrico e esbeltez torcional reduzida,
respectivamente, e são calculados do seguinte modo:
𝜎
𝜇 = 0.35(𝜆𝑒 − 0.6) e 𝜆𝑒 = √𝜎𝑜𝑇 (3.13)
𝐸
Finalmente a tensão média última do painel pelo modo de falha por tripping é
aproximado com o método de Faulkner [18], que pondera pela porcentagem da área efetiva
na área total, expressado da seguinte forma:
𝐴𝑆 + 𝑏𝑒 𝑡𝑝
𝜎𝑈𝑇 = 𝜎𝐼𝑇 [ ] (3.14)
𝐴𝑆 + 𝑏𝑝 𝑡𝑝
27
Figura 3.9. Distribuição das tensões real e a idealizada em uma chapa a compressão axial.
[18]
Foi von Karman (1924) quem desenvolveu uma expressão da largura efetiva da chapa,
mostrando a ser equivalente a:
𝑏𝑒 𝜎
= √ 𝑐𝑟 (3.15)
𝑏𝑝 𝜎 𝑜
28
imperfeições inicias. Respeito a isto, Winter modificou a equação de von Karman como
segue:
𝑏𝑒 𝜎 𝜎
= √ 𝑐𝑟 (1 − 0.25√ 𝑐𝑟 ) (3.16)
𝑏𝑝 𝜎 𝑚𝑎𝑥 𝜎 𝑚𝑎𝑥
Uma das expressões de largura efetiva típicas para tensões compressivas de placas
longas, as quais são freqüentemente utilizadas pelas sociedades classificadoras é dado da
seguinte forma:
𝑏𝑝 𝜎
𝛽𝑝 =
𝑡𝑝
√ 𝐸𝑜 (3.18)
29
4. Estudo Paramétrico
tp espessura da placa.
30
ν relação de Poisson para o aço.
Figura 4.1. Vista da seção transversal de uma chapa enrijecida com um reforço tipo T
com sua respectiva nomenclatura
31
4.1. Justificativa da variação das espessuras para o estudo paramétrico
Como o propósito deste estudo não é propor uma regra de desenho especifico para
painéis enrijecidos de navios tanques para evitar o tripping dos reforços, mas sim de
pesquisar como parâmetros relacionados influem no comportamento pós-colapso quando
estão sob carregamento axial, e devido à grande quantidade de parâmetros existentes, optou-
se pela variação das espessuras devido a dois motivos principais:
Projeção de painéis.
Corrosão
32
navios tanques do fundo de 0,2 mm por ano ou 0,5 mm por 2,5 anos, que é o tempo de
vistoria na maioria de casos [30]. Na Figura 4.2 são mostradas as nomenclaturas das
espessuras consideradas nas etapas de uma construção nova e nas de serviço.
Figura 4.2. Nomenclatura das espessuras nas etapas de construção nova e de serviço
considerando a corrosão. [30]
tw, tf e bp), mantendo os demais parâmetros constantes, para as mesmas condições de carga
e de contorno. Os únicos parâmetros que não foram variados durante todo o estudo
paramétrico são o comprimento do painel (L), a altura da alma do reforço (hw), a largura do
flange (bf) e o material que é o mesmo tanto pra o reforço como para a chapa (𝜎𝑜𝑠 =
𝜎𝑜𝑝 = 𝜎𝑜 ), com a única finalidade de procurar manter as novas dimensões, o mais fechado
possível das dimensões do projeto original.
34
4.3.1. Variação da espessura da chapa, tp
1,2
0,8
σmL/σo
0,6
0,4
tp = 21mm
tp = 17mm
0,2
tp = 13 mm
tp = 9 mm
0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5
εmL/εo
Figura 4.3. Efeito da variação da espessura da chapa, tp, na curva tensão-
deformação do conjunto chapa-reforço.
35
reforçado tendem a diminuir consideravelmente, chegando até a um 74,2% da tensão de
escoamento para uma esbeltez de 3,48; e as suas deformações respectivas ocorrem antes do
1,2
0,8
σmL/σo
0,6
0,4
0,2
tp = 21mm tp = 17mm
tp = 13mm tp = 9 mm
0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5
εmL/εo
Figura 4.4. Efeito da variação da espessura da chapa, tp, na curva tensão-deformação
na chapa.
36
longitudinalmente com reforços do tipo barra foi observado por Caridis [20], quem
mediante um estudo revelou que o incremento da esbeltez da chapa e do reforço mostrou
uma redução na sua rigidez em ambos, enquanto um incremento na esbeltez da chapa causa
uma redução de nas tensões máximas do reforço.
1,2
0,8
σmL/σo
0,6
0,4
εmL/εo
37
O efeito da variação da espessura da alma do reforço na curva tensão-deformação da
chapa enrijecida é mostrado na Figura 4.6, identificando-se uma ligeira influencia sob a
tensão máxima longitudinal, mas sendo acentuada a sua influência no comportamento pós-
colapso, com o incremento da esbeltez da alma do reforço.
1,2
0,8
σmL/σo
0,6
0,4
εmL/εo
Figura 4.6. Efeito da variação da espessura da alma do reforço, tw, na curva tensão-
deformação do conjunto chapa-reforço.
É notório para o ultimo caso, como é mostrado na Figura 4.7, onde se reduz a
espessura da alma do reforço até 7 mm, logo de chegar ao colapso tem uma queda abrupta
na sua resistência em comparação com os demais modelos.
38
1,2
0,8
σmL/σo
0,6
0,4
0,2
tw = 13mm tw = 11mm
tw = 9mm tw = 7mm
0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5
εmL/εo
Figura 4.7. Efeito da variação da espessura da alma do reforço, tw, na curva tensão-
deformação do reforço.
Figura 4.8. Modo de falha local na alma do reforço do modelo com tw = 7 mm.
(amplificado 20 vezes)
39
O modo de falha nos primeiros casos é de falha da chapa localmente a qual leva
posteriormente a um flambagem global, mas no ultimo caso a falha é local, na alma do
reforço, que ocorre quase simultaneamente com a falha local da chapa, levando cada vez
mais perto a acontecer o tripping, como é mostrado na Figura 4.8.
1,2
0,8
σmL/σo
0,6
0,4
tf = 18mm tf = 12mm
0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5
εmL/εo
Figura 4.9. Efeito da variação da espessura do flange do reforço, tf, na curva tensão-
deformação do conjunto chapa-reforço.
40
De igual forma, o efeito da variação da espessura do flange causa um efeito pouco
influente sob a tensão máxima do painel, mas sim no seu comportamento pós-colapso, que
com o aumento da esbeltez do flange causa uma diminuição na resistência no regime pós-
colapso, tal e como é mostrado na Figura 4.9.
1,2
0,8
σmL/σo
0,6
0,4
tf = 18mm tf = 12mm
0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5
εmL/εo
Figura 4.10. Efeito da variação da espessura do flange do reforço, tf, na curva tensão
deformação do reforço.
41
4.3.4. Variação da razão de aspecto, α
Variou-se a largura das chapas (separação entre reforços), mantendo constante seu
comprimento, com o objetivo de variar as razões de aspecto dos painéis incrementando
desde o valor do modelo original. Em total quatro modelos foram analisados e comparados,
com as seguintes larguras: 855, 1 000, 1 250, 1 500 mm as que correspondem a uma razão
de aspecto de α de 5,6, 4,8, 3,84 e 3,2 respectivamente, e com um número de meias-ondas
na direção longitudinal de 6, 5, 4 e 3, na mesma ordem, correspondentes aos modos de
flambagem elástico de cada largura da chapa.
1,2
0,8
σmL/σo
0,6
0,4
42
do mesmo jeito como ocorrido no incremento da esbeltez da chapa diminuindo a sua
espessura; e isto devido a que a razão de aspecto da chapa foi diminuída com o incremento
da largura mantendo constante o comprimento. Com o aumento da largura da chapa, é
incrementada a esbeltez da chapa, incrementando sua flexibilidade, reduzindo a resistência
na chapa.
1,2
0,8
σmL/σo
0,6
0,4
εmL/εo
Figura 4.12. Efeito da variação da razão de aspecto da chapa, α, curva tensão
deformação da chapa.
Com o incremento da largura da chapa, sua razão de aspecto é variada, e pelo tanto
implica a variação do seu primeiro modo de flambagem, reduzindo-se o número de meias-
ondas para estes casos. Por aquilo, as imperfeições são modificadas para cada uno dos
modelos, coincidindo o número de meias-ondas com o modo do flambagem elástico do
painel, e a sua amplitude varia conforme a sua largura, tal e como é recomendada pela DNV
[31]. Estas variações contribuem com a perda de resistência tanto na chapa como no painel.
43
1,2
0,8
σmL/σo
0,6
0,4
εmL/εo
Figura 4.13. Efeito da variação da razão de aspecto da chapa, α, curva tensão
deformação do reforço.
