Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Maria João Teixeira1, Ana Gonçalves2, João Gomes Ferreira3, João Appleton4
1
Aluna de Mestrado em Engenharia Civil, DECivil / ICIST / IST / UTL
2
Investigadora em Engenharia Civil, DECivil / ICIST / IST / UTL
3
Professor Associado, DECivil / ICIST / IST / UTL
4
Engenheiro Civil, A2P Consult, Estudos e Projectos Lda.
RESUMO
O bom comportamento dos edifícios pombalinos face a acções sísmicas deve-se, em larga
medida, ao contributo da estrutura em gaiola existente, constituída essencialmente pelas
paredes de frontal e barrotes dos pavimentos. Na presente comunicação apresenta-se um
estudo experimental que teve por objectivo avaliar o comportamento das paredes de frontal e
a contribuição de cada um dos seus elementos – alvenaria e barrotes de madeira. Os
resultados obtidos permitirão modelar com maior rigor o comportamento dos frontais e,
deste modo, o comportamento global dos edifícios, no contexto de uma avaliação de
segurança estrutural ou no âmbito da realização de projectos de reforço.
48
Avaliação Experimental do Comportamento de Frontais Pombalinos Sob Acção de Cargas Horizontais
49
Maria João Teixeira, Ana Gonçalves, João Gomes Ferreira, João Appleton
Fig. 4- Instrumentação
Fig. 5 - Gráfico força-deslocamento intermédio (d2)
das gaiolas de madeira
3.3– Procedimento de ensaio
O procedimento de ensaio consistiu na Apresenta-se, na Fig. 6, o resumo dos
imposição de deslocamento horizontal no topo modos de rotura das gaiolas de madeira
a uma velocidade média de 15 mm/min, indicando-se a força de rotura respectiva.
aplicado monotonicamente até à rotura dos Analisando o comportamento das três
provetes. Foi aplicada uma carga vertical curvas pode-se dizer que GM1 e GM2 têm
constante, transmitida por macacos hidráuli- um comportamento muito semelhante.
cos, simulando as cargas gravíticas. A carga Observa-se que a GM3 apresenta uma
total aplicada foi de 25 kN nas paredes de rigidez superior mas, no entanto, tem um
alvenaria e de 6 kN nas gaiolas (simulando início de rotura prematura em relação às
apenas a carga absorvida pelos prumos). outras, ou seja, tem uma queda brusca do
valor da força em primeiro lugar, isto é,
3.4– Resultados obtidos para um menor deslocamento. Esta
3.4.1- Gaiolas de Madeira diferença pode-se dever ao facto de este
elemento apresentar menores folgas nas
Os diagramas força-deslocamento obti-
ligações entre elementos de madeira, (que
dos para as gaiolas de madeira (GM)
foram colmatadas com palmetas ) relativa-
apresentam-se na Fig. 5.
a) GM1: Rotura do nó central da b) GM2: Rotura do prumo traccionado – c) GM3: Rotura do nó de aplica-ção
diagonal comprimida - secção maia secção cheia, com força de rotura de 38 da carga - secção meia ma-deira, com
madeira, com força de rotura de 33 kN kN força de rotura de 36 kN
50
Avaliação Experimental do Comportamento de Frontais Pombalinos Sob Acção de Cargas Horizontais
a) PA1: Rotura por esmagamento b) Rotura do prumo traccionado – c) Rotura do prumo traccionado
do nó inferior, com uma força de secção cheia, com uma força de no apoio, com uma força de
rotura de 60 kN rotura de 63 kN rotura de 45 kN
51
Maria João Teixeira, Ana Gonçalves, João Gomes Ferreira, João Appleton
rígido durante os ensaios, que não foram ou sem restrição de rotação) e diferentes
medidas, bem como outros factores como a formas de simular o comportamento das
instabilidade da diagonal comprimida, a diagonais comprimida e traccionada.
perda de rigidez das ligações à tracção
(sobretudo na diagonal traccionada), a
perda de rigidez dos materiais ou a perda de
rigidez dos apoios.
Como seria de esperar, as paredes de
alvenaria possuem uma rigidez e resistência
superior às gaiolas de madeira. Apenas a
gaiola de madeira 3 (GM3) se encontra
muito próxima da parede de alvenaria 3
(PA3). De facto, a GM3 apresenta uma
rigidez muito superior em relação às
restantes gaiolas de madeira, como já Fig. 9 - Modelo numérico
referido, o que se poderá dever à existência
de menores folgas nas ligações. Na Tabela 1, apresenta-se um resumo
Em geral, verifica-se que a alvenaria dos modelos testados para a gaiola de
contribui para a rigidez e para a resistência madeira (com diferentes tipos de ligação) e
do conjunto e influencia o modo de rotura, os respectivos deslocamentos (d).
evitando, por exemplo, a encurvadura das O modelo numérico escolhido, nesta
diagonais para fora do plano. A presença de fase, foi o modelo 4 pois pensa-se que é o
alvenaria deverá ser ainda mais importante que simula da melhor maneira o modelo
para cargas verticais. Nota-se que os ensaiado em laboratório.
modelos que atingiram forças de rotura
superiores foram GM2 e PA2, Tabela 1 - Resultados dos modelos de GM
correspondem a roturas que se deram em
secções cheias, que não são tão frágeis d
Modelo Ligações
como as de meia-madeira. Além disso, (mm)
estes modelos são os que apresentam as
1 Nós todos encastrados 1,1
roturas mais tardias (dentro do seu grupo),
mais bruscas e o mesmo modo de rotura 2 Diagonais articuladas 1,1
(prumo traccionado).
3 Nós todos rotulados 1,2
Diagonais articuladas
4- MODELAÇÃO DE ELEMENTOS DE 4 2,0
com E/2
CRUZ DE SANTO ANDRE
Diagonal comprimida
Foi realizada uma simulação numérica 5 articulada com E, sem 2,4
simplificada com base num modelo elástico diagonal traccionada
linear, em que os elementos de madeira Diagonais articuladas
foram simulados com elementos de viga e a 6 com E/2 e apoios 2,1
alvenaria com elementos de casca (Fig. 9). rotulados
52
Avaliação Experimental do Comportamento de Frontais Pombalinos Sob Acção de Cargas Horizontais
53