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CENTRO DE EDUCAÇÃO
CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA
MODALIDADE A DISTÂNCIA
PATOS - PB
2019
DELEON SOUTO FREITAS DA SILVA
PATOS - PB
2019
O USO DO CINEMA NA ESCOLA: a construção de aprendizagens a
partir de filmes
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________
Profª Drª Ana Luisa Nogueira de Amorim
Orientadora
Universidade Federal da Paraíba - UFPB
_________________________________________________
Profª Drª Nádia Jane de Sousa
Profª Convidada
Universidade Federal da Paraíba - UFPB
_________________________________________________
Profª Drª Fernanda Mendes Cabral A. Coelho
Profª Convidada
Universidade Federal da Paraíba - UFPB
Aos meus pais, por me apoiarem nos estudos. À
minha esposa, Jéssyka, e minha filha, Lavínia,
pelo amor compartilhado, motivando mais essa
aquisição de conhecimento.
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao bom Deus, que me deu forças para vencer mais uma batalha.
Agradeço a todos os familiares e amigos, em particular a Everson e Mayara, que foram
parceiros desta jornada.
Aos professores do curso de Pedagogia da UFPB Virtual, por seus conhecimentos
compartilhados.
E aos funcionários do Polo Itaporanga, que me ajudaram a crescer e enfrentar os desafios
impostos nesta jornada.
.
O cinema opera uma espécie de ressureição da visão primitiva do
mundo, permite, tolera e inscreve o fantástico no real.
Edgar Morin (2003, p. 19)
RESUMO
REFERÊNCIAS ………………………………………………..……………………… 38
APÊNDICES 40
ANEXOS 43
ÍNDICES DE GRÁFICOS E QUADROS
conquista cada vez mais pesquisadores que reconhecem os filmes como fonte de investigação
de problemas de grande interesse para os meios educacionais.
Para tanto, buscou-se nesta análise, como objetivo geral, compreender os discursos
apontados pelos professores envolvidos, analisando como pode ser possível trabalhar o cinema
pedagogicamente através de um diálogo com o filme. Buscamos ainda como objetivos
específicos: investigar os caminhos para o uso do cinema na formação geral da criança; identificar
quais as metodologias e abordagens adotadas pelos professores no uso de filmes; e verificar
como as produções cinematográficas estão sendo utilizadas nas escolas.
Por fim, o problema que sustentou esta investigação, possibilitando um
aprofundamento e motivando um estudo detalhado sobre o assunto, foi: Como os professores
realizam o ensino a partir da exibição de filmes?
A pesquisa está dividida em três partes, além das considerações finais. No primeiro
capítulo apresentamos a fundamentação teórica, com conceitos e referências sobre o tema da
pesquisa. Na segunda parte traçamos o percurso metodológico apontando como foi estabelecido
o desenho da pesquisa, etapas e tratamento dos dados. No terceiro capítulo dispomos da análise
dos resultados, construída a partir dos dados coletados e das teorias contextualizadas na
pesquisa.
Este trabalho foi elaborado seguindo as normas da Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT) atualmente em vigor.
14
2. A LINGUAGEM CINEMATOGRÁFICA
Desde que surgiu, o cinema é compreendido como uma arte. Sua capacidade de
encantar e reproduzir algo muito além da realidade possibilitou a construção de uma linguagem
feita a partir de narrativas imagéticas. Martin (2005, p. 23) define a linguagem cinematográfica
como "sistema de signos destinados à comunicação".
Aumont (2009, p. 175) pontua:
E o que distingue tal linguagem de outras é a possibilidade que sua expressão acontece
a partir da reprodução das imagens, potencializada em suas múltiplas significações. Sua
característica essencial é a universalidade, como observa Martin (2005, p. 278): "aplicado ao
cinema, o conceito de linguagem é bastante ambíguo. É preciso ver nele aquilo que chamei o
arsenal gramatical e linguístico, essencialmente vinculado à técnica dos diversos procedimentos
de expressão fílmica".
