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UFCD TÉCNICAS DE SOCORRISMO:

4478 PRINCÍPIOS BÁSICOS

Formador: Silvana Carvalho


Índice

Introdução .................................................................................................................. 2

Âmbito do manual..................................................................................................... 2

Objetivos ................................................................................................................. 2

Conteúdos programáticos .......................................................................................... 2

Carga horária ........................................................................................................... 3

1.Socorrismo, técnicas de socorrismo............................................................................. 4

2.Exame geral da vítima (sintomatologia) ..................................................................... 11

3.Plano de ação do socorrista ...................................................................................... 16

4.Choque .................................................................................................................. 20

5.Asfixia, respiração artificial ....................................................................................... 25

6.Intoxicações ........................................................................................................... 30

7.Traumatismos ......................................................................................................... 34

8.Lesões (articulares, musculares e ósseas) .................................................................. 39

9.Queimaduras .......................................................................................................... 44

10.Feridas ................................................................................................................. 48

11.Hemorragias (pulsação, garrote) ............................................................................. 55

Bibliografia ................................................................................................................ 61

1
Introdução

Âmbito do manual

O presente manual foi concebido como instrumento de apoio à unidade de formação de


curta duração nº 4478 – Técnicas de socorrismo – princípios básicos, de acordo com
o Catálogo Nacional de Qualificações.

Objetivos

 Aplicar técnicas básicas de socorrismo

Conteúdos programáticos

 Socorrismo, técnicas de socorrismo


 Exame geral da vítima (sintomatologia)
 Plano de ação do socorrista
 Choque
 Asfixia, respiração artificial
 Intoxicações
 Traumatismos
 Lesões (articulares, musculares e ósseas)
 Queimaduras
 Feridas
 Hemorragias (pulsação, garrote)

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Carga horária

 25 horas

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1.Socorrismo, técnicas de socorrismo

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Socorrismo

Os primeiros socorros são a primeira ajuda ou assistência dada a uma vítima de acidente
ou doença súbita antes da chegada de uma ambulância ou médico.

A finalidade dos primeiros socorros é:


• Preservar a Vida;
• Evitar o agravamento do estado da vítima;
• Promover o seu restabelecimento.

O Socorrista é toda e qualquer pessoa com habilitação para prestar socorro quando exerce
este ato. Um médico, um enfermeiro, um bombeiro, paramédico ou um trabalhador de uma
organização não deixam de ser socorristas pelo facto de possuírem outro título profissional,
no momento em que prestam socorro são socorristas.

Quem presta primeiros socorros não substitui a equipa de saúde mas tem um papel
fundamental em alertar os serviços e ajudar a vítima, evitando o agravamento da situação,
exigindo uma atuação responsável.

O SIEM

O sistema integrado de emergência médica (SIEM) é um conjunto de meios e ações que


visa uma resposta atempada a qualquer ocorrência em que exista risco de vida.

Trata-se de um sistema composto por uma sequência de procedimentos que permitem que
os meios de socorro sejam ativados, mas também que estes sejam os mais adequados à
ocorrência em causa, permitindo assim o posterior encaminhamento do doente à unidade
de saúde mais adequada.

FASES DO SIEM

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Deteção
Deteção da ocorrência de emergência médica que corresponde ao momento em que
alguém se apercebe da existência uma ou mais vítimas.

Alerta
Fase na qual se contacta através do número nacional de emergência médica (112), dando
conta da ocorrência anteriormente detetada.

Pré-Socorro
Conjunto de gestos simples executados e mantidos até a chegada de meios de socorro
mais especializados.

Socorro
Cuidados de emergência iniciais efetuados às vítimas de doença súbita ou de acidente, com
o objetivo de as estabilizar, diminuindo assim a morbilidade e a mortalidade.

Transporte

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Transporte assistido da vítima numa ambulância com características, pessoal e carga
definidos, desde o local da ocorrência até à unidade de saúde adequada, garantindo a
continuação dos cuidados de emergência necessários.

Tratamento / Hospital

Após a entrada no estabelecimento de saúde mais próximo a vítima é avaliada e são


iniciadas as medidas de diagnóstico e terapêutica com vista ao seu restabelecimento. Se
necessário pode considerar-se posteriormente um novo transporte, transferência para um
hospital de maior diferenciação, onde irá ocorrer o tratamento mais adequado a situação.

Um sistema de emergência médica depende de tudo e de todos, não podendo afirmar-se


que existe uma única entidade ou profissional com responsabilidades exclusivas na
prestação do socorro.

Existe sim um conjunto de intervenientes que vai desde o público em geral, aquele que
deteta a situação, até aos elementos que permitem que a assistência de urgência seja
possível.

Ou seja, entre outros, os intervenientes no sistema são:


• Público em geral;
• Operadores das centrais de emergência;
• Agentes da autoridade;
• Bombeiros;
• Socorristas de ambulância;
• Médicos;
• Enfermeiros;
• Pessoal técnico dos hospitais;
• Etc..

ORGANIZAÇÃO do SIEM

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Esta organização é da responsabilidade do INEM (Instituto Nacional de Emergência
Médica), cabendo a este organizar programas específicos de atuação para cada fase. O
INEM tem vindo a ampliar a sua rede de atuação, através de Subsistemas.

SUB-SISTEMAS:

Centro de Informação Antivenenos (CIAV)


Consiste num centro médico que funciona 24 horas, atendendo técnicos de saúde e
público, referente a intoxicações agudas e/ou crónicas. O centro também atua a nível da
toxicovigilância, prevenção e ensino.

Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU)


Consiste em prestar em tempo útil, orientação e apoio médico, quando necessário em
situações de emergência, nomeadamente:
• Aconselhamento médico sobre a atitude a tomar perante a vítima.
• Acionar meios de transporte à vítima para os serviços hospitalares.
• Enviar uma equipa médica ao local da ocorrência, caso seja necessário.
• Coordenar os meios de socorro de emergência da sua responsabilidade.

Centro de Orientação de Doentes Urgentes - MAR. (CODU Mar)


Compete no atendimento, orientação médica e encaminhamento dos pedidos de socorro
que provenham de embarcações ou navios, segundo as regras nacionais.

Transporte de Recém – Nascidos de Alto Risco


Consiste na realização de transporte de recém – nascidos, com equipas móveis
especializadas, constituídas por médico e enfermeiro especializados em Neonatologia para
hospitais centrais.

Serviço de Helicópteros de Emergência Médica


Este serviço é composto por vários elementos, entre os quais, um médico e enfermeiro,
funcionando ao nível dos cuidados intensivos, com o objetivo de executar manobras de
Suporte Avançado de Vida (SAV), permitindo:

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• Levar a equipa a intervir rapidamente no local.
• Manter um nível de cuidados intensivos durante a transferência da vítima.
• Em caso de catástrofe, permite o transporte rápido de equipas especializadas.

De todos estes intervenientes, os que têm como função iniciar os cuidados de emergência
no local da ocorrência e manter esses cuidados durante o transporte até a unidade se
saúde são os tripulantes de ambulância e as equipas médicas de emergência.

No entanto, é necessário compreender que em algumas situações é fundamental que o


cidadão comum execute alguns «gestos» que permitam «dar tempo ao doente», ou seja,
que impeçam que a situação da vítima se agrave até a chegada do socorro.

Numa situação de emergência em que exista risco de vida para um doente, se não forem
aplicadas medidas básicas de suporte de vida durante o tempo que medeia o pedido e a
chegada do meio de socorro, a recuperação do doente pode ficar definitivamente
inviabilizada ou dar origem a sequelas permanentes.

