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Para Derrida (em Signature, event, context), o performativo coloca em acção o p. 175
“agora” da escrita no tempo presente.
Tania Modleski “ uma crítica feminista é simultaneamente performativa e utópica”.
Ou seja, a crítica feminista é um colocar-em-ação de um acreditar num futuro melhor:
e o acto da escrita aproxima esse futuro. Modleski vai mais longe, para dizer que a
relação da mulher com o modo performativo das escritas e da fala é particularmente
forte porque à mulher não lhe é garantido o luxo de fazer promessas linguísticas p. 175
dentro do falogocentrismo, uma vez que frequentemente ela é precisamente aquilo
que é prometido.
Corpo em prazer (masculino) x corpo em sofrimento (mundo das mulheres), no
campo da performance. Ao delocarmos-nos da gramática das palavras para uma
gramática do corpo, movemo-nos do universo da metáfora para o universo da p. 176
metonímia; para a performance art, no entanto, o referente é sempre o corpo do
performer em agonizante revelação.
Na performance o corpo é uma metonímia do sujeito, da personagem, da voz, da p.177
“presença”. Masd na plenitude desta sua aparente visibilidade e disponibilidade, o
performer de facto desaparece e representa algo outro – dança, movimento, som,
personagem, “arte”. Exemplo Cindy Sherman → olhar direcionado ao corpo
feminino como “não-visto”.
A performance usa o corpo do performer para um questionar da incapacidade de se p.177
garantir uma relação entre a subjetividade e o corpo em si; a performance utiliza o
corpo para enquadrar a ausência do Ser prometida pelo (e através do) corpo – aquilo
que não pode tornar-se aparente sem a participação de um suplemento.
Ao empregar o corpo metonimicamente, a performance é capaz de resistir à p. 177
reprodução da metáfora; e a metáfora á qual estou mais interessada em resistir é a
metáfora do género, uma metáfora que mantém a hierarquia vertical de valores
através de uma marcação sistemática do positivo e do negativo. Para activar esta
marcação, a metáfora do género pressupõe corpos unificados que são biologicamente
diferentes. Mais especificamente, estes corpos unificados são diferentes em “um”
aspecto do corpo, ou seja, a diferença é localizada nos órgãos genitais.
Desviar a cegueira do “nada” dos órgãos genitais da mãe é a cegueira que alimenta a p. 178
castração. [cultura e sua auto-reprodução falocêntrica]
A ordem simbólica, é uma ordem moral. p. 179
A performance aproxima-se do real ao resistir à redução metafórica de dois em um
[regime falocêntrico da representação]. Mas, ao distanciar-se dos objectivos da
metáfora, reprodução e prazer, para se aproximar daqueles da metonímia, p.179
deslocamento e dor, a performance marca o corpo em si mesmo como perda. A
performance é a tentativa de valorizar aquilo que é não reprodutivo, não metafórico.
Esta valorização é representada por via da encenação do drama da falha do
reconhecimento […], o que por vezs produz o reconhecimento do desejo de ser visto
pelo (e dentro do) Outro. Assim, para a espectadora, o espetáculo performativo é, em
si, uma projeção da trama na qual o seu pŕoprio desejo tem lugar
O género de performance art conhecido como “hardship art” ou “ordeal art”, tenta
estabelecer uma distinção entre presença e representação, ao utilizar o corpo como
metonímia da experiência aparentemente não recíproca da dor. (A performance
mantém um laço fundamental com o ritual)
A promessa que este tipo de performance propõe é a de aprendermos a valorizar o p. 179
que é perdido, é de aprendermos, não o significado, mas o valor daquilo que não pode
ser nem reproduzido, nem visto (novamente). Ela começa com o conhecimneto da
sua pŕopria falha, o reconhecimneto de quye al não é alcançável.
Angelika Festa: passagem do corpo da mulher do visível para o invisível e do p. 180
invisível ao visível […] o que s etorna aparente nessas performances é o trabalho e a
dor contidos nessa passage, infindável e limiar. […] as obras de festa sugerem que é
apenas no espaço entre opostos que “uma mulher” oide ser representada.
Uma visão é simultanemanete imagem e palavra; o olhar só é possível devido às p. 182-3
enunciações efectuadas por olhos articulados e devido ao fato de o sujeito encointrar
uma posição para o seu olhar dentro da óptica e da gramática da linguagem.
Lacan, olhar promove “ a noção de que ‘aquilo pertence-me’, tão reminiscente da p. 183
propriedade”, e leva aquile que olha a desejar o domínio da imagem.