A definição de cinema não deve ser feita numa perspectiva simplista ou reducionista
do termo. Há um conglomerado de situações e nuances que constroem o significado do cinema.
Essa ideia está retratada na obra de Bernardet (2006), o autor afirma que o cinema se configura
como um complexo ritual, formado por mil elementos diferentes, entre esses elementos podem
ser destacados o gosto dos espectadores, a publicidade, as empresas que investem dinheiro nas
produções cinematográficas, os donos de salas, os exibidores, a censura e as traduções dos
filmes estrangeiros.
Se for visualizado sob o olhar de todos esses fatores que o compõem, o cinema é, de
acordo com Bernardet (2006), complexo. Mas, se visto numa perspectiva dos espectadores o
cinema é apenas uma história que se pode ver na tela e da qual se pode gostar ou não, e cujas
cenas podem provocar as mais diversas emoções ou não.
De acordo com Mendonça (2007), a definição de cinema vai além de uma conceituação
puramente artística, pois na sua definição estão envoltos um aparato técnico e um saber artístico.
Inúmeras nuances e fatores estão envolvidos na definição, mas vale ressaltar que é impossível
achar um percentual definitivo, uma medida única que seja por si garantia da interpretação.
15
Ao falar do cinema como uma indústria, Michel (2011, p. 31) se remete nessa análise às
indústrias fabris tradicionais formadas por cadeias produtivas que se inter-relacionam para gerar
seu produto final ao logo de etapas interdependentes.
1A expressão Sétima Arte foi criada pelo italiano Ricciotto Canudo, em 1912, por considerar a arte cinematográfica a síntese
das outras seis artes: arquitetura, música, pintura, escultura, poesia e dança.
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As empresas produtoras são as responsáveis diretas pelo filme, sob sua incumbência
estão: a iniciativa da produção, elaboração de roteiro, definição de atores e outros profissionais
e execução da produção, que pode envolver também a etapa de captação de recursos a depender
da característica do filme. Outra etapa está sob a responsabilidade das empresas de
infraestrutura que fazem um papel de apoio estrutural, são especializadas na fabricação de
equipamentos necessários à produção do cinema, além de sua locação. Na etapa seguinte está a
distribuição do filme, as empresas distribuidoras são responsáveis pelo elo entre a empresa
produtora e as diferentes janelas de exibição, quais sejam: exibição em salas comerciais de
cinema, DVD para locação, DVD para compra, ou consumo em geral; essas empresas de
distribuição conduzem os filmes às empresas que serão responsáveis pela exibição do filme ao
grande público. Destaca-se, ainda, o home-vídeo que se refere às atividades que possibilitam o
consumo de filmes em ambientes domésticos, é o caso das redes de televisão aberta e fechada
e DVD.
Numa análise mercadológica Matta (2004, p. 74) afirma que “a lógica de competição
na indústria do cinema, ditada por economias de escala de grandes distribuidoras, está centrada
na luta frequente por controlar e minimizar as incertezas da demanda”. Na perspectiva
financeira, um novo filme significa um produto feito sob condições específicas e requer
contratações de mão de obra e serviços especializados. Portanto, “trata-se da produção de um
protótipo, cujos investimentos possuem caráter único e de alto risco, mas que também podem
17
proporcionar grande retorno” (MATTA, 2004, p. 75). É nessa lógica que se percebe que muitos
fatores e interesses estão envolvidos em uma produção cinematográfica e muitas vezes esses
irão ditar os rumos da indústria cinematográfica de modo geral.
Identificar-se nada mais é do que uma situação de correlação, onde o indivíduo se sente
pertencente ou incluído em determinada situação. Essa reflexão se dá a partir da definição posta
por Ferreira (2016) quando afirma que esse termo pode ser explicado como sendo a capacidade
de absorver algo em si; de conformar-se ou de provar ou reconhecer a identidade de determinada
coisa. Assim um sujeito se identifica com um filme quando se reconhece de alguma forma na
história contada.