Por esta razão, a formação do público em primeiros socorros é uma medida fundamental
para que o socorro seja o mais eficaz possível.

Um dos principais contributos para essa eficácia é a forma como é efetuado o pedido de
socorro para a central de emergência. Esta chamada é um dos principais elementos, uma
vez que os meios de socorro a enviar irão depender das informações fornecidas.

Para facilitar o acesso ao socorro foi adotado em Portugal o número europeu de socorro
112, que veio substituir o antigo número nacional de socorro 115.

O novo número dá acesso a uma central de emergência que, em caso de acidente ou


doença, transfere a chamada para o CODU em que as chamadas são atendidas por pessoal
especializado, sob supervisão de um médico.

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O objetivo principal é avaliar o pedido de socorro e definir o meio de socorro mais
adequado, de forma a garantir que os cuidados prestados ao doente sejam os mais
adequados à sua situação clínica.

FASES DE UMA CHAMADA PARA A LINHA 112

Ao ligar 112 deverá estar preparado para informar:


 A localização exata da ocorrência e pontos de referência do local, para facilitar a
chegada dos meios de socorro;
 O número de telefone de contacto;
 O que aconteceu (ex. acidente, parto, falta de ar, dor no peito etc.);
 O número de pessoas que precisam de ajuda;
 Condição em que se encontra(m) a(s) vítima(s);
 Se já foi feita alguma coisa (ex. controlo de hemorragia);
 Qualquer outro dado que lhe seja solicitado (ex. se a vítima sofre de alguma doença
ou se as vítimas de um acidente estão encarceradas).

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2.Exame geral da vítima (sintomatologia)

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Uma vez verificada a segurança do local, deve ser realizada de forma célere uma avaliação
inicial.

A avaliação da vítima divide-se em duas partes: avaliação primária e avaliação secundária.

As prioridades durante a avaliação de uma vítima são as seguintes:


1) Garantir a segurança da vítima, de terceiros e da equipa durante toda a
intervenção;
2) Identificar e corrigir as situações que implicam risco de vida;
3) Não agravar o estado da vítima;
4) Limitar o tempo no local ao mínimo necessário para estabilizar a vítima, iniciar a
correção das situações que carecem de intervenção e preparar o seu transporte em
segurança;
5) Recolher informações relevantes: CHAMU (Circunstâncias, História, Alergias,
Medicação e Última refeição).

As seguintes 5 etapas constituem a avaliação inicial ou primária da vítima, pela seguinte


ordem de prioridade:
A. Airway: Permeabilização da Via Aérea com controlo da coluna Cervical;
B. Breathing: Ventilação e Oxigenação;
C. Circulation: Assegurar a Circulação com controlo da Hemorragia;
D. Disability: Disfunção Neurológica;
E. Expose/Environment: Exposição com controlo de Temperatura.

Qualquer condição com risco de vida deve ser imediatamente abordada e se possível
resolvida antes de continuar o processo de avaliação (avaliação vertical). Ou seja, não
deverá avançar para o passo seguinte da avaliação sem antes resolver a condição que põe
em risco a vida (ex. não é útil avaliar o B se não for resolvida uma condição de OVA
superior no A).

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A única exceção a esta regra é perante uma hemorragia exsanguinante (lesão de uma
artéria de grande calibre), em que a prioridade é o controlo imediato através da
compressão manual direta ou com o uso do garrote caso a primeira medida se revele
ineficaz.

A avaliação inicial deve demorar apenas 60-90 segundos a realizar, no entanto, se forem
necessárias intervenções e/ou procedimentos poderá levar mais tempo.

Vítima crítica ou vítima não crítica?


Para além de categorizar a vítima pelo mecanismo de lesão ou natureza da doença,
devemos com base em indicadores clínicos objetivos obtidos na avaliação primária
determinar se a vítima é CRÍTICA ou NÃO CRÍTICA.

A vítima instável – CRÍTICA, requer intervenções imediatas e uma abordagem mais célere e
enérgica e frequentemente um transporte mais precoce para o local onde ocorrerá o
tratamento definitivo.

Em resumo, independentemente de ser uma situação de doença súbita ou de trauma, a


base da abordagem à vítima deve ser a avaliação primária (ABCDE) que permitirá
identificar ou excluir situações com risco de vida.

Em situações de TRAUMA a decisão de categorizar a vítima como crítica deverá ter por
base não só a avaliação ABCDE, mas também o mecanismo de lesão. Os seguintes
mecanismos/evidências podem potenciar e/ou aconselhar a que a vítima seja abordada
como crítica:
• Impacto violento na cabeça, pescoço, tronco ou pélvis;
• Incidente de aceleração e/ou desaceleração súbita (colisões, explosões e outros;
sobretudo se resultante desse incidente existir alguma vítima cadáver);
• Queda superior a 3 vezes a altura da vítima;
• Queda que envolva impacto com a cabeça;
• Projeção ou queda de qualquer meio de transporte motorizado ou a propulsão;
• Acidentes de mergulho em águas rasas.

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3.Plano de ação do socorrista

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A avaliação do local é um processo dinâmico durante todo o processo de avaliação da
vítima que procura dar resposta a 3 questões fundamentais:
1. A apresentação/envolvência da vítima pode determinar a utilização de medidas
de proteção universal específicas por parte da equipa de EPH;
2. Identificar riscos de segurança potenciais para a vítima, terceiros ou para a(s)
equipa(s) de EPH;
3. Determinar o número de vítimas e categorizando-a(s) como: vítima médica
(Doença Súbita) ou vítima de trauma.

Em ambiente pré-hospitalar ao aproximar-se da vítima é fundamental efetuar uma rápida


avaliação do local da ocorrência para determinar a segurança no local. É a primeira etapa
da avaliação da vítima e pode fornecer dados valiosos que só estarão disponíveis para os
profissionais de saúde que estiverem presentes no local.

É fundamental prestar atenção ao cenário/local e às suas caraterísticas, já que este pode


fornecer informações importantes sobre o padrão de lesão e as caraterísticas da energia
cinética envolvida.

A cinemática permite suspeitar de 90% das lesões da vítima de trauma (se forem
valorizados os processos de transferência de energia cinética).

A primeira preocupação deve ser a segurança da equipa, das vítimas e/ou terceiros.
Particularmente em ocorrências na via pública ou quando são identificados riscos para a
segurança: atuar de acordo com as circunstâncias e, se indicado, em coordenação com
outras entidades presentes no local (ex. forças de segurança).

De forma rápida, deve ser obtida uma impressão geral sobre as caraterísticas da
ocorrência.

Questões como o tipo de ocorrência, o número de vítimas e a sua localização, os meios de


socorro disponíveis no local, necessidades especiais (ex. forças da autoridade, equipas

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especiais) ou a existência de problemas específicos (ex. ocorrência multivítimas, suspeita
de libertação de substâncias perigosas) devem ser rapidamente identificadas.

Só após esta avaliação inicial a equipa deve decidir se estão reunidas as condições de
segurança necessárias e avançar para prestar cuidados à(s) vítima(s).

Num primeiro momento é possível recolher vários dados importantes sobre o estado da
vítima sem que para tal seja necessário tocar na vítima.

