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27/07/2020 Os mártires de São Francisco de Assis

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Texto da aula Aulas do curso

Santo Antônio

Os mártires de São Francisco de


Assis
O que o martírio de cinco franciscanos no Marrocos tem a ver com a história de Santo
Antônio? É o que Padre Paulo Ricardo explica nesta aula, ao expor um pouco da vida
de São Francisco de Assis e dos primeiros mártires de sua recém-fundada Ordem: os
santos Berardo, Pedro, Otão, Acúrsio e Adjuto.

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Para entendermos como o jovem Pe. Fernando de Bulhões decidiu entrar


para a Ordem Franciscana, tornando-se assim frei Antônio, precisamos
antes ter um panorama sobre a vida de um de seus contemporâneos:
Francisco de Assis.

S. Francisco nasceu na cidade italiana de Assis e, diferentemente de S.


Antônio, nunca foi sacerdote. Depois de uma conversão radical,
Francisco, com seu testemunho, atraiu multidões de homens e mulheres
que desejavam imitá-lo. Assim, numa florescência espiritual milagrosa,
surgiram seguidores de Francisco em toda a Europa, embora sua Ordem
não tivesse ainda reconhecimento pontifício. Desse modo, foi-se
formando um grupo de religiosos que desejavam viver o Evangelho com
radicalidade e que se demonstrou um prodígio sobrenatural na história
da Igreja.

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O êxito vocacional de Francisco se devia à sua busca por viver o


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Evangelho “sine glosa”, ou seja, sem as notas explicativas que muitas
vezes diluíam e relativizavam o verdadeiro sentido da Palavra de Deus.
Ele queria viver a radicalidade dos Apóstolos de Cristo, sobretudo em
dois aspectos: o abandono de tudo, para viver com Jesus na pobreza, e o
envio em missão, para converter todos os povos.

Hoje, infelizmente, por conta da tendência antes mencionada de adaptar


a vida dos santos aos gostos (e pecados) do homem moderno, muitos
tentam transformar a figura de S. Francisco em um líder do diálogo
interrreligioso e do indiferentismo, em torno do qual se teria reunido
uma “fraternidade cósmica e universal”. Essa releitura, porém, não
corresponde em nada ao S. Francisco histórico, que, por seu ardor
missionário, ficava incomodado de saber que havia uma grande porção
da humanidade que rejeitava a Cristo: os muçulmanos.

Francisco viveu no contexto das Cruzadas, uma resposta tardia e


insuficiente dos cristãos às invasões e ataques dos muçulmanos, em
seu empreendimento de expandir o Islã mundo afora. No contexto da
reconquista católica de territórios ocupados pelos infiéis, S. Francisco
preocupou-se com a alma dos muçulmanos, desejoso de levá-los à
conversão. Foi por isso que ele mesmo partiu para a cidade de Damietta,
no Egito, então sitiada pelos cruzados, e conseguiu uma permissão para
pregar ao sultão, alertando-o de que, por servir a um falso deus, sua alma
estava destinada ao inferno, mas que ainda era tempo de se converter.
Mesmo se negando a deixar o islamismo, o sultão, que havia
simpatizado com Francisco, ofereceu-lhe muitas riquezas para que
permanecesse no reino. Francisco rejeitou a proposta e foi embora,
deixando claro que o único propósito de sua visita era convertê-lo. É

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evidente, pois, que o ímpeto missionário de Francisco contraria por


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completo as releituras ideológicas que dele se tenta fazer hoje em dia.

Visando a conversão dos muçulmanos, em 1219 Francisco escolhe e


envia seis frades (quatro sacerdotes, Vital, Berardo, Pedro e Otão, e dois
leigos, Acúrsio e Adjuto) que, liderados por frei Vital, deveriam pregar o
Evangelho e converter os muçulmanos da Península Ibérica. Depois de
uma longa viagem, eles chegam ao Reino de Aragão, onde frei Vital
acaba adoecendo, deixando a liderança nas mãos de frei Berardo.