O que percebo no cinema não é apenas o que vejo, não é apenas o que me é
mostrado no recorte do quadro, através da mediação da câmera. A minha
percepção depende fundamentalmente do que eu adivinho na percepção do
outro, do que eu suponho que o outro vê (ou não) e do que eu suponho que o
outro sabe (ou não) que eu vejo. O mesmo campo escópico que constitui o
sujeito é também o local onde o sujeito fracassa como fonte originária, como
foco, como ‘ponto de vista’, porque, malgrado esteja no ponto privilegiado de
vidência, ele não é o único vidente da cena. [...] O vidente e o visível
funcionam em relação ao olhar como o avesso e o direto. Um não existe sem
o outro, um não é senão a reversão, o desdobramento do outro, como os corpos
que se acariciam se invadem um ao outro, se contaminam e se confundem num
quiasma. (MACHADO, 2007, p. 97)
Aumont (2009) ainda expõe que para a psicanálise e particularmente nas abordagens
estudadas por Freud, existe a identificação direta, chamada de identificação primária e a
secundária.
Na identificação primária o sujeito estaria num estado indiferenciado, o eu e o outro
são vistos como um só, não há a percepção de que são seres independentes. Avançando ainda
nessa fase há o que se chama de ‘fase do espelho’ o indivíduo percebe que pode existir uma
relação dual entre o seu eu e o outro, e está relacionada à formação imaginária da criança.
A identificação secundária refere-se amplamente ao complexo de Édipo, há um
rompimento radical, uma substituição das relações com o pai e com a mãe numa estrutura
triangular, onde o indivíduo pode imprimir sua marca.
Numa análise geral sobre a identificação, pode-se entender que esta é uma das chaves
da legibilidade do filme, pois uma obra cinematográfica é um sistema maleável de trocas no
qual todos os olhos que assistem a um filme incluindo os dos espectadores, se conectam com a
história contada de acordo com sua percepção e conhecimentos prévios. Cada filme permite
uma leitura segundo um modo de agenciamento que pode ser fechado ou aberto, centralizado
ou múltiplo (MACHADO, 2007).
A identificação no cinema ocorre quando o sujeito se reconhece naquilo que ele não
está, no espaço que ele figura como um excluído. Ele se posiciona como se estivesse numa
segunda tela, dando sentido e se projetando ao corpo simbólico. O espectador acaba se
projetando através do olho da câmera, tem a impressão de ser ele mesmo o sujeito que agencia
os planos na cena, transferindo às personagens o agenciamento no filme.
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Para tanto, cabe ao espaço escolar, e para todos que o constituem, definir estratégias e
objetivos focados na formação do cidadão, repensando teorias e modelos, desenvolvendo
metodologias para o contexto das escolas, de maneira que se mudem as formas de aprender.
Nesse sentido, o cinema tem o poder de atuar diretamente como agente de socialização,
educando e formando o indivíduo no âmbito cultural, social e político. Ela é parte integrante e
fundamental dos processos de produção e circulação de significados e sentidos, os quais, por
sua vez, estão relacionados a modos de ser, modos de pensar, a modos de conhecer o mundo,
de se relacionar com a vida.
Para Saviani (1991), cabe à escola, como mediadora entre a sociedade e a educação,
agir no sentido de transformação dela mesma, possibilitando ao povo lutar contra a seletividade,
a discriminação, o rebaixamento e a marginalidade. O autor propõe uma educação de qualidade
a serviço do desenvolvimento da cidadania, como elemento importante e decisivo no processo
de democratização e transformação social.
Propõe, ainda, que a prática pedagógica desvele a realidade, “levando em conta os
interesses dos alunos, os ritmos de aprendizagem e o desenvolvimento psicológico, mas sem
perder de vista a sistematização dos conhecimentos, sua ordenação e gradação” (SAVIANI,
1991, p. 79).
Desde que surgiu, o cinema trata do registro da realidade, transformando a forma como
olhamos para o mundo. Em sua pedagogia, nos ensina maneiras de interpretar e compreender a
sociedade, influenciando nossas escolhas e hábitos. Para Duarte (2002, p.17), “ver filmes, é
uma prática social tão importante, do ponto de vista da formação cultural e educacional das
pessoas, quanto à leitura de obras literárias, filosóficas, sociológicas e tantas mais”.