O primeiro contacto com a vítima deve centrar-se em 3 pontos vitais:


1. Há hemorragia exsanguinante?
2. A via aérea (VA) está permeável?
3. A vítima respira?

Se a vítima anda, fala, não apresenta alterações visíveis importantes e tem uma coloração
normal (ausência de palidez e/ou cianose), provavelmente não apresentará uma condição
muito grave nem correrá risco de vida.

No entanto, dada a possibilidade de se verificar uma deterioração da situação, mesmo


estas vítimas deverão ser abordadas com cautela, e submetidas a uma abordagem inicial
sistematizada e metódica, que consiste na avaliação primária (ABCDE) e na avaliação
secundária por segmentos corporais.

Vítima de doença súbita (médica) ou vítima de trauma?


Com base no motivo do acionamento, na avaliação do local da ocorrência e na avaliação da
vítima esta decisão deverá ser tomada precocemente. No entanto algumas ocorrências
podem ser confusas e sem pistas objetivas sobre se trata de uma lesão traumática ou
doença súbita.

A informação do acionamento pode ter sido errónea e a principal queixa da vítima pode ser
outra diferente da expetável. É fundamental estar permanentemente preparado para

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mudar a direção do pensamento crítico com base nos achados da avaliação à vítima
(história e avaliação primária/secundária).

A abordagem/avaliação da vítima é um processo dinâmico. Por exemplo:


• Meio de emergência acionado para um despiste de viatura ligeira. À chegada ao
local a equipa de EPH encontra uma vítima sentada no interior de um carro à beira
da estrada sem qualquer evidência de acidente/ impacto (viatura integra e sem
deformações). Pela avaliação do local poderá ser uma vítima de trauma, no entanto
na continuação da abordagem a esta vítima não se encontram quaisquer sinais de
trauma mas sim sinais e sintomas de hipoglicemia (glicemia capilar de 30 mg/dL).
Após correção desta situação a vítima recupera consciência e conta a história.

Número de vítimas: Multivítimas?


Perante qualquer situação de exceção o CODU deverá ser informado de imediato.
As primeiras equipas no local devem recolher informações rápidas e pertinentes do
local/cenário e colaborar na triagem primária e/ou secundária das vítimas.

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4.Choque

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O choque é uma entidade clínica bem definida, que constitui uma emergência médica.

O doente que se apresenta pálido, suado, frio, hipotenso e taquicárdico, traduz uma
situação clínica em que o aporte de sangue e oxigénio não é suficiente para fazer face às
necessidades dos tecidos e células: a vítima está em CHOQUE.

O CHOQUE traduz um episódio de insuficiência circulatória aguda. Define uma situação de


diminuição da circulação sanguínea ao nível dos tecidos, com incapacidade de nutrir
convenientemente as células em causa, e de remover os produtos tóxicos resultantes do
metabolismo.

Se esta insuficiência circulatória se mantiver, origina isquemia tecidular (sofrimento celular


por falta de irrigação sanguínea) que, se não for rapidamente revertido, torna inevitável a
morte celular.

A observação de um doente em CHOQUE revela um indivíduo com sinais de má perfusão


dos tecidos e órgãos refletindo-se em:
• Hipotensão;
• Pulso rápido e fino;
• Pele pálida e viscosa;
• Extremidades frias ou quentes;
• Sudorese;
• Respiração superficial;
• Aumento da frequência respiratória;
• Alteração do estado de consciência, podendo estar ansioso, agitado ou, mais
frequentemente, sonolento e coma;
• Podem ainda surgir queixas de tonturas, sensação de desmaio, sede.

Do ponto de vista fisiopatológico, podemos identificar três tipos principais de CHOQUE:


• Hipovolémico;
• Cardiogénico;
• Distributivo.

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Choque hipovolémico

Como o próprio nome indica, resulta da diminuição do volume de sangue dentro dos vasos.
As principais causas são as perdas hemáticas (hemorragias externas ou internas), e a
perda de outros fluidos, como acontece nas queimaduras ou desidratação (vómitos,
diarreia).

Choque cardiogénico

Causa intrínseca:
Traduz as situações em que, existindo um volume de sangue circulante normal, o coração
não o consegue bombear por alterações internas.

A principal causa é a alteração da sua função como bomba, nomeadamente por arritmia
(alteração do ritmo cardíaco), e por alterações mecânicas, devidas a enfarte ou doenças
nas suas válvulas.

Causa extrínseca
Neste caso, não há qualquer problema intracardíaco. A má irrigação periférica deve-se a
uma obstrução que impede o correto e eficaz enchimento/esvaziamento dos ventrículos.

A causa mais frequente desta situação é o tamponamento cardíaco (derrame de líquido que
se aloja entre a membrana que reveste o coração e o miocárdio. Este líquido sob pressão
funciona como uma carapaça pouco distensível que impede o enchimento ventricular).

Choque distributivo

Resulta da falha no outro componente regulador da irrigação tecidular, as resistências


vasculares sistémicas, ou seja, o tónus dos vasos altera-se levando ao aumento súbito do
lúmen dos mesmos.

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Assim, o mesmo volume de sangue dentro dos vasos passa a estar distribuído por uma
área maior, acumulando-se na periferia, o que simula uma hipovolémia que na realidade
não existe.

A causa mais frequente desta situação é o choque séptico (infeção generalizada de todo o
organismo que entre outras provoca alteração da dinâmica dos vasos sanguíneos).

O choque verificado nas reações anafiláticas também é explicado pelo mesmo mecanismo.

As vítimas de traumatismo crânio-encefálico e vertebromedular também podem sofrer de


alteração da dinâmica dos vasos, uma vez que o sistema nervoso se encontra afetado –
choque neurogénico.

Atuação no choque

De uma forma geral, um indivíduo encontrado em choque beneficia de um conjunto de


medidas que visam melhorar a perfusão tecidular de que é alvo, e evitar o agravamento da
situação de isquemia:
• Pensar e agir sempre em função de AVALIAÇÃO PRIMÁRIA:
A - Permeabilizar a via aérea com controlo da coluna cervical
B - Ventilação e Oxigenação
C - Assegurar a circulação com controlo da hemorragia
D - Disfunção neurológica
E - Exposição com controlo da temperatura.
• Manter as vias aéreas permeáveis e se necessário proceder à aspiração (para
permeabilizar a via aérea);
• Acalmar a vítima;
• Administrar oxigénio;
• Controlar hemorragias e pensar na possibilidade de perdas ocultas (ex. tórax ou
bacia);
• Imobilizar fraturas;

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• Verificar e registar os sinais vitais - ter especial atenção às características da
respiração, da pressão arterial e do pulso;
• Prosseguir com o Exame da Vítima, dando especial atenção à recolha do máximo
de informação (CHAMU);
• Manter a temperatura corporal;
• Colocar em decúbito dorsal (mesmo com vítima consciente nunca transportar
sentado);
• Passagem de dados ao CODU; Solicitar apoio diferenciado (CODU).

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5.Asfixia, respiração artificial

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A obstrução da via aérea ocorre na maioria das situações em que o doente se encontra
inconsciente, em resultado do relaxamento da língua ou da ocorrência de um vómito. No
entanto, pode também surgir em vítimas conscientes, resultado do alojar de um corpo
estranho na via aérea, sendo frequente em crianças e idosos.

A obstrução da via aérea mais frequente é a que ocorre por corpo estranho, em que, no
caso do doente se encontrar consciente, este vai adotar um comportamento que pode ir
desde o tossir vigorosamente, quando a obstrução é parcial, até ao levantar-se
subitamente agarrado ao pescoço sem emitir qualquer som, indicador de que a obstrução é
total.

