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Dark

Moon
Índice
1 – Abrindo os portais da Aurora
Era estranho olhar pela janela quadrada do carro um mundo cheio de concretos, pessoas,
carros, barulhos e muito sol, especialmente após ficar mais de sete anos trancada num quarto
escuro.
Da família
Embora observasse que a palidez que tomara Mika, tornava claro a situação provavelmente
embaraçosa na qual se colocaram mediante ao desejo, estivesse relacionado com algo ao qual
talvez o amigo preferisse manter em segredo. Havia imprecação no olhar doloroso que o primo
loiro lançava ao fiel amigo.
Ao sentir-se inclinado a dar-lhe alguma explicação, talvez tivesse que falar mais sobre a família
do que poderia ou sentia que poderia. Nunca se sabe onde exatamente fica a tênue linha entre o
explicável e o segredo. Bune não pareceu incomodado com a situação, o que deixava Mika um
pouco mais relaxado.
— Existe uma profecia na família, profecia essa que fora proclamada muitos anos antes do que
seria nossa geração. Mas, nos descreveram exatamente como somos e nos tornamos e por conta
dessa profecia, nós dois nos casaríamos. A ideia era agradável para nós dois, já que antes
mesmo de sabermos sobre o lado sombrio da família, nós dois mantínhamos relação sexual em
base regular várias vezes por semana.
Parou para observar o semblante do amigo que agora sentava-se no banco da bateria segurando
as duas baquetas com uma das mãos, enquanto a outra caia solta sobre o corpo que se inclinava
levemente para frente demonstrando com precisão seu interesse sobre aquele assunto. Num
movimento rápido da cabeça, Mika expressou deixando o ar sair junto com as palavras,
tamanho alívio.
— Somos terrivelmente irresistível um para o outro, porque assim desejaram nossos
antepassados, era para nos casarmos e ficarmos juntos para aprender nessa vida, mas ela não
aceita, diz que não a agrada a ideia de não ter controle sobre a própria vida, resistir as minhas
investidas era mais do que necessário, era uma questão de orgulho ou de vida e morte,
dependendo do ponto de vista. - Esboçou um sorriso sincero, sabia que ele mesmo não
conseguia controlar aquelas coisas, mas preferia deixar Leah guiar-se pelas loucuras dela.
Bune maneou a cabeça de um lado para o outro, demonstrando certa satisfação de modo que o
amigo não se sentisse obrigado a falar sobre tais coisas, logo que a expressão facial de Mika
demonstrasse certo sofrimento com o evento em questão.
— É uma loucura, você sabe. - Disse com o corpo a denotar toda a rigidez e vulnerabilidade.
Uma profecia de muito tempo dizia que chegaria um momento em nossa família que apenas
dois bruxos sobreviveriam, dependendo da relação de amor entre eles, que colocassem assim
mais filhos e bruxos no mundo. Todo e qualquer esforço que não seja feito para a união de
ambos, deve ser tomada em tempos tão negros como blasfêmia e heresia.
— Acho que entendo sua situação, embora não faça o menor sentido que vocês a mantenham.
Por que quer que eu saiba disso?
— É o único amigo que tenho! - Havia indignação no tom quase dolorido.
— Devia dizer alguma coisa sobre sua paixão pela sua prima? - Perguntou, ansioso.
— Não há o que dizer. Ela nem gosta da ideia de ser bruxa, quanto mais se esforçar para manter
a hereditariedade da família. A mãe dela era bruxa, mas o pai era da raça pura, longe de ser um
homem voltado a tais superstições familiares. Ela cresceu bem confusa, por um lado a bruxaria
de sua mãe que aprendia com o passar dos dias, do outro o ceticismo e modernismo do pai,
preocupado demais com a ciência do que com as necessidades da própria filha.

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