O cinema expõe, a todo o momento, imagens que, de certa forma, se apropriam de
nossas angústias e desejos, às vezes com tal intensidade que confundem os sentidos que cada
um de nós daria a essas mesmas angústias e desejos. E é essa separação entre a vida real e a
ficção que parece cada vez mais diluir-se. Como aponta Fischer (2003, p. 20), “uma invade a
outra e novos problemas são criados”.
Estudar a partir do cinema significa atentar para uma pluralidade de variáveis em jogo.
Haverá tantas e tão mais complexas leituras ou entendimento de seu repertório de informações
sobre o tema e sobre a própria experiência.
E talvez nesse contexto compreendamos nosso imenso desejo de ver filmes, é que na
tela eles representam a nós mesmos, aos nossos desejos, sonhos e vontades. Aprender a fruir
imagens e imaginações, ao mesmo tempo em que aprender a responder questões que definam a
linguagem desses produtos, em seus detalhes, em suas mínimas escolhas estéticas de uso das
imagens, dos sons, da música, dos planos, dos diálogos, dos tempos.
Quando o cinema se torna uma prática frequente no espaço escolar – em qualquer nível
– é possível que professores e alunos se deem conta de como assumem relevância certos temas
na sociedade, na medida em que se tornam públicos. “No ato de ver e assimilar um filme, o
público transforma-o, interpreta-o, em função de suas vivências, inquietações, aspirações”
(BERNARDET, 2006, p. 80).
É importante salientar o quão necessário é desempenhar funções pedagógicas com
cinema no processo ensino-aprendizagem, tais como motivar, contextualizar, aprofundar,
diversificar pontos de vista, questionar e discutir, auxiliar a compreensão de processos e
conceitos. “Os professores precisam aprender a usar essa ferramenta importantíssima, revendo
sua sensibilidade e sua preparação, para que, de fato o vídeo se torne educativo”
(NAPOLITANO, 2003, p. 58).
Pensar o cinema no âmbito da escola faz-se necessário compreender como um espaço
para obter conhecimentos e informações, podendo ensinar, vender ideias e produtos, convencer,
sensibilizar, convocar, ou mesmo, simplesmente para se distrair. Fischer (2003) afirma que a
linguagem se funde exatamente na dispersão do telespectador e busca em todas as formas
responder a ela, de modo especial pesquisando ritmos, selecionando sons, atores, personagens,
produzindo imagens e diálogos, a fim de capturar atenções e emoções.
Abre-se, então, uma discussão sobre as escolhas feitas, e essas escolhas
inevitavelmente envolvem valores, posições políticas, éticas, estéticas. Falar da imagem do
outro é também falar da imagem do corpo do outro. E talvez nesse contexto, como aponta
Fischer (2003, p. 62), compreenderemos nosso imenso desejo de ver a intimidade do outro, é
que ela “representa” a nós mesmos, aos nossos desejos, sonhos e vontades.
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Muito mais que lazer ou divertimento, a sétima arte deve ser compreendida como
instrumento de divulgação de ideologias, formas de pensar, modos de agir. Se usada
corretamente, serve como fonte de cultura e informação, como importante instrumento de
formação.
Segundo Napolitano (2009, p. 20),
Tendo sua potencialidade educacional compreendida, o cinema será visto como fonte
de conhecimento. Muito mais que um espetáculo de diversão, a escola pode utilizar como um
recurso didático, “para ilustrar, de forma lúdica e atraente, o saber que acreditamos estar contido
em fontes mais confiáveis” (DUARTE, 2002, p. 87).
Mas, afinal, como o cinema pode formar? Dentro do contexto escolar, por exemplo,
um filme atua na formação da personalidade, contribui para o desenvolvimento racional, amplia
novos olhares por meio da exploração de histórias do cotidiano, possibilitando reflexões de
atitudes e valores de cidadania.