Caso a obstrução seja parcial (o doente tosse, chora e fala), o socorrista não deve interferir
e deve encorajar o doente a tossir.

Caso o doente não chore, não fale, nem emita qualquer som, o socorrista deve aplicar os
seguintes procedimentos:
 De imediato efetuar cinco pancadas com a base da mão entre as omoplatas do
doente.

Caso não resulte:


 Efetuar cinco compressões abdominais entre a extremidade do esterno e o umbigo.
Estas compressões devem ser vigorosas para que a extremidade inferior do esterno
não seja comprimida.

Executam-se colocando uma mão fechada em punho na linha média do abdómen, um


pouco acima da cicatriz umbilical, e a outra mão a cobrir a primeira, exercendo então
pressão (com força suficiente), dirigida de baixo para cima e da frente para trás.

Nos doentes conscientes, esta manobra é executada com o doente de pé, ficando o
socorrista que a executa por trás. Nas grávidas, obesos e crianças com idade inferior a um
ano substituir as compressões abdominais por compressões torácicas.

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Manobra de Heimlich (compressões abdominais)

A Manobra de Heimlich é o melhor método pré-hospitalar de desobstrução das vias aéreas


superiores por corpo estranho.

Procedimento:
 Colocar-se atrás da vítima;
 Colocar os braços à volta da vítima ao nível da cintura;
 Fechar uma das mãos, em punho, e colocar a mão com o polegar encostado ao
abdómen da vítima, na linha média um pouco acima do umbigo e bem afastada do
apêndice xifóide (extremidade inferior do esterno);
 Com a outra mão, agarrar o punho da colocada anteriormente e puxar, com um
movimento rápido e vigoroso, para dentro e para cima;
 Cada compressão deve ser um movimento claramente separado do anterior e
efetuado com a intenção de resolver a obstrução;
 Repetir as compressões abdominais até 5 vezes, vigiando sempre se ocorre ou não
resolução da obstrução e o estado de consciência da vítima.

No caso do doente de obstrução da via aérea se encontrar inconsciente devem ser iniciadas
de imediato as manobras de reanimação cardiorrespiratória, tendo em atenção a vigilância
da via aérea.

Ventilação com máscara de bolso

Uma máscara de bolso pode ser utilizada por leigos com treino mínimo na realização de
ventilações durante uma RCP. Este dispositivo adapta-se na face da vítima, sobre o nariz e
boca e possui uma válvula unidirecional que desvia do reanimador o ar expirado da vítima.

Um reanimador ÚNICO deve aproximar-se da vítima de lado. Isto irá permitir uma troca
fácil entre ventilações e compressões torácicas.

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1. Colocar a máscara sobre o nariz e boca da vítima (a parte mais estreita da
máscara de bolso deverá ficar sobre o dorso do nariz; a parte mais larga da
máscara deverá ficar a boca);
2. Colocar o polegar e o indicador na parte mais estreita da máscara;
3. Colocar o polegar da outra mão a meio da parte mais larga da máscara e usar os
outros dedos para elevar o queixo da vítima, criando uma selagem hermética;
4. Soprar suavemente pela válvula unidirecional durante cerca de 1 segundo (por
cada ventilação), por forma a que o tórax da vítima se eleve;
5. Retirar a boca da válvula da máscara após insuflar.

Respiração boca-a-boca

Na impossibilidade de utilizar um adjuvante da VA (máscara de bolso ou insuflador


manual), a ventilação “boca-a-boca” é uma maneira rápida e eficaz de fornecer oxigénio à
vítima.

O ar exalado pelo reanimador contém aproximadamente 17% de oxigénio e 4% de dióxido


de carbono, o que é suficiente para suprir as necessidades da vítima.

Para ventilar adequadamente uma vítima adulta:


1. Posicionar-se ao lado da vítima;
2. Permeabilizar a VA (a posição incorreta da cabeça pode impedir a ventilação
adequada por OVA):
 Colocar uma mão na testa da vítima e empurrar com a palma da mão,
inclinando a cabeça para trás (extensão da cabeça);
 Colocar os dedos da outra mão por baixo da parte óssea da mandíbula,
perto do queixo (pressão excessiva nos tecidos moles por baixo do queixo
podem obstruir a VA);
 Elevar a mandíbula, levantando o queixo da vítima (Atenção: não feche a
boca da vítima!);
3. Aplicar 2 ventilações na vítima, mantendo a VA permeável:
 Com a mão na testa da vítima comprimir as narinas da vítima;

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 Respirar normalmente e selar os lábios ao redor da boca da vítima;
 Aplicar 1 ventilação (soprar por 1 segundo; esta duração maximiza a
quantidade de O2 que chega aos pulmões, com menor probabilidade de
distensão gástrica), observando se existe a elevação do tórax da vítima.
Cada insuflação deve ser suficiente para provocar elevação do tórax como
numa respiração normal (se o tórax não se elevar, repetir as manobras de
permeabilização da VA);
 Aplicar uma segunda ventilação, observando se existe elevação do tórax;
 Caso uma ou ambas as tentativas de insuflação se revelem ineficazes, deve
avançar de imediato para as compressões torácicas.

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6.Intoxicações

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As intoxicações podem essencialmente ter três origens: acidental, voluntária ou
profissional, sendo a mais frequente a intoxicação acidental e normalmente por uso ou
acondicionamento incorreto dos produtos.

O agente tóxico pode entrar no organismo humano por uma das seguintes vias:
 Via digestiva – É a mais frequente, normalmente associada a ingestão de alimentos
deteriorados ou a ingestão de medicamentos;
 Via respiratória – Resulta da inalação de gases, fumos ou vapores, ocorrendo na
maioria dos casos em situações de incêndio ou de uma deficiência nas instalações
de gás para uso doméstico;
 Via cutânea – Quando o produto entra em contacto com o organismo através da
pele;
 Via ocular – Surge geralmente por acidente, quando um jato de um produto atinge
os olhos;
 Por injeção – via parentérica – Acontece com mais frequência nos
toxicodependentes ou num caso de erro terapêutico, quer ao nível da dose quer ao
nível da própria substância;
 Picada de animal – Em Portugal as mais frequentes devem-se às picadas do
escorpião, alguns insetos, víboras e peixes;
 Via rectal ou vaginal – São situações raras, que podem surgir em alguns casos de
tentativas de aborto com recurso a substâncias químicas ou pela utilização de
alguns medicamentos.

Quando se estiver perante uma intoxicação importa lembrar que, em muitos casos, o
melhor socorro é não intervir, devendo ter sempre presente que, em caso de dúvida, deve
ser contactado o Centro de Informação Antivenenos (CIAV) ou ligar para o número
europeu de socorro 112.

No contacto com o CIAV ou com o 112 indicar:

a) Em relação ao tóxico:
• Identificar o tóxico:

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– Nome do produto;
– Cor;
– Cheiro;
– Tipo de embalagem;
– Fim a que se destina.
b) Em relação à vítima:
• Idade;
• Sexo;
• Peso;
• Doenças anteriores.

As embalagens devem acompanhar o doente à unidade de saúde, para facilitar a


identificação do agente tóxico e assim permitir uma intervenção no tempo mais curto
possível.

Atuação para intoxicação por via respiratória

Antes de se atuar, verificar se o local é seguro e arejado. Caso seja possível abordar o
doente em segurança, retirá-lo do local para uma zona arejada, se possível administrar
oxigénio e contactar os meios de socorro.