44
α = 5,6 α = 5,6
α = 4,8 α = 4,8
α = 3,8 α = 3,8
α = 3,2 α = 3,2
Figura 4.14. Lado esquerdo: O primeiro modo de flambagem elástico para as distintas
razões de aspectos dos painéis. Lado Direito: Modos de colapso para cada razão de
aspecto de cada painel.
45
4.4. Análises dos resultados da variação dos parâmetros individualmente
Realizaram-se simulações numéricas para cada um dos modelos variando sua
espessura e largura, considerando os elementos apropriados para analises de estruturas de
casca finas que serão mencionados com mais detalhes no próximo capítulo, incorporando
imperfeições geométricas e comportamentos não-lineares de material e geométrico.
Nas curvas mostradas podemos concluir que uma variação da espessura da chapa tem
uma grande influência sob as tensões máximas e sob seus comportamentos no regime pré e
pós-colapso da placa enrijecida, chegando a serem mais instáveis para um incremento da
esbeltez flexional transversal da placa, βp, além possui uma influência sob a resistência e o
seu comportamento do reforço adjunto, pudendo acelerar o modo de falha por tripping,
dependendo da geometria do reforço.
Para o caso da variação da razão de aspecto, observou-se uma grande influência sob as
tensões máximas e sob os comportamentos no regime pós-colapso da placa enrijecida,
presenciando uma maior instabilidade com o incremento da largura, devido ao incremento
da esbeltez flexional transversal da placa, do mesmo modo do que quando se aumentou a
46
esbeltez da chapa, no primeiro caso. De igual forma, tem uma influência na tensão máxima
e o seu comportamento do reforço adjunto, fazendo-o mais instável com o incremento da
separação entre os reforços, induzindo um possível modo de falha nos reforços.
Modelo 1 2 3 4 5 6 7 8
tp (mm) 21 21 21 21 13 13 13 13
tw (mm) 13 13 7 7 13 13 7 7
tf (mm) 30 15 30 15 30 15 30 15
47
1
0,8
0,6
σmL/σo
0,4
0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5
εmL/εo
Figura 4.15. Curva tensão-deformação das placas enrijecidas dos modelos com
espessuras tp = 21 mm.
Para uma espessura de chapa de 21 mm, é visível na Figura 4.15, que as variações da
espessura do flange têm influência no comportamento pós-colapso para almas com
espessuras relativamente maiores, enquanto para almas com maior esbeltez, a variação da
espessura do flange, quase não tem influência. É perceptível também que, as variações da
espessura da alma e do flange têm pouca influencia sob as tensões máximas do painel
enrijecido. Incrementando a esbeltez da alma do reforço é observado um decréscimo da
tensão na zona pós-colapso, sendo mais instáveis. As tensões máximas em este primeiro
grupo, com espessura de 21 mm, variam entre 91,7 % e 87,8 % da tensão de escoamento do
material.
48
1
0,8
σmL/σo
0,6
0,4
0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5
εmL/εo
Figura 4.16. Curva tensão-deformação das placas enrijecidas dos modelos com
espessuras tp = 13 mm.
49
1,2
0,8
σmL/σo
0,6
0,4
εmL/εo
Figura 4.17. Curva tensão-deformação do reforço central dos modelos com
espessuras tp = 21 mm.
50
1,2
0,8
σmL/σo
0,6
0,4
0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5
εmL/εo
Figura 4.18. Curva tensão-deformação do reforço central dos modelos com
espessuras tp = 13 mm.
51
1,2
0,8
σmL/σo
0,6
0,4
εmL/εo
0,8
σmL/σo
0,6
0,4
εmL/εo
Figura 4.20. Curva tensão-deformação da chapa dos modelos com tp = 13 mm.
52
Pode-se observar que para chapas de maior robustez o seu comportamento quase não
possui mudança, independente das variações das espessuras do reforço. Enquanto, para
chapas com maior esbeltez, observa-se uma ligeira diferença no seu comportamento,
dependendo da geometria do reforço adjunto, sendo inferior para reforços de menor esbeltez
na alma do reforço.
Para ampliar o campo de observação para o modo de falha por tripping dos reforços
foram modelados painéis e indicados os modos de falha principais, variando a espessura da
chapa de 15 a 27 mm, a espessura da alma do reforço de 7 a 13 mm, e por último a
espessura do flange do reforço para os valores de 30, 15 e 10 mm.
53
Nas Figuras 4.21, 4.22 e 4.23 são ilustradas as mudanças dos dois modos de colapso
principais observados: colapso da chapa e tripping dos reforços. Para uma espessura do
flange de 30 mm, o modo de falha predominante é o colapso da chapa, na qual o seu colapso
causa posteriormente um colapso no reforço, que vai se antecipando cada vez mais com o
incremento das espessuras da chapa e com a redução das espessuras do reforço. Na Figura
4.21 foram observados dois casos de tripping como falha principal.
14
13
12
11
tw (mm)
Colapso da
chapa
10
Tripping dos
9 reforços
6
14 16 18 20 22 24 26 28
tp (mm)
Figura 4.21. Variação dos modos de falha observados para tf = 30 mm.
54
14
13
12
11
tw (mm)
Colapso da
chapa
10
Tripping dos
9 reforços
6
14 16 18 20 22 24 26 28
tp (mm)
Figura 4.22. Variação dos modos de falha observados para tf = 15 mm.
14
13
12
11
tw (mm)
Colapso da
10 chapa
9 Tripping dos
reforços
8
6
14 16 18 20 22 24 26 28
tp (mm)
55
Figura 4.24. Exemplo do tripping dos reforços como modo de falha principal achada no
estudo paramétrico.
𝑏𝑝 𝜎
𝛽𝑝 =
𝑡𝑝
√ 𝐸𝑜 (4.1)
𝐿 𝑜 𝜎
𝜆 = √ (4.2)
𝑟 𝐸
onde:
bp :largura da chapa
tp :espessura da chapa
L :comprimento do painel
56
r :raio de giração da combinação chapa-reforço
σo :tensão de escoamento do material
E :módulo de elasticidade
Como um exemplo, Paik & Thayamballi [32] desenvolveu uma formula empírica para
predeterminar a tensão última da combinação placa-reforço sob compressão axial em função
de βp e λ, baseados em dados de testes mecânicos existentes, considerando imperfeições
iniciais de nível médio.
Por outro lado, Zhang e Khan [33], para determinar uma equação semi-analítica que
calcule a tensão última de painéis de navios em função da esbeltez da chapa e a relação da
esbeltez da coluna, realizaram uma revisão sobre as dimensões dos painéis do fundo de
navios contemporâneos, na região da meia nau de doze navios tanques com casco duplo e
dez navios graneleiros, com comprimentos que variam entre 150 m e 400 m, e com uma
razão de aspecto das placas entre 3,5 e 6,7. Estes parâmetros da esbeltez da chapa e da
esbeltez da coluna em função do comprimento do navio foram aproveitados e são inseridos
os valores dos parâmetros do navio em estudo, como são mostrados nas Figuras 4.25 e 4.26.
Cujos valores dos parâmetros estão dentro de uma faixa adotada para navios similares
atuais.
57
2,5
1,5
βp
Outros navios
0,5
Navio de estudo
0
150 200 250 300 350 400
Figura 4.25. Relação de esbeltez da chapa do fundo βp para a região da meia nau de
navios tanques e graneleiros. [33]
0,5
0,4
0,3
λ
0,2
Outros navios
0,1
Navio de estudo
0
150 200 250 300 350 400
Figura 4.26. Relação da esbeltez do reforço do fundo λ para a região da meia nau de
navios tanques e graneleiros. [33]
58
2,5
1,5
βp
Outros navios
0,5
Estudo Paramétrico
0
150 200 250 300 350 400
Figura 4.27. Comparação dos valores da relação de esbeltez da chapa do fundo βp dos
navios tanques e graneleiros com os valores do estudo paramétrico.
0,50
0,40
0,30
λ
0,20
Outros navios
0,10
Estudo Paramétrico
0,00
150 200 250 300 350 400
Comprimento do navio (m)
Figura 4.28. Comparação dos valores da relação de esbeltez da coluna do fundo λ dos
navios tanques e graneleiros com os valores do estudo paramétrico.
59
Nas Figuras 4.27 e 4.28 são comparados os valores da relação de esbeltez da chapa e
do reforço, respectivamente, com os valores obtidos das variações das espessuras em cada
elemento (tp, tw e tf), realizados no estudo paramétrico, mostrando que os valores ainda são
localizados dentro da faixa utilizados por navios similares atuais.
É sabido que painéis característicos de navios tanques possuem uma esbeltez de chapa
βp relativamente robusta, para que no casso de que a falha local na chapa ocorra, esta
aconteça perto á tensão de escoamento do material.
Embora, estes painéis também são projetados com uma esbeltez de coluna do
enrijecedor λ relativamente pequena, para evitar o modo de falha global, seja o induzido
pela chapa ou pelo reforço; sendo assim, maior a probabilidade da falha por tripping dos
reforços ou falha da chapa, ou a iteração entre eles.