Napolitano (2009, p. 11) argumenta que “trabalhar com o cinema (filme) na sala de
aula é ajudar a escola a reencontrar a cultura ao mesmo tempo cotidiana e elevada”. No processo
ensino-aprendizagem a leitura é imprescindível. O educador, portanto, é o caminho que
conduzirá meios na criação do hábito de ler. Portanto, se é possível fazermos leituras fílmicas,
é importante que a escola prepare seus alunos para que ele seja capaz de entender a linguagem
audiovisual e seus significados.
Para usar o cinema dentro da escola, os professores precisam trabalhar filmes que deem
suporte aos temas abordados nas disciplinas curriculares, ampliando o olhar dos alunos. Dentro
das inúmeras possibilidades dessa ferramenta pedagógica vários eixos temáticos poderão ser
trabalhados, como discussões psicológicas, teológicas, sociológicas, filosóficas, históricas,
políticas, econômicas ou culturais.
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3. PERCURSO METODOLÓGICO
Este trabalho foi organizado a partir de uma pesquisa exploratória, realizada tomando
por base uma abordagem qualitativa, tendo em vista a possibilidade de melhor análise e maio
profundidade das informações coletadas.
Para melhor compreensão deste processo, realizou-se, durante a análise dos dados,
abordagem na qual se evidenciou as etapas e encaminhamentos na pesquisa qualitativa. Laville
e Dionne (1999, p. 214) explicam que a finalidade deste procedimento de pesquisa é permitir
ao pesquisador possibilitar o desenvolvimento da análise e da interpretação em função das suas
questões e hipóteses.
Nesse sentido, construímos uma análise descritiva, a partir da análise de dados
coletados através de um questionário impresso com perguntas direcionadas a professores do
ensino fundamental, anos iniciais [4º e 5º anos], com o propósito de gerar reflexão crítica nos
sujeitos envolvidos, contribuindo, assim, para a dimensão pedagógica do cinema como
ferramenta educacional.
3.2 SUJEITOS
Os sujeitos desta pesquisa foram 20 professores, do sexo feminino, com atuação nos
anos iniciais [4º e 5º anos] do ensino fundamental em diferentes escolas municipais na cidade
de Patos/PB. Neste trabalho, para manter o sigilo de suas identidades, foram identificadas de
Participantes de 1 a 20.
Para dar conta da pesquisa, foi feito um levantamento de referências bibliográficas que
direcionou a construção do estudo. O questionário, composto de dez questões, foi elaborado de
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Partindo da análise dos dados coletados, tem-se uma compreensão das percepções
correspondentes dos participantes envolvidos, nos aspectos do objeto desta pesquisa, que
relacionam a aprendizagem ao uso do cinema em sala de aula. Foi estabelecida a relação que
contempla o aprofundamento sobre a utilização do cinema, enquanto ferramenta educativa,
anos iniciais [4º e 5º anos] do Ensino Fundamental.
Na análise buscou-se referenciar a construção dos saberes a partir de filmes. O cinema
entra como mediador dessa discussão “devido sua capacidade para nos mostrar, para fazer-nos
ver as condutas humanas como algo que se situa no cruzamento do corpo com a alma” (MORIN,
2002, p. 329).
O cinema implica:
uma abertura para o universal que revela a particularidade de cada um. O meu
próprio mundo é percebido como um outro mundo, e um outro mundo também
é percebido como sendo o meu. Nos dois casos o cinema me revela que
pertenço a um mundo comum, à comunidade humana, portanto. É nesse
sentido que se pode falar de experiência humana. [...]. É preciso partir da ideia
de que um filme nos desvenda condutas humanas (MORIN, 2002, p. 328).
Indo mais adiante, Duarte (2002, p. 89) explica que “a utilização dos filmes possibilita
trabalhar inúmeros conteúdos em sala de aula, além de contemplar o debate e a reflexão crítica
dos alunos nos mais variados temas”. Assim como nas outras ferramentas é preciso procurar
estabelecer metodologias que despertem o interesse dos alunos, e encontrar estratégias que
direcionem o gosto pelo cinema.