Atuação para intoxicações por via digestiva

Muitas das intoxicações por via digestiva são de fácil resolução pela remoção do conteúdo
gástrico através da indução do vómito, no entanto, a sua realização está dependente do
tempo decorrido e do produto em causa. Assim, somente deve ser efetuada quando lhe for
dada indicação pelo CIAV ou pelo operador da central 112.

Atuação para intoxicações por via cutânea

Nestes casos, remover as peças do vestuário que estiverem em contacto com o tóxico e
lavar a zona atingida durante pelo menos 15 minutos. Logo que possível contactar o CIAV.

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Atuação para intoxicações por via ocular
Nestes casos, lavar o olho atingido, com recurso a água. A lavagem deve ser efetuada do
canto interno do olho para o canto externo e deve ser mantida durante 15 minutos. Assim
que possível contactar o CIAV – 112.

Os restantes casos, devido a sua especificidade, poderão apenas ser socorridos com
intervenção médica. Assim, devem ser acionados os meios de socorro o mais precocemente
possível.

Número de telefone do CIAV:


808 250 143

33
7.Traumatismos

34
Os traumatismos crânio-encefálicos e vertebro-medulares (da coluna) sãodas lesões mais
graves em trauma, uma vez que são responsáveis por um elevado número de mortes mas
também por causarem lesões permanentes nos doentes.

Sendo lesões que, na maioria dos casos, não permitem, numa primeira avaliação, a sua
correta identificação, obrigam a que por parte do socorrista exista a suspeita das mesmas
sempre que se esteja perante uma situação de trauma, tenha este origem numa queda,
acidente ou agressão.

Atendendo à gravidade deste tipo de lesões, o manuseamento do doente requer o máximo


de cuidado, uma vez que um gesto inadequado pode agravar a lesão existente e torná-la
irreversível.

Traumatismo crânio-encefálico

Os traumatismos da cabeça incluem fraturas do crânio, dos ossos, da face e dos tecidos
moles. O crânio é composto por vários ossos ligados entre si formando uma caixa que tem
como objetivo proteger o Sistema Nervoso Central.

Quando ocorre o traumatismo do crânio, na maior parte dos casos existe uma lesão do
cérebro, podendo ser por lesão direta, resultante do ferimento, ou por este ter sido
projetado contra o próprio crânio por aceleração e desaceleração.

Como qualquer outro tecido, o cérebro reage a qualquer traumatismo, podendo edemaciar
(inchar) ou existir a rotura de um vaso sanguíneo, causando um hematoma. Este comprime
o cérebro e, uma vez que o crânio é uma caixa fechada e não existe espaço para que o
hematoma expanda livremente, ficam deste modo comprometidas as funções vitais.

Sinais e sintomas
• Vão surgir alterações do estado de consciência tais como:
– Sonolência;
– Irritabilidade;

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– Confusão mental (desorientação no tempo e no espaço);
– Agitação.
• Tonturas;
• Náuseas (sensação de vómito) ou mesmo vómitos;
• Perturbação da visão (turva ou desfocada);
• Alteração dos movimentos e da sensibilidade;
• Saída de sangue ou líquido céfalo-raquidiano pelos ouvidos e nariz.

Atuação
• Manter o doente em repouso;
• Caso o doente tenha capacete, este apenas deve ser retirado se existir
compromisso da via aérea e da respiração ou se o socorrista possuir formação e
condições para a sua extração controlada;
• Não mover o doente;
• Controlar possíveis hemorragias exceto se o sangue sair dos ouvidos.
Nesse caso, deixá-lo sair e colocar apenas uma compressa para embeber;
• Manter a via aérea livre. Ter em atenção um possível vómito;
• Administrar oxigénio, se possível;
• Avaliar e registar os parâmetros vitais;
• Imobilizar o doente e manter a sua cabeça elevada a 30º.

Traumatismos da coluna

A coluna vertebral é uma estrutura óssea que contém no seu interior a espinal medula.
Esta, por sua vez, é responsável pela transmissão e receção da informação entre o cérebro
e o resto do organismo.

As lesões de coluna podem ser provocadas por:


• Traumatismo direto (ex.: pancada direta na coluna);
• Traumatismo indireto (ex.: queda da vítima, na vertical, com os pés no solo).

Sinais e sintomas

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 Alteração da mobilidade e da sensibilidade – o doente pode deixar de sentir dor ou
referir formigueiros nas extremidades, no corpo ou deixar de mexer os membros.
Isto pode ser somente ao nível dos membros inferiores ou na totalidade dos
membros, dependendo do nível em que se deu a lesão;
 Deformação – a zona onde se deu o traumatismo encontra-se deformada, não
deixando desta forma dúvidas em relação à existência da lesão;
 Dificuldade respiratória – os nervos que fazem os músculos auxiliares da ventilação
podem ter sido atingidos, deixando de funcionar. Assim, o doente é obrigado a
ventilar com dificuldade, uma vez que a respiração só vai poder contar com o
diafragma;
 Perda de urina ou fezes – os nervos que controlam a urina e as fezes foram
atingidos, permitindo que o doente urine ou defeque sem vontade;
 Alteração dos sinais vitais – a alteração dos sinais vitais vai depender do nível a que
se deu a lesão, podendo surgir diferenças de temperatura acima e abaixo da lesão.

No caso de acidente, queda, traumatismo craniano ou vítima inconsciente de causa


desconhecida, suspeite sempre de lesão de coluna.

Atuação
• Verificar a via aérea (A), a ventilação (B) e a circulação (C);
• Movimentar o doente o menos possível e sempre como um todo;
• Efetuar o alinhamento seguindo como referência uma linha imaginária entre o
nariz e o umbigo do doente (se possível após esta manobra aplicar um colar
cervical);
• Avaliar e registar os sinais vitais;
• Procure saber:
– Como ocorreu o incidente;
– Antecedentes pessoais;
– Medicação;
– Alergias;
– Última refeição.
• Ativar os meios de socorro (ligar 112);

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• Caso seja necessário remover o doente do local (decisão que somente deve ser
tomada em último recurso), efetuar a sua imobilização com recurso a uma
superfície plana e dura.

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8.Lesões (articulares, musculares e ósseas)

39
Lesões ósseas

O esqueleto é o suporte e proteção do corpo humano. Quando submetido a uma força


energética superior à sua capacidade de absorção podem existir fraturas.

A fratura define-se quando existe toda e qualquer alteração da continuidade de um osso.

Fraturas
As fraturas podem classificar-se da seguinte forma:
• Fraturas abertas (expostas): quando existe exposição dos topos ósseos, podendo
facilmente infetar.
• Fraturas fechadas: a pele encontra-se intacta, não se visualizando os topos
ósseos.

Sinais e sintomas de fraturas


• Dor localizada na zona do foco de fratura, normalmente intensa e aliviando após a
imobilização;
• Perda da mobilidade. Pode, em alguns casos, existir alteração da sensibilidade;
• Existe normalmente deformação, podendo, em alguns tipos de fraturas, não estar
todavia presente;
• Edema (inchaço) normalmente presente, aumentando de volume conforme o
tempo vai passando.
• Exposição dos topos ósseos, no caso da fratura exposta, não deixa dúvidas em
relação à existência da mesma;
• Alteração da coloração do membro. Surge no caso de existir compromisso da
circulação sanguínea.