A esbeltez da chapa, além de prover uma noção da sua robustez, para evitar a sua
possível falha local, é um dos parâmetros adimensionais mais importantes na projeção de
painéis enrijecidos por que tem influência direta sob a capacidade de carga global e também
no seu modo de falha. Da mesma forma, o parâmetro de esbeltez da coluna λ dá uma noção
da possível falha global da chapa com o reforço. Pelo expresso, é considerado que os
parâmetros mencionados são insuficientes para dar uma noção da possível falha local do
reforço (tripping) à que poderia estar submetido o painel.
60
apoio para o desenvolvimento de formulações para predizer as tensões de flambagem como
função da rigidez torcional dos membros de apoio ao longo de suas bordas.
𝐺𝐽𝑆
𝜁𝑠 = (4.3)
𝑏𝑝 𝐷
1
𝐽𝑆 = 3
(ℎ𝑤 𝑡𝑤 + 𝑏𝑓 𝑡𝑓3 ) (4.4)
3
3 + 𝑏 𝑡 3)
1,4 (ℎ𝑤 𝑡𝑤 𝑓 𝑓
𝜁𝑆 = (4.5)
𝑏𝑝 𝑡𝑝3
61
3,0
2,5
tw
2,0
Colapso da
chapa
ζs
1,5 tp
Tripping dos
1,0 reforços
0,5
0,0
0,10 0,15 0,20 0,25
λ/βp
Figura 4.29. Variação dos modos de falha para uma esbeltez do flange βf = 0,185,em
função de ζs e λ/βp
Na Figura 4.29, é observado que para baixos valores da relação de esbeltez do flange,
os valores de ζs são relativamente altos em relação aos outros dois casos, mas vai
decrescendo com o incremento da espessura da chapa ou com a redução da sua esbeltez.
Foram achados em total dois modos de falha por tripping com o incremento da relação λ/βp
e para uma baixa relação de ζs.
62
0,9
0,8
0,7
0,6
0,5 tw
Colapso da
ζs
tp chapa
0,4
0,1
0,0
0,10 0,14 0,18 0,22 0,26 0,30
λ/βp
Figura 4.30. Variação dos modos de falha para uma esbeltez do flange βf = 0,37, em função
de ζs e λ/βp
Nota-se que cada vez que é incrementada a esbeltez do flange, a região de ocorrência
do tripping vai acrescentando, e a sua vez vai se deslocando para posições da relação de
λ/βp maiores, para os mesmos valores de espessura de chapa e alma do reforço. Figura 4.31.
63
0,7
0,6
0,5
0,4
Colapso da
ζs
chapa
0,3
tw tp
Tripping dos
reforços
0,2
0,1
0,0
0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35
λ/βp
Figura 4.31. Variação dos modos de falha para uma esbeltez do flange βf = 0,55, em função
de ζs e λ/βp
Nos gráficos apresentados devemos ter em consideração que uma redução excessiva
da espessura da chapa, afasta ao painel de ter como falha principal ao tripping,
incrementando assim a probabilidade do modo de falha local da chapa como falha principal,
mas isto não é recomendável, já que de acordo com o estudo paramétrico a esbeltez da
chapa é um fator predominante sob a tensão máxima do painel. Por outro lado, um
incremento excessivo do parâmetro λ/βp, incrementando tal vez a esbeltez de coluna do
painel, ou reduzindo a esbeltez da chapa, poderia mudar o modo de falha de tripping para o
modo de falha global induzido pelo reforço, sendo o mais comum das transições dos modos
de falhas [25].
Estas gráficas das variações dos modos de falha podem ajudar ao projetista, a
determinar a região dos modos de falha na que os parâmetros se localizam, e para ter noção
64
das variações a realizar nos parâmetros para se localizar numa região, onde o modo de falha
por tripping esteja longe de acontecer.
4.9. Modo de falha por tripping dos reforços de acordo com DNV.
A guia de desenho proposta pela DNV [29], para o cálculo das tensões de flambagem
de painéis enrijecidos, foi considerada nesta pesquisa, devido a que provê um procedimento
compressivo para o seu cálculo.
A DNV considera três modos de falha globais: flambagem global induzida pela placa,
flambagem global induzido pelo reforço e o tripping dos reforços, sendo a falha local da
chapa um item aparte. Parte das recomendações são códigos para painéis enrijecidos com
uma carga generalizada, que podem ser simplificados para o caso de carga uniaxial, mas os
cálculos são categorizados em pressão lateral no lado placa e pressão lateral no lado do
reforço.
Na Figura 4.32 são mostradas as variações das tensões no modo de falha por Euler e
do tripping dos reforços, com/sem as correções por plasticidade, de acordo com as
recomendações da DNV [29], versus a esbeltez efetiva do enrijecedor com a chapa adjunta
(λe). Podem ser achadas também as tensões máximas obtidas dos modelos numéricos
utilizados no estudo paramétrico, além, é localizada a esbeltez efetiva da coluna para o
modelo base, sendo um valor relativamente pequeno (λe = 0,256) e de acordo às
recomendações da DNV, o painel colapsaria por tripping dos reforços; se a tensão de
flambagem da chapa fosse maior.
65
1,2
λe = 0,2561
1
0,8
σ/σo
0,6
0,4
0,2
0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4
λe
Figura 4.32. Comparações das tensões críticas de acordo com a DNV e tensões
máximas das simulações numéricas versus a esbeltez efetiva da coluna.
66
atender aos requerimentos do controle do flambagem, da Seção 13 [35]. Na Tabela 4.2 um
resumo dos mínimos requeridos para as chapas e longitudinais do fundo de acordo com a
DNV, e comparadas com os elementos do painel do fundo do navio utilizado como modelo
para o estudo.
𝐺𝐽 𝐸ℎ𝑤 2 𝜋2 𝐼𝑓
𝜎𝐸𝑇 = + ( ) (4.6)
𝐼𝑝 𝐿2 𝐼𝑝
Onde para reforços simétricos do tipo T, o Ip: momento polar de inércia do reforço em
relação ao pé e If: momento de inércia do reforço em relação ao centróide do reforço
paralelo à alma, são calculados respectivamente da seguinte forma:
3
𝑡𝑤 ℎ𝑤 𝑡𝑤 3 ℎ𝑤 𝑏𝑓 𝑡 𝑓 3 𝑏𝑓 3 𝑡 𝑓
𝐼𝑝 = + + + + 𝑏𝑓 𝑡𝑓 ℎ𝑤 2 (4.7)
3 12 3 12
67
𝑏𝑓 3 𝑡 𝑓
𝐼𝑓 = (4.8)
12
tf (mm) tw (mm)
68
Tensão Torcional (N/mm2)
tf (mm) tw (mm)
69
Tensão Lateral (N/mm2)
tf (mm)
tw (mm)
tf (mm) tw (mm)
70
Para valores pequenos da espessura da alma e do flange do reforço, obtêm-se um valor
relativamente alto da tensão lateral, que vai se reduzindo com o incremento da espessura da
alma, caso contrario do que acontece com a contribuição da tensão torcional. Igual modo
acontece com a contribuição para espessuras maiores do flange. No caso de um reforço do
tipo barra chata ou do tipo bulbo, a contribuição da parte lateral é praticamente nula,
dependendo unicamente da tensão torcional do reforço.
De acordo á Equação (4.6), para minimizar a possibilidade de que o painel falhe por
tripping dos reforços, como modo de falha principal, é optar por parâmetros geométricos
que tenham uma máxima rigidez torcional possível do reforço GJ e com uma alta relação de
If/Ip. A segunda relação pode-se conseguir com um Ip pequeno, e como é observado na
Equação (4.7) isto seria mais fácil de conseguir com uma redução da sua altura, mas isso é
contrario ao desejo de maximizar o momento de inércia vertical (Ix) a qual é requerida para
obter uma rigidez à flexão vertical. Enquanto, ao If é desejado um valor maior, isto cresceria
rapidamente com o incremento da largura do flange do reforço, mas este incremento poderia
levar a uma flambagem local do flange. Considerando um reforço ótimo resistente ao modo
de falha por tripping do reforço variando as suas larguras e alturas, é comprometer ao
reforço com a sua resistência à flexão vertical que é a sua função principal, como se ilustra
na Figura 4.37.
ruim
melhor
melhor melhor
mais eficiente? mais eficiente?
Figura 4.37. Comparações das eficiências ao modo de falha por tripping dos diferentes
tipos de reforços.
71
Pelo expresso anteriormente, as projeções dos reforços em navios possuem uma
espessura do flange muito maior em comparação com as espessuras empregadas para as
almas dos reforços, para evitar o modo de falha por tripping. Como exemplo tem ao modelo
base utilizado nesta tese, quem possui uma espessura da alma de 13 mm adjunta a um flange
de 30 mm. Além, estes reforços são projetados com maior altura para evitar o modo de falha
global, e com almas robustas para evitar a ocorrência de uma possível falha local.
x 100000000
4,5
4,0
3,5
tw
3,0
EIx/Dbp
2,5
2,0
tf = 30 mm
1,5 tf = 25 mm
1,0 tf = 20 mm
tf
tf = 15 mm
0,5
tf = 10 mm
0,0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2
GJ/Dbp
Figura 4.38. Rigidez à flexão vertical versus a rigidez torcional dos reforços em relação à
rigidez à flexão da chapa.