A pesquisa buscou ainda estabelecer como acontece o diálogo entre filme e construção
de conhecimento. Nesse sentido, Bernardet (2006, p. 104-105) aponta que “os filmes não são
concebidos como meros divertimentos, mas procuram levar ao público uma informação, quer
seja a respeito do assunto de que tratam, quer seja pela linguagem a que recorrem que tende a
se diferenciar nitidamente do espetáculo tradicional”.
A pesquisa contou com a participação de 20 professoras, todas do sexo feminino, e
com formação superior em Pedagogia. Após visitarmos algumas escolas do município de Patos-
PB, foram convidadas a responder o questionário. É importante ressaltar que a escolha desta
amostragem não tem conotação com o nível ou área de formação acadêmica, muito menos com
o gênero das participantes. Trata-se de uma investigação heterogênea com foco nos dados
28
Como exposto no Gráfico 1, 100% das participantes desta pesquisa utiliza o cinema
no espaço da sala de aula, sendo que 12% assumem o uso constante e outros 88% de forma
esporádica. Para efeito da pesquisa, pode-se considerar que a totalidade usufrui de algum modo
do cinema enquanto ferramenta no contexto escolar.
Entre as muitas práticas, o uso de filme na escola contempla a possibilidade de
vivências, experiências e construção de sentidos. “A aceitação acontece antes mesmo de saber
qual o filme ou qual o objetivo de tê-lo escolhido. Trata-se de uma ferramenta que contribui
diretamente com a ideia de aprendizagem significativa”. (PARTICIPANTE 17)
29
Qual o uso possível deste filme? A que faixa etária e escolar ele é destinado?
Como vou abordar o filme dentro da minha disciplina ou num trabalho
interdisciplinar? Qual a sua contribuição na relação ensino-aprendizagem?
Qual é o objetivo didático-pedagógico geral da atividade? Qual é o objetivo
didático-pedagógico específico da atividade? (NAPOLITANO, 2009, p. 19 -
20).
Ao serem indagadas sobre a aceitação dos alunos com a proposta do uso de filmes em
sala de aula, foi identificado entre todas as repostas que há uma aceitação positiva. Para a
participante 11, acontece ainda uma melhor aceitação quando a seleção dos filmes é feita pelos
alunos: “Os alunos têm uma boa aceitação, pois os mesmos conseguem compreender com
clareza o tema que foi abordado nas aulas e participam do debate com mais entusiasmo”
(PARTICIPANTE 11).
O cinema deve ser pensando como arte, que possibilita uma dimensão da experiência
humana, da emoção, da sensibilidade, da leitura da imagem em movimento, dos sons que
transcorrem os espaços auditivos.
As professoras participantes atribuíram ao cinema sua importância pedagógica, como
afirma Duarte (2002, p. 87):
32
acha que os filmes utilizados em sala de aula podem contribuir para a formação do aluno?”
comtemplam as possibilidades de como trabalhar o cinema em sala de aula.
Com base na construção do quadro 1, que apresenta os aspectos inerentes do uso do
cinema em sala de aula a partir de experiências das professoras envolvidas nessa pesquisa,
identifica-se que a construção de saberes acontece por variadas formas em que os filmes possam
ser expostos.
Nas repostas apresentadas, as participantes expõem suas experiências no cotidiano
escolar, discutindo e tratando de temas relevantes ao processo de aprendizagem. Como exposto
no Gráfico 3, identificamos que o percentual expõe que 100% das participantes acreditam que
o uso de filmes utilizados em sala de aula pode contribuir para a formação do aluno.
Desta forma, compreende-se, a partir dos resultados obtidos, que o cinema possibilita
a construção de saberes, através de suas múltiplas possibilidades enquanto ferramenta
pedagógica. Assim, o professor deixa de ser um simples transmissor de informação e ocupa o
papel de estimulador de construção de saberes. Os dados coletados sugerem que os filmes
possam ensinar, ajudar os aprendizes a olhar e a conhecer a sociedade em que vivemos e
contribuem na produção de significados sociais.