Cuidados a ter no manuseamento de fraturas


• Não efetuar qualquer pressão sobre o foco de fratura;
• Imobilizar a fratura, mantendo o alinhamento do membro, não forçando no caso
da fratura ser ao nível do ombro, cotovelo, mão, joelho e pés;

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• No caso de fraturas abertas, lavar a zona com recurso a soro fisiológico antes de
imobilizar;
• Não efetuar movimentos desnecessários.

Imobilizações
Para imobilizar a fratura proceder da seguinte forma:
• Expor o membro. Retirar o calçado e roupa;
• Se existirem feridas, limpá-las e desinfetá-las antes de imobilizar;
• Se a fratura for num osso longo, alinhar o membro;
• Imobilizar a fratura, utilizando preferencialmente talas de madeira, devendo estas
estar obrigatoriamente almofadadas;
• No caso da fratura ocorrer numa zona articular, não forçar o alinhamento. Se
necessário, imobilizá-lo na posição em que este se encontra.

Lesões Articulares

Entorse
Rotura ou torção dos ligamentos que reforçam uma articulação, provocada por um
repuxamento violento ou movimento forçado a esse nível.

Sinais e Sintomas
 Dor forte, no momento do acidente, que aumenta com o movimento;
 Edema (inchaço) na região articular;
 Equimose (“nódoa negra”), em alguns casos.

Primeiro Socorro
 Instalar a vítima em posição confortável;
 Fazer aplicações frias no local;
 Conferir apoio à articulação, envolvendo-a em camada espessa de algodão que se
fixa com uma ligadura;
 Em caso de dúvida, imobilizar a articulação como se de uma fratura se tratasse e
promover transporte ao hospital.

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Luxação
Perda de contacto das superfícies articulares por deslocação dos ossos que formam uma
articulação, o que acontece quando esta sofre uma violência direta ou indireta.

Sinais e Sintomas
 Dor violenta;
 Impotência funcional;
 Deformação;
 Edema.

Primeiro Socorro
 Instalar a vítima em posição confortável;
 Imobilizar sem fazer qualquer redução;
 Prevenir/combater o choque;
 Promover o transporte ao hospital.

Lesões Musculares

Distensão
Rotura das fibras que compõem os músculos, resultante de um esforço para além da sua
resistência (ex: levantar pesos).

Sinais e Sintomas
 Dor local de instalação súbita;
 Rigidez muscular;
 Edema.

Primeiro Socorro
 Instalar a vítima em posição confortável;
 Se o acidente é recente, fazer aplicações frias;
 Repouso absoluto do músculo, mantendo-o imóvel;

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 Se houver dúvidas sobre o estado da vítima promover o transporte ao hospital.

Cãibra
Contração sustentada, involuntária e dolorosa de um músculo ou de um conjunto de
músculos, provocada por situações de fadiga muscular, sudação abundante ou qualquer
outra situação que provoque desidratação.

Sinais e Sintomas
 Dor local de instalação súbita;
 Rigidez muscular;
 Edema.

Primeiro Socorro
 Distender os músculos afetados forçando o seu relaxamento;
 Massajar suavemente o local;
 Aplicar, localmente e de forma indireta, calor.

43
9.Queimaduras

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As queimaduras são lesões da pele resultantes do contacto com o calor, agentes químicos
ou radiações. Podem, em alguns casos, ser profundas, atingindo músculos ou mesmo
estruturas ósseas.

Classificação das queimaduras


As queimaduras classificam-se em relação a:
• Extensão – dimensão da área atingida (quanto maior for a área atingida maior
será a gravidade);
• Profundidade – grau de destruição dos tecidos.

A classificação das queimaduras em relação à profundidade é efetuada em graus.

Queimaduras de primeiro e segundo grau


As queimaduras de primeiro e segundo grau são as de menor perigo para a nossa saúde.
Enquanto as primeiras atingem apenas a epiderme, as segundas afetam igualmente a
derme.

Este tipo de queimaduras pode ser tratado por um socorrista, embora não se deva excluir a
ida ao médico, em certos casos.

As queimaduras de primeiro e segundo graus podem também ser distinguidas do seguinte


modo:
 Primeiro grau: caracterizam-se por pele vermelha com inchaço e dor discretas.
 Segundo grau: provocam bolhas sobre uma pele vermelha, manchada ou de
coloração variável, inchaço, libertação de líquidos e dor

Primeiros socorros nas queimaduras de primeiro e de segundo grau (de pequena


dimensão)
Neste tipo de feridas, é fundamental uma intervenção rápida e eficaz. Passo a passo, eis os
procedimentos indicados:
 Arrefecer a zona queimada com água. Este processo pode ser feito por uma das
seguintes três formas:

45
o - Colocar a zona magoada sob água corrente fria (o jato d'água não pode
ser forte demais para não rebentar as bolhas nem causar dor);
o - Imergir a zona queimada num recipiente cheio de água fria (não se deve
usar gelo);
o - Quando não é possível uma das duas primeiras hipóteses, aplicar
compressas frias e húmidas, utilizando para tal efeito toalhas, guardanapos
ou roupas limpas.
 Manter o processo ao longo de 5 minutos, até a dor desaparecer.
 Secar com muito cuidado o local queimado, através de pancadinhas e com um pano
limpo ou uma compressa
 Também com uma compressa, ou com um panolimpo seco, fazer um curativo
frouxo;
 Nas situações em que as queimaduras têmbolhas, o acidentado deverá deslocar-se
ao Serviço deUrgências mais próximo.

Queimaduras de terceiro grau


As queimaduras de terceiro grau são as que atacam todas as camadas da pele.

Caracterizam-se por pele branca ou carbonizada, quase sempre com pouca ou nenhuma
dor. Neste quadro estão incluídas todas as queimaduras elétricas.

Primeiros socorros nas queimaduras de terceiro grau


 Remover roupas apertadas e jóias (podem ficar ainda mais apertadas no caso,
muito provável, de ocorrência de edema);
 Arrefecer rapidamente a zona queimada com água, aplicando compressas húmidas
e frias (com um pano limpo). Verificar também, e com muita atenção, se o
lesionado apresenta complicações respiratórias;Nota: em caso de ser uma
queimadura de terceiro grau pequena (com menos de 5 cm de diâmetro), é possível
colocar a zona magoada sob água fria corrente ou numa pia com água fria, ou, em
alternativa, usar compressas húmidas frias, durante 5 minutos. Nunca se deverá
utilizar gelo.

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 Secar com muito cuidado o local queimado,através de pancadinhas e com um pano
limpo ou uma compressa; Nota: Em casos de queimaduras de terceiro grau nos
dedos (tanto dos pés como das mãos), a realização do penso implica a separação
dos dedos, para que estes não fiquem colados. Assim, dada a sua natureza
delicada, esta tarefa deverá ser efetuada no Serviço de Urgência.
 Deslocar a pessoa ferida ao Serviço de Urgência mais próximo.

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10.Feridas

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As lesões da pele podem-se dividir essencialmente em dois grupos: lesões fechadas e
lesões abertas.

Lesões fechadas

As lesões fechadas são lesões internas em que a pele se mantém intacta e normalmente
estão associadas a uma hemorragia interna. Este tipo de lesões é, na maior parte dos
casos, originado por impacto, mas pode surgir também em determinadas situações de
doença.

Tipos de lesões fechadas


Classificam-se como lesões fechadas aquelas em que a pele se encontra intacta. Podem ser
hematomas ou equimoses.

a) Hematoma
O hematoma surge aquando do rompimento de vasos sanguíneos de um calibre
considerável, provocando o acumular de sangue nos tecidos.