72
Observe-se que o ganho da rigidez torcional é mais sensível com a variação da
espessura do flange do reforço que com a variação da espessura da alma. É dizer, a rigidez
torcional incrementa rapidamente com o incremento da espessura do flange. Por outro lado,
a rigidez à flexão vertical o ganho para espessuras de flanges menores é pouco em
comparação ao ganho para espessuras do flange maiores, enquanto se incrementa a
espessura da alma.
Smith et al. [4] estudou as magnitudes das imperfeições iniciais em painéis enrijecidos
agrupando-os em três níveis : leve, média e severa; que são expressas em função da
espessura da chapa (tp) e do seu parâmetro de esbeltez da chapa (βp), que a sua vez está em
função da geometria da chapa e das propriedades do material. As máximas magnitudes das
imperfeições iniciais de cada nível são resumidas na seguinte Tabela 4.3.
73
Tabela 4.3. Níveis das máximas magnitudes das imperfeições iniciais na chapa.
Máxima Imperfeição
Nível
Inicial na chapa (δp)
Leve 0,025*tp*βp2
Média 0,1*tp*βp2
Severa 0,3*tp*βp2
Carlsen [6] demonstrou que as imperfeições nos reforços, como imperfeições globais,
expressas como uma fração do comprimento do painel enrijecido, afeta sua capacidade de
carga do painel, cujas magnitudes máximas das imperfeições iniciais de cada nível são
resumidas na seguinte Tabela 4.4.
Tabela 4.4. Níveis das máximas magnitudes das imperfeições iniciais nos reforços.
Leve 0,00025*Lu
Média 0,0015*Lu
Severa 0,0046*Lu
Cui [36] conclui que a resistência última de chapas retangulares sob carregamento
compressivo não depende somente da amplitude máxima das imperfeições geométricas
iniciais, como também do modo da distribuição das imperfeições, ou seja, o número de
meias ondas.
Gordo e Guedes Soares [37], concluíram que o modo de colapso é o principal fator
determinante do nível de resistência das placas esbeltas, sendo o modo de colapso função de
74
duas condições iniciais, a amplitude máxima e a amplitude relativa dos diversos modos das
imperfeições.
T. Estefen [38] determina que a influência sobre o modo de flambagem das distorções
iniciais que não coincidem com o modo natural de flambagem tem o efeito de aumentar a
resistência ao colapso, enquanto aquelas que coincidem geram os menores valores da tensão
compressiva de colapso.
75
4.11.1. Modelagem das imperfeições geométricas iniciais nos painéis.
Para a seguinte análise de colapso de painéis enrijecidos foi utilizado como modelo
base, o painel característico do fundo central do navio tanque Suezmax utilizado
anteriormente, o qual está conformado por cinco reforços e quatro chapas. As imperfeições
geométricas iniciais foram inseridas à alma do reforço central e nas chapas localizadas aos
lados deste, de forma assimétrica, assumindo os demais elementos estruturais do painel
como perfeitos, tal e como se mostra na seguinte Figura 4.38.
Figura 4.38. Painel utilizado para o estudo das imperfeições iniciais construídos no
CAD.
A Figura 4.39 mostra uma das chapas que serão introduzidas como a chapa com
imperfeição inicial. As magnitudes das imperfeições foram inseridas aos modelos numéricos
dos painéis como imperfeições idealizadas, de acordo com a recomendação da Sociedade
Classificadora DNV [31], que estipula que as amplitudes máximas das imperfeições não
devem ser superiores ao 0,5% do espaçamento entre os reforços. Para o caso das chapas um
wmax = 0,5%*bp = 0,5%*855 = 4,28 mm., e no reforço central um wmax = 0,5%*hw =
0,5%*520 = 2,6 mm isto é considerado para todos os casos, variando só o número de semi-
ondas para m = 1, 2, 4 e 6, na direção longitudinal e mantendo constante com uma semi-
onda na direção transversal (n = 1).
76
Figura 4.39. Chapa com imperfeições geométricas iniciais.
Para modelar a magnitude e modos das imperfeições geométricas iniciais nas chapas e
nos reforços, foram idealizadas a serem do tipo senoidal, utilizando chapas com controle de
variação na superfície gerada de forma automática no programa comercial SOLIDWORKS
[39] utilizando a ferramenta EQUATIONS, a qual é orientada por meio de uma malha de
pontos de controle que possui vinte nove pontos na longitudinal e cinco pontos na direção
transversal da chapa, igualmente espaçados em cada direção. A Figura 4.40 mostra as
imperfeições geradas com o controle de variação da superfície.
77
Estes pontos definem a quantidade de números de meias ondas e as elevações da
superfície, em relação ao comprimento e a largura da chapa das imperfeições geométricas
nas chapas podem ser idealizadas e representadas por meio de uma fórmula como é indicada
pela seguinte expressão:
m.π.x π.y
w(x, y) = wmax . Sen [ ] . Sen [ ] (3.20)
L bp
78
4.11.2. Influência do modo das imperfeições geométricas nos painéis
A Figura 4.44 ilustra os modos de colapso do painel com a variação do número das
meias ondas na direção longitudinal, com uma ampliação de 20 vezes sua deformação, e
para um tempo em que é atingida a tensão última. Pode-se observar que o modo do pós-
colapso adotado pelo painel é do mesmo modo que o modo das imperfeições inseridas na
chapa.
79
1,2
0,8
σmL/σo
0,6
0,4 m=1
m=2
0,2
m=4
m=6
0
0 1 2 3 4 5
εmL/εo
Figura 4.43. Curva tensão versus deformação de um painel modificando o número das
meias ondas das imperfeições iniciais na chapa e reforço central.
m=1 m=2
m=4 m=6
80
4.11.3. Influência das amplitudes das imperfeições geométricas nos painéis
1,2
0,8
σm /σo
0,6
L
0,4
Leve
0,2 Medio
Severo
0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5
εmL/εo
Figura 4.45. Curva tensão versus deformação de um painel modificando a magnitude
das imperfeições iniciais na chapas e reforço central.
81
Em todos os painéis, o incremento das amplitudes máximas das imperfeições
representou uma respectiva diminuição na resistência, antecipando cada vez mais a
ocorrência ao colapso, além do grau de deformação tanto nas chapas como nos reforços.
Leve Médio
Severo
82
5. Modelagem Numérica dos Painéis.
Atualmente, o método de elementos finitos não-linear é considerado uma ferramenta
muito poderosa para investigar as características de respostas de grandes deflexões elástico-
plásticas de placas. Nesta seção, são detalhados os aspectos da modelagem, em termos de
material, geometria do painel, condições de contorno, condições de carga; geometria,
tamanho e a densidade dos elementos de casca utilizados para a malha da estrutura, assim
como os procedimentos na utilização do programa de elementos finitos ABAQUS.
Figura 5.1. Curva tensão-deformação para aço de alta tensão com variação
característica de deformação por encruamento (Eh = módulo tangente da relação tensão
deformação depois do escoamento). [26]
83
A Figura 5.2 mostra o efeito de encruamento por deformação sob o comportamento
de grandes deflexões elástico-plástico da placa sob compressão uniaxial na direção x, como
é obtido pelo elemento finito não-linear. O efeito de encruamento por deformação, a tensão
compressiva última da placa pode ser muito grande como para não ser considerado. Para
avaliações pessimistas de tensões da placa, um modelo de material elástico/perfeitamente
plástico, isto é, sem deformações por encruamento, pode ser considerado suficiente. Mas
note que este modelo de material poderia não ser muito adequado para nossa análise na qual
estamos interessados, que nos descreva um comportamento mais realista do modo de falha
de um painel. É por isso, que um modelo mais realista é tomado em conta, considerando
assim os efeitos de deformação por encruamento e deformação por abrandamento.
84
5.1.1. Curva de material dos aços empregados
Onde σnom e εnom são a tensão e deformação de engenharia, dados obtidos dos testes
de tração do material. A deformação verdadeira, εv, obtida corresponde à deformação total
no material, assim, deve-se decompor o valor da deformação total nas componentes de
deformação elástica e plástica. Então, a componente plástica é obtida subtraindo a
deformação elástica, definida como o valor da tensão verdadeira dividida pelo módulo de
elasticidade, do valor total de deformação, mediante a seguinte expressão:
𝜎𝑣
𝜀𝑝𝑙 = 𝜀𝑣 − 𝜀𝑒𝑙 = 𝑙𝑛(1 + 𝜀𝑛𝑜𝑚 ) − ⁄𝐸 (5.3)
Onde,
εpl : deformação plástica verdadeira.
εv : deformação total verdadeira.
εel : deformação elástica verdadeira.
σv : tensão verdadeira.
E : módulo de Young.
85
de escoamento do material, então, deve-se apresentar uma deformação plástica com um
valor igual à zero.
