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Der Begriff der Schuld und der moralischen Ordnung in Schopenhauers Philosophie View project
All content following this page was uploaded by Eli Vagner Francisco Rodrigues on 14 February 2017.
Unesp
Essa luta, como fica claro tanto no texto de Nietzsche como no texto de
Schopenhauer tem como foco, a princípio, a oposição a certas concepções
filosófico-políticas, que o veem no estado o fim supremo da humanidade e à
ideia básica que fundamentaria essa concepção, a de que não há dever mais
elevado para o homem do que servir ao estado.
“Sê tu mesmo! Tudo o que fazes, tudo o que pensas, tudo o que ambicionas
agora, tudo isso não é tu.”
A figura das ervas daninhas atacam o que é mais jovem e, de saída, Nietzsche
anuncia que a verdadeira educação se opõe à concepção de educação de seu
tempo.
Escreve contra seu tempo somente aquele que escreve para si mesmo e,
como ninguém gosta de ser enganado, a autonomia seria, antes de tudo, em
Schopenhauer, atesta Nietzsche um caminho para a verdade.
Nesse sentido a oposição às formas perversas e inescrupulosas do otimismo,
da falsa esperança e, sobretudo, da falsa consciência, seria uma forma de
crítica da cultura de seu tempo.
Ora o que seria nesta passagem indício de uma crítica de seu tempo.
Exatamente o contrário da postura de seu mestre, eu cito:
Neste ponto podemos destacar que a crítica à cultura de seu tempo traz, em
sua gestação, também, o perigo do ressentimento. Parece inegável que crítica
e ressentimento caminham juntos no escrito de Schopenhauer sobre a
filosofia universitária.
O crítico da cultura de seu tempo segue como Hamlet segue o espectro sem
se deixar desviar como fazem os sábios e sem se basear em uma escolástica
conceitual como costumam fazer os dialéticos desenfreados.
Hamlet ao se deparar com uma verborragia explicativa do tipo dialético, em
todos os sentidos, pronuncia o contra-argumento mais simples e ao mesmo
tempo de efeito estrondoso: Palavras, palavras, palavras. Justamente à um
personagem que é de um palavrório proverbial mas se revela o conformismo
político-social.
Na perspectiva de Nietzsche:
Estado, sistema educacional, e a própria ciência, essa que neutraliza o juízo
sobre o valor da vida, são objetos da crítica, em última instância, também,
por promoverem um juízo de valor sobre vida.
A crítica da cultura exigiria ainda um passo contra o próprio devir, deve trazer
à luz tudo o que há de falso nas coisas, e aqui reside talvez o pensamento
mais abissal dessa crítica:
As instituições, o status quo e o próprio homem não vão querer essa reforma,
justamente porque ele, o homem, seria a primeira vítima.
Essa comunidade, porém, não pode ser ligada por formas e leis exteriores,
mas pela identidade de um mesmo pensamento fundamental. Essa seria uma
comunidade espiritual.
Se considerarmos mais uma vez como o viés crítico enfoca o estado neste
contexto, veremos que, segundo Nietzsche as tarefas culturais a que ele se
propõe são “liberar as forças espirituais de uma geração na medida em que
essas possam servir às instituições estabelecidas e lhe serem úteis”. Essa
liberação consiste, continua Nietzsche, em forjar as correntes.
Por fim, talvez a ideia mais inusitada de todo esse escrito aponta como objeto
de crítica o próprio saber, mas exatamente o egoísmo do saber.
A oposição entre a figura do erudito, dissecada em treze qualidades que aqui
não teremos tempo de analisar, e o gênio. A estima ao sábio é prejudicial
para o surgimento do gênio. O sábio não tem ideia alguma do que é a cultura.
A crítica da cultura é também a crítica de um ideal de sabedoria.