Em muitos casos pode estar associado a outros traumatismos, como fraturas. Este
acumular de sangue vai dar origem a um inchaço doloroso de cor escura.

b) Equimose
A equimose, normalmente conhecida por nódoa negra, é o resultado do rompimento de
vasos capilares, levando a uma acumulação de sangue em pequena quantidade nos
tecidos.

Atuação
Os cuidados de emergência são iguais para ambos os tipos de lesão, mas é preciso lembrar
que este tipo de lesão pode estar associado a outras mais graves.
Por isso, deve se sempre efetuado o exame do doente.

Quando da presença de uma destas lesões, proceder da seguinte forma:

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• Acalmar o doente;
• Explicar o que vai ser feito;
• Suspeitar de outras lesões associadas;
• Fazer aplicação de frio sobre o local;
• Imobilizar a região afetada;
• Procurar antecedentes pessoais;
• Ligar 112 e informar:
- Local exato;
– Número de telefone de contacto;
– Descrever a situação;
– Descrever o que foi feito;
– Respeitar as instruções dadas.
• Aguardar pelo socorro, mantendo a vigilância do doente.

Lesões abertas

As lesões abertas surgem quando a integridade da pele foi atingida, sendo facilmente
identificada pela existência de feridas.

A existência de feridas na pele pode dar origem ao surgimento de infeções e a perda de


sangue pela hemorragia que normalmente lhe está associada.

Tipos de lesões abertas


Existem diversos tipos de lesões abertas, dependendo do tipo de mecanismo que as
originou. Estas podem ser:
• Escoriação;
• Laceração;
• Avulção;
• Amputação;
• Ferida penetrante ou perfurante.

a) Escoriação

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A escoriação é uma lesão superficial da pele com uma pequena hemorragia (originada pelo
rompimento de vasos capilares) e dolorosa. Esta lesão, que não apresenta gravidade, é
normalmente causada por abrasão.

b) Laceração
É uma lesão da pele originada normalmente por objetos afiados, podendo apresentar uma
forma regular ou irregular. Pode, no entanto, ser profunda e atingir vasos sanguíneos de
grande calibre.

c) Avulção
Surge quando existe perda completa ou incompleta de tecidos. As avulsões envolvem
normalmente os tecidos moles, podendo, no entanto, ser profundas e atingir vasos
sanguíneos de grande calibre.

d) Amputação
A amputação é a separação total de um membro. Este tipo de lesão é grave estando
associada a hemorragias e fraturas. Por este motivo, a atuação deve ser rápida e eficaz.

e) Feridas penetrantes ou perfurantes


A este tipo de lesões estão associadas outras, como hemorragias internas e lesões de
órgãos internos.

Atuação
No geral deve-se:
 Acalmar o doente;
 Explicar o que vai fazer;
 Suspeitar de outras lesões associadas;
 Não mover o doente mais do que o necessário;
 Controlar as hemorragias;
 Efetuar um penso esterilizado;
 Estar atento aos sinais de choque;
 Ligar 112 e informar:

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– Local exato;
– Número de telefone de contacto;
– Descrever a situação;
– Descrever o que foi feito;
– Respeitar as instruções dadas.
 Aguardar pelo socorro, mantendo a vigilância do doente

Limpeza de uma ferida

a) Avaliação da ferida
A primeira atenção deverá ser dirigida para a avaliação da ferida de forma a determinar as
prioridades da atuação. Assim, independentemente das diferentes classificações das
feridas, nesta unidade elas poderão ser divididas em:
• Superficiais (envolvem a epiderme; não atingem totalmente a derme; persistem
folículos pilosos e glândulas sudoríparas);
• Profundas (estendem-se à derme e tecido subcutâneo e podem envolver tendões,
músculos e ossos).

b) Proteção da ferida
A atuação nas ações de socorro a doentes com ferimentos deverá ter sempre presente que
a proteção da ferida envolve vários aspetos, entre os quais o conforto do doente, com
consequente diminuição da dor, presente na maioria das situações que envolvem
ferimentos.

A escolha dos materiais que se utilizam na realização de um penso não deve ter como
finalidade o tratamento.

A utilização de soluções desinfetantes nas feridas deve ser limitada. Deverá ter em conta
que as soluções desinfetantes podem resultar num novo traumatismo para a ferida,
complicando a situação da pessoa a quem prestamos socorro.

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Não sendo o tratamento o objetivo da intervenção pré-hospitalar, o produto de eleição a
utilizar é o soro fisiológico.

c) Promover a ferida limpa


A promoção da limpeza da ferida é da inteira responsabilidade do socorrista, sendo
obrigatório que tudo o que entra em contacto com a ferida seja esterilizado.

Os movimentos de limpeza de uma ferida deverão ser dirigidos do centro para a periferia
impedindo o arrastamento de detritos dos tecidos circundantes para a ferida. Ou seja, a
limpeza da ferida deverá ser feita da zona mais limpa para a mais conspurcada. A utilização
do soro fisiológico nesta limpeza é indispensável.

d) Prevenir a infeção
Um dos fatores a considerar para cumprir este critério passa pela consciencialização e pela
adoção de procedimentos que garantam o contributo na prevenção da infeção.

Assim, na realização de um penso deve ter-se em conta:


• Utilizar material descartável, sempre que possível;
• O material que entra em contacto com as feridas deve estar esterilizado;
• As embalagens devem ter prazo de validade e este deve ser respeitado;
• Utilizar embalagens individuais, sempre que possível;
• Registar no frasco de soro fisiológico a data da sua abertura;
• Utilizar material esterilizado e aberto na altura sempre que a situação assim o
justifique.

Outro tipo de lesões

Lesão do ouvido externo (orelha)


Este tipo de lesão normalmente não apresenta gravidade. No entanto, se o impacto foi
violento pode estar associado um traumatismo craniano. Proceder como se de um
ferimento normal se tratasse.

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Lesão do ouvido interno
Este tipo de lesão pode ser causado por diferenças de pressão, explosões ou mesmo por
um traumatismo craniano. A sua avaliação em termos de gravidade é possível apenas no
hospital.

Quando perante uma lesão deste tipo, deve proceder-se da seguinte forma:
• Acalmar o doente;
• Suspeitar de traumatismo craniano;
• Aplicar uma compressa somente para embeber o sangue que sai do ouvido;
• Deitar (se possível) o doente com o ouvido lesionado para baixo;
• Não tentar impedir a saída de sangue;
• Ativar os meios de socorro.

Lesões dos olhos


A visão é um dos sentidos mais importantes. Uma lesão tratada indevidamente pode levar
à sua perda. Por este motivo, neste tipo de lesões importa atuar mais no sentido da
proteção do que do tratamento.

Quando perante este tipo de situações proceder da seguinte forma:


• Acalmar o doente;
• Deitar o doente com a cabeça ligeiramente elevada;
• Não tentar retirar o objeto, por muito pequeno que seja;
• Aplicar penso esterilizado não compressivo;
• Tapar os dois olhos;
• No caso de objeto empalado, imobilize-o e proteja-o utilizando para o efeito um
copo de plástico;
• Efetuar o restante exame do doente;
• Ativar os meios de socorro.

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11.Hemorragias (pulsação, garrote)

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Sempre que o sangue sai do espaço vascular estamos perante uma hemorragia.