A curva do material do aço AH32 utilizado para as simulações feitas para o estudo
paramétrico dos painéis enrijecidos requerida pelo programa de elementos finitos
empregado é exposta na Figura 5.3, sendo o módulo de elasticidade e o coeficiente de
Poisson do material são 210 GPa y 0,3 respectivamente.
700
600
500
σv (MPa)
400
300
200
0
0 0,05 0,1 0,15 0,2
Figura 5.3. Curva do material do aço AH32 requerida pelo programa de elementos
finitos.
O código de elementos finitos usado para a análise é ABAQUS [40]. Este código de
elementos finitos é amplamente utilizado nas análises de estruturas não-lineais.
86
deflexões ou com distorções iniciais apresenta um comportamento semelhante ao de casca,
onde as tensões de membrana e de flexão tornam-se significativas.
No programa de elementos finitos existem muitos elementos de casca que faz parte de
sua biblioteca, que poderiam ser utilizados para a modelagem de um elemento estrutural.
Os elementos de casca podem ser distinguidos por sua forma, pode ser triangular ou
quadrilátero; e pelos seus elementos de integração, pode ser elementos de integração
reduzida ou completa.
87
matriz de rigidez. Isto faz o que os elementos de integração reduzida sejam
computacionalmente mais viáveis em esforço computacional, mas por outra parte, quando
estes são utilizados, mais elementos poderiam ser requeridos para reproduzir os modos de
deformação da parte estrutural. Na Figura 5.4 são ilustrados alguns dos distintos elementos
de casca achados na biblioteca do ABAQUS [41].
(a) Elemento de casca S4 (b) Elemento de casca S4R (c) Elemento de casca S3R
com 4 pontos de integração com um ponto de integração com um ponto de integração
88
Figura 5.5. Pontos de integração através da espessura do elemento de casca.
Tomando como base o painel do fundo do navio foram modelados três painéis de
geometria idêntica, com as mesmas condições de carga e contorno, com as mesmas
propriedades de material, com o mesmo numero de elementos na malha, um total de 2080
elementos, com uma razão de aspecto do elemento igual uno; foram mudados unicamente os
tipos de elementos mencionados acima. Na figura 5.6, é ilustrada a curva tensão versus
deformação para os três tipos de elementos de casca.
Os tempos computacionais foram de 1177,4 seg., 651,50 seg. e 602,70 segundos para
os elementos S4, S4R5 e S4R, respectivamente. Reduzir os pontos de integração reduz o
tempo computacional necessário para as análises do modelo, mas isto tipicamente provê
resultados menos aproximados.
89
O tipo de elemento elegido para as análises foi do tipo S4R, por ter menor tempo
computacional em comparação com outros tipos de elementos de casca, o S4R e o S4
descrevem um comportamento similar no regime pós-colapso dos painéis, sendo um fator
importante em nosso estudo.
0,8
σmL/σo
0,6
0,4
S4
0,2 S4R
S4R5
0
0 1 2 3 4 5 6
εmL/εo
Figura 5.6. Curva tensão versus deformação para os distintos tipos de elementos.
90
computacional nas análises e esforço no pós-processamento e na coleta de dados sem a
necessidade de sacrificar a precisão dos resultados obtidos.
Para esse estudo foram utilizados cinco modelos numéricos dos painéis reduzidos do
fundo do casco do navio tanque Suezmax (modelo base), variando unicamente o número de
elementos, que pode ser quantificado pelo tamanho da malha dos elementos, caracterizado
pelo número de elementos inseridos nas chapas centrais entre reforços, no sentido
transversal. Para todos os casos, os elementos dos painéis foram adotados uma razão de
91
aspecto igual a um. Então, os quatro casos estudados foram para 5, 7, 9 e 11 elementos,
como é ilustrado na Figura 5.7.
0,8
σmL/σo
0,6
0,4
92
É visualizado na Figura 5.9 que a maior quantidade de elementos corresponde a uma
convergência da relação da tensão média longitudinal/tensão de escoamento
aproximadamente igual a 0,876, é dizer, quanto mais elementos são empregados maior é a
aproximação do resultado; mas uma maior quantidade de elementos implica um maior
tempo computacional para realizar as análises para uma diferença mínima dos resultados,
todo isto é listado na Tabela 5.1.
0,910
5x30
0,905
0,900
σmL/σo
0,895
0,890 7x42
0,885
9x48 11x60
0,880
0,875
16x90
0,870
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600
Número de elementos
Figura 5.9. Curva de relação de tensão media longitudinal/tensão de escoamento
versus o número de elementos empregados para cada caso.
93
Através dele, um estudo de razão de aspecto foi realizado com o objetivo de verificar
que malha com distintas razões de aspectos é a mais viável sem a necessidade de sacrificar a
precisão com um tempo computacional razoável. Foram analisados numericamente quatro
modelos, Figura 5.10, com a mesmas condições, com 9 elementos na direção transversal,
variando unicamente a razão de aspecto das malhas com valores iguais a 1,00, 1,40, 1,68 e
2,00, resultando um tempo computacional de 1177,4 seg., 599,60 seg., 493,60 seg. e 384,8
segundos, respectivamente. A Figura 5.11 mostra os resultados da curva tensão versus
deformação do painel modelo para os distintos valores de razão de aspecto da malha
estudados. Então, é visível que os comportamento pós colapso descrito é muito parecido
para malhas de razão de aspecto próximos a 1, enquanto é ligeiramente diferente para as
razões de aspecto da malha que se afastam da unidade.
Figura 5.10. Casos estudados para a determinação da razão de aspecto da malha a utilizar.
94
Pelo exposto anteriormente, as características da malha selecionada para sua
utilização no estudo paramétrico foram resumidas na seguinte Tabela 5.2.
Selecionado Justificativa
S4R com 5 pontos de Uma boa descrição do comportamento
Tipo de
integração através da estrutural no regime pós-colapso no menor
Elemento
espessura. tempo computacional.
Tamanho da 7 - 9 elementos na direção
Melhor tempo computacional e boa precisão.
malha transversal
Melhor descrição do comportamento no
Razão de
1.00 - 1.25 regime pós-colapso, mas a maior tempo
Aspecto
computacional.
0,8
0,6
σmL/σO
0,4
R. A. =1,00
R.A. = 1,40
0,2
R.A. = 1,68
R.A. = 2,00
0
0 1 2 3 4 5 6
εmL/εO
Figura 5.11. Curva tensão versus deformação do painel base variando unicamente a razão
de aspecto da malha.
95
5.2.6. Condições de contorno e de carga
96
Borda de engaste
Ux = Uy = Uz = 0
θx = θy = θz = 0
Borda de carga
Uy = Uz = 0
Ux : Deslocamento
θx = θy = θz = 0
prescrito
97
5.2.7. Solução Numérica de problemas não-lineares
98
A motivação por a escolha pelo método de Newton se deve principalmente pela taxa
de convergência obtida pelo método em comparação com os outros métodos alternativos
mencionados acima. A continuação descreve-se o método de Newton-Raphson para a
solução de problemas não lineares empregado pelo programa de elementos finitos. Uma vez
que o problema não linear é discretizado este pode se prantear como um sistema de
equações da seguinte forma:
𝐾(𝑢)𝑢 = 𝑓 (5.4)
𝐾(𝑢)𝑢
⏟ 𝑓
⏟
𝑅(𝑢) = − = 0 (5.5)
𝐼(𝑢) 𝑃
99
A resposta não-linear de uma estrutura devido a um pequeno incremento de carga,
ΔP, é mostrada na Figura 5.13. O ABAQUS [41] utiliza a rigidez tangente à estrutura, K0, o
qual é baseado na sua configuração em u0, e ΔP para calcular a correção do deslocamento,
ca, para a estrutura. Utilizando ca, a configuração da estrutura é modificada para ua.
O ABAQUS calcula a nova força residual, Rb, utilizando a força interna da nova
configuração da estrutura, ub. Novamente, a maior força residual em qualquer grau de
liberdade, Rb, é comparada com a força residual de tolerância, e a correção do deslocamento
100
para a segunda iteração, cb, é comparada com o incremento do deslocamento, Δub. Caso
Para resolver os problemas não lineares de modo eficiente, um ajuste automático foi
feito pelo ABAQUS, mas é preciso sugerir o tamanho do primeiro incremento em cada
passo da simulação. Para problemas de alto grau de não linearidade, o ABAQUS reduz o
tamanho do incremento quanto for necessário até que a solução seja obtida. Além disso, o
usuário deve ingressar o período de tempo do passo, onde o valor padrão de 1.0 é assumido.
Um tamanho mínimo e máximo do incremento permitido é sugerido pelo usuário, caso o
ABAQUS selecione um tamanho do incremento fora dos limites especificados, encerre a
análise.
101
6. Correlação Numérico-Experimental
O objetivo de realizar um teste experimental é aferir o comportamento pós-colapso, o
seu modo de colapso e a sua capacidade de carga máxima, em comparação com as
simulações numéricas dos painéis reduzidos, simulando as condições de carga e contorno,
considerando as imperfeições geométricas e as não linearidades geométricas e do material.