No entanto, antes de irem para Sevilha, capital do califado, dirigem-se


ao Reino de Portugal, pois em Coimbra tinham as boas-vindas da Rainha
Urraca (esposa de D. Afonso II), que havia autorizado, em 1217, a
instalação de uma pequena comunidade de frades franciscanos — ainda
sem aprovação da Santa Sé —, os quais viviam numa capelinha dedicada
a Santo Antão (forma apocopada de Antônio).

Os cinco frades relataram à Rainha que estavam em missão de pregar o


Evangelho e converter os muçulmanos. Vendo a santidade daqueles
homens, a Rainha pediu-lhes rogassem a Deus que revelasse quando ela
iria morrer, a fim de poder-se preparar bem para o dia da morte.
Relutantes, mas curvados pela insistência da Rainha, eles fizeram suas
orações, e Deus lhes mostrou que os cinco seriam martirizados e que,
quando seus corpos retornassem a Coimbra, seriam recebidos pela
Rainha, cuja morte aconteceria logo em seguida. De fato, os cinco frades
seriam mortos em 16 de janeiro de 1220, e a Rainha viria a falecer no
mesmo ano, no dia 2 de novembro.

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Felizes por saberem que receberiam a coroa do martírio, os frades


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seguiram em missão, passando por Alequer, no norte de Lisboa, onde
visitaram a Rainha Sancha, irmã do Rei D. Afonso II. Sancha, que mais
tarde viria a ser beatificada, incentivou os missionários e providenciou
que eles entrassem disfarçados em Sevilha dentro de uma embarcação
comercial. Chegando a Sevilha, ficaram na casa de um cristão e
puseram-se a rezar. Em oração, Deus os impeliu a sair para pregar o
Evangelho, e foi o que fizeram, depois de colocarem novamente o hábito
franciscano.

Então, num dia de festa muçulmana, foram pregar no palácio do califa,


advertindo-o de que seria condenado ao inferno se não abandonasse a
falsa religião. Revoltado com tamanha ousadia, o califa mandou prendê-
los e condená-los à morte. Na prisão, porém, frei Berardo, que estava
aprendendo a falar árabe, começou a pregar também para as pessoas
que vinham falar ao carcereiro. Por não se importarem com a morte,
passaram a ser vistos como loucos, e, por consequência, foram poupados
da morte e exilados do outro lado do mar, em Marrakech, no Marrocos.

Na cidade marroquina, mesmo sendo considerados uma espécie de


figuras exóticas, continuaram a anunciar o Evangelho e a exortar os
muçulmanos à conversão, o que lhes valeu nova perseguição e prisão. O
infante D. Pedro (irmão do Rei Afonso II), exilado naquele país
trabalhando como soldado para o emir da região, encarregou-se de
mandá-los embora do Marrocos. Os frades foram colocados em uma
caravana, mas dela fugiram e retornaram a Marrakech para pregar.
Foram novamente capturados e enviados a outra caravana.

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Nessa última viagem, enfrentaram uma tempestade de areia e ficaram


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perdidos pelo deserto, prestes a morrer de sede. Na ocasião, Frei Berardo
anunciou aos muçulmanos presentes que lhes mostraria quem era o
Deus verdadeiro e, tocando a areia com uma vara, fez surgir uma fonte
de água. Uma vez saciados todos, fez a fonte desaparecer. Quando
voltaram a Marrakech, após esse grande milagre, os frades começaram a
ser mais respeitados e mantiveram-se firmes no propósito de pregar o
Evangelho. Mas, por sua obstinação missionária, foram condenados à
morte pelo emir, que os decapitou com sua cimitarra.

Após o martírio dos frades, os muçulmanos ainda tentaram, sem


sucesso, queimar os cadáveres. O infante Dom Pedro organizou o
translado dos corpos de volta para Portugal. Eles foram recebidos pela
Rainha Urraca e entraram em Coimbra sob grande exultação popular,
diante de um povo que realmente tinha fé e contemplava com
admiração a entrega total daqueles homens de Deus. Ao final do cortejo,
foram sepultados no Mosteiro de Santa Cruz, onde residia o Pe.
Fernando de Bulhões, que, a partir do encontro com os corpos daqueles
mártires, tomou a decisão de entrar para a Ordem dos Franciscanos. Sua
intenção? Atender os anseios do seu coração, ardente de amor a Deus.

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