As hemorragias sendo uma emergência necessitam de um socorro rápido e imediato. É


imperioso que a equipa de socorro atue de forma rápida e eficaz.

A perda de grande quantidade de sangue é uma situação perigosa que pode rapidamente
causar a morte.

Regra geral a abordagem na avaliação e tratamento segue a sequência ABCDE.

Um adulto com 75 Kg de peso tem cerca de 5,5 litros de sangue. A perda de 1 litro de
sangue no adulto, de 0,5 litro na criança ou de 25 a 30 mL num recém-nascido pode levar
rapidamente ao choque.
A gravidade da hemorragia depende de vários fatores, como o tipo de vaso atingido
(artéria, veia, capilar), da sua localização e do seu calibre. O corte do principal vaso
sanguíneo do pescoço, braço ou coxa pode causar uma hemorragia tão abundante que a
morte pode surgir dentro dos primeiros 3 a 10 minutos iniciais após a lesão.

Quando existir uma perda sanguínea, o organismo vai reagir, originando sinais (o que se
vê) e sintomas (o que o doente refere) que permitem suspeitar de uma hemorragia. Entre
eles destacam-se os seguintes:
a) Alteração do estado de consciência: uma perda de sangue suficientemente
grande faz com que o oxigénio e nutrientes que deviam chegar ao cérebro sejam
insuficientes levando a que o doente possa ficar confuso, desorientado ou mesmo
inconsciente;
b) Alteração da ventilação: se existir uma perda de sangue, significa que chega
menos oxigénio aos órgãos, dando origem a que a percentagem de anidrido de
carbono aumente nos tecidos. Estes factos levam a que a frequência ventilatória
aumente dando origem a uma ventilação rápida e superficial;

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c) Alteração do pulso: se existe menos quantidade de sangue, o coração vai
acelerar para fazer circular mais depressa o pouco sangue que existe, originando
um pulso rápido e fino;
d) Alteração da pressão arterial: a perda de sangue vai levar a que o volume
deste nos vasos sanguíneos seja menor e, consequentemente, a pressão exercida
sobre a parede das artérias também o seja, provocando uma pressão arterial baixa;
e) Alteração da pele: se existe menos sangue, existe também menos oxigénio e
nutrientes. Isto vai obrigar o organismo a retirar sangue da periferia para o interior
do corpo, originando uma pele pálida e húmida;
f ) Saída evidente de sangue por uma ferida ou pelos orifícios naturais do corpo;
g) Sede: se existe uma perda de sangue existe também uma perda de água.
Por este motivo, o doente tem sede.

Em todas as emergências que envolvam hemorragias devem ser tomadas medidas


decisivas e rápidas.

Métodos para controlar hemorragias:


1. Pressão direta (no local da hemorragia);
2. Garrote (tratamento de 2ª linha: se pressão direta não funciona garrotar);
3. Métodos de 3ª linha (caso os anteriores não estiverem a resolver a situação):
Elevação do membro (contraindicado se trauma associado);
Pressão indireta (compressão à distância).

Método de 1ª linha: Pressão direta

Também designada por compressão manual direta. É o método escolhido para controlo da
maioria das hemorragias externas - cerca de 90%.
A pressão direta não poderá ser utilizada quando:
• A hemorragia está localizada sobre uma fratura;
• No local da hemorragia existirem objetos empalados.

Como proceder à compressão manual direta:

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• Comprimir com uma compressa esterilizada;
• Nunca retirar as primeiras compressas, se necessário, colocar outras por cima
desta;
• Logo que a hemorragia aparente estar controlada, efetuar um penso compressivo
sobre a ferida:
Manter as compressas a exercer alguma pressão sobre a ferida, utilizando
uma ligadura. A ligadura deverá ser aplicada com cuidado para manter as
compressas sobre a ferida, exercendo alguma pressão, mas não de tal modo
que o membro seja garrotado;
Nunca tapar o local do penso de uma hemorragia, durante o transporte. É
fundamental que se possa observar a evolução da mesma para se poder
atuar caso se verifiquem novas perdas sanguíneas.

Método de 2ª linha: Garrote

O garrote deve ser utilizado em situações, em que a compressão manual direta efetuada
com pressão adequada no local não se mostre eficaz, em especial nos casos de esfacelos
e/ou amputação com hemorragia grave.

Para o aplicar, deve retirar a roupa do membro amputado não esquecendo que, uma vez
aplicado, não deve ser aliviado.

Por segurança deverá sempre deixar o membro garrotado bem à vista e marcar a hora da
realização do garrote.

O garrote preferencialmente não deve ser elástico e deve ser sempre largo.

Método de 3ª linha: Elevação do membro

Nas feridas ou lesões de um membro, deve aplicar uma compressa sob pressão e elevar o
membro, caso não haja fratura. A força da gravidade contraria a corrente sanguínea, a
manutenção do membro elevado auxiliará o controlo da hemorragia.

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Método de 3ª linha: Compressão indireta ou digital à distância
Consiste em comprimir uma artéria contra um músculo ou um osso, entre o local da
hemorragia e o coração.

A pressão exercida nas artérias contra um músculo ou um osso, na raiz dos membros,
levará ao controlo de hemorragias nos territórios irrigados pela artéria em causa, uma vez
que impede a progressão da corrente sanguínea para além do local da compressão. Os
locais mais frequentes de compressão são a nível da artéria umeral (face interna do braço)
ou artéria femoral (ao nível da virilha).

Recordamos que este método é usado essencialmente em situações em que haja um


objeto estranho empalado ou suspeita de fratura no local.

Será portanto, um método alternativo à compressão direta, quando esta não puder ser
efetuada.

Num quadro clínico de hemorragia grave, o doente apresenta sinais e sintomas de choque
hipovolémico. Assim sendo, devem ser aplicados os seguintes cuidados de emergência:
 Proceder ao controlo da hemorragia;
 Ter em atenção um possível episódio de vómito;
 Elevar os membros inferiores;
 Manter o doente confortável e aquecido;
 Identificar os antecedentes pessoais e a medicação;
 Avaliar os parâmetros vitais, se possível;
 Ligar 112 e informar:
– Local exato;
– Número de telefone de contacto;
– Descrever o que foi observado e avaliado;
– Descrever os cuidados de emergência aplicados;
– Respeitar as instruções dadas.
 Aguardar pelo socorro, mantendo a vigilância do doente;

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 Se o doente estiver em paragem cardiorrespiratória, iniciar de imediato as
manobras de reanimação.

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Bibliografia

AA VV. Emergências médicas: Manual TAS, Ed. INEM, 2012

AA VV. Emergência e Primeiros Socorros em Saúde Ocupacional, Ed.Direcção-Geral da


Saúde: Programa Nacional de Saúde Ocupacional, 2010

AA VV. Trauma: Manual TAS, Ed. INEM, 2012

AA VV: Manual de primeiros socorros – Volumes I, II e II, Ed. O Portal Saúde, 2008

Alves, Ana Paula et al. Noções de Saúde: Manual do Formando, Projeto Delfim, GICEA -
Gabinete de Gestão de Iniciativas Comunitárias do Emprego, 2000

Baptista, Nelson, Manual de Primeiros-Socorros, Ed. Escola Nacional de Bombeiros, 2005

Webgrafia

Autoridade Nacional de Proteção Civil


http://www.prociv.pt/

INEM – Instituto Nacional de Emergência Média


http://www.inem.pt

O Portal Saúde

http://www.oportalsaude.com/

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