Foram fabricados em total três painéis reduzidos planos enrijecidos com sete reforços
do tipo T, que possuem as características equivalentes e a escala do painel do fundo de casco
do navio tanque Suezmax. A fim de simular as condições de contorno nos bordes sem carga
como simplesmente apoiados foram adicionadas dois reforços do mesmo tipo separados a
uma distancia igual à metade das separações centrais, como se explicou brevemente no
capitulo 5.
102
Os três modelos possuem um comprimento de longitudinal aproximado de 200 mm,
uma largura total de 185,39 mm, com uma separação entre reforços de 36 mm a exceção dos
extremos laterais, as quais são separadas a 18 mm, como é mostrado na Figura 6.1. As
alturas das almas dos reforços são de 22,6 mm e os flanges dos reforços possuem uma
largura de 8,11 mm. Enquanto as espessuras das chapas (tp) e as espessuras do flange (tf)
são de 1,03 mm, as espessuras das almas (tw) são de 0,77 mm. As dimensões do painel
reduzido foram selecionadas de modo que as inércias em relação ao painel do navio estejam
na mesma escala.
- A construção dos reforços do tipo T é iniciada com o corte a medida das almas
enquanto os flanges são cortados com uma margem a mais para ter uma melhor comodidade
no momento da soldagem, Figura 6.3.
Figura 6.2. Limpeza das chapas Figura 6.3. Construção dos reforços do tipo
103
- Cada um dos reforços são soldados através do processo TIG, em um gabarito
individual, para minimizar as distorções durante o processo de soldagem, Figura 6.4.
- Antes do fechamento das tampas, dois segmentos de chapas furadas nos bordos
extremos longitudinais, são utilizados para fornecer uma adequada condição de contorno
durante o processo de soldagem dos enrijecedores, e para absorver o calor devido à
soldagem, sendo posteriormente removidos, Figura 6.6 e 6.7.
104
Figura 6.6. Fechamento da tampa do Figura 6.7. Colocação das chapas laterais.
gabarito.
Figura 6.8. Fixação do suporte do gabarito. Figura 6.9. Pré-aquecimento do painel antes
da soldagem.
105
- Após de concluído a soldagem do painel, o modelo é submetido a um calor constante
e deixado esfriar a uma temperatura ambiente por um período de 24 horas, com o objetivo de
aliviar as tensões residuais antes de ser removido do gabarito.
- Uma vez esfriado o modelo este é retirado do gabarito e posteriormente resinado nos
extremos para simular as condições de engaste. Figura 6.10. Nos extremos dos modelos são
posicionados as base metálicas que serão acopladas à máquina responsável da compressão
axial. Figura 6.11.
Figura 6.10. Modelo resinado. Figura 6.11. Modelo com bases metálicas.
106
portátil de precisão sub milimétrica, realizado nas instalações do Laboratório de Tecnologia
Submarina (LTS) da COPPE/UFRJ, Figura 6.12. Estas medições foram incorporadas nas
analises por meio dos modelos numéricos e ser comparados com o modelo testado a
compressão. A Figura 6.13 mostra o mapeamento das imperfeições nas chapas e reforços do
modelo reduzido com o braço portátil. Um lado de cada elemento do modelo foi medido,
assumindo que a espessura de cada componente é constante ao longo do comprimento.
Figura 6.12. Braço portátil utilizado nas medições das imperfeições geométricas.
Figura 6.13. Medição das imperfeições nas chapas e reforços do modelo reduzido.
107
Os pontos medidos da superfície do modelo reduzido foram recolhidos pelo braço
portátil e coletados como uma nuvem de pontos tridimensionais, utilizando o programa
FARO CAM2 Measure [44]. A Figura 6.14 mostra a tela do programa utilizado para coleta
da nuvem de pontos.
Figura 6.14. Pontos medidos da superfície do painel reduzido com o programa FARO
CAM2 Measure [44].
Os pontos foram medidos a cada 2 mm de recorrido que faz a ponta da pistola sob a
superfície de cada elemento. No momento de serem introduzidas as medições aos modelos
numéricos foi necessário eliminar o desvio que existe entre plano da chapa e o sistema de
coordenadas.
108
As nuvens de pontos extraídas das medições feitas com o braço de medição portátil
são exportadas ao programa Verisurf 9.1 [43] para a geração da superfície do painel. A
superfície gerada com imperfeições é mostrada na Figura 6.15.
Figura 6.15. Nuvens de pontos importadas ao Verisurf 9.1 para a geração das superfícies.
109
As superfícies geradas de cada elemento foram exportadas para ao SolidWorks, onde
foram realizadas a montagem do modelo com imperfeições, para seguidamente ser
exportados ao programa de elementos finitos ABAQUS, onde são acondicionadas para sua
análises. A Figura 6.16 mostra um exemplo da superfície das chapas de um dos painéis com
as imperfeições amplificadas 25 vezes.
Os testes dos painéis reduzidos sob compressão axial foram executados no Laboratório
de Tecnologia Submarina (LTS) da COPPE/UFRJ. Na Figura 6.17 mostra se um modelo no
teste realizado na máquina Instrom 8802, que foi o aparato responsável da aplicação da carga
compressiva axial. O espécime foi colocado em posição vertical com os bordes de carga na
posição superior e inferior. O borde de carga inferior permanece estático durante o teste todo,
enquanto o borde de carga superior vai se deslocando de forma prescrita em direção ao outro
bordo de carga aplicando a carga axial compressiva.
Extremo superior
LVDT móbile (aplicação
da carga axial)
Modelo
reduzido
Extremo inferior
fixa
110
6.4.1 Instrumentação dos modelos e dados de aquisição.
Reforço
Central
111
Tabela 6.1. Resumo dos strain gauges empregados para o monitoramento das
deformações.
Strain Gauges
Uniaxial Biaxial
Tipo
KFG-5-120-C1-11 KFG-2-120-D16-11
Fator do gauge 2.10 ± 1.0% 2.10 ± 1.0%
Comprimento do 5 mm 2 mm
gauge
Resistência do gauge 119,8 ± 0,2 Ω 120,2 ± 0,3 Ω
Expansão Térmica 11,7 PPM/°C 11,7 PPM/°C
Adotável
Uma vez geradas as superfícies das chapas e dos reforços, estes são exportadas ao
Solidworks, para a montagem do modelo. Figura 6.19.
112
Figura 6.19. Modelo do painel reduzido construído no SolidWorks.
113
Figura 6.20. Malha do painel reduzido modelo com as imperfeições iniciais.
700
600
500
σv (MPa)
400
300
200
100
0
0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3
εpl
Figura 6.21. Tensão verdadeira versus deformação plástica logarítmica do
material empregado nos modelos reduzidos.
114
6.6. Resultados da correlação numérico-experimental dos modelos reduzidos
160
140
120
Força (kN)
100
80
60
40 Experimental
20 Numérico
0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6
Deslocamento axial (mm)
115
As Figuras 6.23 e 6.24 apresentam os modos pós-colapso do modelo numérico e do
modelo experimental para um deslocamento de 1,47 mm, respectivamente. Pode-se
observar uma similitude no modo de falha das chapas, mas uma diferença na localização
de elas, sendo para o experimental localizado no extremo do painel reduzido. Enquanto,
os reforços apresentam uma similitude nos reforços centrais, mas nos reforços laterais
apresentam uma diferença no seu sentido de rotação.
116
6.6.2. Resultados do segundo modelo
160
140
120
Força (kN)
100
80
60
40 Numérico
20 Experimental
0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6
Deslocamento axial (mm)
117
similitude nos reforços centrais, mas nos reforços laterais apresentam uma diferença no
seu sentido de rotação.
118
6.6.3. Resultados do terceiro modelo
Para o último modelo é apresentada na Figura 6.28, a comparação das curvas das
forças compressivas ao longo da análise do modelo numérico e do teste experimental. É
possível notar que a carga máximas pelo modelo experimental atingiu a 139,4 kN,
enquanto o modelo numérico atingiu uma carga máxima de 135,79 kN, obtendo uma
diferença de 2,59 % em relação ao modelo experimental, em quanto os seus
deslocamentos respectivos diferem de um 16,4%.
160
140
120
Força (kN)
100
80
60
40 Experimental
20 Numérico
0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6
Deslocamento axial (mm)
Mostram-se nas Figuras 6.29 e 6.30 as comparações das configurações dos modos
pós-colapso do modelo numérico e do teste experimental, apresentando uma diferença no
modo de colapso das chapas e no reforços, acredita se que se deve a um desalinhamento
do painel e aos pontos duros da soldagem que causariam que a rotação dos reforços
mudem.