36
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
autonomia e que sejam capazes de refletir sobre si mesmos, sobre o seu próprio processo de
construção de conhecimentos e sobre o mundo, sem serem privados dos conhecimentos
externos e das novidades produzidas a cada dia na escola, na sociedade e no planeta.
Fazer pensar, fazer refletir, fazer revolucionar a partir de novos processos de
aprendizagem, são algumas das funções cognitivas e sociais que a educação proporciona,
certamente se viveria num outro contexto de vida.
Desse modo, cabe a educação, em todas as suas dimensões, suplantar possibilidades
que interfiram nessas realidades e proporcionem a revolução do conhecimento, incutir na
sociedade que somente através da educação a criança conquistará uma formação verdadeira.
38
REFERÊNCIAS
BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. Trad. Luís Antero Reto e Augusto Pinheiro. São
Paulo: Martins Fontes, 1977.
BOURDIEU, Pierre. A distinção: crítica social do julgamento. São Paulo: Edusp; Porto
Alegre, RS: Zouk, 2007.
CITELLI, Adilson (org). Outras linguagens na escola: publicidade, cinema e TV, rádios,
jogos, informática. São Paulo: Cortez, 2000.
DUARTE, Rosália. Cinema & educação. 2 ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.
FISCHER, Rosa Maria Bueno. Televisão e educação: fruir e pensar a TV. 2 ed. Belo Horizonte:
Autêntica, 2003.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
GALENO, Alex. et al. Brasil em tela: cinema e poética do social. Porto Alegre: Sulina, 2008.
NAPOLITANO, Marcos. Como usar o cinema na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2009.
NAPOLITANO, Marcos. Como usar a televisão na sala de aula. 5. ed. São Paulo: Contexto,
2003.
SAVIANI, Dermeval. Escola e Democracia. 23. ed. São Paulo: Cortez, 1991.
SILVA, Veruska Anacirema Santos da. (2010). Memória e cultura: cinema e aprendizado de
cineclubistas baianos dos anos 1950. Dissertação de mestrado. Programa de Pós-Graduação
em Memória, Linguagem e Sociedade. Univ. Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB. 2010.
TREVIZAN, Zizi. O Leitor e o diálogo dos signos. São Paulo: Clipe, 2002.
VYGOTSKY, Lev Semyonovich. Pensamento e linguagem. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes,
1989.
APÊNDICES
APÊNDICE A:
Este questionário é parte de uma pesquisa acadêmica desenvolvida pelo estudante do curso de
Pedagogia a Distância da Universidade Federal da Paraíba, Deleon Souto.
Esta pesquisa tem como objetivo coletar dados sobre: Como os professores realizam o ensino
a partir da exibição de filmes?
Contamos com sua colaboração para respondê-lo, pois suas informações são por demais
importantes para esse trabalho.
QUESTIONÁRIO
PERFIL DO ENTREVISTADO:
Nome: _____________________________________________________________
Telefone: ___________________________________________________________
Email:______________________________________________________________
Sexo: ( ) masculino ( ) feminino
Área de formação: __________________________________________________
Turma que leciona: ( ) 4º ano ( ) 5º ano
2 - Caso sim, que critérios você utiliza para escolher o filme a ser exibido em sala de aula?
( ) duração ( ) tema ( ) repercussão ( ) indicação
( ) outros: _______________________________________
3 - Você acha que os filmes utilizados em sala de aula podem contribuir para a formação do
aluno? ( ) sim ( ) não
5- Como é a aceitação dos alunos quando é proposto o uso de filmes em sala de aula?
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
6 - Quais metodologias utiliza no uso de filmes em sala de aula?
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
8 - Que habilidades você acha que os alunos podem desenvolver por meio do audiovisual?
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
Obrigado!!!
ANEXOS
ANEXO I
Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos
.............................................................................................
DILMA ROUSSEFF
José Henrique Paim Fernandes
Marta Suplicy