119
Figura 6.29. Modo pós-colapso do terceiro modelo numérico
120
Uma verificação das medidas das imperfeições iniciais indica grandes distorções
nas chapas. As Tabelas 6.2, 6.3 e 6.4, a seguir apresentam uma comparação entre as
imperfeições inicias máximas nas chapas wpmax, de cada painel reduzido testado a
compressão axial, medidos com braço portátil, e comparados com as imperfeições
máximas permitida pela DNV de acordo com as dimensões do painel reduzido. Além, são
mostradas o desvio padrão dos elementos.
Tabela 6.2. Resumos das imperfeições iniciais nas chapas do Painel 01.
Tabela 6.3. Resumos das imperfeições iniciais das chapas do Painel 02.
121
Tabela 6.4. Resumos das imperfeições iniciais das chapas do Painel 03.
Pode-se notar que o painel 02, que possui menores amplitudes máximas das imperfeições
iniciais nas chapas conseguiu atingir a um valor máximo de resistência no teste a compressão
axial, seguido pelo painel 01 e por último o painel 03.
122
7. Análises numérica da resistência limite do
navio
Nesta seção se descreve os procedimentos da modelagem da seção mestra de um
navio tanque particular do tipo Suezmax, Figura 7.1, considerando o tipo de falha de
painéis enrijecidos em estudo.
123
7.1. Navio particular
O navio selecionado para o uso desta investigação é um navio tanque Suezmax com
casco duplo de 157.700 t de peso morto. As vistas principais do navio são mostradas na
Figura 7.2 e as suas dimensões principais são listadas na Tabela 7.1.
124
Nas condições de tosamento e alquebramento, considerando a estrutura do navio
como uma viga, a região mais propensa à falha é a meia nau, devido às cargas a que o
navio está submetido, apresentem um momento fletor maior nesta região. Com base nesta
consideração, a seção modelada é uma seção representativa da região típica da meia nau
do navio.
O navio tem seis tanques em total ao longo do seu comprimento, cada tanque tem
um comprimento de 33,60 m. O tanque número 1 se encontra na frente do navio, como
pode ser visto na Figura 7.2. Baseado nisso, o porão a analisar, se encontra no tanque
número 4, localizado no meio do navio.
125
A Figura 7.3 mostra a localização do modelo no porão central do navio, e o sistema
de coordenadas adotado durante as análises do modelo, posicionado na linha base, em
uma das bordas de carga do modelo. O eixo X é coincidente com a direção longitudinal
do navio. O eixo Y tem direção vertical considerando positivo na direção do convés, e por
último o eixo Z na direção transversal.
Para realizar as análises não é preciso modelar o porão todo, uma porção dele é
suficiente para reduzir esforços computacionais, considerando o espaçamento entre as
cavernas gigantes onde se encontra a meia nau, ampliando mais a metade de um
espaçamento avante e a ré, para minimizar o efeito da borda devido às condições de
contorno.
126
Os detalhes estruturais como portas de visita, borboletas, e outros não são incluídos
no modelo, devido a que a plastificação locais e concentrações de tensões poderia causar
um alto nas análises antes do que ocorra as não-linearidades nas áreas de interes.
Como pode se observar na Figura 7.5 a estrutura da seção transversal do navio está
composto por painéis reforçados planos com reforçadores tipo T e painéis curvos
enrijecidos com reforços do tipo L.
127
Nas Tabelas 7.2 e 7.3, se listam as características principais da parte modelada e os
seus parâmetros secionais principais calculados a partir deles, respectivamente; que
servirão para as analises do momento fletor máximo do navio.
128
Figura 7.6. Modelo exportado ao programa de elementos finitos.
129
800
700
600
500
(MPa)
400
σv
300
Aço A131
200
Aço AH32
100 Aço DH36
0
0 0,05 0,1 0,15 0,2
Deformação plástica logaritmica
130
Na Figura 7.8 é visualizada a distribuição dos três tipos de aço utilizado na
modelagem do navio, sendo o aço AH32 principalmente empregado na fabricação de
painéis do fundo do navio, utilizado também na modelagem dos painéis para o estudo
paramétrico.
Figura 7.9. Vista de perfil do modelo do navio com as aplicações dos momentos
fletores verticais
131
Foram criados dois pontos de referências, localizados nas interseções do plano da
linha base e a linha neutra horizontal de cada lado, nas bordas de carga da seção
transversal do porão do navio. As bordas de carga são consideradas como os coincidentes
com os elementos da seção transversal, a qual se assume que continua reto durante a
análise toda para garantir a deformação axial nos elementos longitudinais da seção.
132
7.4.3. Condições de contorno do modelo
O ângulo de rotação total, (θz) fornecido na borda de carga durante a análises toda,
mediante cada um dos pontos de referência foi de +/- 0,0024 rad., com signo positivo e
negativo dependendo da sua localização, de forma de ter rotações que originem uma
compressão no fundo e uma tração no convés do navio. Um resumo das condições de
contorno para os pontos de referência é mostrado na seguinte Tabela 7.5.
Ux = livre θx = 0
Ponto de Referência
Uy = livre θy = 0
1e2
Uz = livre θz = +/- 0,0024 rad.
O motivo pela qual não se utilizou simetria na metade do modelo, e assim reduzir
ainda mais o esforço computacional, foi devido a que as semi-ondas das imperfeições
geométricas inseridas na chapas do fundo e teto do fundo duplo do casco são um número
par, neste caso são seis semi-ondas, o qual originaria um erro na sua deformação.
133
𝜃𝑧
𝐶 = (7.1)
𝐿𝑚 /2
8 𝐴𝑠𝑖 𝐸
𝐾𝑖 = (7.2)
7,8 𝑙𝑚
onde:
Como método de solução para este modelo mais complexo, foi selecionado o
método de Newton-Rapshon, o mesmo que foi empregado nos painéis enrijecidos
estudados no capítulo 5. Problemas estáticos não-lineares de modelos complexos podem
ser instáveis, a qual poderia acarretar em uma solução de análise que não seja
convergente. Para aquilo o ABAQUS [40] fornece um mecanismo de estabilização
automática, inserindo forças viscosas nas equações de equilíbrio, através de um fator de
amortecimento específico, virando assim um problema quase-estático não-linear.
134
fator, optou-se pelo menor valor das soluções que conseguiram a convergência, assim o
amortecimento adicional artificial apresenta um efeito quase imperceptível.
135
das chapas, 5 elementos na alma do reforço e 2 no flange do reforço. Na figura 7.13 é
mostrado parte do fundo do modelo onde foi feito o refinamento da malha.
Figura 7.13. Refinamento da malha no fundo e teto do fundo duplo do modelo do navio.
136
7.5. Imperfeições Geométricas Iniciais no Modelo do Porão do Navio.
Figura 7.14. Chapas do fundo e teto do fundo duplo com imperfeições com uma e seis
meias ondas.
137
7.6. Definição dos casos a analisar.
Caso 3. Neste caso, as espessuras dos reforços do fundo do modelo do navio foram
modificadas, para induzir ao modo de falha de tripping dos reforços como o modo de
falha primário, mantendo as imperfeições iniciais nas chapas do primeiro caso. Os valores
das espessuras para os reforços foram reduzidas a tw = 7 mm para a alma e a tf = 10 mm
para o flange, sendo a relação da rigidez torcional do reforço e a rigidez à flexão da chapa
igual a 0,06.
138
8. Análise dos Resultados
Neste capítulo é verificada a influência dos reforços do fundo do navio, projetados
para falhar por tripping em relação ao desenho original, na condição critica de
alquebramento, onde as chapas e reforços do fundo abaixo da linha neutra se encontram
em compressão axial pura.
onde:
Onde:
139
Cw 10,53; calculado com a seguinte expressão:
Mwo MTo
Condição Mso (GNm)
(GNm) (GNm)
Na Figura 8.1 são visualizadas as curvas de momento versus curvatura para cada
caso. Observava-se a influência significante do modo das imperfeições iniciais sob o
comportamento do colapso progressivo do casco do navio. No modelo original, as chapas
com maior número de meias ondas nas imperfeições, coincidente com o seu modo natural
de flambagem, precipitam o seu colapso a menores curvaturas, reduzindo assim o
momento máximo resistivo da viga-navio. De igual forma acontece para o modelo com os
140
reforços do fundo projetados a falhar por tripping, o seu momento máximo resistivo
mostra-se reduzido até um 5,89% em relação ao original (m=1), incrementando-se a
diferença até 8,56%, quando os modos das imperfeições são incrementados (m=6).
Enquanto as curvaturas são também reduzidas, com o incremento dos modos das
imperfeições e com a presença do modo de falha de tripping dos reforços, antecipando a
falha global da estrutura. É visível também a pouca variação na rigidez à flexão da seção
transversal, que é atribuída à variação das espessuras do reforço do fundo.
20
16
14 Navio c/tripping
12
6 Navio Original (m = 6)
Navio c/tripping (m = 1)
4
Navio c/tripping (m = 6)
2
DNV
0
0,0E+0 1,0E-4 2,0E-4 3,0E-4 4,0E-4 5,0E-4 6,0E-4
Curvatura (m-1)
Figura 8.1. Curvas momento versus curvatura do navio para os distintos casos na
condição de alquebramento.
141
Mostra-se na Tabela 8.1 um resumo dos momentos máximos resistivos para cada
caso com suas curvaturas correspondentes, e a diferença entre eles em relação com o
modelo original com uma meia onda de imperfeição nas chapas do fundo, tanto para o
modelo original como para os modelos projetados a falhar por tripping dos reforços.
Tabela 8.1. Resumo dos momentos máximos e as curvaturas respectivas para cada
caso.
142
Tabela 8.2. Variação dos parâmetros secionais e mínimos requeridos calculados
pela DNV.
Mínimos
Seção transversal
Parâmetros secionais requeridos
(Modelo original) (Modelo c/tripping) DNV
Área da seção Transversal 7,69 m2 7,45 m2 ----
Altura da linha neutra 10,40 m 10,71 m ----
Momento de Inércia 634,48 m4 609,52 m4 418,66 m4
Modulo de Seção do Fundo
ZB 61,00 m3 56,91 m3
41,30 m3
Modulo de Seção do Convés
ZD 49,55 m3 48,81 m3
Uma distribuição das tensões de von Mises logo de ter atingido o momento
máximo, na condição de alquebramento, é apresentada na Figura 8.2 para o modelo
original e o modelo considerando tripping dos reforços do fundo do navio,
respectivamente.
143
Modelo original
Modelo c/tripping
Figura 8.2. Distribuição das tensões de von Mises para modelo original e considerando o
tripping dos reforços nos casos considerados.
144
8.2. Seqüência de falha
Como foi observado no capítulo 4 no estudo paramétrico, o tripping ocorre em
reforços com pouca rigidez torcional em relação à rigidez flexional da chapa, e é
caracterizado pela queda repentina da sua carga. Por outro lado a curva momento versus
curvatura determina máxima capacidade à flexão da viga-navio, más até chegar naquele
ponto, muitos elementos estruturais já terão colapsado. Pelo que foi expresso
anteriormente, não é conveniente que o modo de falha por tripping dos reforços ocorra
antes que qualquer outro, devido a que estes elementos deixariam de contribuir
rapidamente na resistência estrutural global à flexão do navio, antecipando o seu colapso
global.
O caso 1 foi realizado para o modelo original, com as espessuras de projeto e com
imperfeições geométricas nas chapas do fundo e do fundo do teto duplo com uma meia
onda, como o modo mais simples da imperfeição (m=1). Na Tabela 8.2 é mostrada a
seqüência de falha dos primeiros elementos de cada região em colapsar e são
quantificadas as tensões máximas alcançadas na curvatura respectiva.
145
Mostram-se na Figura 8.3 as curvas tensão/tensão de escoamento versus a
curvatura dos primeiros elementos estruturais em falhar em cada zona do fundo. Neste
caso, a análise revela que os primeiros em falhar são as chapas do fundo, o que é favorável
no ponto de vista estrutural, seguido pela falha dos reforços do fundo, sobrecarregado logo
da falha das chapas. Obtendo como modo de falha primário a falha da placa e o tripping
dos reforços como falha secundário.
0,9
0,8
0,7
0,6
σ/σo
0,5
Na fase da projeção do navio, em qualquer que condição que este fosse analisada,
seja em tosamento ou alquebramento, espere-se que ao ocorrer a falha estrutural seja local
e que este ocorra primeiro numa chapa, seguido pelo reforço, e a continuação a falha do
painel, até atingir ao flambagem global da estrutura.
146
Com o incremento da carga aplicada, o colapso final da estrutura do navio é
causado pelo colapso continuo das estruturas do fundo. Para uma melhor visualização da
seqüência de falha dos elementos do fundo em todos os casos, na condição de
alquebramento, observaram-se unicamente os espaços localizados do tanque de fundo
duplo e o tanque de asa inferior. A Figura 8.4 mostra o detalhe das distribuições de von
Mises, e a seqüência de falha dos elementos do fundo para o caso 1.
Figura 8.4. Detalhe da distribuição das tensões de von Mises do fundo do Navio e a
seqüência de falha para o caso 1.
147
8.2.2. Resultados do Caso 2
O caso 2 foi realizado com o modelo original, mas com imperfeições geométricas
nas chapas coincidentes com o modo de flambagem elástico do painel. A Figura 8.5
mostra as curvas tensão/tensão de escoamento versus a curvatura dos primeiros elementos
estruturais em falhar em cada zona do fundo para este caso. Ao igual do que o caso
anterior, os primeiros elementos em falhar são as chapas do fundo, mas desta vez as
chapas conseguiram atingir até um 70% da tensão de escoamento como máximo, devido a
que os modos das imperfeições nas chapas reduzem a sua resistência e antecipam o seu
colapso, como foi estudado no capítulo 4. Mostra-se na Figura 8.5. a curvas de tensões
versus curvatura dos primeiros elementos em falhar no Caso2.
0,9
0,8
0,7
0,6
σ/σo
0,5
148
8.2.3. Resultados do Caso 3
0,9
0,8
0,7
0,6
σ/σo
0,5
0,4
Chapa do fundo
0,3
Chapa do teto do fundo duplo
0,2
Reforço longitudinal do fundo
0,1 Reforço longitudinal do teto do
fundo duplo
0
0,0E+0 1,0E-4 2,0E-4 3,0E-4 4,0E-4 5,0E-4
Curvatura (m-1)
Figura 8.6. Curva tensão/tensão de escoamento versus curvatura dos primeiros elementos
em falhar no Caso 3.
149
Tabela 8.3. Seqüência de falha dos elementos do fundo no Caso 3.
Figura 8.7. Detalhe da distribuição das tensões de von Mises do fundo do navio e a
seqüência de falha para o caso 3.
150
Uma melhor visualização da seqüência do colapso dos elementos do fundo e o
detalhe das distribuições de von Mises para o caso do modelo com falha de tripping dos
reforços do fundo, são mostrados na Figura 8.7.
a) b)
Figura 7.8. Longarina do tanque da asa inferior. a) No seu estado último. b) No colapso
da viga-navio.
Neste caso, as chapas do fundo são as primeiras em colapsar, suas tensões atingem
no máximo ao 70% da tensão de escoamento, as curvaturas são menores em relação aos
outros casos, apesar de ter os reforços do fundo com pouca rigidez torcional. A
151
antecipação da falha da chapa do fundo foi significativa, atingindo ao 20,4% menor em
relação ao caso anterior; caso contrário ao reforço longitudinal do fundo, que tanto as
tensões máximas como a curvatura atingida foi afetado num 4% no máximo, mas com a
mesma característica da queda abrupta logo de atingir a sua capacidade máxima. De igual
forma as chapas do teto do fundo duplo foram influenciadas pelo modo das imperfeições
das chapas, reduzindo a sua tensão ao 70% da tensão de escoamento e a uma curvatura de
34,2% menor em relação ao caso anterior. Do mesmo jeito, as tensões máximas atingidas
pelos reforços do teto do fundo duplo alcançaram o 84% da tensão de escoamento,
enquanto as curvaturas do reforço foram levemente influenciadas atingindo a um 8.8% em
relação ao caso anterior. A visualização do comportamento ao longo da análise dos
primeiros elementos a falhar, pode ser visualizada na Figura 8.9.
0,9
0,8
0,7
0,6
σ/σo
0,5
0,4
Chapa do fundo
Figura 8.9. Curva tensão/tensão de escoamento versus curvatura dos primeiros elementos
em falhar no Caso 4.
152
9. Considerações finais
9.1. Conclusões
No presente estudo, o modo de falha por tripping dos reforços em painéis típicos de
navios tanques foi estudado. Numa primeira etapa da tese, foi realizado um estudo
paramétrico, onde foram identificados os parâmetros geométricos que induzem ao modo
de falha por tripping de painéis enrijecidos longitudinalmente com reforços tipo T sob
carregamento axial, utilizando o método de elementos finitos, e incorporando as
imperfeições geométricas mostrando a influência de seus modos e magnitudes sob o modo
de falha.
Para os casos estudados, o modo de falha por tripping dos reforços foi obtido como
modo de falha principal para valores baixos da relação entre a rigidez torcional do reforço
153
e a rigidez à flexão da chapa e valores relativamente altos da relação esbeltez de coluna e
esbeltez de chapa, λ/βp.
154
Durante o desenvolvimento da tese foram desenvolvidos quatro modelos numéricos
que representaram parte de um porão de um navio tanque Suezmax de grande porte,
baseado no método de elementos finitos, onde foram incorporadas as não linearidades
geométricas e do material, além disso, foram inseridas as imperfeições geométricas
iniciais idealizadas baseadas na máxima imperfeição que atendem às tolerâncias
permitidas pela DNV. Estes modelos foram capazes de reproduzir os modos de falhas por
tripping dos reforços e da chapa, assim como o seu comportamento estrutural do navio
devido à flexão vertical pura, na condição de alquebramento.
155
9.2. Recomendações para trabalhos futuros
Em relação às recomendações para trabalhos futuros são apresentados a
continuação:
156
10. Referências Bibliográficas
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